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O Meu Clube É a Seleção!

Mulher de muitas paixões, a Seleção Nacional é uma delas.

Equipamentos da Seleção Nacional (2004-2018): do pior ao melhor

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É este o texto diferente do costume de que ando a falar há algum tempo. Hoje vamos falar sobre equipamentos da Seleção Nacional. 

 

Como toda a gente sabe, em anos pares (regra geral, por volta dos particulares de março/abril), a Equipa de Todos Nós recebe um conjunto novo de equipamentos. Esses equipamentos servem para todo o ciclo bianual, que inclui um Mundial ou um Europeu, a fase de Qualificação para o Mundial ou Europeu seguinte e, mais recentemente, a Liga das Nações. Neste texto, quero pegar nos diferente equipamentos que a Seleção envergou desde 2004 a esta parte (escolho este ano porque foi quando comecei a acompanhar ativamente a Equipa das Quinas) e ordená-los de acordo com as minhas preferências.

 

Aviso desde já que estou longe de ser uma especialista em moda, ainda menos do que em futebol. Este é apenas o meu gosto pessoal, estão à vontade para discordar. 

 

Nesta lista vou só considerar os equipamentos principais. Ainda pensei incluir os alternativos, mas ficaria demasiado confuso. Os alternativos terão o seu próprio texto, um dia. Não a curto prazo, talvez daqui a um ano ou dois. Os que forem lançados este ano já entrarão nessa lista. 

 

Antes de começar, queria deixar bem explícito que, deste conjunto, não existe nenhum equipamento principal de que eu não goste nem um bocadinho. A Seleção teve alguns equipamentos “parolos” no seu passado, como descrevem neste artigo, mas a qualidade melhorou muito de 2000 para a frente. Com os alternativos a história é outra mas, regra geral, não tenho tido razão de queixa em relação aos equipamentos principais nestes últimos dezasseis anos.

 

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Ou melhor até tenho, mas não tem a ver com a qualidade estética do equipamento. Tem a ver com o facto de, pelo menos nas fornadas de 2016 e 2018, os equipamentos produzidos pela Nike seguirem quase todos o mesmo modelo. Basta olharmos para imagens da final de Paris: o equipamento português e o francês são iguais, tirando a cor!

 

E depois temos fenómenos como, por exemplo, o equipamento alternativo da Inglaterra em 2016 ser igual ao nosso principal do mesmo ano e o nosso equipamento alternativo de 2018 ser igual ao da Polónia (com o mesmo tipo de letra nos nomes e tudo). Irrita-me tanto… Que é feito da imaginação?

 

No que toca a equipamentos principais, o vermelho tem sido, naturalmente, a cor predominante. Eu diria que é a minha segunda cor preferida, atrás do azul. Em parte por estar associada à Turma das Quinas. O meu tom preferido não é tanto o clássico vermelho vivo, é um tom um bocadinho mais escuro, como o que escolhi para o fundo deste blogue (consta que o nome oficial é vermelho persa). É uma cor rica, elegante, sobretudo nestes tons menos agressivos.    

 

Também gosto do vermelho cor de vinho tinto para vestir, sobretudo no outono/inverno.

 

Curiosamente, já foram feitos estudos sobre a influência da cor vermelha em equipamentos desportivos. É uma cor que simboliza paixão, energia, testosterona, vitalidade, dominância. Uma cor emotiva, que entusiasma e motiva os aliados e intimida os adversários. Está provado que dá vantagem. 

 

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É claro que essa vantagem pesa menos que fatores como o talento e a técnica. Se não fosse assim, teríamos muito mais que apenas dois títulos. Em todo o caso, o vermelho é uma cor que já faz parte do carácter da Seleção. 

 

Dito isto, gostava de ver mais verde nos equipamentos das Quinas. Afinal de contas, sempre representa cerca de quarenta por cento da nossa bandeira. Além de que é uma cor menos agressiva, que representa esperança, harmonia, compaixão, segurança – características que também fazem parte do ADN da Equipa de Todos Nós, a meu ver. Contrabalançam com as emoções extremas do vermelho e também com a hostilidade endémica do futebol de clubes, sobretudo em Portugal. 

 

Mas passemos ao cerne deste texto: os equipamentos da Seleção nos últimos dezasseis anos, do pior para o melhor. Vamos começar com…

 

8) 2008

 

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Admito-o desde já: o equipamento criado para o Euro 2008 só está no fundo da lista por, usando o termo técnico, picunhices. Em termos gerais, este equipamento não é pior do que os outros desta lista. Como quase todos, é todo em vermelho (embora eu não adore este tom particular), com letras e números dourados. 

 

Aquilo de que não gosto neste equipamento é do feitio da gola (estiveram ali a inventar sem necessidade) e a camisola mais justa que o habitual. Na altura, acho que li em algum lado que isto foi deliberado, era para melhor absorver a transpiração ou algo do género. No entanto, do ponto de vista estético não ficou muito bem, na minha opinião. Prefiro camisolas mais largas. 

 

7) 2012

 

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O equipamento apresentado para o Euro 2012 não difere radicalmente do de 2008. Também ele é todo vermelho, um vermelho vivo, clássico. Desta vez, no entanto, não se puseram a inventar: a gola tem um feito normal, a camisola não parece nem demasiado larga nem demasiado justa.

 

Na verdade, o ponto fraco deste equipamento é precisamente o facto de não terem inventado nada. É um equipamento simples, uma aposta segura, que não é feio mas também não deslumbra. É pouco imaginativo. Parece-se mais com o modelo básico com que os designers (estilistas?) da Nike começam na hora de conceber um equipamento novo.

 

É por isso que está tão baixo nesta lista: falta-lhe carácter. 

 

6) 2018

 

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Este é o equipamento mais recente desta lista. Criado para o Mundial 2018, mas que também foi usado durante a conquista do nosso segundo título, na Liga das Nações. Tem algumas semelhanças com o de 2008: todo vermelho, letras e números dourados. Está melhor conseguido, no entanto: gosto do estilo dos múmeros e do discreto efeito “riscado” nos ombros e braços – mais proeminente em outras peças desta coleção, como o equipamento de treino.

 

Pode ser o mesmo modelo que a Nike aplicou a todos os seus equipamentos se seleções, mas ao menos é bonito.

 

5) 2006

 

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O equipamento criado para o Mundial 2006 é todo vermelho, como vários outros desta lista. Este, no entanto, é um vermelho diferente, bastante curioso. Varia consoante a luz. Sob a luz artificial é um vermelho mais perto do vinho tinto (parecido com o vermelho das camisolas dos finais dos anos 90, início dos anos 2000). Sob a luz do sol transforma-se num vermelho mais vivo, cor de sangue seco.

 

É um efeito muito giro e único. Tive várias oportunidades de vê-lo, pois cheguei a ter o boné desta coleção, da mesma cor. Infelizmente perdi-o.

