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O Meu Clube É a Seleção!

Mulher de muitas paixões, a Seleção Nacional é uma delas.

Seleção 2012

 
 
Mais um ano encontra-se à beira do fim, mais um ano encontra-se à beira do início. Eis a já tradicional revisão do ano.
 
Depois de um 2011 relativamente tranquilo, estável, tirando uma ou outra ocasião, 2012 foi de novo um ano algo agitado, com muitos altos e baixos. Não que o oposto fosse de esperar, já que foi ano de Campeonato Europeu. No início de 2012, a Seleção Nacional vinha de uma Qualificação difícil mas triunfante, com um encerramento particularmente apoteótico. Tal euforia fora, contudo, contrariada pelo sorteio da fase de grupos, que ditara que Portugal partilharia o grupo com a Alemanha - vice-campeã europeia - a Holanda - vice-campeã mundial - e a Dinamarca - seleção que nos complicara a vida à grande e à dinamarquesa nas últimas duas fases de Qualificação.
 
 
O primeiro jogo da Seleção do ano deu-se a 29 de fevereiro; um particular frente à Polónia, ma das anfitriãs do Europeu, a propósito da inauguração de um dos estádios que serviria de palco à fase final. A calendarização deste jogo provocou alguma polémica, visto este ter-se realizado apenas dois dias antes do Benfica-Porto - os jogos da Seleção nunca são convenientes, pelo que se vê. Esta foi a primeira oportunidade que a Turma das Quinas teve para se reunir em mais de cem dias, a última oportunidade que Paulo Bento teria de estar com os jogadores antes da Divulgação dos Convocados antes do Euro 2012.
 
Este jogo ficou marcado pela estreia de Nélson Oliveira entre os Convocados, bem como da nova presidência da Federação Portuguesa de Futebol. Humberto Coelho e João Pinto passaram a fazer parte da comitiva. Embora não possa avaliar o trabalho da FPF noutros ramos do futebol, tenho de admitir que durante o Euro 2012, a estrutura federativa fez um bom trabalho na Seleção. O que provavelmente contribuiu para o bom percurso que fizemos.
 
 
Mas regressemos ao Portugal x Polónia. Aquando deste jogo, aparentemente, a atmosfera era positiva dentro da Seleção. Os jogadores pareciam felizes por estarem de novo juntos, pareciam possuir espírito vencedor e motivação para fazerem um bom particular.
 
Tais promessas ficaram por cumprir.
 
O particular, que terminou com o marcador inalterado, revelou-se igual a tantos outros realizados pela Seleção ao longo dos últimos anos. A primeira parte foi boa, com algum carácter, a segunda não foi tão boa. Destacaram-se Nani e Rui Patrício. As muitas oportunidades falhadas davam os primeiros indícios dos problemas na finalização que assombraram a Equipa das Quinas ao longo de praticamente todo o ano.
 
 
Tais problemas são, para mim, o maior enigma deste ano. Durante todo o Apuramento a finalização nunca foi um problema, nós terminámos 2011 com uma goleada, que aconteceu em 2012?
 
Ninguém pareceu demasiado preocupado com tais sinais, quase ninguém levou o particular a sério. A temporada de clubes estavam bem ativa, o Europeu estava demasiado distante no tempo para que alguém perdesse demasiado tempo pensando num particular da Seleção.
 
 
As atenções só se voltaram a sério para a Turma das Quinas mais de dois meses depois. Os Convocados para o Europeu foram anunciados a 14 de maio. Esse foi, definitivamente, um dos dias mais emocionantes de 2012, melhor do que o Natal. Guardo imensas recordações: passar o dia a atualizar a página do Facebook, ouvir programas relativos ao tema na rádio, contar as horas até à Divulgação, acompanhá-la radiofonicamente, bem como o respetivo rescaldo, na aula, no átrio da Faculdade, no carro. A Convocatória foi razoavelmente isenta de polémicas, embora a opinião pública se dividisse no tocante a certos nomes, como o habitual.
 
O estágio de preparação do Europeu começou alguns dias mais tarde. A primeira parte decorreu sem incidentes significativos, tirando a lesão de Carlos Martins e consequente chamada de Hugo Viana. Nessa altura, achei mesmo que andava-se a dedicar demasiado tempo de antena à Seleção, quando ainda não havia razões para tal.
 
 
Ao fim da primeira semana de estágio, disputou-se um particular com a Macedónia. Um jogo aborrecido, insonso, de contenção. No entanto, tendo-se realizado numa fase relativamente precoce da preparação para o Europeu, não houve grande drama.
 
O mesmo não aconteceu uma semana mais tarde, no particular com a Turquia, na Luz. Um jogo que tinha tudo para correr bem, que se realizou em casa cheia, num ambiente eletrizante. E a Seleção até entrou menos mal, em sintonia com a vibração do público. Só que as dificuldades na concretização vieram ao de cima, os turcos fizeram pela vida, o Ronaldo falhou um penálti, o último golo que sofremos podia muito bem ser incluído numa compilação de apanhados do futebol de 2012 
 
 
Agora que penso nisso, este ano tivemos demasiados jogos desse género, em que tínhamos tudo para ganhar mas acabámos por ter exibições roçando a mediocridade. Contra a Macedónia, contra a Turquia, contra a Irlanda do Norte...
 
A única coisa boa do jogo foi o golo do Nani; o primeiro golo da Seleção do ano - em junho... - mas o único do jogador do Manchester United, algo que é atípico...
 
