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O Meu Clube É a Seleção!

Mulher de muitas paixões, a Seleção Nacional é uma delas.

Seleção 2019

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Primeira publicação de 2020! Bom ano, pessoal! Como o costume, eis o meu balanço anual no que toca à Seleção Portuguesa. E, como também já é costume, publicado em meados, já perto de finais de janeiro. Agradeço a vossa compreensão, nem sempre tenho tempo para escrever, sobretudo durante as festas. Aquilo que, antes, eram exceções, já começaram a ser regras, receio.

 

2019 foi um ano… engraçado, como veremos de seguida. Como tem acontecido com os últimos apanhados anuais, vamos escolher o melhor e o pior do ano. Assim, sem mais delongas, comecemos por...

 

O pior

 

 

  • Qualificação bem sucedida mas desnecessariamente complicada

 

 

Se forem ler a retrospetiva de 2018, verão que me queixei da constituição do nsso grupo de Apuramento. Cito-me a mim mesma: “Espero que tenham aproveitado a fase de grupos da Liga das Nações e que, depois, aproveitem a final four. Vai ser toda a excitação a que termos direito até, pelo menos, ao fim de 2019.”

 

Ai Sofia, Sofia…

 

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Em minha defesa, a “excitação” deste Apuramento é o tipo errado de excitação, de adrenalina. Uma coisa é a adrenalina de, como no nosso grupo do Euro 2020, jogar com equipas grandes, de poderio igual ou superior a nós. Outra coisa é a adrenalina de quem deu tiros no próprio pé e, agora, está a tentar chegar à meta ao pé-coxinho. 

 

Eu mesma referi nesse texto que era possível que nos atrapalhássemos neste grupo – são muitos anos, meus amigos! Hoje vejo que, ainda assim, subestimei um pouco a Ucrânia. No entanto, não estava à espera que corresse desta forma. Podíamos, e devíamos, ter feito mais.

 

Os disparates começaram logo na primeira jornada. Começam sempre. É certo que íamos defrontar logo os nossos dois principais adversários na corrida pelo primeiro lugar. Mesmo assim, vínhamos moralizados após um bom desempenho na fase de grupos da Liga das Nações. O Capitão vestia a Camisola das Quinas pela primeira vez desde o Mundial 2018. Disputaríamos os dois jogos na Luz, o nosso estádio-talismã.

 

Tínhamos tudo para a jornada correr bem. Ou pelo menos para correr melhor do que correu. Como disse antes, em retrospetiva, a Ucrânia saiu-se melhor do que se estava à espera, logo, o tropeção perante eles é mais ou menos aceitável. Mais ou menos.

 

O jogo com a Sérvia, no entanto, devia ter corrido melhor, sobretudo depois de termos perdido pontos três dias antes. Não vou ser hipócrita, tivemos azar – um penálti contra nós aos seis minutos de jogo, a lesão de Ronaldo – e erros do árbitro, admitidos pelo próprio, que afetaram o resultado. Mas também faltou agressividade, faltou entendimento para contrariar esses fatores, para de facto lutar pela vitória.

 

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Cinco meses e uma final four depois, a Qualificação recomeçou. Nos três jogos que se seguiram, a Seleção cumpriu o seu dever, mesmo não fazendo exibições por aí além. Mas depois veio o jogo de Kiev

 

Uma vez mais, admito que seria difícil em qualquer circunstância – da única outra vez em que tínhamos jogado em terras ucranianas também tínhamos perdido. Mesmo assim, acho que devíamos ter jogado melhor. Sofremos dois golos por falhas defensivas logo na primeira hora de jogo e nunca mais conseguimos recuperar. 

 

É certo que acabámos por conseguir a Qualificação via segundo lugar, na última jornada. Reconheço que, de certa forma, é um privilégio incluir um Apuramento bem sucedido no pior do ano. Há uma geração atrás daríamos tudo por uma Qualificação assim. E não me interpretem mal, estou muito feliz e orgulhosa por não me lembrar da última vez que falhámos um campeonato de seleções.

 

No entanto, na conjuntura atual da Seleção, sendo nós os atuais Campeões Europeus e os Campeões da Liga das Nações, com a qualidade dos nossos jogadores, não devíamos ter tido tantas dificuldades, esperava-se mais. Devíamos ter feito melhor. Devíamos ter-nos Qualificado em primeiro. 

 

Com isto tudo, por muito que goste de dizer que os resultados dos sorteios estão exclusivamente nas mãos do Destino ou de entidades equivalentes, desta feita só nos podemos culpar a nós mesmos. Se nos tivéssemos Apurado em primeiro, teríamos evitado o pote 3, logo, teríamos evitado um grupo com a Alemanha e a França (um rápido aparte para agradecer o destaque à minha crónica sobre o sorteio). 

 

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É difícil prever como Portugal se sairá no Europeu, tendo calhado neste grupo. No entanto, uma coisa é certa: jogando como se jogou durante a Qualificação, não iremos longe. Em suma, para 2020, sobretudo para o Europeu, vamos querer mais (menos ais, menos ais, menos ais…).

 

O melhor

 

 

  • A conquista da Liga das Nações

 

 

Em 2019, realizou-se a primeira final four da Liga das Nações. Dos quatro semifinalistas, Portugal era o único interessado em albergar o torneio e assim o fez – no Porto e em Guimarães. A Seleção Portuguesa, no entanto, acabaria por disputar ambos os jogos no Estádio do Dragão: a meia-final e a final.

 

O primeiro, a meia-final frente à Suíça, não foi um jogo por aí além. Valeu-nos Ronaldo, como tantas outras vezes. Perto do fim do jogo, do nada, marcou dois golos e arrumou a questão.

 

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A final foi diferente. Eu estive lá, com a minha irmãzinha. Apesar do stress para chegar ao Estádio, como descrevi na altura, foi uma das noites mais felizes de 2019. 

 

A Seleção fez um dos seus melhores jogos dos últimos anos. A equipa em quase perfeita sintonia, em contraste com… bem, quase todos os outros jogos em 2019. Tirando na posse de bola, a Holanda não se conseguiu impôr, tirando na posse de bola. O único golo da partida foi marcado em cima dos sessenta minutos por Gonçalo Guedes, numa jogada que começou em Raphael Guerreiro e passou por Bernardo Silva, que assistiu de primeira para o golo.

 

Depois do jogo e da cerimónia da entrega da Taça, eu, a minha irmã e restantes adeptos fomos para os Aliados festejar e esperar pela Seleção. Esta seria recebida na Câmara Municipal do Porto e juntar-se-ia a nós, brevemente, na festa.

 

Foi apenas o nosso título em Seleções A – que, a propósito, valeu a Fernando Santos o prémio de melhor Selecionador de futebol do mundo em 2019,  atribuído pela Federação Internacional de História e Estatística do Futebol. 

 

Hoje, no entanto, falam pouco sobre a conquista da Liga das Nações. Sou capaz de apostar que, menos de vinte e quatro horas após a final, já ninguém falava sobre o jogo, já todos tinham seguido com as suas vidas. Mesmo eu, até certo ponto. Como escrevi na altura, é uma prova recente, sem o prestígio de um Europeu ou Mundial. É possível que pelo menos metade das seleções participantes não a tenham levado a sério. Pode ser que isso mude no futuro. 

 

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Há algumas semanas, em entrevista, Fernando Santos argumentou que a UEFA devia oferecer mais incentivos para as equipas investirem na Liga das Nações. Como, por exemplo, oferecer lugares no Europeu ou Mundial seguinte. Talvez os quatro semi-finalistas ou apenas o vencedor?

