Na passada quarta-feira, dia 21 de junho, a Seleção Portuguesa de Futebol venceu a sua congénere russa por uma bola a zero. Este jogo teve lugar no Arena Otkrytie, em Moscovo. e contou para a fase de grupos da Taça das Confederações.
Poucas horas antes do início do jogo, estava ainda a acabar a minha crónica sobre o jogo com o México. Como poderão ler, nela queixo-me de sofrer muito com os jogos da Seleção nestes campeonatos.
Ao que parece, Deus Nosso Senhor leu o que escrevi e riu-se. Porque o jogo com a Rússia ia dando cabo de mim.
Conforme muitos têm afirmado, não havia necessidade para tanto sofrimento. Fernando Santos, graças a Deus, aprendera com os erros do jogo anterior e meteu os três Silvas a jogar de início: o André, o Adrien e o Bernardo. Por sua vez, Bruno Alves entrou para o lugar de José Fonte. Como tal - e também porque a Rússia tem um estilo de jogo diferente do do México - Portugal apresentou-se muito melhor que no jogo de domingo.
De tal maneira que Cristiano Ronaldo só precisou de sete minutos para marcar o primeiro golo: de cabeça, após um cruzamento perfeito de Raphael Guerreiro - que se redimia, assim, do jogo menos conseguido frente ao México.
Tem andado toda a gente a dizer que este foi o nosso primeiro golo em território russo - o que, tecnicamente, não é verdade. A menos que Kazan, onde empatámos a duas bolas, afinal, fique na Bielorrússia…
Mas percebo o que querem dizer. Voltemos ao jogo.
Golos marcados ao início são sempre traiçoeiros. A equipa em vantagem pode sentir-se tentada a acomodar-se e/ou a equipa em desvantagem, sabendo que ainda falta muito para o jogo acabar, corre atrás do empate - se não for da reviravolta. Nestas alturas, é urgente marcar um segundo golo para as coisas acalmarem.
Como o segundo golo nunca veio, as coisas nunca chegaram a acalmar até ao apito final.
Isso não foi grande problema durante a primeira parte, já que a Rússia manteve o bloco baixo e pouco atacou. Na segunda parte, a história foi diferente.
Para começar, Portugal desperdiçou várias oportunidades: uma cabeçada de André Silva, após assistência de Cédric (que, na minha nada enviesada opinião, o guarda-redes russo só defendeu por sorte); um remate de Cristiano Ronaldo, após assistência de Bernardo Silva (desta feita, foi um dos defesas russos a impedir o golo); ainda na sequência dessa jogada, um remate de longe de Cédric (o guarda-redes russo voltou a ter sorte - mais uma vez, uma opinião nada enviesada).
Com tanto golo falhado, e numa altura em que os portugueses começavam a dar de si fisicamente, os russos começaram a acreditar. O jogo acabou por se “partir”, alternando entre balizas. Naturalmente, ficámos todos com o coração nas mãos - aquilo podia ir para qualquer lado. Não que os russos tenham tido muitas oportunidades de perigo - muito graças ao trabalho defensivo dos portugueses, sobretudo da dupla imperial Pepe e Bruno.
Mas, depois do jogo com o México, não me atrevia a confiar - a qualquer momento podíamos cometer um erro.
Não me lembro de ter sofrido tanto com um jogo da Seleção desde o Europeu. Cheguei a temer que fosse desta que me dava uma coisinha má. Mas se eu tinha sobrevivido aos últimos minutos da final do Europeu, haveria de sobreviver a isto.
Em todo o caso, quando o jogo finalmente acabou, precisei de algum tempo até conseguir funcionar normalmente outra vez.
Sim, isto custou mais do que o necessário, mas não deixou de ser melhor que domingo passado. Não deixou de ser uma vitória, valendo três pontos - a primeira vitória frente à Rússia na casa deles.
Agora, vamos jogar com a Nova Zelândia. Como já contamos quatro pontos, chega-nos um empate para passarmos às meias-finais. Afirmei antes que a Nova Zelândia era a equipa mais acessível do grupo, em teoria. E a verdade é que os neozelandeses não têm feito muito para contrariar essa crença - ainda não ganharam um único jogo nesta edição da Taça das Confederações.
É certo que este género de estatísticas valem o que valem. E nem seria a primeira vez que Portugal se atrapalhava perante uma equipa de menor prestígio. Ainda assim, penso que todos concordam que Portugal é o claro favorito - mesmo com as alterações que Fernando Santos deverá fazer à equipa, mesmo que Eliseu não recupere a tempo da gripe que apanhou.
Espero, sobretudo, que o jogo de amanhã seja um pouco mais tranquilo. Até porque, se chegarmos às meias-finais, ainda nos espera muito sofrimento…
Continuem a acompanhar estas minhas neuroses aqui no blogue e na página do Facebook.
Hoje, ao meio-dia, Fernando Santos anuncia a lista de Convocados para representar Portugal no encontro particular com o Chipre, no jogo da Qualificação para o Mundial 2018 com a Letónia mas, sobretudo, na Taça das Confederações, que terá lugar na Rússia.
Esta será a primeira vez que Portugal participa na Taça . E, já que esta não tem a mesma mediatização de que gozam os Europeus e Mundiais, é possível que alguns de vocês não sabiam ao certo como funciona esta prova.
Eu passo a explicar.
A Taça das Confederações é um torneio, apadrinhado pela FIFA, que reúne as seis seleções campeãs das provas continentais, a seleção atualmente campeã do Mundo e a seleção anfitriã. Desde 2005, a Taça das Confederações têm-se realizado um ano antes de cada Mundial, no país que lhe servirá de anfitrião. Acaba por ser uma espécie de ensaio geral.
Eu mesma só descobri acerca da existência da prova em 2005 (é possível que tenha captado qualquer coisa em 2003, mas não tenho a certeza). Ainda assim, nunca lhe dei muita importância – Portugal nunca participou numa!
A única exceção ocorreu há quase quatro anos: a final da edição de 2013, entre a Espanha e o Brasil, ainda comandado com Luiz Felipe Scolari. Fiquei acordada a ver esse jogo, apesar de ter de me levantar cedo no dia seguinte.
