No passado dia 4 de junho, a Seleção Portuguesa de Futebol venceu a sua congénere finlandesa por quatro bolas contra duas, no Estádio de Alvalade. Quatro dias depois, foi derrotada pela sua congénere croata por duas bolas contra uma, no Estádio Nacional, no Jamor. Finalmente, três dias mais tarde, a Seleção venceu a sua congénere irlandesa por três bolas sem resposta.
Todos estes jogos foram de carácter amigável. E hoje estreia-se no Euro 2024 perante a Chéquia.
Como já tinha referido no texto anterior, estive em dois destes três amigáveis: os dois que tiveram lugar na zona de Lisboa, ambos muito diferentes em termos de acessos.
O primeiro, contra a Finlândia, foi tranquilo. Como estava de folga nessa tarde e ia sozinha, não estava condicionada, pude ir cedo para o estádio. Tive tempo para comprar um boné – o vermelho, da nova coleção. Andava há mais de uma década à espera que lançassem um boné oficial de que gostasse.
Pelo menos é essa a desculpa que dou a mim mesma pelo dinheiro que gastei. Não foi uma compra por impulso, era algo que desejava há muito tempo.
Deu também para acompanhar a animação pré-jogo. Até consegui escrever um bocadinho no meu lugar, enquanto esperava pelo início do jogo. Este foi o melhor lugar que consegui em anos: na central, com boa vista para ambas as balizas. A única desvantagem foi ter ficado ao Sol antes do início do jogo.
Algo que, mesmo assim, aceitei de bom grado. Já não é a primeira vez que o digo: adoro ver jogos de futebol à luz do dia. Sobretudo em dias tão bonitos como aquele.
O Estádio não estava cheio, mas estava bom ambiente. Fiquei sentada ao lado de uma menina de cerca de quatro anos e do pai dela. Pela maneira como o pai passou uma grande parte do jogo explicando à filha as regras do futebol – o bê-á-bá do desporto, por exemplo, “o objetivo é enfiar a bola na baliza do adversário” – calculo que aquela tenha sido o primeiro jogo da menina ao vivo, quiçá um dos primeiros jogos de futebol que ela viu.
Foi amoroso. Recordou-me de quando eu mesma era pequena e fazia perguntas ao meu pai enquanto ele via futebol na televisão. Além de que sempre gostei de crianças e, ainda por cima, tenho uma sobrinha que deverá nascer nas próximas semanas (durante o Europeu… como se eu precisasse de mais emoções, sobretudo se nos mantivermos em prova durante muito tempo). Já me imaginei levando-a a jogos e/ou falando-lhe de futebol, contando-lhe histórias de feitos anteriores da Seleção. Eu mesma respondi a uma ou outra pergunta da menina ao meu lado – teria respondido a mais, mas não estava à vontade para isso.
Quanto ao jogo em si, foi uma exibição agradável – melhor do que estava à espera para um particular no terceiro dia de estágio. Algo que me chamou a atenção foi a altura dos finlandeses – mais ou menos o dobro da altura dos portugueses. Aliás, saiu um artigo há pouco tempo dizendo que Portugal é a segunda Seleção com menor média de alturas neste Europeu. Poucos dos nossos conseguiam competir.
Por outro lado, talvez seja eu que estou a ficar velha, mas por estes dias metade da Seleção parece tão novinha! O João Neves, o Francisco Conceição… eu podia ter andado com eles ao colo! E eles têm cara disso!
Não surpreendeu que o primeiro golo, aos dezassete minutos, tivesse vindo de Rúben Dias, um dos mais altos. Vitinha bateu um canto e assistiu diretamente para a cabeça do central. Depois dessa, em cima do intervalo, Francisco Conceição foi derrubado na área, o árbitro marcou penálti e Diogo Jota converteu.
Para a segunda parte, Martinez trocou metade da equipa – algo que fazia sentido em termos de gestão física, mas que mesmo assim achei estranho. Em todo o caso, depressa o marcador se dilatou ainda mais, cortesia de Bruno Fernandes. A jogada começou em Diogo Dalot e passou por Gonçalo Ramos. Mas a assistência foi de Francisco Conceição para Bruno rematar de fora da área. Lembro-me de uma altura, há uns anos, em que a minha irmã se queixava da suposta mania de Bruno rematar de fora da área.
Mal sabíamos nós que ele se tornaria um dos melhores da Seleção Portuguesa.
Infelizmente, íamos deixando a coisa descambar: o finlandês Pukki marcou dois golos em cinco minutos. Felizmente, Bruno tornou a intervir para dilatar de novo a vantagem. Nova assistência de Conceição, que enganou dois finlandeses e Bruno nem sequer precisou de rematar com muita força. Ficou feito o resultado.
No fim, sentia-me satisfeita, mesmo com todos os senãos e atenuantes. Choviam elogios a Francisco Conceição – ou Chico Conceição, como toda a gente lhe chama – um dos melhores em campo. Também fiquei contente com o miúdo, mas não lhe quero elevar demasiado a fasquia. Não seria a primeira vez que um jovem mostrava potencial nos jogos particulares antes de uma grande competição – para, depois, não conseguir corresponder na hora da verdade.
Mas espero que o Chico continue a crescer na Equipa de Todos Nós. Se a grande explosão não acontecer neste Europeu, que aconteça num futuro próximo.
O particular seguinte não foi tão tranquilo: nem o jogo em si nem a viagem de ida e volta. Vim com uma amiga, mas cada uma trouxe o seu próprio carro… um erro. Até saí de casa relativamente cedo e mesmo assim apanhei os acessos ao estádio completamente entupidos. Demorei eternidades a estacionar, num lugar muito questionável: a margem de um percurso pedonal num parque nas redondezas.
E mesmo assim consegui chegar cedo ao meu lugar no estádio, ainda durante o aquecimento. A minha amiga, que saiu de casa mais tarde (apesar de eu a ter avisado para vir cedo), só se conseguiu juntar a mim na bancada já a primeira parte ia adiantada.