 

O único problema é que, apesar de ser uma cor original e bonita, é um bocadinho escura demais, que se torna demasiado quente e pesada. Tendo em conta que os grandes campeonatos de seleções se realizam durante o verão, esta é uma desvantagem significativa. É só mesmo por este motivo que este equipamento não está mais acima na classificação.



4) 2010

 

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Nesta parte da lista, as diferenças entre os equipamentos em termos de preferência não são muito grandes. Foi difícil de definir a ordem nesta parte. Se estivesse a escrever este texto há um ano, a ordem se calhar seria diferente. Hoje fica assim.

 

Finalmente um equipamento que não é todo em vermelho: o criado para o Mundial 2010. A camisola é vermelha, mas possui uma faixa verde horizontal, na zona do peito. Inicialmente os calções eram brancos – eu gostava assim, mas admito que fica demasiado parecido com o equipamento do Manchester United. 

 

Talvez seja por isso que, em muitos jogos (talvez na maior parte deles), a Seleção tenha usado calções vermelhos. Também ficam bem, não me interpretem mal – a faixa verde distingue-os dos vários equipamentos-todos-vermelhos – mas eu preferia os calções brancos. Mais: este seria o equipamento ideal para recuperar a tradição dos calções verdes. Uma oportunidade desperdiçada, na minha opinião. 

 

3) 2016

 

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Este equipamento tem o grande viés de ter sido o equipamento com que ganhámos o nosso primeiro título. Eu mesma tenho a camisola – há anos que queria uma da Seleção e optei pela camisola de Campeões Europeus.

 

Não digo que a minha opinião não seja nem um bocadinho enviesada mas, na minha opinião, mesmo colocando de lado o facto de ser a camisola da final de Paris, é um equipamento bonito por si mesmo. Na verdade, mais do que o fator Campeão Europeu, pesa mais o facto de eu ter um exemplar da camisola, que posso examinar ao pormenor.

 

Esta camisola tem os ombros e os braços num vermelho mais escuro – como poderão ver na fotografia abaixo, são na verdade riscas muito finas, alternando entre o vermelho-vinho-tinto e o vermelho do resto da camisola. Esse vermelho, aliás, é o tal vermelho-persa de que falei acima, o meu tom preferido (se não for exatamente esse o tom, está muito próximo).

 

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É, em suma, um belo equipamento (mesmo que, mais uma vez, partilhe o modelo com várias outras seleções da Nike). Merece ser este a figurar nas fotografias do 10 de julho. 

 

2) 2014

 

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Este é capaz de ser o equipamento mais criativo e original desta lista (só o de 2010 é que compete com ele nesse capítulo). É todo em vermelho, mas a camisola possui um degradê (é esse o termo correto?). O peito e os ombros são num vermelho mais vivo que, depois, transita para um vermelho mais escuro, que ocupa a parte de baixo da camisola, os calções e as meias.

 

É uma pena este equipamento estar associado ao desastre que foi o Mundial 2014 porque eu gosto mesmo muito deste equipamento. Só prova que a beleza da camisola não serve de prognóstico.

 

E ainda bem, não é? Para estas coisas ninguém gosta de spoilers.

 

1) 2004

 

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Como disse antes, tive algumas dificuldades em definir partes desta classificação, mas nunca tive dúvidas em relação ao primeiro lugar. 

 

Admito que haja muita nostalgia nesta escolha. Como poderão ler aqui, muitos dos meus jogos preferidos de sempre da Seleção decorreram durante o Euro 2004. Ainda hoje, se reescrevesse essa lista, o Portugal-Espanha continuaria no primeiro lugar – porque foi onde tudo começou para mim. Se não fosse esse jogo, nenhum dos outros teria tido o mesmo impacto.

 

É difícil explicar a quem não se lembre desse campeonato ou tenha nascido depois dele (parecendo que não, gente de quinze anos incluem-se nesse grupo) o impacto que o Euro 2004 teve no povo. Fomos nós os anfitriões, uns anfitriões bastante entusiastas. A Seleção ia fazendo a sua parte, com jogos que se tornariam lendários. Todo o país esteve em festa como nunca se vira antes e não se tornaria a ver até agora.

 

Não, nem mesmo quando nos sagrámos Campeões Europeus. Não estou a dizer que tenha sido pior ou melhor, apenas que não foi a mesma coisa. Porque foi em França, não em Portugal.

 

O equipamento do Euro 2004 foi o último equipamento até agora a ter calções verdes. As cores, aliás, são mais vivas do que o costume, sem destoarem, com pormenores dourados – as faixas verticais, fininhas, de cada lado da camisola. À frente os números aparecem dentro de círculos, em homenagem ao equipamento da Seleção no Mundial de 1966. 

 

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Em suma, é um equipamento brilhante e festivo, diferente de qualquer outro, o que reflete na perfeição aquilo que o Euro 2004 representou para nós: um período feliz, brilhante, uma festa, algo irrepetível. O início da minha história de amor com a Seleção – e por isso estará sempre em primeiro.

 

E cá estão, os equipamentos das Quinas ordenados pelas minhas preferências. Devia ter calculado que dedicaria uma boa parte deste texto a comparar tons de vermelho mas olhem. Foi diferente. Foi divertido.

 

Agora estou ansiosa pela revelação do equipamento do Euro 2020. Provavelmente fá-lo-ão aquando dos jogos de março: o torneio da Qatar Airways, em que vamos jogar com a Bélgica e a Croácia. Espero que não se limitem a um equipamento liso, todo vermelho. Espero que sejam criativos, que lhe deem personalidade própria.

 

Não me peçam para decidir logo em que lugar ficaria nesta lista, ou mesmo para dar logo um parecer definitivo sobre o equipamento. Vou precisar de tempo para formar as minhas opiniões, de ver a Seleção envergando as novas camisolas em campo.

 

É esperar para ver. A contagem decrescente continua. Acompanhem-na connosco, na página de Facebook deste blogue.

Especial Aniversário: Top 10 Jogos da Seleção Portuguesa #1

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Hoje completo oito anos (!!!) como blogueira graças aqui a "O Meu Clube é a Seleção!". Este ano quis fazer algo para assinalar a data, algo diferente. Resolvi apresentar os meus dez jogos da Seleção preferidos – entre outras coisas, é uma oportunidade para escrever sobre partidas marcantes que ocorreram antes de inaugurar este blogue. Além disso, é mais do que apropriado recordar grandes jogos da Seleção poucos antes de começarmos a preparar um Europeu, para o qual partimos com ambições.

 

Uns alertas rápidos antes de começar: em primeiro lugar, só comecei a ligar a sério ao futebol e à Seleção por volta de 2002. Assim sendo, este top não incluirá jogos do Euro 2000 nem de campeonatos anteriores (quem me dera ter estado cá para ver o Mundial de 66!).

 

Em segundo lugar, como costuma ser a regra neste blogue, este top é muito subjetivo. Não me vou basear tanto em aspetos técnicos, de qualidade propriamente dita do futebol praticado porque, sejamos sinceros, eu não percebo assim tanto dessa vertente. Basear-me-ei antes nos aspetos mais sentimentais, no que significou aquele jogo para mim, aqueles jogos que permaneceram na minha memória em vez de se perderem no meio de dezenas de outros jogos.