Se ainda deixei passar o empate com a Macedónia, este deixou-me mesmo zangada. Por, depois de tanta promessa, tanto pedido de apoio, os Marmanjos não corresponderem dentro de campo. E, como se não bastasse, ainda virem com desculpas esfarrapadas e reagirem com arrogância às manifestações de desagrado dos adeptos (leia-se: aos assobios). E não fui a única a sentir-me assim.
 
 
 
 
Mas já lá vamos. Não posso deixar de falar da minha aparição no programa A Tarde é Sua dedicado à Equipa das Quinas. Outro dos momentos altos deste ano em termos pessoais. Foi um dia de muitos nervos, mas diverti-me imenso. Tive a oportunidade de conhecer a equipa por detrás do Hino da Seleção 2012 - Paulo Lima, Catarina Rocha (que lança em breve o seu primeiro CD), Eduardo Jorge, a Alexandra e a Mafalda - que, de resto, para mim foi uma das músicas mais marcantes deste ano; falei do meu livro, da referência ao Ronaldo - um aparte só para comentar que, hoje, diz-se muito que ele e o Messi são de outra galáxia. Talvez inclua a possibilidade de o Ronaldo ter vindo do planeta Minerva nas sequelas ao meu livro... - do vírus da Seleção, do Hélder Postiga - que, mais tarde, retribuiria tais declarações. Um dia que nunca esquecerei.
 
Estávamos, agora, em vésperas da nossa estreia no Europeu e a polémica estalou. Como é habitual, as primeiras críticas abriam caminho a outras, algumas justificando-se outras não, tudo isto à boleia dos últimos maus resultados - o buraco por onde todos se enfiaram. Falou-se de "circo", do poder das patrocinadoras, dos sinais exteriores de riqueza ostensivamente exibidos pelos jogadores, do tempo de antena conferido à Seleção, etc. O mais triste foi termos tido um ex-selecionador associado a tal polémica.

 
Há quem diga que esta má imprensa contribuiu para diminuir as expectativas, para dar alguma sobriedade ao grupo, aumentando-lhes o desempenho. Paulo Bento recusou-se a dar mérito às pessoas que se alimentaram das machadadas à credibilidade da Equipa das Quinas. Eu também não quero fazê-lo, em parte por uma questão de princípio, em parte porque, a ter contribuído para o sucesso da Seleção, tal contributo terá sido pouco significativo quando comparado com o trabalho de equipa, a união.

Por outro lado, não concordo com o que o Paulo Bento disse, a certa altura, ao referir que algumas pessoas estariam a torcer contra Portugal. Se houve coisa de que me apercebi neste Europeu, pela primeira vez em seis anos, foi que, nas grandes vitórias da Seleção, todos os portugueses ficam felizes. Mesmo os que habitualmente adoram odiar a Equipa de Todos Nós, mesmo os mais clubistas, mesmo os que se queixam da atenção dada ao futebol, mesmo - sou capaz de apostar - o Rui Santos, tirando, talvez, o Pinto da Costa (e mesmo assim...) ninguém ficou chateado com as vitórias da Seleção no Euro 2012. Isso foi o melhor desta fase final e é isso que eu e o Paulo Bento gostávamos de ver fora das fases finais.
 
 
Mas regressemos à nossa estreia no Europeu, frente à Alemanha. Um jogo que perdemos por uma bola a zero. Não foi um mau encontro, Portugal mostrou argumentos. Só que teve demasiado respeito pelo adversário, acordou demasiado tarde e a Alemanha foi tremendamente eficaz. De novo a história dos "vinte e dois homens atrás de uma bola e no fim ganha a Alemanha" de novo. Destaque para os quase-golos de Pepe, Nani e Varela. O deste último dando um presságio para o jogo seguinte. Portugal dava sinais de ter uma palavra a dizer no Europeu. No entanto, vitórias morais nunca são suficientes, já era altura de virmos cumpridas as promessas que andavam a ser feitas.
 
 
A história do jogo com a Dinamarca, realizado quatro dias mais tarde, foi diferente. Foi o meu preferido do Europeu, empolgante como apenas os jogos da Seleção em fases finais conseguem ser, absolutamente contra-indicado em doentes cardiovasculares, um dos mais emocionantes a que já assisti. Pelo menos, foi um dos jogos em que mais exprimi tais emoções - leia-se, o jogo em que mais gritei. Recordo o Pepe beijando as Quinas da sua camisola, os meus gritos de "ESTE É P'RA MIM! ESTE É P'RA MIM!" após o golo do Hélder Postiga, o Moutinho correndo para os braços do Varela depois de ele salvar o dia - com o meu golo preferido do Europeu - antes de a Seleção em peso se atirar para cima deles, eu e a minha irmã gritando como se não houvesse dia seguinte, de triunfo e alívio por estarmos de novo em vantagem quando tudo parecia perdido.
 
 
A passagem aos quartos-de-final só foi assegurada quatro dias mais tarde, frente à Holanda. Um jogo em que a Turma das Quinas entrou mal, mais uma vez, mas conseguiu dar a volta por cima, ganhando por 2-1. Ambos os golos foram marcados por Cristiano Ronaldo, que soube responder da melhor forma às críticas ao seu desempenho frente à Dinamarca. Portugal conseguia, assim, o que muitos haviam julgado quase impossível: sobreviver ao Grupo da Morte.
 
 
Nos quartos-de-final, Portugal encontrou-se com a República Checa. A Seleção entrou mal, uma vez mais, só que os checos não souberam tirar proveito disso e os Marmanjos acabaram por melhorar. Apenas Peter Cech e o poste impediram uma vitória mais dilatada. Assim, ganhámos por apenas 1-0, golo de Crsitiano Ronaldo, mais uma vez. Destaque para os festejos de Luís Figo e Eusébio nas bancadas. A Seleção carimbava, assim, a passagem às meias-finais do Europeu. Era o maior avanço numa fase final em seis anos, a primeira campanha digna de orgulho desde o Mundial 2006.
 
