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O Meu Clube É a Seleção!

Mulher de muitas paixões, a Seleção Nacional é uma delas.

Triste espetáculo

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No passado dia 14 de novembro, a Seleção Portuguesa de Futebol perdeu contra a sua congénere sérvia por duas bolas contra uma e eu estive lá. Infelizmente. Com este resultado, a Seleção falha o Apuramento direto para o Mundial 2022, ficando obrigada a tentar a Qualificação via play-offs.

 

Nunca pensei que viríamos parar aqui. Nem mesmo nas minhas previsões mais pessimistas.

 

Comecemos pelo princípio. Como tinha explicado em textos anteriores, fui ao jogo com a minha tia. Ao contrário do que tinha acontecido nas vezes anteriores em que fui à Seleção, chegámos cedo ao Estádio. Já estávamos nos nossos lugares uma hora antes do apito inicial. Deu para assistir à apresentação dos onzes iniciais e o resto dos plantéis, ao aquecimento e aos outros eventos pré-jogo. Muito bom ambiente.

 

Que desperdício. 

 

 

Depois do apito inicial, o jogo até correu bem para o nosso lado… durante três minutos. Logo no início, Bernardo Silva roubou uma bola ao sérvio Gudelj à entrada da grande área e deixou-a para Renato Sanches. Este finalizou de primeira para as redes. Na explosão de alegria, o telemóvel saltou-me do bolso do casaco (os bolsos eram largos…). Sem danos, felizmente.

 

Isto foi mesmo a única coisa boa a acontecer no jogo. O resto foi uma tristeza. Uma das lições que sai deste encontro é que é melhor marcar a poucos minutos do fim do que poucos minutos depois do início. Estes golos muito cedo podem ser traiçoeiros. Podem levar uma equipa a acomodar-se. E tendo em conta que Portugal só precisava de empatar…

 

Ainda assim, não dá para saber se os portugueses jogariam da mesma forma se não tivessem marcado cedo. Eu infelizmente suspeito que sim.

 

Uma vez mais, o futebol de Portugal foi uma lástima. Sempre foi um bocadinho melhor que frente à Irlanda, graças a Renato e sobretudo a Bernardo Silva. Este punha-se a driblar vários jogadores de vez em quando, como tem feito algumas vezes nos últimos tempos, no City. Tirando isso, Portugal não entretinha ninguém, perdia bolas, raramente saía do seu meio-campo. Era deprimente.

 

Em contraste, os sérvios controlavam o jogo, ameaçavam muito mais, via-se que queriam ganhar. A minha tia apontou muitas vezes para “o número dezassete” – Kostic. Ao mesmo tempo, os adeptos sérvios conseguiam fazer-se ouvir, de vez em quando. 

 

Os sérvios acabaram por chegar à igualdade. Do nosso lugar não conseguíamos ver muito bem a jogada, mas eu pelo menos vi a atrapalhação de Rui Patrício. Gritei "Agarra! Agarra!", mas a bola acabou mesmo por entrar. Minutos mais tarde, um amigo meu enviou-me uma mensagem a confirmar o que eu já suspeitava: aquilo fora "frango" de Patrício. 

 

 

Bem, acontece aos melhores. Não quero ser aquela pessoa que dá mais importância às falhas dos guarda-redes do que às suas defesas. Até porque Patrício já nos salvou de muitas. E não era só por culpa dele que tínhamos consentido o empate. 

 

Na segunda parte, o nível português melhorou, mas só um bocadinho, longe do suficiente. A coisa nunca deixou de estar tremida, estivemos sempre de coração nas mãos, sobretudo à medida que o tempo passava. Íamos comentando com os nossos vizinhos que “eles ainda iam marcar”. Quando já não faltava muito para o final, cheguei a dizer que, se os sérvios marcassem, seria “a morte do artista” – porque teríamos pouco tempo para dar a volta.

 

Eu devia ir para vidente…

 

Acho que foi a primeira vez que ouvi a minha tia a praguejar – ou, pelo menos, a primeira vez em muito tempo. Eu fui criada com tolerância zero a palavrões e, mesmo hoje, não sou muito de usá-los. Mas neste jogo não deu para contê-los. Já tinha soltado uns quantos na primeira parte, quando parecera que a Sérvia chegara à vantagem – e pedira à minha tia, meio a brincar meio a sério, para não dizer aos meus pais. 

 

Mas agora fora ela quem não mordera a língua. E não era para menos.

 

Como previ, não sobrou muito tempo depois deste golo. Os sérvios marcaram mesmo em cima dos noventa e o árbitro deu quatro minutos de compensação. Confesso, pensei na música da Madonna: “I’m outta time and all I got is four minutes, four minutes”; “Time is waiting, we only got four minutes to save the world”. Mas tínhamos tido noventa minutos para acordar para a vida, agora era tarde demais. 

 

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Outro jogo deprimente. Ainda por cima em casa, um Estádio cheio, o regresso da Seleção à Luz depois das restrições da pandemia. Cheguei a pedir desculpa à minha tia por a ter convidado para aquele triste espetáculo. É claro que ela não me culpou, mas fez-me saber que, depois desta, tão cedo não volta ao futebol.

 

O que é capaz de ser o mais triste de tudo. Quantos não terão tomado uma decisão semelhante depois deste jogo?

 

Foi parecido ao que aconteceu em Dublin. De um lado uma dúzia de gatos-pingados, que não deram uma para a caixa durante noventa minutos, apesar de vários estarem entre os melhores do Mundo. A maior figura não fizera nada que se visse, mas no fim pusera-se a barafustar a propósito de um golo mal-anulado meia dúzia de jogos antes. O seu treinador teve de ir acalmá-lo. Quase vinte anos depois, Cristiano Ronaldo ainda não aprendeu a perder.

 

Do outro lado, estava uma equipa de underdogs, que fizera tudo para ganhar e conseguira-o. Quando marcaram o golo da vitória, suplentes e equipa técnica invadiram o campo para os festejos (como nós fizemos no golo do Éder). Tornaram a fazê-lo minutos mais tarde, depois do apito final. Mais tarde, quando já praticamente todos os adeptos portugueses tinham ido para casa, Mitrovic subiu de novo ao campo, em cuecas, para festejar com os adeptos sérvios. Ainda mais tarde, doaram o prémio de um milhão de euros (dado pelo presidente sérvio, pela vitória) a uma instituição que trata de crianças doentes. 

 

Perante isto tudo, sou a única aqui que preferia ter torcido pela Sérvia?

 

É por isto que cheguei ao fim da linha com Fernando Santos. Já não reconheço o meu clube nesta Seleção, sobretudo nesta desastrosa dupla jornada. Não há paixão, não há garra, não há inconformismo, nada. Isto para não falar de todas as coisas que referi quando escrevi sobre a expulsão do Europeu – o que só agrava a opinião que tenho de Fernando Santos. Nada se aprendeu com o que se passou no Euro 2020. 

 

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Aliás, só piorou. Uma coisa é ter maus resultados com a Alemanha e a Bélgica. Outra coisa é tê-los com a República da Irlanda e a Sérvia.

 

Na Luz viram-se lencinhos brancos. Eu se calhar também os mostrava, se os tivesse. Acho que nunca apoiei tanto uma chicotada psicológica (só aquando de Paulo Bento?). Pode ser por já contar muitos anos disto e já não conseguir iludir-me. Pode ser porque, pelo menos nesta situação, o problema parece ser mesmo Fernando Santos. Com Paulo Bento ainda podia falar em fatores como falta de opções. Hoje não. Pelo contrário.