Ainda mais difícil foi o trânsito para sair do estádio. Demorei à vontade uma hora só para sair das redondezas do Jamor. Não foi tão stressante quanto poderia ter sido – tive o bom senso de comer e ir à casa de banho no estádio (não que recomenda esta última parte…) e não estava com pressa.
Ainda assim, talvez tivesse sido melhor ir de comboio. O que também não seria fácil, penso eu – até porque houve concerto das bandas dos Morangos com Açúcar nessa mesma noite, no Passeio Marítimo de Algés.
Nesse aspeto, os Estádios da Luz e de Alvalade são bem mais práticos, com melhores acessos. Eu então consigo ir a pé para ambos a partir da casa dos meus pais.
Dito isto… estou contente pela oportunidade de ver um jogo no Jamor. É místico, é lindo. E o ambiente esteve tão bom durante o jogo, mesmo que este em si não tenha sido grande coisa. Estava com medo de que chovesse durante o jogo – tinha chovido nessa manhã – mas não chegou a acontecer. Aliás, o sol até espreitou durante a segunda parte, dando uma nova luminosidade ao Jamor.
De facto, a certa altura, a meio da segunda parte, dei por mim a sentir o momento. Estava ali, num Estádio Nacional cheio, repleto de gente vestida de verde e vermelho, vendo a Seleção a jogar. Há poucos cenários mais belos do que aquele.
Mas falemos do jogo em si – a parte menos boa dessa tarde. Exibição muito fraquinha, sobretudo na primeira parte. A Croácia marcou cedo, conversão de um penálti que dizem questionável (como não foi do meu lado, não consegui ver bem eu mesma). Não se pode dizer, no entanto, que o resultado era injusto. Portugal ia atacando sem grande intensidade – Gonçalo Ramos e João Félix pareceram-me particularmente desinspirados naquela tarde.
A segunda parte correu melhor, depois de nova mini-evolução ao intervalo. Conseguimos empatar o jogo logo nos primeiros minutos da segunda parte: Nélson Semedo assistiu para o remate certeiro de Diogo Jota. Fico contente por o Diogo ter assinado dois golos nestes jogos, depois de ter passado tanto tempo lesionado.
Ainda tive esperanças de que conseguíssemos dar a volta ao resultado, ou de que pelo menos mantivéssemos o empate. Mas os croatas chegaram de novo à vantagem, numa das poucas oportunidades que tiveram. A bola foi à trave e, na recarga, Budimir marcou de cabeça.
Nunca mais conseguimos sair desta. A certa altura, o público começou a cantar por Cristiano Ronaldo. Eu mesma me juntei ao coro – sabe-se lá quantas mais ocasiões teremos para isso. Não tenho a certeza do que é que o motivou. Se foi uma continuação dos aplausos antes do jogo, sempre que ele aparecia em campo durante o aquecimento. Se o povo pura e simplesmente queria vê-lo a jogar. Ou se esperavam que Ronaldo entrasse e salvasse a honra do convento, como tantas vezes antes. Talvez tenha sido uma mistura das três hipóteses.
Claro que Martínez não ia pôr Ronaldo a jogar só porque estávamos a perder um jogo amigável. O Capitão tinha-se juntado à concentração poucos dias antes e, como jogador geriátrico, é preciso cuidado com a gestão da sua forma.
E também há muita hipocrisia. Tão depressa se diz que Ronaldo está a mais, que a Seleção joga melhor sem ele, como começamos literalmente a clamar por ele assim que as coisas começam a correr mal.
Suspeito que esta última parte irá acontecer muito quando Ronaldo se reformar.
Em todo o caso, o Capitão teve oportunidade de ser herói no jogo seguinte: o particular perante a República da Irlanda, no Estádio de Aveiro. Desta feita não estive lá – aliás, estive a trabalhar durante a primeira parte. Foi uma tarde tão agitada no trabalho que cheguei a esquecer-me que havia jogo da Seleção (estou a perder qualidades). Consegui dar uma espreitadela ao resultado quando já estava 1-0, mais nada – e já aí pensei que 1-0 era pouco.
E de facto consta que a Irlanda esteve muito fechada à defesa e foi preciso algum esforço para abrir o marcador, num lance de bola parada. Um canto batido à maneira curta e assistência de Bruno Fernandes para o belo remate de João Félix.
Ainda houve ocasião para Ronaldo bater um livre – depois de essencialmente dizer a si mesmo “Tu bates bem” – que infelizmente chocou com a trave.
Felizmente consegui ver a segunda parte, que todos garantem que foi melhor – e eu de facto achei agradável. Logo aos cinco minutos, após uma assistência teleguiada típica de Rúben Neves, Ronaldo marcou aquele que muitos consideram um dos melhores golos dele pela Seleção. Cerca de dez minutos depois, veio o segundo, após assistência de Diogo Jota. E ficou feito o resultado.
E hoje estreamo-nos no Europeu, perante a Chéquia. Tenho gostado imenso de ver imagens da Seleção sendo paparicada em Marienfeld. Imensas recordações do Mundial 2006, tal como previ. Gosto em particular das histórias de pessoas que eram bebés há dezoito anos, quando estiveram com a Seleção, e agora são jovens adultos.
Espero que não lhes faltem oportunidades para estarem com a Equipa de Todos Nós nas próximas semanas.
Estes particulares não mudaram radicalmente a minha opinião sobre as nossas hipóteses neste Europeu. Continuo mais otimista que nas últimas ocasiões – o que mesmo assim não é muito muito. Não acho que somos os maiores porque vencemos a Finlândia e a Irlanda, nem acho que deixamos de ser candidatos por termos perdido contra a Croácia.
Dito isto, não fiquei muito descansada com Martínez e alguns dos jogadores desvalorizaram a derrota no Jamor. Naquela fase, um bocadinho de dramatização seria saudável – quando havia tempo para fazer as correções necessárias.
