No passado domingo, dia 29 de março, a Seleção Portuguesa de Futebol venceu a sua congénere sérvia por duas bolas a uma, em jogo a contar para o Campeonato Europeu da modalidade, que terá lugar em França, no próximo ano. Este jogo teve lugar no Estádio da Luz... e eu estive lá.
Vim ao Estádio da Luz acompanhada apenas pela minha irmã. Já estamos habituadas a ir juntas ao futebol - esta época temos ido a vários do Sporting. Ainda que até aprecie estes jogos (gosto de ouvir a claque a cantar), não os vejo (nem esses, nem nenhum outro jogo) com a mesma paixão com que vejo o meu clube. Foi o que aconteceu no domingo, mais de quatro meses depois da última vez.
Felizmente conseguimos chegar cedo, sem grande stress. Conforme tinha dito antes, ficámos no terceiro anel, mas via-se melhor do que eu esperava. Chegámos a tempo de assistir ao anúncio oficial (?) dos onzes titulares. A leitura dos nomes de Matic, Markovic e outros jogadores ou antigos jogadores do Benfica motivaram mais ovações do que se esperaria como reação a adversários. Eu sabia que uma boa parte dos quase sessenta mil espetadores na Luz tinham vindo, pelo menos em parte, para ver os antigos benfiquistas. Não me interpretem mal, eu gosto do fair-play. No entanto, espero que, aquando do golo da Sérvia, os que aplaudiram Matic se tenham sentido, pelo menos, um bocadinho culpados.
Houve também tempo para cantarmos os parabéns ao grande Rui Costa, o eterno Maestro, que completou quarenta e três anos naquele dia. Foi um momento bonitinho, num Estádio que tanto significa para ele. Como sempre, o hino foi um momento especialíssimo - conforme comprovam os inúmeros vídeos na minha timeline do Facebook, o meu incluído.
Portugal dominou durante praticamente o jogo todo, ainda que com mais pragmatismo que brilhantismo (que parece ser a imagem de marca do reinado de Fernando Santos). Para uma equipa com apenas um ponto na Qualificação, os sérvios engonharam demasiado nos primeiros minutos, o que irritou.
Felizmente marcámos cedo, a partir de um pontapé de canto. Foi um canto batido "à bola curta", o segundo batido assim naquele jogo. Eu e a minha irmã estranhámos. Estávamos precisamente a comentá-lo quando o Fábio Coentrão fez um centro perfeito para Ricardo Carvalho, que rematou de cabeça para as redes sérvias. Nesse momento, parámos imediatamente com as queixas. (Mais tarde, descobriríamos que aquela maneira peculiar de bater o canto tinha, provavelmente, sido ensaiada ao longo da semana. Fernando Santos chegou mesmo a dá-lo a entender na Conferência de Imprensa).
Este golo de Ricardo Carvalho fez-me recordar outro dele, noutro jogo a que assisti: Portugal x Luxemburgo, em 2005, no Estádio do Algarve. Também nesse Ricardo Carvalho inaugurou o marcador com um remate de cabeça. Nesse jogo, ele e os outros jogadores vieram festejar mesmo para perto de nós (estávamos sentados mesmo junto ao campo, atrás da bandeirola de do canto), alguns deles poderão mesmo ter olhado para nós. No jogo de domingo, eles também vieram festejar para a nossa zona, mas nós estávamos muito lá em cima.
O golo relativamente madrugador não me tranquilizou uma vez que, agora que estavam a perder, os sérvios ficaram obrigados a mexer-se. Não chegaram a ameaçar verdadeiramente, mas conseguiram enervar-me. Também não ajudou o facto de Portugal ter abrandado demasiado para o meu gosto - pragmatismo a mais. Recordava-me de vários outros jogos anteriores, em que também tínhamos chegado à vantagem relativamente cedo para, mais tarde, a perder e não conseguir recuperar: os dois jogos anteriores com a Sérvia, bem como os dois jogos contra Israel, incluindo aquele a que assisti ao vivo.
A anulação da vantagem que eu receava ocorreu pouco após o intervalo, com um espetacular pontapé de bicicleta de Matic. Apesar de ter andado a recear este percalço, quando este se concretizou não desanimei demasiado. Ainda tínhamos meia hora, provavelmente o Quaresma entraria em breve, ele resolveria. O resto do público, aparentemente, concordava pois, passado o choque do golo, toda a Luz vibrou com os gritos em coro de "POR-TU-GAL! POR-TU-GAL!". E, cerca de dois minutos mais tarde, Portugal regressaria à vantagem no marcador, cortesia de Fábio Coentrão.
Mais tarde, Fernando Santos agradecer-nos-ia esta e outras manifestações de apoio, chegando mesmo a dar-nos mérito pela vitória. Eu fico feliz por isso, fico orgulhosa por ter cumprido o meu papel, mas a verdade é que o mesmo aconteceu em 2013, no tal jogo com Israel a que fui assistir: o público gritando pela equipa após o golo sofrido. A diferença é que a Seleção que jogou na Luz, no domingo, teve bem mais maturidade do que a que jogou nesse encontro, em Alvalade. Nesse encontro e em muitos outros dos últimos anos.
Mas regressemos ao segundo golo do jogo de domingo. Muitos dão, justamente, maior mérito a João Moutinho, que construiu a jogada praticamente toda - Coentrão teve apenas de encostar após o centro magistral de Moutinho. No entanto, na minha opinião, Coentrão mereceu assinar um golo, pelo que tinha vindo a fazer durante o jogo. Gostei de vê-lo mais adiantado do que o costume, acho que combina com o seu hábito de nunca se conformar, de puxar a equipa para a frente. Esteve em ambos os golos, tendo sido ele, inclusivamente, a oferecer o canto onde marcámos o primeiro - depois de ter feito pressão sobre o sérvio Basta, obrigando-o a atirar para fora. Durante os festejos do segundo golo, cheguei mesmo a gritar "Coentrão do meu coração!", roubando a frase a este relato de Nuno Matos.
