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O Meu Clube É a Seleção!

Mulher de muitas paixões, a Seleção Nacional é uma delas.

Alegria e tristeza, saúde e doença

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No passado domingo, dia 11 de outubro, a Seleção Portuguesa de Futebol empatou sem golos contra a sua congénere francesa, em jogo que decorreu no Stade de France, em Paris. Três dias depois, a Seleção venceu a sua congénere sueca por três bolas sem resposta. 

 

Antes de falarmos sobre os jogos, receio que tenhamos de falar sobre o Coronavírus, que pelo menos para mim arruinou esta jornada tripla. Bem, na verdade tem arruinado a vida de toda a gente este ano, de múltiplas maneiras. Este foi apenas mais um exemplo. Isto numa fase em que eu pensava que estávamos preparados, que sabíamos com que contar, que já estaríamos capazes de evitar baldes de água fria. Mas não.

 

Na véspera do jogo com a Suécia, Cristiano Ronaldo acusou positivo no rotineiro teste à Covid. Reagi um bocado mal à notícia – o Ricardo Araújo Pereira deixou-me com as orelhas a arder um bocadinho, no seu monólogo de abertura no domingo passado (Ah, doença cruel! Oh, maleita inclemente!).

 

Não que tenha ficado muito preocupada com a saúde de Ronaldo – ele é jovem, é saudável, aparentemente tem estado assintomático. Na pior das hipóteses, batam na madeira, ele tem dinheiro para pagar tratamentos de luxo, semelhantes aos que o execrável presidente dos Estados Unidos recebeu. Eu até alinhei nas piadas que se fizeram na altura – embora mais na onda de rir para não chorar. 

 

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Vou desde já admitir a minha hipocrisia: isto só se tornou um problema a sério para mim quando foi Cristiano Ronaldo a acusar positivo – não me preocupei tanto quando José Fonte e Anthony Lopes acusaram, dias antes. É inútil negá-lo, Ronaldo tem um mediatismo que nenhum dos outros tem – e provavelmente nunca terão. 

 

Por outro lado, isto aconteceu uma semana depois do início da concentração. Aquilo que mais me afligiu foi o facto de, de repente, quase tudo o que Ronaldo no seio da Seleção, teve de ser questionado, assinalado como possível risco de contágio. A foto que ele tirou com Pepe e Sergio Ramos, depois do jogo com a Espanha, aludindo aos anos em que foram colegas no Real Madrid; o momento com Kylian Mbappé, seu admirador, a troca de camisolas com o jovem Eduardo Camavinga; a fotografia da Seleção à mesa do jantar. Bolas, só o facto de ter treinado e jogado futebol sem máscara.

 

Fernando Santos garante que não foi durante a concentração que Ronaldo contraiu o vírus – mas o Selecionador, com o devido respeito, não é uma autoridade de saúde. De qualquer forma, independentemente do momento em que se contaminou, se Ronaldo deu positivo, é possível que já carregasse o vírus há uns dias, correndo o risco de o ter passado aos colegas. Colegas esses que, depois desta jornada tripla, regressaram aos seus clubes, às suas famílias. Toda uma cadeia de transmissão que pode ter começado na Equipa de Todos Nós.



Como é que acham que eu me senti ao saber que um compromisso da Seleção, uma das coisas que mais alegria traz à minha vida, pode ter servido de foco de infeção? Quase que mais valia a Turma das Quinas ter continuado em hiato. Se os Marmanjos não podiam festejar um golo sem que eu receasse que se estavam a contaminar uns aos outros, para quê?

 

Não culpo os jogadores. Acredito quando dizem que tem cumprido os protocolos todos o melhor que podem. E, que diabo, segundo Fernando Santos fizeram sete testes ao Covid em uma semana (um momento de silêncio pelas suas fossas nasais). Não sei se os protocolos definidos em junho, quando o futebol recomeçou, ainda estão em vigor mas, se estiverem, os jogadores praticamente só saem de casa para os treinos e jogos. Que mais podem fazer?

 

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À hora desta publicação, tanto quanto sei, mais nenhum Marmanjo acusou positivo à Covid 19. Nem nenhum jogador francês, sueco ou espanhol, nem mesmo Mbappé ou Sergio Ramos ou Camavinga. Pode ser que Ronaldo não tenha contaminado ninguém. Não há nada que possamos fazer agora. Mais vale falarmos sobre os jogos.

 

No dia do jogo com a França, cheguei a casa um bocadinho tarde. Quando liguei a televisão, já tinham decorrido os primeiros minutos da partida. Rúben Dias já contava um cartão amarelo, aparentemente após uma cotovelada a Olivier Giroud. O jogador francês ficou a sangrar e tiveram de lhe ligar a cabeça.

 

Havia necessidade disto tão cedo no jogo? Acho que não. Um árbitro mais duro teria mostrado logo o vermelho, o que ia estragar-nos o jogo por completo. Mas tenho de confessar, depois de Dimitri Payet nem sequer ter levado falta quando lesionou o Ronaldo na final de Paris, c’est le karma. O Giroud individualmente não teve culpa, coitado, mas é bem feita para a seleção francesa em geral. 

 

Parece que, em relação aos franceses, vou ser sempre algo mesquinha. O facto de lhes termos roubado o título de Campeões Europeus não foi suficiente. Em minha defesa, os franceses continuam igualmente mesquinhos: vejam-se as notas que a France Football deu aos Marmanjos.

 

Mas estou a desviar-me. 

 

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À parte esse pormenor, foi um jogo muito equilibrado. Caricatamente equilibrado, como se pode ver no meme acima. Na primeira parte, Portugal esteve por cima – muito graças ao excelente trabalho dos nossos médios, sobretudo de William Carvalho e Danilo. William, então, foi uma das estrelas desta jornada tripla.

 

Ainda assim, não dispusemos de muitas oportunidades. Tivemos um lance caricato em que, após um belo passe, Bernardo Silva tentou esticar-se mas acabou por cair com espalhafato. Houve também uma oportunidade de Bruno Fernandes, de Cristiano Ronaldo (boa intervenção de Lucas Hernandez) e pouco mais.

 

Na segunda parte, os franceses entraram mais afoitos. Desta feita, os nossos médios tiveram mais dificuldade em contê-los – em parte por causa do cansaço. O jogo tornou-se mais partido, menos seguro. Ainda assim, mesmo tomando mais as rédeas da partida, os franceses nunca obrigaram Rui Patrício a esmerar-se, tirando um momento ou outro.

