No passado dia 28 de junho, a Seleção Portuguesa de Futebol foi derrotada nos pénaltis, nas meias-finais da Taça das Confederações, pela sua congénere chilena. Quatro dias mais tarde, disputou o terceiro lugar na prova com a sua congénere mexicana, vencendo-a por duas bolas contra uma.
O jogo com o Chile nem começou mal. Pelo contrário, a primeira parte foi muito bem disputada por ambas as equipas. Dava gosto ver.
Algo a que achei piada foram as ocasiões (pelo menos duas), em que um dos guarda-redes fazia uma defesa espetacular para depois, na resposta, o guarda-redes adversário fazer uma defesa idêntica.
No entanto, na segunda parte, a qualidade do jogo começou a decair. A ideia que ficou era de que Fernando Santos queria jogar para o prolongamento, para os penáltis. Talvez contasse com a (relativa) sorte que nos ajudou a conquistar o título europeu, no ano passado.
E até parecia que a Sorte (e o árbitro, diga-se de passagem) estava do nosso lado. Sobretudo quando chegou o prolongamento e Portugal parecia resignado a aguentar os chilenos, à espera do desempate final. José Fonte cometeu uma falta para grande penalidade que, por algum motivo, escapou ao vídeo-árbitro (provando que este ainda possui muitas arestas por limar).
O caso mais caricato, contudo, ocorreu em cima do final do prolongamento: um lance em que a bola bateu duas vezes nos ferros portugueses.
Eh pá, lembram-se de quando os postes costumavam ser os nossos maiores adversários?
O Rui Patrício até se riu após esse lance. Mas quem ri por último…
É a terceira vez que escrevo sobre desempates por grandes penalidades. Volto a dizer que não acredito na corrente de que os penáltis são cem por cento lotaria. Sobretudo depois deste jogo.
A sério, pessoal. Acham mesmo que uma equipa falha três penáltis seguidos por azar? Tenham juízo!
Conforme já referi duas vezes antes, na minha opinião, os penáltis são quarenta por cento perícia, trinta por cento estado psicológico e emocional, trinta por cento sorte. Ricardo Quaresma pode ter falhado o primeiro penálti por falta de sorte, admito. Mas depois disso deu-se o efeito bola de neve.
João Moutinho tem um conhecido historial de penáltis falhados – afinal de contas, Cristiano Ronaldo teve de encorajá-lo, num momento que já se tornou icónico, aquando das grandes penalidades contra a Polónia, no ano passado. No entanto, neste jogo, perante o falhanço de Quaresma, não me surpreendeu que tivesse sucumbido à pressão. Nem que o mesmo tenha acontecido a Nani.
Depois do jogo, debateu-se se Cristiano Ronaldo deveria ter batido o primeiro penálti, tal como tinha feito aquando do jogo com a Polónia. Eu sou da opinião de que devia. Nos quartos-de-final do Europeu, foi importante termos tido o Capitão dando o exemplo aos colegas, sobretudo a Moutinho. Além disso, da outra vez em que tínhamos caído nas grandes penalidades, Ronaldo também não chegou a bater a sua. Não me parece que tenha sido coincidência. Como tal, não compreendo que não tenhamos começado pelo Ronaldo nestes penáltis.
A única explicação que me ocorre é que Fernando Santos quis apostar nos jogadores suplentes, menos desgastados.
Por outro lado, também admito que não fosse certo que Cristiano Ronaldo tivesse acertado o primeiro penálti. Além disso… o Quaresma é um dos mais experientes do grupo. Ele devia ter marcado.
Havemos de voltar a falar sobre penáltis mais à frente.
Não, Portugal só se pode culpar a si próprio por este desfecho. Não apenas pela maneira como abordou os penáltis, mas também por ter sido demasiado conservador ao longo dos cento e vinte minutos de jogo. Quase todos concordam que a Seleção tinha capacidade para ir à final e lutar pelo título. Podemos ter desperdiçado uma oportunidade única. Não só porque será difícil Portugal voltar a Qualificar-se para uma Taça das Confederações, como também porque talvez esta tenha sido a última edição da prova.
No entanto, há que recordar que isto é “apenas” a Taça das Confederações: uma prova a respeitar, mas que não tem o mesmo prestígio que um Europeu ou Mundial. Até agora, seleções que vencem a Taça das Confederações nunca venceram o Mundial do ano seguinte. Tal como referiu António Tadeia, um dos possíveis motivos será a tentação dos selecionadores em apostarem na mesma equipa e/ou na(s) mesma(s) tática(s) que resultara bem antes – quando, se calhar, os jogadores já não têm o mesmo rendimento que um ano ou dois antes e a(s) tática(s) não são adequadas àquela estrutura de prova e àqueles adversários.