Foi engraçado. Confesso que, um ano após as meias-finais do Euro 2012, deu-me um certo gozo ver os nuestros hermanos caindo aos pés dos nossos irmãos. Lembro-me, em particular, da fantástica defesa do David Luiz, em cima da minha de baliza – e também do facepalm de Xavi mesmo antes de o Sérgio Ramos falhar o penálti.
Tirando essa final em 2013, a prova nunca pareceu despertar grande interesse – sobretudo quando comparada com um Europeu ou Mundial. Não que outra coisa fosse de esperar quando, por norma, só uma ou duas seleções por continente se Qualificam. Consta, aliás, que será esta a primeira vez que temos três equipas do mesmo continente (ou melhor, da mesma Confederação) a participar: nós, na qualidade de Campeões Europeus; a Alemanha, na qualidade de Campeã Mundial; a Rússia, na qualidade de seleção anfitriã.
É também por esse motivo que a prova não tem tantos patrocinadores como um Europeu ou Mundial – parecendo que não, os patrocinadores fazem diferença no que toca à mediatização de uma prova. O que, por sua vez, ainda mais diminui o interesse do adepto comum. O que, por sua vez, ainda mais diminui o interesse dos patrocinadores. E por aí adiante.
Parece que, este ano, o interesse é ainda menor. Consta que os bilhetes para os jogos têm vendido pouco e ainda há direitos de transmissão televisiva dos jogos por vender (à data deste artigo da semana passada, pelo menos).
Mais grave, na minha opinião, é o facto de os próprios participantes na prova não a levarem a sério. O alemães, então, vão para a Rússia desfalcados de Manuel Neuer, Mezut Ozil e Thomas Muller – o que diminui ainda mais o interesse do adepto comum. O presidente da Federação Alemã defendeu mesmo a abolição da Taça das Confederações, apelidando a prova de “obsoleta”.
Não que este ponto de vista esteja errado. Mas a verdade é que os alemães podem dar-se ao luxo de pouparem jogadores e mesmo de defender a abolição de uma prova. Eles são tubarões do futebol mundial, têm uma sala de troféus bem preenchida, não precisam da Taça das Confederações para nada. Nós, os portugas, é que ainda somos estreantes nestas andanças de Campeões em seleção A. Se temos a oportunidade de lutar por um título para a Equipa de Todos Nós, não vamos ser ingratos.
A presença de Cristiano Ronaldo será, de resto, um dos poucos trunfos de que esta edição da Taça das Confederações dispõe. No entanto, receio que, se o fracasso que alguns preveem se confirmar, esta poderá ser a última edição do torneio.
O que significa que ganhámos o nosso primeiro título na altura certa.
Cristiano Ronaldo já veio dizer que quer ganhar a prova. Fernando Santos concorda, mas diz que a prioridade é a Qualificação para o Mundial 2018. Deu também a entender que vai encarar a Taça das Confederações como um ensaio geral para o Campeonato do Mundo, sobretudo no que toca ao ambiente e à meteorologia.
E eu não consigo evitar pensar que podíamos ter evitado muito sofrimento no Mundial 2014 se nos tivessem convidado para a Taça das Confederações do ano anterior.
Pessoalmente, não estou tão entusiasmada acerca desta prova como estaria aquando de um Europeu ou Mundial – em parte, por ser menos mediatizada. No entanto, serão sempre mais uma mão-cheia de jogos oficiais da Seleção para acompanhar, para me fazerem sofrer e sobre os quais escrever aqui no blogue.
E, claro, se der para ganhar, todos nós apreciamos. Conforme escrevi antes, não quero que Portugal seja uma One Hit Wonder. Um bom desempenho nesta prova ajudaria, aliás, a provar aos nossos detratores (ou, como se diz agora, haters) que o nosso triunfo no Euro 2016 não foi apenas sorte.
Os nossos adversários para a fase de grupos da prova foram sorteados em dezembro do ano passado. Ainda não tive a oportunidade de escrever sobre eles. A Seleção estreia-se na Taça das Confederações no dia 18 de junho, frente ao México. Portugal só defrontou esta seleção três vezes – a última vez foi num particular há três anos, em vésperas do Mundial 2014. Se bem se recordam, ganhámos por 1-0, cortesia de Bruno Alves, mesmo ao cair do pano.
Essa, no entanto, foi uma altura muito estranha para a Equipa de Todos Nós. Não dá para tirar grandes conclusões com base nela.
O México, na verdade, já conta cinco participações na Taça das Confederações, tendo sido campeão em 1999. Nesse aspeto, leva clara vantagem sobre nós. Tudo pode acontecer. Desenganem-se aqueles que pensam que vai ser fácil.
Por sua vez, os russos (contra quem jogaremos no dia 21) são já velhos conhecidos nossos. O historial que temos com eles é positivo, mas, nos três jogos contra a Rússia dos últimos cinco anos, perdemos dois – um em outubro de 2012, outro em novembro de 2015. Na condição de anfitriões, têm o fator casa do lado deles – e Portugal nunca marcou um golo que seja em território russo.
No entanto, acredito que, se os Marmanjos tiverem a cabeça no lugar, a Rússia está ao nosso alcance. O mesmo pode ser dito em relação ao México, de resto.
Por fim, no dia 24 de junho, jogamos contra a Nova Zelândia… pela primeira vez em seleções A, segundo o que li na Internet. Os neozelandeses têm várias Taças das Nações da OFC (a Confederação da Oceania) no currículo mas também o único de adversário de peso com quem disputavam os títulos era a Austrália – isto é, antes de esta se mudar para a Confederação asiática.
Tirando isso, a Nova Zelândia participou em três Taças das Confederações, sem nunca ganharem um jogo. Só se qualificaram para dois Mundiais – em 1982 e 2010 – também sem nunca ganharem. No entanto, na África do Sul, conseguiram arrancar um empate à Itália.
A Nova Zelândia será, assim, o nosso adversário mais acessível. Em teoria, pelo menos. Visto serem desconhecidos, eu teria cuidado.
