No pasado sábado, dia 13 de junho, a Seleção Portuguesa de Futebol venceu a sua congénere arménia por três bolas contra duas, em Ierevan, em jogo a contar para a Qualificação para o Campeonato Europeu da modalidade, que terá lugar em França daqui a um ano. Com esta vitória, Portugal consolidou o primeiro lugar go grupo I de Apuramento, tendo, na pior das hipóteses, de ir ao playoff. Por outro lado, bastar-lhe-á ganhar apenas mais um ponto para ficar com a Qualificação garantida.
É uma sensação estranhíssima termos tantas certezas sobre o Apuramento nesta altura do campeonato. O playoff é a pior das hipóteses? Na Qualificação para o Mundial 2010 era a nossa única hipótese!
Infelizmente, foi preciso passar por muita parvoíce para chegar a este ponto. Durante a semana anterior, tinha-se assinalado vezes e vezes sem conta que Portugal nunca havia vencido em Ierevan, que já em novembro último eles nos causaram imensas dificuldades, que o jogo não seria fácil. Tudo isto se confirmou em campo. A Seleção não entrou bem no jogo - a tática inicial não terá sido a mais adequada. Também se notava alguma apatia da nossa parte - o sujeito que invadiu o campo à beira do intervalo correu mais do que toda a equipa portuguesa.
Cedo sofremos um golo de livre direto, em que Rui Patrício interpretou mal a situação, ficando mal posicionado. Este golo exasperou-me, mas não me desesperou - no passado recente temos tido vários exemplos de resultados decididos nos últimos minutos de jogo, de recuperações milagrosas. E esta nem sequer era uma situação tão aflitiva quanto isso. E, de facto, Portugal começou a jogar melhor depois do golo. Acabou por ganhar um penálti a seu favor, que Cristiano Ronaldo converteu, relançando o jogo.
Portugal entrou muito melhor na segunda parte. À roda do minuto 60, Cristiano Ronaldo, o suspeito do costume, aproveitaria uma falha na defesa arménia para marcar o segundo golo português. Dois minutos depois, lançaria uma bomba de fora da grande área arménia, fazendo o terceiro.Consumava-se, assim, o terceiro hat-trick de Ronaldo com a Camisola das Quinas.
Pensávamos todos que, pela primeira vez desde o início do jogo, podíamos acalmar um bocadinho. Passaríamos a meia hora que faltava gerindo o resultado sem grande stress, talvez ainda houvesse tempo para um quarto golo (assinado por Ronaldo para fazer o póquer, ou assinado por outro qualquer, que também têm direito). Mas não seria a Seleção Portuguesa se não houvessem complicações desnecessárias. Poucos minutos depois do terceiro golo, Tiago viu o segundo amarelo e foi expulso.
Eles fazem de propósito, não fazem? É ridículo, está sempre a acontecer o mesmo! Basta consultarem rapidamente entradas com um ano e meio ou dois de idade para darem com outros exemplos de parvoíce crónica na Seleção. Com somente dez homens em campo, tivemos de passar o resto do jogo em modo "Ai Jesus!" (no pun intended), a ver se conservávamos a vantagem no marcador. Acabámos por vê-la reduzida - os arménios marcaram de canto, depois de Patrício, mais uma vez, se ter saído mal ao fazer uma defesa incompleta para os pés de um adversário. Isto deu esperança aos arménios, que passaram o resto do jogo correndo atrás do empate. Felizmente, restava aos Marmanjos maturidade e espírito coletivo para aguentar a pressão, permitindo-nos, no fim, levar os três pontos.
Vitórias pela margem mínima e exibições muito mais ou menos têm sido a regra do mandato de Fernando Santos. No entanto, a maneira como a Seleção se boicotou a si mesma, obrigando Cristiano Ronaldo a preencher as falhas, a conduzir o navio a bom porto, fez-me lembrar a Qualificação para o Mundial 2014. O que não é coisa boa - esse Apuramento acabou de uma forma apoteótica mas, depois, no Mundial em si, explodiu-nos tudo na cara. É verdade que, no caso deste jogo, existem várias desculpas atenuantes: fim de época, má estratégia inicial, por algum motivo nunca tínhamos ganho antes por lá. Ainda é cedo para dramatizar, pelo menos em relação à tendência para o complicómetro, quando, até este jogo, a Seleção de Fernando Santos tem-se caracterizado pela maturidade e pelo espírito coletivo - espírito esse que até esteve presente neste jogo, pela maneira como os portugueses conseguiram virar um resultado, saindo vitoriosos.
No fim do dia, as conclusões são as mesmas que nos outros jogos do mandato de Fernando Santos: os resultados são melhores que as exibições, mas já se sabe que, no futebol, os resultados é que interessam. Temos mantido o drama à distância, fazendo um contraste agradável com os últimos anos. Tal como disse no início, pela primeira vez em séculos, a Qualificação está bem encaminhada. Eu mesma tinha dito que, desde que ganhássemos, dar-me-ia por satisfeita. Mas embora isto seja suficiente por enquanto, a longo prazo (leia-se: no Euro 2016) não será bem assim - até porque Fernando Santos já deixou bem claro que quer o título. Para podermos verdadeiramente competir com qualquer equipa, como dizia Paulo Bento, será preciso ainda mais.
Conforme escrevi na entrada anterior, acredito que conseguiremos dar os passos que faltam para voltarmos a ser uma grande Seleção. Temos matéria-prima e confio em Fernando Santos. É certo que continuo com as um minhas dúvidas - afinal de contas, um fiasco como o do Mundial 2014 não se esquece facilmente - mas procurarei lembrar-me das minhas próprias crenças, seguir os meus próprios conselhos. Temos tempo para crescer. Para já, que venha o resto do Apuramento.
Mais um ano encontra-se à beira do fim, mais um ano encontra-se à beira do início. É costume as pessoas reflectirem sobre os acontecimentos mais marcantes dos últimos doze meses e tentarem prever o que acontecerá nos próximos doze. No que toca à Selecção Nacional, depois de um ano de 2010 muito atribulado, 2011 foi um ano incomparavelmente mais calmo. Sobretudo por não ter ocorrido nenhum caso tão grave como aquele que levou ao despedimento de Carlos Queiroz. Também seria difícil e menos provável que ocorresse um caso com essa gravidade este ano, em que não houve fase final de um campeonato de Selecções, estivemos quase meio ano sem jogos oficiais e, mesmo estes, foram apenas meia dúzia (contando com o playoff, que nem sequer fazia parte do plano inicial).
A Selecção entrou em 2011 em alta, derivada do relançamento na disputa pela Qualificação para o Europeu de 2012 e de uma inesperada goleada à Espanha num particular, e manteve-se assim durante a maior parte do ano. O público parecia ter feito as pazes com a Turma das Quinas, o ambiente parecia estar bom no seio da equipa, havia consenso, ninguém tinha nada de muito importante a criticar. Isso era bom, sem dúvida, mas era algo monótono. Se derem uma vista de olhos às minhas entradas (ou simplesmente aos títulos destas) hão de verificar que estas andavam quase todas à roda do mesmo: "A Selecção está muito bem, é a única coisa que está bem neste País". As coisas apenas começaram a descarrilar em Setembro, com a deserção de Ricardo Carvalho e à medida que se aproximava a recta final do apuramento (não sei se estes acontecimentos, bem como aquilo que se passou com José Bosingwa, estão relacionados ou se é apenas coincidência). Em todo o caso, após a brilhante segunda mão do playoff, a Selecção encerra o ano de 2011 mais ou menos da mesma maneira como o inaugurou: em alta, cheia de promessas de mais bons momentos a curto e médio prazo, apesar dos adversários dos próximos jogos oficiais.