Claro que era apenas conversa. Nada me garante que eles não estavam mais preocupados do que deram a entender e que não agiram de acordo nesta última semana e picos.
Parte de mim quer manter as expectativas baixas. Outra parte, no entanto, vê conversas como esta, de Ronaldo, e pensa: meias-finais é pouco. Quero chegar à final.
Diria que o mínimo aceitável são mesmo as meias-finais. Posso eventualmente mudar de ideias, dependendo da maneira como correr a fase de grupos – e concordo com Martínez quando diz que a Seleção irá continuar a crescer e que atingirá o nível máximo depois da fase de grupos. A verdade é que estou farta de ver esta geração desperdiçar oportunidade atrás de oportunidade. Já chega! Quero voltar a ganhar um título!
Mas pronto. Como sempre, falar é fácil, escrever é fácil. Quando a bola começar a rolar, logo à noite, é que a história começará a ser escrita, é que saberemos qual é o nosso verdadeiro valor.
Venha então o jogo com a Chéquia. Força Portugal! Vamos a eles!
No passado dia 11 de novembro, a Seleção Portuguesa de Futebol venceu a sua congénere andorrana por sete bolas sem resposta, em jogo de carácter particular. Três dias depois, a Seleção Portuguesa perdeu contra a sua congénere francesa pela margem mínima, ficando assim afastada da final four da Liga das Nações. Três dias depois desse jogo, a Seleção venceu a sua congénere croata por três bolas contra duas.
Bem, lá se vai um dos nossos dois únicos títulos.
Comecemos pelo início. Nesta jornada tripla saiu-me a fava no que toca a horários de trabalho: saí às oito da noite nos dias dos dois jogos que decorreram durante a semana. Como na jornada tripla anterior saí sempre a tempo de ver os jogos – e como os dois jogos em questão foram pouco interessantes – não foi grave.
No dia do jogo com a Andorra, tive o duplo “azar” de a minha mãe fazer anos e irmos jantar fora (éramos apenas quatro e todos do mesmo agregado familiar). No caminho, ou seja durante a primeira parte, fui ouvindo o relato na rádio. O restaurante, infelizmente, não tinha televisão. Ainda liguei o meu telemóvel no RTP Play, mas mal olhava para ele. Acabei por desligá-lo, pois estava a ficar sem bateria e estava mais interessada na refeição e na conversa. Ou seja, mal acompanhei o jogo.
Aparentemente não perdi nada por aí além. O onze inicial foi muito diferente do que fora a regra nos jogos anteriores. Uma das melhores coisas deste jogo foi o facto de os dois estreantes, tanto em Convocatórias como em internacionalizações, terem marcado. Parece que isso não acontecia há mais de cinquenta anos. Pedro Neto, o mais novinho, abriu o marcador depois de uma bonita jogada. Paulinho bisou – marcou em ambas as partes do jogo.
Só na segunda parte é que entraram titulares habituais, como Cristiano Ronaldo, João Félix, Diogo Jota. Segundo dizem, Ronaldo estava impaciente por marcar – não admira, ele quer atingir o recorde de Ali Dalei – e os colegas tentaram ajudá-lo. Neste tipo de jogos, que não contam para nada, não faz mal. É mais uma prova do bom ambiente entre os Marmanjos. Além disso, lembro-me de, algures em 2004, num jogo contra o Luxemburgo, Ronaldo devia ter marcado um penálti mas ofereceu-o a Pedro Pauleta, que na altura estava atrás do recorde de Eusébio.
Infelizmente Ronaldo devia estar menos inspirado que o costume. Só marcou um golo. Foi melhor assim, para que ninguém diga que ele só marca a equipas pequenas. Ele há de chegar lá, mais cedo ou mais tarde.
Não me arrependo de não ter visto o jogo como deve ser. Eram os anos da minha mãe e, se havia jogo que se podia não ver era este. Fernando Santos nem sequer queria disputá-lo. À hora desta publicação, provavelmente só os estreantes Pedro Neto, Paulinho e Domingos Duarte se recordam dele.
Dito isto, não consegui deixar de ter pena por não ter visto este jogo. Se a Seleção joga, mesmo a feijões, mesmo perante equipas como a Andorra, eu quero ver. Mas às vezes não dá.
Suponho que agora tenha de escrever sobre o jogo com a França. Lá terá de ser. Não sei se alguma vez o referi aqui, mas custa-me mais escrever sobre jogos que correm mal do que sobre jogos que correm bem. Foi o que aconteceu com este.
Antes de mais nada, em defesa dos Marmanjos… sabíamos que ia ser difícil. Eu mesma o referi na habitual nota pré-jogo na página de Facebook deste blogue. Era a França! Como tenho dito várias vezes aqui no blogue, era a atual Campeã do Mundo e uma das nossas maiores bestas negras.
Aliás, para não estar sempre a escrever o mesmo, vou passar a escrever apenas, passe a expressão, “a motherfucking França. Por favor, considerem que a parte dos Campeões do Mundo e bestas negras ficam implícitos no “motherfucking”. Já devia ter adotado esta expressão há mais tempo…
Dizia eu que era a motherfucking França e que sabíamos que era uma tarefa hercúlea. Ainda assim, acho que estávamos todos à espera de um bocadinho mais, sobretudo depois de até termos feito um bom jogo em Paris.
Já aí vamos.
Na primeira parte quase só deu França. Portugal parecia incapaz de segurar a bola. Muitos acusaram a Seleção de ter jogado à defesa, “para o empate”, mas pode-se sequer dizê-lo quando os franceses chegavam à nossa grande área sem dificuldade nenhuma?
Ia-nos valendo Rui Patrício, imperial como já nos habituou há anos. Numa das primeiras defesas que ele fez, por exemplo, a um remate de Anthony Martial isolado por Antoine Griezmann, eu já dava o golo como marcado. Numa das últimas da segunda parte, também a uma iniciativa de Martial, Patrício acabou mesmo lesionado numa zona sensível (a minha irmã disse mesmo “Ficou infértil”).