 
O nosso adversário nas meias foi a Espanha, a campeã europeia e mundial. Atrevo-me a dizer que foi, talvez, o jogo que maior interesse despertou em todo o campeonato Europeu. Lembro-me dos tweets do Phoenix dos Linkin Park, do Chuck Comeau dos Simple Plan, do apoio da eterna adepta portuguesa Nelly Furtado. Foi, sem dúvida, um dos jogos mais intensos desta fase final, sofrimento desde o primeiro minuto ao último penálti. Foi, no fundo, a verdadeira final do Europeu, pois fomos a única equipa a conseguir fazer frente ao poderio espanhol. Apenas perdemos por um detalhe, por um pormenor tornado pormaior, até Del Bosque admitiu, há bem pouco tempo, que os espanhóis tiveram sorte. 
 
Mas eu sempre tive noção disso, que muitos jogos entre grandes se decidem no limite, não podemos tirar o mérito à Espanha pelo seu terceiro título consecutivo. 
 
 
Algo que não mencionei antes aqui no blogue foi que, no dia a seguir à meia-final frente à Espanha, à tarde, fui receber a Seleção ao aeroporto da Portela. Eu e mais umas centenas de pessoas. Não falei disso no blogue por falta de tempo. Se forem a ver, só consegui publicar a minha análise ao jogo com a Espanha vários dias após a final do Europeu. Já foi uma entrada grande, que demorou a ser escrita, se ainda tivesse de acrescentar mais uns quantos parágrafos, demoraria outra semana a concluí-la. Tomei a decisão de ir até à Portela por estar stressada e deprimida, de certa forma na ressaca da nossa expulsão do Europeu. O único consolo possível seria mesmo fugir para junto da Seleção. Não foi como ir ver um treino ao Jamor. Mais do que pedir autógrafos, o que eu queria mesmo era consolar os jogadores e que eles me consolassem a mim. Muitas vezes desejaria eu, mais tarde, largar tudo e ir ter com a Seleção - e ainda desejo de vez em quando. A diferença era que, naquela altura, tinha possibilidades de fazê-lo. Por fim, seria um último bom momento antes de dar por encerrado o capítulo do Euro 2012.
 
Por isso fui. Apanhei o Metro até ao Marquês de Pombal e, de seguida, o autocarro 22 - isto deu-se, mais ou menos, uma ou duas semanas antes de abrir o Metro até ao aeroporto Cheguei deviam ser quatro e meia. Já havia gente fazendo a festa na zona das chegadas e câmaras televisivas testemunhando-a. Mantive-me longe das lentes delas, não estava com disposição. Cedo consegui fixar-me junto à rampa de saída, onde já estava montado um cordão policial. Aqui, conheci a Verónica e a Margarida, que me fizeram companhia durante as duas horas de espera. Durante esse intervalo de tempo que se ia esticando - nestas coisas há sempre atrasos - a multidão ia sempre ensaiando palavras de ordem e cantando o hino.
 
 
Eles finalmente chegaram eram cerca de seis e meia da tarde. Mais tarde, leria que os jogadores tinham sido apanhados de surpresa e, por acaso, foi o que pareceu. Eu estava numa posição privilegiada, em pude ver e ser vista pelos jogadores. E, mesmo assim, podia ter tido melhor sorte pois o Cristiano Ronaldo esteve a dar autógrafos a uns dois metros de mim. Em todo o caso, eu tinha um letreiro, uma folha arrancada de um caderno A4 onde tinha escrito algo como "Obrigado Portugal! Paulo Bento 4 Ever! Somos grandes graças a  vocês!". Acho que consegui fazer com que fosse lido pelo Eduardo, pelo Ricardo Costa, pelo Hélder Postiga - este chegou mesmo a olhar para mim quando o chamei. O Quaresma, que usava um boné todo quitado, chegou mesmo a piscar-me o olho. Entretanto, na confusão, o cordão policial tinha-se desfeito e consegui aproximar-me do Nani. Mas como este abraçava uma miudinha que devia ser irmã dele ou algo do género, não tive lata de ir incomodá-lo.
 
 
Depois daí para o exterior, juntamente com o resto da multidão, rodeando o autocarro. Aqui cantou-se o hino e gritou-se:
 
- O-BRI-GA-DO! O-BRI-GA-DO!
 
Foi, de facto, arrepiante. A multidão só se dispersou depois de o autocarro ter partido. Depois disso, fui tratar de arranjar transporte de regresso. A confusão era grande junto às paragens de autocarro, como seria de esperar. Lá pelo meio, consegui encontrar a Margarida - aquando da chegada dos jogadores, tínhamo-nos separado - e agradecer-lhes a companhia. Ainda cheguei a pôr a hipótese de apanhar um táxi mas, entretanto, veio o autocarro 22 e entrei. E ainda bem que o fiz.
 
 
O 22 estava cheio de gente tinha vindo receber a Seleção, pelo que passámos a viagem inteira até ao Marquês de Pombal trocando experiências com os Marmanjos no aeroporto, conversando sobre o Europeu e sobre a caminhada até ao Mundial, que se iniciaria em breve. Foi, de certa forma, a última grande conversa de café do Euro 2012 que, ainda por cima, terminou com o senhor que vinha a meu lado a beijar-me a mão em jeito de despedida.
 
Tal gesto foi-me tão valioso como cada um dos olhares trocados com os jogadores no aeroporto.
 