 

Aliás: como se tem dito, é inadmissível que uma Seleção que inclui Cristiano Ronaldo, Bernardo Silva, João Cancelo, Bruno Fernandes, Rúben Dias, mesmo Renato Sanches, João Félix, Pepe, Rui Patrício, entre outros, tenha falhado a Qualificação direta. O nosso grupo de Apuramento nem sequer era difícil!

 

Por mim, rescindia-se já com Fernando Santos. Tem-se dito que esta não é a melhor altura para se trocar de Selecionador e talvez tenham razão, mas… é preferível arriscar falhar o Mundial? E mesmo que consigamos o Apuramento – o que é um “se” considerável – queremos Fernando Santos a orientar-nos no Catar? Para fazermos campanhas fraquinhas, estilo Mundial 2018 e o Euro 2020?

 

Havemos de regressar a esta questão. Para já, Fernando Santos continuará ao leme até pelo menos aos play-offs. Já prometeu sair pelo próprio pé caso falhe o Apuramento – mais do que razoável. Ele devia aproveitar estes quatro meses para pensar no que está a fazer com a Seleção, fazer um esforço genuíno para compreender o que está a correr mal, e procurar corrigir. Mesmo que isso implique falar com a restante equipa técnica, com os jogadores, mesmo com pessoas de fora.

 

Mas alguém acredita que Fernando Santos fará isto? Veja-se a reação dele quando lhe perguntaram, com todas as letras, porque é que não punha uma equipa com tanto talento a render. E mesmo a entrevista que deu, dias mais tarde, esclareceu pouco. Como muitos comentaram, Bernardo Silva e João Palhinha analisaram muito melhor a situação. Quanto a Ronaldo, este escondeu-se atrás de palavras vazias (que ninguém acredita que foram escritas por ele) nas redes sociais. 

 

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Agora virão os play-offs, que decorrerão em moldes diferentes àquilo a que estávamos habituados, há coisa de dez anos. Se acredito na Qualificação? Não sei, dependerá muito dos adversários. Continuo a querer ir ao Mundial, mesmo que tenhamos um desempenho fraquinho. Mais porque será, quase de certeza, o último Mundial de Cristiano Ronaldo, Pepe e João Moutinho. Quero que Ronaldo tenha mais uma oportunidade para marcar alguns golos, quebrar mais alguns recordes.

 

Além disso, vocês sabem que eu gosto do ritual destes campeonatos. Da Divulgação dos Convocados, do estágio de preparação, das campanhas publicitárias. Mas se conseguirmos a Qualificação sem que nada mude em termos de qualidade de jogo, não sei se conseguirei iludir-me ao ponto de saborear isto tudo. 

 

Não me interpretem mal, estarei sempre disponível para empunhar o cachecol. Se nos pedirem para irmos ao Estádio apoiar Portugal no primeiro jogo do play-off, se calhar até vou. Em parte porque a minha irmã não pôde vir a estes dois jogos a que fui e já disse que quer ir ao próximo. Mas não serei capaz de apoiar a cem por cento. 

 

Aproveito para dizer que vou voltar a saltar a revisão do ano, ainda que por motivos diferentes dos do ano passado. A parte referente ao pior deste ano seria redundante depois deste texto. 2021 não correu bem para a Seleção. O trabalho de Fernando Santos tem deixado a desejar há algum tempo, mas os outros anos tinham aspetos redentores. 

 

Em 2018 o Mundial foi pobrezinho, mas na altura não me importei muito. Ainda tinha o desastre de 2014 na memória e, se formos a ver, todos os nossos Mundiais têm sido fraquinhos, tirando o de 1966 e o de 2006. Já considerava uma vitória não ter havido um caso Saltillo ou um caso Queiroz em 2018. Além disso, fizemos uma boa fase de grupos na Liga das Nações.

 

Em 2019, a Qualificação para o Euro 2020 foi algo desastrada, com aqueles empates ao início e a derrota frente à Ucrânia, mas pelo meio ganhámos a Liga das Nações. Em 2020 só houve fase de grupos da segunda edição da Liga das Nações. Não conseguimos chegar à final four, mas apenas por causa de uma única derrota. Os restantes jogos não foram nada maus. 

 

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Em 2021 não houve nada que redimisse tudo o que aconteceu de mau – outro argumento a favor da saída de Fernando Santos. Estou grata pelo jogo com o Luxemburgo no Estádio do Algarve – uma noite feliz, mesmo que não nos tenha valido de muito. Também estou grata pela vitória frente à Hungria e, de uma maneira retorcida, por todas as reviravoltas durante o jogo contra a França. Mais nada. 

 

E agora entramos em hiato até março. O que até calha bem – eu pelo menos preciso de algum tempo para recuperar desta. Como o costume, muito obrigada por terem estado desse lado, mesmo nesta triste jornada. O blogue ficará em pausa, mas a página do Facebook continuará ativa – embora talvez um bocadinho menos do que o costume, depois desta desilusão. 

 

E como já estamos na época, boas festas para todos, sem Covid, e que 2022 corra melhor para a Seleção.

Manter o crescendo

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No próximo dia 11 de novembro, a Seleção Portuguesa de Futebol defrontará a sua congénere irlandesa, em Dublin. Três dias mais tarde, receberá a sua congénere sérvia no Estádio da Luz… e eu estarei lá! Estes serão os últimos dois jogos da fase de Apuramento para o Mundial 2022. 

 

Como o costume, os Convocados foram Divulgados na passada quinta-feira. Esta foi uma Convocatória bastante conservadora, sem nenhuma novidade absoluta. Não surpreende – são os últimos jogos da Qualificação, uma fase decisiva. Toda a gente sabe que Fernando Santos tem um grupinho da sua confiança, sobretudo em circunstâncias como estas 

 

Ainda assim, fiquei desiludida por a Lista não ter incluído Gonçalo Inácio (que marcou um golo este domingo) e Pedro Gonçalves (eleito o melhor em campo no jogo com o Besiktas). Em parte porque ambos já tinham falhado os dois últimos compromissos por lesão – e, agora, são vários meses até à próxima oportunidade. Muita coisa mudará entretanto.

 

Além disso, há séculos que falo da necessidade de rejuvenescermos o setor da defesa e Gonçalo Inácio parece-me ser uma boa aposta. Mas lá está, Fernando Santos confia em José Fonte e este até está num bom momento, segundo consta. E ao menos Inácio vai estrear-se nos Sub-21 (só agora?). E no que toca a Pote, este só recuperou há relativamente pouco tempo (o jogo com o Besiktas foi literalmente na véspera da Convocatória) e existe muita concorrência para a sua posição.

 

Terá de ficar para a próxima. Mas espero que não demore muito mais.

 

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Falemos agora de Marmanjos que estão na Convocatória. O destaque vai para os regressos de Renato Sanches e João Félix, Chamados pela primeira vez desde o Euro 2020. Estou feliz por ter Renato de volta, depois de ter estado muito bem no Europeu. Ele esteve lesionado durante algum tempo, mas agora parece estar em forma e, quando está em forma, Renato é uma força da Natureza. Veja-se uma das coisas que fez no último jogo com o Lille

 

Também estou contente com o regresso de João Félix, ainda que um bocadinho menos ​​(Renato já fez mais na Seleção). Félix é outro que está num bom momento. Foi eleito o melhor jogador do Atlético de Madrid em outubro e marcou um golo ao Bétis, há pouco mais de uma semana, o primeiro em oito meses (é muito tempo sem marcar, por acaso…). Chegou mesmo a ser felicitado pelos colegas, no fim desse jogo.