Todos concordam que Portugal não se pode queixar deste sorteio, ao evitar adversários como o Chile ou a Alemanha. No entanto, isso também tinha acontecido aquando do sorteio do Euro 2016 e vejam como isso correu. Aliás, como desta feita só os dois primeiros de cada grupo passam às meias-finais, só com empates não vamos lá.
Não garanto que mantenha essa opinião nos próximos tempos, mas, por agora, estou razoavelmente confiante numa boa prestação de Portugal na Taça das Confederações. Ainda vamos ter um par de jogos antes de partirmos para a Rússia… mas sobre isso escreverei no próximo texto, já depois de conhecermos os Convocados. Ainda não sei ao certo quando conseguirei publicá-lo, mas será sempre antes do jogo com o Chipre, no dia 3 de junho.
A Taça das Confederações virá, aliás, numa altura um pouco complicada para mim. Não posso prometer que as análises aos jogos venham sempre a tempo e horas. É possível, até, que fale de dois jogos na mesma crónica.
No entanto, tão cedo não me apanharão a queixar-me de mau timing relativamente à Equipa de Todos Nós. Não depois de, no primeiro campeonato de seleções em… uma década em que tive tempo livre, termos ido para casa com a Taça.
Em todo o caso, como sempre, podem acompanhar tudo comigo na página de Facebookaqui do blogue.
No próximo sábado, dia 14 de novembro, a Seleção Portuguesa de Futebol deslocar-se-à a a Krasnodar, na Rússia, para defrontar a congénere local. Três dias mais tarde, deslocar-se-à ao Luxemburgo com o mesmo fim. Ambos os jogos serão de carácter particular, com vista à preparação do Campeonato Europeu da modalidade, que se realizará em França, no próximo verão.
Fernando Santos divulgou a Lista de Convocados para esta dupla jornada na passada sexta-feira. Conforme seria mais ou menos de esperar, esta foi uma Convocatória com muitas novidades, tanto por ausências como por estreias ou "regressos".
O Selecionador não gosta da palavra "regressos". Segundo ele, dá a entender, erradamente, que os Marmanjos em questão deixaram de fazer parte do grupo. Aparentemente, para Fernando Santos, a Seleção é um pouco como a máfia: assim que se entra, nunca mais se sai verdadeiramente. Tudo o que o Selecionador faz é gerir esse grupo alargado.
Gosto desse espírito.
Fechemos esse aparte. Por serem apenas jogos particulares, muitos nomes habituais ficaram de fora. Destaca-se Cristiano Ronaldo, naturalmente, mas também Ricardo Carvalho, Ricardo Quaresma, Éder, Danny e Tiago falharão estes jogos. Não vou mentir, da primeira vez que se falou da possibilidade de Ronaldo ser dispensado destes jogos, há algumas semanas, a minha reação imediata foi de desagrado. Cheirou-me a vedetismo. Mas pensei melhor no assunto, lembrei-me que terá sido aquando dos playoffs de há dois anos que Ronaldo contraiu aquela três vezes maldita tendinose rotuliana. Que, no Mundial 2014, toda a gente se lesionou. Por isso, não me queixei mais. Fico feliz, até, que tenham sido vários a ficar de fora, para que não acusem a Federação de tratamento preferencial a Ronaldo - e adorei a resposta de Fernando Santos a essa mesma insinuação. Oxalá que tudo isto permita aos Marmanjos chegarem ao Europeu mais ou menos em forma - até porque o Selecionador continua a dizer que quer ganhá-lo.
A outra grande vantagem da ausência dos cotas (meu Deus, quando é que o Ronaldo e o Quaresma começaram a ser considerados cotas?) é podermos apostar em jovens, como André Gomes, Bernardo Silva, João Mário, Nélson Oliveira (regressado que não representava a Seleção há muito tempo), Raphael Guerreiro e os estreantes Gonçalo Guedes, Lucas João e Ricardo Pereira. Toda a gente conhece Gonçalo Guedes (ainda que eu ainda não consiga ouvir o nome dele sem pensar nisto), o miúdo de dezoito anos (quando é que jogadores de futebol profissional começaram a ter a idade da minha irmã mais nova?) que tem-se fartado de dar cartas pelo Benfica esta época. Ainda hoje marcou um golo e foi considerado Homem do Jogo com o Boavista. Não sei muito sobre os outros dois caloiros, mas estou ansiosa por descobrir, sobretudo na forma de boas exibições nestes particulares. Quem sabe se algum destes miúdos, que agora se deverão estrear com a Camisola das Quinas, se revelará um dos heróis do Euro 2016.
Sobre os adversários destes particulares não há muito a dizer. Estiveram no nosso grupo de Qualificação para o Mundial 2014, logo, estamos mais ou menos familiarizados com eles. Acho que nunca ganhámos fora à Rússia. Da última vez que jogámos por lá, perdemos. Por seu lado, apesar de termos ganho ao Luxemburgo da última vez que jogámos em casa deles, ainda nos vimos um bocado aflitos, por incrível que pareça.
De qualquer modo, uma vez que estes jogos são apenas amigáveis, ainda por cima já integrados na preparação do Europeu, o resultado não é o mais importante. Mesmo assim, espero que os jovens, sobretudo os estreantes, agarrem a oportunidade para provarem o seu valor. Quero ver se esta nova geração de jogadores é mesmo essa Coca-Cola toda.
Para mim vai ser complicado acompanhar estes jogos. Vou de viagem aos Estados Unidos durante uma semana, apanhando estes dois jogos particulares. Isto por si só não seria grande problema - não devo ter grandes dificuldades em arranjar wi-fi e, na pior das hipóteses, dou uma de Inácio. Posso, também, procurar um sports bar - ou melhor, até poderia, se o jogo com a Rússia não fosse às cinco da tarde locais, o que, no sítio onde estarei, corresponde às... seis da manhã. O único jogo fora das 19h45 da praxe (bem, um dos poucos...) calha precisamente quando menos me dá jeito.
Porquê, FPF, porquê?!? Porque me fazem isto?!? Será que vocês, quando vão marcar jogos, perguntam-se sempre "Senhores, como poderemos fazer com que a Sofia tenha ainda mais dificuldades em acompanhar os jogos da Seleção?".