Esta pequena aventura ajudou-se a renovar a esperança num título para Portugal a curto ou médio prazo e a encerrar o capítulo do Euro 2012. Além de ter sido mais uma recordação agradável. Foi como quando fui receber a Seleção ao Jamor após o Mundial 2006.
 
 
 
Em suma, o Euro 2012 foi o melhor período deste ano que agora finda. Pelos motivos que enumero frequentemente e outros mais, que descobri ou de que me recordei. É uma emoção diferente ver um jogo de um Europeu ou de um Mundial, já que agrega todo o País, tal como já expliquei acima. Tenho saudades disso, de participar em inúmeras conversas de café e não só, armando-me em especialista na matéria, tão especialista que até fora convidada para a televisão; de ver o Paulo Bento no banco, dando instruções, atirando com o blazer e a gravata, envolvendo-se tanto que parecia querer entrar em campo e ele mesmo fazer o que era preciso; dos jogos às oito menos um quarto; de ver os jogos com a minha irmã, etc. De vez em quando, vou ver os tweets enviados durante os jogos e sou transportada para esse período. Entro de tal forma no espírito que, quando regresso ao presente, sinto-me deprimida, como se acordasse de um sonho bom.
 
Em agosto, tendo em conta o nosso percurso no Europeu, tinha esperança de que a Qualificação para o Campeonato do Mundo, a realizar-se no Brasil e 2014, corresse melhor que as Qualificações anteriores. Tal esperança sair-me-ia furada mais tarde, mas antes do início do Apuramento sentia-me otimista. Para isso, contribuíra a minha visita ao Jamor, acompanhada da minha irmã - visita que nos rendeu autógrafos do Eduardo, do João Pereira e do Rui Patrício - bem como o jogo com o Panamá - jogo que a Seleção ganhou por duas bolas a zero, cortesia de Nélson Oliveira e Cristiano Ronaldo, com uma exibição acima da média em jogos deste carácter. 
 
 
A Qualificação em si arrancou cerca de três semanas mais tarde com um jogo frente ao Luxemburgo. A Seleção obteve uma vitória cinzenta, absurdamente suada tendo encontra o nosso adversário. Chegou mesmo a estar a perder. Na altura, achei ridículo mas agora, depois dos últimos jogos... De qualquer forma, a Seleção conseguiu dar a volta ao resultado, com golos marcados pelo Cristiano Ronaldo e pelo Hélder Postiga amealhando, deste modo, os primeiros três pontos da Qualificação.
 
Um aparte só para comentar que, este ano, o Cristiano foi o melhor marcador da Seleção, com cinco golos. O segundo melhor foi o Hélder, com quatro. Em terceiro, ficou o Varela, com dois.
 
 
A Seleção entrou em campo com a sua congénere azeri quatro dias mais tarde com uma atitude diferente, mais desenvolta, mais enérgica mas... ainda sem pontaria. Ou melhor, com pontaria mas para o sítio errado. O poste foi um dos grandes protagonistas de 2012. O que nos valeu foi o facto de os azeris não terem sido capazes de se aproveitarem desta nossa fraqueza. Assim, teve de vir o Varela, já promovido a bombeiro da Seleção, salvar a honra ao convento e quebrar o enguiço, dando espaço a Postiga e a Bruno Alves para dilatarem a vantagem. 
 
 
No mês seguinte, a seleção jogou fora, com a Rússia. Fê-lo num clima frio, num relvado artificial, amputada de dois titulares  - Meireles e Coentrão. Um jogo difícil, em que a Turma das Quinas nem sequer jogou muito mal, embora não tenha conseguido evitar a derrota pela margem mínima. Apesar do desapontamento por não termos ganhou ou, pelo menos, empatado, não me preocupei por aí além. Afinal, aquele era o jogo mais difícil de todo o Apuramento. Os outros correriam melhor.
 
 
Enganava-me. Verdadeira deceção, verdadeiro balde de água fria foi o jogo seguinte, frente à Irlanda do Norte. Foi mais um daqueles jogos que tinha tudo para correr bem - comemoravam-se as cem internacionalizações de Cristiano Ronaldo, o Dragão estava cheio, Rui Reininho veio cantar o hino - mas que correu pessimamente. A primeira parte foi medíocre. O golo sofrido foi uma reposição do tento russo. A segunda parte correu um pouco melhor mas, mais uma vez, os Marmanjos acordaram demasiado tarde para conseguirem melhor que um empate.
 
Ainda houve mais um jogo da Equipa das Quinas este ano, um particular contra o Gabão no mês seguinte, mas um jogo de tal maneira e em tantos aspetos irrelevante que não vou gastar mais linhas com ele.
 
 
É basicamente isto. Sinto-me algo desanimada. Nos últimos dois anos, por esta altura, a Seleção atravessava bons momentos e eu sentia-me otimista relativamente ao ano que começaria em breve. Agora... nem por isso. O ano nem sempre foi fácil para mim, muitos pensamentos heréticos, crises existenciais, desânimo relativamente ao futuro. Os últimos jogos da Seleção não me fazem sentir melhor e, neste momento, na reta final do ano, muitos dos nossos jogadores andam, igualmente, a passar por dificuldades nos respetivos clubes. O Nani está lesionado e não é desejado no Manchester United. O Fábio Coentrão também anda lesionado e ainda não se percebe se se encaixa no Real Madrid. Além de que, segundo consta, o ambiente não está fácil no clube madrileno, o que certamente afetará Pepe e Cristiano Ronaldo. Também o Quaresma andou ao longo de meses em guerra com o Besiktas e, agora, está sem clube. O Meireles, esse, teve uma disputa com um árbitro, arriscou-se a ficar de fora de onze jogos mas, felizmente, ficará apenas fora de quatro. E nem falo do Sporting e no efeito que tal crise não estará a ter em Rui Patrício e outros jogadores selecionáveis...
 