 

Eu por um lado concordo… por outro, não sei se fará sentido. Afinal de contas, um dos objetivos da Liga das Nações é aumentar o número de jogos oficiais, competitivos, reduzir aqueles jogos amigáveis que, na maior parte dos casos, não interessam à maior parte do público. Se houverem equipas ganhando lugares em campeonatos de Seleções um ano antes dos mesmos (se não for um ano e meio), eu assumo que os restantes jogos do Apuramento (se não for o Apuramento todo) passem a ser amigáveis. Isso não iria contra a intenção da Liga das Nações?

 

É certo que estou a assumir que seriam apenas quatro equipas no máximo. Espero que limitem mesmo esses benefícios a quatro equipas, senão, mais vale cancelarem as fases de Apuramento.

 

Enfim. A UEFA há de avaliar a situação. 

 

Antes de falarmos melhor sobre 2020, queria olhar para trás durante mais alguns parágrafos. Para além de termos mudado de ano, mudámos de década. Muitos por aí têm aproveitado a ocasião para fazer um balanço dos anos 10. Confesso que para mim não faz muito sentido. Conforme já escrevi no meu outro blogue, uma década é demasiado tempo. É difícil encontrar aspetos que se tenham mantido consistentes ao longo de dez anos. 

 

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Veja-se a Seleção, por exemplo. Imensos altos e baixos, alguns mesmo muito altos, alguns mesmo muito baixos – curiosamente, muitos dos altos coincidiram com Europeus e muitos dos baixos coincidiram com Mundiais. A segunda metade da década foi bastante melhor que a primeira – culminando com os nossos primeiros dois títulos em Seleção A. 

 

Fernando Santos é um dos responsáveis, claro, mas não me esqueço do trabalho da Federação com as camadas jovens, da Cidade do Futebol (embora eu tenha saudades dos treinos abertos no Jamor), das diversas escolas de formação dos clubes. 

 

No início dos anos 10 estávamos numa fase estranha. Tínhamo-nos Apurado para o Mundial 2010, ainda que com um desempenho que deixou muito a desejar. Carlos Queiroz era o Selecionador. Já se ouviam alguns rumores de tensão no seio das Quinas. Passávamos por um período de transição, em que ainda sobravam alguns jogadores da geração que brilhou no Euro 2004 e no Mundial 2006 mas, por exemplo, Deco já estava com um pé de fora. Vários outros sairiam daí a uns meses, quando a batata quente explodiu (isto é, quando rebentou o caso Queiroz). 

 

Hoje, no fim da década de 2010, início da década de 2020, estamos muito melhor. Dois títulos no currículo, como referi acima, vários talentos vestindo a Camisola das Quinas, jogadores leais ao atual Selecionador, como dá para ver no vídeo abaixo. 

 

 

Estamos longe de perfeitos e tenho-me fartado de comentá-lo aqui no blogue. Veja-se só: no mesmo ano em que ganhámos um título, vimo-nos um bocadinho gregos para nos Qualificarmos. Mesmo passados estes anos todos, ainda não me habituei à nossa bipolaridade. No entanto, já estivemos bem pior – tento fazer por não me esquecer disso.

 

Olhemos agora para 2020. Queria falar sobre a segunda edição da Liga das Nações, que começa em Setembro. Como vencedor da prova, Portugal continua na Liga A, naturalmente. Esta Liga, aliás, foi alargada a dezasseis equipas – as que deviam descer à Liga B terão uma segunda oportunidade para provar que merecem estar entre os melhores. 

 

Esta fase de grupos será, assim, mais complicada que a última. Em parte porque, desta feita, vamos de certeza apanhar três equipas em vez de apenas duas. Para além disso, é provável que pelo menos algumas dessas equipas sejam tubarões, outra vez – fazendo figas para que a Sorte seja mais simpática connosco do que foi com os grupos do Euro 2020. 

 

Vamos ter de nos aplicar. Até porque esta é outra prova em que defendemos o título. Talvez ainda não seja desta que as outras seleções a levarão a sério, mas pouco importa. Melhor para nós se mais ninguém quiser lutar pelo título. Acho que não falta espaço na sala dos troféus da Cidade do Futebol. 

 

Entre isto e o Europeu, 2020 vai ser um ano intenso, emocionante. Temos os dois únicos títulos que ganhámos para defender. O nosso ano vai começar devagar, provavelmente com dois particulares em março, na mesma altura dos play-offs do Euro. A meio de maio sairá a Convocatória – e depois todo o ritual bem conhecido de preparação de um campeonato de Seleções. 

 

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Como o costume, mal posso esperar. 

 

Penso que já tinha dado a entender antes que tenho planos para escrever um texto diferente do habitual aqui no blogue. Vou tentar publicá-lo algures em fevereiro, inícios de março máximo dos máximos). Entretanto, como sempre, enquanto esperamos por mais aventuras e desventuras da Equipa de Todos Nós, entretenham-se comigo na página do Facebook daqui do estaminé. 

Stress até ao fim

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Na passada quinta-feira, dia 14 de novembro, a Seleção Portuguesa de Futebol venceu a sua congénere lituana por seis bolas sem resposta. Três dias mais tarde, deslocou-se ao Luxemburgo onde venceu a sua congénere local por duas bolas também sem resposta. Com estes resultados, a Seleção ficou em segundo lugar no grupo B do Apuramento para o Europeu de 2020, conseguindo a Qualificação direta.

 

No que toca ao jogo com a Lituânia, aconteceu uma coisa engraçada. Quem acompanhe a página de Facebook de apoio a este blogue saberá que costumo deixar uma pequena mensagem de antecipação cerca de meia hora antes do início de cada jogo. Mais tarde ao intervalo – nem sempre – costumo deixar uma mensagem ainda mais curta, fazendo o ponto da situação. 

 

Neste jogo, os Marmanjos fizeram tudo o que lhes “pedi” em ambas as mensagens. Na primeira, referi que esperava que chegassem depressa ao 2-0. Costuma-se pedir para chegar depressa ao 1-0, mas, se formos a ver, no outro jogo com a Lituânia, em casa deles, marcámos cedo mas consentimos o empate. 

 

A Seleção cumpriu. Não vi a primeira parte porque, mais uma vez, saí do trabalho às oito. Soube do primeiro golo por conversão de penálti através do Twitter no meu telemóvel. Quando cheguei ao meu carro e liguei o relato soube que estava a ser um início de jogo avassalador para Portugal, com oportunidades atrás de oportunidades. De Cristiano Ronaldo, Gonçalo Paciência (consta que ele falhou uma de caras), Bernardo Silva, Mário Rui… 

 

Ronaldo acabaria por marcar de novo, assistido por Paciência que recebera a bola de um simpático jogador lituano. Quando mais tarde cheguei a casa e vi a repetição fiquei de queixo caído com aquela bomba. 

 

 

Chegámos, assim, ao 2-0 pouco após os vinte minutos de jogo, tal como eu “pedira”. Podíamos estar já a ganhar por mais nessa altura. O ritmo abrandou durante o resto da segunda parte, mas mantivemos o jogo controlado. 

 

Na mensagem que deixei ao intervalo, quando já estava em casa, desejei que houvessem mais golos na segunda parte – para eu poder ver na televisão e, já agora, para termos uma goleada como já não tínhamos há algum tempo. 

 

A Seleção cumpriu, mais uma vez. Poucos minutos após o início da segunda parte, Bruno Fernandes assiste para Pizzi. Este remata de um ângulo apertado, a bola bate na trave e no poste mas cruza a linha de baliza. Para além de ser bonito ver dois rivais clubísticos colaborando num golo pela Seleção, Pizzi provou que a sua titularidade não foi um erro. Foi uma bela jogada. 

 

Poucos minutos depois, Bernardo Silva rematou de fora da área. O guarda-redes Setkus defendeu para a frente, Gonçalo Paciência aproveitou a ocasião para se estrear a marcar pelas Quinas. 