Marcado este golo, o resto do jogo desenrolou-se sem sobressaltos de maior. Fiquei à espera do terceiro golo, um golo que nos desse tranquilidade mas, mais uma vez, os portugueses foram demasiado pragmáticos. Além de que não seria a Seleção se não ficássemos até ao último minuto à beira dos nossos assentos, com o coração na garganta - o patrocínio secreto por parte de alguma sociedade de cardiologistas, de que eu suspeito que a Turma das Quinas beneficie há muito tempo, ia ao ar. De qualquer forma, não houveram mais deslizes, os três pontos foram obtidos, o primeiro lugar do grupo I foi conquistado - por agora.
Confirme disse anteriormente, gostei muito de ver Coentrão frente à Sérvia. Para mim, esteve tão bem como João Moutinho, eterno formiguinha, por muitos considerado o Homem do Jogo. Deu-me particular gozo vê-lo fazendo o que queria dos nossos adversários, a sua baixa estatura contrastando com os corpulentos sérvios. Cristiano Ronaldo foi influente de uma maneira mais discreta do que o habitual: não marcou, mas vimo-lo várias vezes chamando a equipa para o ataque, indicando o caminho. Praticamente todos estiveram bem, tirando Nani e Eliseu, na minha opinião. O primeiro pode estar a ser feliz de novo no Sporting, eu fico também feliz por ele, mas, na Seleção, continua algo apagado. No domingo esteve sem jeito, pelo menos. Quanto ao Eliseu, pode estar a sair-se bem no Benfica (ou talvez não, não sei...) mas, pela Turma das Quinas, tem atrapalhado mais do que ajudado (volta, Raphael Guerreiro!!).
Fico, sobretudo, satisfeita por, para além de termos somado mais três pontos e de estarmos em primeiro no grupo, marcámos mais do que um golo por jogo e nem precisámos do Quaresma! É um progresso relativamente aos últimos jogos. Confesso, no entanto, que estaria mais descansada caso tivéssemos marcado mais um golo na Luz. Afinal de contas, euforias à parte, tornámos a vencer apenas pela margem mínima, ainda que tenhamos jogado um pouco melhor.
Isso, contudo, não altera o facto de estarmos em ascensão. Tal como assinalou Fernando Santos na Conferência de Imprensa após o jogo, nesta fase " As coisas estão a correr bem. Ganhámos na Dinamarca, onde já não o conseguíamos há muitos anos. Ganhámos à Argentina, o que também não acontecia há quarenta anos, e agora ganhámos à Sérvia, adversário que, também, nunca tínhamos batido". Estivemos frequentemente em piores situações ao longo dos últimos anos, com destaque para o pós-Mundial 2014 - conforme disse antes, é-me estranho estar numa posição relativamente desafogada no Apuramento. Não que a situação seja perfeita, porque não o é. Algumas críticas feitas têm legitimidade. Eu também estou insegura com a nossa dependência em jogadores com mais de trinta anos, eu também, a certa altura, posso fartar-me do pragmatismo e começar a suspirar pelo futebol alegre como o Waka Waka de outros tempos. No entanto, se todos os jogos oficiais deste ano terminarem com vitórias pela margem mínima, como as mais recentes, considerá-lo-ei um sucesso.
Antes de terminar esta entrada (isto deve ser um recorde neste último ano, uma crónica publicada apenas dois dias após o respetivo jogo...), queria apenas referir que, por estes dias, tenho lido algumas opiniões que defendem que, com a pausa internacional, houve igualmente um pausa na verdadeira emoção do futebol. Talvez isso seja verdade para certos fanáticos clubistas e/ou "intelectuais" do futebol. No entanto, se aquilo a que assisti no Estádio da Luz (os parabéns a Rui Costa, o Hino Nacional, os gritos de incentivo após o golo que sofremos, entre outros momentos) não é emoção, não sei o que será. Se quiserem algo mais objetivo como prova, basta-me dizer (ou melhor, recordar, que estiveram mais de 58 mil na Luz e a transmissão do jogo foi o programa televisivo mais visto do ano, até ao momento. O que contradiz a tese de que o povo só quer saber da Seleção aquando de Europeus e Mundiais.
Quanto a mim, sinto-me feliz por ter podido experimentar de novo essa emoção ao vivo e por, ao contrário dos meus últimos dois jogos ao vivo, termos tido um final feliz. Por, depois de uma eternidade sem Seleção, o primeiro jogo ter corrido bem, tendo-me proporcionado um dos meus melhores fins de tarde/princípio de noite dos últimos tempos. O meu desejo agora é que o percurso continue a decorrer sem percalços de maior e que, claro, culmine com o Apuramento para o Europeu de França.
E não se esqueçam que, daqui a duas horas, temos o particular contra Cabo Verde.
No próximo sábado, dia 11 de setembro, a Seleção Portuguesa de Futebol disputará no Stade de France, em Saint-Denis (a norte de Paris), um jogo de carácter particular com a sua congénere francesa.
Recorde-se que, pela primeira vez, na Qualificação para o Campeonato Europeu da modalidade, a seleção anfitriã foi incluída num dos grupos de Apuramento, efetuando jogos com todas as outras equipas do grupo sem que estes contem para a classificação final. Por sua vez, o jogo que será disputado no Estádio Parken, em Copenhaga, três dias mais tarde, com a seleção dinamarquesa, será o nosso segundo encontro da fase de Qualificação para o Euro 2016.