Não sei qual será o efeito destas crises individuais no rendimento da Seleção como coletivo. Se o desempenho cairá por os Marmanjos não andarem a jogar com a devida regularidade ou se, pelo contrário, eles recorrerão à Terapia das Quinas, se encararão uma Convocatória como um escape à situação nos clubes e, consequentemente, jogarem ainda melhor.
 
 
Em suma, estamos todos a precisar de uma viragem de maré no ano que começa em breve. Já ajudava se fosse apenas em termos futebolísticos, se relançasse a Seleção no caminho até ao Brasil. Já perdemos todos os pontos que podia perder, não quero escorregadelas em 2013. Até porque tenciono assistir ao jogo com a Rússia, na Luz, e quero que a Seleção esteja num bom momento nessa altura. Será esse um dos meus desejos para 2013: que seja um ano mais tranquilo que 2012, que a Equipa de Todos Nós consiga ultrapassar esta fase má e que nos volte a dar alegrias.
 
Acredito que o conseguirá. Se houve coisa que aprendi em todos estes anos como adepta hardcore da Turma das Quinas é que nenhuma manifestação de fé, de apoio, é tempo perdido, mesmo em fases menos boas, como esta. Porque, mais cedo ou mais tarde, a Seleção levanta-se e recompensa-o. Pode nem sempre ser fácil ser-se adepto incondicional mas vale a pena. 
 
De uma coisa podem, contudo, ter a certeza: no próximo ano, continuarei a acompanhar tudo o que acontecer relacionado com a Seleção, seja bom ou mau, quer com o blogue ou com a página do Facebook. Desafio-vos, então, a continuarem a aturar-me ao longo do próximo ano, enquanto observamos a Seleção abrindo caminho até ao Brasil. As coisas não estão fáceis mas, com sorte, daqui a um ano estaremos a debater as nossas hipóteses na fase final do Campeonato do Mundo de 2014. É esse um dos meus maiores desejos para 2013.
 
Feliz Ano Novo!

Portugal 2 Panamá 0 - Um bom sinal

Na passada quarta-feira, dia 15 de agosto, a Seleção Portuguesa de Futebol recebeu no Estádio do Algarve a sua congénere panamiana - finalmente descobri o termo correto! - num jogo de caráter particular do qual a equipa da casa saiu vencedora por dois golos de resposta.

Os jogadores entraram em campo envergando camisolas com o slogan "Portugal sem fogos depende de todos", algo que me agradou. Já antes falei aqui da influência que jogadores de futebol têm, de como deviam usá-la para causas humanitárias. Ainda bem que o fizeram naquela noite.



Cedo ficou claro que a Seleção levaria aquele jogo a sério. Começando por Paulo Bento, que se apresentava tão concentrado e interventivo no jogo como se este fosse a doer. Os comentadores chegaram mesmo a dizer que a única diferença entre aquele particular e o Euro 2012 era o facto de o Selecionador se apresentar de fato de treino no Estádio do Algarve enquanto no Europeu envergava fato e gravata - embora, na verdade, cedo o blazer e a gravata desaparecessem, quando a coisa ficava séria. Ou como costumava dizer a minha irmã: "Sh*t just got real".

Também os jogadores levaram o amigável a sério, sobretudo aqueles a quem foi dada a oportunidade de, por uma vez, assumirem o protagonismo do jogo. Houve muita garra, muita vontade, muita determinação em merecer a titularidade. Miguel Lopes - que iniciou a jogada que terminou com o primeiro golo das cores portuguesas - foi um exemplo. Mas o maior rosto deste espírito foi Nélson Oliveira. Foi aquele que mais rematou e, claro, marcou aquele golo espetacular, de fora da área.


A minha irmã comparou o Nélson ao Nani, por ter macado no seu primeiro jogo como titular. Ela devia estar a pensar no particular com a Dinamarca, no Verão de 2006, cujo resumo lhe mostrei aquando do segundo jogo da fase de grupos do Euro 2012. Não me lembro se o Nani foi titular nesse jogo. Mas recordo-me do pontapé de canto direto para as redes dinamarquesas, de que foi nesse jogo que percebi que o jovem jogador tinha potencial. Sim, a comparação com o Nélson faz sentido.

Pela parte que me toca, sinto-me satisfeita por, um ano depois de nos tornarmos vice-campeões mundiais de sub-20, temos um dos protagonistas desse campeonato dando frutos na Seleçao A, tal como desejara na altura. Que este golo seja o primeiro de muitos!

E é bom saber que não foi só para mim e para a minha irmã que esta jornada se tornou inesquecível.

Um dos objetivos deste jogo era fazer experiências, afinar armas, tirar conclusões que nos ajudassem a preparar a Qualificação para o Mundial. Segundo Paulo Bento, a redução da seleção panamiana para dez elementos impediu-o. Um dos comentadores, contudo afirmou que aquele Panamá reduzido a dez assemelhava.se mais, em termos de qualidade, à equipa do Luxemburgo.

Eles estavam inspirados naquela noite.


Depois, aquele golo espetacular do Cristiano Ronaldo. Podem ter sido escassos os golos quando comparados com as oportunidades que tivemos, mas foram dois tentos de luxo. Com este, Ronaldo aproxima-se da marca de Eusébio - e tenho um pressentimento de que a ultrapassará ainda nesta fase de qualificação.

Pensar que ele já completou dez anos de carreira profissional...