 

Por seu lado, Fernando Santos lançou Diogo Jota e Francisco Trincão, a ver se não ficávamos pelo empate. Não resultou, infelizmente. Pepe até conseguiu enfiar a bola na baliza, na sequência de um livre. Ainda festejei, mas o golo foi anulado por fora-de-jogo.

 

O marcador permaneceu por abrir até ao apito final. Tínhamos vindo a dizer, nos dias anteriores, que um empate não seria um mau resultado – e de facto não o foi. Afinal de contas, era uma das melhores seleções do Mundo e um adversário tradicionalmente difícil para nós.

 

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Ao mesmo tempo, empatámos perante uma das melhores seleções do Mundo e um adversário tradicionalmente difícil para nós… e mesmo assim Fernando Santos queria mais. Queixou-se que os jogadores de ambas as equipas foram “demasiado cautelosos”... mas quem pode censurá-los? Éramos nós contra os Campeões do Mundo e nossas maiores bestas negras. Eram eles contra os Campeões da Europa e Liga das Nações e que já lhes tinham causado dissabores.

 

Além disso, é possível que, tivéssemos sido menos cuidadosos, corrríamos o risco de sofrermos golos, o que não era desejável.

 

Depois do jogo, toda a gente fez a piada de que faltou o Éder para repetir o feito do 10 de julho. A brincar a brincar, eu até concordo, faltou o Éder. Não o jogador em si, antes aquilo que ele representou na final de Paris: a estrelinha, aquele rasgo inesperado de inspiração, de talento, para marcar o golo da vitória (não confundir com sorte). Ronaldo fá-lo inúmeras vezes, mas podia ter vindo de qualquer um. 

 

Desta vez não deu.

 

Cheguei a ter medo de que esta jornada tripla terminasse sem que a Seleção marcasse um golo. Felizmente, o jogo com a Suécia deu-nos ocasiões para matar essa sede. 

 

Portugal entrou em jogo com a “pica” toda – fazendo lembrar um pouco a Espanha, uma semana antes. Tivemos oportunidades logo aos primeiros minutos, uma de Diogo Jota (que substituiu Ronaldo), outra de William Carvalho (já disse aqui que o William foi espetacular nestes jogos?). Finalmente, aos vinte minutos, Bruno Fernandes isolou Jota, este driblou um pouco e assistiu para o golo de Bernardo Silva.

 

 

Estava aberto o marcador – e a Seleção pôde festejar este golo com público!

 

Apesar da entrada em grande de Portugal, a Suécia não se deixou dominar. Pelo contrário, este foi um jogo muito partido, atípico para o estilo de Fernando Santos. Conforme mencionaram aqui na vizinhança, os suecos esticaram o campo em vez de encolhê-lo. Portugal nunca conseguiu ter o jogo controlado por completo.

 

Felizmente, a Seleção conseguiu não sofrer golos – uma vez mais, graças ao trabalho de Rui Patrício (um dos melhores guarda-redes do Mundo), Danilo e Pepe. Este último está numa fase excelente apesar a idade. É o mestre da defesa portuguesa – e Rúben Dias, que combina muito bem com ele, é o seu aprendiz, talvez o seu sucessor.

 

Eram Pepe, Patrício e Danilo brilhando atrás, era Diogo Jota brilhando à frente. Poucos minutos antes do intervalo, João Cancelo fez um passe espetacular, como que guiado por GPS. A bola encontrou Jota cara a cara com a baliza e o miúdo não desperdiçou. 

 

As coisas não mudaram muito na segunda parte. Aos sessenta e sete minutos, Bruno Fernandes recuperou a bola, arrancou em direção ao meio-campo da Suécia, isolou João Félix à entrada da área, só o guarda-redes à sua frente. Infelizmente, o miúdo deve ter-se enervado e rematou por cima. 

 

Pobre Félix. Ainda não está lá.

 

 

Finalmente, dez minutos depois, Jota fez quase tudo sozinho no último golo. O passe foi de William, Jota conduziu a bola para dentro da grande área, indiferente aos quatro suecos lá, e rematou para as redes.

 

Muito entusiasmada com este miúdo. Se se mantiver no caminho certo e tiver sorte, será um grande jogador.

 

Ficou feito o resultado. Talvez demasiado dilatado para um jogo em que Portugal nunca teve mão no jogo por completo. Não é grave. O que interessa são os três pontos e os golos numerosos, que poderão vir a da jeito em caso de empate pontual com a França, mais à frente.

 

Se não fossem todos os problemas causados pelo Coronavírus, hoje estaria muito feliz com o momento atual da Seleção. A Equipa de Todos Nós não fez um único jogo mau nesta edição da Liga das Nações, mesmo com adversários deste calibre. O longo hiato pode ter feito bem à Seleção – nos últimos jogos antes da pausa, tinhamos concluído uma Qualificação para o Euro 2020 com dificuldade, deixando muito a desejar. Depois disso, eu não esperava um desempenho tão consistente nesta prova.

 

Ou então, é a nossa mania de jogarmos melhor perante equipas difíceis. Nesse sentido, a Liga das Nações é uma competição à nossa medida (mesmo que muito boa gente como Arsène Wegner não lhe ache piada). Não admira que tenhamos sido os primeiros vencedores.

 

Neste momento, sobramos nós e a França na luta pela passagem às meias-finais. A maneira menos stressante de carimbarmos o passaporte é vencendo os franceses no próximo mês, em casa. Uma tarefa difícil em qualquer circunstância. No entanto, acredito que a Seleção atual, da maneira como tem jogado, é a melhor preparada para este desafio.

 

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Falaremos melhor sobre isso na altura.

 

Esperemos que Ronaldo elimine o vírus depressa e que mais ninguém na Seleção se contamine. Obrigada por lerem. Tenham cuidado convosco, para não se virem na mesma situação. Continuem a acompanhar a Equipa de Todos Nós comigo, quer aqui no blogue, quer na sua página de Facebook.

Agora é que vão ser elas

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Na próxima quarta-feira, dia 7 de outubro, a Seleção Portuguesa de Futebol receberá a sua congénere espanhola, em jogo de carácter particular. Quatro dias mais tarde, a Seleção deslocar-se-á ao Stade de France, em Paris, para defrontar a seleção local. Três dias mais tarde, regressa a Portugal para receber a seleção sueca. Estes dois últimos jogos contarão para a fase de grupos da segunda edição da Liga das Nações. Ambos os jogos em casa decorrerão no Estádio de Alvalade.