Esta jornada dupla marca a estreia de Fernando Santos como Selecionador Nacional. O nome do técnico foi um dos primeiros a ser referido como possível sucessor de Paulo Bento. Era o favorito de quase toda a gente, eu incluída, graças à vasta experiência de alguém que já treinou os três grandes portugueses, vários outros no País e no estrangeiro, e teve um bom desempenho recente ao leme da seleção grega. No entanto, rapidamente foi descartado devido ao castigo atribuído pela FIFA... ou assim pareceu. Fui apanhada de surpresa pelo anúncio da sua contratação.
Infelizmente, Fernando Santos continua castigado e parece pouco provável que veja o seu castigo reduzido. Parece que o castigo só é aplicável a jogos oficiais, logo, o novo Selecionador estará presente no banco durante o jogo com a França. São muitos jogos de castigo, pode até acontecer que Fernando Santos tenha de assistir na bancada a todos os seus jogos oficiais como técnico da Turma das Quinas. Durante algum tempo, não percebi porque motivo o treinador ia apanhar oito jogos de castigo, apenas menos um que Luis Suarez, com o seu famoso e triste hábito de morder adversários. No outro dia é que percebi que o castigo se deve, não ao cartão vermelho que recebeu, mas ao facto de ter desobedecido à ordem de expulsão, desrespeitando abertamente a autoridade do árbitro. Por essa perspetiva, a punição faz mais sentido. Se esta infração é mais ou menos grave que outras menos castigadas é discutível. Para mim, mais do que a FIFA, quem fica mal na fotografia é a federação grega por não avisar o seu antigo técnico a tempo de recorrer da decisão - isto depois de tudo o que Fernando Santos fez pela seleção deles!
Apesar de muitos recordarem que as seleções não são como os clubes, de salientarem a importância de os jogadores apreenderem rapidamente a filosofia do Selecionador, não estou demasiado preocupada com a ausência de Fernando Santos do banco de suplentes português: o substituto será Ilídio Vale, o homem por detrás dos bons resultados que a seleção de sub-20 tem apresentado nos últimos anos. Tenho a certeza de que terá competência para gerir a Seleção no lugar de Fernando Santos. Corremos, no entanto, o risco de, em vez de termos um Selecionador principal e um adjunto, termos dois selecionadores principais: um para os treinos, Conferências de Imprensa e jogos particulares, outro para os jogos a doer. Não sei se isso correrá bem. Toda esta situação terá de ser muito bem gerida pela equipa técnica da Seleção.
A primeira Convocatória assinada por Fernando Santos foi Divulgada na sexta-feira passada, dia 3, uma Lista cheia de novidades, quase revolucionária como ouvi dizer na rádio, ou pura e simplesmente uma volta na arrecadação, como diziam n'A Bola. Destacam-se, clara e quase gritantemente, os regressos dos "renegados" de Paulo Bento, como Ricardo Quaresma, Ricardo Carvalho, Tiago e Danny. Nos dias antes da Divulgação, a Comunicação Social ia apresentando as pré-Convocatórias dando a entender que Fernando Santos dizia "Vai-te lixar, Paulo Bento!", mas o Selecionador explicou que, na Federação, ninguém lhe restringiu nenhum jogador. Sabe que Paulo Bento terá tido os seus motivos para não Chamar os jogadores, mas esses motivos não são os dele. "Não foi comigo", chegou a dizer várias vezes. Um argumento que faz sentido. Ainda que compreendamos e até concordemos com as opções de Paulo Bento, Fernando Santos não é obrigado a isso, tem todo o direito a Escolher aqueles que, de acordo com a sua própria consciência, considera os mais adequados.
Eu vejo cada um destes casos de maneira diferente. O de Ricardo Carvalho, para começar, deixou-me algo dividida: se por um lado acho que o que o Ricardo fez foi infantil da sua parte e compreendesse a posição de Paulo Bento, ele já se mostrou arrependido várias vezes nos últimos anos (não sei se chegou a pedir desculpa diretamente ao antigo Selecionador), já cumpriu o castigo imposto pela Federação e ainda dois anos extra por escolha de Paulo Bento. Eu mesma cheguei a defender aqui no blogue uma segunda oportunidade por parte do antigo Selecionador. Além disso, conforme afirmei pouco após a sua deserção, o Ricardo já fez muito pela Equipa de Todos Nós ao longo dos anos, não seria justo que os golos que marcou, as vezes que salvou o couro nacional, valessem menos que uma decisão irrefletida - quando, ainda por cima, não foi o primeiro e não será o último jogador da Seleção a agir de cabeça quente; o próprio Paulo Bento teve pelo menos uma atitude dessas enquanto jogador (eu sinto vergonha só de ler esta última notícia, mesmo passados catorze anos sobre o acontecido). É um pouco estranho tê-lo de volta, provavelmente nunca mais olharei para ele da mesma maneira, mas ele tem agora uma oportunidade de se redimir. Oxalá saiba usá-la.
O caso de Tiago é diferente. Foi ele quem escolheu sair da Equipa de Todos Nós e manteve essa decisão mesmo depois de Paulo Bento ter, na altura, falado com ele. Ainda que ele diga que se arrepende "de ter enviado aquele fax", não acho justo ele ter decidido regressar, depois de quatro anos em que ele podia ter ajudado a Seleção e não o fez por escolha própria. Sei que Luís Figo fez o mesmo entre 2004 e 2005, mas isso não muda nada. Um jogador ou está cem por cento disponível para a Turma das Quinas, dentro das suas possibilidades físicas ou renuncia a ela definitivamente. Não acho legítimo um jogador disponibilizar-se ou não disponibilizar-se para a Seleção conforme lhe apetece - não digo que seja o caso, mas este pode abrir um precedente para situações como a que descrevi. Tal como comentei com um seguidor meu no Twitter, a Federação deveria definir regras para estes casos.