Aparentemente, ao intervalo Fernando Santos considerava o zero-zero um bom resultado, tendo em conta o que se sucedera na primeira parte. Não estava errado… mas não havia grandes motivos para festejos, na minha opinião. Todas as belas defesas de Rui Patrício resultaram de confrontos de um para um, avançado versus guarda-redes, que deviam ter sido evitados pelos outros jogadores. Patrício não podia fazer tudo sozinho.
Teríamos defendido melhor com Pepe? A minha opinião vale o que vale, mas acho que sim. No entanto, Pepe vai a caminho dos trinta e oito, a médio/longo prazo não é viável estarmos sempre dependentes dele.
Não posso, assim, dizer que o golo sofrido ao início da segunda parte (apesar de até termos reentrado bem depois do intervalo) tenha sido uma surpresa. Quem anda à chuva molha-se – e, parecendo que não, Rui Patrício é humano.
Portugal passou o resto do jogo a correr atrás do resultado. Fernando Santos, não tendo já nada a perder, colocou a carne toda no assador: Diogo Jota, Trincão, Paulinho… João Moutinho entrou muito bem. Até pareceu que Portugal estava a dominar, finalmente acordado para a vida… mas a França já tinha tirado o pé do acelerador, soube ser fria e defender o resultado. O marcador não se alterou até ao final do jogo.
A França foi melhor. É tão simples quanto isso. Podíamos ter feito melhor? É difícil avaliar. Nas redes sociais acusaram a Seleção de jogar à defesa, para o empate – levando Fernando Santos a responder à letra. Vários comentadores, como António Tadeia, defendem que o problema estava no meio-campo, sem comparação com o francês. Provavelmente têm razão.
Eu ainda assim (e, uma vez mais, a minha opinião vale o que vale) acho que, mesmo que tivéssemos feito tudo bem, dificilmente teríamos ganho. Talvez conseguíssemos o empate a zeros… A França não é Campeã do Mundo por acaso.
Havemos de regressar ao jogo com a França. O jogo com a Croácia, três dias depois, era suposto ser um jogo para o orgulho, para provar que o que acontecera no sábado fora apenas um deslize. Fernando Santos veio com essa conversa na antevisão do jogo e Rúben Dias, que o acompanhou, afinou pelo mesmo diapasão.
Por aquilo que fez no jogo, acredito que Rúben estava a ser sincero. Mas, apesar da vitória, não sei se este jogo ajudou a limpar a imagem deixada três dias antes.
Tal como já tinha dito, no dia do jogo saí do trabalho às oito, logo, só consegui acompanhar a primeira parte (e, mesmo assim, não toda) pela rádio. Só houveram golos portugueses na segunda parte, quando eu já tinha acesso a uma televisão, o que foi simpático. Por outro lado, segundo o Record, o relato dos golos por José Pedro Pinto, da Antena 1, impressionou os jornalistas croatas – o que me deixou com pena se não ter podido ouvir.
Diz que os portugueses até não entraram mal na partida, se bem que com pouca agressividade. O mau estado do relvado não ajudou. Acabou por ser a Croácia a chegar à vantagem, perto da meia hora de jogo. O Rúben Semedo tentou cortar um passe na grande área, falhou, deixando Mario Palasic assistir para Mateo Kovacic. Rui Patrício ainda defendeu o primeiro remate, mas na recarga não pôde fazer nada.
Em defesa de Semedo, ele não foi o único a cometer fífias destas neste jogo.
A segunda parte começou melhor para Portugal – sobretudo quando Rog foi expulso e a Croácia se viu reduzida a dez. Ronaldo cobrou o livre resultante dessa falta. O guarda-redes Livakovic fez uma defesa incompleta. Rúben Semedo tomou controlo da bola e assistiu para Rúben Dias, que se estreou a marcar pela Seleção.
Portugal acabaria por chegar à vantagem com um golo que, noutras circunstâncias, teria sido anulado – Diogo Jota ajeitou a bola com a mão antes de assistir para João Félix. Porque é que não há VAR na fase de grupos da Liga das Nações? A tecnologia já não é nova, está disponível em praticamente todas as competições, qual é a lógica de deixá-la de fora? Se eu estivesse do lado dos croatas – e, para ser justa, se eles estivessem mais dependentes do resultado para não descer de divisão – estaria fula.
De qualquer forma, os croatas não ficaram em desvantagem durante muito tempo. Kovacic tornou a marcar, numa jogada em que, uma vez mais, a defesa portuguesa ficou mal na fotografia.
Felizmente conseguimos regressar à vantagem, mesmo ao cair do pano, num lance caricato. Na sequência de um canto nosso, Livakovic conseguiu agarrar a bola mas deixou-a cair depois de chocar com um colega de equipa. Rúben Dias agarrou a oportunidade e bisou.
Consta que esta foi a primeira vez em vinte e um anos que um central bisa pela Seleção – o que me surpreendeu, pois até temos tido vários centrais marcando golos nos últimos anos. O Bruno Alves teve uma fase bastante goleadora. Antes disto, era capaz de jurar que houve pelo menos uma ocasião em que ele bisou. Pelos vistos estava enganada.
Espero que o Rúben Dias dê os mesmos passos que Bruno Alves e Pepe. Neste momento é apenas um jovem, fazendo os primeiros jogos pela Seleção, marcando os primeiros golos. Mas, se tudo correr bem, daqui a uns anos será um líder.
Em suma, longe de deixar uma melhor imagem em relação ao jogo anterior, este encontro teve a qualidade exibicional de um particular. Destaquem-se os erros defensivos de ambas as equipas.
Não é dramático, atenção. O jogo valia pouco, sempre era a atual vice-campeã do Mundo (com todas as atenuantes) e, se é para cometer erros, para marcar e sofrer golos ilegais, que seja em jogos com este.