Em linha com isso, prefiro que a Seleção Portuguesa e Fernando Santos tenham cometido esses erros nesta prova, em vez de os terem cometido num Europeu ou Mundial. Pode ser que aprendamos a não depender demasiado da tática do Euro 2016. Até porque, agora, temos jogadores como André Silva, Bernardo Silva, Gelson Martins – bons para jogar ao ataque.
Antes das alegações finais, falemos do jogo pelo terceiro lugar, contra o México… outra vez.
Confesso que não estava particularmente interessada neste encontro. Jogos pelo terceiro lugar são um bocadinho fúteis. Chegam mesmo a ser cruéis para os jogadores: estes estão cansados, deprimidos por terem falhado a final, talvez com saudades e casa, das respetivas famílias. O bronze não é grande motivador. Eu mesma já pensava assim aquando do Mundial 2006.
Curiosidade: o jogo pelo terceiro lugar foi abolido em Europeus em 1980 por (segundo o livro A Fúria do Euro, de Michael Coleman) o encontro dessa prova, entre a Itália e a Checoslováquia, ter sido uma seca – o desempate por grandes penalidades ficou em 9-8, a favor da Checoslováquia.
Por sua vez, a Seleção deixou bem claro o investimento que faria no jogo quando dispensou Cristiano Ronaldo para que pudesse conhecer os filhos.
Confesso que essa decisão me deixou desconfortável. É certo que os filhos nasceram há pouco tempo e que Ronaldo abdicou de ir vê-los mais cedo. Mas ele não é o único com filhos e outros compromissos familiares entre os Marmanjos. O Rui Patrício, por exemplo, tem um filho com menos de um ano e uma filha por nascer. Pizzi tem um filho com um ano de idade e adiou a sua lua-de-mel para vir à Taça das Confederações. Porque não tiveram eles, também, direito a dispensa?
Incomoda-me ainda mais o discurso de alguns dos protagonistas da Seleção, dando a entender que devíamos estar gratos por Cristiano Ronaldo nos ter feito o especial favor de comparecer na Taça das Confederações.
Tudo isto são precedentes perigosos. Receio que, um dia, tudo isto se volte contra os responsáveis pela Seleção.
Regressando ao jogo com o México, nesse dia, tive pessoas em casa a almoçar. Como tal, nem sempre consegui acompanhar o jogo como deve ser, sobretudo durante a segunda parte.
Conforme era de esperar, Portugal alinhou com um onze com oito alterações em relação ao jogo com o Chile (destaque para Pizzi e Gelson Martins a titulares). Entrámos melhor que no primeiro jogo com o México (não que fosse difícil), claramente por cima, mas incapazes de acertar com a baliza.
Um bom exemplo da nossa falta de acerto foi o penálti assinalado a favor de Portugal, aos dezasseis minutos, que André Silva desperdiçou – ainda a bola de neve que começara no jogo com o Chile.
Como toda a gente sabe, nestas coisas, que não marca sofre. E acabámos por ser nós mesmos a boicotar-nos, via auto-golo de Luís Neto, no início da segunda parte.
Tal como referi acima, não consegui prestar muita atenção durante esse período do jogo. Consta que Portugal continuava a desperdiçar oportunidades. A partir de certa altura, resignei-me: não me apetecia estar a sofrer por um mísero terceiro lugar.
Os Marmanjos não pensavam assim, felizmente. Desse modo, Pepe acabou por obrigar os mexicanos a provarem do seu próprio veneno, ao marcar um golo no tempo de compensação.
Nunca me vou cansar da celebração de Pepe, beijando as Quinas que traz no peito. É por estas e por outras que o adoramos e lhe vamos perdoando a sua cabeça quente.
O jogo foi, desse modo, a prolongamento. Outra vez. Por motivos óbvios, ninguém do lado de Portugal queria ir a penáltis. Eu mesma quase preferia que os mexicanos marcassem, só para nós pouparem à vergonha.
Não foi preciso, graças a Deus. Perto do fim da primeira parte do prolongamento, foi assinalado pénalti a favor de Portugal. Desta vez, estava já Adrien Silva em campo – um perito na marca dos onze metros, mais experiente e, pelos vistos, melhor a lidar com a pressão que André Silva (são muitos “Silvas" na Turma das Quinas…). Assim, foi chamado a bater o penálti e, ao contrário de quatro dos seus colegas, não perdoou.
Ainda bem. De outra maneira, a bola de neve podia prolongar-se até aos próximos jogos da Seleção.
Dizia eu antes que não planeava sofrer pelo terceiro lugar. No entanto, agora que estávamos em vantagem no marcador, queria que a mantivessem, claro.