 

Por fim, queria avisar para não levarem a posição dos jogos no top 10 demasiado à letra. Em alguns casos, a diferença entre duas posições consequentes é mínima.

 

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Esta lista possui Menções Honrosas. Sem nenhuma ordem em especial, começo por falar dos jogos com Angola, o Irão e o México no Mundial 2006. Na minha opinião, este campeonato valeu sobretudo pela consistência da caminhada, não tanto por jogos individuais particularmente emocionantes, com uma exceção. Daí que não encontrem muitos jogos desse Mundial no top.

 

Refiro, também, o Portugal x Rússia da Qualificação para o Mundial 2006, uma expressiva vitória por 7-1. O intervalo de tempo entre o nosso segundo jogo do Euro 2004 e o nosso antepenúltimo do Mundial 2006 foi uma era dourada para a Seleção Portuguesa.

 

Por outro lado, incluo também o nosso jogo com a Espanha do Euro 2012. Sim, foi uma derrota mas, na minha opinião, foi uma derrota honrada, foi uma das nossas melhores derrotas. O domínio foi quase sempre nosso, fomos a única equipa no Euro 2012 capaz de fazer frente à Espanha. Oficialmente, era a meia-final, mas teve mais de final que o jogo com a Itália, poucos dias depois. Infelizmente abordámos mal os penálties.

 

Por fim, queria incluir o Portugal x Sérvia do ano passado – só porque foi o primeiro jogo da Seleção em muito tempo a que assisti… em que a Seleção ganhou.

 

Como tenho muito a dizer sobre estes jogos, este top virá dividido em duas entradas. Esta é a primeira parte, a segunda parte virá mais tarde, ainda hoje em princípio.

 

Sem mais delongas, comecemos com o número 10.

 

10) Portugal x Espanha (novembro de 2010)

 

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Mesmo sendo um jogo particular, não é todos os dias que se goleia a corrente campeã europeia e mundial. Muito menos apenas dois meses – mais coisa menos coisa – após uma crise e uma troca de treinadores. Não contou para muito, teria trocado de bom grado esta vitória por uma nos oitavos-de-final do Mundial 2010 ou, sobretudo, nas meias-finais do Euro 2012 No entanto, na altura em que ocorreu, esta vitória foi importante para levantar um pouco mais a moral, quando o Mundial 2010 e o caso Queiroz ainda estavam frescos na memória e quando a Qualificação para o Euro 2012 ainda ia a meio. Considero que este foi um dos primeiros sinais a indiciar que esse Europeu nos traria alegrias.

 

9) Suécia x Portugal (novembro de 2013)

 

 

Este é o jogo mais recente deste top. A segunda mão do playoff de acesso ao Mundial 2014 marcou, não apenas pela vitória em si, mas também pelas circunstâncias. Como poderão ler aqui, este encontro realizou-se no aniversário da minha irmã, daí ter ganho um significado especial para nós (ainda hoje, quando vemos resumos do jogo, durante as celebrações dos três golos portugueses, a minha irmã diz algo como: “Se prestarem atenção, hão de ouvir o Ronaldo a gritar: ‘Parabéns, Mafalda!’”). Foi também uma vitória que fez muita gente fazer figura de parva: começando por Joseph Blatter, que poucas semanas antes protagonizara o triste episódio do Comandante e do bom menino; passando por vários adeptos suecos, que usaram vários truques sujos para nos destabilizar, sobretudo Ronaldo (tocando músicas provocatórias na chegada dos portugueses, fazendo barulho junto ao hotel onde estes estavam alojados…); terminando na triste campanha da Pepsi sueca. Dá um gozo especial quando conseguimos rir por último (mais sobre isso adiante). Por fim, referir também o épico relato do Nuno Matos, acima, o “És o melhor do Mundo, ca*****!” e o vídeo de agradecimento que a Seleção filmou.

 

Na verdade, este jogo só não está numa posição mais cimeira nesta tabela porque foi demasiado um one-man show, foi mais uma vitória de Ronaldo do que do resto da Seleção. A equipa chegou a atrapalhar mais do que a ajudar – essa Ronaldo-dependência virar-se-ia contra nós de maneira trágica uns meses mais tarde, no Brasil (e nestas últimas semanas, em que Ronaldo se tem debateu com uma lesão, tive medo que o mesmo se repetisse em França). De qualquer forma, o fraco desempenho da Seleção no Mundial 2014 não estragou as minhas recordações dos playoffs. Quando mais não seja porque deixou-nos viver na ilusão durante mais uns meses.

 

8) Portugal x Dinamarca (outubro de 2010)

 

 

Estou sempre a falar deste jogo, não vos vou maçar mais repetindo o que já escrevi inúmeras vezes aqui no blogue e na página do Facebook. Deixo o link para a análise a esse jogo e digo apenas que, na minha opinião, foi aqui que começou o ciclo que culminaria com as meias-finais do Euro 2012.

 

7) Portugal x Bósnia (novembro de 2011)

 

 

A segunda mão dos playoffs do Euro 2012 foi outro jogo emocionante. Não foi muito diferente do que seria o segundo jogo com a Suécia, em 2013, mas foi melhor – porque não foi apenas Ronaldo a brilhar (ele marcou dois golos, calando adeptos bósnios gritando por Messi), foi a equipa toda: Nani enviou uma bomba daquelas, Postiga marcou duas vezes, Miguel Veloso marcou de livre. Tal como aconteceria daí a dois anos em menor escala, esta foi uma vitória contra uma série de fatores empenhados em deitar-nos abaixo: um ex-selecionador que aproveitara o nosso único deslize em um ano para mandar farpas (acho que nunca perdoarei Queiroz…); a própria UEFA que nos obrigou a disputar a primeira mão num batatal, ignorando os nossos pedidos para trocar de campo (apesar de a seleção francesa ter conseguido essa troca, cerca de um mês antes); os responsáveis bósnios que regaram a relva antes do jogo, ignorando também os nossos pedidos, o que piorou ainda mais o estado do campo; os lasers que adeptos bósnios apontaram à cara de Ronaldo, entre outras coisas. Um jogo épico que teve o sabor de uma final, em que até houve hino no fim do jogo e tudo, que indiciou a boa campanha que a Seleção realizaria poucos meses mais tarde, no Euro 2012.

 

6) Portugal x Holanda (2012)

 

 

O Euro 2012 e as semanas antes foram um dos melhores períodos da minha vida. Como adepta da Seleção foi um ponto alto pois, para além de ter sido chamada à televisão a propósito deste blogue, pela primeira vez desde que inaugurara aqui o estaminé, a Equipa de Todos Nós estava a fazer um campeonato, não digo ao nível dos de 2004 ou 2006, mas lá perto. Pela primeira vez, escrevia no blogue sobre um campeonato de seleções que valia a pena ser recordado. Naturalmente, tinha de incluir jogos do Euro 2012 nesta lista.