O particular com a Argentina, realizado dia 9 de Fevereiro no Estádio de Genebra na Suíça, foi o primeiro compromisso da Selecção Portuguesa do ano. Este desafio encontrava-se envolvido em expectativa, não só devido ao anteriormente mencionado bom momento da equipa mas também - e sobretudo - uma vez que este particular oporia Cristiano Ronaldo e Lionel Messi - por muitos considerados os melhores jogadores de futebol da actualidade. Foi por causa desde duelo que os bilhetes para o jogo se esgotaram e que oitenta televisões em todo o Mundo compraram os direitos de transmissão.
O jogo, que terminou com 2-1 a favor da selecção alviceleste, foi bastante equilibrado. Os dois primeiros golos, um para cada lado, foram marcados na primeira meia hora de jogo. O tento português foi executado por Cristiano Ronaldo. Foi o primeiro de muitos golos, não apenas de Ronaldo ao serviço da Selecção, mas também da própria Equipa de Todos Nós. A substituição do madeirense, aproximadamente aos sessenta minutos de jogo, foi demasiado precoce para a assistência, atraída para o jogo pelo duelo entre os dois melhores do Mundo.
Mas voltando ao jogo em si, este foi muito equilibrado, tal como foi mencionado acima. O ritmo manteve-se quase sempre elevado. O segundo golo marcado pela Argentina resultou de um penálti, um pormenor convertido em pormaior por Messi, em cima do minuto noventa, numa altura em que "ambas as equipas já estavam conformadas com a igualdade" no marcador.
No que toca ao duelo entre Ronaldo e Messi, este último foi o vencedor mas só por falta de comparência do adversário. No que toca à Selecção num todo, este jogo foi testemunha da capacidade da Turma das Quinas de enfrentar qualquer adversário como igual, não maculando, deste modo, o comando de Paulo Bento.
No entanto, terá sido aquando da preparação deste encontrou que terá ocorrido o primeiro capítulo do desentendimento entre o Seleccionador e José Bosingwa - isso sim, maculou o comando de Paulo Bento, ainda que só tenha vindo a lume vários meses depois. Ainda não percebi ao certo o que se passou. A versão que corre - mas não sei se é a verdadeira - é a de que Bosingwa não terá gostado da hipótese de ser suplente e, em represália, terá simulado uma lesão para abandonar o estágio.
Provavelmente, nunca se saberá ao certo o que de facto aconteceu. A única coisa acerca da qual existem certezas quase absolutas é de que, tão cedo, Bosingwa não voltará à Selecção - e isso para mim é o mais importante, o pior. Mas, tal como já mencionei anteriormente, só o soubemos muito depois de Fevereiro, depois de Bosingwa ter sido repetidamente sido deixado de fora das Convocatórias.
Em finais de Março, realizaram-se mais dois jogos de carácter preparatório: um contra o Chile, no dia 26, outro contra a Finlândia, no dia 29. O primeiro terminou empatado a um golo. Não assisti a este jogo, nem sequer pela rádio, como tal, não sei dizer como é que Portugal jogou. Em todo o caso, ninguém atribuiu grande importância a este encontro devido às eleições no Sporting, entre outros factores.
Um dos quais o desafio que opôs a Dinarmarca à Noruega, que terminou empatado a um golo e nos deu o poder de chegarmos ao primeiro lugar do grupo por nós próprios.
O encontrou com a Finlândia foi diferente. Tratava-se de uma selecção nórdica, semelhante à Noruega, que seria a nossa adversária seguinte na Qualificação para o Euro 2012. Como tal, o desempenho da Selecção foi diferente, acima da média em particulares. Destaque para os dois golos do estreante Rúben Micael. Há que dizer, no entanto, que a Finlândia não fez muito pela vida. Apesar de talvez ser essa a intenção, o jogo não foi um verdadeiro ensaio geral para o desafio frente à Noruega - dificilmente os nossos amigos noruegueses, com quem havíamos perdido da última vez que estivéramos em campo com eles, nos facilitariam a vida daquela maneira. Em todo o caso, a vitória foi mais um sinal de que a Selecção estava bem e recomendava-se. Em vários aspectos.
O embate com a Noruega, a contar para a Qualificação para o Europeu de 2012, realizou-se a 4 de Junho - oito meses após o último jogo oficial - no Estádio da Luz. Paulo Bento classificou-o como um jogo "extremamente importante, de grande responsabilidade" pois, se vencêssemos, subiríamos para o primeiro lugar do grupo. Não decidia o Apuramento, mas ajudava muito. Nesse aspecto, os noruegueses estavam menos apertados do que nós, pois, para manterem o primeiro lugar, bastava-lhes perder pela margem mínima, desde que marcassem na Luz. Com a agravante de os noruegueses nos terem vencido da última vez que entráramos em campo com eles.
A Selecção dispôs, nessa altura, do maior intervalo de tempo seguido de estágio antes de um encontro desde o início da Qualificação. Eu própria fui assistir a um dos vários treinos abertos que a Equipa de Todos Nós efectuou. Nas declarações à Comunicação Social, toda a Selecção, jogadores e treinador, aparentava estar em sintonia. Os Marmanjos afirmavam não terem medo da Noruega, apesar de a respeitarem como uma equipa que os derrotara recentemente. Afirmavam querer vencer, de modo a "podermos ir de férias descansados".
E foi o que, de facto, acabou por acontecer, Não foi um jogo brilhante, não houve domínio indiscutível por parte da Selecção Portuguesa, provavelmente devido ao desgaste típico do fim da época futebolística e, talvez, a alguma pressão. O único tento do jogo foi apontado por Hélder Postiga. Em todo o caso, a Selecção cumpriu o seu dever atingindo, desse modo, o topo da tabela classificativa.
Em Agosto, a Selecção disputou, no Estádio do Algarve, um jogo de carácter preparatório com o Luxemburgo. Supostamente esta selecção seria semelhante à cipriota, segundo Paulo Bento, mas tal era questionável. Dificilmente o Chipre, o nosso adversário seguinte, seria tão acessível. A preparação deste encontro incluiu dois treinos abertos e eu assisti a um deles, novamente no Jamor, à semelhança de mais umas oitocentas pessoas. O Seleccionador definiu como objectivos deste encontro levar o jogo a sério, vencer e não sofrer golos.
O encontro em si terminou com 5 - 0 no marcador. Tal como se previa, foi uma daquelas goleadas fáceis, sem suor, sem adrenalina, que dificilmente ficam na memória. No entanto, ao contrário do que acontecera em inúmeros particulares com Selecções teoricamente mais fracas, Portugal levou o jogo a sério e o nível nem sequer diminuiu com as substituições ao intervalo. Em suma, apesar da utilidade questionável deste jogo, os objectivos para ele definidos haviam sido alcançados.
Não pude assistir ao encontro com o Chipre, a contar para o apuramento, nem à respectiva preparação - durante a qual Ricardo Carvalho abandonou a Equipa de Todos Nós - visto encontrar-me de férias no estrangeiro. Tanto quanto percebi, terá sido em protesto contra a possibilidade de ser suplente, tudo isto com um cheirinho a vedetismo, a amuo de adolescente. Paulo Bento acusou-o de deserção e afirmou que nunca mais Convocaria o jogador. Dias depois, Ricardo deu uma entrevista em que, por sua vez, chamou "mercenário", contribuindo em nada para melhorar a sua imagem no meio disto tudo.