 

Depois da assistência, foi a vez de o próprio Bernardo assinar um golo: depois de algumas trocas de bola com Ricardo Pereira, rematou sem dificuldade para as redes. Setkus não pôde fazer nada.

 

O marcador foi encerrado pela mesma pessoa que o abriu: Ronaldo. Foi mais uma vez Bernardo a assistir, depois de ter roubado a bola à defesa lituana. Ronaldo até pareceu surpreendido pela bola durante um segundo, mas logo marcou o golo como se nada fosse. 

 

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Bernardo Silva seria substituído pouco depois. Se precisássemos de uma prova da sua importância para a Seleção, os golos pararam e o ritmo abrandou depois da sua saída – ainda que Portugal tenha continuado por cima. Bernardo esteve em todo o lado neste jogo, como Deus, contribuiu para pelo menos metade dos golos. Já não é a primeira vez que o digo e duvido que seja a última: o miúdo é já o número dois da Seleção, o Príncipe das Quinas, como disseram no Record, tão insubstituível como Ronaldo ou Rui Patrício. Todos os elogios são insuficientes.

 

Por sua vez, Cristiano Ronaldo aguentou-se em campo até aos oitenta e três minutos. Segundo os comentadores, de tanto em tanto tempo durante a segunda parte, Fernando Santos perguntava-lhe se ele estava bem, se queria continuar a jogar. Comunicação: um ingrediente essencial a uma relação saudável. Ronaldo ia fazendo questão de jogar, mas lá aceitou sair uns minutos antes do fim, para a ovação. 

 

Dias mais tarde, já concluída a dupla jornada, Ronaldo admitiria que se sacrificara, que alinhara nestes jogos da Seleção, bem como nos anteriores pela Juventus, fisicamente condicionado. Não posso deixar de comentar que, jogando condicionado, marca quatro golos em dois jogos, algo que muitos jogadores não conseguem nem nos seus picos de forma. Em todo o caso, como era mais ou meos de esperar, estas simples declarações incendiaram a imprensa nos dias que se seguiram, sobretudo em Itália.

 

Eu não percebo nada de medicina desportiva, não sou a melhor pessoa para avaliar esta situação (nem esta nem de praticamente nada sobre o que escrevo aqui mas, se me ralasse com isso, não haveria blogue). Mas confesso que estas situações me irritam. O mundo futebolístico gira à volta de Cristiano Ronaldo: a Seleção e Federação Portuguesa de Futebol por arrasto, a Juventus, imprensa desportiva… Eu sei que ele é o Melhor do Mundo e que lhe saiu praticamente tudo do seu próprio suor mas, por favor… Menos!

 

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É por estas e por outras que, às vezes, quase desejo que Ronaldo saia da Seleção. Só mesmo para não termos de lidar com estes joguinhos todos, que roubam tempo de antena a conferências de imprensa em que são outros jogadores a responder às perguntas. Ronaldo faz muito por nós, dá-nos muito jeito, sou a primeira a admiti-lo, mas esse contributo sai caro. 

 

Mas regressemos ao jogo com a Lituânia. Muitos defendem que este terá sido o melhor jogo de Portugal neste Apuramento, se não tiver sido o melhor dos últimos anos. Melhor dos últimos anos será exagero – a meu ver, o nosso melhor jogo dos últimos anos foi a final da Liga das Nações, frente à Holanda. Mesmo dizer que foi o melhor do Apuramento é questionável: quanto mérito se pode atribuir à equipa vencedora quando a equipa derrotada praticamente não existiu no jogo?

 

Não quero com isto dizer que Portugal não teve mérito, pelo contrário. Há muito que não se via a Seleção a atacar “sem medo”, como diziam no jornal Record. Fez-se tudo como deve ser. Os Marmanjos fizeram aquilo que eu lhes “pedi”, como referi acima, e, mais importante, segundo Pizzi depois do jogo, fizeram aquilo que Fernando Santos lhes indicou. “Não passámos por calafrios. Trabalhámos na segunda bola, para não deixar o contra-ataque. Foi assim que o mister pediu.”

 

Falando individualmente, já referimos Cristiano Ronaldo e Bernardo Silva, mas também destaco Pizzi, Bruno Fernandes, Gonçalo Paciência, Mário Rui. Ricardo Pereira em particular surpreendeu-me pela positiva – porque é que Fernando Santos não o pôs a jogar mais vezes antes?

 

Fico com esperança de que seja possível fazer exibições como esta no futuro. De preferência no Europeu. 

 

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Foi um bom jogo, mas não foi o suficiente para garantir a Qualificação. Isso só aconteceu no domingo, frente ao Luxemburgo. 

 

Nesse dia fui almoçar fora com familiares – fizemos reserva para a mesma hora do jogo. Chegámos um bocadinho depois da hora: acompanhámos os hinos e os primeiros minutos do jogo através da rádio. Ouvimos A Portuguesa cantada por uma senhora luxemburguesa que, para ser justa, tinha boa voz, mas não conseguiu disfarçar o sotaque e, nalguns momentos, enganou-se no ritmo. Eu tive de me esforçar para não rir – não sei se existe alguma regra oficial, mas não me parece que seja boa educação rir durante o hino nacional… 

 

Havia televisão no restaurante, mas os empregados não a ligaram. Disseram que estava avariada – embora se tenha consertado por magia no início da segunda parte. Não se pode levar a mal – quando lá chegámos, estavam com muito movimento. Não queriam o jogo da Seleção tentando os clientes a prolongarem o almoço, quando estavam pessoas à espera de mesa. Felizmente, tínhamos o RTP Play.

 

Ainda assim, não prestei muita muita atenção ao jogo, com o almoço e o convívio. Não perdi muito – com o péssimo estado do terreno (fazendo lembrar a primeira mão dos play-offs frente à Bósnia-Herzegovina em 2011) e a garra dos luxemburgueses, superior à sua posição no ranking da FIFA. Portugal estava a fazer uma exibição sofrível, desinspirada. Mesmo não prestando atenção, não deixei de me sentir nervosa – sobretudo quando a minha irmã dizia que a Sérvia estava a ganhar à Ucrânia. 

 

Quando temos estas jornadas finais, com jogos à mesma hora para evitar combinações de resultados, gosto de imaginar as quatro equipas no mesmo campo, jogando umas contra as outras. Na prática é mais ou menos isso que acontece. 

 

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Ao mesmo tempo, por princípio, não gosto de estar a ver o nosso jogo com ouvidos noutro – pelo menos não quando dependemos de nós mesmos. Independentemente das circunstâncias, uma equipa deve sempre lutar pela vitória. Sim, se a Sérvia estivesse empatada naquele momento, ou a perder, eu estaria menos nervosa. Mas, mesmo conseguindo a Qualificação por combinação de resultados, seria sempre indigno não ganharmos frente ao Luxemburgo, não desfazendo.

 

Não que tenha acabado por ser muito melhor, diga-se. 

 

Foi um alívio quando Portugal chegou finalmente à vantagem. Esta foi uma das ocasiões em que não estava a preparar atenção ao jogo – só me apercebi quando a minha irmã exclamou, discretamente, "Golo!". 

 

Quando olhei para o telemóvel, já só vi os festejos em direto, com Bruno Fernandes no centro, que se estreava a marcar pela Seleção. De seguida passaram as repetições do golo. Na primeira, passaram a assistência para Bruno desde o meio campo – perfeita, soberba, teleguiada como se diz hoje em dia – mas não consegui identificar o autor. Disse mesmo:

 

– Quem é que fez aquele passe? Espetacular! Foi o… Ah! Foi o Bernardo Silva! Tinha de ser ele. 

 

 

Estão a ver o que eu digo sobre todos os elogios serem insuficientes? 