Quanto ao Danny, não estou particularmente entusiasmada com o seu regresso. Tal como Paulo Bento, suponho eu, irritei-me com as suas desculpas esfarrapadas para se baldar às concentrações da Seleção. Ainda acreditei na história do quisto sebáceo em 2011 mas, depois de no ano passado ter sido dispensado da concentração por motivos físicos para, dois dias depois, treinar normalmente no clube, a minha boa vontade esfumou-se. A ideia com que fico é que ele não leva a Seleção a sério. Eu não o Chamaria. Nem a ele nem ao Tiago. Mas já que eles foram Convocados, eles e o Ricardo Carvalho, ao menos que justifiquem os regressos. Se a Seleção beneficiar com o regresso destes três "filhos pródigos", não direi mais nada.
Esta Lista fica também marcada pela ausência de alguns elementos do núcleo duro de Paulo Bento: Hélder Postiga, Miguel Veloso, Raul Meireles, João Pereira. Não posso contestar tais opções. Há quem alegue que são demasiadas mudanças mas a verdade é que o onze-base do Euro 2012 já não funciona, conforme os últimos resultados deram a entender. De resto, Fernando Santos justificou tais ausências com a falta de ritmo competitivo, não colocou de parte a possibilidade de Convocá-los dentro de um mês ou noutra ocasião qualquer. Postiga, por exemplo, pode não estar completamente descartado visto que... não há praticamente mais nenhum ponta-de-lança português, tirando Éder e Hugo Almeida. A menos que se conceba uma tática que dispense ponta-de-lança, Postiga pode voltar a ser necessário.
Pelo menos é disso que tenho esperanças.
São várias as coisas mudando na Seleção Portuguesa mas, com todo o respeito por Paulo Bento, na minha opinião, estávamos a precisar de uma mudança. O conservadorismo do antigo selecionador já não funcionava. Além de que é a primeira vez em muito tempo em que temos seis jogadores do mesmo clube, tanto quanto me lembro, incluindo um meio-campo completo - não sei se serão todos titulares, mas é sempre bom termos Marmanjos familiarizados uns com os outros. Mesmo com as minhas reservas relativamente ao regresso dos "renegados", esta Lista parece-me razoavelmente sólida, acho que pode resultar.
No entanto, não me atrevo a ser demasiado otimista pois a jornada dupla que se avizinha será complicada. Estes não são de todo os adversários ideais para a estreia de um Selecionador. Há um ano, diria que seria bom nesta altura enfrentarmos adversários de calibre, estimulantes. Ora, depois de ver a Seleção sendo completamente atropelada pela Alemanha no Mundial, a questão já não me parece assim tão linear. Para além de serem adversários de peso por si só, são adversários com quem temos historiais muito particulares.
Comecemos pela França que tem sido um espinho na nossa carne há muitos anos, com destaque para as três traumáticas meias-finais em que nos derrotaram. Se a Holanda, por exemplo, é nossa freguesa, nós somos claramente fregueses de França: em vinte e dois jogos só ganhámos cinco e a última vitória foi em 1975. Tudo o resto tem sido derrota atrás de derrota, tirando um empate algures nos anos 20. O único jogo que testemunhei já como adepta da Seleção foi o último, nas meias-finais do Mundial 2006, provavelmente a derrota mais injusta de que me recordo tirando, claro, a final do Euro 2004. Aquela Seleção, mais do que qualquer outra, merecia ser campeã do Mundo. Os franceses não mereciam estar na final, como ficou provado pela famosa cabeçada de Zidane. Isto, aliado ao constante colinho que os franceses andam há muito tempo a receber das mais altas instâncias do futebol, tem-me alimentado uma raivazinha de estimação à equipa francesa.
Não sei em que momento se encontra a França atualmente. Sei que empataram há um mês com a Sérvia, altura em que houve polémica à volta da renúncia de Franck Ribéry à sua seleção, que muito irritou Michel Platini. Mas com os problemas dos nossos adversários posso eu bem, até os agradeço. Nesta altura do campeonato, por muito que deseje uma desforra, esta terá de ficar para segundas núpcias. O mais importante será promover uma boa adaptação à nova equipa técnica e preparar o jogo com a Dinamarca, que será a sério - sobretudo porque, sendo um particular, será um dos poucos jogos em que teremos Fernando Santos no banco.
Quanto aos dinamarqueses, esses são já velhos amigos nossos, provavelmente são a seleção que mais vezes foi nossa adversária nos últimos anos, possuindo uma longa tradição de nos complicarem a vida, como eu gosto de dizer, à grande e à dinamarquesa. Da experiência que eu tenho, os jogos com a Dinamarca ou correm muito bem ou correm muito mal - às vezes não tanto pelo encontro em si, mas pelo contexto em termos classificativos. O empate em 2009, por exemplo, pode não ter sido um mau resultado por si só, mas deixou-nos agarrados a uma calculadora para as últimas jornadas da Qualificação para o Mundial 2010. O 2-1 de 2011 pode também não ter sido grave por si só (embora eu tenha, na altura, achado que os nossos jogaram mal), mas impediu-nos de nos Qualificarmos diretamente para o Euro 2012. Geralmente, são jogos péssimos para a pressão arterial, com destaque para o inesquecível encontro do Europeu de há dois anos, o meu favorito desse campeonato. O inverso desse foi a derrota por 3-2 em 2008, no Estádio de Alvalade. Por outro lado, apesar de termos perdido o particular de 2006, guardo boas recordações desse jogo, pois foi a estreia de Nani com a camisola das Quinas, em que ele marcou um golo diretamente do pontapé de canto e ainda assistiu para o outro, de Ricardo Carvalho - foi nesse particular que o Nani se tornou um dos meus jogadores preferidos.