 

A preparação destes jogos começa  na próxima semana, provavelmente na segunda-feira. São muitas viagens e pouco tempo, poucos dias para treinar. É certo que daqui a Paris são apenas duas horas, duas horas e meia de voo. Mesmo assim, deve custar.

 

(Por outro lado… será que eles vão ficar alojados em Marcoussis outra vez? Seria giro.)

 

Ao menos os jogos em Lisboa já vão ter público! Poucos milhares de pessoas se não me engano. À hora desta publicação, ainda não se sabe nada sobre a venda de bilhetes para estes jogos. O que é estranho, tendo em conta que faltam poucos dias para o particular com a Espanha. 

 

Eu gostava de ir a um dos jogos – em circunstâncias normais se calhar preferia o da Espanha, mas hoje em dia não sou esquisita. Vivo perto de Alvalade e, bolas, quero voltar a um estádio! Quero ver a Seleção! Mas acho que vai ser difícil conseguir bilhetes.

 

Mesmo que eu não possa ir, ao menos sei que os nossos meninos não estarão sozinhos, que não terão de cantar o hino para um estádio vazio. Já é um consolo. No entanto, confesso que me custa imaginar um jogo da Seleção sem grandes multidões, à chegada, à saída, nas bancadas. 

 

Fernando Santos revelou os Convocados para este triplo compromisso ontem, quinta-feira. Regressam William Carvalho, Rafa Silva, Daniel Podence e Rúben Semedo. Não houve nenhuma estreia absoluta em Convocatórias – embora Podence e Semedo ainda não contem internacionalizações. Eu estava à espera de mais mudanças, mas Fernando Santos trouxe o habitual argumento da estabilidade do grupo. 

 

Bem, também não sou suficiente versada no assunto para criticar.

 

Podence é um dos muitos portugueses no Wolverhampton. O clube já se tornou num meme, com tantos jogadores lusos – e equipa técnica! – mais que alguns clubes que a I Liga. Obra de Jorge Mendes, segundo consta. Ao ponto de o equipamento alternativo deles, esta época, ser vermelho e verde (mais bonito que o nosso equipamento alternativo, aqui entre nós). Há quem graceje que o Wolverhampton é uma seleção portuguesa alternativa.

 

Pessoalmente não me importo. Dá sempre jeito a qualquer seleção ter jogadores competindo no mesmo clube, arrotinados uns com os outros. Por uma questão de patriotistmo preferia que fosse num clube português – não sendo possível, ao menos é um campeonato prestigiado, competitivo, como a Premier League. 

 

Além disso, eu até gosto de lobos. Tenho uma linda pastora-alemã e muitas crianças que se cruzam com ela pensam que é o Lobo Mau (quando não pensam que é o Inspetor Max). E ela de facto é um bocadinho parecida… mas é mais um cordeirinho com pele de lobo. 

 

Regressando a Podence, acho que ele tem estado bem nos últimos tempos. Fez uma assistência num jogo contra o Sheffield e, no jogo contra o Manchester City, fez uma maldade a Kevin De Bruyne e as imagens correram mundo. 

 

 

Uma coisa que descobri agora, enquanto pesquisava para este texto: Podence é mais baixo do que eu, um metro e sessenta e cinco. Bem, a altura vale o que vale. 

 

Sobre Rúben Semedo, não sei muito das suas andanças, apenas que o Benfica o deseja mas o Olympiacos não quer deixá-lo sair. À hora desta publicação, a coisa ainda não está resolvida. Seja qual for o clube, este tem de dar-lhe oportunidades para se desenvolver. 

 

William e Rafa são Campeões Europeus e jogadores que acompanho há uns anos, logo, estou contente por tê-los de volta. Sobre o momento de William? Tem dado sinais contraditórios. Marcou ao Real Madrid há poucos dias e, há coisa de duas semanas, marcou um golo espetacular ao Valladolid. No entanto, no jogo com o Getafe, cometeu um erro que custou um golo – o Getafe acabaria por vencer o Bétis por 3-0. 

 

Acontece. Mas espero que não se repita na Seleção. 

 

Em relação a Rafa, não sei muito bem como se tem saído no Benfica. Marcou um golo ao PAOK ao cair do pano, que infelizmente não chegou para evitar a derrota. Sei no entanto que é um jogador de talento – espero voltar a vê-lo nesta jornada.

 

Vão ser uns dias giros com a Seleção – vamos defrontar não uma, mas duas das nossas bestas negras. Uma delas, felizmente, será num jogo particular: a Espanha, no Estádio de Alvalade. 

 

No mês passado comentámos que, com tanto tubarão no nosso caminho, fazia sentido praticarmos com um. Por outro lado, a Espanha também tem um tubarão com que ligar – a Alemanha está no seu grupo da Liga das Nações. Talvez tenha sido por isso, pelo menos em parte, que nuestros hermanos aceitaram jogar connosco.

 

E no entanto, neste momento, os espanhóis estão à frente no seu grupo. A Alemanha empatou os dois jogos até agora, só conta dois pontos. Já não são o que eram? Bom sinal para nós, no grupo do Europeu? Eu não fiava. 

 

Como se devem recordar, a última vez que jogáms contra nuestros hermanos foi no Mundial 2018 – empatámos três a três, com um hat-trick de Cristiano Ronaldo. Talvez seja mais rigoroso dizer que Ronaldo empatou contra a Espanha, pois o coletivo português em si deixou a desejar, tirando uma ou outra exceção. 

 

Foi um bom resultado, até porque, até ao momento, o único jogo oficial em que ganhámos à Espanha foi no Euro 2004 – o jogo mais importante da minha vida, conforme já referi várias vezes aqui no blogue, e que por sinal se realizou no mesmo estádio. Por outro lado, da última vez que recebemos a Espanha para um jogo particular, a coisa correu bem.

 

Desde a última vez que jogámos com a Espanha, os nossos vizinhos falharam o acesso à fase final da primeira edição da Liga das Nações – a Inglaterra Qualificou-se à frente deles. Para o Europeu, no entanto, Apuraram-se em primeiro, à frente da Suécia.

 

Dos grandes da Europa, ao que parece, fomos os únicos que não nos Qualificámos em primeiro para o Euro 2020. E somos os detentores do título – tanto do Europeu como da Liga das Nações! Que vergonha…

 

Tendo isto tudo em conta, coloco o favoritismo ligeiramente do lado dos espanhóis. É apenas um particular, de resto, se não ganharmos não será dramático. É claro que uma vitória iria saber bem… mas o mais importante será praticarmos para os próximos desafios. 