Ainda assim, depois da conversa de Fernando Santos e Rúben Dias na véspera, estava à espera de mais. O Selecionador esteve, aliás, invulgarmente crítico depois do jogo. Ninguém percebeu a parte do “jogar bonitinho”, mas percebe-se se o desagrado dele foi por nem todos os Marmanjos terem levado o jogo a sério.
Eu também não gostei. Por outro lado, não vou dizer que não compreendo, ou mesmo que não fizesse o mesmo no lugar dos jogadores. Era o último jogo de uma jornada tripla, que não contava para nada, após uma viagem longa, num terreno mais indicado para plantar batatas do que para jogar futebol. Vinham de uma derrota desmoralizadora. Por fim, por estes dias, já quase toda a gente se esqueceu deste jogo.
Em suma, um Marmanjo não é de ferro. Não acho que se justifique censurá-los por esta (a história é diferente com o jogo com a França). Parece-me também que, se não fosse o jogo anterior, Fernando Santos não teria sido tão duro. O Selecionador desejava ter um treino no dia seguinte, poder continuar o trabalho com a Seleção. Não dá – os próximos jogos serão daqui a quatro meses. Nessa altura já muito terá mudado, a atitude será completamente diferente.
Não vou mentir, esta jornada tripla soube-me a pouco. Depois de ter passado a crónica anterior enchendo vários jogadores portugueses de elogios… Não me orgulho disso, mas por estes dias, quando os Marmanjos se saem bem e marcam golos pelos seus clubes, sinto-me um bocadinho ciumenta, aziada por termos visto muito pouco disso nos jogos da Seleção.
A derrota perante a França foi uma desilusão. Roubou-nos a possibilidade de defender o título. Ninguém gosta de fracassar – muito menos uma Seleção que não falhava fases finais desde que a minha irmã nasceu, há vinte e três anos.
É certo que estes são moldes muito diferentes de uma qualificação para um Europeu ou Mundial. Temos um grupo de seleções teoricamente ao mesmo nível que nós, em vez de haver uma estratificação. Só quatro seleções é que passam. Na primeira edição tivemos a vida facilitada, num grupo com apenas dois adversários. Agora calhou-nos a motherfucking França.
A parte mais dura é que, ao contrário do que quase acontece em todos os apuramentos para Mundiais ou Europeus, não se pode dizer que tenha sido um fracasso por auto-sabotagem. Até ao jogo com a França estávamos a fazer tudo bem nesta fase de grupos, até mesmo nos particulares. Bastou um jogo mau para ir tudo por água abaixo.
É duro mas não é dramático. Ao contrário do que as redes sociais deram a entender, não passámos de bestiais a bestas de um dia para o outro. E, tal como Fernando Santos apontou, é impressionante a maneira como, há um par de anos, estava toda a gente nas tintas para a Liga das Nações mas, agora, toda a gente quer a cabeça do Selecionador.
É um fracasso, um fracasso doloroso. Temos de perceber o que correu mal, de aprender com os erros – até porque vamos voltar a cruzar-nos com os nossos amigos franceses em breve. Mas esta não é a altura para colocar tudo em causa.
Eu pelo menos não vou colocar tudo em causa. Vocês sabem que tenho um viés favorável às Quinas, costumo ter boa vontade para com a Seleção. Mas já a acompanho há muitos anos e, sinceramente, já passámos por bem pior. Estou desiludida mas não é isto que me tira o sono – muito menos no ano da desgraça de 2020!
Agora só temos jogos da Seleção daqui a quatro meses, conforme já tinha referido antes. Confesso que me custa um bocadinho – parece que foi ainda há pouco tempo que a Equipa de Todos Nós regressou após meses e meses e, agora, fica outra vez em pausa.
Serão os primeiros jogos da Qualificação para o Mundial 2022 (meu Deus, já estamos de olhos no Mundial do Qatar!). O sorteio dos grupos realiza-se no dia 7 de dezembro. Não quero especular sobre esse sorteio – só espero que não seja um grupo demasiado fácil. É nesses que a coisa dá para o torto.
Como este ano só houveram jogos no outono, não vou escrever a habitual retrospetiva de fim de ano. O que escreveria? O melhor do ano? A fase de grupos da Liga das Nações estava a correr bem até ter corrido mal? O pior? Por onde começar? O adiamento do Europeu? O Ronaldo apanhando Covid e toda a gente com medo de um surto na Seleção? O fracasso aos pés da França?
Não, não vale a pena.
O pior é que isto significa que este blogue também vai ficar em pausa durante estes quatro meses. Disso tenho pena. Mas pode ser que, quando nos encontrarmos de novo, as coisas estejam melhores que agoa. Pode ser que já estejam a dar uma vacina para o Coronavírus (eu acho que as previsões atuais são demasiado otimistas, no entanto) ou, pelo menos, que os jogos tenham público outra vez – estou convencida de que o jogo com a França nos teria corrido melhor se nós, os adeptos, tivéssemos estado lá.
Assim, deixo já os meus votos de boas festas e boas entradas em 2021 – dentro do possível com a pandemia. Cuidem de vocês mesmos, usem máscaras, lavem as mãos, respeitem as ordens de confinamento. Vão visitando a página do Facebook daqui do blogue. Saúde, ânimo (incluindo para mim mesma). Até à próxima!
No passado domingo, dia 11 de outubro, a Seleção Portuguesa de Futebol empatou sem golos contra a sua congénere francesa, em jogo que decorreu no Stade de France, em Paris. Três dias depois, a Seleção venceu a sua congénere sueca por três bolas sem resposta.
Antes de falarmos sobre os jogos, receio que tenhamos de falar sobre o Coronavírus, que pelo menos para mim arruinou esta jornada tripla. Bem, na verdade tem arruinado a vida de toda a gente este ano, de múltiplas maneiras. Este foi apenas mais um exemplo. Isto numa fase em que eu pensava que estávamos preparados, que sabíamos com que contar, que já estaríamos capazes de evitar baldes de água fria. Mas não.