Acho uma coincidência espantosa que o novo Selecionador se vá estrear em jogos oficiais (isto é, mais ou menos) com o mesmo adversário com que o anterior técnico se estreou. Na verdade, também o segundo jogo oficial de Carlos Queiroz foi com a Dinamarca, mas o primeiro de Paulo Bento é memorável pelos melhores motivos. Ainda me lembro muito bem dessa noite (ajuda ter escrito sobre ela): de ouvir o relato dos dois golos seguidos de Nani - ele tem mesmo uma queda para dinamarqueses - do alívio que foi o terceiro golo, da autoria de Cristiano Ronaldo, do quão feliz me senti após o jogo por, depois de tudo por que a Seleção passara nos últimos meses, estarmos de regresso às vitórias e às boas exibições.
O que mais desejo é um renascimento semelhante ao da primeira dupla jornada de Paulo Bento para os próximos dois jogos, mas sei que é pouco provável.
Consta que a Dinamarca estará uns furos abaixo do que estava nas Qualificações para o Mundial 2010 e Euro 2012. Não se Qualificou para o Mundial 2014, nem sequer chegou aos playoffs - suponho que tenham sentido falta dos pontos que Portugal lhes ofereceria... Talvez estejam de novo a contar com eles neste Apuramento, mas eu espero que, desta feita, acabemos com essa tradição.
Apesar de o passado recente da Equipa de Todos Nós não ser o mais favorável e existir a hipótese de as coisas voltarem a correr mal, como na jornada anterior, neste regresso da Seleção ao ativo sinto-me tão eufórica como sempre, como se viéssemos de uma sequência de vitórias e não de fracassos. É irracional, é quase ilusório, mas a verdade é que são poucas as coisas que me entusiasmam assim. E gosto que assim seja.
O que não significa que esteja disposta a tolerar outro fracasso. Não quando for a doer, pelo menos. Sei que será difícil, mas os Marmanjos terão de fazer um esforço se quiserem regressar a França (após o particular de sábado) em 2016. O que eu gostava mesmo era que a Seleção voltasse a ser uma fonte regular de alegrias mas... um passo de cada vez.
Concluo este texto dando as boas-vindas a Fernando Santos e com o desejo de que ele e a restante equipa técnica saibam ajudar a Seleção a regressar ao bom caminho.
Primeira entrada de 2013! Bom ano a todos! Na próxima quarta-feira, dia 6 de fevereiro, a Seleção Portuguesa de Futebol enfrenta a sua congénere equatoriana, num jogo de carácter particular. O palco de tal encontro será o Estádio D. Afonso Henriques, em Guimarães - o berço da nação e, este ano, a Cidade do Desporto.
Os Convocados foram divulgados ontem, dia 1 de fevereiro. Não há novidades de maior. O Pepe está lesionado há já uns dias. De ontem para hoje, Rúben Micael e Hugo Almeida lesionaram-se também, levando à Chamada de André Martins e Nélson Oliveira, respetivamente, para ocuparem os lugares vazios. A maior novidade acaba por ser o regresso de Danny após longa ausência - tão longa que não me recordo do seu último jogo envergando a camisola das Quinas. Terá sido com o Chipre, em setembro de 2011? Seja como for, chega em boa hora, numa altura em que precisamos de soluções.
Já que falarmos de ausências prolongadas, na Conferência de Imprensa de divulgação da Convocatória, foi referido o pedido de desculpas que Ricardo Carvalho terá feito numa reportagem da SIC. Paulo Bento não comentou.
Na minha opinião, já era altura de o Selecionador reconsiderar. Acho que o jogador já foi suficientemente castigado. Já passou quase um ano e meio desde os incidentes que todos conhecemos, o Ricardo já deu a entender, várias vezes, que está arrependido. Além de que, numa altura em que dependemos excessivamente de um núcleo duro de jogadores, dava-nos jeito um Marmanjo com um longo historial de ajuda à nossa Seleção entre as opções. No entanto, conforme estive a comentar no Facebook com o administrador de outro blogue sobre a Seleção Portuguesa - que também tem página nesta rede social - é altamente improvável Paulo Bento mudar de ideias. A única maneira de Ricardo Carvalho, eventualmente, ser perdoado seria se o jogador falasse diretamente com o Selecionador. Mas continua a ser uma hipótese remota.
Não sei muito sobre a seleção do Equador. Apenas que se encontram no décimo-segundo lugar do ranking da FIFA, à frente de seleções como a Noruega, a Dinamarca, a França e o Brasil(?!). Já não é a primeira vez que exprimo aqui as minhas dúvidas relativamente à credibilidade deste ranking mas, de qualquer forma, isto pelo menos demonstra que, ainda que não tenham o prestígio ou a sonoridade de uma Espanha ou uma Alemanha ou uma Argentina, não serão, certamente, uma daquelas seleções convidadas apenas para permitir uma vitória fácil à equipa da casa. Talvez seja o suficiente para motivar os jogadores a fazerem um particular acima da média.