 

Este foi o jogo que pôs fim a meses de dúvidas e nervosismo. Desde que o sorteio da fase de grupos do Euro 2012 nos colocara no chamado Grupo da Morte, todos sabíamos que seria muito difícil chegarmos aos quartos-de-final da prova. Do mesmo modo, sabíamos que, se passássemos o grupo, seríamos automaticamente candidatos ao título. Esta vitória trouxe um grande alívio, uma grande alegria, surpreendeu os mais céticos. Tendo em conta que, dois anos volvidos, não passaríamos o grupo do Mundial 2014, hoje valorizo ainda mais essa vitória. Recordo-me em particular de eu e a minha irmã fazermos um duplo high-five enquanto gritávamos: “PASSÁMOS A FASE DE GRUPOS!!”.

 

Falando do jogo em si, a Seleção fez uma exibição excelente, tirando o golo sofrido no início do jogo. A maior estrela foi Ronaldo, ao apontar dois golos – que dedicou ao filho, que fazia dois anos no dia do jogo – mas, lá está, não deixou de ser um triunfo de equipa. Ficou claro que os próprios Marmanjos sentiram esta vitória – Miguel Veloso tinha lágrimas nos olhos na flash-interview e, mais tarde, a equipa passou a noite a cantar.

 

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Paulo Bento foi algo agressivo na Conferência de Imprensa que se seguiu e os jogadores recusaram as flash-interviews fora do campo. Até compreendo o ponto de vista deles, já que a Imprensa não andava a ser meiga. No entanto, hoje não acho que a acusação de Paulo Bento – de que alguns dos jornalistas estariam a torcer contra Portugal – tenha tido fundamento. Existem muitos críticos da Seleção, muitos céticos, alguns clubistas aziados, mas se houve coisa que aprendi com o Euro 2012 foi que, nas grandes vitórias da Seleção, como esta, não existe alma nenhuma que não fique feliz (tirando Pinto da Costa e mesmo assim). Há muita hipocrisia nessa alegria, é certo, muito aproveitamento, mas foi uma das coisas que mais feliz me fez durante esse Europeu: ter toda a gente a falar sobre as vitórias da nossa Seleção. Foi verdadeiramente a Equipa de Todos Nós.

 

No entanto, estando eu sempre aqui, no melhor e no pior, estas vitórias são mais minhas que de muitos por aí, reservo-me esse direito. O mesmo tornará a acontecer quando a Seleção voltar a ter triunfos como este – que estes aconteçam já no próximo mês.

 

5) Portugal x Inglaterra (2006)

 

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Portugal tem um particular com a Inglaterra marcado para o próximo mês. Vai ser no mínimo interessante reencontrar os nossos amigos ingleses dez anos depois, quando os últimos três jogos disputados foram tão… interessantes, cada um à sua maneira.

 

Conforme referi acima, não considero os jogos individuais do Mundial 2006 assim tão memoráveis. O jogo dos quartos com a Inglaterra é a única exceção e isto, mesmo assim, deve-se quase exclusivamente à parte final. Antes de nos focarmos no jogo em si, contudo, quero falar das circunstâncias em que este ocorreu. Nos dias que antecederam e nos que se seguiram ao jogo, a Imprensa inglesa esteve de armas apontadas à nossa Seleção. Antes do jogo, o motivo era, obviamente, destabilizar-nos (algo em que falharam redondamente pois quem esteve de cabeça perdida naquele jogo foram os ingleses). Não resisto a referir um episódio, descrito no livro “A Pátria Fomos Nós”. Consta que, numa conferência de Imprensa em que os jornalistas ingleses foram criticados pela sua campanha contra a Seleção Portuguesa, alguém perguntou a Pedro Pauleta:

 

- Afinal de contas, de quem é que vocês têm mais medo? Da Seleção inglesa ou dos jornalistas ingleses?

 

Eis a resposta do ponta-de-lança:

 

- Ao fazer uma pergunta dessas, vê-se que não conhece a História de Portugal. Se conhecesse, saberia que os portugueses nunca têm medo de nada. Foi sem medo que chegámos a todos os lugares do Mundo. Somos um país pequeno e respeitamos toda a gente. E exigimos respeito por nós. Só isso.

 

Se eu tivesse estado lá neste momento, teria aplaudido. Grande Pauleta!

 

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Infelizmente, a campanha dos ingleses nos dias que se seguiram ao jogo foi muito mais feia e… duradora. Tudo porque, se bem se recordam, os ingleses culparam Cristiano Ronaldo pela expulsão de Wayne Rooney. Ainda hoje se fala deste episódio – aposto que vão voltar a falar dele aquando do próximo jogo, no mês que vem. Os ingleses, ao que parece, não repararam que Rooney pisara, deliberadamente, Ricardo Carvalho nos… bem, numa zona sensível. A meu ver, era uma expulsão legítima. O “crime” de Ronaldo foi pressionar o árbitro a favor da expulsão (como se ele fosse o primeiro jogador de futebol a fazer uma coisa dessas…). Pelo meio, uma câmara apanhou Ronaldo a piscar o olho ao banco português, algo que os ingleses associaram ao lance.

 

Dizer que Ronaldo foi mal recebido quando regressou ao Manchester United depois do Mundial é eufemismo. Eu, na altura, defendi a sua saída do clube, a transferência para o Real Madrid ou para qualquer outra equipa, fora de Inglaterra. No entanto, Ronaldo ficou (consta que Sir Alex Ferguson interveio pessoalmente na questão, como forma de manter o jogador) e fez uma das suas melhores épocas em Inglaterra, ganhando ainda mais o meu respeito. Toda esta história é capaz de ter sido um dos primeiros exemplos da frase que lhe é atribuída: “Your love makes me strong, your hate makes me unstoppable”.

 

Regressemos aos quartos-de-final do Mundial 2006. Conforme referi acima, os 120 minutos de jogo não foram particularmente memoráveis, tirando a expulsão de Rooney. Este jogo é recordado pelos penálties, pelas três defesas de Ricardo – algo inédito em Mundiais. Ricardo desvalorizou o seu próprio mérito, na altura. “Eles estavam mortos”, terá ele dito, segundo o livro “A Pátria Fomos Nós”, mais uma vez. “Eu via nos olhos deles. Não tinham confiança nenhuma”. Uma boa prova disso foi aquele inglês, que chutou antes de o árbitro apitar. De qualquer forma, a postura gélida de Ricardo, na baliza, não terá de todo deixado os ingleses menos nervosos.

 

Vou deixar a narrativa dos penálties para o grande Nuno Matos. Ainda hoje, passados todos estes anos, depois de ter visto este vídeo inúmeras vezes, não consigo deixar de rir com a maneira como ele e Alexandre Afonso (penso que é ele…) transmitem a montanha-russa de emoções que foi este desempate.

  

 

Queria chamar a atenção, por fim, para o penálti decisivo, marcado por Cristiano Ronaldo (penálti esse que agravou ainda mais a azia inglesa). Como poderão ver no vídeo acima, antes de rematar, o (na altura) jovem fez questão de beijar a bola. Depois de executar o penálti, fica a sensação que ele demorou uns segundos a perceber que o seu penálti decidira o jogo. Nessa altura, no meio dos festejos, apontou para o céu e gritou:

 

- Estou aí!

