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O Meu Clube É a Seleção!

Mulher de muitas paixões, a Seleção Nacional é uma delas.

Estar enganada nunca soube tão bem

01.pngNa passada terça-feira, dia 6 de dezembro, a Seleção Portuguesa de Futebol venceu a sua congénere suíça por seis bolas contra uma, em jogo a contar para os oitavos-de-final do Mundial 2022. Com este resultado, Portugal segue para os quartos-de-final da prova, onde irá defrontar Marrocos. 

 

 A diversão e o sofrimento continuam, como eu desejava. Nesta fase é mais diversão, felizmente.

 

As emoções começaram várias horas antes do início da partida. Consegui ver um bocadinho do jogo entre a Espanha e Marrocos na minha hora de almoço. Já estava a trabalhar quando este terminou – e naturalmente fiquei chocada com o resultado final. Estava a fazer falta uma surpresa destas, os oitavos estavam a ser demasiado previsíveis. 

 

Adiantando-me um pouco, o nosso resultado com a Suíça pode ser considerado uma surpresa? Eu diria que sim. Em teoria este era o jogo mais equilibrado desta fase, ninguém conseguia prever com certeza quem venceria. Ninguém estava à espera que qualquer um dos lados atropelasse o outro desta forma. 

 

Regressando ao pré-jogo, ao longo da tarde circulou o rumor de que Cristiano Ronaldo ficaria no banco – algo que se confirmou quando saiu oficialmente o onze inicial. Muitos de nós sabiam que esta era a decisão correta. Mas ninguém tinha a certeza de que o técnico teria coragem de tomá-la. 

 

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Desta vez, custou-me menos estar a trabalhar durante parte do jogo. Ajudou o facto de termos tido menos movimento e atendimentos menos complicados. Uma vez mais, tínhamos o relato ligado, mas acabei por me servir mais de sites de atualizações, quando conseguia espreitá-los.  Foi assim que soube do primeiro golo de Gonçalo Ramos e do golo de Pepe – este último já perto da minha hora de saída. 

 

Ainda consegui ver imagens do primeiro golo no trabalho, quando a Sport TV as colocou nas redes sociais. Não sei do que gosto mais: se da jogada, se das celebrações. Foi uma grande assistência de João Félix, que consegue fazer a bola passar por entre dois suíços. Gonçalo Ramos remata de lado e a bola entra pelo canto, impossível de defender. 

 

E depois a Seleção toda correndo a abraçar o miúdo – embora o Bernardo Silva tenha voltado depressa para o campo, coitado. Eu devia estar com um ar tão tolo lá no trabalho, de olhos no computador, sorrindo de orelha a orelha. 

 

Só consegui ver imagens do golo de Pepe já em casa. Na sequência de um canto batido por Bruno Fernandes, o Marmanjo voou e cabeceou para as redes. Pepe é dos que mais ama a Seleção e teima em não envelhecer. Que nunca nos deixe!

 

Já estava em casa durante a segunda parte. Não sei como foi com vocês, mas eu estava cautelosa, com medo que a Seleção cometesse algum deslize e a Suíça reduzisse a vantagem. Não seria a primeira vez. 

 

Felizmente, não foi necessário preocupar-me: a segunda parte trouxe uma mão-cheia de golos. A minha mãe até comentou que parecia que estávamos a jogar contra o Liechtenstein e não com a Suíça.

 

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Foram logo dois golos em poucos minutos. Antes do terceiro golo, Diogo Dalot conseguiu deixar um suíço fora do caminho. Depois, Gonçalo Ramos, com uma lata descomunal, fez uma cueca ao guarda-redes, marcando o seu segundo golo na partida. 

 

Cinco minutos depois, foi a vez de Raphael Guerreiro marcar. Quem acompanhe o meu blogue há uns anos saberá que o Raphael é o meu menino-bonito. Ele não recebe, nem de longe nem de perto, a devida apreciação da parte dos adeptos portugueses – é possível que isso seja por ele nunca ter jogado na liga portuguesa. Não estava à espera que ele marcasse neste jogo, mas fiquei contente por o ter feito.

 

Na verdade, foi uma grande jogada coletiva que desaguou neste golo. Começou com um bom entendimento entre o regressado Otávio e João Félix. Félix depois passou para Gonçalo Ramos, que depois assistiu para Raphael. 

 

A única mancha no desempenho de Gonçalo Ramos – e mesmo da Seleção como um todo – foi a assistência involuntária para o golo de honra da Suíça, na sequência de um pontapé de canto. Acontece, nem sequer foi a primeira vez neste Mundial, ninguém se rala. 

 

E de qualquer forma ele redimiu-se rapidamente com um terceiro golo. Bruno Fernandes recuperou uma bola, passou-a a Félix e este isola para Ramos marcar. Eu nesta altura já nem gritava “GOLO!”, só me ria. 

 

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Um par de parágrafos, então, para falarmos sobre Gonçalo Ramos? Este miúdo estreia-se a titular pela Seleção num Mundial e faz-me logo um hat-trick e uma assistência, coloca logo o mundo inteiro a falar sobre ele. E depois de cada golo põe-se ali a fazer pistolas com os dedos, como se fizesse aquilo todos os dias – adoro a lata.

 

Aliás, se não se importam, vou começar a fazer os mesmos gestos. Até os colegas de Seleção já os fizeram.

 

Finalmente, Cristiano Ronaldo entrou, mais ou menos a meio da segunda parte. Isto depois de o público ter passado um bom bocado a chamá-lo. Isso na altura irritou-me – toda a Turma das Quinas jogando como nunca, Gonçalo Ramos então a fazer o jogo da vida dele, e aquela gente gritava por um jogador no banco? Mas compreende-se: a maior parte dos adeptos a favor de Portugal tinham vindo para ver Ronaldo. Ele continua a ser a figura mais mediática da nossa Seleção. O facto de ele já não render o mesmo é uma coisa recente. 

 

E a verdade é que Ronaldo esforçou-se. Não foi por falta de vontade. Tive pena de o golo dele ter sido anulado.

 

Ainda houve tempo para mais um golo, em cima dos noventa minutos – de Rafael Leão, o Marmanjo que remata com um sorriso. Este compete em beleza com o primeiro de Gonçalo Ramos: um remate em arco espetacular, os suíços nem se mexeram. 

 

Ficou feito o resultado. Portugal segue para os oitavos-de-final. 

 

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O meu texto pré-Mundial envelheceu como um iogurte, não foi? A Seleção deixou-me com cara de parva. Eu própria o escrevi: vim para este Mundial com a minha fé e entusiasmo em mínimos históricos – não eram nulos, tinham alguma esperança, mas menos que o costume. 

 

E o que acontece após o pontapé de saída? Sem nunca esquecer as circunstâncias deploráveis, o Campeonato do Mundo está a ser dos mais excitantes desde que me lembro. Melhor de tudo, Portugal está a fazer, no mínimo, o seu terceiro melhor Mundial de sempre – mesmo na pior das hipóteses, para mim já é um sucesso, mesmo que pequeno. O jogo com a Suíça, em particular, foi um dos nossos melhores em Mundiais, se não tiver sido o melhor. Eu não tinha razão ao ter sido tão cética antes e, meu Deus, não ter razão nunca soube tão bem. No rescaldo do jogo, terça-feira à noite, sentia as bochechas doridas de tanto sorrir. 