Isto, no fundo, é a minha versão de #FirstWorldProblems. Eu já perdi jogos oficiais da Seleção e não morri por isso. Estes são apenas particulares (mais do que nunca, grata por nos termos livrado dos playoffs!). Nem sequer acho que vá perder muito se, eventualmente, não conseguir ver estes jogos, sobretudo o de Luxemburgo (se este fosse às seis da manhã, ficava a dormir sem problemas). O que me chateia é que, mais uma vez, depois desta dupla jornada vamos estar quatro meses sem Seleção - quatro meses esses que incluem inúmeras datas muito mais convenientes para mim.
Este é apenas um exemplo do crónico problema de timing que a Seleção e eu temos. Outro exemplo é o facto de os campeonatos de seleções coincidirem sempre com épocas de exames.
Hei de me desenrascar. Tal como disse antes, ninguém morrerá se não conseguir ver estes particulares. Em todo o caso, precisamente por causa desta viagem, devo voltar a condensar as análises dos dois jogos numa única crónica - e esta poderá vir atrasada. Além disso, as publicações na página do Facebook durante esses dias andaram um bocadinho desfasadas.
De qualquer forma, Fernando Santos disse que, para a Seleção, o Euro 2016 começou na sexta-feira passada, aquando da Divulgação desta última Lista. Não concordo - para mim, os campeonatos de seleções começam com a Convocatória Final - mas estamos sem dúvida a abrir um capítulo novo. Se queremos mesmo ganhar o Europeu (e Fernando Santos diz que quer), temos de aproveitar todas as oportunidades - que, nesta fase, não são muitas - para trabalhar nisso. Tudo isto - os problemas de timing, os jogos pouco interessantes, as ausências dos nossos jogadores preferidos) valerá a pena, não apenas se a alma não é pequena, mas também se chegarmos a França e deixarmos uma boa impressão. Até porque, se isto fosse sempre fácil, não teria a mesma piada.
Mais um ano encontra-se à beira do fim, mais um ano encontra-se à beira do início. Como já faz parte da praxe, segue-se a revisão de 2013.
Este, depois de 2012, tornou a ser um ano de altos e baixos. Começo a perceber que esta é a regra, que 2011 foi a exceção. É pena... Bem, 2013, ao menos, teve um final feliz, esperançoso. Embora tenha começado por dar seguimento à má fase com que 2012 terminou.
O primeiro jogo do ano foi um particular com o Equador, que teve lugar no Estádio Afonso Henriques, em Guimarães. À semelhança do que aconteceu em muitos, muitos jogos dos últimos dois anos, a Seleção tinha todas as condições e mais algumas para proporcionar um bom jogo aos inúmeros adeptos que vieram ao estádio e desperdiçou-as. Para além do habitual circo publicitário, dos pedidos de moldura humana, Cristiano Ronaldo completava vinte e oito anos na véspera do jogo. Em jeito de celebração, entre outros motivos, cinco mil adeptos assistiram ao treino e cantaram os parabéns a Ronaldo.
Como é que a Seleção agradeceu? Perdendo 3-2 com o Equador.
É certo que a equipa visitante era forte, não estava ali apenas para elevar a auto-estima da seleção da casa. Chegou mesmo a Qualificar-se para o Mundial 2014. No entanto, encontrava-se perfeitamente ao alcance de Portugal. A Seleção até teve bons momentos no jogo: Ronaldo marcou o primeiro golo da Turma das Quinas do ano (mais tarde, marcaria igualmente o último); Hélder Postiga marcaria na segunda parte, colocando Portugal em vantagem durante... dois minutos. A Turma das Quinas acabou por ser vítima de si mesma com o Eduardo ficando mal na fotografia no primeiro golo, no início do jogo e, dois minutos após o golo de Postiga, com uma parvoíce do guarda-redes e de João Pereira. Depois, com Ronaldo e Postiga já fora de campo, os equatorianos marcaram pela terceira vez - e até foi um belo remate.
Apesar de este jogo ter sido (mais) uma desilusão, tinha a atenuante de ter sido apenas um particular. O verdadeiro balde de água fria veio mês e meio mais tarde, em Telavive, perante Israel. As circunstâncias, diga-se, não eram as ideiais: Nani lesionado e João Moutinho em forma duvidosa. Mesmo assim, tudo indicava que os israelitas não nos dariam grandes problemas. Estávamos enganados. Ou melhor, não foram propriamente os israelitas a dar-nos problemas. Mais uma vez, fomos nós mesmos.
Portugal até começou bem no jogo, com o Bruno Alves marcando um golo logo no primeiro minuto. Só que depois, pensando certamente que a coisa se resolveria sozinha, os portugueses entraram numa de "deixa andar". Como resultado, das três vezes que os israelitas foram à nossa baliza, marcaram. O que nos valeu foi Hélder Postiga - após ter falhado inúmeras oportunidades na primeira parte, diga-se - ter marcado no rescaldo no terceiro golo israelita, relançando a equipa. Os portugueses lá tentaram reverter a situação e lá conseguiram anular a desvantagem ao cair do pano. Tendo em conta que tínhamos estado a perder por 3-1, este empate quase pareceu uma vitória. No entanto, a exibição roçou o medíocre, as contas para o Apuramento estavam comprometidas, era o nosso quinto jogo consecutivo sem ganhar. O otimismo atingia mínimos históricos. Não me lembro de alguma vez ter estado tão furiosa com os Marmanjos como estive nessa altura. Considero, mesmo, que este foi o pior momento da Seleção em 2013.
A Seleção viajou para Baku, no Afeganistão, amputada de Cristiano Ronaldo - que vira o segundo cartão amarelo no jogo de Telavive - obrigada a ganhar. Apesar de, na teoria, o Azerbaijão pertencer a um campeonato inferior ao nosso, na prática, ainda nos vimos um bocadinho à nora para ganhar - culpa, sobretudo, do eterno problema da finalização. Acabou por ser necessário os azeris verem-se reduzidos a dez para os portugueses marcarem. Primeiro, por cortesia de Bruno Alves. Depois, de Hugo Almeida. Um jogo longe de brilhante mas, em todo o caso, a primeira vitória em mais de seis meses. Na altura, tive esperança de que isto representasse um ponto de viragem na Qualificação para o Mundial 2014. E até foi. Mais ou menos.