Mais tarde, o jogador afirmou-se arrependido por ter virado as costas à Selecção desta forma e manifestou o desejo de voltar a vestir a camisola das Quinas. Nesse aspecto, distingue-se de José Bosingwa, que nunca deu sinais de arrependimento pelas atitudes que tomou. Mas não é suficiente visto que, tanto quanto sei Ricardo Carvalho nunca apresentou um pedido de desculpas directamente, nem a Paulo Bento, nem à Federação. No meio disto tudo, acho ridículo que pessoas como Joaquim Envagelista estejam a pressionar o Seleccionador a aceitar os jogadores de volta. Se eu fosse ao Paulo Bento, ficaria irritada por tanta gente questionar as minhas decisões. Foram o Bosingwa e o Ricardo que tomaram as atitudes, que se excluíram a si próprios directa ou indirectamente. Se eles quiserem voltar à Selecção, o primeiro passo terá de partir deles. E, embora saiba que é improvável, espero que as várias partes consigam chegar a um entendimento e que ambos os jogadores voltem a vestir a camisola das Quinas com Paulo Bento no comando.
Em todo o caso, o capitão da Equipa de Todos Nós, Cristiano Ronaldo, veio a público dizer, poucos dias após a deserção de Ricardo Carvalho, que "tudo o que se passou está ultrapassado, o mister Paulo Bento já falou, o que pensamos fica dentro do grupo", acrescentando mesmo que ele também tinha telhados de vidro no que tocava a decisões pouco sensatas.
Esta declaração foi feita após o duelo com o Chipre, duelo esse que a Selecção Portuguesa levou de vencida por quatro golos sem resposta. Já referi antes que não pude assistir a este encontro. Parece que durante a maior parte do encontro, a Selecção esteve em vantagem pela margem mínima, precária, com todo o nervosismo associado a tais circunstâncias, fazendo uma exibição que deixou bastante a desejar. Contudo, os três golos na recta final do jogo devem ter sabido muito bem. Cristiano Ronaldo desempenhou muito bem o seu papel de capitão da Equipa de Todos Nós, parece que fez uma bela prestação em campo, com dois golos e uma assistência, terá mesmo carregado a equipa às costas. Isto num ambiente particularmente hostil para o madeirense, com os adeptos cipriotas gritando por Messi, criando, salvo erro, uma moda que se estendeu aos restantes jogos da fase de Qualificação. No entanto, pelo menos neste jogo, acabou por lhes sair o tiro pela culatra.
Um mês mais tarde, realizou-se a dupla jornada final da fase de Qualificação. Faltava-nos receber a Islândia e deslocarmo-nos a Copenhaga para enfrentarmos a selecção local antes de darmos o Apuramento por concluído. As nossas condições não eram as ideais, devido a várias ausências por lesão de titulares habituais (Pepe, Hugo Almeida, Fábio Coentrão). A esta lista, juntou-se Danny, pois este teve de ser submetido a uma cirurgia para remover um quisto sebáceo.
A urgência questionável de tal intervenção, aliada às suspeitas que se começavam a formar devido às repetidas ausências do nome de Bosingwa das listas de Convocados, mais, provavelmente, a tensão derivada à proximidade do fim do Apuramento abriram uma brecha na credibilidade do Seleccionador. A Comunicação Social enfiou-se dentro dela e os ataques começaram. De uma forma injusta, na minha opinião, tendo em conta o percurso de Paulo Bento como Seleccionador até à altura.
Conforme foi repetido até à exaustão, bastava um empate e uma vitória para nos qualificarmos directamente, embora na Selecção dissessem que não viam as coisas desta maneira, que encaravam um jogo de cada vez, que não jogavam para o empate. E não se pode dizer que os Marmanjos não juntaram o gesto à palavra no Estádio do Dragão uma vez que venceram os Islandeses por cinco bolas contra três. Contudo, o jogo não foi tão fácil como o que seria de esperar. Os islandeses entraram em campo invulgarmente desenvoltos, descongelados, soltos, como que querendo desafiar o estereótipo da equipa teoricamente mais fraca. Inicialmente, Portugal não se deixou afectar, conseguiu colocar-se três golos à frente dos islandeses, mas estes não demoraram muito a reduzir a desvantagem a apenas um golo, ficando muito perto de anulá-la por completo. Felizmente, o golo de Moutinho, seguido de Eliseu, aliviaram a intranquilidade que se tinha instalado com o seguindo golo da Islândia.
Apesar da vitória, a Selecção Nacional revelara algumas fraquezas. O ideal teria sido que o jogo tivesse servido de aviso, de wake-up call.
Mas não serviu.
Com esta vitória, a Equipa de Todos Nós dava mais um passo em direcção ao Europeu. Agora bastava um empate frente à Dinamarca para reservarmos logo um lugar na Polónia e na Ucrânia. E até podíamos perder em Copenhaga e qualificarmo-nos à mesma, desde que fôssemos a melhor Selecção em segundo lugar - a única que nos ameaçava era a Suécia. Esta ideia, repetida até à exaustão, irritou-me na altura, pois julgava que Portugal não precisaria de fazer tais contas. Agora, vendo em retrospectiva, a ideia ainda me irrita mais pois não nos serviu de nada.
A derrota de Portugal aos pés da Dinamarca constituiu, sem sombra de dúvida, o ponto mais baixo do ano. Foi provavelmente um dos piores jogos da Selecção dos últimos tempos, agonizante, em que o único ponto alto do jogo foi o golo excepcional de Cristiano Ronaldo. Ainda hoje não percebo o que aconteceu nessa noite para os Marmanjos jogarem tão mal. A era Paulo Bento, que até à altura, estivera quase imaculada, via a sua primeira derrota em jogos oficiais e a Selecção Nacional era relegada para os play-offs pois o jogo da Suécia - que, para animar ainda mais a noite, fora rico em reviravoltas - terminara com uma vitória para o seu lado, tornando-os a melhor equipa classificada em segundo lugar.
Na altura, acabei por dar graças por a Suécia se ter qualificado em vez de nós, pois não queria que a caminhada em direcção ao Europeu terminasse daquela forma. E agora que já sei qual foi o desfecho deste capítulo, ainda abençoo mais essa reviravolta do destino.
Pouco após o jogo com a Dinamarca, soubemos que, daí a um mês, disputaríamos o play-off contra a Bósnia-Herzegovina, selecção que já se havia cruzado no nosso caminho para o Mundial 2010, dois anos antes. Muita gente recomendava prudência uma vez que a equipa bósnia tinha melhorado significativamente ao longo dos últimos dois anos e, conforme o médio bósnio Zvjedzan Misimovic assinalou, Portugal tivera, teoricamente, condições para já ter o apuramento resolvido mas teve de ir aos play-offs. No entanto, a Turma das Quinas também havia crescido, sobretudo no último ano, e Paulo Bento chegou mesmo a dizer: "Não vou desconfiar de quem durante um ano e picos fez tudo o que devia e, por um jogo, pôr tudo em causa".
A preparação dos play-offs foi marcada pelo regresso de habituais titulares que haviam estado indisponíveis na última jornada dupla e ensombrada pela entrevista de José Bosingwa ao jornal "O Jogo". Como seria de prever, a Comunicação Social alimentou-se das polémicas declarações do jogador mas, aparentemente, estas não tiveram grande repercussão no seio da Equipa de Todos Nós.