 

Antes de continuar a falar das coisas boas, vamos ter de abordar o elefante na sala. Ou melhor, o elefante no banco da Seleção no início do jogo, sempre com inúmeras câmaras apontadas para ele. 

 

Temos de dizê-lo, Gonçalo Ramos jogou no lugar de Ronaldo e fomos narrativamente recompensados por isso. Os títulos e manchetes sobre o jogo não douram a pílula: pela primeira vez desde o Euro 2004, Ronaldo não é titular indiscutível na Seleção. O “primeiro dia do resto da vida” dele e das Quinas. 

 

Passámos uma boa parte dos últimos anos, desde a final de Paris, a debater se a Seleção joga melhor com ou sem Ronaldo. Antes, quando Ronaldo tinha a capacidade de ser Deus Ex Machina e, do nada, marcar um ou dois golos e resolver uma partida, ambos os lados da discussão tinham validade. Nestes últimos meses, agora que os anos já pesam e Ronaldo não fez pré-época (mesmo que tenha sido por motivos legítimos), e depois deste jogo, as dúvidas estão a diminuir.

 

Confesso que não sei se estou preparada para a próxima fase. Ainda é muito cedo, foi apenas um jogo em que Ronaldo não foi titular. No entanto, receio que, quando a realidade assentar, a longo prazo, irá doer. 

 

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Ainda assim, gasta-se demasiada tinta digital com o madeirense: porque fez olhos tristes para Fernando Santos a certa altura, porque saiu demasiado cedo para os balneários. E… pobre Otávio. Fez uma bela exibição perante a Suíça mas, como a Joana Marques assinalou, teve de levar com inúmeras perguntas sobre Ronaldo na sua conferência de imprensa. Como disse um colega meu no outro dia, Portugal podia ganhar o Mundial e, no dia seguinte, as televisões todas gastariam horas a debater se Ronaldo estava mais feliz no 10 de julho ou no 18 de dezembro. Todas as câmaras apontadas a Ronaldo acabam por criar um efeito de lupa: ampliando, exacerbando coisas que, na verdade, são pequenas.

 

Não sei como foi com vocês, mas eu ia dando em doida com a direção que o debate a certa altura tomou. De repente, só tínhamos pessoas fazendo de Ronaldo um vilão ou pessoas preferindo que Portugal perdesse com Ronaldo a titular. Quase ninguém no meio. 

 

Mas isso também é um produto das redes sociais. Os algoritmos preferem os extremos.

 

A única coisa que sei é que Ronaldo está a lidar com esta fase da sua carreira da melhor maneira que consegue. Nem sempre tem tomado as melhores atitudes, mas ele é humano. E, mesmo já não sendo titular inquestionável, a Seleção precisa dele. Como suplente de ouro, por exemplo – aliás, Ronaldo poderá ser importante se tivermos de ir a algum desempate por grandes penalidades. Nem que seja apenas com atitudes como o “Anda bater!” ou o consolo a Diogo Costa, no fim do jogo com Gana – isso também é importante.

 

Aliás, paradoxalmente, todo este assédio da imprensa poderá funcionar a favor deles. Poderá espicaçar Ronaldo o suficiente para ele e os colegas de equipa se unirem ainda mais, contra tudo e contra todos. Não seria a primeira vez.

 

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Até porque uma das minhas coisas favoritas em relação ao momento atual da Equipa de Todos Nós tem sido o companheirismo entre os Marmanjos. As celebrações dos golos, os abraços, as veias salientes, as mensagens nas redes sociais, as declarações. Otávio à espera que o Gonçalo Ramos deixe o Benfica, William à espera que Ramos lhes pague um jantar (terá pago?), os conselhos de Bruno Fernandes ao jogar às cartas, Bruno tentando roubar-lhe o prémio de Melhor Jogador, Otávio tentando roubar-lhe a bola do hat-trick. Nem todas as equipas que cultivam este ambiente são bem sucedidas, mas não se pode ter sucesso sem esse espírito.

 

Agora espera-nos Marrocos nos quartos-de-final. Sim, é um adversário mais desejável para nós do que a nossa eterna besta negra Espanha, mas não significa que vá ser fácil. Daquilo que vi do jogo dos oitavos, eles gostam muito de contra-ataques. Além disso, Marrocos ainda não perdeu um jogo neste Mundial e só sofreu um golo – um auto-golo perante o Canadá. Os marroquinos nem sequer sofreram um “golo” no desempate por grandes penalidades perante os espanhóis. E assim deixaram a Espanha e a Bélgica para trás, como Bernardo Silva recordou.

 

À semelhança do que já tinha feito depois do jogo com o Uruguai, Fernando Santos reforçou a importância de mantermos os pés na Terra – faz bem. Referiu as dificuldades que Marrocos nos colocou no Mundial 2018 – embora, na minha opinião, o problema tenha sido mais termos jogado mal. 

 

Uma vez mais, não vai ser nada fácil, mas eu acho que estará ao nosso alcance se fizermos as coisas bem. Se houve algo que se descobriu na terça-feira é o que acontece quando fazemos as coisas bem. Já é bom termos chegado aos quartos-de-final, sim, mas não chega. Quero mais. Todos queremos.

 

Uma coisa boa é o facto de, se continuarmos no Catar, a partir de agora, em princípio, nenhum jogo de Portugal no Mundial coincidirá com o meu trabalho. Os quartos são hoje. As meias-finais, se passarmos, serão quarta-feira, dia em que estou de folga à tarde. 

 

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Eu pedi esta folga há umas três semanas, juro que não foi de propósito – no que toca a este Mundial, só fiz mesmo planos para a fase de grupos. Aliás, se Portugal passar às meias, já tenho algo combinado… mas só digo o que é se for mesmo para a frente, se Portugal ganhar a Marrocos. 

 

Por fim, tanto a final com o jogo do terceiro lugar serão no próximo fim de semana, à tarde. 

 

Tenho colegas que planearam isto com mais fé do que eu. Um deles pediu há um par de semanas para sair mais cedo na quarta-feira pois fizera as contas assumindo que Portugal passaria em primeiro no grupo. Outro colega meu já está a fazer planos para ir buscar a Seleção ao aeroporto no dia 19.

 

Fico com inveja pois não consigo pensar na final ou mesmo nas meias-finais sem começar a hiperventilar. Já não me reconheço a mim mesma. Eu é que tenho o blogue, eu é que devia ser a grande adepta da Seleção. Quando é que me tornei tão cética? Uma das minhas colegas há um par de semanas até me disse que eu tinha de ter mais confiança em Portugal – quando eu disse que queria que ficássemos em primeiro para evitarmos o Brasil. 

 

O que nos leva de volta à ideia de há pouco: eu estava enganada sobre a Seleção. 

 

Esta é uma das minhas coisas favoritas em relação ao Mundial: as conversas sobre isso, não só com pessoas próximas, mas também com estranhos. Pessoas no café, utentes no trabalho. Na terça-feira, por exemplo, depois do jogo com a Suíça, foi quando fui passar a minha cadela e falei com outros donos de cães sobre a piada do Otávio, entre outras coisas. E este Mundial em especial convida a isso, com todas as surpresas.

 

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Espero, então, continuar nesta festa, continuar a humilhar o meu lado mais cético. Alimentem as minhas ilusões, por favor – e nunca mais as quebrem. 