 

E que desafios serão esses, senhores… Agora é que vão ser elas.

 

É a primeira vez que nos cruzamos com os nossos amigos franceses desde a final do Euro 2016. Quis o destino que o primeiro reencontro ocorresse exatamente no mesmo palco – não teria sido assim se o Europeu deste ano não tivesse sido adiado.

 

Acontece que agora os franceses são Campeões do Mundo, o que nos deixa numa posição… estranha. Nós conquistámos o Europeu perante eles, ainda temos esse título… mas tecnicamente o Campeão do Mundo há de ser melhor que o Campeão da Europa, certo? E no entanto, um ano depois do Mundial, nós ganhámos a Liga das Nações, que no fundo é um campeonato europeu noutros moldes. A França nem sequer chegou à final four.

 

Em defesa dos franceses, eles só não se Qualificaram por causa da diferença de golos – a Holanda Apurou-se à frente deles. Quem sabe o que teria acontecido se tivesse vindo à fase final? Teria sido giro se, mais uma vez, disputassem a final connosco.

 

Em todo o caso encontramo-nos agora, na fase de grupos da segunda edição. Estamos empatados com eles na tabela classificativa com seis pontos – estamos à frente por termos mais dois golos marcados. O Campeão do Mundo contra o Campeão da Europa, uma espécie de Supertaça em seleções. Acho que vamos ter muitos olhos neste jogo.

 

Ninguém poderá criticar demasiado a Seleção na eventualidade de perdermos. São os Campeões do Mundo e um adversário tradicionalmente difícil para Portugal – a final de Paris foi a nossa primeira vitória perante os franceses em mais de quarenta anos. E a França não nos vai subestimar segunda vez. 

 

Um empate não seria de todo um mau resultado. Adiaria a disputa pelo primeiro lugar para mais tarde, talvez para o jogo com eles em nossa casa. Nós continuaríamos à frente – por definição, um empate não altera a diferença de golos.

 

No entanto, todos queremos uma vitória. Todos queremos recriar o maior feito da História da Seleção Nacional, pelo menos em parte – o mesmo adversário, o mesmo palco. Uma nova vitória perante a França ajudaria a silenciar aqueles que ainda hoje alegam que não merecemos ganhar o Europeu. E permitir-nos-ia darmos um grande passo em frente na corrida por um lugar na final four.

 

Depois deste jogo, temos outro com a Suécia, desta vez em casa, em Alvalade. Como já jogámos contra eles no mês passado, não tenho nada de novo a dizer sobre eles. Passemos à frente.

 

Ainda não sei como vou fazer com as crónicas sobre estes jogos. São logo três, com poucos dias de intervalo entre eles. A próxima semana será complicada para mim em termos do meu emprego, não devo conseguir publicar antes do jogo com a França. Talvez consiga publicar entre esse jogo e o da Suécia… mas o mais provável é eu escrever sobre os três jogos no mesmo texto.

 

Eu vou dando informações sobre isso na página do Facebook. Para já, quero saborear a oportunidade inédita que é ter uma jornada tripla de Seleção. Continuem desse lado saboreando também!

 

CORREÇÃO A 5/10/2020: Na publicação original vinha referido que o jogo com a Espanha teria lugar na Luz. 

O jogo começa na segunda parte

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No passado sábado, dia 7 de setembro, a Seleção Portuguesa de Futebol venceu a sua congénere sérvia por quatro bolas contra duas, no Estádio Rajko Mitic, também conhecido por Marakana, em Belgrado. Três dias mais tarde, venceu a sua congénere lituana por cinco bolas contra uma. Ambos os jogos contaram para o Apuramento para a fase final do Europeu de 2020.

 

Com estes resultados, Portugal soma oito pontos, ocupando a segunda posição na tabela classificativa. Tem menos cinco pontos que a Ucrânia, que ocupa a primeira posição, e mais um que a Sérvia, que ocupa a terceira posição. De notar, no entanto, que Portugal tem menos um jogo disputado que as restantes equipas do grupo. 

 

Ou seja, depois do começo em falso, já se respira melhor neste Apuramento. 

 

Comecemos por falar do jogo com a Sérvia. Este era um dos jogos mais difíceis deste grupo de Apuramento: um adversário direto na corrida, que não perdia em casa desde… bem, desde outubro de 2015, quando nós os visitámos e os derrotámos, já depois de selada a Qualificação para o Euro 2016, há quatro anos.

 

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Conforme o título desta crónica dará a entender, um dos denominadores comuns entre os dois jogos desta dupla jornada diz respeito às primeiras partes que deixaram a desejar. No caso deste jogo, a primeira parte não foi propriamente má, apenas pastosa. Portugal sentiu dificuldades em aproximar-se da baliza sérvia durante a primeira hora do jogo. A Sérvia concentrou-se muito na defesa, mas quando se punha em contra-ataque chegou a assustar.

 

O primeiro golo de Portugal surgiu quase por acidente. Bruno Fernandes cruzou para a grande área, Milenovic e o guarda-redes Dmitrovic chocaram um com o outro. William Carvalho, matreiro, aproveitou a ocasião para inaugurar o marcador.

 

Talvez catalisados pelo golo, os Marmanjos entraram bem na segunda parte. Cristiano Ronaldo dispôs de um par de oportunidades para aumentar a vantagem, mas acabou por ser Gonçalo Guedes a marcar primeiro. Depois de umas trocas de bola jeitosas à porta da grande área sérvia, o Marmanjo conseguiu fugir aos defesas e rematar em diagonal e grande estilo para as redes adversárias. 

 

É por isto que Fernando Santos vai pondo Guedes a titular, em detrimento do extremamente mediático João Félix: porque o Marmanjo mais velho tem conseguido marcar e assistir para golos importantes – mesmo não fazendo exibições de encher o olho, como neste jogo. Mais sobre isso adiante.

 

Nesta fase, confesso que cometi o mesmo erro que a Seleção: achei que o 2-0 mataria o jogo. Enganámo-nos redondamente. Os sérvios teimaram em lutar pelo empate. Por um lado, imenso respeito – não consigo evitar simpatizar com um adversário que não se rende com facilidade. Por outro – sobretudo quando insistiam em marcar golos depois de nós – só pedia que alguém enfiasse um Zolpidem na água deles. 

 

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Embora, para sermos sinceros, tenham havido culpas portuguesas no cartório nos dois golos da Sérvia. No primeiro, foi Danilo quem deixou Milenkvic desmarcado e o sérvio aproveitou para marcar de cabeça. Logo no minuto seguinte, Rui Patrício teve de se esmerar para travar o remate longo de Ljajic. 