 

É sempre bom quando os nossos Marmanjos são bem tratados nos seus clubes. Incluindo brincadeiras, claro. Vão ter de me perdoar, mas eu tenho de referir esta, antes do jogo com o Bétis: quando o Griezmann chamou Félix para lhe servir de mascote. E a parte mais engraçada é que o miúdo chegou mesmo a dar-lhe a mão! Eu fartei-me de rir…

 

Entretanto, José Sá e Gonçalo Guedes foram Chamados para substituir os lesionados Anthony Lopes, Rafa e João Mário. 

 

Estamos então na reta final do Apuramento, com dois jogos de dificuldade média-alta. A nossa situação não é aflitiva: bastam-nos dois empates para conseguirmos a Qualificação. No entanto, jogar para o empate é sempre arriscado e as nossas ambições são maiores. Além disso, eu pelo menos não tenho saudades da velha piada do “de empate em empate…”.

 

O primeiro jogo é com a Irlanda, com quem já jogámos em setembro. Consta que estes têm vindo a crescer com o decurso desta fase de Apuramento. Depois de se terem cruzado connosco, foram simpáticos ao ponto de empatarem com a Sérvia, deixando-nos mais desafogados nesta Qualificação. Mas duvido que eles mantenham a simpatia em Dublin – até porque o jogo terá lotação esgotada. Tenho quase a certeza que os adeptos irlandeses criaram um ambiente vibrante – não necessariamente hostil, mas não favorável a nós. 

 

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Quer-me parecer que será um jogo imperdível… mas eu se calhar vou perdê-lo. A minha mãe faz sessenta anos no dia 11, vamos jantar fora e não sei se o restaurante tem televisão. 

 

Não é a primeira vez que isto acontece. No dia em que a minha mãe fez cinquenta anos, outro número redondo (uau, tenho este blogue há muito tempo…), jogou-se a primeira mão dos play-offs do Euro 2012, contra a Bósnia-Herzegovina. Só consegui ver a primeira meia-hora do jogo, mas também não terá sido uma partida particularmente memorável. Também aconteceu no ano passado, mas era apenas um particular com a Andorra, não acho que tenha perdido muito. 

 

No entanto, este é um jogo que eu queria mesmo ver, sobretudo por causa dos adeptos irlandeses. Posso tentar ver no RTP Play, como já fiz noutras ocasiões, mas não sei se o farei. Nem sempre dá jeito e… são os anos da minha mãe! Não quero passar o jantar todo a olhar para o telemóvel, ou mesmo para uma televisão.

 

Vão ter de me perdoar. Mãe é mãe!

 

Em compensação, tenho bilhetes para o jogo com a Sérvia, no próximo domingo. Pode parecer excessivo – afinal de contas, já fui a um jogo no mês passado. Mas depois das restrições da pandemia, se tenho possibilidades, não quero perder oportunidades como esta. Até porque existe a hipótese, remota mas real, de que a pandemia se descontrole de novo e que regressem as restrições.

 

Desta vez não vou sozinha. Convidei a minha tia. Também convidei a minha avó, mas ela não quis vir (tenho pena, teria sido giro). Será o primeiro jogo da Seleção da minha tia – não sei se será o primeiro jogo de futebol, ponto, mas deverá ser o primeiro em vários anos. E como ela é benfiquista, vai gostar de conhecer a Luz.

 

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Será a terceira vez que vejo um jogo com a Sérvia ao vivo. A primeira, em 2007, foi de má memória, mas a segunda, em 2015, correu muito bem. Por outro lado, da última vez que a Sérvia jogou por cá, na Luz, as coisas correram mal para o nosso lado. 

 

Pode ser que já tenhamos o Apuramento resolvido quando entrarmos em campo, no domingo. Uma parte de mim espera que não, só mesmo para poder assistir a um jogo com alguma adrenalina, mas o resto de mim prefere jogar pelo seguro. Deixarmos a Qualificação arrumada o mais cedo possível, sem stresses desnecessários. Além disso, é possível que a constituição dos potes do sorteio da fase de grupos do Mundial 2022 dependa do desempenho na Qualificação – o que nos saiu caro da última vez.

 

Se a questão ainda não estiver resolvida, poderá ser um jogo difícil. Foi o que aconteceu em Belgrado, em março. É certo que nos anularam um golo injustamente, mas Portugal não fizera o suficiente em campo para merecer claramente a vitória. 

 

De notar que, nesse jogo, a Sérvia melhorou da primeira parte para a segunda. O Selecionador sérvio foi inteligente, soube adaptar-se a nós. Se for necessário, tentará fazer o mesmo no domingo. Temos de estar preparados.

 

Como poderão ler nos textos anteriores, tenho estado satisfeita com o desempenho da Seleção nos últimos jogos. Claro que temos de ter em conta o nível dos adversários mas, como escrevi antes, tem havido uma melhoria de jogo para jogo. Será que conseguimos manter esse crescendo com adversários menos acessíveis, como os próximos?

 

Obtermos a Qualificação é o mínimo exigível e acho que conseguiremos, com maior ou menor dificuldade. Fizemo-lo para todos os Europeus e Mundiais desde 1998, incluindo em circunstâncias mais difíceis do que as atuais. Não será agora que iremos falhar. 

 

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O que eu peço para esta jornada, assim, é a Qualificação e boas exibições. Ou pelo menos melhores exibições que nos jogos que já disputámos este ano com a Sérvia e a Irlanda. Quero continuar a dar o benefício da dúvida a Fernando Santos. Quero acreditar que os erros do Europeu não se vão repetir e que poderemos ter um bom desempenho no Mundial 2022 – caso nos Qualifiquemos. 

 

Como o costume, obrigada pela vossa visita. Acompanhem o último compromisso da Seleção este ano na página de Facebook deste blogue. Até à próxima!

Tédio, roubo e falta de intensidade

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No passado dia 24 de março, a Seleção Portuguesa de Futebol venceu a sua congénere azeri por uma bola a zero. Três dias mais tarde, em Belgrado, empatou a duas bolas com a sua congénere sérvia. Finalmente, no dia 30, venceu a sua congénere luxemburguesa por três bolas a uma. Todos estes jogos contaram para a Qualificação para o Mundial 2022 e, com estes resultados, Portugal conta sete pontos e segue em primeiro da classificação do grupo.

 

Esta foi uma jornada tripla bastante atribulada. Começando pelo primeiro jogo – uma maneira triste e entediante de começar o ano da Seleção. Cheguei a perguntar-me se fora mesmo daquilo que tivera saudades durante semanas – até porque nesse tempo andei a ver os jogos do Sporting com a minha irmã. 

 

Não diria que a Seleção jogou mal. Portugal não comprometeu, não cometeu erros. No entanto, não houve intensidade, não houve inspiração no ataque, nada que entusiasmasse. Ao mesmo tempo, o “Azérbaijão” (o novo “Félich” que me irritou tanto que, na segunda parte, mudei para a SportTV) mal saiu do seu meio campo durante a primeira parte. Mesmo quando conseguiu sair, mais tarde, não chegava a ameaçar a baliza de Anthony Lopes.

 

O resultado disto tudo foi um dos jogos mais enfadonhos de que há memória. É verdade que ganhámos – e não ganhávamos num primeiro jogo de Apuramento há oito anos e meio – mas este é o pior tipo de vitória. Nem sequer tivemos o prazer de festejar um golo. Foi Medvedev a marcar na própria baliza. A única coisa em que este jogo foi melhor que outras estreias em Apuramentos foi mesmo os três pontos.