 

Como sempre, obrigada pela vossa visita. Se pudrem, façam um donativo à Amnistia Internacional, que está a tentar ajudar os trabalhadores que construíram este campeonato. Continuem a acompanhar este louco Mundial comigo, quer aqui no blogue, quer na sua página de Facebook

*suspiro de alívio*

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Na passada terça-feira, dia 29 de março, a Seleção Portuguesa de Futebol venceu a sua congénere macedónia por duas bolas sem resposta, em jogo a contar para os play-offs de acesso ao Mundial 2022. Com este resultado, a Seleção garantiu presença no Catar, onde disputará a fase de grupos do Mundial com o Gana, o Uruguai e a Coreia do Sul. 

 

Quatro meses e meio depois, volto a respirar normalmente.

 

No texto de hoje não vou falar muito sobre o jogo em si – não se justifica. Chegou a ser um bocadinho seca nalgumas alturas. Menos empolgante que o jogo com a Turquia, mas mais tranquilo, com menos sofrimento – também sabe bem. Como quase toda a gente, queria o fulgor atacante da primeira parte do jogo com a Turquia. 

 

Por outro lado, também me recordava que os italianos, nas meias-finais, tinham rematado mais de trinta vezes, sem conseguir marcar. De nada servia estarmos ali a atacar ao desbarato, se não fôssemos capazes de converter. 

 

Ao mesmo tempo, Portugal defendeu melhor. Pepe, regressado após ter apanhado Covid, foi fantástico. Por seu lado, Danilo surpreendeu pela positiva como central. Tão cedo não torno a criticá-lo.

 

 

O primeiro golo foi marcado mais ou menos à meia hora de jogo. Bruno Fernandes intercetou um passe de Ristovski, passou a Cristiano Ronaldo. Este galgou em direção à grande área e, à entrada, devolveu a Bruno Fernandes (fazendo uma cueca a Musliu) e este assinou o primeiro golo. 

 

Muitos se calhar esperavam que Ronaldo tentasse marcar ele mesmo – provavelmente falharia, estavam dois macedónios em cima dele. Mas Ronaldo foi inteligente e altruísta. Ted Lasso ficaria orgulhoso (vi ambas as temporadas há pouco tempo e ando um tudo nada obcecada). 

 

O segundo golo veio na segunda parte. Desta vez foi Diogo Jota a assistir de uma grande distância – impressionante. Bruno Fernando finalizou com apenas um toque.

 

Pois bem, ainda não foi desta que a minha irmãzinha conheceu o sabor amargo de uma Qualificação falhada. Nem eu, na verdade: já era nascida aquando do Apuramento para o Mundial 98, mas aos sete anos ainda não ligava ao futebol. 

 

Mas lembro-me vagamente da final desse Mundial, entre a França de Zidane e o Brasil de Ronaldo o Fenómeno).

 

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Apesar das minhas objeções a Fernando Santos, ia ser muito triste se este deixasse a Seleção desta forma: falhando um Apuramento pela primeira vez em mais de vinte e quatro anos, ele que nos conquistou os nossos dois primeiros títulos. 

 

As coisas ainda não estão ótimas, mas gostei de ver a Seleção nestes play-offs. Houveram melhorias em relação ao final de 2021: mais união, mais espírito de equipa, em comunhão com o ambiente fantástico no Estádio do Dragão. 

 

Não vou mentir, continuo zangada por não termos conseguido o Apuramento perante a Sérvia – eu estava lá e não teria de passar os meses seguintes a sofrer com a incerteza. Mas, de uma maneira retorcida, talvez tenha sido esse falhanço a unir os Marmanjos em torno deste desafio. Por um lado é inspirador, por outro não devia ser necessário.

 

Mesmo não tendo marcado, gostei de ver Ronaldo nesta jornada. Sobretudo quando veio a público elogiar Pepe, João Cancelo, dizendo que a Seleção é uma família, pedindo o hino à capela. À Capitão.

 

Só falta ele fazer o mesmo quando há derrotas.

 

Agora que estamos Apurados, posso finalmente comentar o estranho calendário de seleções este ano. Para alguém que segue o futebol de seleções há muitos anos, estas mudanças são excitantes. Um Mundial no início do inverno em vez de no início do verão! Um Mundial perto do Natal! Espero que a Federação lance uma linha de enfeites natalícios alusivos à Seleção e ao Mundial. Não deverá ser difícil. O verde e o vermelho – e o dourado – também são cores natalícias.

 

 

Mas é possível que nem todos achem assim tanta piada. Não sei como é que as alterações no calendário irão afetar a gestão física dos jogadores. Para a qualidade futebolística no Mundial será melhor: os jogadores virão apenas com meia época nas pernas em vez de uma inteira, como costuma acontecer. Mas parece que só terão cerca de uma semana para preparar o Mundial – não acho suficiente, nem de longe nem de perto.

 

Além disso, terão os jogadores tempo de férias depois do Mundial? Eu espero que sim, mas infelizmente tenho as minhas dúvidas.

 

Por outro lado, tenho precisado de recordar a mim mesma que este ano não haverá Europeu nem Mundial em junho – o meu subconsciente ainda não está muito convencido. Ao menos teremos quatro jogos da fase de grupos da Liga das Nações. Hei de tentar ir a um deles.

 

Entretanto, já se realizou o sorteio da fase de grupos do Mundial. Portugal ficou no grupo H, juntamente com o Gana, o Uruguai e a Coreia do Sul. Um grupo interessante.

 

Vou começar pelo fim. Já tinha pensado na possibilidade de nos cruzarmos com a Coreia do Sul – orientada por Paulo Bento deste 2018, o nosso Selecionador entre 2010 e 2014, antes de Fernando Santos. Cheguei a publicá-lo na página do Facebook. Assim, quando os coreanos vieram parar ao nosso grupo, eu ri-me.

 

Eu diria que só não acerto no Euromilhões mas, para ser justa, há umas semanas ganhei quase nove euros, por isso…

 

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Ao contrário do que acontece com o seu antecedente (que por acaso falhou o Apuramento para este Mundial), não guardo ressentimentos de Paulo Bento. Ele deu o seu melhor e estar-lhe-ei sempre grata – por feitos como a recuperação no Apuramento para o Euro 2012, depois daquele início desastroso, e o próprio Euro 2012 – não acredito que já lá vão quase dez anos.

 

E ainda acredito menos no que está a acontecer a um dos seus anfitriões neste momento.

 

No que toca à Coreia do Sul em si, o nosso histórico com eles reduz-se ao infame jogo do Mundial 2002 – há quase vinte anos. Uma derrota por 1-0 que ditou a nossa expulsão do Mundial e que, pior de tudo, incluiu João Pinto dando um murro ao árbitro. Vinte anos depois ainda sinto vergonha. Sem dúvida um dos momentos mais baixos da Seleção Portuguesa.

 

O Mundial 2002 foi o primeiro campeonato de Seleções que acompanhei ativamente, ainda que não com a paixão de anos mais tarde. Eu estava no sétimo ano. Se a memória não me falha, este jogo decorreu cerca da uma da tarde. Penso que terei visto a primeira parte em casa? Não me lembro bem. Mas lembro-me que às duas da tarde, durante a segunda parte, já estava nas aulas. Alguns colegas meus ficaram no bar da escola a ver o jogo. A certa altura, um deles entrou na sala, dizendo:

 

– O Beto também foi expulso.