Não foi fácil. O Nelson Semedo arranjou maneira de ver o segundo amarelo e Portugal ficou obrigado a segurar a vantagem em inferioridade numérica (Gelson acabou como lateral direito). O que nos valeu foi Jiménez, que teve a bondade de repôr a igualdade numérica… após entrada dura sobre o colega de equipa, Eliseu (não se faz…).
Os mexicanos não deixaram de tentar o empate. A certa altura quase se pegavam com o árbitro, após um lance duvidoso. Chegaram a bater um livre em que o guarda-redes mexicano, Ochoa (que se parece imenso com o Ted Mosby, de How I Met Your Mother), se veio juntar à barreira (sempre achei piada a essas ocasiões).
Mas a vitória já não escapou a Portugal. A Seleção ganhou, assim, a medalha de bronze.
E sabem uma coisa? Estou satisfeita. Chegar às meias-finais de qualquer prova é sempre bom. Tínhamos meios para ir mais longe, sim, mas não há que ter vergonha do percurso que fizemos na Taça das Confederações – até porque esta foi a nossa primeira vez na competição.
Agora o importante é aprender com os erros cometidos, sobretudo no jogo com o Chile, e apontar baterias para o Mundial. Podemos ter perdido agora, mas voltaremos! No próximo ano haverá Mundial na Rússia e Portugal estará lá. Não perdem pela demora.
Um agradecimento a todos os que acompanharam o percurso da Seleção na Taça das Confederações comigo, quer através deste blogue, quer da página de Facebook.
No passado sábado, dia 24 de junho, a Seleção Portuguesa de Futebol venceu a sua congénere neozelandesa por quatro bolas a zero. O jogo teve lugar no Estádio Krestovsky, em São Petersburgo, e contou para a fase de grupos da Taça das Confederações.
Não consegui ver o jogo todo na televisão – houve alturas em que tive de acompanhá-lo via rádio, no carro. Felizmente, pude ver três dos quatro golos em direto – só não vi o terceiro.
Conforme se previa, Fernando Santos fez várias alterações ao onze inicial para este jogo. Mesmo assim, foi mais conservador do que estava à espera, ao manter jogadores como Cristiano Ronaldo e Pepe. É óbvio que Fernando Santos não se atrevia a subestimar a seleção neozelandesa. Tendo em conta o historial da Turma das Quinas, compreende-se.
Infelizmente, a Seleção tornou a demorar cerca de vinte minutos a entrar no jogo. O primeiro remate do jogo, aos cinco minutos, veio da Nova Zelândia.
A nossa sorte foi que os neozelandeses não tinham capacidade para se aproveitar do avanço oferecido pelos portugueses. E, assim, Portugal acabou por ganhar controlo sobre o jogo.
Ao fim da primeira meia hora, o árbitro assinalou pénalti a favor de Portugal, depois de o Danilo ter sido derrubado na área. Cristiano Ronaldo não perdoou, tal como se esperava – nada a dizer.
O meu momento preferido do jogo ocorreu alguns minutos mais tarde: com aquele delicioso passe de Ricardo Quaresma para Eliseu. Este assistiria, depois, para Bernardo Silva marcar. Nessa altura, estava a ver o jogo num café cheio de benfiquistas. Estes não se tinham manifestado muito aquando do golo de Ronaldo (mas também, tal como afirmei acima, todos sabíamos que ele ia marcar). No entanto, eles fizeram questão de festejar efusivamente este golo, mais por causa de Eliseu do que por outro motivo qualquer.
Eu mesma tenho de admitir que, apesar de continuar a preferir o Raphael Guerreiro, o Eliseu cresceu muito como jogador nestes últimos anos. Quer com Raphael quer com ele, o lado esquerdo da defesa da Seleção está bem entregue.
Infelizmente, o momento do golo foi estragado pela lesão de Bernardo Silva. Ele ainda conseguiu aguentar em campo até ao intervalo, mas acabou por ser substituído. Todos esperam que ele recupere a tempo das meias-finais, que a Seleção beneficia imenso com ele.
O pior momento do jogo, tirando a lesão de Bernardo Silva, foi o cartão amarelo mostrado a Pepe, na segunda parte – cartão amarelo esse que o exclui das meias-finais. Muitos têm criticado Fernando Santos por não ter substituído Pepe antes, evitando este desfecho e poupando-lhe o esforço. Mas a verdade é que Pepe, depois de tantas asneiras como esta que tem feito ao longo da sua carreira, já devia ter mais juízo.
Em todo o caso, José Fonte será capaz de dar conta do recado – desde que tente evitar os erros que cometeu, durante o jogo com o México.