 

Só prova que Cristiano Ronaldo sempre teve uma queda para os grandes momentos.

 

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Por fim, dizer apenas que, aquando deste jogo, eu e a minha família estávamos a passar férias no Algarve. Sendo verão, aquilo estava, naturalmente, cheio de turistas ingleses. Vimos o jogo sozinhos, mas depois fomos todos festejar para a rua principal. Tirámos fotografias e tudo, como podem ver acima (a da esquerda sou eu, a da direita é a minha irmãzinha). Foram dos melhores festejos de uma vitória da Seleção de que me recordo (tirando um ou outro do Euro 2004). Não era para menos, foi a primeira vez que via a Seleção chegar tão longe num Mundial. Que não seja a última…

 

Segunda parte do top aqui.

A Pátria Fomos Nós

Era para publicar este texto na página do Facebook mas este tornou-se demasiado longo, logo, incompatível com uma rede social que pede consultas rápidas. Deste modo, quebro o hábito, muito enraizado, de só publicar no blogue quando acontece alguma coisa de relevante com a Seleção e venho falar-vos de um livro.

Há pouquíssimos dias, mudei de casa, depois de muitas semanas empacotando o conteúdo do apartamento antigo. Não fazem ideia da tralha que acumulámos ao longo de vinte anos... Nestas alturas, contudo, temos também a felicidade de encontrar coisas que há muito julgávamos perdidas. Este exemplar de A Pátria Fomos Nós é um exemplo desses objetos.

Este livro é da autoria de Afonso de Melo, que foi Assessor de Imprensa da Seleção Nacional entre 2004 e 2006. Foi escrito durante o Mundial da Alemanha como uma espécie de diário da jornada da Seleção durante essa fase final. Digo "uma espécie" pois não fala apenas sobre a Equipa de Todos Nós. É frequente o autor divagar, recorrendo a muitas referências culturais, mas acaba por se relacionar quase tudo, de uma forma ou de outra, com o futebol.

Por motivos óbvios, adoro o livro. Comprei-o faz agora seis anos, mais coisa menos coisa, poucos meses após a sua edição. Durante dois anos reli-o várias vezes - uma das quais foi um ano após o Mundial 2006, em que ia lendo a cada dia o texto correspondente ao mesmo dia do ano anterior. Foi uma das coisas que me deu vontade de criar o blogue O Meu Clube é a Seleção. Sei que a última vez que o li antes de o "perder" foi durante o Euro 2008, no dia do Portugal-Alemanha, como forma de me entusiasmar para o jogo. Vejo agora que, depois disso, enfiei-o numa pasta, juntamente com uma série de jornais da altura - outra coisa que vocês não podem imaginar é a quantidade de jornais desportivos noticiando sobre jogos da Seleção que eu fui guardando ao longo destes anos... Esta pasta foi, seguidamente, atirada para debaixo da minha cama e nunca me dei ao trabalho de voltar a esvaziá-la durante quatros anos.

Encontrei o livro de novo na semana passada e, quatro anos, duas fases finais e duas trocas de Selecionador mais tarde, tornei a lê-lo. Enquanto lia e recordava a situação da Seleção aquando do Mundial 2006, não pude evitar fazer comparações entre essa altura e o momento atual.

Sendo o autor jornalista e, na altura, Assessor de Imprensa da Seleção, este gasta várias páginas do livro tecendo críticas à Comunicação Social, portuguesa e estrangeira, a certos comentadores, ao assédio da Imprensa à Equipa das Quinas. Hoje, seis anos mais tarde, na era dos blogues, do Facebook e do Twitter, estamos pior. Hoje, qualquer gato pingado (eu incluída) pode "opinar" publicamente sem perceber do assunto sobre que escreve.

Além de que, em 2006, as críticas nunca partiram de um ex-selecionador rancoroso.

Em termos de jogadores e treinador, a Seleção está completamente diferente. Paulo Bento não é Luiz Felipe Scolari. Os únicos "sobreviventes" são o Cristiano Ronaldo, o Hélder Postiga e o Hugo Viana - embora este nem sequer seja um Convocado habitual. Ninguém pode substituir jogadores como Luís Figo e Pedro Pauleta. E muitos dos Marmanjos elogiados no livro - Ricardo Carvalho, Paulo Ferreira, Deco - desiludiram-me nestes últimos anos.


No entanto, existem pequenas grandes coisas que se mantiveram, ainda que não de uma forma constante. Pelo menos, sei que estiveram presentes durante a boa campanha no Euro 2012. A união popular em torno da Equipa de Todos Nós, quando o resto do País só nos dava desilusões - mais agora que em 2006. O facto de a união e a amizade serem o ponto forte da Seleção Nacional, tal como, segundo o livro, Costinha terá afirmado em vésperas do Rússia-Portugal, de setembro de 2005.

O autor escreveu algumas vezes ao longo do texto frases como: "Portugal está sempre em vantagem! Eles eram 40 mil e nós um só". A Seleção foi também uma só durante o Euro 2012, jogadores e equipa técnica foram um só. Daí a nossa campanha.

O livro termina com a seguinte frase, a seguinte promessa: "Um dia traremos a taça...". Continuo à espera que se cumpra. Julgo que já estivemos mais longe, mesmo assim. Mas isso é conversa para outra ocasião. Para já, tal como fiz no domingo passado, a propósito do aniversário de Luís Figo, ao longo dos próximos dias tenciono partilhar com  vocês na página do Facebook algumas das minhas passagens preferidas do livro. Mantenham-se ligados!

Por isso e porque para a semana há jogo da Seleção!

Em boa hora

No próximo dia 12 de outubro, sexta-feira, a Seleção Portuguesa de Futebol enfrentará, no Estádio Luzhiniki, em Moscovo, na Rússia, a seleção local. Quatro dias depois, receberá no Estádio do Dragão, a sua congénere norte-irlandesa (é assim que se diz, não é?). Ambos os jogos contarão para o Apuramento para o Campeonato do Mundo em Futebol, que terá lugar no Brasil, no verão de 2014. A Equipa de Todos Nós encontra-se, neste momento, reunida em Óbidos com vista à preparação destes dois encontros.

Os russos constituem um  adversário razoavelmente conhecido, tendo em conta jogos disputados com eles num passado relativamente recente, bem como o facto de jogadores como o Bruno Alves estarem familiarizados com o futebol daquele país.