A primeira mão do play-off foi disputada em Zenica, terreno bósnio, em condições bastante adversas para a Equipa das Quinas. Começando pelo relvado de péssima qualidade. A Federação Portuguesa de Futebol apelara para a UEFA, tentando fazê-los mudar a localização do jogo, mas os responsáveis fizeram ouvidos de mercador. Para cúmulo, os dirigentes bósnios ignoraram o acordo selado na manhã do dia da primeira mão e regaram o campo, pouco antes do início do jogo, piorando ainda mais o seu estado. Tal motivou a Selecção a jogar sob protesto.
Outro obstáculo que a Equipa de Todos Nós teve de enfrentar foram os adeptos bósnios pouco amigáveis, que tentaram desestabilizar a Selecção Portuguesa e, em particular, o capitão Cristiano Ronaldo, com lasers e gritos por Messi.
A primeira mão do play-off terminou com o marcador por abrir. O resultado desapontou mas a exibição da Equipa das Quinas não. O domínio do jogo foi claramente português, falou-se de "espírito guerreiro", "personalidade fortíssima". Terá literalmente sido o campo (que foi apelidado de horta, batatal, pseudo-relvado, Farmville, etc) a impedir a vitória da Selecção Portuguesa. Em todo o caso, ficaram boas promessas para a segunda mão, que se realizaria no Estádio da Luz, daí a quatro dias.
Promessas essas que foram cumpridas, e muito bem cumpridas, naquele que foi o ponto mais alto do ano, ou mesmo de toda a Qualificação. Nesse Portugal recebeu e venceu na Luz a Bósnia por seis golos espectaculares contra dois que não passaram de pormenores tornados pormaiores, num jogo épico (palavra muito na moda e demasiado vulgarizada, na minha opinião) e emocionante, que se assemelhou a um resumo de toda a caminhada em direcção à fase final do Euro 2012, com todos os momentos de brilho, de garra, juntamente com os momentos menos bons e as inesperadas escorregadelas, antes de apresentar o desfecho da história. Que não podia ser mais feliz. O Hino Nacional entoado a plenos pulmões por todo o Estádio encerrou a caminhada, encerrou um jogo que teve todas as características de uma grande final. Um jogo que representou uma desforra contra um caso envolvendo um antigo Seleccionador de fraco carácter, dirigentes corruptos, em Portugal e no estrangeiro, jogadores desertores, notícias desestabilizadoras, relvados manhosos, lasers, adeptos hostis, árbitros pouco parciais. Uma desforra contra a crise que assola o País já ninguém sabe desde quando, contra os cortes impostos pelo Orçamento e pela Troika (bem menos simpática do que a Troika de ataque que empurrou a Selecção para a frente), contra os juros da dívida que, se não estou em erro, já roçam os vinte por cento, contra políticos corruptos e incapazes, contra os sacrifícios que parecem nunca mais acabar, contra o desemprego, contra a depressão, contra o desânimo. Um jogo que selou o apuramento e o renascimento da Selecção Nacional.
No dia 2 de Dezembro, realizou-se o sorteio da fase de grupos do Euro 2012 e Portugal ficou a conhecer os seus futuros adversários: serão eles a Dinamarca, a Holanda e a Alemanha. Dificilmente nos poderia ter calhado um grupo mais difícil. Podemos ver tanto este resultado como outro qualquer como uma coisa boa ou má, dependendo da maneira como o encararmos. Contudo, uma coisa é certa: aguardam-nos jogos verdadeiramente emocionantes, que ficarão para a História, independentemente do desfecho final.
Foi isto que aconteceu de mais relevante à Selecção Nacional ao longo de 2011. Em suma, foi um ano muito positivo em termos futebolísticos, não só por a Equipa das Quinas se ter qualificado para o Europeu do próximo ano, mas também por causa da Liga Europa, em que três equipas portuguesas chegaram às meias-finais, duas chegaram à final e, como é óbvio, uma delas levou o troféu para casa.
Em termos políticos, financeiros e sócio-económicos, 2011 foi um ano para esquecer, com o governo a demitir-se, a chegada da Troika, a ameaça da queda do Euro, entre outras desgraças. E a situação não parece estar perto de melhorar, sobretudo porque já sabemos que em 2012 nos esperam vários cortes e vida ainda mais difícil.
Em termos pessoas, tirando o contexto acima descrito, devo dizer que foi um dos melhores anos da minha vida, por várias razões. Muitos dos desejos e objectivos que tinha definido no início do ano cumpriram-se. Além disso, posso dizer com toda a segurança que evoluí ao longo do último ano, Tal evolução já havia começado em 2010 mas bem mais discretamente, a grande explosão deu-se este ano. Não sei dizer se me tornei uma pessoa melhor, mas, pelo menos, tornei-me um pouco mais corajosa, um pouco mais certa do que sou e do que quero. Dei vários passos em frente. O facto de ter ido ao Jamor assistir aos treinos da Selecção foi um deles, ainda que não o mais importante. Ainda não estou onde quero estar, ainda tenho um longo caminho a percorrer e tenciono continuar a percorrê-lo em 2012.
Olhando, então, para o próximo ano, no que toca à situação do País, já ninguém se atreve a pedir desejos, a ser optimista, depois de sofrermos desilusões atrás de desilusões. Estamos uma posição semelhante àquela onde nos encontrávamos no início de 2011. O ano que findava havia sido mau mas tudo indicava que o ano que começava seria ainda pior. No entanto, "não há mal que sempre dure nem bem que nunca acabe". Isto não pode durar para sempre, terá de existir uma altura em que isto comece a melhorar! Já andamos em crise há demasiado tempo, já chega!
Existe outra coisa em comum com o início de 2011 e o início de 2012: o facto de o futebol, em particular a Selecção, ser a única coisa que funciona bem neste País, a única coisa a que nos podemos agarrar, a única coisa que nos dá boas promessas para 2012. Quer a Selecção chegue à final de Kiev ou fique pela fase de grupos (que o Diabo seja cego, surdo, mudo e não tenha acesso à Internet...), aquelas semanas antes do Euro 2012 e pelo menos a primeira semana da fase final ninguém nos tirará. Nesse intervalo de tempo, os nossos pensamentos e, pelo menos, o meu coração estarão sediados na Polónia e na Ucrânia. Teremos algo que fugirá à rotina e que nos ajudará a suportar as dificuldades.
Quem me dera que outras coisas neste País funcionassem como funciona a Equipa de Todos Nós!
Para 2012 desejo, então, que sejamos campeões europeus. Que um clube português volte a ganhar um título europeu. Que o tal virar de maré de que falei acima ocorra no próximo ano. Que em 2012 vocês, leitores, tenham uma vida melhor, que evoluam, que consigam realizar os vossos sonhos, ou seja, que 2012 vos corra como 2011 correu a mim. E uso emprestada a foto da página do Facebook Sócio da Selecção para vos desejar...
Há cerca de um ano e um mês que sonho com esta entrada no blogue - desde que Paulo Bento assumiu o comando técnico da Selecção Portuguesa de Futebol conseguindo, em poucos dias, pô-la a vencer e a golear, relançando-a na luta pela Qualificação para o Campeonato Europeu de 2012, a realizar-se na Polónia e na Ucrânia. Isto apesar de, quando esta chegou às suas mãos, a Equipa de Todos Nós se encontrar praticamente destruída, após um Campeonato do Mundo que deixou bastante a desejar e um caso desagradável (e "desagradável" é um grande eufemismo) no seu rescaldo que culminou num trágico arranque de apuramento e no despedimento nada amigável do antigo Seleccionador. Essa crise está definitiva e finalmente ultrapassada - como eu sabia que acabaria por acontecer - após um jogo do outro mundo, ontem à noite - como eu não sabia que iria acontecer.