 

Na altura as reações nas redes sociais a este jogo foram duras. Eu, embora concordasse com o essencial das críticas, achava um exagero. Sim, fora um jogo mau, mas estava longe de ser o pior de sempre da Equipa de Todos Nós – acreditem, eu sei do que falo. Não fazia sentido estar a pôr tudo em causa por um jogo em que ganhámos. Eu sabia que da próxima vez, com um adversário mais estimulante, a coisa correria melhor. Certo?

 

Acho que não se justifica dizer “Errado!”, mas…

 

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O resultado abaixo das expectativas no jogo com a Sérvia desiludiu-me um pouco mais do que o costume porque eu estava a ter um dia bom. Dias bons em tempos de pandemia são raros. Tinha ido dar sangue de manhã – por mera coincidência era Dia Nacional do Dador. Já agora, deem sangue! – estava bom tempo, dera um agradável passeio higiénico, tivera pizza para o jantar. 

 

A boa disposição manteve-se durante a primeira parte. Portugal não foi brilhante, mas dominou o jogo – um alívio após a fraca exibição em Turim. O primeiro golo foi marcado logo aos dez minutos – Bernardo Silva assistiu para a cabeça de Diogo Jota. O segundo golo, aos trinta e cinco minutos, foi idêntico ao primeiro – desta vez com Cédric Soares a assistir. 

 

Ao intervalo sentia-me satisfeita e otimista em relação ao resto do jogo. Os Marmanjos manteriam o nível, mais ou menos, marcariam mais um golo ou, pelo menos, conservariam a vantagem. Reconheço agora que este otimismo era um tudo nada exagerado. O género de engano de alma ledo e cego que já deveríamos saber que a Fortuna não deixaria durar muito.

 

Não cheguei a ver o primeiro golo da Sérvia pois atrasei-me a mudar de canal no fim do intervalo – foi logo aos primeiros minutos. Na altura não me preocupei muito pois continuávamos em vantagem. No entanto, a intensidade da primeira parte desaparecera sem deixar rasto. Pior de tudo, aos sessenta minutos, na sequência de (tenho de reconhecer) uma bela jogada de contra-ataque, os sérvios empataram a partida.

 

Não se pode dizer que Portugal tenha procurado febrilmente regressar à vantagem. António Tadeia é da opinião que, a certa altura, Fernando Santos resignara-se ao empate. No entanto, Portugal chegou a conseguir enfiar a bola na baliza, mesmo no último minuto, a minha irmã até desatou aos guinchos… mas não valeu. 

 

Vamos então falar deste infame momento e da reação de Ronaldo. Um episódio que tem feito correr muita tinta digital e, à boa maneira das redes sociais, as discussões chegaram a extremos ridículos. 

 

 

Deixo aqui o meu contributo para o debate. Para começar, sim, o golo era legal – dá para ver no vídeo acima – custou-nos dois pontos. Não culpo os árbitros, são humanos. É para compensar as suas limitações que existe o vídeo-árbitro e a tecnologia da linha de golo… que, no entanto, continuam a não ser usadas nas fases de Apuramento porque… razões.

 

Já não é a primeira vez que a falta de VAR, passe a expressão, nos lixa. A outra vez foi há dois anos, mais dia menos dia, por sinal também frente à Sérvia, também num segundo jogo de Apuramento. Estive a ouvir a Conferência de Imprensa depois do jogo e tive um dejá-vu quando Fernando Santos disse que o árbitro lhe pedira desculpa. 

 

Nos dias seguintes a FIFA chutou as responsabilidades para a UEFA, a UEFA chutou as responsabilidades para as federações dos países que organizam os jogos – qualquer coisa sobre a federação do país-anfitrião ter de pedir licença à federação do país visitante para implementar a tecnologia da linha de golo. 

 

O que a mim cheira a treta. Haverá alguma federação que recuse as tecnologias? 

 

Para juntar achas a esta fogueira, ao pesquisar para este texto, encontrei notícias de finais de 2019 que indicam que a UEFA aprovou o VAR para os jogos de Qualificação, estava só à espera da luz verde da FIFA. Porque é que não passou da decisão à prática? A FIFA não autorizou e, agora, está a mentir? A FIFA autorizou mas a UEFA “esqueceu-se” de implementar a tecnologia?

 

Não faz sentido. 

 

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Regressando ao momento do golo, não gostei nada da reação de Ronaldo. Sim, foi uma reação humana, no calor do momento, não serei eu a atirar a primeira pedra – se bem que, da última vez que tive uma reação semelhante (também a propósito do jogo com a Sérvia na Luz) estava mais cafeínada que o costume. Sei também que Ronaldo é daquelas pessoas que tem mau génio, tem sempre as emoções à flor da pele, sente tudo – sobretudo no que toca àquilo que adora, o futebol – não é capaz de esconder nada.

 

Ainda assim… Ronaldo tem trinta e seis anos. Está no futebol profissional há quase duas décadas. Este não foi o primeiro nem o segundo caso de má arbitragem que ele testemunhou e é possível que não seja o último. Ele não devia ter mais controlo sobre si mesmo nesta altura do campeonato?

 

Quanto ao facto de ter atirado com a braçadeira de Capitão… não foi bonito, não foi correto, percebo que algumas pessoas tenham ficado incomodadas com o gesto. No entanto, não acho que tenha sido intencional. Era o que estava à mão. Se ele tivesse um apito ao pescoço ou o telemóvel no bolso, teriam sido esses objetos a voar. 

 

Na verdade, o que me irritou neste episódio é que Ronaldo foi reclamar com o árbitro quando o jogo ainda estava a decorrer. Não houve pausa, tirando alguns segundos depois. Bernardo Silva tentara a recarga. Ronaldo podia ter adiado a birra por um minuto ao dois e ter ficado em campo com ele e os colegas tentando não desperdiçar a jogada. Talvez ele (ou outro qualquer) tivessem conseguido marcar, teríamos agora nove pontos e a conversa hoje seria outra. 

 

Um dos argumentos que tem circulado por aí é que Ronaldo adora a Seleção, adora marcar golos (e tem andado algo ansioso com isso), leva-o a peito, daí essa reação. Eu respeito isso, admiro-o, mas este caso pedia um pouco menos amor e um pouco mais juízo. 

 

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Além disso, sejamos sinceros, se fosse uma mulher a fazer uma birra daquelas, as críticas seriam muito mais duras. Veja-se o que aconteceu com Serena Williams

 

Adiante. Apesar de nos terem roubado a vitória, não se pode dizer que tenhamos feito o suficiente para merecê-la. É claro que “merecer” é relativo: no futebol ganha-se marcando golos e não seria a primeira vez que Ronaldo faria de Deus Ex Machina. Ainda assim, estivemos a ganhar por 2-0 e perdemos essa vantagem. Não foi só culpa do árbitro. 

 

Havemos de falar sobre as falhas da Seleção mais à frente. Antes, o jogo com o Luxemburgo. 

 

Depois da turbulência dos jogos anteriores, só queria uma vitória tranquila. Não precisava de ser uma grande exibição: apenas um jogo sem stress, três pontos ganhos sem grandes complicações, sem dar motivos para polémicas. 

 

Era bom, não era? Aqueles Marmanjos… 

 

Péssima primeira parte, péssima. Uma vez mais, faltou agressividade, faltou concentração. Como diria o próprio Fernando Santos, Portugal estava a jogar a passo, uma espécie de peladinha. Enquanto isso, o Luxemburgo vinha catalisado pela vitória perante a República da Irlanda (!). Com os luxemburgueses entusiasmados e os portugueses apáticos, quem é que acham que marcou primeiro? 