 

Pouco depois, outro colega meu entrou na sala, dizendo:

 

– A Coreia do Sul marcou.

 

 

A Seleção Portuguesa passou por muito desde então. Eu que o diga. Mas provavelmente, quando os sul-coreanos pensam em nós, recordam-se deste jogo. O que é triste.

 

Cabe a nós deixarmos uma impressão bem melhor.

 

Diz que Paulo Bento é o Selecionador mais bem sucedido na Coreia do Sul, com o maior número de vitórias num só “mandato”. Por um lado fico satisfeita por as coisas lhe estarem a correr bem. Por outro, se a Coreia do Sul está a atravessar uma boa fase com um técnico que nos conhece bem… não é bom sinal para nós.

 

O nosso segundo jogo será perante o Uruguai. Um aspeto curioso é o facto de o Uruguai ter servido de carrasco a todos os seus companheiros de grupo em Mundiais anteriores. Expulsaram-nos do Mundial 2018, como se devem recordar. No Mundial 2010, derrotaram a Coreia do Sul nos oitavos-de-final. Depois desse jogo, encontraram o Gana nos quartos-de-final e… foi caricato.

 

Estou surpreendida por só estar a descobrir esta história agora. O infame Luis Suárez defendeu um golo com a mão, em cima da linha de baliza. O árbitro – o português Olegário Benquerença (que é feito dele?) – naturalmente, expulsou-o e marcou penálti a favor do Gana. Os ganeses, infelizmente, não conseguiram converter – o safadinho do Suárez chegou a ser filmado a festejar o falhanço antes de entrar no túnel. No fim, o Uruguai seguiu em frente após desempate nos penáltis.

 

É uma das histórias de futebol mais loucas que conheço – e uma zona cinzenta futebolística. Tecnicamente Suárez foi castigado pela gracinha – não é culpa dele que o Gana não tenha aproveitado o penálti de compensação. Na prática, o lance decidiu a partida, pelo menos em parte, e a recompensa foi maior que o castigo.

 

 

Vai ser engraçado quando uruguaios e ganeses se encontrarem de novo.

 

Eu diria que o Uruguai será o nosso adversário mais difícil, sobretudo pelos seus nomes sonantes. Alguns bem conhecidos dos adeptos portugueses: Coates e Ugarte, que representam o Sporting; Darwin, que representa o Benfica; Cavani, protagonista de uma novela qualquer no verão de 2020. E, claro, Suárez – colega de João Félix no Atlético de Madrid. Uma vez mais, o nosso historial é reduzido e pouco esclarecedor: uma vitória, um empate e uma derrota.

 

Finalmente, temos o Gana. O nosso histórico resume-se à nossa única vitória no Mundial 2014. Depois disso, os ganeses falharam o Mundial 2018 e, agora, Apuraram-se via play-offs frente à Nigéria. Foi na segunda mão que ocorreu o triste episódio da invasão de campo. Dizem que, de todas as seleções africanas neste Mundial, o Gana é a pior em termos de ranking da FIFA. O que vale o que vale. 

 

Em suma, é um grupo relativamente equilibrado. Já estivemos em grupos piores. Um dos aspetos que me preocupa é o nosso histórico reduzidíssimo com todas estas equipas – algo que dificilmente aconteceria com outras seleções europeias. Serão adversários que conhecemos mal, o que torna tudo mais imprevisível.

 

É engraçada a maneira como cada um destes adversários representa um momento infeliz do nosso passado. O Gana recorda-nos o desastroso Mundial 2014. A Coreia do Sul é treinada pelo ex-Selecionador que nos orientou nesse Mundial e recorda-nos, também, o igualmente desastroso Mundial 2002. O Uruguai recorda-nos o, não desastroso mas desapontante, Mundial 2018.

 

Os fantasmas de Mundiais passados. 

 

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Talvez esta seja uma oportunidade para corrigirmos esses erros. Tal como os play-offs já serviram para corrigir o fraco desempenho no Apuramento no ano passado. Talvez 2022 seja o ano da redenção.

 

É claro que isto sou eu sendo idealista e romantizando a coisa. Na prática esperam-nos muitas dificuldades. Já há quem fale em vencermos o Mundial. Não surpreende – é típico do portuga ir do oito ao oitenta do dia para a noite. Tal como aconteceu em 2018, eu acho que é preciso ter calma. O desempenho nos play-offs não apaga o que aconteceu no grupo de Apuramento e no Euro 2020. Além de que historicamente os Mundiais correm-nos pior que os Europeus.

 

Por outro lado, o Mundial só decorrerá no final deste ano. Ainda há de passar muita água até essa altura – incluindo a fase de grupos da terceira Liga das Nações. O Pepe, por exemplo, ainda nem sequer sabe se conseguirá jogar no Mundial – um bocadinho triste, mas ele faz bem em ser realista. Tendo tudo isto em conta, reservo os meus prognósticos para essa altura. 

 

É engraçado mas, agora que as coisas correram bem nos play-offs, já estou com saudades da Seleção, ainda que a jornada só tenha terminado há uma semana. Regressei ao meu modo normal. Felizmente só teremos de esperar pouco menos de dois meses até a Equipa de Todos Nós se reunir de novo. Há de passar num instante.

 

Podem ajudar-me a suportar a espera na página de Facebook deste blogue. Por outro lado, criei há pouco tempo uma conta no Ko-fi – podem pagar-me um café lá, se vos apetecer. Como sempre, obrigada pela vossa visita. Até à próxima!

Alegria e tristeza, saúde e doença

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No passado domingo, dia 11 de outubro, a Seleção Portuguesa de Futebol empatou sem golos contra a sua congénere francesa, em jogo que decorreu no Stade de France, em Paris. Três dias depois, a Seleção venceu a sua congénere sueca por três bolas sem resposta. 

 

Antes de falarmos sobre os jogos, receio que tenhamos de falar sobre o Coronavírus, que pelo menos para mim arruinou esta jornada tripla. Bem, na verdade tem arruinado a vida de toda a gente este ano, de múltiplas maneiras. Este foi apenas mais um exemplo. Isto numa fase em que eu pensava que estávamos preparados, que sabíamos com que contar, que já estaríamos capazes de evitar baldes de água fria. Mas não.

 

Na véspera do jogo com a Suécia, Cristiano Ronaldo acusou positivo no rotineiro teste à Covid. Reagi um bocado mal à notícia – o Ricardo Araújo Pereira deixou-me com as orelhas a arder um bocadinho, no seu monólogo de abertura no domingo passado (Ah, doença cruel! Oh, maleita inclemente!).

 

Não que tenha ficado muito preocupada com a saúde de Ronaldo – ele é jovem, é saudável, aparentemente tem estado assintomático. Na pior das hipóteses, batam na madeira, ele tem dinheiro para pagar tratamentos de luxo, semelhantes aos que o execrável presidente dos Estados Unidos recebeu. Eu até alinhei nas piadas que se fizeram na altura – embora mais na onda de rir para não chorar. 