 

Como disse acima, no restaurante ligaram a televisão para a segunda parte. A partir daqui, a Seleção procurou segurar o resultado. Ia funcionando, mais ou menos. Eu, mesmo assim, continuava uma pilha de nervos – sobretudo porque a exibição estava longe de convencer. 

 

Tem de ser sempre assim, não tem? Por mais voltas que se dê, todas as Qualificações começam da mesma maneira – com um ou mais tropeções – e terminam da mesma maneira – com incerteza e muito stress até ao fim. Cada Apuramento tira-me uns três a cinco anos de vida. Já vou em seis só com este blogue, façam as contas. 

 

Para ser justa, sim, é sempre difícil, é sempre atribulado, mas termina sempre da mesma maneira: Apurados. Tem sido assim há duas décadas. A minha irmã fez vinte e dois anos no outro dia e nunca viu a Turma das Quinas falhar uma Qualificação. 

 

É possível que eu já tenha escrito isto aqui no blogue. Não importa – só reforça aquilo que digo. Daqui a dois anos quero poder dizer que a minha irmã tem vinte e quatro anos e continua sem ver a Seleção falhar um Apuramento.

 

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Mas estou a adiantar-me. Felizmente tivemos direito a uns minutos de alívio antes do apito final. Bernardo Silva, claro, centrou para Diogo Jota, que estava muito perto da baliza. O miúdo fez um remate acrobático atrapalhado, o guarda-redes ainda tocou na bola mas não conseguiu travá-la. Em cima da linha de baliza, Cristiano Ronaldo foi lá certificar-se de que a bola entraria mesmo – e para garantir que seria ele o autor do golo.

 

Não podias ter deixado esta para o puto, Cristiano? Se fosse ao contrário, não terias achado piada nenhuma. Ao menos Ronaldo foi logo abraçar Jota e talvez este não tenha levado a mal. Não lhe faltarão oportunidades para marcar pelas Quinas. Ronaldo, por sua vez, não terá muitos mais anos de carreira, mas tem um recorde para bater antes de pendurar as chuteiras.

 

Então lá nos Qualificámos em segundo lugar, evitando os play-offs. Tal como desejava, vamos começar 2020 sabendo que estamos no Europeu. Esteve longe de ser um Apuramento brilhante – na verdade, foi o pior de Fernando Santos, não só como treinador de Portugal, mas também como treinador da Grécia.

 

Não sei se deva estar preocupada, se será um indício trágico para o Euro 2020 – foi-o para o Mundial 2014 e mesmo o de 2010, de certa forma. Será que os problemas que surgiram durante este Apuramento tornarão a manifestar-se no Europeu? Um Europeu em que, recordemos, seremos os detentores do título.

 

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Como já tinha referido no mês passado, as consequências desta Qualificação refletir-se-ão no sorteio para a fase de grupos do Euro 2020. Corrijam-me se estiver enganada, mas penso que é a primeira vez que a constituição dos potes é determinada pelo desempenho no Apuramento e não pelo ranking da FIFA. Eu concordo, acho mais justo – como me queixo praticamente todos os meses na página de Facebook deste blogue, não dou muita credibilidade a essa classificação. 

 

Eu sei que isso significa pior sorte para nós, Seleção Portuguesa, mas sejamos sinceros: só nos podemos culpar a nós. Como sempre. A menos que Deus Nosso Senhor seja extremamente generoso connosco (não seria a primeira vez, por acaso), devemos apanhar pelo menos um tubarão no nosso grupo. É certo que, como estamos todos fartos de saber, por tradição damo-nos melhor em grupos difíceis… Mas existem sempre exceções. 

 

Não quero especular muito sobre este sorteio. Como costumo dizer, está nas mãos da Sorte, do destino, de Deus ou de qualquer entidade sobrenatural à vossa escolha. Não podemos fazer nada senão esperar – é já este sábado!

 

Estou um bocadinho triste por não voltarmos a ter jogos da Seleção até março, mas com isto tudo o blogue não ficará inativo durante muito tempo. Como habitual, farei uma pequena análise ao resultado do nosso sorteio. Depois dessa, teremos o balanço de 2019, a publicar no fim do ano – ou, mais provável, um pouco depois. Para além destas, vou querer escrever ainda um terceiro texto, uma coisa diferente do habitual. Não vou dizer muito para não estragar a surpresa, mas espero publicá-lo antes dos particulares de março. 

 

Em jeito de despedida, de “até breve!”, não resisto a deixar aqui o anúncio da hilariante campanha de Natal da loja online da FPF (adoro o que o marketing da Federação tem feito nestes últimos anos).

 


Tenho de aprender a fazer tricot.

Novidades

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Na próxima quarta-feira, dia 14 de novembro, a Seleção Portuguesa de Futebol receberá a sua congénere lituana no Estádio do Algarve. Três dias depois, será recebida na cidade do Luxemburgo, onde defrontará a seleção local. Estes jogos serão os últimos da fase de Apuramento para o Europeu de 2020.

 

As novidades na Convocatória para esta dupla jornada estão todas à frente (isto é, por enquanto. Pepe lesionou-se outra vez, deverá falhar estes jogos mas, até ao momento desta publicação, ainda nada foi confirmado oficialmente). Depois de ter fugido à questão antes, depois de ter afirmado que, hoje em dia, já não existem “noves puros” como antigamente, Fernando Santos Convocou nada menos que três pontas-de-lança. Um deles Gonçalo Paciência, que, segundo muitos, já merecia uma Chamada há algum tempo, mas também Eder e André Silva.

 

Isto dever-se-á em parte às lesões de João Félix e Gonçalo Guedes. No caso do primeiro é uma pena. Ainda não vai ser desta que o puto se estreará a marcar com a Camisola das Quinas, correspondendo ao hype todo. Ao menos seremos poupados aos comentadores da RTP pronunciando o seu apelido como “Félich” nestes dois jogos. 

 

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Por outro lado, perante equipas de posição baixa no ranking, que procuram fechar-se muito à defesa e adiar ao máximo o primeiro golo, faz sentido que Fernando Santos traga homens cuja principal função seja ampliar marcadores. Talvez para tentar obter goleadas, como as habituais há quinze, vinte anos perante seleções deste calibre. 

 

Estas parecem ser boas Escolhas para esse papel, talvez as melhores neste momento. Gonçalo Paciência, que regressa à Seleção dois anos depois da última vez, já conta nove golos em vinte e dois jogos. Conforme dissemos acima, já não era sem tempo.

 

Por sua vez, Eder tem passado por uma boa fase no Lokomotiv de Moskovo: conta cinco golos em catorze jogos. O Marmanjo pode nunca vir a ser o Melhor do Mundo, mas terá sempre o estatuto lendário de quem marcou o golo da vitória quando ganhámos o nosso primeiro título. Sabe sempre bem quando ele é Convocado para as Quinas. Na minha opinião, devia vir sempre que possível – isto é, desde que o seu desempenho no clube o justifique, claro. Até porque, como li no outro dia no Record, o seu misticismo pode funcionar como inspiração para os outros jogadores. 

 

Por sua vez, André Silva conta três golos em oito jogos. Mesmo as outras novidades nos avançados – Diogo Jota, Bruma, Daniel Podence – têm alguns golos marcados esta época. E, claro, temos Cristiano Ronaldo.

 

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Regressando a questão dos pontas-de-lança, Fernando Santos procurou emendar a mão de há uns meses atrás. Disse que foi mal interpretado ao dizem que, no futebol moderno, já não existem pontas-de-lança. Aparentemente tinha a ver com “um jogador fixo, que se situa apenas na área”, alegadamente chamados na gíria “pontas-de-mama” (...OK). 