 

Como em muitas situações de aperto, foi o Capitão a intervir para repôr os dois golos de vantagem. Bernardo Silva tomou posse da bola a meio campo, conduziu-a durante um bocado, passou-a a Ronaldo ultrapassando uma linha de sérvios e o Capitão rematou-a calmamente para as redes. Momento engraçado quando, antes de celebrar o golo, se pôs a olhar para o fiscal de linha, para confirmar que não estava em fora-de-jogo.

 

Ainda não foi suficiente para resolver a questão. Nesta altura, muitos adeptos sérvios começavam a abandonar o estádio. Sempre desprezei este tipo de público, mas este caso em particular é pior. Os adeptos desistiram antes dos jogadores. Não merecem a seleção que têm.

 

Os sérvios acabaram por marcar outra vez (agora estou a pensar que terão havido adeptos a caminho das saídas, apenas para correrem de novo para dentro ao ouvirem os gritos de golo). Bruno Fernandes perde uma bola que não devia ter perdido e a jogava terminou com Mitrovic rematando certeiro para as nossas redes.

 

Ao menos desta feita não demorámos muito a recuperarmos a vantagem de dois golos. Menos de dois minutos depois, Raphael Guerreiro assistiu para Bernardo, que encerrou o marcador.

 

 

Este miúdo é uma delícia de ver jogar.

 

Em suma, como tem sido a regra nos últimos anos, foi uma exibição que não deslumbrou, mas que garantiu os três pontos. Este era um dos jogos mais difíceis deste Apuramento – passámos este teste.

 

Falemos, então, sobre o jogo com a Lituânia: um encontro em que, em teoria, não teríamos grandes dificuldades. Na prática não foi bem assim.

 

De início as coisas até correram de forma mais ou menos normal. João Félix, titular, conseguiu um penálti para Cristiano Ronaldo converter, antes dos dez minutos de jogo (já se pode dizer que Félix contribuiu para um golo da Seleção?). 

 

Portugal foi, no entanto, incapaz de ampliar a vantagem no marcador, apesar de não faltarem oportunidades. Acabou por ser a Lituânia a chegar ao golo na sequência de um canto. Andriuskevicius saltou mais alto que João Félix, que não estará habituado a defender, e marcou de cabeça.

 

 

 

Não sei como foi com vocês, mas esta deixou-me com vontade de me enfiar num buraco. Ou, vá lá, numa sebe. Uma equipa que não ganhava um jogo há ano e meio mas que conseguia empatar connosco.

 

Não me preocupei por aí além com este contratempo. Sabia que era uma questão de tempo até regressarmos à vantagem no marcador. Não me enganei – mas ainda demorou e não faltaram momentos de exasperação pelo meio.

 

João Félix, em particular, metia dó. Via-se que o miúdo queria mesmo marcar um golo, por todos os motivos e mais alguns, mas a bola teimava em não entrar – quer por falta de sorte, quer por momentos inusitados de inspiração por parte do guarda-redes lituano. 

 

Suponho que seja uma boa altura para falar do desempenho geral de João Félix nesta dupla jornada. A ideia com que fico – e posso estar enganada, atenção – é que, pelo menos a curto prazo, Fernando Santos poderá pôr Félix a titular em jogos de dificuldade teoricamente menor, mas em jogos mais difíceis voltará a pôr Guedes de início. E de facto, se pusermos de lado todo o mediatismo (muito catalisado por benfiquistas e colchoneros, diga-se)... porque não o faria?

 

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Há comentadores desportivos que parecem assumir que a sagração de Félix como um dos melhores jogadores de todos os tempos é um evento tão certo como o nascer e pôr-do-sol e que Fernando Santos tem a obrigação de acelerar esse processo na Equipa das Quinas. O que é uma filosofia perigosa. Servir de rampa de lançamento a carreiras de jogadores individuais não é o objetivo principal da Seleção. 

 

Não sou ingénua – sei que os Europeus e Mundiais servem de montra para os jogadores. Regra geral, não tenho problemas com isso – é uma daquelas situações em que todos ganham. No entanto, os interesses individuais não podem nunca sobrepôr-se aos interesses do coletivo.

 

Isto tudo para dizer que Fernando Santos não tem a obrigação de pôr Félix a titular, quando tem Gonçalo Guedes – menos mediático, talvez mesmo menos talentoso, mas mais experiente na Seleção, mais capaz de obter os resultados pretendidos. Félix ainda não está nessa fase. 

 

Dito isto tudo, é possível que o jovem chegue a essa fase a curto, médio prazo. Ficou provado neste jogo que vontade não lhe falta. Mais uns jogos – é possível que ele seja titular no próximo – e ele chega lá.

 

Regressemos ao encontro com a Lituânia. Como vimos, a primeira parte não correu muito bem a Portugal, mas a Seleção entrou melhor na segunda, conseguindo várias oportunidades para desfazer o empate. Ainda assim, o golo que desbloqueou o jogo resultou de uma atrapalhação do guarda-redes depois de um remate de Ronaldo: a bola bateu-lhe no ombro e entrou na baliza.

 

 

É rir para não chorar.

 

Em todo o caso, a UEFA atribuiu o golo a Ronaldo. O Capitão marcaria ainda mais dois golos – ambos assistidos por Bernardo Silva, como poderão ver no vídeo abaixo. Que mais é preciso para o miúdo ser considerado insubstituível na Seleção?

 

O foco, no entanto, tem sido o póquer de Ronaldo, o seu segundo na Seleção – o primeiro foi frente à Andorra, na Qualificação para o Mundial 2018 (custa a acreditar que já lá vão quase três anos). Às vezes irrita-me um pouco toda a aenção dada a Ronaldo mas depois olho para os factos e não posso contestar: Ronaldo merece tudo isto e muito mais! 

 

Algo de que só me apercebi agora foi que ele já duplicou o número de golos de Eusébio pela Seleção. De Eusébio! O recorde dele demorou décadas a ser quebrado – pelo Pauleta. Mesmo o recorde do açoriano está a um golo de ser duplicado – e Ronaldo só o ultrapassou há cinco anos e meio! 

 

Recordar, de resto, que Ronaldo já tem trinta e quatro anos, quase trinta e cinco!

 

 

Peço desculpa, mas às vezes tomo Ronaldo como garantido, nem sempre páro para recordar o quão raro e, sinceramente, sobrenatural este Marmanjo é. Não admira que o venerem como Nosso Senhor dos Golos, que abençoem a senhora que o deu à luz. Ronaldo não é deste Mundo!