Realmente, até dá gosto escrever sobre jogos como a segunda mão do playoff de acesso ao Euro 2012. Dá gosto é como quem diz... Eu adoro escrever sobre a Selecção independentemente das circunstâncias mas recordar momentos como meia dúzia de golos fenomenais, os invulgarmente efusivos festejos de Paulo Bento, dezenas de milhares de pessoas gritando poderosamente "POR-TU-GAL! POR-TU-GAL!" e cantando o hino a uma só voz, os jogadores abraçando-se e atirando-se para cima uns dos outros, dulcifica imenso a coisa.
Por outro lado, devo confessar que, apesar de me ter dado um prazer especial, esta entrada levou-me tremendas quantidades de tempo a escrever. No meu caderno de rascunhos tenho páginas e páginas cheias de notas. São tantas as coisas de que queria falar, mas infelizmente vou ter de deixar algumas de fora. E, já assim, a entrada vai ser longa, por isso, preparem-se!
Duvido que alguém estivesse à espera de uma vitória tão expressiva quando a Selecção Nacional entrou em campo, ontem à noite. Eu, pelo menos, quando me sentei na minha sala de estar, com o computador portátil no colo, não imaginava que sairíamos da Luz com seis golos marcados. Como costumo fazer quando assisto aos jogos a partir de casa, estava ligada ao Twitter. Aqui ia publicando os meus comentários (apesar de ser pouco provável que estes fossem lidos) e ia lendo as reacções de portugueses e estrangeiros um pouco por todo o mundo - a beleza da Internet! E foi bom ver termos relacionados com Portugal no Top 10 dos Trending Topics, para variar.
A Selecção entrou no seu melhor, cheia de garra, decidida a sair da Luz com o passaporte carimbado para a Polónia e a Ucrânia. Daí que a primeira oportunidade de perigo para a baliza da Bósnia-Herzegovina tenha surgido logo aos cinco minutos. E que Cristiano Ronaldo tenha marcado o primeiro golo aos oito minutos, de livre. Um tiro espectacular, mesmo à CR7. Achei graça quando, após o golo se ouviram algumas notas do "Bailinho da Madeira" em honra do madeirense mais amado de todos os tempos.
Mais tarde, soube que, já durante o aquecimento, o Cristiano havia dado sinais claros de que se ia empenhar, de que não queria ficar de fora do Euro 2012. Se era por interesse próprio, pela sua própria mediatização, ou se pela Equipa de Todos Nós, não sei. Talvez fosse por ambos os motivos. Independentemente do egoísmo ou altruísmo das intenções, a verdade é que o jogo de Terça-feira à noite foi um dos melhores dele vestindo a camisola das Quinas e ele contribuiu muito para a vitória. A profecia do outro que eu mencionei na entrada anterior, de que dia 15 seria a noite de Cristiano Ronaldo e de que as 21 seriam a hora dele estava correcta. Mas a minha profecia de que dia 15 seria a noite de toda a Turma das Quinas e de que as 21 seriam a nossa hora também estava correcta uma vez que Ronaldo não foi o único Marmanjo a brilhar na Luz.
Nani, que completa hoje 25 anos de vida, foi um deles ao disparar sobre a baliza bósnia de fora da área. Um golo que me fez exclamar:
- Fogo!...
Estava provado que os Marmanjos estavam inspirados naquela noite. Achei graça ao tweet, mais uma vez, de @lidiapgomes: "Ataque à bomba na Luz".
Ora, a alegria por estes dois primeiros golos foi-me parcialmente roubada pela televisão de sinal digital. O meu pai e o meu irmão haviam chegado mais tarde a casa e estavam na cozinha, vendo o jogo enquanto jantavam. A televisão deles estava mais adiantada. Como tal, quando eles gritaram "GOLO!", eu ainda via a bola nos pés dos Marmanjos... Acabei por pegar no portátil e mudar-me para a cozinha.
O penálti a favor da Bósnia e consequente golo acabou por surgir um pouco contra a tendência do jogo. Safet Susic, o seleccionador da Bósnia, havia dito que o jogo seria decidido nos detalhes. Agora percebia o que ele queria dizer.
O jogo chegava ao intervalo com um resultado que não correspondia ao que de facto se passara em campo e pouco tranquilizador para as cores nacionais. Se os Bósnios anulassem a desvantagem, seriam apurados por terem marcado fora. Tudo era possível e a única certeza que tinha era que ainda haveria muito para ser jogado naquela noite.
Entretanto, o meu pai e o meu irmão acabaram de jantar. Agora, sem televisões adiantadas ligadas, viemos para a sala.
No início da segunda parte, os adeptos portugueses estavam menos exuberantes nas suas manifestações de apoio. Não os posso censurar, sobretudo porque, durante o resto do tempo, mereceriam cinco estrelas. Excepto quando assobiaram o hino bósnio. Apesar de compreender a atitude deles e não poder julgar, acho que isso estava fora dos limites. Em todo o caso, corresponderam ao pedido de apoio por parte de Cristiano Ronaldo. E o capitão da Turma das Quinas agradeceu marcando o terceiro golo da Selecção, na jogada seguinte. Depois, bem ao seu estilo, ter-se-à dirigido aos adeptos bósnios perguntando:
- Mess? Quem é Messi? - Ah, grande Ronaldo!
Este foi o seu 32º golo pela Equipa das Quinas, destronando, deste modo, Luís Figo - ironicamente na mesma noite em que a antiga estrela da Selecção foi homenageada pelas suas 109 internacionalizações. Mas acho que o Figo não se importa. Aqueles que dizem que o Ronaldo só dá o seu melhor pelos clubes começam a ficar sem argumentos. O madeirense encerrará o ano de 2011 com sete golos marcados com a camisola das Quinas - igualando o recorde de 2004. António Oliveira resumiu bem a situação: "Finalmente foi criada uma sintonia perfeita entre a equipa e o jogador". Agora só tem Eusébio e Pauleta acima dele na tabela dos goleadores da Equipa de Todos Nós. E visto que ainda vai a meio da carreira, qualquer dia ainda os vai destronar...
Desta feita, o prazer do golo foi-me de novo roubado, não pelo meu pai e irmão, mas pelos vizinhos de cima. Parecia mesmo que o sinal digital tinha tirado o dia para se divertir à minha custa. Irritada, acabei por voltar para a cozinha, desejando que a Selecção marcasse mais um golo, para eu poder celebrar como deve ser.
Podia ter celebrado alguns minutos mais tarde se a equipa de arbitragem tivesse visto Papac ajeitando a bola com as mãos na área da Bósnia de uma forma bem mais ostensiva do que no lance que dera o penálti à Bósnia. Mas os árbitros pareciam estar a sofrer de uma miopia bastante selectiva, naquela noite. Miopia essa que voltou a manifestar-se minutos mais tarde, quando não viram o fora-de-jogo de Spahic no lance do segundo golo deles. Mais um detalhe, mais um pormenor tornado pormaior. Houve quem twittasse que havia ali um dedinho de Michel Platini. Não me surpreenderia...