 

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Vou desde já admitir a minha hipocrisia: isto só se tornou um problema a sério para mim quando foi Cristiano Ronaldo a acusar positivo – não me preocupei tanto quando José Fonte e Anthony Lopes acusaram, dias antes. É inútil negá-lo, Ronaldo tem um mediatismo que nenhum dos outros tem – e provavelmente nunca terão. 

 

Por outro lado, isto aconteceu uma semana depois do início da concentração. Aquilo que mais me afligiu foi o facto de, de repente, quase tudo o que Ronaldo no seio da Seleção, teve de ser questionado, assinalado como possível risco de contágio. A foto que ele tirou com Pepe e Sergio Ramos, depois do jogo com a Espanha, aludindo aos anos em que foram colegas no Real Madrid; o momento com Kylian Mbappé, seu admirador, a troca de camisolas com o jovem Eduardo Camavinga; a fotografia da Seleção à mesa do jantar. Bolas, só o facto de ter treinado e jogado futebol sem máscara.

 

Fernando Santos garante que não foi durante a concentração que Ronaldo contraiu o vírus – mas o Selecionador, com o devido respeito, não é uma autoridade de saúde. De qualquer forma, independentemente do momento em que se contaminou, se Ronaldo deu positivo, é possível que já carregasse o vírus há uns dias, correndo o risco de o ter passado aos colegas. Colegas esses que, depois desta jornada tripla, regressaram aos seus clubes, às suas famílias. Toda uma cadeia de transmissão que pode ter começado na Equipa de Todos Nós.



Como é que acham que eu me senti ao saber que um compromisso da Seleção, uma das coisas que mais alegria traz à minha vida, pode ter servido de foco de infeção? Quase que mais valia a Turma das Quinas ter continuado em hiato. Se os Marmanjos não podiam festejar um golo sem que eu receasse que se estavam a contaminar uns aos outros, para quê?

 

Não culpo os jogadores. Acredito quando dizem que tem cumprido os protocolos todos o melhor que podem. E, que diabo, segundo Fernando Santos fizeram sete testes ao Covid em uma semana (um momento de silêncio pelas suas fossas nasais). Não sei se os protocolos definidos em junho, quando o futebol recomeçou, ainda estão em vigor mas, se estiverem, os jogadores praticamente só saem de casa para os treinos e jogos. Que mais podem fazer?

 

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À hora desta publicação, tanto quanto sei, mais nenhum Marmanjo acusou positivo à Covid 19. Nem nenhum jogador francês, sueco ou espanhol, nem mesmo Mbappé ou Sergio Ramos ou Camavinga. Pode ser que Ronaldo não tenha contaminado ninguém. Não há nada que possamos fazer agora. Mais vale falarmos sobre os jogos.

 

No dia do jogo com a França, cheguei a casa um bocadinho tarde. Quando liguei a televisão, já tinham decorrido os primeiros minutos da partida. Rúben Dias já contava um cartão amarelo, aparentemente após uma cotovelada a Olivier Giroud. O jogador francês ficou a sangrar e tiveram de lhe ligar a cabeça.

 

Havia necessidade disto tão cedo no jogo? Acho que não. Um árbitro mais duro teria mostrado logo o vermelho, o que ia estragar-nos o jogo por completo. Mas tenho de confessar, depois de Dimitri Payet nem sequer ter levado falta quando lesionou o Ronaldo na final de Paris, c’est le karma. O Giroud individualmente não teve culpa, coitado, mas é bem feita para a seleção francesa em geral. 

 

Parece que, em relação aos franceses, vou ser sempre algo mesquinha. O facto de lhes termos roubado o título de Campeões Europeus não foi suficiente. Em minha defesa, os franceses continuam igualmente mesquinhos: vejam-se as notas que a France Football deu aos Marmanjos.

 

Mas estou a desviar-me. 

 

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À parte esse pormenor, foi um jogo muito equilibrado. Caricatamente equilibrado, como se pode ver no meme acima. Na primeira parte, Portugal esteve por cima – muito graças ao excelente trabalho dos nossos médios, sobretudo de William Carvalho e Danilo. William, então, foi uma das estrelas desta jornada tripla.

 

Ainda assim, não dispusemos de muitas oportunidades. Tivemos um lance caricato em que, após um belo passe, Bernardo Silva tentou esticar-se mas acabou por cair com espalhafato. Houve também uma oportunidade de Bruno Fernandes, de Cristiano Ronaldo (boa intervenção de Lucas Hernandez) e pouco mais.

 

Na segunda parte, os franceses entraram mais afoitos. Desta feita, os nossos médios tiveram mais dificuldade em contê-los – em parte por causa do cansaço. O jogo tornou-se mais partido, menos seguro. Ainda assim, mesmo tomando mais as rédeas da partida, os franceses nunca obrigaram Rui Patrício a esmerar-se, tirando um momento ou outro.

 

Por seu lado, Fernando Santos lançou Diogo Jota e Francisco Trincão, a ver se não ficávamos pelo empate. Não resultou, infelizmente. Pepe até conseguiu enfiar a bola na baliza, na sequência de um livre. Ainda festejei, mas o golo foi anulado por fora-de-jogo.

 

O marcador permaneceu por abrir até ao apito final. Tínhamos vindo a dizer, nos dias anteriores, que um empate não seria um mau resultado – e de facto não o foi. Afinal de contas, era uma das melhores seleções do Mundo e um adversário tradicionalmente difícil para nós.

 

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Ao mesmo tempo, empatámos perante uma das melhores seleções do Mundo e um adversário tradicionalmente difícil para nós… e mesmo assim Fernando Santos queria mais. Queixou-se que os jogadores de ambas as equipas foram “demasiado cautelosos”... mas quem pode censurá-los? Éramos nós contra os Campeões do Mundo e nossas maiores bestas negras. Eram eles contra os Campeões da Europa e Liga das Nações e que já lhes tinham causado dissabores.

 

Além disso, é possível que, tivéssemos sido menos cuidadosos, corrríamos o risco de sofrermos golos, o que não era desejável.

 

Depois do jogo, toda a gente fez a piada de que faltou o Éder para repetir o feito do 10 de julho. A brincar a brincar, eu até concordo, faltou o Éder. Não o jogador em si, antes aquilo que ele representou na final de Paris: a estrelinha, aquele rasgo inesperado de inspiração, de talento, para marcar o golo da vitória (não confundir com sorte). Ronaldo fá-lo inúmeras vezes, mas podia ter vindo de qualquer um. 

 

Desta vez não deu.

 

Cheguei a ter medo de que esta jornada tripla terminasse sem que a Seleção marcasse um golo. Felizmente, o jogo com a Suécia deu-nos ocasiões para matar essa sede. 

 

Portugal entrou em jogo com a “pica” toda – fazendo lembrar um pouco a Espanha, uma semana antes. Tivemos oportunidades logo aos primeiros minutos, uma de Diogo Jota (que substituiu Ronaldo), outra de William Carvalho (já disse aqui que o William foi espetacular nestes jogos?). Finalmente, aos vinte minutos, Bruno Fernandes isolou Jota, este driblou um pouco e assistiu para o golo de Bernardo Silva.

 

 

Estava aberto o marcador – e a Seleção pôde festejar este golo com público!

 

Apesar da entrada em grande de Portugal, a Suécia não se deixou dominar. Pelo contrário, este foi um jogo muito partido, atípico para o estilo de Fernando Santos. Conforme mencionaram aqui na vizinhança, os suecos esticaram o campo em vez de encolhê-lo. Portugal nunca conseguiu ter o jogo controlado por completo.