Entretanto, mais ou menos aos sessenta minutos de jogo, Cristiano Ronaldo foi substituído por Nani. Notou-se, desde o primeiro minuto em campo, que estava com ganas – não só por ser a sua centésima-décima internacionalização, mas também para se redimir do jogo menos conseguido, na estreia portuguesa na Taça das Confederações. Para provar que, mesmo com a concorrência de talentos como Bernardo Silva, Ricardo Quaresma ou Gelson Martins, a Seleção pode, também, contar com Nani – contrariando todos aqueles que, à primeira falha, se apressam a riscá-lo da lista de opções. Já tinha acontecido mais ou menos o mesmo durante o Europeu, no ano passado.
Antes de Nani ter hipótese de brilhar, contudo, foi a vez de André Silva mostrar o que vale. Aos oitenta minutos, o jovem recebeu a bola no meio-campo e arrancou em direção à baliza. Mais tarde, ele diria que estava à espera que algum dos colegas viesse ajudá-lo mas, como ninguém estava a jeito, ele “tentou ser feliz. E conseguiu.”
Por fim, Nani marcou o quarto golo, já nos descontos. Momento fofo quando ele mostrou a foto do filho, Lucas – consta que fora uma promessa.
Este resultado deu-nos, assim – parafraseando uma brilhante jovem neozelandesa – luz verde para as meias-finais. Nada mau para um estreante na prova, diga-se de passagem. Já há quem fale da final é de uma conquista do troféu. Não que seja impossível – qualquer semi-finalista é, por defeito, candidato ao título – mas não quero meter a carroça à frente dos bois. Sobretudo porque as meias-finais não vão ser nada fáceis.
O nosso adversário será o Chile, cuja maior figura é Arturo Vidal, um médio que joga no Bayern de Munique. A seleção chilena tem uma história parecida com a nossa: até há bem pouco tempo, nunca tinham ganho nada. Até que, em 2015, venceram a poderosa Argentina, na final da Copa América. No ano passado, venceram ainda a Edição Centenário da Copa América. Estão, também, a participar na Taça das Confederações pela primeira vez. E eu imagino que, tal como nós, tenham tomado gosto a esta coisa de títulos de seleções e queiram repetir a dose.
Algo que me deixa um bocadinho (mais) nervosa no que diz respeito ao Chile é o facto de os conhecermos mal. Só jogámos três vezes vezes contra os chilenos: uma em 1928, por 4-2 (após estarmos a perder por 2-0...); uma em 1972, em que ganhámos por 4-1: outra em 2011, em que empatámos a uma bola (se bem se recordam, não vi esse jogo.
Em suma, as meias-finais podem dar para qualquer dos lados.
Nesse aspeto, teria preferido ligeiramente (só muito ligeiramente) apanhar os alemães. Porque os conhecemos melhor (bem demais…), por um lado. Por outro, porque estão desfalcados e estão menos motivados para ganhar a Taça das Confederações.
Mas ainda temos o trauma do Mundial 2014…
Em todo o caso, como sempre, eu acredito na nossa Seleção. Acredito que podemos vencer o Chile e chegar a mais uma final. Temos tudo para consegui-lo.
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Na passada quinta-feira, dia 1 de setembro, a Seleção Portuguesa de Futebol venceu a sua congénere gibraltina por cinco bolas sem resposta, em jogo de carácter amigável, realizado no Estádio do Bessa.
Adianto, desde já, que não prestei muita atenção ao jogo, sobretudo na primeira parte. Tinha dormido mal na noite anterior e passei o dia inteiro com dores de cabeça. Não muito fortes, mas o suficiente para não me deixarem concentrar devidamente no jogo.
Não que este tenha sido muito interessante, pelo menos no início. Como seria de esperar, o jogo teve sentido único. O Eduardo só foi chamado à ação perto do fim da segunda parte e mesmo assim não eram situações de perigo. Podia ter ficado a jogar Candy Crush na baliza, que não faria diferença. No entanto, de uma maneira muito típica, a Seleção Portuguesa teve dificuldades em acertar na baliza, desperdiçando diversas oportunidades. Campeões Europeus e tal, mas há coisas que nunca mudam, pelos vistos. Éder falhou um par de golos, incluindo um de baliza aberta, e eu não quero de todo estar a dizer algo como “O Éder sendo o Éder outra vez”, por motivos óbvios, mas… Ao menos o público do Bessa, benevolente com o herói da final do Europeu, aplaudiu-o aquando dessa falha. Há bem pouco tempo a reação seria diferente… mas esta ajuda mais.
O primeiro golo português surgiu aos vinte e sete minutos, dos pés de Nani após passe de Bruno Alves. Um golo que teve direito a celebração com um mortal. É uma pena que Nani não tenha comemorado nenhum dos seus golos no Europeu da mesma forma… mas compreende-se a cautela, depois da traumática exclusão do Mundial 2010.