Estávamos de novo com uma vantagem precária que, apesar de nós sermos claramente melhores, poderia ser anulada por outro detalhe, por outro capricho do destino. Estava a ser um verdadeiro jogo da Equipa de Todos Nós, com todo o sofrimento que a ele costuma estar associado, cheio de emoções fortes. Uma autêntica final. Parecia, de certa forma, um resumo de toda a caminhada para a fase final do Euro 2012, com todos os momentos de brilho, de garra, mais os inesperados tropeções e momentos menos bons. Tudo podia acontecer, todos os desfechos desta história eram possíveis. Mas eu acreditava, como nunca deixo de acreditar. Acreditava que a Selecção marcaria mais um golo e consolidaria a vitória.
E não me enganei.
Hélder Postiga marcou aos 72 minutos, após uma excelente assistência por parte de Ruben Micael, dando-me, finalmente, a oportunidade de gritar "GOLO!" e travando de vez os bósnios. Menos de dez minutos depois, foi marcado um pontapé livre perigoso a favor de Portugal. À semelhança do que acontecera nos livres anteriores, o público chamou por Ronaldo, mas aquela zona era a especialidade de Miguel Veloso. Por isso, o Marmanjo pediu para ser ele a executar o pontapé livre. Ronaldo aceitou e, deste modo, Veloso teve também direito ao seu momento de glória.
Ainda não tinham passado três minutos, já Hélder Postiga cabeceava para o interior da baliza bósnia, marcando o seu segundo golo naquela noite. Houve quem dissesse que ele estava a sorrir quando fez esta jogada. É bem possível.
Estava feito o resultado, embora eu ainda esperasse mais um golo. Nas bancadas cantava-se o hino de Portugal, celebrava-se já o apuramento. Depois do apito final, os jogadores juntaram-se à festa. Nos holofotes soaram as primeiras notas do Hino Nacional e toda a Luz, todos os jogadores, toda a equipa técnica, todos os adeptos presentes no estádio, todos os portugueses seguindo o jogo à distância, em suma, toda a Selecção Nacional cantou a uma só voz. Um momento lindo e, tanto quanto sei, inédito excepto em finais, que encerrou com chave de ouro um jogo que teve todas as características de uma grande final.
Que a Selecção tenha a oportunidade de voltar a cantar o Hino Nacional no fim de um jogo em Junho do próximo ano!
Falou-se da Troika de ataque constituída por Cristiano Ronaldo, Nani e Hélder Postiga. Aqueles que mais marcaram ao longo da fase de qualificação. Cada um deles marcou no Estádio da Luz. Muita gente parece surpreendida por o Hélder Postiga ter marcado duas vezes, mas não compreendo porquê. Na minha opinião, ele tem sido injustamente subvalorizado pelo público. Não posso falar do clube mas na Selecção tem tido quase sempre bons desempenhos, não só nesta fase de qualificação mas há já vários anos. Sempre foi um dos meus jogadores preferidos. OK, admito que comecei a gostar dele quando tinha treze ou catorze anos pelo seu aspecto (e ainda hoje acho que ele não é nada feio...) mas ao longo dos anos fui ganhando melhores argumentos para gostar dele: é humilde, empenhado, ajuizado, não procura protagonismo e há muito que é um talismã para a Equipa das Quinas. Eu já reconheci o potencial dele, espero que este jogo tenha servido para outros reconhecerem.
O próprio Hélder observou que ele marca sempre na Luz, sempre naquela baliza, curiosamente. Se não me engano, isso aconteceu duas vezes no particular com a Espanha, há precisamente um ano, e no jogo com a Noruega. Um dos comentadores da RTP comentou mesmo que o Hélder devia era arrancar aquela baliza e levá-la para a Polónia e para a Ucrânia - adorei esta frase. Eu costumo dizer mal dos comentadores televisivos mas estes, quando querem, até têm uns rasgos de inspiração...
Mas eu não queria falar apenas da Troika de ataque (que, curiosamente, é constituída por, provavelmente, os meus três jogadores preferidos da Selecção). Quero falar deles em conjunto com o Miguel Veloso, o Hugo Almeida, o João Moutinho, o Fábio Coentrão, o Rui Patrício, o Ricardo Quaresma, entre outros - uma geração que, desde há alguns anos a esta parte, tem dado muito à Equipa de Todos Nós e, visto ainda serem relativamente jovens, julgo que ainda têm tempo para crescerem ainda mais e para darem ainda mais à Selecção. Eu, pelo menos, tenho fé nestes rapazes.
Mas isso seria mais a longo prazo. A curto/médio prazo, temos um Campeonato da Europa para preparar. Já se fazem prognósticos sobre o desempenho da Selecção no Europeu, mas eu prefiro não ir por aí, pelo menos não para já. A euforia ainda está demasiado fresca. Além disso, prefiro saber ao certo o que teremos de enfrentar. E nem me vou pôr a fazer prognósticos sobre o próprio sorteio, nem me vou pôr a dizer quais as selecções mais ou menos convenientes para nós. Para quê? Não podemos influenciar o sorteio... Que seja o que Deus quiser. E não teremos de esperar muito para se conhecer a Sua vontade visto que o sorteio é já dia 2 de Dezembro.
Mas uma coisa confesso: depois de tudo por que a Turma das Quinas passou no último ano e meio, quero ver até onde esta Selecção renascida é capaz de ir.
Encerra-se deste modo inacreditável a caminhada para o Europeu de 2012. Provámos que coisas como seleccionadores de fraco carácter, dirigentes corruptos, jogadores desertores, notícias desestabilizadoras, relvados manhosos, adeptos hostis, dirigentes estrangeiros que não colaboram, árbitros de imparcialidade duvidosa, presidentes de parcialidade quase provada cientificamente, podem complicar-nos a vida mas, no fim, não chegam para nos impedir de alcançar os nossos objectivos. Que a Selecção é mais forte do que tudo isso.
Quero desde já felicitar todos os jogadores, equipa técnica e adeptos que, como eu, nunca deixaram de acreditar, de apoiar, por termos conseguido um lugar na Polónia e na Ucrânia, por termos conseguido reconstruir a Selecção e colocá-la a jogar ao seu melhor nível. Agradecer-lhes por nos terem dado algo para celebrar, algo por que ansiar. Agradecer-lhes por, mais uma vez, terem retribuído o apoio que lhes é dado.
Por, mais uma vez, provarem que faço bem em ser doida pela Selecção.
Agora que estamos finalmente apurados, planeio montar alguns vídeos de homenagem e apoio à Selecção ao longo dos meses que faltam para o Europeu. Começarei por refazer o vídeo que montei há um ano com a música The Climb, de Miley Cyrus. Não consegui colocá-lo no YouTube devido aos direitos de autor das imagens do Mundial e sempre o lamentei pois considero que a mensagem da música tem muito a ver com a Selecção Nacional. Daí ter decido refazer o vídeo. Desta feita, não vou usar imagens do Mundial (com alguma pena minha) a ver se evito os problemas de direito de autor. Tenciono, até, fazer três versões diferentes: uma com a versão oficial da música, outra com a versão instrumental e outra com um instrumental em piano que encontrei recentemente. Vou tentar tê-las prontas em breve. Quando as tiver postarei aqui. Entretanto, se quiserem ver as primeiras versões do vídeo, podem sacá-las através dos links aqui ao lado direito.