Na véspera do jogo com a Suécia, Cristiano Ronaldo acusou positivo no rotineiro teste à Covid. Reagi um bocado mal à notícia – o Ricardo Araújo Pereira deixou-me com as orelhas a arder um bocadinho, no seu monólogo de abertura no domingo passado (Ah, doença cruel! Oh, maleita inclemente!).
Não que tenha ficado muito preocupada com a saúde de Ronaldo – ele é jovem, é saudável, aparentemente tem estado assintomático. Na pior das hipóteses, batam na madeira, ele tem dinheiro para pagar tratamentos de luxo, semelhantes aos que o execrável presidente dos Estados Unidos recebeu. Eu até alinhei nas piadas que se fizeram na altura – embora mais na onda de rir para não chorar.
Vou desde já admitir a minha hipocrisia: isto só se tornou um problema a sério para mim quando foi Cristiano Ronaldo a acusar positivo – não me preocupei tanto quando José Fonte e Anthony Lopes acusaram, dias antes. É inútil negá-lo, Ronaldo tem um mediatismo que nenhum dos outros tem – e provavelmente nunca terão.
Por outro lado, isto aconteceu uma semana depois do início da concentração.Aquilo que mais me afligiu foi o facto de, de repente, quase tudo o que Ronaldo no seio da Seleção, teve de ser questionado, assinalado como possível risco de contágio. A foto que ele tirou com Pepe e Sergio Ramos, depois do jogo com a Espanha, aludindo aos anos em que foram colegas no Real Madrid; o momento com Kylian Mbappé, seu admirador, a troca de camisolas com o jovem Eduardo Camavinga; a fotografia da Seleção à mesa do jantar. Bolas, só o facto de ter treinado e jogado futebol sem máscara.
Fernando Santos garante que não foi durante a concentração que Ronaldo contraiu o vírus – mas o Selecionador, com o devido respeito, não é uma autoridade de saúde. De qualquer forma, independentemente do momento em que se contaminou, se Ronaldo deu positivo, é possível que já carregasse o vírus há uns dias, correndo o risco de o ter passado aos colegas. Colegas esses que, depois desta jornada tripla, regressaram aos seus clubes, às suas famílias. Toda uma cadeia de transmissão que pode ter começado na Equipa de Todos Nós.
Como é que acham que eu me senti ao saber que um compromisso da Seleção, uma das coisas que mais alegria traz à minha vida, pode ter servido de foco de infeção? Quase que mais valia a Turma das Quinas ter continuado em hiato. Se os Marmanjos não podiam festejar um golo sem que eu receasse que se estavam a contaminar uns aos outros, para quê?
Não culpo os jogadores. Acredito quando dizem que tem cumprido os protocolos todos o melhor que podem. E, que diabo, segundo Fernando Santos fizeram sete testes ao Covid em uma semana (um momento de silêncio pelas suas fossas nasais). Não sei se os protocolos definidos em junho, quando o futebol recomeçou, ainda estão em vigor mas, se estiverem, os jogadores praticamente só saem de casa para os treinos e jogos. Que mais podem fazer?
À hora desta publicação, tanto quanto sei, mais nenhum Marmanjo acusou positivo à Covid 19. Nem nenhum jogador francês, sueco ou espanhol, nem mesmo Mbappé ou Sergio Ramos ou Camavinga. Pode ser que Ronaldo não tenha contaminado ninguém. Não há nada que possamos fazer agora. Mais vale falarmos sobre os jogos.
No dia do jogo com a França, cheguei a casa um bocadinho tarde. Quando liguei a televisão, já tinham decorrido os primeiros minutos da partida. Rúben Dias já contava um cartão amarelo, aparentemente após uma cotovelada a Olivier Giroud. O jogador francês ficou a sangrar e tiveram de lhe ligar a cabeça.
Havia necessidade disto tão cedo no jogo? Acho que não. Um árbitro mais duro teria mostrado logo o vermelho, o que ia estragar-nos o jogo por completo. Mas tenho de confessar, depois de Dimitri Payet nem sequer ter levado falta quando lesionou o Ronaldo na final de Paris, c’est le karma. O Giroud individualmente não teve culpa, coitado, mas é bem feita para a seleção francesa em geral.
Parece que, em relação aos franceses, vou ser sempre algo mesquinha. O facto de lhes termos roubado o título de Campeões Europeus não foi suficiente. Em minha defesa, os franceses continuam igualmente mesquinhos: vejam-se as notas que a France Football deu aos Marmanjos.
Mas estou a desviar-me.
À parte esse pormenor, foi um jogo muito equilibrado. Caricatamente equilibrado, como se pode ver no meme acima. Na primeira parte, Portugal esteve por cima – muito graças ao excelente trabalho dos nossos médios, sobretudo de William Carvalho e Danilo. William, então, foi uma das estrelas desta jornada tripla.
Ainda assim, não dispusemos de muitas oportunidades. Tivemos um lance caricato em que, após um belo passe, Bernardo Silva tentou esticar-se mas acabou por cair com espalhafato. Houve também uma oportunidade de Bruno Fernandes, de Cristiano Ronaldo (boa intervenção de Lucas Hernandez) e pouco mais.
Na segunda parte, os franceses entraram mais afoitos. Desta feita, os nossos médios tiveram mais dificuldade em contê-los – em parte por causa do cansaço. O jogo tornou-se mais partido, menos seguro. Ainda assim, mesmo tomando mais as rédeas da partida, os franceses nunca obrigaram Rui Patrício a esmerar-se, tirando um momento ou outro.
Por seu lado, Fernando Santos lançou Diogo Jota e Francisco Trincão, a ver se não ficávamos pelo empate. Não resultou, infelizmente. Pepe até conseguiu enfiar a bola na baliza, na sequência de um livre. Ainda festejei, mas o golo foi anulado por fora-de-jogo.
O marcador permaneceu por abrir até ao apito final. Tínhamos vindo a dizer, nos dias anteriores, que um empate não seria um mau resultado – e de facto não o foi. Afinal de contas, era uma das melhores seleções do Mundo e um adversário tradicionalmente difícil para nós.