Seguiu-se o jogo com a Rússia, em junho. Um jogo de grau de dificuldade acima da média visto que o momento de forma da maioria dos jogadores não era o ideal, a Rússia era o nosso maior adversário na Qualificação e Portugal já não se podia dar a luxo de perder mais pontos. Visto que o jogo se realizava na Luz, fizeram-se, mais uma vez, apelos aos adeptos para que enchessem o Estádio. Não foi um jogo brilhante mas foi bem conseguido por parte dos portugueses, a equipa esteve bem, dominou o jogo. Hélder Postiga marcou o único golo.
Três dias após este jogo, a Seleção foi recebida na Croácia num jogo de carácter particular. Acabou por ser um jogo semelhante ao da Rússia: sem deslumbrar, houve boa atitude por parte da Turma das Quinas, o domínio foi português. Desta feita, foi Cristiano Ronaldo a marcar o único golo da partida. Este tornar-se-ia um caso sério em termos de golos ao longo da segunda metade do ano.
Houve um novo jogo particular a meio de agosto. Desta feita, a Seleção enfrentaria a Holanda no Estádio do Algarve. Antes disso, treinou-se no Estádio Nacional, no Jamor. Eu e a minha irmã fomos assistir ao único treino aberto e tivemos o privilégio de tirar fotografias com Miguel Veloso, Eduardo, Beto (no caso da minha irmã) e Paulo Bento.
O jogo com a Holanda não foi brilhante - até porque o número de baixas foi uma coisa parva - mas, mais uma vez, a exibição portuguesa foi convincente, sobretudo ao longo da segunda parte. Verhaegh marcou o golo holandês, aos dezasseis minutos da primeira parte. Ronaldo igualou o marcador aos oitenta e seis minutos.
Duas ou três semanas mais tarde, no início de setembro, Portugal deslocou-se a Belfast para defrontar a Irlanda do Norte. Nos dias anteriores, falou-se bastante do facto de os irlandeses terem derrotado a Rússia no mês anterior, de serem tomba-gigantes e terem gozo nisso, sobretudo quando jogavam em casa. Algo que acabou por se confirmar dentro de campo, de certa forma. Foi, aliás, um jogo muito estranho, muito por causa de um árbitro caprichoso. A primeira parte do jogo revelou-se dantesca. Bruno Alves marcou mas os irlandeses rapidamente repuseram a igualdade no marcador. Isto nem seria muito grave se, ainda antes do intervalo, Hélder Postiga não tivesse tido a ideia parva de dar uma "turrinha" a um irlandês e o árbitro não o tivesse castigado com o vermelho direto. Uma penalização exagerada, é certo, mas o gesto de Postiga fora desnecessário. Na segunda parte, sem grande surpresa, a Irlanda adiantou-se no marcador, com um golo em fora-de-jogo. As coisas começavam a ficar verdadeiramente negras para Portugal
Felizmente, estava lá Ronaldo para salvar o dia. Catalisado tanto pelo buraco em que Portugal se havia deixado cair como, certamente, pelos adeptos que gritavam por Messi, o madeirense marcou o seu primeiro hat-trick com a Camisola das Quinas. Resolveu, deste modo, o imbróglio em que o jogo se transformara e ainda ultrapassou o recorde de Eusébio.
Infelizmente, o herói de Belfast ficou indisponível para o particular com o Brasil, que se realizou em Boston, nos Estados Unidos. Eu tinha grandes expectativas para este jogo, com o reencontro com Luiz Felipe Scolari e tudo mais. Nesse aspeto, o jogo revelou-se algo anti-climático. Portugal até teve bons momentos, com destaque para o golo de Raul Meireles. No entanto, sobretudo durante a segunda parte, faltou agressividade à Equipa das Quinas - embora os brasileiros se queixassem do jogo faltoso de Bruno Alves. No final, o resultado foi 3-1 para a seleção canarinha.
Um mês mais tarde, a Seleção Portuguesa recebeu a sua congénere israelita no Estádio de Alvalade. Foi o primeiro jogo a que assisti em mais de seis anos. Mais uma vez, tínhamos uma série de ausentes: Meireles e Bruno Alves por lesão, Hélder Postiga (GRRR!!!!) e Fábio Coentrão por castigo. Mas, se conseguíssemos vencer, o segundo lugar ficaria consolidado e ainda poderíamos sonhar com o primeiro lugar - bastaria a Rússia cometer um deslize.
É claro que Portugal, eterno adepto dos caminhos mais difíceis, não soube aproveitar a oportunidade. A exibição foi fraca, os israelitas não fizeram nada para levar o jogo de vencida, passaram uma boa parte do tempo a engonhar até mesmo quando ainda se encontravam em desvantagem, depois do golo de Ricardo Costa. À semelhança do que aconteceu repetidas vezes ao longo deste Apuramento, foi Portugal a prejudicar-se a si mesmo. Desta feita, através de uma fífia de Rui Patrício. Só não considero este o pior jogo da Seleção do ano porque, mal por mal, garantiu-nos o playoff. De uma maneira extremamente amarga, contudo.
O jogo com o Luxemburgo, em Coimbra, foi quase só para cumprir calendário. A Seleção não jogo melhor do que tinha jogado contra Israel, nem precisou. Os luxemburgueses, como seria de esperar, poucas hipóteses tinham contra nós, sobretudo depois de se verem reduzidos a dez. Portugal podia ter arrecadado uma vitória bem mais expressiva mas não esteve para isso - jogo chegou a ser extremamente enfadonho em certas alturas - contentou-se com o 3-0, cortesia de Varela, Nani (pontos para a assistência de João Moutinho) e Hélder Postiga. Terminava deste modo a fase de grupos da Qualificação para o Mundial 2014, com Portugal no segundo lugar, obrigado a ir aos playoffs lutar por uma vaga no Brasil.