 

Para ser sincera, é-me indiferente. Os jogadores estão Convocados e bem Convocados. Com o devido respeito, não me interessam as desculpas que Fernando Santos inventa para manter o seu orgulho. Da minha experiência e falando de uma maneira geral, claro, antes um Selecionador incoerente mas que toma as do que um Selecionador que não Convoca os melhores por teimosia.

 

Uma tendência em que tenho vindo a reparar este ano é que, nestas crónicas pré-jogos, dedico alguns parágrafos às novidades nas Convocatórias mas depois, em pelo menos metade dos casos, essas novidades não chegam a entrar em campo ou, quando entram, pouco contribuem para a história das partidas. É um bocadinho frustrante, mas gosto de pensar que não é uma completa perda de tempo. Saber mais sobre os nossos Marmanjos não ocupa espaço. 

 

Ao menos desta vez, nesta dupla jornada, não existem estreias absolutas. Já escrevi sobre todos eles aqui no blogue, alguns há pouco tempo, alguns mais do que outros, claro. E como duas das opções habituais ficaram de fora – Guedes e Félix – é possível que pelo menos algumas destas novidades ganhem tempo de jogo, talvez mesmo titularidade. Pode ser que seja desta que conseguirei escrever sobre os primeiros capítulos da história destes Marmanjos na Equipa de Todos Nós. 

 

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Estamos, então, na reta final do Apuramento para o Europeu do próximo ano. Depois do tropeção em Kiev, na dupla jornada passada, estamos obrigados a ganhar estes dois últimos jogos. Já escrevi – ou melhor, reclamei – extensamente sobre esse facto no texto anterior, não me vou repetir. Na Conferência de Imprensa, Fernando Santos afirmou que só pensa em ganhar estes dois jogos. 

 

Em relação ao facto de termos perdido um lugar no pote 1, o Selecionador não se mostrou demasiado preocupado. “Eu gosto de jogar com adversários fortes. Acho que é melhor para nós.” Eu própria já disse o mesmo várias vezes, mas não seria mais sensato para Fernando Santos não se fiar? Por outro lado, talvez ele estivesse a deitar água na fervura, a desdramatizar a situação.

 

Em todo o caso, não nos faltará tempo para falarmos sobre o nosso grupo no Europeu. Temos de garantir a Qualificação primeiro. Não tenho dúvidas absolutamente nenhumas de que conseguiremos fazê-lo, e já nesta dupla jornada. Não concebo outra hipótese. Como já disse antes, já conseguimos antes em circunstâncias piores, vamos consegui-lo outra vez.

 

O jogo com a Lituânia será, então, na quinta-feira, às 19h45 da praxe. Mais uma vez, nesse dia só saio do trabalho às oito da noite. Enfim. Por outro lado, o jogo com o Luxemburgo será ao domingo, o que é raro, às duas da tarde, ainda mais raro. Os meus planos para esse fim-de-semana estão ainda muito incertos, não sei se conseguirei ver o jogo, ou pelo menos o jogo todo, mas vou fazer um esforço, dentro do possível. 

 

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E é isto que tinha a dizer. Esta foi uma crónica um bocadinho mais curta do que o habitual. Nesta altura do campeonato não há muito a dizer. Eu, no entanto, queria muito escrever este texto, depois de não ter conseguido escrever antes dos jogos do mês passado. E também tendo em consideração que vamos passar algum tempo sem jogos das Quinas. 


Vou fazer, então, por desfrutar desta dupla jornada – a última ocasião em que os Marmanjos estarão reunidos este ano. Desfrutem comigo na página do Facebook. Que selemos esta Qualificação de uma vez por todas, que eu quero começar a fazer planos para o Europeu.

Preocupações

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Na passada sexta-feira, dia 11 de outubro, a Seleção Portuguesa de Futebol venceu a sua congénere luxemburguesa por três bolas sem resposta. Três dias depois, foi a Kiev... onde perdeu por duas bolas contra uma. Ambos os jogos contaram para a Qualificação para o Euro 2020.

 

Esta dupla jornada foi mais um exemplo do meu mau timing com a Seleção porque estes jogos apanharam-me numa altura difícil do meu trabalho – como tinha avisado que aconteceria no texto anterior. Não só não tive tempo para escrever a crónica pré-jornada, como saí às oito da noite do trabalho em ambos os dias de jogo. Mesmo fora isso, nas atualizações à página fiquei aquém do habitual.

 

Acontece. Na próxima jornada hei de ter mais tempo. E, sinceramente, em certos momentos foi uma bênção.

 

Também fiquei com pena de não ter podido ir ao jogo com o Luxemburgo, em Alvalade. Foi o primeiro jogo da Seleção naquele Estádio em mais de quatro anos – e o primeiro oficial em exatamente seis anos. A minha irmãzinha sportinguista em particular ansiava por ver jogadores como Rui Patrício, João Mário, mesmo Cristiano Ronaldo de novo em Alvalade.

 

Ainda assim, estou a escrever isto, a deixar os links para crónicas antigas e não consigo deixar de reparar que estou a queixar-me de barriga cheia. Afinal, estive lá nos dois jogos anteriores ao de sexta-feira em Alvalade. Além disso, nos últimos anos praticamente não tenho perdido um único jogo da Seleção na minha vizinhança (tenho a sorte de viver mais ou menos a meio caminho entre a Luz e Alvalade) e ainda fui à final da Liga das Nações.

 

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Por isso, sim, chega de queixas.

 

Foi bonito, por outro lado, terem feito uma homenagem a Aurélio Pereira, por todos os talentos que descobriu e que se tornaram figuras marcantes da Equipa de Todos Nós. Cristiano Ronaldo fez mesmo questão de lhe dar um abraço – ele pode ter muitos defeitos, mas ingratidão ou esquecer-se das pessoas que o ajudaram antes da fama não estão na lista. Gostava de ter visto esse momento (terá passado na televisão?). 

 

Eu ainda estava no trabalho quando o jogo começou, logo, não deu para acompanhar muito de perto. Consta que a Seleção entrou bem no jogo, com várias oportunidades. Duas de Ronaldo, duas de João Félix – este foi mais um jogo em que o miúdo fez de tudo para marcar e não conseguiu. Mais sobre isso adiante.

 

O golo veio aos dezasseis minutos. Eu estava a sair do trabalho e a ir para o meu carro quando ouvi pessoas celebrando num café nas proximidades – o que não é muito habitual num simples jogo de Qualificação. Gostei.

 

A jogada do golo começou com um passe de Bruno Fernandes para Nélson Semedo, que depois arrancou quase até à linha de fundo. Aí, o guarda-redes luxemburguês saiu da baliza para defender, a bola foi parar aos pés de Bernardo Silva, que rematou para as redes.

 

 

Uma das coisas que mais me irrita no hype em torno de João Félix é o facto de fazer com que Bernardo Silva seja ignorado pela imprensa. Fala-se na Seleção de Ronaldo e Félix, quando Bernardo tem feito muito mais – na minha opinião, já conquistou há muito o estatuto de número dois da Turma das Quinas. É certo que não é por falta de esforço da parte de Félix. E há que ter em conta que Bernardo é mais velho, mais experiente e está há mais tempo na Seleção. Mas mesmo no que toca a desempenhos nos clubes, muitas vezes os feitos de Bernardo Silva são menos noticiados que os de João Félix.

 

Na verdade, Bernardo Silva teve bastante cobertura noticiosa ultimamente por motivos menos desejáveis.

 

Em todo o caso, estou cá eu para notar. E para dar graças por termos um talento como o Bernardo vestindo as nossas cores. Sempre será qualquer coisa.

 

Dizem que, depois deste primeiro golo, a Seleção abrandou. Felizmente, esse período coincidiu com a minha viagem de regresso a casa. É claro que eu ia acompanhando via rádio, mas não era a mesma coisa.