Ao mesmo tempo, empatámos perante uma das melhores seleções do Mundo e um adversário tradicionalmente difícil para nós… e mesmo assim Fernando Santos queria mais. Queixou-se que os jogadores de ambas as equipas foram “demasiado cautelosos”... mas quem pode censurá-los? Éramos nós contra os Campeões do Mundo e nossas maiores bestas negras. Eram eles contra os Campeões da Europa e Liga das Nações e que já lhes tinham causado dissabores.
Além disso, é possível que, tivéssemos sido menos cuidadosos, corrríamos o risco de sofrermos golos, o que não era desejável.
Depois do jogo, toda a gente fez a piada de que faltou o Éder para repetir o feito do 10 de julho. A brincar a brincar, eu até concordo, faltou o Éder. Não o jogador em si, antes aquilo que ele representou na final de Paris: a estrelinha, aquele rasgo inesperado de inspiração, de talento, para marcar o golo da vitória (não confundir com sorte). Ronaldo fá-lo inúmeras vezes, mas podia ter vindo de qualquer um.
Desta vez não deu.
Cheguei a ter medo de que esta jornada tripla terminasse sem que a Seleção marcasse um golo. Felizmente, o jogo com a Suécia deu-nos ocasiões para matar essa sede.
Portugal entrou em jogo com a “pica” toda – fazendo lembrar um pouco a Espanha, uma semana antes. Tivemos oportunidades logo aos primeiros minutos, uma de Diogo Jota (que substituiu Ronaldo), outra de William Carvalho (já disse aqui que o William foi espetacular nestes jogos?). Finalmente, aos vinte minutos, Bruno Fernandes isolou Jota, este driblou um pouco e assistiu para o golo de Bernardo Silva.
Estava aberto o marcador – e a Seleção pôde festejar este golo com público!
Apesar da entrada em grande de Portugal, a Suécia não se deixou dominar. Pelo contrário, este foi um jogo muito partido, atípico para o estilo de Fernando Santos. Conforme mencionaram aqui na vizinhança, os suecos esticaram o campo em vez de encolhê-lo. Portugal nunca conseguiu ter o jogo controlado por completo.
Felizmente, a Seleção conseguiu não sofrer golos – uma vez mais, graças ao trabalho de Rui Patrício (um dos melhores guarda-redes do Mundo), Danilo e Pepe. Este último está numa fase excelente apesar a idade. É o mestre da defesa portuguesa – e Rúben Dias, que combina muito bem com ele, é o seu aprendiz, talvez o seu sucessor.
Eram Pepe, Patrício e Danilo brilhando atrás, era Diogo Jota brilhando à frente. Poucos minutos antes do intervalo, João Cancelo fez um passe espetacular, como que guiado por GPS. A bola encontrou Jota cara a cara com a baliza e o miúdo não desperdiçou.
As coisas não mudaram muito na segunda parte. Aos sessenta e sete minutos, Bruno Fernandes recuperou a bola, arrancou em direção ao meio-campo da Suécia, isolou João Félix à entrada da área, só o guarda-redes à sua frente. Infelizmente, o miúdo deve ter-se enervado e rematou por cima.
Pobre Félix. Ainda não está lá.
Finalmente, dez minutos depois, Jota fez quase tudo sozinho no último golo. O passe foi de William, Jota conduziu a bola para dentro da grande área, indiferente aos quatro suecos lá, e rematou para as redes.
Muito entusiasmada com este miúdo. Se se mantiver no caminho certo e tiver sorte, será um grande jogador.
Ficou feito o resultado. Talvez demasiado dilatado para um jogo em que Portugal nunca teve mão no jogo por completo. Não é grave. O que interessa são os três pontos e os golos numerosos, que poderão vir a da jeito em caso de empate pontual com a França, mais à frente.
Se não fossem todos os problemas causados pelo Coronavírus, hoje estaria muito feliz com o momento atual da Seleção. A Equipa de Todos Nós não fez um único jogo mau nesta edição da Liga das Nações, mesmo com adversários deste calibre. O longo hiato pode ter feito bem à Seleção – nos últimos jogos antes da pausa, tinhamos concluído uma Qualificação para o Euro 2020 com dificuldade, deixando muito a desejar. Depois disso, eu não esperava um desempenho tão consistente nesta prova.
Ou então, é a nossa mania de jogarmos melhor perante equipas difíceis. Nesse sentido, a Liga das Nações é uma competição à nossa medida (mesmo que muito boa gente como Arsène Wegner não lhe ache piada). Não admira que tenhamos sido os primeiros vencedores.
Neste momento, sobramos nós e a França na luta pela passagem às meias-finais. A maneira menos stressante de carimbarmos o passaporte é vencendo os franceses no próximo mês, em casa. Uma tarefa difícil em qualquer circunstância. No entanto, acredito que a Seleção atual, da maneira como tem jogado, é a melhor preparada para este desafio.
Falaremos melhor sobre isso na altura.
Esperemos que Ronaldo elimine o vírus depressa e que mais ninguém na Seleção se contamine. Obrigada por lerem. Tenham cuidado convosco, para não se virem na mesma situação. Continuem a acompanhar a Equipa de Todos Nós comigo, quer aqui no blogue, quer na sua página de Facebook.
Na próxima sexta-feira, dia 23 de março, a Seleção Portuguesa de Futebol enfrenta a sua congénere egípcia no Stade Letzigrund, em Zurique, na Suíça. Três dias mais tarde, enfrentará a sua congénere holandesa, no Stade de Geneve, em Genebra, também na Suíça. Ambos serão jogos de carácter particular.
Fernando Santos Divulgou os Convocados para esta dupla jornada de amigáveis na passada quinta-feira, dia 15. A principal novidade é a estreia do central do Benfica, Rúben Dias – um jovem de vinte anos, que poderá rejuvenescer um setor cheio de trintões. Um deles, por sinal, é Rolando, que foi Chamado pela primeira vez desde 2014. Pepe está lesionado, mas Bruno Alves e José Fonte voltaram a ser Convocados.