No tempo restante do jogo, deu-se um festival de oportunidades desperdiçadas - algo que já começa a ser clássico neste tipo de jogos. O Hugo Almeida, então, coitado, não estava nos seus dias. Por outro lado, o Nani, apesar de jogar com a garra, a alegria de sempre, não tem marcado desde aquele malfadado particular com a Turquia. O que acho um pouco preocupante.

Mas não demasiado. Não nesta fase do campeonato. Confesso que não estava com a fasquia muito alta para este jogo mas, mesmo assim, foi um encontro agradável, acima da média no que toca a particulares. Eu, pelo menos, fiquei satisfeita. Por, por uma vez, os Marmanjos terem cumprido a promessa de jogarem para a vitória. Encaro este jogo como um bom sinal, um sinal de que a Seleção permanece numa boa fase, que esta se prolongará. Uma parte de mim anseia, agora, pelo início da Qualificação em si. 

Uma parte, apenas... O resto não quer que setembro chegue demasiado depressa!

É já o costume: a Seleção é das poucas coisas que prometem algo de bom no futuro - e cumprem-nas. Cumpriram com o Euro 2012. Vamos ver que, para já, voltam a cumprir a promessa de uma boa Qualificação ao longo do próximo ano.

Um inesquecível início de capítulo

Na passada segunda-feira, dia 13 de agosto, a Seleção Portuguesa do Futebol realizou no Jamor o seu primeiro treino da época futebolística 2012/2013. O treino foi aberto ao público, por isso, eu e a minha irmã agarrámos a oportunidade, tal como anunciei que faríamos na última entrada.

Quis trazer a mina irmã pois ela dá claros sinais de gostar tanto de futebol como eu, eu até ainda mais. Neste momento, anda muito ferrenha pelo Sporting mas diria que a Seleção está no mesmo nível, que partilha esta loucura comigo. É apenas uma das muitas coisas que partilhamos. Já lhe tinha prometido que, assim que tivéssemos oportunidade, a levaria a um treino da Seleção. E a oportunidade surgiu agora.

Desta feita, descobri um autocarro que partia desde Monte Abraão e terminava na estação de Cruz Quebrada, pelo caminho parando junto ao Estádio Nacional. Pensava eu. Na verdade, a estação que supostamente correspondia ao Estádio era à beira do Alto da Boa Viagem, uma estrada secundária. Agora vejo que teria sido mais sensato sairmos em Cruz Quebrada e subido até ao Estádio... O que nos valeu foi uma bomba de gasolina ali perto. Se estivesse sozinha, talvez arriscasse fazer o que o empregado da bomba sugeriu, talvez andasse por ali à procura de um caminho que nos conduzisse ao Estádio. No entanto, como estava lá com a minha irmã, tive medo e pedi que nos chamassem um táxi. Mais quatro euros desembolsados e deixaram-nos no Estádio cerca de meia hora antes do início do treino. O que nos valeu foi termos tido a sensatez de apanhar o autocarro que, tivessem as coisas corrido de acordo com o planeado, nos deixaria no Jamor uma hora antes do início do treino. Foram uns dez, vinte minutos que pânico mas felizmente conseguimos dar a volta ao jogo.

- A Seleção fica a dever-nos mais esta - comentei eu para a minha irmã.

Já várias pessoas aguardavam a abertura dos portões, muitas delas falando francês, algo que causou estranheza à minha irmã.

- C'est Ronaldo! - dizia eu, pronunciando "Ronaldô".

Todas aquelas pessoas envergando camisolas do número sete apanharam uma surpresa desagradável quando se percebeu que o madeirense não se encontrava entre os jogadores que emergiram dos balneários subterrâneos. Mais tarde, saber-se-ia que Ronaldo ficara no hotel fazendo "gestão de esforço".



Acabou por ser este o único aspeto negativo da tarde: não só a ausência de Cristiano Ronaldo, mas também a de Pepe, Bruno Alves e Custódio, juntamente com o facto de o Nani, o Hélder Postiga, o Fábio Coentrão - com o seu inconfundível cabelo loiro - o Miguel Veloso e o Miguel Lopes apenas terem feito aquecimento, saindo antes da primeira hora de treino, ficando a Seleção reduzida a dezassete jogadores. O pior foi que o grupo esteve completo no treino de ontem, terça-feira, de manhã, tendo ainda havido golo de Nani, de Hélder Postiga e um penálti falhado por parte de Cristiano Ronaldo, no jogo de treino. Mas não nos dava jeito a essa hora...

Terá de ficar para a próxima.



Em todo o caso, não deixou de ser um fim de tarde bem passado, pois sempre estavam lá o João Moutinho, o Varela, o Eduardo, o Carlos Martins - que anda claramente com ganas. Não me admirava nada se marcasse esta noite - o Rui Patrício, o Hugo Viana, entre outros. E também, Paulo Bento, Humberto Coelho e João Pinto. Aconteceu, aliás, uma coisa engraçada no início do treino. Estávamos nós a arranjar lugar nas bancadas quando reparámos no João Pinto, que olhava na nossa direção. Mais por graça do que por outro motivo qualquer, acenei-lhe.

Mais tarde, quando a minha irmã falava ao telemóvel com a nossa mãe, ela disse:

- Não tens noção, mãe, o João Pinto acenou à Sofia!

- Acenou? - repeti eu, estupefacta. Pelos vistos, o ex-jogador retribuíra o meu aceno e eu nem sequer reparara...


A minha irmã sentia-se tão feliz quanto eu ali no Jamor, a poucos metros dos nossos heróis, em particular do Rui Patrício. Passou o treino quase todo dando uma de fan girl - como agora se lê muito no Twitter - pelo jovem guarda-redes, suspirando:

- Patrício... O Patrício...