 

Não que não seja divertido, atenção. Estava a ouvir a Antena1 e a certa altura falaram dos irmãos Thill – Vincent Thill e Olivier Thill – do Luxemburgo, pronunciando o apelido como “til”. David Carvalho disse, então, que eles tinham um primo, também no futebol, o… Circunflexo.

 

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Eu sei, uma piada um bocadinho seca, mas a maneira como ele a disse caiu-me no golo. A mim e aos colegas comentadores – Alexandre Afonso e José Nunes, se não me engano.

 

As coisas só aqueceram a sério na segunda parte – eu já estava em casa. Os remates multiplicavam-se: dois de Bruno Fernandes, uma tentativa de pontapé de bicicleta de Ronaldo. 

 

Este teria a oportunidade de brilhar a sério cerca de dez, quinze minutos mais tarde. O Capitão fez tudo sozinho: aproveitou-se de um erro de um defesa do Luxemburgo, roubou-lhe a bola, viu-se cara a cara com o guarda-redes. Por fim, com a maior das calmas, fez um chapéu perfeito por cima do pobre guardião. A bola só parou nas redes.

 

Que classe!

 

Depois desta, o jogo tornou a abrandar. A minha irmã queria por força que Ronaldo marcasse o seu 700º golo (ou golo número setecentos) no Estádio de Alvalade. Agora, em retrospetiva, concordo com ela. Mas não nos adiantemos.

 

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A certa altura, Gonçalo Guedes começou a aquecer. Cá em casa, eu disse algo tipo:

 

– O Féli vai sair, o Guedes vai entrar para o lugar dele e vai marcar.

 

Não chegou a ser uma substituição direta, Guedes e Félix chegaram a estar juntos em campo durante alguns minutos. De resto, acertei na minha previsão: perto do final do jogo, na sequência de um canto, a bola sobrou para Guedes e este não perdoou.

 

Onde andam estes meus dotes de futurologia quando jogo no Euromilhões?

 

Já falei amplamente sobre João Félix e Gonçalo Guedes na Seleção no texto anterior, não me vou repetir. Dizer apenas que ainda não foi desta que Félix correspondeu ao hype na Equipa de Todos Nós. A ver o que acontece na próxima dupla jornada…

 

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O marcador ficou, assim, em 3-0 para Portugal. Podia ter sido mais, mas chegou para os três pontos. Cumpriu-se a obrigação.

 

O que não aconteceria no jogo seguinte.

 

Mais uma vez, só saí do trabalho depois das oito da noite. Desta feita até foi uma bênção, pois fui poupada aos piores momentos do jogo – à semelhança do que aconteceu no particular com a Holanda. Quando ainda estava na farmácia, dei uma espreitadela rápida ao Twitter e soube que a Ucrânia tinha marcado. Mais tarde, quando cheguei ao meu carro e liguei o relato da Antena1, tinham acabado de marcar o segundo.

 

Isto não estava a acontecer…

 

O primeiro golo foi sofrido logo aos seis minutos, na sequência de um canto. Consta que nem sequer foi o primeiro lance com desconcentração da parte dos portugas, foi apenas o primeiro em que a bola entrou. E de facto praticamente ninguém na defesa de Portugal se mexe durante o lance, tirando Rui Patrício. Este ainda defende a primeira tentativa, mas nada pôde fazer quando Yaremchuk foi à recarga – perante a passividade de Pepe e Danilo. 

 

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No segundo golo, a defesa portuguesa voltou a dormir na forma. Desta feita, foi Raphael Guerreiro a deixar Yarmolenko completamente desmarcado, sozinho na cara de Patrício, que voltou a não ter maneira de impedir o golo.

 

Fernando Santos lá emendou a estratégia pouco depois, trocou peças ao intervalo. Portugal no entanto jogou sempre mais com o coração – ou melhor, com as tripas fazendo de coração – enquanto os ucranianos mantiveram sempre a cabeça fria. 

 

E como é o costume quando jogos da Seleção correm mal, a coisa ganhou contornos caricatos: um festival de oportunidades perdidas, o guarda-redes adversário, Pyatov, fazendo o jogo da vida dele. A certa altura, Bernardo Silva tentou o remate e este foi embater na perna de João Félix (se isto não é uma metáfora perfeita para o tratamento mediático dos dois cá em Portugal…). Por fim, já em cima do final do jogo, Danilo atirou ao poste. 

 

A certa altura, a sorte até nos deu uma mãozinha, com a falta de Stepanenko, que levou à sua expulsão e a um penálti a nosso favor. Ronaldo converteu e não falhou. 

 

Este é que foi o seu 700º golo, algo que as redes sociais da Federação, da Liga Portuguesa fizeram questão de assinalar entusiasmadamente – para irritação de muitos de nós. Eu tenho de concordar que aquelas celebrações caíram mal, dadas as circunstâncias: foi um mísero golo de penálti, não serviu para nada num jogo que acabámos por perder, o próprio Ronaldo teve uma reação bem mais contida. 

 

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Não digo que não se podia assinalar o recorde. Mas podiam tê-lo feito de forma bem mais sóbria. Fica claro que estas entidades se aproveitam dos feitos de Ronaldo para se auto-promoverem. Não é novidade: a Federação fá-lo há anos.

 

Tal como disse acima, teria sido melhor em todos os aspetos se Ronaldo tivesse marcado este golo no jogo com o Luxemburgo.

 

Mas estamos a adiantar-nos um pouco. Depois do penálti convertido e em superioridade numérica, a Seleção pareceu finalmente acordar para a vida, tentando chegar ao empate. Aqui entre nós, quase fico aliviada por não termos conseguido. Teria sido patético conseguirmos pontuar perante uma equipa que fora superior a nós em quase todos os aspetos – apenas por causa de uma expulsão e um golo de penálti.

 

De qualquer forma, a injeção de cafeína depois do golo não fez efeito durante muito tempo. O jogo terminou sem que conseguíssemos chegar ao empate. Com este resultado, a Ucrânia garantiu a Qualificação – e celebrou-o efusivamente, como bem mereciam. Consta que era Dia da Defesa da Ucrânia nessa segunda-feira – como se dirá “É feriado hoje, cara***!” em ucraniano?

 

Esta foi a primeira derrota em jogos oficiais desde o Mundial 2018 – e apenas a terceira em jogos oficiais na era de Fernando Santos. Se as circunstâncias fossem diferentes, não faria grande drama da situação, nem sempre é possível ganhar todos os jogos… se não tivéssemos perdido quatro pontos em casa, na primeira dupla jornada desta Qualificação. Depois de os dois Apuramentos anteriores terem corrido de forma mais ou menos tranquila, tirando os primeiros jogos, devemos estar preocupados?

 

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No que toca a este jogo, Fernando Santos assumiu a responsabilidade, admitiu que a sua estratégia inicial não foi a correta. Pelo que tenho lido e ouvido, todos concordam. Voltam questões que já levantei em textos anteriores: se o Selecionador é demasiado conservador, se dependemos demasiado de Ronaldo, se Fernando Santos é o melhor homem para o lugar.

 

É uma questão complicada, para ser sincera. É possível que outros treinadores fizessem melhor com esta base de recrutamento… mas, antes de Fernando Santos, ninguém fez melhor, nem mesmo com bases de recrutamento de qualidade semelhante. 

 

E quando as coisas correm bem, correm mesmo bem. Vejam-se os dois títulos que Fernando Santos ajudou a conquistar. Veja-se a final da Liga das Nações, há pouco mais de quatro meses, um dos nossos melhores jogos em anos! 

 

Mas porque estamos a falhar agora? O que se está a passar nesta Qualificação? 