Nani voltaria a marcar na segunda parte, quando Adrien, André Silva é Bernardo Silva já estavam em campo. Foi, aliás, o último quem centrou para Nani, que cabeceou para o seu segundo golo da noite. O Marmanjo já está perfeitamente à vontade no papel de Capitão, de líder da Equipa das Quinas, no lugar de Cristiano Ronaldo. Já conta dez anos vestindo a Camisolas das Quinas, tem marcado bastante pela Seleção este ano e eu não podia estar mais orgulhosa. Sobretudo tendo em conta que se tornou Campeão Europeu.
O terceiro golo das cores lusitanas teve a participação dos dois estreantes da dupla jornada. André Silva recebeu a bola na grande área gibraltina, passou-a a João Cancelo, que rematou num ângulo difícil, mas a bola entrou.
O golo de Bernardo Silva foi marcado quase por acaso. O Marmanjo recebeu uma bola perdida pelos gibraltinos na sua grande área. Fez um remate fraco, mas o modesto guarda-redes de Gibraltar chegou tarde. A bola passou por baixo dele, cruzando a linha de baliza. Bernardo nem sequer festejou muito pois o golo foi mais demérito do pobre guarda-redes que mérito dele.
Bernardo, de qualquer forma, ainda teve tempo para assistir para o último golo da noite: um centro perfeito para a careca de Pepe, que cabeceou para as redes gibraltinas, fazendo o resultado.
Não há muito mais a dizer sobre este jogo. Portugal cumpriu a sua obrigação. O melhor resultado obtido por Gibraltar, até ao momento, foi uma desvantagem de quatro golos - ganhar por menos do que isso teria sido inglório. Podíamos até ter saído do Bessa com um resultado ainda mais generoso não fosse a aselhice típica dos portugas. Todos os Marmanjos estiveram bem mas de resto, com o devido respeito pelos gibraltinos, perante Gibraltar até as nossas avozinhas fariam boas exibições.
Fernando Santos tem perfeita noção disso e não o escondeu. Conforme declarou no rescaldo do jogo, este particular não foi mais do que um treino com mais adrenalina que o habitual. Não prova nada para o jogo com a Suíça. Serviu, no entanto, para dar algum ritmo a Marmanjos com pouco tempo de jogo nos respectivos clubes, o que é importante nesta fase do campeonato.
Terça-feira, em Basileia, será completamente diferente. Será a contar para a Qualificação para o Mundial 2018 e todos concordam que será, provavelmente, o jogo mais difícil. A Suíça é o adversário mais cotado do grupo, fora nós, e têm fama de serem fortes em casa. Por esse prisma, um empate talvez não fosse um resultado muito mau. No entanto, estando nós ainda a saborear o delicioso estatuto de Campeões Europeus, ninguém quer outra coisa que não seja a vitória. E é, conforme escrevi na entrada anterior, gostei de ver a Seleção Apurando-se em primeiro lugar para o Euro 2016 e quero repetir a dose.
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Na passada quarta-feira, dia 10 de julho, a Seleção Portuguesa de Futebol venceu a sua congénere galesa por duas bolas sem resposta, em jogo a contar para as meias-finais do Campeonato Europeu da modalidade. A Seleção segue agora para a final de Paris, onde vai enfrentar a sua congénere... francesa.
Esta é a minha ducentésima publicação aqui no blogue (publicação número duzentos, para os amigos). Dificilmente o timing seria melhor - só mesmo se esta crónica fosse sobre a conquista de um título. Foi para ocasiões como a que estamos a viver neste preciso momento que inaugurei O Meu Clube é a Seleção. Esperei oito anos pela oportunidade de escrever sobre a presença da Equipa de Todos Nós numa final de um campeonato de seleções. Valeu a pena.
Mas falemos do jogo das meias, antes. Não que haja muito a dizer. A primeira parte foi razoavelmente aberta, não desgostei do futebol praticado pelos portugueses, ainda que não tenham havido muitas oportunidades de golo. Da Gales, os lances de maior perigo partiram de Gareth Bale, naturalmente. Em várias ocasiões, valeu-nos Rui Patrício.
Na verdade, o jogo resume-se aos dois golos portugueses, aos cinco minutos da segunda parte. Na sequência de um pontapé de canto, Raphael Guerreiro centrou para o meio da grande área galesa. Cristiano Ronaldo deu um salto de quase oitenta centímetros - um daqueles que ele faz de vez em quando e deslumbram toda a gente - e cabeceou a bola diretamente para as redes. Cá em casa estávamos a jantar por esta altura e não consegui gritar "GOLO!" pois estava com a boca cheia de cenoura ralada - à semelhança do que já tinha acontecido antes, só que com esparguete.