Comecemos por recordar o segundo jogo da fase de grupos do Euro 2004. Lembro-me de este ter decorrido numa altura de grande contestação a Luiz Felipe Scolari, depois da derrota aos pés da Grécia, no jogo de estreia. Eu própria me sentia desconfiada - só apanhei o, já famoso por estas bandas, vírus da Seleção no Estádio de Alvalade, no jogo com a Espanha. De qualquer forma, a Seleção apresentou-se completamente renovada no segundo jogo desse Europeu, no Estádio da Luz. Lembrava-me - antes de o confirmar vendo os vídeos-resumo - que o primeiro golo foi marcado por Maniche e que o segundo resultou de uma bela assistência de Cristiano Ronaldo, em que Rui Costa teve, apenas, de empurrar a bola para a baliza com o pé. Ficou-me bem gravada na memória uma imagem, algo cómica, do Cristiano ouvindo as instruções de Luiz Felipe Scolari, pouco antes de ser lançado a meio da segunda parte, enquanto colocava adesivos nos brincos, ajudado por um ou dois assistentes. Igualmente bem gravados ficaram o lance do golo  e os festejos do, na altura, "puto" abraçado ao "cota" da Seleção.


O jogo seguinte com a Rússia deu-se quatro meses depois, no Estádio de Alvalade, desta feita contando para a Qualificação para o Mundial 2006. Foi a célebre goleada de sete bolas contra uma, uma verdadeira festa de golos. Segundo o que me recordava deste jogo, o Cristiano marcou dois golos, o Petit marcou outros dois, o Pauleta e o Simão marcaram um cada. Só agora, depois de ver o vídeo-resumo, é que me recordei que o outro marcador foi Deco. Outra coisa de que me recordei com este vídeo, foi que um dos golos do Cristiano Ronaldo foi um tiro espetacular, de fora da área. Ele sempre foi mágico...


O outro jogo com a Rússia, em setembro do ano seguinte, é, contudo, de má memória para o madeirense, visto ter sido disputado pouco após a morte do pai, Dinis Aveiro. É, de resto, a única coisa de que me recordo deste jogo, para além do resultado: um empate sem golos.


Anos mais tarde, a Rússia chegou mais longe do que nós no Euro 2008, tendo tido, inclusivamente, o mérito de expulsar uma prometedora Holanda. Falhou o Mundial 2010 e no Euro 2012 caiu na fase de grupos, não  sem antes golear a República Checa - a quem nós só ganhámos por uma bola tirada a ferros.

Em suma, a seleção russa é imprevisível, traiçoeira, capaz do melhor e do pior. Não podemos subestimá-a. Não a subestimaríamos de qualquer forma, pois está empatada connosco no topo da tabela classificativa, é a mais forte do nosso grupo, a seguir a nós próprios. Paulo Bento parece estar bem ciente disso pois já afirmou, mais do que uma vez, que a Seleção jogará para a vitória mas um empate pode, eventualmente, ser aceitável. A única coisa de que tenho a certeza é de que este será um jogo interessante, dos mais interessantes desta fase de Qualificação.

Devido à diferença horária, o jogo com a Rússia começará às quatro da tarde, cá em Portugal. Era para ter aula ou, caso conseguisse assistir mais cedo, ainda estar a caminho de casa a essa hora. Mas esta semana não terei essa aula, felizmente... ou infelizmente. Para ser sincera, gostava de ter uma desculpa para ouvir o relato radiofónico, que prefiro ao televisivo, mesmo que fosse durante a aula (não seria a primeira vez e até dava outro gozo... eh eh eh!). Assim, mais ninguém deve estar em minha casa a essa hora, mesmo o Twitter não deve ter grande atividade a essa hora... Acho que vou ver o jogo para um café ou assim.


Se a seleção russa é relativamente bem conhecida, o mesmo não poderei afirmar no que toca à Irlanda do Norte. Tanto quanto me recordo, tivemos um particularzito em 2005, acho que empatámos, mas não passa disso. Como já referi aqui no ano passado, aquando do sorteio para esta fase de Qualificação, são daquelas equipas que não têm nada a perder, que, não disputando connosco o Apuramento, podem fazer-nos perder pontos. Também requererá cuidados.


Não há muito mais a dizer, nesta altura do campeonato. Depois de três ou quatro anos de blogue sobre a Seleção, estes jogos de Qualificação já não dão grande material para escrita, pelo menos não para estas entradas pré-jogo. Acrescento, apenas, que estes dois jogos vêm em muito boa hora, pela parte que me toca. Estas últimas semanas não têm sido muito fáceis para mim. Agora sou eu que ando "triste", em vez do Cristiano - aliás, o Ronaldo parece tudo menos triste, anda a marcar dois ou três golos por jogo... Por meu lado, tenho tido uns dias difíceis, essencialmente pelos mesmos motivos de toda a gente: a crise, a austeridade, a incerteza em relação ao futuro, o stress do curso, a possibilidade bem forte de ser obrigada a emigrar quando terminar os estudos. Também não ajudou o facto de ter estado meio doente na semana passada. Uma simples constipação, mas que causou demasiado transtorno para algo benigno.

Como podem ver, tenho andado invulgarmente necessitada da Terapia das Quinas. E já tem dado frutos. Por causa das queixas de Cristiano Ronaldo aquando d'El Clásico, estava com medo que o madeirense ficasse de fora desta jornada dupla da Seleção. Mas tudo não passou de um susto. Foi um grande alívio quando o soube e até me senti entusiasmada com a perspetiva de termos este Ronaldo que marca dois ou três golos por jogo do nosso lado.

Sem pressão, Cristiano! Até porque ele ainda não recuperou totalmente da lesão. Os outros também terão de se mexer nestes dois jogos.

É a história do costume. A Seleção não resolverá nenhum destes problemas mas, se estes jogos e tudo o que está ligado a eles - o entusiasmo, eventuais momentos de futebol, a expetativa de uma presença no Mundial 2014 - ajudarem a afastar pensamentos negativos, a dormir melhor durante a noite, a ter um motivo para sobreviver aos próximos tempos, terá valido a pena. A história do costume.

Crise existencial em altura de aniversário

Depois de semanas à espera, incluindo um abril invulgarmente cinzento e chuvoso em vários aspetos, finalmente encontramo-nos em vésperas do Anúncio dos Convocados que representarão Portugal na fase final do Campeonato Europeu de Futebol, que terá lugar na Polónia e na Ucrânia no próximo mês. Estes dias ficam ainda marcados pelo quarto aniversário deste meu blogue, O Meu Clube é a Seleção, inaugurado a 12 de maio de 2008.

Não se pode dizer em rigor que tenho escrito neste blogue há quatro anos. A minha ideia inicial era mantê-lo apenas durante a fase final do Europeu de há quatro anos, estive praticamente um ano sem atualizar o blogue.

Quando penso nisso agora, se calhar não terá sido muito má ideia ter suspendido o blogue por essa altura. Não se deram muitos acontecimentos relacionados com a Seleção nesse ano e os poucos que se deram foram, na sua maioria, tropeções na Qualificação para o Mundial 2010 - assuntos extremamente deprimentes. No entanto, mesmo nessa altura, eu ia fazendo as minhas reflexões por escrito - mais valia tê-las publicado no blogue, para ajudar outras pessoas sem ser apenas eu própria, incluindo, se calhar, os próprios jogadores, a processarem a frustração inerente às sucessivas desilusões e, ao mesmo tempo, transmitir-lhes coragem e esperança. 