 

É por estas e por outras que hesito em considerar Portugal uma das melhores Seleções do Mundo. Só da Europa e, mesmo assim, mais ou menos, é mais por causa dos nossos títulos. Somos demasiado instáveis, demasiado imaturos de certa forma. Falta-nos a consistência, o instinto implacável dos grandes tubarões. 

 

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No que toca a este Apuramento, a situação está longe de ser dramática. Continuamos a depender de nós mesmos. Temos de ganhar os dois últimos jogos, no próximo mês, para nos Qualificarmos em segundo lugar. Como os adversários serão o Luxemburgo e a Lituânia, em princípio, não teremos problemas. Já saímos de situações bem piores. 

 

Na verdade, as consequências desta derrota serão mais graves a médio prazo. Por falharmos a Qualificação em primeiro, perdemos o lugar no pote 1 do sorteio da fase de grupos do Euro 2020 – correndo o risco de apanharmos um tubarão. 

 

Se isso é uma coisa má ou boa é discutível – com a nossa mania de complicar o que é simples, de nos superarmos perante dificuldades (às vezes). É também uma questão de orgulho, pelo menos no que toca a mim. Onde é que já se viu o detentor do título, bem como da Liga das Nações, fora dos cabeças-de-série? 

 

Em todo o caso, o facto de termos de viver com as consequências desta derrota durante algum tempo poderá ter uma vantagem: aprendermos com os erros. Isto é, espero eu…

 

A meu ver, a melhor atitude neste momento será encarar um desafio de cada vez. Para já, a prioridade será ganharmos os jogos de novembro e garantirmos a Qualificação direta. Se não conseguirmos (três vezes na madeira), ainda teremos os play-offs, mas, tal como referi antes, prefiro que a questão do Apuramento fique resolvida este ano. Quando estivermos Qualificados (não duvido que vamos conseguir; conseguimos de todas as vezes nos últimos vinte anos, algumas das vezes em circunstâncias bem piores, porque falharíamos agora?), logo nos preocuparemos com o sorteio. 

 

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Na melhor das hipóteses, esta derrota será apenas um acidente de percurso. Fernando Santos e restante equipa técnica tomarão medidas para que, dentro do possível, não se repita. Na prática, não há garantias de nada. Só o tempo dirá como lidaremos com as consequências do que aconteceu. 

 

Para já, é aproveitar estas semanas para ultrapassar esta desilusão e ganhar forças para a reta final. Isto tudo faz parte. Resta-nos esperar que, depois desta, não voltemos a escorregar de novo tão cedo. 

O jogo começa na segunda parte

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No passado sábado, dia 7 de setembro, a Seleção Portuguesa de Futebol venceu a sua congénere sérvia por quatro bolas contra duas, no Estádio Rajko Mitic, também conhecido por Marakana, em Belgrado. Três dias mais tarde, venceu a sua congénere lituana por cinco bolas contra uma. Ambos os jogos contaram para o Apuramento para a fase final do Europeu de 2020.

 

Com estes resultados, Portugal soma oito pontos, ocupando a segunda posição na tabela classificativa. Tem menos cinco pontos que a Ucrânia, que ocupa a primeira posição, e mais um que a Sérvia, que ocupa a terceira posição. De notar, no entanto, que Portugal tem menos um jogo disputado que as restantes equipas do grupo. 

 

Ou seja, depois do começo em falso, já se respira melhor neste Apuramento. 

 

Comecemos por falar do jogo com a Sérvia. Este era um dos jogos mais difíceis deste grupo de Apuramento: um adversário direto na corrida, que não perdia em casa desde… bem, desde outubro de 2015, quando nós os visitámos e os derrotámos, já depois de selada a Qualificação para o Euro 2016, há quatro anos.

 

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Conforme o título desta crónica dará a entender, um dos denominadores comuns entre os dois jogos desta dupla jornada diz respeito às primeiras partes que deixaram a desejar. No caso deste jogo, a primeira parte não foi propriamente má, apenas pastosa. Portugal sentiu dificuldades em aproximar-se da baliza sérvia durante a primeira hora do jogo. A Sérvia concentrou-se muito na defesa, mas quando se punha em contra-ataque chegou a assustar.

 

O primeiro golo de Portugal surgiu quase por acidente. Bruno Fernandes cruzou para a grande área, Milenovic e o guarda-redes Dmitrovic chocaram um com o outro. William Carvalho, matreiro, aproveitou a ocasião para inaugurar o marcador.

 

Talvez catalisados pelo golo, os Marmanjos entraram bem na segunda parte. Cristiano Ronaldo dispôs de um par de oportunidades para aumentar a vantagem, mas acabou por ser Gonçalo Guedes a marcar primeiro. Depois de umas trocas de bola jeitosas à porta da grande área sérvia, o Marmanjo conseguiu fugir aos defesas e rematar em diagonal e grande estilo para as redes adversárias. 

 

É por isto que Fernando Santos vai pondo Guedes a titular, em detrimento do extremamente mediático João Félix: porque o Marmanjo mais velho tem conseguido marcar e assistir para golos importantes – mesmo não fazendo exibições de encher o olho, como neste jogo. Mais sobre isso adiante.

 

Nesta fase, confesso que cometi o mesmo erro que a Seleção: achei que o 2-0 mataria o jogo. Enganámo-nos redondamente. Os sérvios teimaram em lutar pelo empate. Por um lado, imenso respeito – não consigo evitar simpatizar com um adversário que não se rende com facilidade. Por outro – sobretudo quando insistiam em marcar golos depois de nós – só pedia que alguém enfiasse um Zolpidem na água deles. 

 

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Embora, para sermos sinceros, tenham havido culpas portuguesas no cartório nos dois golos da Sérvia. No primeiro, foi Danilo quem deixou Milenkvic desmarcado e o sérvio aproveitou para marcar de cabeça. Logo no minuto seguinte, Rui Patrício teve de se esmerar para travar o remate longo de Ljajic. 

 

Como em muitas situações de aperto, foi o Capitão a intervir para repôr os dois golos de vantagem. Bernardo Silva tomou posse da bola a meio campo, conduziu-a durante um bocado, passou-a a Ronaldo ultrapassando uma linha de sérvios e o Capitão rematou-a calmamente para as redes. Momento engraçado quando, antes de celebrar o golo, se pôs a olhar para o fiscal de linha, para confirmar que não estava em fora-de-jogo.

 

Ainda não foi suficiente para resolver a questão. Nesta altura, muitos adeptos sérvios começavam a abandonar o estádio. Sempre desprezei este tipo de público, mas este caso em particular é pior. Os adeptos desistiram antes dos jogadores. Não merecem a seleção que têm.

 

Os sérvios acabaram por marcar outra vez (agora estou a pensar que terão havido adeptos a caminho das saídas, apenas para correrem de novo para dentro ao ouvirem os gritos de golo). Bruno Fernandes perde uma bola que não devia ter perdido e a jogava terminou com Mitrovic rematando certeiro para as nossas redes.

 

Ao menos desta feita não demorámos muito a recuperarmos a vantagem de dois golos. Menos de dois minutos depois, Raphael Guerreiro assistiu para Bernardo, que encerrou o marcador.

 

 

Este miúdo é uma delícia de ver jogar.

 

Em suma, como tem sido a regra nos últimos anos, foi uma exibição que não deslumbrou, mas que garantiu os três pontos. Este era um dos jogos mais difíceis deste Apuramento – passámos este teste.

 

Falemos, então, sobre o jogo com a Lituânia: um encontro em que, em teoria, não teríamos grandes dificuldades. Na prática não foi bem assim.

 

De início as coisas até correram de forma mais ou menos normal. João Félix, titular, conseguiu um penálti para Cristiano Ronaldo converter, antes dos dez minutos de jogo (já se pode dizer que Félix contribuiu para um golo da Seleção?). 