 

 

Só quando deram por si em desvantagem é que os portugas acordaram para a vida. Bernardo Silva passou para o meio, Pedro Neto rendeu o lesionado João Félix. Portugal começou a jogar melhor. Finalmente, em cima do intervalo, Pedro Neto assistiu para Diogo Jota marcar de cabeça. 

 

Dias mais tarde, Jota marcaria da mesma forma pelo Liverpool. Quatro golos de cabeça no espaço de uma semana. O miúdo deixa-me sem palavras. Ninguém diria que esteve três meses lesionado – parece, aliás, que Jota passou esse tempo a treinar cabeceamentos!

 

Depois do intervalo, aos cinquenta minutos, Cristiano Ronaldo colocou Portugal em vantagem, após assistência de João Cancelo. Antes do jogo, eu tinha previsto que ele ia marcar – já são muitos anos, sei como ele funciona. 

 

Acertei… mas acho que todos concordamos que o enguiço ainda não passou por completo. Veja-se a oportunidade dupla que ele desperdiçou aos setenta e oito minutos (após outro período mais apagado da Seleção). Ronaldo não costuma falhar estas. 

 

Algo que é em simultâneo uma vantagem e uma desvantagem da Equipa de Todos Nós é não acompanharmos diretamente o seguimento de momentos específicos das carreiras dos jogadores. Depois das jornadas os Marmanjos regressam aos clubes e, quando voltam à Seleção, as suas histórias já estão num capítulo completamente diferente. Pode ser que Ronaldo já tenha recuperado o faro para o golo quando começarmos a preparar o Europeu.

 

 

Regressando ao jogo contra o Luxemburgo, Portugal conseguiu ampliar a vantagem a dez minutos do fim – com um golo de João Palhinha, na sequência de um canto cobrado por Pedro Neto. Espero que o tenham visto mais tarde, nas entrevistas rápidas: os olhos de Palhinha até brilhavam, estava tão feliz!

 

Ele e o outro estreante, o Nuno Mendes, estiveram muito bem nesta tripla jornada. O segundo em particular, como li algures, tem dezoito anos, mas joga como se tivesse sido internacional a vida toda. Veja-se a assistência dele para o golo não validado de Ronaldo. 

 

Este jogo com o Luxemburgo fez-me lembrar o de 2012, com o mesmo adversário. Nesse também começámos mal, com o Luxemburgo a marcar primeiro. Também conseguimos empatar antes do intervalo, também chegámos à vantagem no início da segunda parte. 

 

Na minha opinião, o jogo de 2012 foi pior – nessa altura, a seleção do Luxemburgo estava menos profissionalizada do que hoje. Ainda assim, a Turma das Quinas está melhor fornecida agora, tem capacidade para melhor.

 

O que me leva ao denominador comum aos três jogos deste compromisso: a falta de intensidade, de concentração. As redes sociais têm colocado as culpas em Fernando Santos, porque é isso que o povo faz. No entanto, tirando algumas decisões, não acho que a culpa seja dele. 

 

A falta de tempo de qualidade com os jogadores é um argumento tão velho como, se calhar, o próprio conceito de seleção nacional mas, para sermos justos, esta é apenas a terceira jornada tripla – e a primeira em que os três encontros são a doer. Foram três jogos em menos de uma semana! Segundo Fernando Santos, entre viagens e jogos, os treinos servem apenas para recuperação, não propriamente para treinar. E suponho que, nesta fase da época, isso pese mais aos jogadores que em outubro ou novembro. 

 

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Há um par de anos talvez torcesse o nariz a essa desculpa. No entanto, se formos a ver, houveram outras seleções com resultados menos bons. A França empatou com a Ucrânia – os ucranianos não são nenhuns bananas, nós mesmos o descobrimos, mas a França sempre os goleou em outubro último – a Holanda perdeu contra a Turquia, a Espanha empatou com a Grécia e, mais chocante de todas, a Alemanha perdeu com a Macedónia do Norte!

 

Tendo isto em conta, os nossos resultados nesta tripla jornada não foram assim tão maus. E não são, mesmo em circunstâncias melhores, como veremos já a seguir. Não será apenas coincidência termos várias seleções de topo com resultados abaixo das expectativas. Alguma coisa se passa e deve ter mesmo que ver com o calendário atual das seleções.

 

Não sou a melhor pessoa para falar disso, mas penso ter lido alguém sugerindo dedicarem um mês, um mês e meio, às fases de Qualificação. Mais ou menos como fazem com os Europeus e Mundiais. Teria a grande desvantagem de aumentar os hiatos entre concentrações da Seleção, mas as vantagens seriam maiores. Os selecionadores teriam mais tempo de seguida para trabalhar com os jogadores e criarem rotinas, logo, a qualidade do futebol aumentaria. Em relação aos clubes, talvez fosse menos prejudicial abdicarem dos jogadores apenas uma ou duas vezes por época, mesmo que durante várias semanas, do que abdicarem-no várias vezes ao ano, por vezes em alturas críticas dos campeonatos. 

 

A hipótese devia ser discutida, no mínimo. 

 

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Nessa linha, concordo com António Tadeia quando diz para guardarmos as pedras para Fernando Santos para depois do Europeu. Será mais adequado avaliarmos as competências do Selecionador quando este tiver oportunidade para trabalhar como deve ser com os Marmanjos.

 

Por agora, apesar das controvérsias todas, do drama, no fim do dia o que conta são os resultados, são os pontos. E a verdade é que estes não são assim tão maus. Como disse antes, foi a primeira vez em oito anos e meio que ganhámos o primeiro jogo da Qualificação. Ainda mais tempo passou, nem sei bem quanto, desde a última vez que conseguimos tantos pontos nos três primeiros jogos de Qualificação – tanto quanto me lembro, tem havido quase sempre um jogo que perdemos ou dois empates. 

 

É claro que nove pontos seriam melhores que sete – ainda não é desta que fazemos uma Qualificação imaculada. Além disso, só conseguimos o Apuramento direto se ficarmos em primeiro lugar. Estamos em primeiro agora, mas a margem de erro não é larga.

 

Eu no entanto estou confiante. Como dei a entender, já nos Qualificámos em circunstâncias mais difíceis. Não há nenhum motivo para falharmos agora. 

 

Mas para já a Qualificação ficará em pausa até setembro. Quando a Seleção se reunir de novo será para preparar o Europeu.

 

Devo avisar que ainda não sei como irei cobrir o Euro 2020 neste blogue. Mudei recentemente para um emprego que me vai roubar tempo de escrita. Ainda não sei ao certo quando, mas será muito difícil eu conseguir escrever uma crónica para cada jogo, ou pares de jogos. Se o blogue não ficar completamente parado durante o Europeu – algo que quero evitar a todo o custo – os textos terão quase de certeza um formato diferente. 

 

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Fico um bocadinho triste, mas sempre soube que isto iria acontecer. Mais cedo ou mais tarde, deixaria de ter a mesma disponibilidade para este blogue. Por outro lado, para ser sincera, às vezes fico um pouco farta da fórmula atual destas crónicas. Talvez uma mudança não seja assim tão má. 

 

Em todo o caso, na pior das hipóteses, se não conseguir voltar cá, fico satisfeita por ter aguentado durante tanto tempo (quase treze anos!) e por ter apanhado tantos momentos felizes. Destaque óbvio para os nossos primeiros dois títulos. 

 

Além disso, vou continuar na página do Facebook – as minhas postas de pescada em torno da Seleção não vão desaparecer por completo das internetes. Não é o meu formato preferido, mas é melhor do que nada. Também servirá para vos manter atualizados em relação a futuros planos para este blogue.