Também ela se sentia tentada a correr para o campo, fintando os polícias todos, para abraçar os seus heróis. Se fosse ela a fazê-lo, talvez deixassem passar por ainda ser relativamente novinha. Se fosse eu, já parecia mal....



A propósito dos polícias, estes continuavam tão rigorosos como sempre no que tocava aos limites. Eu e a minha irmã rapidamente havíamos decidido não nos fixarmos nas bancadas, irmos mudando de sítio de modo a encontrar os melhores locais para vermos o treino. Na parte em que não havia aquele muro de cerca de um metro de altura, não nos deixavam ficar lá paradas. Passámos uma boa parte do tempo junto a uma das balizas principais, local onde os guarda-redes treinavam e onde, mais tarde, se realizou um dos jogos de treino. Naquela altura, estávamos ao lado de uma pequena família. O polícia veio recordar-lhes a regra das pernas em cima do muro, vindo depois com uma conversa, dizendo que teríamos melhor visibilidade nas bancadas.

- Aqui há mais proximidade - respondeu o pai da família.

- Sim, mas lá em cima também há proximidade e têm maior visibilidade... - insistia o polícia. 

- Boa tentativa - comentei eu para a minha irmã. E ficámos o mesmo sítio, ignorando as não-assim-tão-indiretas do polícia.

O treino prolongou-se para além do previsto. Cedo a nossa mãe - que fez questão de nos vir buscar ao Jamor - estava a ligar-nos de novo. Ela e o nosso irmão acabaram por vir ter connosco ao Estádio. Acabou por ser a melhor solução pois dificilmente conseguiríamos apanhar o autocarro de regresso com tudo o que aconteceu depois.



Perto do fim do treino, numa altura em que os jogadores já faziam alongamentos, plantámo-nos todos o mais perto que podíamos da saída para o balneário subterrâneo. É claro que nenhum deles veio dar autógrafos, nem mesmo depois de nos lamuriarmos todos em coro. Nem eu, para ser sincera, estava à espera que tal acontecesse. No entanto, a minha irmã, que se posicionara num local diferente do meu, teve a felicidade de captar em vídeo o momento em que o Rui Patrício acenara na sua direção.

Pois, como podem calcular pela relativa qualidade das fotografias, desta vez dispúnhamos de máquina fotográfica. A minha irmã tirou fotografias e gravou um ou outro vídeo. Não com grande qualidade, é certo, não tencionamos colocá-los no YouTube nem nada disso, servirá apenas para nos recordarmos melhor desta tarde.



À saída do Estádio, tomámos um caminho diferente do que estava acostumada, na direção oposta à da estação de Cruz Quebrada, para o parque de estacionamento. Nessa altura reparámos num aglomerado de pessoas junto a um portão. Percebemos que o autocarro da Turma das Quinas estava estacionado do outro lado.

Tinha sido tão estúpida... Fartara-me de refilar por os Marmanjos não darem autógrafos no Jamor quando eu é que estava errada, eu é que fora procurar no local errado... Bem, agora já aprendi.

Eu e a minha irmã tivemos a sorte de ficar num bom sítio, ao alcance dos jogadores. O primeiro a vir foi o Eduardo - ou Edu, como tínhamos ouvido no treino. Este autografou tanto o meu caderno como as folhas que tinha dado à minha irmã e ainda deu para trocar umas palavrinhas com ele:

- Olá - cumprimentou ele.

- Olá - retribui, acrescentando de seguida - Hei, bom trabalho no Euro 2012.

- Obrigado - respondeu ele.

- Obrigado nós. E boa sorte agora para o Mundial...

Com tudo isto, pela simpatia, o Eduardo já se consolidou como um dos meus preferidos. Já me vieram dizer que o Eduardo nem sequer tinha jogado no Europeu mas isso não tira o sentido ao que disse. Primeiro, porque a mensagem era geral, para toda a Seleção. Segundo, porque o Beto, o terceiro guarda-redes, afirmara uma vez que os três guardiões das redes portuguesas se treinavam uns aos outros, puxavam uns pelos outros, de tal forma que, mesmo quando só um deles joga, é como se os três estivessem em campo. Por isso, também o Eduardo merece ser congratulado pelo sucesso do Rui Patrício.

Estou certa de que o Eduardo compreendeu a mensagem.



 Depois veio o João Pereira, que eu demorei a reconhecer por causa do penteado novo. Desta vez, só deu autógrafo à minha irmã - não valia a pena estar eu também a pedir-lhe quando já ia levar um para casa e já tinha a recordação do encontro. Tentei dar-lhe os parabéns pelo passe de génio que permitiu o primeiro golo à Holanda, dizer-lhe que mandava abraços para todos, mas não sei se ouviu entre as várias vozes pedindo o seu regresso ao Sporting. A minha irmã, coitada, tremia de nervosismo e excitação, fazendo figas para que o Rui Patrício viesse também.



E ele veio, deu-nos também um autógrafo. Mais uma vez, tentei dar-lhe os parabéns pelo Europeu, ainda exclamei uma ou duas vezes quando o pessoal estava todo a elogiá-lo:

- É o São Patrício!

Mas, mais uma vez, não tive certezas de que ele tivesse ouvido.

Depois desta já o autocarro estava em funcionamento, por isso, mais nenhum veio. Mas tanto eu como a minha irmã ficámos delirantes com estes três autógrafos. Que fizeram com que a vinda ao Jamor e tudo o que implicou - incluindo termos sido largadas no Alto da Boa Viagem - tivesse valido a pena. A minha irmã falava já em emoldurar os autógrafos, em repetirmos a experiência. O pior é que suspeito que só teremos nova oportunidade daqui a um ano...