 

Portugal foi, no entanto, incapaz de ampliar a vantagem no marcador, apesar de não faltarem oportunidades. Acabou por ser a Lituânia a chegar ao golo na sequência de um canto. Andriuskevicius saltou mais alto que João Félix, que não estará habituado a defender, e marcou de cabeça.

 

 

 

Não sei como foi com vocês, mas esta deixou-me com vontade de me enfiar num buraco. Ou, vá lá, numa sebe. Uma equipa que não ganhava um jogo há ano e meio mas que conseguia empatar connosco.

 

Não me preocupei por aí além com este contratempo. Sabia que era uma questão de tempo até regressarmos à vantagem no marcador. Não me enganei – mas ainda demorou e não faltaram momentos de exasperação pelo meio.

 

João Félix, em particular, metia dó. Via-se que o miúdo queria mesmo marcar um golo, por todos os motivos e mais alguns, mas a bola teimava em não entrar – quer por falta de sorte, quer por momentos inusitados de inspiração por parte do guarda-redes lituano. 

 

Suponho que seja uma boa altura para falar do desempenho geral de João Félix nesta dupla jornada. A ideia com que fico – e posso estar enganada, atenção – é que, pelo menos a curto prazo, Fernando Santos poderá pôr Félix a titular em jogos de dificuldade teoricamente menor, mas em jogos mais difíceis voltará a pôr Guedes de início. E de facto, se pusermos de lado todo o mediatismo (muito catalisado por benfiquistas e colchoneros, diga-se)... porque não o faria?

 

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Há comentadores desportivos que parecem assumir que a sagração de Félix como um dos melhores jogadores de todos os tempos é um evento tão certo como o nascer e pôr-do-sol e que Fernando Santos tem a obrigação de acelerar esse processo na Equipa das Quinas. O que é uma filosofia perigosa. Servir de rampa de lançamento a carreiras de jogadores individuais não é o objetivo principal da Seleção. 

 

Não sou ingénua – sei que os Europeus e Mundiais servem de montra para os jogadores. Regra geral, não tenho problemas com isso – é uma daquelas situações em que todos ganham. No entanto, os interesses individuais não podem nunca sobrepôr-se aos interesses do coletivo.

 

Isto tudo para dizer que Fernando Santos não tem a obrigação de pôr Félix a titular, quando tem Gonçalo Guedes – menos mediático, talvez mesmo menos talentoso, mas mais experiente na Seleção, mais capaz de obter os resultados pretendidos. Félix ainda não está nessa fase. 

 

Dito isto tudo, é possível que o jovem chegue a essa fase a curto, médio prazo. Ficou provado neste jogo que vontade não lhe falta. Mais uns jogos – é possível que ele seja titular no próximo – e ele chega lá.

 

Regressemos ao encontro com a Lituânia. Como vimos, a primeira parte não correu muito bem a Portugal, mas a Seleção entrou melhor na segunda, conseguindo várias oportunidades para desfazer o empate. Ainda assim, o golo que desbloqueou o jogo resultou de uma atrapalhação do guarda-redes depois de um remate de Ronaldo: a bola bateu-lhe no ombro e entrou na baliza.

 

 

É rir para não chorar.

 

Em todo o caso, a UEFA atribuiu o golo a Ronaldo. O Capitão marcaria ainda mais dois golos – ambos assistidos por Bernardo Silva, como poderão ver no vídeo abaixo. Que mais é preciso para o miúdo ser considerado insubstituível na Seleção?

 

O foco, no entanto, tem sido o póquer de Ronaldo, o seu segundo na Seleção – o primeiro foi frente à Andorra, na Qualificação para o Mundial 2018 (custa a acreditar que já lá vão quase três anos). Às vezes irrita-me um pouco toda a aenção dada a Ronaldo mas depois olho para os factos e não posso contestar: Ronaldo merece tudo isto e muito mais! 

 

Algo de que só me apercebi agora foi que ele já duplicou o número de golos de Eusébio pela Seleção. De Eusébio! O recorde dele demorou décadas a ser quebrado – pelo Pauleta. Mesmo o recorde do açoriano está a um golo de ser duplicado – e Ronaldo só o ultrapassou há cinco anos e meio! 

 

Recordar, de resto, que Ronaldo já tem trinta e quatro anos, quase trinta e cinco!

 

 

Peço desculpa, mas às vezes tomo Ronaldo como garantido, nem sempre páro para recordar o quão raro e, sinceramente, sobrenatural este Marmanjo é. Não admira que o venerem como Nosso Senhor dos Golos, que abençoem a senhora que o deu à luz. Ronaldo não é deste Mundo!

 

Diz Fernando Santos que “Cristiano nunca acaba”. Seria bom se fosse verdade: ter o Capitão para sempre a este nível. 

 

Ainda houve tempo, já depois de Ronaldo ter sido substituído, para William marcar o quinto. É um pormenor engraçado desta dupla jornada: o William marcou o primeiro e o último golo.

 

Antes de partirmos para as conclusões, uma palavra de apreço para o público português no Estádio LFF, mariotariamente fuzileiros da Marinha Portuguesa estacionados na Lituânia, convidados pela Federação para assistir ao jogo. É sempre impressionante quando os adeptos visitantes, minoritários, fazem mais barulho que os adeptos da casa. Os Marmanjos fizeram questão de tirar uma fotografia com a claque, o que foi um gesto muito bonito. Devia tornar-se tradição em jogos das Quinas, pelo menos fora – em jogos em casa será complicado.

 

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Esteve tremido durante um bocado – claro que esteve, nós e a nossa afinidade para o caricato – mas o jogo acabou por se resolver a nosso favor. O resultado foi semelhante aos dos particulares há mais de quinze anos, de que falámos no texto anterior. Conforme referido acima, depois dos tropeções anteriores, regressamos ao bom caminho. 

 

Há opiniões díspares no que toca ao resto da Qualificação. Há quem defenda que está no papo, mais uma ou duas vitórias e ficamos Apurados. Fernando Santos continuará a falar de quatro finais para vencer, creio eu. 

 

Pessoalmente, estou algures no meio. não me parece que os dois jogos com o Luxemburgo e o jogo em casa com a Lituânia nos coloquem grandes dificuldades – aqui entre nós, estou mais preocupada com as dificuldades que possamos causar a nós mesmos. O jogo fora com a Ucrânia (em Kiev?), no entanto, poderá ser complicado. Ainda assim, acho que a Qualificação direta estará ao nosso alcance. Todos nós preferíamos Apurar-nos em primeiro lugar, por uma questão de orgulho de Campeões Europeus e da Liga das Nações, mas ninguém morre se só nos Qualificarmos em segundo. 

 

Confesso que fiquei com um bocadinho de pena quando a dupla jornada terminou. Já estou com saudades da Seleção. Felizmente só temos de esperar umas três semanas até à próxima Convocatória. Aproveito para avisar que vou ter um outubro complicado, terei menos tempo para o blogue. Em princípio, devo saltar a habitual crónica pré-jogo.

 

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É possível, aliás, que nas próximas semanas o meu outro blogue ultrapasse este em número de publicações. Fico um bocadinho triste, mas suponho que era inevitável. Este blogue só está ativo quase quando a Seleção está. O meu Álbum de Testamentos não tem essas limitações. Uma agravante é o facto de, nos últimos anos, crónicas como esta, em que analiso dois jogos em vez de apenas um, serem mais frequentes. Estou até surpreendida por ter demorado tanto tempo – sete anos – até chegarmos a este ponto.

 

Mas estou a desviar-me. Mesmo que o blogue não regresse logo com a Seleção, a página no Facebook manter-se-se-á ativa. Vemo-nos em outubro.