O sorteio para definição do adversário do playoff realizou-se cerca de duas semanas mais tarde. Quis a Sorte que defrontássemos a Suécia, primeiro em casa, depois fora. Antes dessa dupla jornada deu-se algo que, tecnicamente, não se relacionava com a Turma das Quinas mas que, na minha opinião, influenciou o seu percurso: as tristes figuras e palavras de Joseph Blatter sobre Cristiano Ronaldo.
Considero que ficámos todos em dívida para com o presidente da FIFA. Pouco após uma jornada dupla de Seleção que deixou muito a desejar, em que Ronaldo esteve algo apagado, Blatter teve o condão, não apenas de espicaçar o nosso Capitão - o Comandante - mas também de unir a massa adepta portuguesa em torno da Seleção contra um inimigo comum. O sentimento generalizado anti-Troika, anti-topo da hierarquia europeia, ajudou. Juro, se algum dia ocorrer a improbabilidade de me encontrar com Joseph Blatter, eu abraçá-lo-ei, agradecer-lhe-ei e explicar-lhe-ei porquê. E quero ver a cara com que ficará.
A primeira mão do playoff contra a Suécia realizou-se pouco mais de duas semanas depois, perante um Estádio da Luz esgotadíssimo. Conforme seria de esperar, Portugal jogou melhor do que durante a Qualificação. Também ajudou o facto de a Suécia ter jogado para o empate. O poderio físico dos suecos e o seu jogo defensivo cumpriram o seu papel até mais ou menos a meio da segunda parte - aí Cristiano Ronaldo marcou o único golo da partida, conferindo a Portugal uma importante vantagem no playoff.
A segunda mão do playoff realizou-se na Suécia. Os adeptos da casa, abençoados sejam, ainda não se tinham apercebido do nexo de causalidade entre um Ronaldo alvo de provocações e os desempenhos estratosféricos que ele tem nos jogos que se seguem - apesar de até ter havido um exemplo bem recente de tal. Ou não perceberam ou então deixaram-se levar pelo medo que tinham do Comandante. Não me admiraria se tivesse sido um misto de ambas as situações. Deste modo, os suecos fizeram tudo para destabilizar os portugueses, praticamente desde que estes deram os primeiros passos no país escandinavo. Destaque para a banda que os recebeu no aeroporto, para o animador de rádio que foi de madrugada fazer barulho para junto do hotel da Seleção Portuguesa e, claro, para a infeliz campanha da Pepsi sueca. Eu, na altura, ria-me pois os suecos não sabiam aquilo que estavam a preparar. Hoje, que sei o que aconteceu, ainda me rio mais. Eles mereceram aquilo que apanharam.
A noite do jogo em si foi uma das melhores deste ano. A minha irmã fazia anos, tivemos amigos e familiares em casa, vimos e celebrámos o jogo todos juntos. A primeira parte foi relativamente morna, relativamente equilibrada, com a exibição portuguesa a melhorar com o tempo. A segunda parte foi uma montanha russa de emoções. O primeiro golo de Ronaldo deixou-nos a todos a pensar que eram já favas contadas. Os dois golos de Ibrahimovic que se seguiram forma fruto da nossa negligência. O 2-1 ainda nos era favorável mas, pelo que se via, a coisa poderia facilmente dar para o torto. De uma maneira caricata, regressámos pela enésima vez em todo o Apuramento à fase do "Ai Jesus!". E, tal como acontecera em Belfast, teve de vir Ronaldo ao resgate, com mais dois golos que puseram um ponto final na questão.
Eu sei que, ao longo dos próximos seis, sete meses, não vai interessar mas eu espero que esta nossa campanha de Qualificação não seja esquecida tão depressa. Teve um final feliz, com contornos apoteóticos, mas podia não ter tido. Podia ter corrido muito mal. Tirando, talvez, os jogos com a Rússia, não houve um único jogo em que não nos boicotássemos a nós mesmos. Na maior parte desses jogos, bastaria não termos cometido determinados erros, termo-nos esforçado um bocadinho mais, para conquistarmos o primeiro lugar do grupo.
E não é apenas pelo primeiro ou pelo segundo lugar. Também não é bom em termos de adesão por parte dos adeptos. Ainda no mês passado, aquando dos jogos com a Suécia, ouvi um colega meu afirmar que, no que tocava á Seleção, só lhe interessam os jogos das fases finais ou dos playoffs. Os da Qualificação e os particulares eram-lhe indiferentes. Paulo Bento, uma vez, lamentou que muita gente pensasse assim e eu, há um ano o dois, criticaria atitudes semelhantes à do meu colega. No entanto, se nem os jogadores estiveram para se chatear na maior parte dos jogos de Apuramento, porque haveríamos nós de fazê-lo?
Os títulos de algumas das crónicas pós-jogo que escrevi aqui no blogue acabam por ser aplicáveis a toda a Qualificação. "Uma epopeia com contornos dantescos" e "Não havia necessidade". Aquando daquele primeiro jogo com o Luxemburgo, eu não fazia ideia de que o resto do Apuramento se desenrolaria desta maneira. Sim, eu sei que assim soube melhor, eu mesma o admiti. Mas não sei até quando seremos capazes de brincar com o fogo sem nos queimarmos a sério.
Além disso, caso a Rússia tivesse conseguido o segundo lugar, a Suécia provavelmente teria sido capaz de vencê-los no playoff. Assim, Ibrahimovic não teria ficado de fora do Mundial. É que fiquei a gostar do tipo... É arrogante mas tem piada.