Acabou por ser, em parte, por esse motivo que retomei o blogue em junho de 2009. Em parte por isso, o resto porque, pura e simplesmente, tinha imensas saudades de escrevê-lo. A altura em que voltei a atualizá-lo acabou por coincidir com o ponto de viragem no percurso da Seleção para o Mundial 2010 - mais ou menos. E, desde essa altura, com uma ou outra exceção alheia à minha vontade, nunca mais deixei de publicar entradas sempre que a Equipa de Todos Nós tinha um jogo ou estava envolvida nalgum acontecimento importante. 

Tenho bem a noção de que o meu blogue tem tido pouquíssimos leitores, por mais promoção que tente fazer. Que, na prática, teria quase a mesma audiência que obtenho com este blogue se escrevesse sobre a Seleção num diário pessoal (como fazia antes de 2008). E embora isso às vezes me desanime, não me impede de continuar a escrevê-lo. Sempre gostei de escrever, sempre gostei de escrever sobre a Seleção, se houver hipóteses de ajudar a Equipa de Todos Nós dessa maneira, nem que seja apenas um pouco, fá-lo-ei com todo o prazer.

Há coisa de dois meses e meio, inaugurei a página de Facebook de apoio ao blogue. Ao longo deste tempo, esforcei-me por publicar pelo menos uma vez por dia - o que desafia a minha criatividade. Nunca quis que o meu blogue fosse uma mera fonte de notícias sobre a Turma das Quinas. Criei-o para que fosse um espaço onde pudesse expressar as minhas opiniões. Do mesmo modo, não queria que a respetiva página de Facebook transmitisse apenas as últimas novidades sobre a Seleção. Já existem imensas fontes de notícias assim na Internet - sem querer desvalorizar páginas como o Gosto da Seleção Portuguesa, que tem feito um excelente trabalho ao fornecer, entre outras coisas, imagens engracadíssimas referentes à Equipa de Todos Nós. Além de que já partilhou o meu vídeo para The Climb. O que tenho tentado fazer é publicar notícias, fotografias, vídeos, músicas juntamente com as minhas opiniões sobre o assunto. Houve alturas em que não acontecia nada relacionado com a Seleção e não era fácil arranjar algo que publicar. Foi difícil resistir à tentação e pura e simplesmente voltar a partilhar publicações de páginas como as acima mencionadas. Mas ajudou a mitigar a abstinência de Seleção.

Para além de páginas como o Gosto da Seleção Portuguesa, outra fonte de notícias que me foi bastante útil foi o Alerta do Google que já tinha criado há alguns meses, para me avisar sempre que surjam publicações sobre a Seleção Nacional na Internet. Não é tão seletivo como o ideal, às vezes aparecem-me artigos sobre o clube brasileiro A Portuguesa, por exemplo.

Ora, há cerca de dois meses, apareceu-me nos Alertas uma publicação no Yahoo Answers com a seguinte pergunta:

"Qual (é) o problema da Seleção Portuguesa?"

"Esses dias tenho pensado num problema tradicional da seleção portuguesa... Uma seleção cheia de grandes jogadores como CR7, Quaresma, Ricardo Carvalho, Deco, Pepe, Pauleta, Nani... E outros aposentados como Luís Figo... mas nunca conseguiu nada mais que semi-finais de euros e copas... qual o problema dessa seleção?? que cheia de sensacionais jogadores, amarela nos títulos???"

Fonte: AQUI

Quando vi o título da pergunta pela primeira vez, fiquei a olhar para aquilo estilo: "um brasileiro conseguiu resumir numa linha aquilo com que nos andamos a debater há anos!" Nunca pensei que fosse possível simplificar as coisas a este ponto. Mas faz sentido que tenha sido um brasileiro a formular a pergunta dos duzentos mil euros, pois é capaz de ser mais racional, mais isento do que um português.

Realmente, qual é o nosso problema, afinal? Somos há anos, para aí desde 2000, 2002, 2004, considerados candidatos ao título em cada campeonato de seleções por possuírmos jogadores "de classe mundial". Figo, Rui Costa, Nuno Gomes, Pauleta, Deco, Cristiano Ronaldo, Nani, Fábio Coentrão... No entanto, na hora da verdade, na hora de provarmos que somos candidatos ao título, caímos sempre. O que é que está a falhar?

Analisemos a coisa...


Começarei pelo Euro 2004, que foi a altura em que comecei a acompanhar a Seleção de perto. É-me cada vez mais claro que perdemos uma oportunidade de ouro - não, não, de platina! - com este campeonato: jogávamos em casa, tínhamos a base da equipa que, no ano anterior, dera a Taça UEFA e, nesse ano, a Champions ao FC Porto, tínhamos veteranos como o Figo e o Rui Costa e promessas como o Cristiano Ronaldo, tínhamos o entusiasmo dos adeptos, tínhamos todas as condições, devia ter sido tudo nosso. Ainda hoje, passados oito anos, não compreendo como é que o deixámos escapar. Há quem fale de inexperiência, excesso de confiança, de euforia ou simplesmente azar. O que é certo é que é muito difícil - para não dizer impossível - termos circunstâncias tão favoráveis como tínhamos em 2004. Cada vez me apercebo mais disso. Devia ter sido tudo nosso.


O Mundial 2006 foi outra boa oportunidade desperdiçada, embora seja discutível se tal aconteceu por culpa nossa, se foi justo. Ainda não estou convencida de que aquele lance envolvendo o Ricardo Carvalho e o Thierry Henry era mesmo penálti. De qualquer forma, a final de Berlim foi fraquinha, Portugal devia ter estado lá. E visto que a Itália só venceu nos penálties, acho que poderíamos ter ganho.

Neste caso, contudo, o karma funcionou pois os nossos amigos franceses nunca mais fizeram nada de jeito desde aquela noite em Nuremberga. Começando pela cabeçada de Zidane e acabando nos tristes episódios  ocorridos no Mundial 2010. Como dizia a minha irmã quando era pequenina: "Deus castiga sem pau nem pedra!"


Aquando deste Europeu, a Seleção já não estava ao nível a que estivera aquando dos campeonatos anteriores. Figo e Pauleta já tinham abandonado a Equipa de Todos Nós dois anos antes e a base da equipa do FC Porto que ganhara a Taça UEFA e a Champions já se dissolvera há muito. Até tivemos um bom começo, com vitórias frente à Turquia e à República Checa. O pior foi a notícia de que Luiz Felipe Scolari, um dos heróis do Euro 2004 e do Mundial 2006, o homem que nos reaproximou da Seleção, iria trocar-nos pelo Chelsea - ainda hoje, passados quatro anos e duas estreias de treinadores, não consigo perdoar-lhe por nos ter deixado assim. A notícia é capaz de ter desestabilizado a Seleção pois não fizemos mais nada de jeito nesse campeonato depois do anúncio. Perdemos contra a anfitriã Suíça no último jogo do grupo, que só serviu para cumprir calendário. Depois, pura e simplesmente não conseguimos suplantar a terrivelmente eficaz Alemanha nos quartos-de-final, apesar de termos lutado até ao fim. Não se podia pedir mais do que isso.