A conversa de Paulo Bento na Conferência de Imprensa foi a costumeira. Eles dizem sempre que querem fazer "o melhor jogo possível" mas depois, no fim dos desafios, vêm com as igualmente costumeiras desculpas esfarrapadas. Paulo Bento já havia pedido uma moldura humana em Guimarães; as campanhas do Continente para a venda de bilhetes já arrancaram há dias. Neste jogo uma parte das receitas reverterá para a Missão Sorriso - é sempre louvável o uso do futebol para este tipo de campanhas. No entanto, essa gente toda parece ter-se esquecido do que aconteceu da última vez que se pediu uma moldura humana para a Equipa de Todos Nós: aquele desgraçado empate com a Irlanda do Norte.
Se Paulo Bento quer continuar a pedir apoio aos portugueses, tem de pôr a equipa a jogar como deve ser. Conforme afirmei na revista de 2012, não fechámos o ano da melhor maneira. Precisamos de virar a maré. Precisamos de um 2013, se não "memorável", como afirmou o presidente da Federação, pelo menos mais tranquilo que 2012, com um desfecho mais feliz. Podíamos começá-lo já na quarta-feira. Até porque o Cristiano Ronaldo fará anos na véspera - um aparte só para dizer que espero que, no único treino de preparação deste particular, o público acorra em força e cante os parabéns ao madeirense. Um bom presente, tanto para o Cristiano como para todos nós, seria uma vitória da Turma das Quinas na quarta-feira. Ou, pelo menos, uma boa exibição. Uma prova de que foi esta a equipa que chegou às meias-finais do Euro 2012, só não conseguindo vencer a Espanha por pouco. Só espero não estar de novo a sonhar demasiado alto. Até porque as últimas quedas ainda doem...
Estamos nas vésperas da primeira das duas últimas finais que a Selecção Nacional tem de disputar antes de dar por concluída a Qualificação para o Euro 2012, a realizar-se na Polónia e na Ucrânia... e as coisas não estão fáceis.
Danny não compareceu ao estágio de preparação destes dois desafios. Inicialmente, invocou motivos pessoais que o impediam de abandonar a Rússia. É claro que a Comunicação Social tentou logo agarrar a oportunidade para criar polémica, pelos motivos que toda a gente conhece. Não têm emenda, realmente...
Entretanto, já foram revelados os verdadeiros motivos mas nunca duvidei, por um minuto que fosse, que estes fossem fortes, nem acreditei que estivéssemos perante uma reedição do caso Ricardo Carvalho. Numa entrevista que deu na semana passada, Danny deu a entender que leva a Selecção muito a sério. Afirmou mesmo que o seu sonho é "ganhar o Europeu com a Selecção". Acham mesmo que abdicaria do seu lugar na Equipa de Todos Nós de ânimo leve?
E, de facto, os seus motivos são válidos. Soube-se ontem que Danny teve de fazer uma cirurgia para remover um quisto que se temia que contivesse células cancerosas. Eu já passei por uma situação semelhante e sei que estas coisas são aflitivas, mais do que parecem. Com cancro, não se brinca. Compreendo, também, que Danny se tenha sentido relutante em divulgá-lo, daí ter invocado os motivos pessoais. Embora saiba que é pouco provável que ele o leia, envio através do blogue uma mensagem de solidariedade e um desejo de uma recuperação rápida e completa.
Por falar do Ricardo Carvalho, este tem dado a entender que se arrependeu de ter abandonado o estágio da Selecção antes da partida para o Chipre. Ainda hoje, numa entrevista, afirmou que continua disponível para regressar à Equipa de Todos Nós. Por causa do castigo que a Federação lhe aplicou, tal só poderia acontecer daqui a pelo menos um ano. Tenho de confessar que espero que Paulo Bento mude de ideias em relação a excluí-lo definitivamente das suas Convocatórias. Não que o que o Ricardo fez tenha sido de louvar, bem pelo contrário, mas será justo que uma decisão irreflectida anule todo um percurso na Selecção, esse sim, digno de louvores?
Em todo o caso, como já foi mencionado, tão cedo Ricardo Carvalho não voltará à Turma das Quinas, não nos poderá ajudar nesta jornada dupla. E agora que Danny e Sílvio engrossaram a lista dos indisponíveis, torna-se claro que a Selecção terá de se basear, pelo menos em parte, em segundas opções... o que não me agrada.
Também não me agrada o facto de a Comunicação Social andar com as miras apontadas a Paulo Bento. Não só por causa do Danny, mas também por ter Chamado jogadores como Beto e Ricardo Costa (com esta nem eu concordo e nem percebo muito de futebol...) e deixado de fora jogadores como Bosingwa e Duda. O caso Ricardo Carvalho pode não ter deixado mazelas no seio da Selecção Nacional mas deixou-as na credibilidade de Paulo Bento e, agora, os jornalistas e comentadores aproveitam.
Apesar de saber perfeitamente que, neste país, (ainda) há liberdade de expressão e opinião e tal, sempre me irritou ver as pessoas questionarem o Seleccionador. Mesmo quando este era Luís Felipe Scolari ou Carlos Queiroz. Mesmo até quando existiam motivos válidos para fazer críticas, mesmo até quando eu até concordava com elas. E as críticas que fazem ao actual Seleccionador ainda me irritam mais. Não acho justo andarem a atacar uma pessoa que encontrou uma Selecção feita aos bocados e, ao fim de poucos dias, consegui pô-la a vencer, a convencer, a golear, e agora, passado um ano, encontra-se numa excelente posição para atingir a fase final do Europeu de 2012 - algo que se pensou ser impossível.
É claro que, se a Selecção der uma escorregadela (três vezes na madeira!) vão todos cair em cima do Paulo Bento...