Ronaldo não se ficou por aqui. Três minutos depois, fez nova tentativa à baliza galesa. A bola acabou por sobrar para Nani, que ampliou a vantagem para as duas bolas. Já conta três golos neste Europeu, mas continua a receber poucos louvores por isso.
Pouco mais aconteceu no jogo depois destes golos. A Gales ainda tentou reduzir a desvantagem, sem sucesso. Portugal podia ter marcado pelo menos mais um golo, teve oportunidades para isso. O marcador não se voltou a alterar até ao fim do jogo.
Acreditam que, mesmo passado este tempo todo, ainda não estou cem por cento convencida de que isto não é um sonho? Que Portugal está mesmo na final do Europeu? Que me sinto como aquele miúdo, meio anestesiado depois de ir ao dentista? Eu e a minha irmã, nos primeiros minutos após o apito final, perguntávamos isso uma à outra:
- Estamos mesmo na final?
- Isto está mesmo a acontecer?
Ainda ontem à tarde estava a comentá-lo para a minha cadela (sim, eu falo para a minha cadela, que é a única que tem sempre paciência para mim...) e, um pouco do nada, comecei a rir-me e não consegui parar durante minutos. Só depois de a França derrotar a Alemanha, conquistando um lugar na final, é que a verdade me atingiu. Portugal vai à final do Europeu. Com a França.
Não é que Fernando Santos tinha razão? Não é que a Seleção vai ficar em Marcoussis até dia 11? Não é que a fé que resolvi adotar no início da preparação do Europeu se está a justificar?
Estive doze anos à espera deste momento - quase metade da minha vida. Desde aquela malfadada derrota perante a Grécia. À espera de uma oportunidade concreta de ver Portugal conquistar um título que lhe escapa há demasiado tempo, de desforrar, dentro do possível, a final do Euro 2004, as meias-finais do Mundial 2006 e do Euro 2012.
De certa forma, é perfeito. Foi frente à França, no próprio palco da final, que Fernando Santos se estreou como Selecionador. Não vencemos esse jogo (nem qualquer jogo com a França nos últimos quarenta anos, diga-se de passagem...). Mas foi nesse dia, nesse balneário, que jogadores e Selecionadores prometeram tudo fazer para regressarem a esse palco, daí a quase exatamente 21 meses, e sagrarem-se campeões da Europa.
Também é perfeito de outra forma. Perfeito por o nosso adversário ser um dos nossos maiores "inimigos" no futebol. O adversário que nos derrubou nas meias-finais de 1984, 2000 e 2006 (de forma injusta no último caso, pelo menos). Houve até uma altura, após o Mundial 2006, em que fantasiei com uma final Portugal-França, precisamente para nos desforrarmos disso tudo (fantasia essa que contribui para a minha sensação de irrealidade). Além do mais, os franceses têm tido anos e anos de colinho por parte da FIFA e da UEFA, destaque para aquela mão de Deus do Thierry Henry, nos playoffs para o Mundial 2010. Por fim, têm passado o Europeu a criticar-nos, e continuam a fazê-lo. Existirá vingança mais doce do que dar-lhes o seu próprio Euro 2004? Uma derrota caseira na sua final para lamentar para o resto das suas vidas?
Mas isto eu a fantasiar. Voltando à realidade, sei perfeitamente que isto não vai ser nada fácil, raia mesmo o impossível. Como disse antes, a França é um dos nossos maiores demónios e, ainda por cima, joga em casa. Em termos de qualidade, na minha opinião, estão abaixo dos alemães, que perderam a meia-final por erros seus, mas, mesmo assim, os franceses estão muito acima das equipas que temos enfrentado neste Europeu. Vou ser brutalmente sincera: a possibilidade de perdermos é forte.
No entanto, Fernando Santos também tem razão quando diz que é difícil ganhar a Portugal. Não convém esquecer que não perdemos nenhum jogo oficial no seu "mandato". Também acredito no empenho, no espírito de equipa,de sacrifício dos nossos jogadores.
De qualquer forma, aconteça o que acontecer, no dia 11, a seguir à final, estarei no aeroporto da Portela para receber os jogadores, tal como fiz em 2012. Se nem depois do Mundial 2014 fui capaz de virar as costas à Seleção, muito menos fá-lo-ei agora.
Feita essa promessa, quero deixar uma mensagem aos jogadores (*põe a tocar como música de fundo um tema épico, estilo Heart of Courage dos Two Steps From Hell. O This One's For You também serve*).
Ganhem a final.
Ganhem pela vossa família e amigos, colegas e treinadores, antigos e atuais, as pessoas que acreditaram em vocês, que tomaram conta de vocês, que vos deram oportunidades para mostrarem o vosso valor, que vos ensinaram, que vos ajudaram, de uma forma ou de outra, a chegar a onde estão agora.