O que acho um bocadinho estranho, confesso – sobretudo o segundo, que foi jogar para a China. Não valeria a pena chamar outro jovem, como Ricardo Ferreira por exemplo?
Fernando Santos, contudo, não parece preocupado com a idade. No seu estilo habitual disse mesmo: “Velhos são os trapos. Não tenho jogadores velhos cá. Eu não me sinto velho e tenho 63 anos, quanto mais alguém com 34 ou 35.”
Enfim, ele lá saberá.
Infelizmente, o Rúben sofreu um toque no jogo entre o Benfica e o Feirense, ontem, e teve de ser substituído. Consta que não será nada de grave, mas não dá para ter a certeza. À hora desta publicação, ainda não se sabe se ele terá de falhar estes particulares. Façamos figas para que não tenha.
Se tiver mesmo de falhar, que o anunciem depois de publicar este texto, para eu não ter de reescrever os parágrafos anteriores…
Não há muito mais a assinalar sobre esta Convocatória – era mais ou menos o que eu esperava. Fernando Santos diz que, nesta, estará “setenta por cento daquela que será a lista final. Se juntarmos esta à de novembro, então sim, diria que estamos muito próximos.” Não deveremos ter grandes surpresas em maio (deverão anunciar a 14 ou 15).
Segundo Fernando Santos, os adversários desta dupla jornada foram escolhidos por terem semelhanças com os novos adversários da fase de grupos do Mundial. O Egito, para começar, terá sido escolhido para simular o jogo com Marrocos.
Uma das semelhanças entre os marroquinos e os faraós (congnome da seleção egípcia) é o facto de… quase nunca termos jogado contra eles, antes. Houve um jogo em 1955, em que ganhámos 4-0, mas isso foi há mais de sessenta anos. Para além desse, só houve mais um, em agosto de 2005. Ganhámos 2-0, golos de Fernando Meira e Hélder Postiga… mas, apesar de já seguir a Seleção nessa altura, não me lembro de nada desse jogo. E vocês sabem que eu tenho boa memória para estas coisas.
O jogo não deve ter sido muito interessante.
Outra semelhança entre o Egito e Marrocos é o facto de ambos se terem Qualificado para o Mundial pela primeira vez em muito tempo – vinte e oito anos (a minha idade) no caso dos faraós. Segundo este artigo, os egípcios também parecem jogar muito à defesa, raramente sofrendo mais do que um golo. Tal como referi antes, um género de estratégia perante o qual os portugas não costumam dar-se muito bem.
É uma boa ideia usarmos um destes particulares para trabalharmos nesse aspeto.
Por essa lógica, a Holanda foi escolhida por ser parecida com a Espanha? Não sei, é possível que hajam semelhanças táticas entre as duas seleções. Os seus historiais perante nós, no entanto, não podiam ser mais diferentes. À Espanha só ganhámos uma vez em jogos oficiais, mas, como dizia Luíz Felipe Scolari, a Holanda é nossa freguesa. A nossa vitória mais recente perante eles foi no Euro 2012. Um ano mais tarde empataríamos com eles num particular.
Como se isso não bastasse, a Holanda não atravessa uma boa fase, como é do conhecimento geral. Não esteve no Euro 2016 e também não vai estar no Mundial 2018. Não estou à espera que nos coloquem muitas dificuldades, portanto. Mas nunca é boa ideia subestimar o adversário – os franceses que o digam!
Ao contrário de outros anos pares, nesta altura do campeonato ainda não tenho pensado por aí além acerca do Mundial. Não existe nenhum motivo especial para isso tirando, talvez, o facto de andar ocupada com outras coisas. Talvez me sinta mais entusiasmada quando faltar menos tempo e começar a trabalhar a sério nos textos que quero publicar em maio – hei de falar melhor sobre eles depois destes jogos.
Por outro lado, as coisas no futebol, sobretudo cá em Portugal, andam… esquisitas. Às vezes vou comentando uma ou outra notícia na página, mas na maior parte do tempo marimbo-me para o que se passa. Sinceramente, tenho mais que fazer.
Dito isto, talvez faça bem ao futebol português que o campeonato pare por duas semanas – a ver se os ânimos acalmam um bocadinho.
Tirando isso, bem como a possibilidade de ver a Seleção reunida e a jogar de novo, aqui entre nós, já não acho muita piada a jogos particulares como estes. Quando escrevo sobre eles, sobretudo crónicas pré-jogo como esta, faço-o quase em piloto automático – passadas semanas, esqueço-me de uma boa parte do que escrevi. Aconteceu com os jogos de novembro, tenho medo que aconteça o mesmo com estes.
A verdade é que, nove em cada dez casos, particulares como estes são irrelevantes – ao fim de dez dias, já toda a gente se esqueceu deles. É por estas e por outras que dou graças pela Liga das Nações – por diminuir o número de amigáveis secantes e por alterar os calendários habituais das seleções. Será menos provável voltar a sentir-me desgastada com o blogue, como aconteceu antes.
Enfim, como julgo ter dito antes em circunstâncias parecidas, se tudo isto ajudar a Seleção a ter um bom desempenho no Mundial, não me importo. Nesta altura, estou ansiosa pelo início da concentração, por ver os Marmanjos juntos de novo – por uma amostra daquilo de nos espera a partir de meados de maio.
Ainda não sei se escreverei sobre os dois jogos numa única crónica. Nesta jornada dupla, queria tentar escrever um texto para cada um deles. Não garanto que consiga fazê-lo – ou que não decida que o jogo com o Egito não foi assim tão interessante para ter uma entrada dedicada só a ele. Já sabem como sou. Mas quero tentar, pelo menos.
Em todo o caso, já sabem, sigam a minha página para atualizações sobre os meus planos para o blogue, bem como para notícias e comentários rápidos sobre a Seleção e o futebol em geral. Obrigada pela vossa visita.