 

Aconteça o acontecer, como sempre, muito obrigada pelas vossas visitas. Até uma próxima!

Primavera

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Na próxima quarta-feira, dia 24 de março, a Seleção Portuguesa de Futebol recebe a sua congénere azeri em casa emprestada, no Estádio de Turim. Três dias mais tarde, defrontará a sua congénere sérvia, no Estádio Estrela Vermelha, em Belgrado. Três dias depois desse, será recebida na cidade do Luxemburgo pela seleção local. Todos estes jogos contarão para a Qualificação para o Mundial 2022, que terá lugar no Qatar.

 

Cá estamos nós outra vez, quatro meses depois da última jornada tripla de Seleção. Já tinha saudades. Este ano, o regresso coincide com a primeira fase do segundo desconfinamento – e estes dois eventos coincidem com o início da primavera. 

 

Nos últimos anos, a primavera tem sido a minha estação do ano preferida. Os dias mais compridos, o tempo mais ameno (nem demasiado frio nem demasiado calor), flores silvestres em todo o lado. No ano passado, a primavera foi boicotada pelo primeiro confinamento e pelo adiamento dos jogos da Seleção. Este ano está a acontecer o exato oposto. 

 

Por isso sim, estes jogos vêm em boa altura, num momento em que a vida em geral parece um bocadinho melhor – por enquanto. Por outro lado, da última vez que usei metáforas sazonais neste blogue, estas viraram-se contra mim.

 

Fernando Santos divulgou os Convocados para este triplo compromisso na passada terça-feira, dia 16. Não houve grande contestação – pelo menos não de início. Os sportinguistas Nuno Mendes e João Palhinha são as novidades – merecidamente, pelo seu contributo para o excelente desempenho do Sporting esta época. (Espero que seja este ano que o clube finalmente ganhe o campeonato, que a minha irmãzinha sportinguista já o merece há muito tempo.) No entanto, Pedro Gonçalves, também conhecido por Pote, ficou de fora – foi Chamado para os Sub-21.

 

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Suponho que haja muita concorrência para a posição dele. Não estava à espera, por exemplo, que Diogo Jota fosse Convocado, vindo ele de uma lesão. No entanto, ele marcou no jogo contra o Wolverhampton e também não dá para ignorar o seu histórico recente pela Equipa das Quinas. 

 

Isto são problemas de equipa grande: podermos dar-nos ao luxo de deixarmos o melhor marcador da Liga Portuguesa nos Sub-21. Dito isto, todos concordamos que será uma questão de tempo até Pote vir aos séniores. 

 

Maior controvérsia ocorreu nos últimos dias. Pepe lesionou-se no último jogo do F.C. Porto e vai falhar o compromisso da Seleção… outra vez (Porquê, Pepe?!? Tiveste quatro meses para te lesionares…). Para o seu lugar foi Chamado o sportinguista Luís Neto. 

 

O problema é que Neto tem estado no banco. No seu lugar tem jogado Gonçalo Inácio, de dezanove anos, que até tem estado em ascensão, marcou no último jogo… mas nem para os Sub-21 foi Convocado. 

 

Pelo menos nesta concordo com as críticas. Podiam dar uma oportunidade ao miúdo! Até porque continuamos a precisar de rejuvenescer a defesa. Por outro lado, Luís Neto já conta pelo menos algumas Chamadas à Seleção – se calhar Fernando Santos prefere experiência. 

 

Para além de Luís Neto, também regressa Rafa e André Silva – que está num momento excelente, conta vinte e um golos na Bundesliga. Continua a não faltar talento na nossa Seleção. Há que aproveitar.

 

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Num registo diferente, Rui Patrício chegou a constar da Convocatória inicial, mesmo tendo sofrido um traumatismo craniano na véspera. Infelizmente, no sábado descobriu-se que Rui não recuperaria a tempo e Chamou José Sá para o seu lugar.

 

Depois do susto que Rui nos pregou, não me queixo desta substituição. Deixem-no descansar, coitado. Anthony Lopes e os outros darão conta do recado – e também merecem uma oportunidade para mostrarem o seu valor. Uma coisa que descobri é que é a primeira vez em quase uma década que Rui falha um jogo de Apuramento – é uma das nossas constantes, ainda mais que Pepe ou Cristiano Ronaldo.

 

Vamos então começar a Qualificação para o Mundial 2022. Ainda me é estranho começar uma fase de Apuramento em março em vez de setembro (é apenas a segunda vez). Ainda mais estranho é começar uma fase de Qualificação para um campeonato de seleções quando o anterior ainda não se realizou. Mais um sinal dos estranhos tempos que vivemos.

 

Fernando Santos diz, no entanto, que não quer ninguém a falar ou sequer a pensar no Europeu durante esta jornada tripla. É o mais sensato, para manter a concentração.

 

Até porque a Turma das Quinas tem a mania de tropeçar no início das fases de Qualificação. A última vez que ganhámos num primeiro jogo de Apuramento foi em 2012 – há não muito menos que uma década. E foi frente ao Luxemburgo! E mesmo assim não foi grande coisa!

 

Como desta vez vamos abrir o Apuramento com o Azerbaijão, os Marmanjos terão de se esforçar para não ganharem… e no entanto esta Seleção por vezes tem uma queda infeliz para a auto-sabotagem, sobretudo em fases de Qualificação. Mesmo que até se vença o primeiro jogo, podemos não vencer o segundo…

 

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Os azeris são velhos conhecidos nossos, ainda que não joguemos com eles há quase exatamente oito anos, mais dia menos dia. O histórico é favorável a nós, de caras: tirando um empate em 1999, têm sido só vitórias. Os últimos dois jogos decorreram durante a atribulada, e por vezes caricata, Qualificação para o Mundial 2014. 

 

Não há muito a dizer sobre o primeiro jogo, em casa – ganhámos por 3-0. No entanto, depois desse encontro, não tornaríamos a ganhar uma vez que fosse até reencontrarmos os azeris, em Baku. mesmo esse jogo não foi nada por aí além – vitória por 2-0, mínimo dos mínimos. Mas na altura achei que seria um ponto de viragem na fase de Qualificação.

 

E não me enganei. Tirando um (outro) tropeção perante Israel, ganhámos os jogos que faltavam e tivemos os inesquecíveis play-offs perante a Suécia.

 

A propósito da crónica do jogo de Baku, a música que referi nesse texto? Que na altura só se conhecia um excerto? Last Hope, dos Paramore? Hoje é uma das minhas preferidas de todos os tempos. 

 

Os dois adversários seguintes são repetidos da Qualificação anterior. É o problema destes campeonatos: o número de possíveis adversários é limitado, de tanto em tanto tempo há reencontros. Além disso, pela maneira como os grupos são sorteados, são sempre adversários de qualidade média/baixa (com as devidas exceções, claro), pouco estimulantes e perante os quais, demasiadas vezes, complicamos sem necessidade. 

 

E há quem reclame da Liga das Nações. 

 

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Dito isto, confesso que até saberá bem termos uns jogos mais fáceis, entre competições cheias de tubarões. Para não stressar demasiado. 

 

Não vale a pena alongar-me muito sobre estes dois adversários, então. Dizer apenas que o jogo com a Sérvia terá lugar em Belgrado, o que apresenta um problema. Os clubes franceses avisaram que não vão libertar os internacionais que realizem jogos de seleções fora da União Europeia e do Espaço Económico Europeu – as autoridades de saúde francesas obrigá-los-iam a ficar de quarentena durante uma semana. 