Ganhem pelo Eusébio e pelos outros Magriços, pelo Jordão, pelo Chalana, pelo Paulo Futre, pelo Luís Figo, o Rui Costa, o Pedro Pauleta, toda a Geração de Outro, pelo Deco, pelo Maniche. Por todos os jogadores portugueses que também tentaram tornar este sonho realidade, que vos ensinaram direta ou indiretamente, que vos serviram de exemplo e inspiração para se tornarem nos jogadores que são hoje.
Ganhem para acertarmos contas com o Destino pela derrota aos pés da Inglaterra há cinquenta anos, pelo golo de Michel Platini a um minuto do prolongamento das meias-finais de 84, pela mão de Abel Xavier em 2000, pela Grécia em 2004, pela falta do Ricardo Carvalho em 2006, pelos penáltis falhados em 2012. Ganhem para vingarmos os inúmeros favorecimentos descarados à seleção francesa e que, a nós, chegaram a ser negados, pelas desconsiderações que pessoas como Michel Platini e Joseph Blatter nos têm feito ao longo dos anos, pelas críticas que franceses (e não só) nos têm dirigido neste Europeu.
Ganhem pelos vossos admiradores, pelos adeptos da nossa Seleção espalhados pelo Mundo inteiro (que não se limitam a portugueses), pelos que têm estado convosco nos bons e nos maus momentos. Por mim. Pelos emigrantes em França, porteiros, empregados de limpeza, trabalhadores das obras, que durante anos lutaram por sobreviver à precariedade, à arrogância e xenofobia de muitos franceses. Ganhem para que eles tenham orgulho, por pouco e fútil que seja, na sua nacionalidade.
Ganhem para que todos nós possamos falar de vocês aos nossos filhos e netos. Falar da capacidade de liderança de Cristiano Ronaldo, que obrigou João Moutinho a bater o penálti contra a Polónia. Da constante entrega de Nani. Da magia e perseverança de Ricardo Quaresma. Do ímpeto de Renato Sanches. Da elegância de William. Do talento deslumbrante de Raphael Guerreiro. Do imperialismo de Pepe. Das defesas milagrosas de Rui Patrício. Do empenho de todos os que não mencionei aqui, que se têm ajudado uns aos outros a melhorar e que têm honrado a Camisola das Quinas. Da crença inabalável de Fernando Santos. Ganhem por tudo isto e por muito mais.
Este vai ser o jogo das vossas carreiras, das vossas vidas. De todas as nossas vidas. Ajam de acordo com isso.
Sem pressão.
(Se por acaso exagerei no dramatismo, peço desculpa. Mas também, se existe altura para palavras grandiosas e dramáticas, é esta).
Na passada quarta-feira, dia 22 de junho, a Seleção Portuguesa de Futebol empatou a três bolas com a sua congénere húngara, no terceiro jogo da fase de grupos do Campeonato Europeu da modalidade. Com este resultado, a Seleção segue em frente na competição e enfrenta a Croácia nos oitavos-de-final hoje, às oito da noite.
Tendo em conta que o dia começou com um microfone no fundo de um lago, em Lyon, devíamos ter previsto a loucura que seria o jogo. Portugal até entrou mais ou menos bem, mas a Hungria, no seu primeiro remate do encontro, na sequência de um canto, conseguiu marcar.
Jogadores e treinador têm falado muito por estes dias, mas uma coisa tem sido comum a estes três jogos: a equipa não está a saber lidar com a ansiedade (talvez não fosse má ideia arranjar-lhes um psicólogo...) e mal se consegue organizar. No caso do rescaldo deste primeiro golo, Portugal procurou pressionar a Hungria, mas de forma atabalhoada. Uma coisa em que reparei foi que, antes do golo húngaro, os jogadores que marcavam os livres iam rodando, mas depois do golo passou a ser apenas Ronaldo a cobrá-los todos, independentemente da posição - ele deve andar obececado com o facto, muito assinalado, de, em campeonatos de seleções, ele não ter conseguido ainda concretizar em nenhum livre.
Mesmo jogando aos tropeções, os portugas lá conseguiram chegar à igualdade. Cristiano fez um lindo passe, que ultrapassou uma mão-cheia de húngaros e chegou a Nani, que "só" teve de rematar. Depois de já termos tido um golo anulado por fora-de-jogo, eu ainda esperei uns segundos antes de festejar mas, quando o fiz, não me contive. Após uns vinte minutos fora do Europeu, estávamos de novo na corrida. Mas a parvoíce ainda agora tinha começado.