Parece que o sorteio dos grupos da Qualificação para o Euro 2016 se realizará algures em Fevereiro. Consta, igualmente, que as regras do jogo vão mudar. Agora que a prova foi alargada de dezasseis a vinte e quatro participantes - ainda estou para ver como é que isso vai funcionar - os dois primeiros classificados em cada grupo Apuram-se diretamente. Os terceiros lugares, tirando o pior, disputarão o playoff. Eu devia estar satisfeita com este baixar de fasquia mas não me custa nada imaginar a Seleção, em resposta, desleixar-se ainda mais do que se desleixou neste Apuramento, contentar-se com o terceiro lugar. Aliás, agora que penso nisso, este facilitismo pode levar a uma quebra geral na qualidade dos jogos desta Qualificação, sobretudo para as grandes candidatas ao Apuramento. Não que me preocupe demasiado com isso, só quero saber de Portugal. Espero que não nos calhe um grupo fácil, dava até jeito ficarmos com uma seleção dita "grande", motivadora. De qualquer forma, o pior adversário de Portugal continuará a ser ele mesmo.
Entretanto, no início deste mês, a Sorte determinou que Portugal ficasse agrupado com a Alemanha, os Estados Unidos e o Gana no Mundial. Um grupo teoricamente mais fácil que o do Euro 2012 mas imprevisível. Todos consideram que está ao alcance de Portugal mas a Equipa de Todos Nós terá de confirmá-lo em campo.
Foi assim o ano da Seleção. Em termos pessoais, foi um ano relativamente morno: mais estável que 2012, mas não mais do que isso. Algumas das maiores alegrias deste ano, dos dias mais felizes, estiveram ligados à Turma das Quinas: a antecipação dos jogos, o rescaldo das vitórias, a visita ao Jamor em agosto, o jogo a que assisti em Alvalade, a festa de anos da minha irmã no dia da segunda mão dos playoffs. 2013 mostrou-me, aliás, que embora algumas das minhas paixões não me despertem o mesmo interesse de antigamente, a Seleção é das poucas de que não me canso. Vão fazer dez anos desde que acompanho fielmente a Turma das Quinas mas meu interesse manteve-se praticamente sempre alto. Acho que em nenhuma altura desta última década deixei de ansiar pelo jogo seguinte. Posso já não escrever aqui no blogue tão frequentemente como antes - porque perco mais tempo a preparar as entradas e muitos dos assuntos acabam sendo abordados na página do Facebook - e certos aspetos, sobretudo antes dos jogos, depois destes anos todos, tornaram-se demasiado batidos. No entanto, cada jogo em si é único. Seja ele um mata-mata de um campeonato de seleções ou um particular com uma equipa de expressão irrelevante.
É a beleza do futebol em si, aliás. Há coisa de um ano ou dois, eu não compreendia como é que as pessoas tinham paciência para acompanhar a liga portuguesa ano após ano - sobretudo durante a altura em que, invariavelmente, o F.C.Porto se sagra campeão. Hoje compreendo: porque, para além de imprevisível, de caprichoso, o futebol é uma história que nunca acaba.
Em termos pessoais, 2014 vai ser um ano bem mais empolgante, bem mais decisivo, do que 2013. Em termos de Seleção, também. Já é habitual, para mim os anos pares são os mais interessantes pois, com eles, veem os grandes campeonatos de seleções. Infelizmente, não sei se me vai ser possível acompanhar o Mundial da maneira que acompanhei o Euro 2012 - posso estar a estagiar nessa altura. Vai depender de muitos fatores mas duvido que tenha tempo para ter a página do Facebook atualizada ao minuto com todas as peripécias, como chegava a estar há ano e meio. Já o tinha dito na entrada anterior, nem sequer sei se poderei acompanhar os jogos do Mundial. No entanto, não deixarei de escrever e publicar as respetivas crónicas pós-jogo. Nem que tenha de perder refeições ou mesmo noites para tal.
Algumas das pessoas com quem tenho falado afirmam-se crentes de que 2014 será o nosso ano. Eu quero crer o mesmo, quero muito crer o mesmo, mas uma parte de mim concorda com os artigos de opinião da praxe, que afirmam que esta Seleção não se compara à de 2004 ou 2006. Por outro lado, a acontecer, a nós ganharmos um título, terá de ser em 2014. Não vou ao extremo de dizer "Agora ou nunca!" mas a verdade é que já deixamos fugir demasiadas oportunidades. A certa altura terá de deixar de ser um sonho. Que deixe de sê-lo em 2014.
Esa será uma das passas da Noite de Ano Novo - não gosto de passas mas gosto do ritual de pedir os doze desejos ou de definir os doze objetivos para o ano que começa. Sugiro que, roubando a ideia a uma campanha realizada aquando da passagem de 2005 para 2006, guardem também "uma passa para a Taça". Também desejarei, se não o fim da crise, pelo menos o início (ou a continuação) da recuperação económica. Que possamos ser campeões mundiais e que as nossas vidas melhorem no ano que vêm. A todos os meus leitores e seguidores da página do Facebook, os meus votos de um Feliz Natal e de um 2014, se não cheio de sonhos realizados, pelo menos cheio de bons momentos.
Na passada quarta-feira, dia 14 de agosto, a Seleção Portuguesa de Futebol recebeu, no Estádio do Algarve, a sua congénere holandesa, num jogo de carácter particular. Encontro que terminou com um empate a uma bola.
Como talvez tenham reparado, pouco antes do jogo, tive de publicar a entrada anterior incompleta. Isto deveu-se ao facto de a minha família ter decidido ir mais cedo de fim-de-semana prolongado, para podermos ver o jogo com a Holanda com mais calma. Por ironia do destino, contudo, apanhámos a estrada cortada por um acidente grave. Lá conseguimos arranjar um desvio mas não conseguimos chegar antes do início do jogo, pelo que tivemos de segui-lo pela rádio até ao golo da Holanda. Mesmo depois, na azáfama da chegada, não deu para acompanhar com muita atenção o resto da primeira parte do encontro. De resto, a Seleção não jogou grande coisa, pelo que não devo ter perdido muito.
E, de facto, a exibição da Seleção pareceu-me boa durante a segunda parte, apesar da habitual e exasperante falta de eficácia. Como disse a minha mãe, que viu o jogo comigo e com a minha irmã, os portugueses até conseguiam levar a bola até à grande área holandesa, o problema era mesmo enfiá-la na baliza. O Cristiano Ronaldo, como já vai sendo hábito, era dos que mais empurravam a equipa para a frente mas eu destacaria, também, João Pereira, que cumpria a sua vigésima quinta internacionalização. A minha mãe ficou particularmente impressionada com ele, sobretudo quando o víamos nos confrontos com os holandeses, a sua baixa estatura contrastando com o tamanho dos adversários, mas não o impedindo de ganhar o controlo da bola.