 

Até aqui compreende-se. A FIFA deu esse poder aos clubes. Não gosto, mas compreendo. É por isso que o nosso jogo “em casa” com o Azerbaijão terá lugar em Turim – porque metade da Seleção atual joga em Inglaterra e o Reino Unido obriga pessoas vindas de Portugal a cumprir quarentena.

 

O que me irrita nesta história é a regra não se aplica à seleção francesa. A França vai jogar contra o Cazaquistão, mas os clubes franceses não podem impedir os seus jogadores de representarem os Campeões do Mundo. Claro que não! Regras como estas são para os simples mortais, não são para a motherfucking França! Alguma vez a FIFA ou a UEFA fariam isso aos franceses? É que nem sequer surpreende. 

 

Percebem a raiva que às vezes tenho à seleção francesa?

 

Pode ser que mudem as regras entretanto mas, à hora desta publicação, parece certo que Marmanjos como José Fonte e Renato Sanches não poderão ir para Belgrado. Fico à espera de saber como irá Fernando Santos gerir essa situação.

 

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Em relação ao Luxemburgo, dizer apenas que foi o nosso último adversário antes do hiato imposto pela pandemia. Cheguei a ressentir-me desse jogo por isso. Por ter tido de ver a primeira parte no meu telemóvel, por não ter sido grande coisa em termos exibicionais, por não merecer ser a recordação mais recente que tinha da Equipa de Todos Nós durante quase um ano. 

 

Mas felizmente, por estes dias, a Seleção continuará a jogar, a criar novas recordações. No que toca ao jogo com o Luxemburgo, este terá lugar no mesmo terreno. Espero que esteja em melhor estado que da última vez, mas tenho as minhas dúvidas. Não esperemos um jogo de grande qualidade exibicional – os últimos dois em casa do Luxemburgo não o foram.

 

Que seja desta que comecemos uma Qualificação com o pé direito, para variar. Que tenhamos um Apuramento mais ou menos tranquilo, sem complicações, em primeiro – para evitarmos um cenário como o da fase de grupos do Euro 2020. Além de que golos e vitórias da Seleção sabem sempre bem, mesmo que as exibições nem sempre satisfaçam.

 

Vou tentar desfrutar, então. Façam-no comigo, quer aqui no blogue, quer na sua página de Facebook. Como sempre, obrigada pela vossa visita.

O jogo começa na segunda parte

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No passado sábado, dia 7 de setembro, a Seleção Portuguesa de Futebol venceu a sua congénere sérvia por quatro bolas contra duas, no Estádio Rajko Mitic, também conhecido por Marakana, em Belgrado. Três dias mais tarde, venceu a sua congénere lituana por cinco bolas contra uma. Ambos os jogos contaram para o Apuramento para a fase final do Europeu de 2020.

 

Com estes resultados, Portugal soma oito pontos, ocupando a segunda posição na tabela classificativa. Tem menos cinco pontos que a Ucrânia, que ocupa a primeira posição, e mais um que a Sérvia, que ocupa a terceira posição. De notar, no entanto, que Portugal tem menos um jogo disputado que as restantes equipas do grupo. 

 

Ou seja, depois do começo em falso, já se respira melhor neste Apuramento. 

 

Comecemos por falar do jogo com a Sérvia. Este era um dos jogos mais difíceis deste grupo de Apuramento: um adversário direto na corrida, que não perdia em casa desde… bem, desde outubro de 2015, quando nós os visitámos e os derrotámos, já depois de selada a Qualificação para o Euro 2016, há quatro anos.

 

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Conforme o título desta crónica dará a entender, um dos denominadores comuns entre os dois jogos desta dupla jornada diz respeito às primeiras partes que deixaram a desejar. No caso deste jogo, a primeira parte não foi propriamente má, apenas pastosa. Portugal sentiu dificuldades em aproximar-se da baliza sérvia durante a primeira hora do jogo. A Sérvia concentrou-se muito na defesa, mas quando se punha em contra-ataque chegou a assustar.

 

O primeiro golo de Portugal surgiu quase por acidente. Bruno Fernandes cruzou para a grande área, Milenovic e o guarda-redes Dmitrovic chocaram um com o outro. William Carvalho, matreiro, aproveitou a ocasião para inaugurar o marcador.

 

Talvez catalisados pelo golo, os Marmanjos entraram bem na segunda parte. Cristiano Ronaldo dispôs de um par de oportunidades para aumentar a vantagem, mas acabou por ser Gonçalo Guedes a marcar primeiro. Depois de umas trocas de bola jeitosas à porta da grande área sérvia, o Marmanjo conseguiu fugir aos defesas e rematar em diagonal e grande estilo para as redes adversárias. 

 

É por isto que Fernando Santos vai pondo Guedes a titular, em detrimento do extremamente mediático João Félix: porque o Marmanjo mais velho tem conseguido marcar e assistir para golos importantes – mesmo não fazendo exibições de encher o olho, como neste jogo. Mais sobre isso adiante.

 

Nesta fase, confesso que cometi o mesmo erro que a Seleção: achei que o 2-0 mataria o jogo. Enganámo-nos redondamente. Os sérvios teimaram em lutar pelo empate. Por um lado, imenso respeito – não consigo evitar simpatizar com um adversário que não se rende com facilidade. Por outro – sobretudo quando insistiam em marcar golos depois de nós – só pedia que alguém enfiasse um Zolpidem na água deles. 

 

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Embora, para sermos sinceros, tenham havido culpas portuguesas no cartório nos dois golos da Sérvia. No primeiro, foi Danilo quem deixou Milenkvic desmarcado e o sérvio aproveitou para marcar de cabeça. Logo no minuto seguinte, Rui Patrício teve de se esmerar para travar o remate longo de Ljajic. 

 

Como em muitas situações de aperto, foi o Capitão a intervir para repôr os dois golos de vantagem. Bernardo Silva tomou posse da bola a meio campo, conduziu-a durante um bocado, passou-a a Ronaldo ultrapassando uma linha de sérvios e o Capitão rematou-a calmamente para as redes. Momento engraçado quando, antes de celebrar o golo, se pôs a olhar para o fiscal de linha, para confirmar que não estava em fora-de-jogo.

 

Ainda não foi suficiente para resolver a questão. Nesta altura, muitos adeptos sérvios começavam a abandonar o estádio. Sempre desprezei este tipo de público, mas este caso em particular é pior. Os adeptos desistiram antes dos jogadores. Não merecem a seleção que têm.

 

Os sérvios acabaram por marcar outra vez (agora estou a pensar que terão havido adeptos a caminho das saídas, apenas para correrem de novo para dentro ao ouvirem os gritos de golo). Bruno Fernandes perde uma bola que não devia ter perdido e a jogava terminou com Mitrovic rematando certeiro para as nossas redes.

 

Ao menos desta feita não demorámos muito a recuperarmos a vantagem de dois golos. Menos de dois minutos depois, Raphael Guerreiro assistiu para Bernardo, que encerrou o marcador.

 

 

Este miúdo é uma delícia de ver jogar.

 

Em suma, como tem sido a regra nos últimos anos, foi uma exibição que não deslumbrou, mas que garantiu os três pontos. Este era um dos jogos mais difíceis deste Apuramento – passámos este teste.

 

Falemos, então, sobre o jogo com a Lituânia: um encontro em que, em teoria, não teríamos grandes dificuldades. Na prática não foi bem assim.

 

De início as coisas até correram de forma mais ou menos normal. João Félix, titular, conseguiu um penálti para Cristiano Ronaldo converter, antes dos dez minutos de jogo (já se pode dizer que Félix contribuiu para um golo da Seleção?). 