Esperava eu, ao intervalo que o golo de Nani ajudasse os portugueses a esfriar a cabeça e a ganhar forças para correrem atrás da vantagem. Só para provar o quão enganada eu estava, logo ao primeiro minuto da segunda parte, Ricardo Carvalho faz falta para livre e, na conversão, os húngaros colocam-se de novo em vantagem. Não dava para acreditar.
O que nos valeu foram as entradas de Renato Sanches e Ricardo Quaresma, que deram mais dinamismo à equipa lusa, ajudaram a abrir buracos na defesa húngara. Por fim, a bola chega a João Mário, este centra para Cristiano Ronaldo, que iguala o marcador, de calcanhar.
Contudo, ainda não foi desta que a parvoíce acabou pois, menos de cinco minutos mais tarde, Ricardo Carvalho volta a marcar falta na mesma zona, mais uma vez com direito a livre. Eu já adivinhava o que ia acontecer e aconteceu mesmo. Era mesmo para gozar com a nossa cara, não era?
Eu nem me ralei por aí além, desta feita, pois também adivinhava que íamos igualar de novo. E, de facto, já depois dos sessenta minutos, Quaresma centra para Ronaldo, que cabeceia para o golo.
Muitos têm criticado Fernando Santos, e eu concordo, por ter trocado Nani por Danilo, passando portanto a defender o empate perante a Hungria, bem como o segundo lugar do grupo F - que nos atiraria para o chamado lado negro do Europeu, onde encontraríamos a Inglaterra e poderíamos, depois, encontrar Espanha, Itália ou Alemanha. Mais tarde, o Selecionador defenderia as suas escolhas dizendo "Antes um pássaro na mão que dois a voar". Eu teria, mesmo assim, tentado ir atrás do primeiro lugar, pelo menos durante mais alguns minutos, tanto para fugir aos tubarões como por uma questão de honra - até porque, a certa altura, também a Hungria se conformou com o empate. No entanto, pelo andar da carruagem, ainda o marcador chegava aos dez igual. Ironicamente (sobretudo tendo em conta as palavras simpáticas de Ronaldo), acabou por ser a Islândia a salvar-nos dos tubarões, ao marcar o golo da vitória perante a Áustria, o último minuto, atirando-nos para o terceiro lugar do grupo F.
Em suma, este foi, em simultâneo, o jogo mais emocionante e o jogo mais parvo que vi em toda a minha vida. A Seleção conseguiu por três vezes reverter uma desvantagem, é certo. Contudo, de uma maneira muito típica nos últimos anos, foram os próprios Marmanjos a cavar o buraco, de onde tiveram de escapar. Por muito feliz que tenha por continuarmos no Europeu, por termos fugido aos tubarões (embora duvide que a Croácia seja pacífica), é triste não termos ganho um único jogo e ficaro em terceiro neste grupo. Sobretudo tendo em conta que esta é uma Seleção que fala em ganhar o Europeu.
Continuo em saber ao certo o que pensar dos nossos desempenhos inconsistentes neste Europeu. Se é apenas nervosismo, se é falta de frescura física, se é pura e simplesmente falta de qualidade, se Fernando Santos está a serguir o exemplo de antecessores seus e a ser teimoso (demorou dois jogos e meio a perceber que Moutinho já teve dias melhores e, mesmo asim, não me admirava se, hoje, o médio do Mónaco surgir outra vez entre os titulares). Não me parece muito provável que o problema se tenha resolvido nestes dois dias - embora eu tenha a esperança de que a conquista do Apuramento e os golos de Nani e Ronaldo tenham dado confiança para a fase seguinte do Europeu. Se as coisas começarem a correr bem, mesmo bem e, vá lá, Portugal conseguir apurar-se para a final de Paris, ninguém se vai ralar com o que aconteceu na fase de grupos. Mas é um grande "se".
Portugal tem um histórico favorável frente à Croácia (o nosso último jogo foi bastante positivo), mas ninguém espera facilidades, quando o futebol deles está entre os melhores praticados neste Europeu até agora e, sobretudo, depois de os croatas terem vencido a Espanha, mesmo sem Modric. Todos dão os croatas como favoritos e, visto que irritámos muita gente (não sem razão) ao apurarmo-nos sem vitórias, acho que vamos ter o Mundo inteiro a torcer contra nós. Esta nossa aventura no Euro pode terminar já hoje à noite: algo que eu, naturalmente, não quero. Aliás, com tanta gente a criticar-nos, dentro e fora do País (volto a sublinhar, não completamente sem razão), eu fico com ainda mais vontade de ver a Seleção chegar longe neste Europeu, só para irritá-los, para prová-los errados. Cristiano Ronaldo já conseguiu calar várias pessoas com este par de golos e uma assistência. Eu vou esperar que nem ele nem a Seleção fiquem por aqui em termos de respostas em campo às críticas e que, logo à noite, possamos sobreviver ao primero mata-mata.