Não, os jogos com a Islândia e com a Dinamarca não vão ser nada fáceis... Por estas e por outras.
Por outro lado, a verdade é que já nos apurámos em condições mais difíceis. Os nossos últimos dois apuramentos são bons exemplos disso. Neste, as condições difíceis foram no início mas conseguimos revertê-las e, tal como disse acima, agora estamos numa posição com que muitos não se atreviam a sonhar há um ano - eu incluída.
Luís Figo disse ontem que, apesar de a hipótese de não nos qualificarmos não poder ser colocada de fora, "temos todas as condições e possibilidades para nos apurarmos". Garantiu também que Paulo Bento "tem alternativas para colmatar as ausências. Aqueles que ocuparem esse lugar darão duzentos por cento para ajudar Portugal". Ele deve saber do que fala... Nuno Gones, por sua vez, afirmou que "o ambiente está óptimo [dentro da Selecção], temos treinado bem e os jogadores estão concentrados no que têm a fazer Sexta-feira: conquistar os três pontos". Disse ainda que a Selecção vai levar a Islândia a sério uma vez que "eles perderam pela margem mínima com os nossos adversários mais directos". E essa a atitude que se quer! Aparentemente não falta determinação nem seriedade na Equipa de Todos Nós.
Como sempre, a Selecção - jogadores e equipa técnica - pode contar o meu apoio, a minha confiança, a minha fé, no melhor e no pior. Sempre foi assim e não tenciono mudá-lo. É certo que já apanhei vários baldes de água fria à custa disso mas, mais cedo ou mais tarde, acabo por ser recompensada. Ao longo do último ano tenho sido muito bem recompensada, até. E não acredito que isso vá mudar agora, só porque alguns jogadores estão ausentes. O jogo com a Islândia realiza-se na Sexta-feira, às nove da noite, com transmissão em directo na RTP. Acredito que voltarei a ser recompensada nessa noite. Eu... e os outros quinze milhões de portugueses espalhados pelo Mundo, unidos pela Selecção!
P.S. Há já algum tempo que não escrevia uma entrada assim, contra a corrente da generalidade da Comunicação Social. Dá cá um gozo... Sei que não é lá muito maduro mas, como costumo dizer, uma miúda não é de ferro!
Nestas últimas semanas tenho tido pouquíssimo tempo para vir à Internet, visto que estive quase sempre fora de casa. Por um lado, foi saudável, para garantir que não me vicio nas redes sociais e afins. Por outro lado, quis actualizar o blogue diversas vezes e só hoje é que consegui. Pior foi mesmo na semana passada, quando estive no estrangeiro e a Selecção Nacional preparava o embate com o Chipre. Estive literalmente a leste de tudo o que se passava na Turma das Quinas nessa altura. Nem sequer pude saber quem foram os Convocados. O meu coração está sempre com a Equipa de Todos Nós, independentemente das circunstâncias, mas o meu cérebro ansiava por notícias. Por saber o que se dizia nas entrevistas e conferências de imprensa, sobre o desafio e não só. Não estava preocupada, contudo. Achava que as coisas não estariam muito diferentes do que estavam antes de outros jogos da Selecção. Não fazia a mínima ideia que, enquanto eu estava fora, Ricardo Carvalho havia abandonado o estágio da Equipa das Quinas.
Este caso é a primeira nódoa da era Paulo Bento, que começou há já quase um ano e, até agora, se havia mantido quase completamente imaculada. Mas suponho que teria de haver alguma mais cedo ou mais tarde. Só soube da história no Domingo e, até agora, tudo o que consegui perceber foi que o Ricardo não terá gostado de ter de disputar a titularidade com Pepe, o que o levou a sair, ao que parece, só com a roupa que tinha no corpo. Paulo Bento descreveu este abandono como uma "deserção" e já veio dizer que não torna a convocar o jogador.
É pena. O Ricardo Carvalho está na Selecção há tantos anos, foi inúmeras vezes uma mais-valia para a Equipa das Quinas. Eu gostava dele (e não devo ser a única). Vi-o celebrar um golo a pouca distância de mim. Como pôde ele arruinar a sua carreira na Selecção com aquilo que, aparentemente, se tratou de uma decisão precipitada, de um amuo de criança?!?!?! Os seus motivos até podiam ser perfeitamente legítimos mas a forma como ele fez as coisas não foi a melhor. Ele podia ter esperado pelo fim do estágio. Talvez mudasse de ideias. Se não, ao menos saía desta história com a dignidade intacta.
Paulo Bento e os outros Marmanjos garantem que o caso não afectou a Selecção, que o ambiente continua bom, mas eu duvido que isto não tenha deixado mazelas. Mas também percebo que eles não se iam pôr a dizer: Ai e tal, aquilo está de cortar à faca na Selecção ou assim... Devo mesmo elogiar a atitude dos jogadores e fa-lo-ei, mais à frente. Em todo o caso, espero que a Equipa das Quinas não se deixe afectar pelo caso, agora que estamos a duas finais do encerramento da qualificação.
Consegui, ao menos, saber o resultado do jogo com o Chipre logo no dia seguinte, através da Euronews. Já estava mais ou menos à espera de uma vitória folgada, mas a confirmação da minha expectativa deixou-me aliviada e feliz, como é habitual. Depois de saber o resultado, sugeri à minha irmã uma "aposta" nos marcadores. Ela sugeriu Ronaldo, Nani, Hugo Almeida e Coentrão. Eu concordei, mas substitui Coentrão por Hélder Postiga. Como podem ver, acertámos em dois.