P.S. As celebrações da vitória e do apuramento para o Europeu foram assombradas pelo estado de saúde do Gustavo, o filho de Carlos Martins, que completa hoje três anos e a quem lhe foi diagnosticada uma leucemia. Três anos de idade e tem cancro... Eu já tinha estranhado a sobriedade dos jogadores nas flash-interviews... Entretanto, o Cristiano Ronaldo, o Nani e o Fábio Coentrão já publicaram apelos à doação de medula óssea nas redes sociais, já se formou uma corrente de solidariedade online - algo que é de louvar e que pode fazer a diferença, dada a popularidade destes jogadores. Talvez eu não tenha grande personalidade, talvez eu seja facilmente manipulável, talvez a Selecção seja uma fraqueza minha e eu faça qualquer coisa que eles me peçam mas a verdade é que tenciono ajudar. E não é só por ser o filho de um Marmanjo, só de pensar numa criança de três anos (um ano mais nova do que um primo meu) a ter de ser submetida a cirurgias e quimioterapia... Quem é que consegue ficar indiferente? Mais ou menos nesta altura do ano costumam vir recolher sangue à minha Faculdade e costumam também apelar ao registo como doador de medula. Eu já doei sangue mas tenho estado relutante em inscrever-me como doadora de medula mas agora... Se não for o Gustavo, há-de ser o filho de outra pessoa qualquer.
Vou também acrescentar o meu blogue à onda de solidariedade para com o Gustavo, apelando a que sigam o meu exemplo e se registem como doadores de medula (saibam mais AQUI). Hoje é o filho do Carlos Martins, amanhã pode ser o vosso filho, o vosso neto, o vosso sobrinho, o vosso irmão. Quero também enviar ao Carlos e à Mónica, os pais do Gustavo, uma mensagem de solidariedade, de força e um desejo do fundo do coração que eles consigam vencer esta luta.
Na passada Sexta-feira, dia 11 de Novembro, realizou-se em Zenica, na Bósnia-Herzegovina, a primeira mão do playoff de acesso ao Campeonato Europeu de Futebol de 2012, a realizar-se na Polónia e na Ucrânia. O duelo que opôs a Selecção da casa à sua congénere portuguesa terminou empatado sem golos.
Só consegui seguir o jogo com a devida atenção durante a primeira meia hora. Nesse intervalo de tempo, assisti ao desafio numa televisão de sinal ainda analógico, com o som desligado, ouvindo ao mesmo tempo o relato via rádio. Deve ter sido a última vez que vi um jogo dessa forma uma vez que, com a substituição pela Televisão Digital Terrestre, deve acabar a sincronia quase perfeita entre a televisão e a rádio – algo que lamento profundamente. Já antes mencionei aqui o contagioso entusiasmo com que os jogos são relatados na rádio, fazendo os comentadores televisivos parecerem terrivelmente enfadonhos. Na Sexta-feira, não foi excepção. O locutor da Antena1 – cujo nome não decorei – relatou de forma primorosa ao longo do tempo em que estive a escutá-lo. Ele ia intercalando o relato com uma ou outra curiosidade ou uma ou outra piadinha. Mencionou, por exemplo, que um dos responsáveis bósnios fora, de gravador em punho, confirmar com um jornalista da SIC que aquele é que era o hino nacional português; que pernoitara no mesmo hotel que Howard Webb – o árbitro – e que não gostaria de encontra-lo num beco escuro, visto Webb ser alto e corpulento.
Ele pode ter estado apenas a encher chouriços mas os comentadores televisivos, quando não têm nada para dizer, a sua criatividade limita-se a: “Acompanhe depois o rescaldo do jogo na RTP Informação” e pouco mais.
Visto que Portugal cedo ganhou o domínio do jogo, assisti ao desafio com bastante tranquilidade – em contraste absoluto com a agonia que fora o jogo com a Dinamarca. Mais uma prova de que a noite de Copenhaga fora apenas azar, um acidente de percurso. “Aqui quem manda somos nós”, disse mesmo o locutor. O primeiro golo não tardaria, achava eu.
Enganava-me. Entretanto, saímos para o jantar de aniversário da minha mãe – que completou cinquenta anos nesse dia. Entre beijos e abraços aos amigos e familiares, a ocupação dos lugares à mesa, a actualização das conversas, os primeiros pratos, só de vez em quando é que ia olhando a televisão. Não era, portanto, capaz de perceber o que se estava a passar ao certo. Como tal, quando o jogo terminou com o marcador por abrir, não consegui deixar de ficar desanimada. Não percebia como é que aqueles Marmanjos não tinham conseguido marcar apesar de terem jogado tão bem na primeira parte. Fazia-me recordar a Qualificação para o Mundial 2010, em que a Selecção jogava bem mas era incapaz de marcar golos. E, sem golos fora, se os bósnios marcarem na Luz, vai ser complicado.
Só mais tarde, quando vi as notícias, é que percebi que não existem motivos para grandes preocupações. A única coisa que, pelos vistos, nos impediu de levar o jogo de vencida foi, literalmente, o campo. Eu acho um bocado patético estamos a dizer “Eu sei dançar! A pista de dança é que não presta…” mas este foi mesmo um caso à parte. Portugal fez uma exibição de grande qualidade, falou-se mesmo de “personalidade fortíssima” e de “espírito guerreiro” e, segundo os jornalistas, deixou boas promessas para Terça-feira desde que jogue desta forma.
Tem graça. Geralmente, costumo ser eu a optimista e os media a ficar de pé atrás, mas neste jogo passou-se o oposto… Mas eu própria vi-os a jogar de forma excelente durante a primeira parte e acredito que a qualidade se tenha mantido ao longo dos noventa minutos de jogo, por isso…
O campo, de resto, tem sido uma verdadeira dor de cabeça há já coisa de um mês. Vários nomes foram usados para o definir – batatal, horta, pseudo-relvado – e várias piadas foram feitas. Um exemplo foi um tweet de @lidiapgomes : “Portugal ainda não encontrou o caminho do golo mas já encontrou 3 batatas, 5 cenouras e vários tomates no relvado” – depois desta, o Fábio Coentrão não vai precisar de voltar a assaltar a horta do Cristiano Ronaldo tão cedo… Outro exemplo, foi uma frase do jornal Record:“Pepe foi o que mais amealhou no Farmville”. Adorei estas duas! A Federação já tinha pedido à UEFA que trocasse a localização do jogo mas tal pedido caiu em saco roto. Isto apesar de a França ter pedido o mesmo em relação ao seu embate com a Bósnia aquando do apuramento – algo que já não me surpreende.
Aquilo que me surpreendeu foi o facto de os dirigentes bósnios terem desrespeitado o acordo forjado na manhã antes do jogo e regado o campo, piorando ainda mais a sua qualidade. Juro que não percebo qual foi a ideia deles. À pala disso, a Selecção jogou sob protesto. Agora, estou curiosa em relação às consequências de tal processo.
Mas entretanto, ainda temos a segunda mão do playoff, na Terça-feira, no Estádio da Luz. Esta coisa do “relvado” e dos dirigentes bósnios é apenas um factor a contribuir para um desejo relativamente saudável de vingança. Como dizia no Record, mais uma vez, desejamos uma desforra por isso e pelos adeptos hostis que fizeram barulho à porta do hotel da Selecção, que apontaram lasers ao Ronaldo e gritaram por Messi (apesar de muitos garantirem que, há dois anos, foi pior. Por acaso, até gostei da linguagem gestual cujo significado toda a gente conhece. Pode não ter sido politicamente correcto mas, como costumo dizer, uma miúda não é de ferro e não tenho lata para exigir que o Ronaldo o seja quando tanta gente tenta destabilizá-lo). Para isso, a ideia dos jornalistas é encher o Estádio da Luz, não só de adeptos, mas também “de fervor, de paixão, de entusiasmo, de alegria”. Recriar o lendário Inferno da Luz.