 

Felizmente, a Seleção conseguiu não sofrer golos – uma vez mais, graças ao trabalho de Rui Patrício (um dos melhores guarda-redes do Mundo), Danilo e Pepe. Este último está numa fase excelente apesar a idade. É o mestre da defesa portuguesa – e Rúben Dias, que combina muito bem com ele, é o seu aprendiz, talvez o seu sucessor.

 

Eram Pepe, Patrício e Danilo brilhando atrás, era Diogo Jota brilhando à frente. Poucos minutos antes do intervalo, João Cancelo fez um passe espetacular, como que guiado por GPS. A bola encontrou Jota cara a cara com a baliza e o miúdo não desperdiçou. 

 

As coisas não mudaram muito na segunda parte. Aos sessenta e sete minutos, Bruno Fernandes recuperou a bola, arrancou em direção ao meio-campo da Suécia, isolou João Félix à entrada da área, só o guarda-redes à sua frente. Infelizmente, o miúdo deve ter-se enervado e rematou por cima. 

 

Pobre Félix. Ainda não está lá.

 

 

Finalmente, dez minutos depois, Jota fez quase tudo sozinho no último golo. O passe foi de William, Jota conduziu a bola para dentro da grande área, indiferente aos quatro suecos lá, e rematou para as redes.

 

Muito entusiasmada com este miúdo. Se se mantiver no caminho certo e tiver sorte, será um grande jogador.

 

Ficou feito o resultado. Talvez demasiado dilatado para um jogo em que Portugal nunca teve mão no jogo por completo. Não é grave. O que interessa são os três pontos e os golos numerosos, que poderão vir a da jeito em caso de empate pontual com a França, mais à frente.

 

Se não fossem todos os problemas causados pelo Coronavírus, hoje estaria muito feliz com o momento atual da Seleção. A Equipa de Todos Nós não fez um único jogo mau nesta edição da Liga das Nações, mesmo com adversários deste calibre. O longo hiato pode ter feito bem à Seleção – nos últimos jogos antes da pausa, tinhamos concluído uma Qualificação para o Euro 2020 com dificuldade, deixando muito a desejar. Depois disso, eu não esperava um desempenho tão consistente nesta prova.

 

Ou então, é a nossa mania de jogarmos melhor perante equipas difíceis. Nesse sentido, a Liga das Nações é uma competição à nossa medida (mesmo que muito boa gente como Arsène Wegner não lhe ache piada). Não admira que tenhamos sido os primeiros vencedores.

 

Neste momento, sobramos nós e a França na luta pela passagem às meias-finais. A maneira menos stressante de carimbarmos o passaporte é vencendo os franceses no próximo mês, em casa. Uma tarefa difícil em qualquer circunstância. No entanto, acredito que a Seleção atual, da maneira como tem jogado, é a melhor preparada para este desafio.

 

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Falaremos melhor sobre isso na altura.

 

Esperemos que Ronaldo elimine o vírus depressa e que mais ninguém na Seleção se contamine. Obrigada por lerem. Tenham cuidado convosco, para não se virem na mesma situação. Continuem a acompanhar a Equipa de Todos Nós comigo, quer aqui no blogue, quer na sua página de Facebook.

Entrando no futuro

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Na passada quinta-feira, 6 de setembro, a Seleção Portuguesa de Futebol empatou a uma bola com a sua congénere croata, no Estádio do Algarve, em jogo de carácter particular. Quatro dias mais tarde, venceu a sua congénere italiana, no Estádio da Luz, em jogo a contar para a fase de grupos da primeiríssima edição da Liga das Nações… e eu estive lá!

 

Comecemos pelo jogo com a Croácia. O onze inicial português incluiu muitas novidades – só se repetiram quatro titulares relativamente ao jogo com o Uruguai. Resultou bem, ao princípio, com bastantes iniciativas por parte dos portugas. Bruma, em particular, teve uma oportunidade logo aos três minutos.

 

A Croácia, no entanto, quando tinha a bola, criava perigo. Foi assim que surgiu o primeiro golo da partida, aos dezoito minutos, após um erro de Rúben Neves – que, por sinal, tinha acabado de cobrar um livre com muito perigo.

 

Felizmente, Portugal não se deixou abalar demasiado, começou logo à procura da igualdade. E conseguiu-a. Pouco após a meia hora de jogo, na sequência de um canto em que o centenário Pepe cabeceou para as redes, após um cruzamento de Pizzi.

 

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Eu ia no carro ouvindo o relato na rádio, quando o Pepe marcou. Aproveitei para cumprir, pelo menos em parte, um desejo antigo da minha bucket list: comemorar um jogo da Seleção com uma buzinadela. Na verdade, a minha ideia era comemorar assim um golo mais “importante” (isto é, num Europeu ou Mundial), por isso, foi uma buzinadela rápida.

 

E de qualquer forma, o problema desse desejo é que, se há um jogo da Seleção num campeonato desses, vou querer estar em frente a uma televisão, não a conduzir.

 

Em todo o caso, fiquei feliz por Pepe ter marcado na sua centésima internacionalização. Eu assino por baixo de todas as homenagens que lhe têm feito – a que lhe fizeram antes do jogo com a Itália deu-me arrepios. Portugal deve muito a um cada vez mais imperial Pepe – sobretudo por causa do seu papel no nosso primeiro título.

 

Mesmo que ele nem sempre tenha sido exemplar, nunca se pôs em causa o seu camisola. Custa a acreditar que já lá vão quase dez anos – mas por outro lado, ele tem sido um dos pilares, uma das constantes da Seleção. Vai ser estranho quando ele se retirar (espero que ainda estejamos longe disso).

 

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Por outro lado, quando vimos repetições do golo, a minha irmã perguntou se os polegares na boca eram para as filhas ou para os miúdos da Seleção. Fica o mistério.

 

Durante o resto do jogo, Portugal não deixou de dominar. Nem mesmo depois das substituições, que baixaram a média das idades da equipa para pouco mais de 22 anos – é uma delícia olhar para este grupo e ver tanto talento. Desde Bernardo Silva, claro, passando por Rúben Neves, Bruma (que esteve em grande nestes jogos, numa altura em que eu mal pensava nele), Rúben Dias, Mário Rui, João Cancelo (de novo com boas exibições, após um par de jogos infelizes pela Seleção), Gelson Martins, Bruno Fernandes (a minha irmã “ralhando” com ele, por querer sempre fazer bonito e rematar de longe)... e uns quantos que ainda não foram Convocados.

 

Infelizmente, o domínio não chegou para marcar mais golos.

 

É algo que acontece com alguma frequência com equipas jovens e relativamente inexperientes: muita parra e pouca uva, muito domínio e pouco bolo. Equipas mais experientes são mais afinadas, sabem ser cínicas quando é necessário. É nestes momentos que Ronaldo ainda faz falta à Seleção.

 

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Em todo o caso, chegou para o empate e foi apenas um particular. Não foi mau, tendo em conta que, no outro lado, estavam os atuais vice-campeões do mundo.

 

Por outro lado, poucos dias depois, a Croácia seria goleada pela Espanha. Talvez tenha havido demérito dos croatas.