Não foi, de resto, o único a jogar bem, na quarta-feira. Também o Miguel Veloso e o Luís Neto não estiveram mal (ainda que a defesa tenha ficado mal na fotografia quando do golo holandês), o último revelando-se merecedor da inesperada titularidade, que roubou o lugar a Bruno Alves, dando uma saudável dor de cabeça a Paulo Bento. E mesmo o Beto, coitado, não teve medo de levar com um holandês em cima aquando de uma defesa.
Perto do fim, numa altura em que já estava conformada, ainda que algo insatisfeita, com a derrota - afinal de contas, a Argentina venceu-nos em 2011, o que em nada manchou a boa fase que a Seleção atravessava nessa altura - surgiu o golo de Cristiano Ronaldo, que recompensou um Estádio do Algarve, senão com lotação esgotada, pelo menos com lotação recorde. Já muitos apostavam que ele fizesse um golo, frente a um freguês a quem já marcara três vezes. Fica, deste modo, a apenas um golo de igualar Eusébio. A continuar assim, nos próximos jogos ultrapassará o Rei e, quem sabe, dentro de um ano terá já ultrapassado Pedro Pauleta. Como li n'"A Bola", pela sua vaidade e teimosia, Ronaldo só parará quando mais ninguém duvidar da sua entrega aquando dos jogos da Equipa de Todos Nós.
Acabou por ser um jogo pouco amigável, sob vários pontos de vista, seja por os portugueses o terem levado mais a sério do que levaram outros particulares (o que não surpreende, tendo em conta o peso motivador do adversário), seja pela tensão entre as duas equipas. O selecionador holandês Louis Van Gaal queixou-se do árbitro mas, com toda a franqueza, não notei nenhum favorecimento para com nenhuma das equipas. Acabou por ocorrer aquilo em que apostava: um empate sem golos e uma exibição consistente, ainda que longe de brilhante, que ajudasse Paulo Bento a tirar ilações. A ausência de titulares habituais pode servir de desculpa para as debilidade que não deixámos de apresentar. Talvez haja quem não estivesse à espera de uma laranja tão amarga mas, de qualquer forma, não foi o suficiente para os holandeses nos vencerem pela primeira vez em mais de dez anos. Fica, assim, a doçura da continuidade de uma sina que nos é favorável.
Ainda mais doce que o empate frente à Holanda, foi a surpreendente derrota da Rússia aos pés da Irlanda do Norte. Durante o relato radiofónico, o Nuno Matos, o Joaquim Rita e outro locutor cujo nome não me recordo admitiam que aceitariam de bom grado uma derrota de Portugal, mesmo uma goleada, aos pés da Holanda, se em troca a Rússia perdesse. Eu exigiria, pelo menos, uma boa exibição portuguesa, mesmo assim... Felizmente, o destino foi-nos mais generoso do que isso: Portugal jogou relativamente bem, empatando com a Holanda, e a Irlanda do Norte venceu a Rússia. Continuamos em primeiro lugar. Claro que não convém perder de vista a segunda posição, que só depende de nós, mas é animador pensar que basta a Rússia perder apenas um ponto para acabarmos o Apuramento em primeiro. Isto se também fizermos a nossa parte, obviamente.
Confesso que seria, no mínimo, estranho uma eventual Qualificação direta. Fizemos uma excelente recuperação durante o Apuramento para o Euro 2012 após o caso Queiroz e, mesmo assim, tivemos de ir aos playoffs. Nesta fase, contudo, ficámos para trás por mero desleixo, mas ainda podemos Qualificarmo-nos em primeiro lugar... Não parece justo. É um daqueles paradoxos do futebol. Além disso, eu sentiria falta da emoção dos playoffs, até porque a minha irmãzinha faz anos no dia de um deles e, caso fosse disputado na Luz ou em Alvalade, quereríamos ir... Mas não nego que seria um alívio se, por uma vez, conseguíssemos garantir um lugar no Brasil já eu outubro, sem mais drama.
Por outro laod, tal como Paulo Bento e outros jogadores assinalaram. há que salientar o facto de a Irlanda do Norte ter sido capaz de empatar connosco e vencer os russos. Às tantas, ao contrário do que eu pensava, não foi apenas por desleixo que empatámos no Dragão. Às tantas, os irlandeses até são bons! Já há dois anos mencionei AQUI que a Irlanda do Norte é daquelas equipas que, não tendo nada a perder, dão tudo o que têm dentro de campo. Não sei até que ponto a Rússia jogou mal mas consta que os irlandeses entraram em campo precisamente com a atitude que descrevi: em vez que estacionarem o autocarro em frente da baliza, atacaram sem medo e, no fim, venceram.
Não sei se repetirão a atitude quando os visitarmos em Belfast, no próximo mês. Em teoria, uma equipa mais atacante, menos passiva, do que é o seu hábito será menos perigosa. No entanto, a Seleção costuma ter dificuldades perante equipas que estacionam o autocarro à frente da baliza, tendo em conta, sobretudo, a nossa crónica falta de eficácia. Às tantas, talvez nos desse mais jeito se os irlandeses se preocupassem mais em atacar, descurando, deste modo, a defesa...
Aquilo de que todos temos a certeza é de que será um jogo a levar muito a sério. Um dos objetivos deste particular terá sido, aliás, familiarizar os Marmanjos com este nível de seriedade. Terá de ser, caso queiramos estar no Mundial do Brasil. Este jogo voltou a provar, ainda, que Portugal tem a capacidade de se bater de igual para igual com equipas deste calibre. Assim, será um enorme desperdício, não apenas para nós mas para o futebol em geral, os portugueses ficarem de fora do Campeonato do Mundo. O jogo com a Irlanda do Norte é mais uma final que temos de vencer. E não falta muito...
Só espero que, nessa altura, tenhamos bem menos jogadores de baixa. Porque, sinceramente, isto foi ridículo...