Quanto a mim, esta foi a maneira perfeita de abrirmos o capítulo da Qualificação para o Mundial 2014, deixando-me com um bom pressentimento, o melhor que tenho no início de uma fase de apuramento desde há vários anos. Em 2008, com a saída de Luiz Felipe Scolari, não andava com grande entusiasmo. Em 2010, com toda a confusão do caso Queiroz, era depressão completa. Este ano, depois do Europeu, sinto-me muito mais otimista. Não que me entusiasmem particularmente os jogos com o Luxemburgo e o Azerbaijão, mas desta feita sinto que tudo correrá sem grandes contratempos.

Uma das coisas que contribui para tal pressentimento é a aparente determinação de Paulo Bento em acabar com o mito dos adversários acessíveis. Agora é ser ser ele e os jogadores passam das palavras às ações - algo que nem sempre acontece.



Entretanto, devido as lesões de Pepe, Bruno Alves e Custódio, a Convocatória sofreu alterações significativas desde quinta-feira. Não espero por isso, um grande resultado hoje à noite, frente ao Panamá. O mais importante é fazer experiências, testar alternativas, como falei na outra entrada. Mas também quero que ganhem, é claro.

De qualquer forma, já cumpri o objetivo de transformar esta jornada desinteressante em algo inesquecível. Por, pela primeira vez, ter conversado - bem, mais ou menos... - com um jogador da Seleção, por ter conseguido autógrafos de três Marmanjos, por ter ficado ainda mais cúmplice da minha irmã, por ter mais uma boa recordação a que me agarre quando estiver deprimida. Ainda quero mais, mesmo assim. Um dia hei de conseguir autógrafos de outros Marmanjos, de preferência da minha Troika preferida, mas para já estou satisfeita.

Agora que o capítulo está aberto, que comece a Qualificação!

Inesquecível, espero eu

Na próxima quarta-feira, dia 15 de agosto, no Estádio do Algarve, a Seleção Portuguesa de futebol receberá, num jogo particular, a sua congénere... pana... panamesa? Do Panamá, pronto! Será o primeiro encontro do capítulo da Qualificação para o Campeonato do Mundo de Futebol, a realizar-se em 2014, no Brasil.

A Convocatória para este particular foi divulgada ontem. Paulo Bento praticamente repetiu a Lista que representou o País no Euro 2012, apenas trocando Ricardo Quaresma - ao que parece, desentendido com o seu clube, Besiktas - por Carlos Martins - que falhou o Europeu por lesão mas regressou em grande forma. Inicialmente, estranhei o facto de o Selecionador não ter Chamado ninguém novo à Turma das Quinas, de não ter aproveitado este particular para procurar alternativas. Mas, realmente, é difícil descobrir novos talentos literalmente nesta altura do campeonato, antes de arrancarem as ligas profissionais, tal como o próprio Paulo Bento explicou ontem, na Conferência de Imprensa. 

Desta vez passa, mas espero que Paulo Bento ande mesmo à procura de sangue novo para a Equipa de Todos Nós. A filosofia em-equipa-que-ganha-não-se-mexe é perigosa. Tenho medo que a Seleção fique demasiado dependente do núcleo duro, que se ressinta demasiado da eventual ausência por lesão de habituais titulares. Tal já aconteceu em outubro de 2011, resultando numa vitória sofria frente à Islândia e numa derrota frente à Dinamarca. Não queremos perder pontos desnecessariamente nesta Qualificação - já os perdemos em dose mais do que suficiente nas últimas três Qualificações. 

Esta será a primeira vez que defrontamos o Panamá, que se encontra em 54º lugar no ranking da FIFA. Em princípio, estará ao nosso alcance, mas nunca se sabe... Espera-se uma vitória, mas não me admiraria se saíssemos do Estádio do Algarve com um empate. Depois dos últimos três particulares... Já se sabe, estes jogos em agosto, antes do arranque oficial da época futebolística, costumam servir, em geral, para motivar a equipa com uma vitória fácil e esquecível e, eventualmente, fazer uma ou outra experiência. Mas como a Seleção é praticamente a mesma que disputou o Europeu, acho que esta última hipótese não se coloca...

Não há muito mais a dizer sobre este jogo. Daí esta entrada estar tão fraquinha... Depois da emoção, da qualidade, do impacto que foi o Europeu, jogos como este parecem insignificantes, uma fraca imitação do melhor que a Turma das Quinas é capaz de oferecer. Nenhum membro dos Simple Plan ou dos Linkin Park fará questão de acompanhar um jogo da Seleção Portuguesa contra o Panamá. Noventa e nove por cento do Mundo não quererá saber deste jogo. 

Talvez deva começar a habituar-me. Os próximos adversários serão do nível do Panamá, dificilmente darão grande interesse aos jogos.

Ora, será com o intuito de contrariar este espírito desencantado, de falta de entusiasmo, que na próxima segunda-feira tenciono assistir ao treino aberto da Seleção no Estádio Nacional. Um ano depois da minha última visita ao Jamor, volto, finalmente, a ter nova oportunidade de ver um treino da Equipa de Todos Nós. E, desta feita, quero levar a minha irmã comigo - isso obriga a aprovação parental, que neste momento ainda está pendente... Mas devemos conseguir luz verde.

Esta jornada particular da Seleção tem tudo para não ficar na memória, como já foi assinalado em cima. No entanto, tenciono deixá-la gravada pelo menos na minha memória, na minha e na da minha irmã, visitando a Seleção, talvez conseguindo um autógrafo ou uma fotografia (que à terceira seja de vez...). A maior parte das pessoas esquecer-se-á desta jornada numa questão de dias. Por meu lado, farei tudo para que, pelo menos para mim e para a minha irmã, se torne inesquecível.