 

Falemos do jogo com a Itália – desta feita a doer, o nosso primeiro jogo na novíssima Liga das Nações. Conforme disse antes, estive lá com a minha irmã – mais especificamente, atrás da baliza sul. A minha irmãzinha sportinguista pôde matar saudades de Rui Patrício.

 

Portugal repetiu o onze do jogo anterior e dominou ainda mais que perante a Croácia. A Itália pouco apareceu no jogo. As coisas começaram mais ou menos equilibradas, mas cedo o equilíbrio deslocou-se a favor dos portugueses. Infelizmente, estando nós atrás da baliza de Patrício, não conseguíamos ver muito bem a ação do outro lado do campo…

 

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Uma coisa em que deu para reparar, no entanto, foi que Portugal defendeu bem. Rui Patrício não precisou de se esforçar muito, mas os outros também não comprometeram. Eu, na altura, não me atrevi a comentá-lo em voz alta, não fosse dar azar. Enfim, superstições minhas…

 

Felizmente, o único golo da partida foi marcado na baliza sul, na segunda parte. Bruma fez uma de várias arrancadas, centrou, a bola de alguma forma foi parar a André Silva, que chutou para as redes.

 

Pelos vistos, a falta de inspiração do André, no jogo com a Croácia, não passou disso mesmo: de falta de inspiração.

 

Podíamos ter chegado ao 2-0 uns minutos mais tarde, com um remate de Bernardo Silva à entrada da área. O guarda-redes italiano teve de esmerar-se – Pepe e Rúben Dias (penso que era ele…) até foram dar-lhe os parabéns depois desta.

 

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Houveram várias outras oportunidades parecidas. Só perto do fim é que os italianos deram um ar de sua graça, embora apenas tiros de pólvora seca. Ainda assim, Portugal não chegou a matar o jogo. Não deu para ficar descansada. Mas o apito final veio e os três pontos ficaram garantidos.

 

Como tínhamos comentado antes, esta não era uma jornada dupla fácil, mas os Marmanjos passaram no teste. Podiam ter-se saído melhor, sim, mas ganharam um bom avanço para a fase final da Liga das Nações. Estou muito orgulhosa da Seleção, sobretudo dos mais novos, pelo que fizeram nesta dupla jornada.

 

Nesta altura do campeonato, sinto que estamos a entrar no futuro, com tudo o de bom e o de mau que vem com ele. Alguns começam a ser deixados para trás – constantes como João Moutinho, Bruno Alves, Nani. Mesmo Cristiano Ronaldo já esteve mais longe. Como em tudo na vida, os mais jovens acabarão, mais cedo ou mais tarde, tomar o lugar deles, os mais velhos.

 

Vou precisar de algum tempo para me habituar a essa inevitabilidade. Não vai ser fácil despedir-me de jogadores que acompanhei durante uma década, ou mais, que cresceram comigo, que conquistaram o primeiro título da Equipa de Todos Nós. Ao mesmo tempo, no entanto, estou ansiosa por ver o que estes miúdos podem fazer, por criar memórias com eles, escrever a história deles.

 

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Por outro lado, estou a tentar não “embandeirar em arco”, como diz Fernando Santos. Foram apenas dois jogos e existem atenuantes. Como vimos antes, a Croácia pode não estar assim tão bem, para perder daquela forma com a Espanha. E os italianos andam com crises existenciais desde que falharam o Mundial 2018 – o que não é de admirar.

 

Não, não vai ser fácil, isto ainda agora começou. Tal como Fernando Santos, quero muito chegar à final four (e, sobretudo, que esta decorra em Portugal) mas… um passo de cada vez.

 

Que venham os próximos!

 

Voltaremos!

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No passado dia 28 de junho, a Seleção Portuguesa de Futebol foi derrotada nos pénaltis, nas meias-finais da Taça das Confederações, pela sua congénere chilena. Quatro dias mais tarde, disputou o terceiro lugar na prova com a sua congénere mexicana, vencendo-a por duas bolas contra uma.

 

O jogo com o Chile nem começou mal. Pelo contrário, a primeira parte foi muito bem disputada por ambas as equipas. Dava gosto ver.

 

Algo a que achei piada foram as ocasiões (pelo menos duas), em que um dos guarda-redes fazia uma defesa espetacular para depois, na resposta, o guarda-redes adversário fazer uma defesa idêntica.

 

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No entanto, na segunda parte, a qualidade do jogo começou a decair. A ideia que ficou era de que Fernando Santos queria jogar para o prolongamento, para os penáltis. Talvez contasse com a (relativa) sorte que nos ajudou a conquistar o título europeu, no ano passado.

 

E até parecia que a Sorte (e o árbitro, diga-se de passagem) estava do nosso lado. Sobretudo quando chegou o prolongamento e Portugal parecia resignado a aguentar os chilenos, à espera do desempate final. José Fonte cometeu uma falta para grande penalidade que, por algum motivo, escapou ao vídeo-árbitro (provando que este ainda possui muitas arestas por limar).

 

O caso mais caricato, contudo, ocorreu em cima do final do prolongamento: um lance em que a bola bateu duas vezes nos ferros portugueses.

 

 

Eh pá, lembram-se de quando os postes costumavam ser os nossos maiores adversários?

 

O Rui Patrício até se riu após esse lance. Mas quem ri por último…

 

É a terceira vez que escrevo sobre desempates por grandes penalidades. Volto a dizer que não acredito na corrente de que os penáltis são cem por cento lotaria. Sobretudo depois deste jogo.

 

A sério, pessoal. Acham mesmo que uma equipa falha três penáltis seguidos por azar? Tenham juízo!

 

Conforme já referi duas vezes antes, na minha opinião, os penáltis são quarenta por cento perícia, trinta por cento estado psicológico e emocional, trinta por cento sorte. Ricardo Quaresma pode ter falhado o primeiro penálti por falta de sorte, admito. Mas depois disso deu-se o efeito bola de neve.

 

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João Moutinho tem um conhecido historial de penáltis falhados – afinal de contas, Cristiano Ronaldo teve de encorajá-lo, num momento que já se tornou icónico, aquando das grandes penalidades contra a Polónia, no ano passado. No entanto, neste jogo, perante o falhanço de Quaresma, não me surpreendeu que tivesse sucumbido à pressão. Nem que o mesmo tenha acontecido a Nani.

 

Depois do jogo, debateu-se se Cristiano Ronaldo deveria ter batido o primeiro penálti, tal como tinha feito aquando do jogo com a Polónia. Eu sou da opinião de que devia. Nos quartos-de-final do Europeu, foi importante termos tido o Capitão dando o exemplo aos colegas, sobretudo a Moutinho. Além disso, da outra vez em que tínhamos caído nas grandes penalidades, Ronaldo também não chegou a bater a sua. Não me parece que tenha sido coincidência. Como tal, não compreendo que não tenhamos começado pelo Ronaldo nestes penáltis.

 

A única explicação que me ocorre é que Fernando Santos quis apostar nos jogadores suplentes, menos desgastados.

 

Por outro lado, também admito que não fosse certo que Cristiano Ronaldo tivesse acertado o primeiro penálti. Além disso… o Quaresma é um dos mais experientes do grupo. Ele devia ter marcado.

 

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Havemos de voltar a falar sobre penáltis mais à frente.