 

Diz Fernando Santos que “Cristiano nunca acaba”. Seria bom se fosse verdade: ter o Capitão para sempre a este nível. 

 

Ainda houve tempo, já depois de Ronaldo ter sido substituído, para William marcar o quinto. É um pormenor engraçado desta dupla jornada: o William marcou o primeiro e o último golo.

 

Antes de partirmos para as conclusões, uma palavra de apreço para o público português no Estádio LFF, mariotariamente fuzileiros da Marinha Portuguesa estacionados na Lituânia, convidados pela Federação para assistir ao jogo. É sempre impressionante quando os adeptos visitantes, minoritários, fazem mais barulho que os adeptos da casa. Os Marmanjos fizeram questão de tirar uma fotografia com a claque, o que foi um gesto muito bonito. Devia tornar-se tradição em jogos das Quinas, pelo menos fora – em jogos em casa será complicado.

 

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Esteve tremido durante um bocado – claro que esteve, nós e a nossa afinidade para o caricato – mas o jogo acabou por se resolver a nosso favor. O resultado foi semelhante aos dos particulares há mais de quinze anos, de que falámos no texto anterior. Conforme referido acima, depois dos tropeções anteriores, regressamos ao bom caminho. 

 

Há opiniões díspares no que toca ao resto da Qualificação. Há quem defenda que está no papo, mais uma ou duas vitórias e ficamos Apurados. Fernando Santos continuará a falar de quatro finais para vencer, creio eu. 

 

Pessoalmente, estou algures no meio. não me parece que os dois jogos com o Luxemburgo e o jogo em casa com a Lituânia nos coloquem grandes dificuldades – aqui entre nós, estou mais preocupada com as dificuldades que possamos causar a nós mesmos. O jogo fora com a Ucrânia (em Kiev?), no entanto, poderá ser complicado. Ainda assim, acho que a Qualificação direta estará ao nosso alcance. Todos nós preferíamos Apurar-nos em primeiro lugar, por uma questão de orgulho de Campeões Europeus e da Liga das Nações, mas ninguém morre se só nos Qualificarmos em segundo. 

 

Confesso que fiquei com um bocadinho de pena quando a dupla jornada terminou. Já estou com saudades da Seleção. Felizmente só temos de esperar umas três semanas até à próxima Convocatória. Aproveito para avisar que vou ter um outubro complicado, terei menos tempo para o blogue. Em princípio, devo saltar a habitual crónica pré-jogo.

 

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É possível, aliás, que nas próximas semanas o meu outro blogue ultrapasse este em número de publicações. Fico um bocadinho triste, mas suponho que era inevitável. Este blogue só está ativo quase quando a Seleção está. O meu Álbum de Testamentos não tem essas limitações. Uma agravante é o facto de, nos últimos anos, crónicas como esta, em que analiso dois jogos em vez de apenas um, serem mais frequentes. Estou até surpreendida por ter demorado tanto tempo – sete anos – até chegarmos a este ponto.

 

Mas estou a desviar-me. Mesmo que o blogue não regresse logo com a Seleção, a página no Facebook manter-se-se-á ativa. Vemo-nos em outubro. 

Portugal 2 Suíça 0 - Noites como estas

IMG_20170513_140959_HDR.jpgNa passada terça-feira, dia 10 de outubro, a Seleção Portuguesa de Futebol venceu a sua congénere suíça por duas bolas a zero, no Estádio da Luz... e eu estive lá! Este era o último jogo da Qualificação para o Mundial 2018. Com esta vitória, Portugal iguala a Suíça em pontos. No entanto, como tem mais golos marcados, fica em primeiro lugar no grupo e Apura-se diretamente para o Mundial.

 

Às vezes pergunto a mim mesma porque raio ainda tenho dúvidas no que toca a esta Seleção.

 

Conforme tinha escrito antes, fui ao jogo com a minha irmã. Uma vez que a lotação estava esgotada (até a Madonna veio, para delícia de muitos), os profissionais da Federação tinham recomendado que viéssemos o mais cedo possível. Eu e a minha irmã seguimos as recomendações e chegámos mais ou menos uma hora antes do início do jogo.

 

Por sinal, chegámos ao mesmo tempo que a maioria dos adeptos suíços, entoando cânticos em coro. Não houve confusão. Pelo contrário, uns deles meteram-se comigo. Falavam alemão, do qual não compreendo uma palavra (deviam ser da chamada “Suíça alemã”), mas lá percebi que queriam tirar uma selfie comigo. Eu aceitei, sobretudo por uma questão de fair-play – é sempre bonito confraternizar com adversários.

 

Eu, no entanto, suspeito que eles estavam menos interessados em fair-play e mais no meu decote. Enfim.

 

Eu e a minha irmã ficámos sentadas na bancada BTV (julgo que é essa), não muito longe dos adeptos suíços. Estes começaram a fazer barulho desde muito cedo, puxando pela sua equipa.

 

Mais um motivo para respeitar a Suíça, de resto: os seus adeptos não se deixaram intimidar por uma Luz esgotada, decidida a fazer a sua parte na luta pela Qualificação.

 

 

E, de facto, o momento da coreografia, com as cartolinas verdes e vermelhas provocou-me arrepios – sobretudo enquanto cantávamos “A Portuguesa”. Foi uma jogada de mestre por parte da Federação.

 

O jogo não foi muito fácil, pelo menos não de início. Portugal jogava bem, sem grande brilho mas com consistência – João Mário foi o primeiro a chamar-me a atenção, mas também William, Eliseu (com a sua pouca utilização no Benfica, não estava à espera que jogasse tão bem) e Bernardo Silva se destacavam.

 

Os suíços, no entanto, iam sendo capazes de travar as iniciativas portuguesas. De tal forma que a primeira oportunidade de perigo para Portugal ocorreu apenas aos trinta e dois minutos – uma boa iniciativa de Bernardo Silva. A Suíça também atacava de vez em quando mas com ainda menos eficácia – Rui Patrício teve uma noite inesperadamente tranquila.

 

Os dedos das mãos já não chegam para contar os jogos de futebol a que já assisti ao vivo. No entanto, ainda não me fartei – ver através de um ecrã pura e simplesmente não se compara a isto. Ainda por cima, desta vez estávamos apenas algumas filas acima do campo, relativamente perto dos jogadores. Dava para irmos gritando coisas como “Corre, Eliseu!”, “Vai, miúdo!”, “Força William!” e eles podiam ouvir.