Já em Portugal pude informar-me melhor sobre o jogo. Parece que foi um daqueles típicos da Selecção, com muitos nervos derivados da vantagem facilmente anulável durante a maior parte do encontro e uma exibição que terá deixado muito a desejar. Ah, mas aqueles três golos quase de seguida devem ter adoçado tanto o fim do jogo... Quem me dera ter podido ver!
Cristiano Ronaldo foi o homem do jogo. Marcou dois golos, assistiu um, carregou a equipa às costas. Desta vez, portou-se à altura da braçadeira de capitão da Equipa das Quinas. Parece que os cipriotas foram mauzinhos para ele: alguns vieram vestidos à Barcelona e a larga maioria passou o jogo quase todo gritando por Messi, irritando até a própria selecção cipriota. O Cristiano, esse, respondeu às provocações fazendo uma excelente exibição. E, apesar de dizer que já está habituado a tais cenários, que "cala gente todo o ano", não resistiu a desafiar gestualmente os cipriotas a continuarem com as provocações, depois do segundo golo. Não se livrou do amarelo... Eu devia dizer que o Ronaldo podia ter mantido a postura e tal, não se ter deixado afectar, mas o que, na verdade quero dizer é "Grande Ronaldo!". Uma miúda não é de ferro... Mais uma vez, gostava de ter visto aquelas cenas em directo.
Em todo o caso, o Ronaldo pôde dar um exemplo de maturidade, pôde voltar a mostrar que merece a braçadeira de Capitão quando lhe foi pedido que comentasse o caso Ricardo Carvalho:
- Tudo o que se passou está ultrapassado, o mister Paulo Bento já falou, o que pensamos fica dentro do grupo - disse ele.
O Cristiano podia ter dito o que pensava, mas não ia servir de nada, a não ser para criar polémicas cujo único efeito seria prejudicar a Selecção. Como já antes referi cá no blogue, atitudes como esta podem a´te ser mais importantes do que o desempenho em capo. O próprio Ronaldo admitiu que não pode julgar, que "se calhar não é o melhor exemplo". Também ele tomou muitas más decisões de cabeça quente... Em todo o caso, louvo-o, a ele e aos colegas de Selecção, por terem colocado a equipa em primeiro lugar.
Entretanto, na Terça-feira, a Dinamarca venceu a Noruega. Como resultado, encontram-se três equipas em primeiro lugar, cada uma com treze pontos. Portugal tem a vantagem do número de golos e, pelo que percebi, basta ganhar à Islândia (dia 7 de Outubro) e empatar com a Dinamarca (dia 11), para pelo menos ficar em segundo. Talvez... mas eu preferiria que o assunto ficasse encerrado já no mês que vem. Eu e outros... Ninguém duvida que Portugal tenha qualidade para acabar a qualificação no topo da tabela, mas já se sabe como é o futebol. Acredito que nos vamos qualificar de uma forma ou de outra, seria demasiado mau se tal não acontecesse. Mas acho que só se vai decidir tudo mesmo na última jornada. Até lá...
Antes de terminar, quero ainda falar da Selecção Nacional de Sub-20. Não vou mentir, só comecei a interessar-me pelo Mundial deles quando percebi que aqueles miúdos estavam a chegar aos oitavos-de-final, quartos-de-final, meias-finais, final... Suponho que o mesmo tenha acontecido com imensa gente; quase com os próprios jogadores e equipa técnica que, segundo consta, abordaram o campeonato sem grandes expectativas. Em todo o caso, na madrugada da final, dei-me ao trabalho de ficar acordada para ver o jogo. E, apesar de a Selecção ter sido derrotada, não me arrependo.
O jogo passou-se praticamente quase todo a alta velocidade. Não me lembro de alguma vez ter visto um jogo em que os jogadores corressem tanto. Os brasileiros marcaram cedo mas, ao contrário daquilo que muitas equipas sénior fariam, os miúdos reagiram da melhor forma, repuseram, rapidamente, a igualdade. O jogo manteve-se praticamente do princípio ao fim muito renhido, qualquer uma das equipas podia ganhar. Os jogadores, coitados, de tanto correrem, já estavam prestes a cair para o lado pelo prolongamento. Terá precisamente sido por isso que o terceiro golo foi marcado. Eu ainda me mantive fiel à velha máxima de acreditar até ao fim mas era óbvio que os portugueses já tinham dado tudo o que podiam. Um deles (já não me lembro de quem), coitado, caiu logo a seguir ao terceiro tento brasileiro e não conseguiu levantar-se mais. Juro que, em quase dez anos em que me interesso por futebol, não me lembro de alguma vez ter visto um jogo em que os jogadores lutassem literalmente até ao limite das suas forças. Deste modo, a Selecção de Sub-20 deu uma lição de coragem, garra, empenho, ficando anos-luz à frente de não assim tão poucos jogadores e equipas sénior.
Não sei que consequências terá este Mundial na carreira dos jogadores. Gostava de pensar que serão aqueles miúdos que, daqui a meia dúzia de anos, vestirão a camisola da Equipa de Todos Nós Sénior, mas já percebi que não é assim tão provável. Em todo o caso, esta prestação dos Sub-20 veio mesmo a calhar, numa altura em que os clubes privilegiam cada vez mais os jogadores estrangeiros em detrimento dos nacionais. Pode ser que isto mude mentalidades. Eu, pelo menos, vou fazer figas por isso. E por que o Nelson Oliveira, o Danilo, o Mika e os outros estejam daqui a uns anos a fazer o que o Cristiano Ronaldo, o Nani, o Rui Patrício e o Fábio Coentrão fazem hoje pela Equipa das Quinas!