 

Portugal foi, no entanto, incapaz de ampliar a vantagem no marcador, apesar de não faltarem oportunidades. Acabou por ser a Lituânia a chegar ao golo na sequência de um canto. Andriuskevicius saltou mais alto que João Félix, que não estará habituado a defender, e marcou de cabeça.

 

 

 

Não sei como foi com vocês, mas esta deixou-me com vontade de me enfiar num buraco. Ou, vá lá, numa sebe. Uma equipa que não ganhava um jogo há ano e meio mas que conseguia empatar connosco.

 

Não me preocupei por aí além com este contratempo. Sabia que era uma questão de tempo até regressarmos à vantagem no marcador. Não me enganei – mas ainda demorou e não faltaram momentos de exasperação pelo meio.

 

João Félix, em particular, metia dó. Via-se que o miúdo queria mesmo marcar um golo, por todos os motivos e mais alguns, mas a bola teimava em não entrar – quer por falta de sorte, quer por momentos inusitados de inspiração por parte do guarda-redes lituano. 

 

Suponho que seja uma boa altura para falar do desempenho geral de João Félix nesta dupla jornada. A ideia com que fico – e posso estar enganada, atenção – é que, pelo menos a curto prazo, Fernando Santos poderá pôr Félix a titular em jogos de dificuldade teoricamente menor, mas em jogos mais difíceis voltará a pôr Guedes de início. E de facto, se pusermos de lado todo o mediatismo (muito catalisado por benfiquistas e colchoneros, diga-se)... porque não o faria?

 

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Há comentadores desportivos que parecem assumir que a sagração de Félix como um dos melhores jogadores de todos os tempos é um evento tão certo como o nascer e pôr-do-sol e que Fernando Santos tem a obrigação de acelerar esse processo na Equipa das Quinas. O que é uma filosofia perigosa. Servir de rampa de lançamento a carreiras de jogadores individuais não é o objetivo principal da Seleção. 

 

Não sou ingénua – sei que os Europeus e Mundiais servem de montra para os jogadores. Regra geral, não tenho problemas com isso – é uma daquelas situações em que todos ganham. No entanto, os interesses individuais não podem nunca sobrepôr-se aos interesses do coletivo.

 

Isto tudo para dizer que Fernando Santos não tem a obrigação de pôr Félix a titular, quando tem Gonçalo Guedes – menos mediático, talvez mesmo menos talentoso, mas mais experiente na Seleção, mais capaz de obter os resultados pretendidos. Félix ainda não está nessa fase. 

 

Dito isto tudo, é possível que o jovem chegue a essa fase a curto, médio prazo. Ficou provado neste jogo que vontade não lhe falta. Mais uns jogos – é possível que ele seja titular no próximo – e ele chega lá.

 

Regressemos ao encontro com a Lituânia. Como vimos, a primeira parte não correu muito bem a Portugal, mas a Seleção entrou melhor na segunda, conseguindo várias oportunidades para desfazer o empate. Ainda assim, o golo que desbloqueou o jogo resultou de uma atrapalhação do guarda-redes depois de um remate de Ronaldo: a bola bateu-lhe no ombro e entrou na baliza.

 

 

É rir para não chorar.

 

Em todo o caso, a UEFA atribuiu o golo a Ronaldo. O Capitão marcaria ainda mais dois golos – ambos assistidos por Bernardo Silva, como poderão ver no vídeo abaixo. Que mais é preciso para o miúdo ser considerado insubstituível na Seleção?

 

O foco, no entanto, tem sido o póquer de Ronaldo, o seu segundo na Seleção – o primeiro foi frente à Andorra, na Qualificação para o Mundial 2018 (custa a acreditar que já lá vão quase três anos). Às vezes irrita-me um pouco toda a aenção dada a Ronaldo mas depois olho para os factos e não posso contestar: Ronaldo merece tudo isto e muito mais! 

 

Algo de que só me apercebi agora foi que ele já duplicou o número de golos de Eusébio pela Seleção. De Eusébio! O recorde dele demorou décadas a ser quebrado – pelo Pauleta. Mesmo o recorde do açoriano está a um golo de ser duplicado – e Ronaldo só o ultrapassou há cinco anos e meio! 

 

Recordar, de resto, que Ronaldo já tem trinta e quatro anos, quase trinta e cinco!

 

 

Peço desculpa, mas às vezes tomo Ronaldo como garantido, nem sempre páro para recordar o quão raro e, sinceramente, sobrenatural este Marmanjo é. Não admira que o venerem como Nosso Senhor dos Golos, que abençoem a senhora que o deu à luz. Ronaldo não é deste Mundo!

 

Diz Fernando Santos que “Cristiano nunca acaba”. Seria bom se fosse verdade: ter o Capitão para sempre a este nível. 

 

Ainda houve tempo, já depois de Ronaldo ter sido substituído, para William marcar o quinto. É um pormenor engraçado desta dupla jornada: o William marcou o primeiro e o último golo.

 

Antes de partirmos para as conclusões, uma palavra de apreço para o público português no Estádio LFF, mariotariamente fuzileiros da Marinha Portuguesa estacionados na Lituânia, convidados pela Federação para assistir ao jogo. É sempre impressionante quando os adeptos visitantes, minoritários, fazem mais barulho que os adeptos da casa. Os Marmanjos fizeram questão de tirar uma fotografia com a claque, o que foi um gesto muito bonito. Devia tornar-se tradição em jogos das Quinas, pelo menos fora – em jogos em casa será complicado.

 

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Esteve tremido durante um bocado – claro que esteve, nós e a nossa afinidade para o caricato – mas o jogo acabou por se resolver a nosso favor. O resultado foi semelhante aos dos particulares há mais de quinze anos, de que falámos no texto anterior. Conforme referido acima, depois dos tropeções anteriores, regressamos ao bom caminho. 

 

Há opiniões díspares no que toca ao resto da Qualificação. Há quem defenda que está no papo, mais uma ou duas vitórias e ficamos Apurados. Fernando Santos continuará a falar de quatro finais para vencer, creio eu. 

 

Pessoalmente, estou algures no meio. não me parece que os dois jogos com o Luxemburgo e o jogo em casa com a Lituânia nos coloquem grandes dificuldades – aqui entre nós, estou mais preocupada com as dificuldades que possamos causar a nós mesmos. O jogo fora com a Ucrânia (em Kiev?), no entanto, poderá ser complicado. Ainda assim, acho que a Qualificação direta estará ao nosso alcance. Todos nós preferíamos Apurar-nos em primeiro lugar, por uma questão de orgulho de Campeões Europeus e da Liga das Nações, mas ninguém morre se só nos Qualificarmos em segundo. 

 

Confesso que fiquei com um bocadinho de pena quando a dupla jornada terminou. Já estou com saudades da Seleção. Felizmente só temos de esperar umas três semanas até à próxima Convocatória. Aproveito para avisar que vou ter um outubro complicado, terei menos tempo para o blogue. Em princípio, devo saltar a habitual crónica pré-jogo.

 

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É possível, aliás, que nas próximas semanas o meu outro blogue ultrapasse este em número de publicações. Fico um bocadinho triste, mas suponho que era inevitável. Este blogue só está ativo quase quando a Seleção está. O meu Álbum de Testamentos não tem essas limitações. Uma agravante é o facto de, nos últimos anos, crónicas como esta, em que analiso dois jogos em vez de apenas um, serem mais frequentes. Estou até surpreendida por ter demorado tanto tempo – sete anos – até chegarmos a este ponto.

 

Mas estou a desviar-me. Mesmo que o blogue não regresse logo com a Seleção, a página no Facebook manter-se-se-á ativa. Vemo-nos em outubro.