 

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Em teoria. Na prática não davam sinais disso, claro. Como seriam capazes de se concentrar no jogo se estivessem atentos a todas as baboseiras que vêm das bancadas? Quando se trata de dar força, no entanto, gosto de pensar que eles percebem a mensagem.

 

O jogo foi na semana passada mas, só recordando-me disto, já estou com saudades e ansiosa por regressar a um jogo da Seleção. O pior é que duvido que a Turma das Quinas volte a jogar tão cedo em Lisboa.

 

Mas também estou a queixar-me de barriga cheia: eu que fui a dois jogos este ano.

 

Tivemos um bocadinho de sorte com o nosso primeiro golo, há que admiti-lo. Mas também não se pode dizer que Portugal não o tenha merecido. Poucos minutos antes do intervalo, Eliseu centrou para João Mário. Este enrolou-se com o defesa e o guarda-redes da Suíça, mas a bola acabou por entrar.

 

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A partir da nossa bancada não dava para ver bem o que se passava – durante algum tempo pensámos que tinha sido João Mário a marcar. Na altura, achei justo – ele estava a ser um dos melhores em campo. Só ao intervalo é que descobrimos que tinha sido auto-golo de Djourou.

 

Enfim. Golo é golo.

 

Dá sempre jeito partir para o intervalo com um golo acabado de marcar. A segunda parte foi quase completamente dominada por Portugal, sobretudo nos primeiros dez minutos. O facto de os suíços se terem aberto mais ajudou. Esta fase culminou com uma jogada brilhante, em que a bola passou por mais de metade da Seleção antes de Bernardo Silva assistir para André Silva, que concluiu com um remate atrapalhado mas certeiro.

 

É bom ver a Equipa de Todos Nós marcar um golo assim, com a contribuição direta de quase toda a equipa. Podemos continuar muito dependentes de Ronaldo (e acho que é mais uma dependência psicológica do que outra coisa qualquer), mas ninguém pode negar que existe Seleção para além dele.

 

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A parte chata de golos como este é que os resumos em vídeo cortam uma parte da jogada. Tive de recorrer às gravações automáticas para revê-la na íntegra – e estas desaparecem ao fim de alguns dias.

 

Depois desta, o jogo decorreu sem incidentes de maior. Portugal procurou segurar o resultado, sem abdicar de tentar o 3-0. Estivemos perto, sobretudo com a oportunidade de Cristiano Ronaldo, aos oitenta minutos. O Capitão conseguiu isolar-se perante o guarda-redes suíço mas depois atrapalhou-se com a finta.

 

Não estava nos seus dias, pobre Ronaldo. É capaz de ter sido dos menos eficazes em campo, entre os portugueses – a antítese do que aconteceu em Andorra, curiosamente. Não que tenha sido grave – outros brilharam por ele, tal como vimos antes.

 

Cristiano Ronaldo um dia destes deixará a Seleção (embora Fernando Santos diga que ele ainda poderá jogar durante cinco anos). Não temos nenhum fenómeno como ele para tomar o seu lugar – nem agora, nem nos próximos... duzentos anos, provavelmente. No entanto, com jogadores como Bernardo Silva, João Mário, William, entre muitos outros, não precisamos de nos preocupar com o futuro.

 

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Finalmente, o árbitro apitou três vezes, consumando o nosso Apuramento direto. Pela segunda vez consecutiva, escapamo-nos aos play-offs. Continua a saber bem. Em termos de números, esta foi a nossa melhor Qualificação de todos os tempos, com noventa por cento de vitórias. No Apuramento anterior também só tínhamos perdido uma vez. Mas como foram apenas oito jogos, a percentagem de vitórias foi de apenas 87,5.

 

Continua a faltar, ainda assim, uma Qualificação imaculada.

 

Uma palavra sobre a Suíça. Escrevi em textos anteriores que respeitava imenso os suíços por tudo o que fizeram nesta Qualificação. Isso não mudou com a derrota deles. São uma boa equipa, estiveram à nossa frente – nós, Campeões Europeus – na tabela classificativa durante mais de um ano, os seus adeptos foram exemplares na Luz. O mais justo teria sido ambas as equipas Qualificarem-se diretamente. 

 

A Suíça, no entanto, tem ainda a hipótese de ir à Rússia via play-offs. Eu vou torcer por eles.

 

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Fernando Santos  disse na Conferência de Imprensa que esta é uma das melhores seleções de sempre. Se é a melhor, é discutível – depende dos critérios. No entanto, em termos de resultados, de consistência, ninguém discorda: é a número um até agora.

 

A Seleção de Fernando Santos (isto é, de finais de 2014 até agora) pode nem sempre ter praticado o futebol mais excitante ou bonito. Mas os únicos fracassos até agora foram a derrota perante a Suíça (que, de qualquer forma, acabou agora mesmo de ser corrigida) e as meias-finais da Taça das Confederações. Pelo meio, tornámo-nos Campeões Europeus.

 

Fernando Santos celebrava o seu aniversário naquele dia. E, de facto, todos nós devemos dar graças por ele ter nascido e dado tanto à Seleção.

 

Foi mesmo a única coisa que faltou naquela noite: cantarmos os Parabéns a Fernando Santos.

 

  

Bem, ao menos pudemos comover o Selecionador com o “Hino à capela”, como o próprio descreveu, no fim do jogo. Eu não estava à espera, mas não me surpreendeu – o mesmo já tinha acontecido há quase seis anos (!!), no jogo com a Bósnia-Herzegovina.

 

Depois de o jogo acabar (ou talvez antes, não me lembro ao certo), reparei neste cartaz, algumas filas acima do meu lugar, com uma nova versão do Pouco Importa. Quando estávamos nos túneis para sair do estádio, consegui apanhar os autores do cartaz e pedir-lhes para tirar esta fotografia (serão membros da claque do Euro 2016, que criou o cântico original?). Ainda me juntei a eles quando começaram a cantar esta nova quadra, no meio da multidão que abandonava a Luz (tentei filmar o momento, mas atrapalhei-me com o telemóvel).

 

Já cantei, portanto, que “o Mundial da Rússia, vamos ganhá-lo também”. Na realidade, contudo, ainda não quis pensar a sério nisso. É muito cedo. Mais disparatado ainda é pensar já nos Convocados, como já vi – faltam sete meses! Os momentos de forma mudam até lá!