A mim, não é só a vingança que me motiva. Existem outros desejos mais antigos, várias vezes mencionados aqui no blogue ao longo do último ano: consumar o renascimento da Selecção depois do caso Queiroz; dar uma alegria aos portugueses numa altura em que tudo o resto está cada vez pior; uma promessa de mais alegrias no próximo ano, algures entre Maio e Junho. Encerrar o percurso até à fase final do Euro 2012 da melhor forma. Até porque, na remota hipótese de falharmos, o Europeu não terá o mesmo interesse, não só para nós, mas também para o mundo futebolístico em geral. Na coluna de Alexandre Pais do Record, este dizia: “Cristiano, dia 15 é a tua noite, as 21 são a tua hora”. Eu prefiro a frase assim: dia 15 é a nossa noite, as 21 são a nossa hora. Porque a Selecção não é só o Ronaldo. Somos todos nós. E na próxima Terça-feira mostraremos ao mundo aquilo de que somos capazes.
P.S. Não quero falar sobre José Bosingwa. Já se falou e opinou o suficiente sobre isso, não tenho muito mais a acrescentar. Aliás, as declarações e os rumores que têm circulado pelos media podem estar incompletos, descontextualizados, talvez até sejam falsos. Por isso, não me sinto à vontade para tecer julgamentos. Além de que não sei ao certo o que pensar desta história toda… Assim, apenas lamento que a Selecção tenha perdido mais uma mais-valia. E, tal como aconteceu com Ricardo Carvalho, espero que a Equipa de Todos Nós não saia demasiado afectada desta história toda e que, eventualmente – embora saiba que é pouco provável – Bosingwa e Paulo Bento façam as pazes e o jogador possa voltar à Selecção.
Realizar-se-á em breve o play-off de acesso ao Campeonato Europeu de Selecções, a realizar-se em 2012 na Polónia e na Ucrânia. A Selecção Portuguesa de Futebol disputá-lo-á com a sua congénere bósnia num jogo a duas mãos. A primeira realizar-se-á dia 11 de Novembro em Zenica, na Bósnia-Herzegovina. A segunda realizar-se-á dia 15 de Novembro, no Estádio da Luz.
Paulo Bento divulgou a lista de Convocados para este play-off na passada Sexta-feira, precisamente a uma semana da primeira mão. Não existem grandes novidades na lista, embora se destaque o regresso de habituais como Fábio Coentrão, Pepe, Danny e Hugo Almeida – dando a Paulo Bento uma “maior possibilidade de escolha” e, pelo menos a mim, uma maior tranquilidade.
Muitos têm alertado para o potencial da Bósnia, que cresceu durante os dois anos que nos separam da última vez que jogámos contra eles, no play-off de acesso ao Mundial 2010. Incluindo um integrante da selecção que será a nossa adversária. “Crescemos como equipa e temos mais experiência do que no último play-off”, afirmou recentemente o médio bósnio Zvjedzan Misimovic. “Há muita qualidade no ataque e também estamos um pouco melhores na defesa. A nossa autoconfiança aumentou.” E, apesar de reconhecer o nosso valor, observou: “Nem tudo está fácil para eles [Portugal]. Qualquer Selecção com tanto potencial teria conseguido o apuramento directo.” Essa doeu.
Contudo – apesar de ser a primeira a reconhecer que não domino o assunto – acho que Portugal também melhorou alguma coisa neste intervalo de tempo, em particular, no último ano. Pelo menos, a Qualificação para o Europeu 2012 foi, em alguns aspectos, melhor do que a Qualificação para o Mundial 2010. Se bem se recordam, empatámos vários jogos, por vezes sem marcarmos um golo que fosse, só despertámos na parte final da qualificação, quando sentimos a corda ao pescoço. Na Qualificação, que terminou recentemente, ganhámos todos os jogos, exceptuando os dois primeiros e o último, marcámos generosamente em muitos deles, frente a adversários nem sempre assim tão fracos. O próprio Paulo Bento disse na Conferência de Imprensa em que anunciou os Convocados: Não vou desconfiar de quem durante um ano e picos fez tudo o que devia fazer e, por um jogo, pôr tudo em causa.Adorei esta declaração.
Tendo tudo isto em conta, o prognóstico do Seleccionador de cinquenta por cento de hipóteses para cada lado, acaba por ser o mais sensato. Acredito, além disso, que podemos esperar um play-off bem disputado, emocionante como só um jogo da Selecção consegue ser.
Luís Figo, que, no mesmo dia em que os Convocados foram divulgados, completou trinta e nove anos de existência, disse, mais do que uma vez, que acreditava numa vitória das cores nacionais embora tenha avisado que “não era o fim do futebol português” se isso não acontecesse. É óbvio que tem razão. Contudo, como já disse antes, penso eu, nunca coloco sequer essa hipótese. Sei que não é assim tão remota, mas, pura e simplesmente, não quero sequer pensar em ficar de fora de um Campeonato de Selecções. Muito menos agora, que as coisas estão cada vez mais negras para o nosso País. Como já repeti umas mil vezes, precisamos de algo bom por que esperar no futuro. Mesmo que o Europeu não dê em nada, mesmo que, mais tarde, se venha a descobrir que a Selecção não funcionava tão bem como parecia, tal como aconteceu no Mundial 2010, aquelas semanas em que se preparam as fases finais são uma fuga à rotina, uma fonte extra de alegria, um período de entusiasmo por antecipação que eu, pelo menos, prezo.
Como tal, não peço aos jogadores que se qualifiquem ou morram tentando, mas que, pelo menos, façam um esforço. E acredito que o farão. Como afirmou Paulo Bento, “se não estivermos motivados para jogar uma fase final, dificilmente estaremos motivados para alguma coisa”. É como diz a música: “o people é sereno mas play-off é p’ra ganhar”.
Um aparte só para comentar que uma das vantagens de voltarmos a jogar com a Bósnia é podermos reutilizar o Menos Ais Versão Play-off (AQUI). Ainda me custa a acreditar que já tem dois anos de idade…
Não sei se poderei actualizar o blogue antes do jogo de Sexta-feira, visto que terei uma semana muito ocupada. Mas obviamente poderão contar com uma análise à primeira mão nos dias seguintes.
O dia 11 será um dia multiplamente especial para mim uma vez que a minha mãe completará meio século de idade, como diz o meu pai; ainda por cima numa capicua. Só no meu aniversário é que nunca há jogos da Selecção… À hora da primeira mão do play-off estarei, certamente, no jantar de anos da minha mãe. Em princípio o restaurante terá televisão – se tiver, será bom assistir ao jogo com várias pessoas, como no meu último encontro com a Noruega. Se não tiver, tenho sempre o meu leitor de MP3.
A minha mãe não liga tanto à Selecção como eu (também deve haver pouca gente a ligar tanto ou mais do que eu…) mas os Marmanjos podiam dar-lhe um belo presente vencendo em Zenica e adiantando-se no caminho para o Europeu. À minha mãe e a todos os portugueses. Acredito, ou melhor, sei que, embora não possam prometê-lo sem margem de erro, a Selecção tudo fará para nos dar tal presente. E ninguém esperaria menos.