 

Não, Portugal só se pode culpar a si próprio por este desfecho. Não apenas pela maneira como abordou os penáltis, mas também por ter sido demasiado conservador ao longo dos cento e vinte minutos de jogo. Quase todos concordam que a Seleção tinha capacidade para ir à final e lutar pelo título. Podemos ter desperdiçado uma oportunidade única. Não só porque será difícil Portugal voltar a Qualificar-se para uma Taça das Confederações, como também porque talvez esta tenha sido a última edição da prova.

 

No entanto, há que recordar que isto é “apenas” a Taça das Confederações: uma prova a respeitar, mas que não tem o mesmo prestígio que um Europeu ou Mundial. Até agora, seleções que vencem a Taça das Confederações nunca venceram o Mundial do ano seguinte. Tal como referiu António Tadeia, um dos possíveis motivos será a tentação dos selecionadores em apostarem na mesma equipa e/ou na(s) mesma(s) tática(s) que resultara bem antes – quando, se calhar, os jogadores já não têm o mesmo rendimento que um ano ou dois antes e a(s) tática(s) não são adequadas àquela estrutura de prova e àqueles adversários.

 

Em linha com isso, prefiro que a Seleção Portuguesa e Fernando Santos tenham cometido esses erros nesta prova, em vez de os terem cometido num Europeu ou Mundial. Pode ser que aprendamos a não depender demasiado da tática do Euro 2016. Até porque, agora, temos jogadores como André Silva, Bernardo Silva, Gelson Martins – bons para jogar ao ataque.

 

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Antes das alegações finais, falemos do jogo pelo terceiro lugar, contra o México… outra vez.

 

Confesso que não estava particularmente interessada neste encontro. Jogos pelo terceiro lugar são um bocadinho fúteis. Chegam mesmo a ser cruéis para os jogadores: estes estão cansados, deprimidos por terem falhado a final, talvez com saudades e casa, das respetivas famílias. O bronze não é grande motivador. Eu mesma já pensava assim aquando do Mundial 2006.

 

Curiosidade: o jogo pelo terceiro lugar foi abolido em Europeus em 1980 por (segundo o livro A Fúria do Euro, de Michael Coleman) o encontro dessa prova, entre a Itália e a Checoslováquia, ter sido uma seca – o desempate por grandes penalidades ficou em 9-8, a favor da Checoslováquia.

 

Por sua vez, a Seleção deixou bem claro o investimento que faria no jogo quando dispensou Cristiano Ronaldo para que pudesse conhecer os filhos.

 

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Confesso que essa decisão me deixou desconfortável. É certo que os filhos nasceram há pouco tempo e que Ronaldo abdicou de ir vê-los mais cedo. Mas ele não é o único com filhos e outros compromissos familiares entre os Marmanjos. O Rui Patrício, por exemplo, tem um filho com menos de um ano e uma filha por nascer. Pizzi tem um filho com um ano de idade e adiou a sua lua-de-mel para vir à Taça das Confederações. Porque não tiveram eles, também, direito a dispensa?

 

Incomoda-me ainda mais o discurso de alguns dos protagonistas da Seleção, dando a entender que devíamos estar gratos por Cristiano Ronaldo nos ter feito o especial favor de comparecer na Taça das Confederações.

 

Tudo isto são precedentes perigosos. Receio que, um dia, tudo isto se volte contra os responsáveis pela Seleção.

 

Regressando ao jogo com o México, nesse dia, tive pessoas em casa a almoçar. Como tal, nem sempre consegui acompanhar o jogo como deve ser, sobretudo durante a segunda parte.

 

Conforme era de esperar, Portugal alinhou com um onze com oito alterações em relação ao jogo com o Chile (destaque para Pizzi e Gelson Martins a titulares). Entrámos melhor que no primeiro jogo com o México (não que fosse difícil), claramente por cima, mas incapazes de acertar com a baliza.

 

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Um bom exemplo da nossa falta de acerto foi o penálti assinalado a favor de Portugal, aos dezasseis minutos, que André Silva desperdiçou – ainda a bola de neve que começara no jogo com o Chile.

 

Como toda a gente sabe, nestas coisas, que não marca sofre. E acabámos por ser nós mesmos a boicotar-nos, via auto-golo de Luís Neto, no início da segunda parte.

 

Tal como referi acima, não consegui prestar muita atenção durante esse período do jogo. Consta que Portugal continuava a desperdiçar oportunidades. A partir de certa altura, resignei-me: não me apetecia estar a sofrer por um mísero terceiro lugar.

 

Os Marmanjos não pensavam assim, felizmente. Desse modo, Pepe acabou por obrigar os mexicanos a provarem do seu próprio veneno, ao marcar um golo no tempo de compensação.

 

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Nunca me vou cansar da celebração de Pepe, beijando as Quinas que traz no peito. É por estas e por outras que o adoramos e lhe vamos perdoando a sua cabeça quente.

 

O jogo foi, desse modo, a prolongamento. Outra vez. Por motivos óbvios, ninguém do lado de Portugal queria ir a penáltis. Eu mesma quase preferia que os mexicanos marcassem, só para nós pouparem à vergonha.

 

Não foi preciso, graças a Deus. Perto do fim da primeira parte do prolongamento, foi assinalado pénalti a favor de Portugal. Desta vez, estava já Adrien Silva em campo – um perito na marca dos onze metros, mais experiente e, pelos vistos, melhor a lidar com a pressão que André Silva (são muitos “Silvas" na Turma das Quinas…). Assim, foi chamado a bater o penálti e, ao contrário de quatro dos seus colegas, não perdoou.

 

Ainda bem. De outra maneira, a bola de neve podia prolongar-se até aos próximos jogos da Seleção.

 

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Dizia eu antes que não planeava sofrer pelo terceiro lugar. No entanto, agora que estávamos em vantagem no marcador, queria que a mantivessem, claro.

 

Não foi fácil. O Nelson Semedo arranjou maneira de ver o segundo amarelo e Portugal ficou obrigado a segurar a vantagem em inferioridade numérica (Gelson acabou como lateral direito). O que nos valeu foi Jiménez, que teve a bondade de repôr a igualdade numérica… após entrada dura sobre o colega de equipa, Eliseu (não se faz…).

 

Os mexicanos não deixaram de tentar o empate. A certa altura quase se pegavam com o árbitro, após um lance duvidoso. Chegaram a bater um livre em que o guarda-redes mexicano, Ochoa (que se parece imenso com o Ted Mosby, de How I Met Your Mother), se veio juntar à barreira (sempre achei piada a essas ocasiões).

 

Mas a vitória já não escapou a Portugal. A Seleção ganhou, assim, a medalha de bronze.

 

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E sabem uma coisa? Estou satisfeita. Chegar às meias-finais de qualquer prova é sempre bom. Tínhamos meios para ir mais longe, sim, mas não há que ter vergonha do percurso que fizemos na Taça das Confederações – até porque esta foi a nossa primeira vez na competição.

 

Agora o importante é aprender com os erros cometidos, sobretudo no jogo com o Chile, e apontar baterias para o Mundial. Podemos ter perdido agora, mas voltaremos! No próximo ano haverá Mundial na Rússia e Portugal estará lá. Não perdem pela demora.

 

Um agradecimento a todos os que acompanharam o percurso da Seleção na Taça das Confederações comigo, quer através deste blogue, quer da página de Facebook.

 

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