 

Haverá tempo para falarmos sobre o Mundial e sobre as ambições de ganhá-lo. Entristece-me um bocadinho, aliás, não voltarmos a ter jogos oficiais até junho.

 

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Enfim. Havemos de sobreviver.

 

Já sabemos que, no próximo mês, receberemos a Arábia Saudita e os Estados Unidos, em jogos particulares. Não me admiraria, no entanto, se Fernando Santos deixasse a maior parte dos habituais de fora. Não esperemos, portanto, jogos muito interessantes. Os de há quase dois anos não foram.

 

Recordo, no entanto, que de uma forma ou de outra esses jogos ajudaram-nos a sagrarmo-nos Campeões Europeus. É para noites como a de 10 de julho de 2016 e a de 10 de outubro deste ano que estamos todos aqui.

 

Que tenhamos muitas noites como estas no próximo ano, na Rússia.

Seis pontos (e um ou dois no sobrolho do Pepe)

IMG_20170414_001567.jpgNa passada quinta-feira, dia 31 de julho, a Seleção Portuguesa de Futebol venceu a sua congénere faroense por cinco bolas a uma, no Estádio do Bessa. Três dias depois, a Seleção foi ao Groupama Arena, em Budapeste, vencer a sua congénere húngara por uma bola a zero.

 

Foram dois jogos muito diferentes, ainda que ambos nos tenham dado três pontos. Comecemos pelo primeiro.

 

O jogo com as Ilhas Faroé arrancou bem. Logo aos dois minutos, Bernardo Silva assistiu para Cristiano Ronaldo, que rematou de pontapé de bicicleta para as redes faroenses.

 

Penso que foi, também, no Estádio do Bessa que, há cerca de onze anos, lhe anularam injustamente um golo parecido. Este foi a compensação, suposto eu.

 

Mesmo em desvantagem, as Ilhas Faroé limitaram-se a defender. Estacionaram o autocarro e Portugal viu-se aflito para chegar à baliza deles. O segundo golo teve de ser marcado de penálti – mais uma vez, obra de Cristiano Ronaldo.

 

Não seria, no entanto, a Turma das Quinas se não houvesse um deslize de vez em quando. Foi o que aconteceu aos trinta e oito minutos. Os faroenses faziam os lançamentos de linha lateral como quem marca um pontapé de canto. Num deles, conseguiram atirar a bola para dentro da nossa grande área. José Fonte não conseguiu intercetar, Baldinvsson teve um momento inusitado de inspiração e rematou diretamente para a nossa baliza – Rui Patrício não pôde fazer nada.

 

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A frágil vantagem não demorou a ser ampliada, contudo. Aos cinquenta e oito minutos, Cristiano Ronaldo assistiu para William Carvalho (que estava a fazer um belo jogo) rematar de cabeça para o 3-1. Cerca de cinco minutos mais tarde, foi a vez de William assistir para Cristiano Ronaldo finalizar.

 

Ainda houve tempo para Nélson Oliveira ampliar a vantagem, poucos minutos após entrar em campo. Um dos defesas faroenses conseguiu intercetar um cruzamento de Ronaldo, mas deixou a bola solta e Nélson não desperdiçou. Ficou feito o resultado.

 

Falemos, então, sobre o jogo com a Hungria. Tenho de fazer um mea culpa: no texto anterior subestimei os húngaros. Depois de estes vencerem a Letónia, percebi que fui parva: eles precisavam de ganhar a Portugal para se manterem na luta pelo segundo lugar (ou seja, motivação não lhes faltava) e iam jogar em casa.

 

Não, não ia ser fácil. Pensar o contrário era ilusão.

 

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Portugal até entrou bem no jogo e dominou durante a primeira hora. Perdeu, no entanto, Fábio Coentrão aos vinte e sete minutos (isto é normal?). E, dois minutos mais tarde, Pepe levou uma cotovelada no sobrolho que o deixou a sangrar.

 

Alguém devia ter avisado os húngaros que, quando nós, portugueses, dissemos que queríamos três pontos, estes não eram na testa do Pepe!

 

O autor da gracinha foi expulso, claro. Os colegas, no entanto, não perceberam a mensagem. Menos de dez minutos mais tarde, foi Cédric a sangrar – desta vez, da maçã do rosto.

 

O que é que os húngaros tinham contra nós? Ainda estavam com o jogo da Luz atravessado na garganta? Ou era ainda o 3-3, no Europeu?

 

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Só se sabe que a agressividade dos húngaros deixou os portugueses atarantados, sem saber como reagir, até aos quarenta e cinco minutos.

 

Ao menos o intervalo ajudou os Marmanjos a recuperar o sangue-frio. Logo aos quarenta e oito minutos, Cristiano Ronaldo assistiu para André Silva que, em cima da linha de baliza, conseguiu empurrar a bola em direção às redes.

 

Estava feito o mais difícil.

 

Depois do golo, Portugal procurou manter a posse de bola, defendendo a vantagem. A ideia que fica é que os Marmanjos tiveram medo que a coisa descambasse para o agitado 3-3 do Europeu. Este “engonhanço” deixou-nos a todos numa pilha de nervos até aos noventa (fazendo lembrar o último jogo com a Rússia), não impediu uma ou outra iniciativa dos húngaros (aqueles livres, incluindo o do último minuto, davam-me flashbacks do jogo do Europeu) mas, no fim, resultou. Portugal totaliza, agora, vinte e um pontos – ainda menos três que a Suíça.

 

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Pois é, os suíços continuam invictos nesta Qualificação. São, a par da Alemanha, a Seleção com mais pontos nesta fase de Apuramento. Consta que um dos responsáveis é um sujeito de nome Seferovic, que joga pelo Benfica e, nesta época, já marcou sete golos em sete jogos.

 

E a culpa é nossa – tal como, de certa forma, aconteceu com a Islândia no Euro 2016. Se tivéssemos vencido a Suíça, há um ano, nada disto estaria a acontecer. Tal como comentei ontem, com a minha irmã, fomos nós que criámos este monstro.

 

- E vamos ser nós a acabar com ele – respondeu-me ela.

 

Gosto desse espírito.

 

Faltam-nos, então, duas finais. A última delas, a mais importante, será em casa. Havemos de falar melhor sobre esses jogos dentro de um mês, aquando da Convocatória para os mesmos. Posso desde já adiantar que eu e a minha irmã vamos tentar arranjar bilhetes. Se tudo correr conforme o planeado, este será um jogo tenso, difícil, de tudo ou nada. Pode ser que ganhemos, pode ser que não. De qualquer forma, quero estar lá.