Julgo que, neste caso, foi o método de Carlos Queiroz que não funcionou, na minha opinião. Só ganhámos à Coreia do Norte, de longe a adversária mais fraca do nosso grupo. Se tivéssemos abordado os jogos de maneira diferente, da maneira como, se calhar, Paulo Bento abordaria, provavelmente teríamos ganho à Costa do Marfim, talvez até ao Brasil, poderíamos ter terminado o grupo em primeiro lugar, evitado a Espanha e avançado mais na prova.


Como podem ver, as razões para os nossos falhanços são várias e já foram dadas por muitos: fatores internos, fatores externos, desculpas atrás de desculpas, cada uma mais esfarrapada do que a anterior, adeptos bipolares que, em segundos, passam da euforia à disforia e vice-versa, formação deficiente de jogadores, desvalorização do futebolista português... Quem conseguir encontrar uma explicação para esta ausência de títulos tão linear como a pergunta que originou esta crise existencial, merece o prémio Nobel.



Enquanto se procura uma resposta à pergunta, estamos à porta de mais uma fase final de um campeonato de seleções. E como já vai sendo tradição, faço aqui o meu prognóstico: considero que a Seleção está mais forte do que estava há dois anos, antes do Mundial 2010. Paulo Bento afirmou, inclusivamente, que as dificuldades porque passámos no Apuramento - que incluíram aquilo que, na minha opinião, foi o pior momento de sempre da Turma das Quinas - nos tornaram mais fortes, dar-nos-ão "motivação e confiança". Como já afirmei antes, se nos esperasse um grupo como o que tivemos na África do Sul, não estaria muito preocupada. Contudo, como já escrevi em dezembro último, Deus quis que a gente sofresse no Euro 2012. Estamos mais fortes em vários aspetos, sim, disso não existem dúvidas, mas não sei se estaremos suficientemente fortes para sobrevivermos ao Grupo da Morte.

Acho muito difícil ganharmos à Alemanha. Talvez arranquemos um empate se tivermos (muita) sorte do nosso lado. Com a Dinamarca, o nosso historial recente não nos é favorável, ao longo dos últimos anos complicaram-nos várias vezes a vida à grande e à dinamarquesa. Contudo, se conseguimos vencê-los há ano e meio, pouco depois de uma crise gravíssima, com um treinador recém-chegado, após apenas dois ou três treinos, certamente será possível vencermos após duas ou três semanas de estágio e dois particulares e com a motivação extra de estarmos na fase final de um campeonato de seleções. Em relação à Holanda, é difícil fazer previsões. Expulsámo-los duas vezes de fases finais, mas a última vez ocorreu há seis anos. Além disso, estamos a falar dos vice-campeões Mundiais. Em quem é que vocês apostariam?

Talvez consigamos passar aos quartos-de-final, mas é um grande "talvez" e não é de todo descabido pensar que não vamos conseguir (três vezes na madeira). Luís Freitas Lobo resumiu-o de uma forma brilhante há uns meses, no Público: "Se Portugal passar é um grande feito. Se for eliminado, temos de encarar isso de uma forma natural." Ninguém poderá criticar abertamente se não conseguirmos passar a fase de grupos, mas sei que o pessoal ficará ressentido. Aposto que, nestas semanas de antecipação do Europeu, será muito vendida a ideia da Seleção como remédio anti-crise. Eu vendi essa ideia anteriormente e tenciono continuar a fazê-lo. Teremos motivos para desejar a Taça que, se calhar, não tínhamos em 2004, 2006 ou mesmo em 2008 e 2010. De igual modo, teremos motivos para nos sentirmos desiludidos se falharmos que não tínhamos anteriormente.

Devo dizer (e acho que não é a primeira vez que o digo) que me enojam perfeitamente esse tipo de adeptos, bipolares, que só apoiam a Seleção quando esta vence, cujo "casamento" com as Quinas não é no melhor e no pior. O meu é, devo ser uma espécie em vias de extinção, mas já perdi, se não todas, pelo menos noventa por cento das ilusões que, se calhar, tinha há oito anos. Como é que querem que eu as tenha quando jogadores como o Simão, o Miguel, o Paulo Ferreira se puseram a andar quando as coisas começaram a correr mal? (leia-se, quando rebentou o caso Queiroz). Não me deixarei iludir pelo marketing todo, pelos discurso de que "tudo está bem" na Seleção. Pelo menos, manterei sempre uma certa reserva.

Já não é, aliás, o patriotismo que me liga às Quinas - eu gosto da Equipa de Todos Nós precisamente por, pelo menos nalguns aspetos, não ter nada a ver com o País que representa. A Seleção é literamente e cada vez mais apenaso meu clube (escolhi mesmo bem o nome para o meu blogue...). Tamém sei que nem todos os jogadores se movem pelo patriotismo, se é que algum se move, que muitos deles só vestirão a camisola enquanto lhes for conveniente.

Contudo, continuarei a apoiar porque, mesmo que já não confie nos outros adeptos, nem confie a cem por cento nas palavras e nas intenções dos Marmanjos, acredito nas ações deles. Porque é através de jogos como aquele com a Dinamarca, em outubro de 2010, com a Espanha no mês seguinte, com a Bósnia em novembro último, no Estádio da Luz, que a Turma das Quinas retribui o apoio que pessoas como eu lhe dão. E como a Seleção já provou conseguir superar-se, aposto que teremos direito a mais jogos como esses no Euro 2012. Mesmo que agora esteja mais consciente do que estava há quatro anos, quando inaugurei o blogue, de que é pouco provável nós levantarmos a Taça, que o mais certo é tudo acabar "em desilusão e poeira" (não me perguntem de quem é esta citação, porque não me lembro...), de que nem toda a gente apoia tão desinteressadamente como eu a Equipa que devia ser de Todos Nós, incluindo os próprios jogadores, o meu amor pela Seleção continua intacto ao fim de todos estes anos e ainda não abandonei a esperança que tinha, em maio de 2008, de um dia publicar uma entrada sobre o nosso primeiro título a nível de Seleção A. Hei de publicá-la um dia, seja daqui a mês e meio, dois anos, quatro, sei, dez, vinte ou cinquenta. Que diabo, se só conseguirmos levantar uma Taça depois de eu ter falecido, se eu só puder acompanhar esse momento através do relato de Jorge Perestrelo, espero que o Céu tenha acesso à Internet! Até lá, continuarei a encarar cada fase final de campeonatos de seleções da mesma forma: pensado jogo a jogo, mantendo ambos os pés assentes na Terra, sem contudo deixar de aproveitar cada momento de cada uma das viagens.

A viagem rumo à final de Kiev começa segunda-feira, dia 14 de maio, na Casa da Música, em Óbidos, às 20h. Como sempre, acompanharei a jornada desde início e utilizarei o blogue e a página do Facebook como diários de bordo. Agora, é ver até onde a Seleção Nacional consegue ir.