No passado dia 21 de março, a Seleção Portuguesa de Futebol venceu a sua congénere sueca por cinco bolas contra uma. Cinco dias mais tarde, no entanto, perdeu perante a sua congénere eslovena por duas bolas sem resposta. Ambos os jogos foram de carácter amigável.
Enfim.
Conforme já tinha referido no texto anterior, estava ainda a trabalhar durante a primeira parte do jogo com a Suécia. Foi um final de dia mais movimentado que o costume. Aviso de amiga: pessoas que chegam a um estabelecimento nos últimos cinco, dez minutos antes do fecho, sem terem um bom motivo para isso, têm um lugar reservado no inferno. Foi o caso de pelo menos dois dos utentes que ainda lá estavam quando fechámos. É indecente!
Ainda assim, consegui ir espreitando sites de atualizações e soube quando marcaram os dois primeiros golos. O terceiro coincidiu com a altura em que nos preparávamos para fechar, logo, só soube dele durante o intervalo, já a caminho de casa.
Pelo que vi e li mais tarde, a Suécia até entrou no jogo a dominar, mas só se aguentou durante uns vinte minutos. Portugal rapidamente tomou as rédeas da partida. O primeiro golo do jogo – e do ano – surgiu aos vinte e quatro minutos. O primeiro remate foi de Bernardo Silva, mas a bola foi ao poste. Na recarga, Rafael Leão não perdoou.
O segundo golo também teve assistência de Bernardo Silva, ainda que de maneira diferente. Este passou a Matheus Nunes, que avançou pelo campo sem que os suecos conseguissem fazer nada. Ao entrar na grande área, rematou certeiro.
Por sua vez, o terceiro golo começou com um passe fabuloso de João Palhinha. A bola voou quase a distância equivalente a um meio campo até Nélson Semedo, à direita. Este foi até à linha de fundo, assistindo depois para Bruno Fernandes marcar – fazendo um túnel ao pobre defesa sueco.
Na segunda parte, já estava à frente da televisão e, sinceramente, gostei do que vi. Uma exibição bem agradável. Gostei em particular de ver Palhinha: teve vários momentos que me recordaram a célebre jogada do Portugal x França do Euro 2021 2020, que terminou com uma cueca a Pogba.
E fui capaz de ver a Seleção marcando um par de golos. O primeiro teve a assistência de Bruno Fernandes. Esteve frente a frente com o guarda-redes, teve a hipótese de rematar ou de passar a um colega: ou Bruma, à sua esquerda, ou Gonçalo Ramos, à sua direita. Acabou por escolher Bruma, que não desperdiçou o jeitinho.
Infelizmente, depois, cometemos um erro de amadores. Baixámos a guarda durante o rescaldo do golo e deixámos Viktor Gyökeres marcar o primeiro da Suécia. Toti Gomes ficou mal na fotografia.
Ainda assim, só precisámos de alguns minutos para ampliar a vantagem de novo. António Silva fez um passe longo para Nélson Semedo, que seguiu pela direita e assistiu para o golo de Gonçalo Ramos. Os suecos, no entanto, conseguiram voltar a reduzir, perto do fim do jogo.
Toda a gente ficou contente com este resultado e com este jogo, muitos nós começaram a sonhar alto. Não vou mentir, eu também me deixei levar por esse espírito. Mas já tinha escrito que os suecos não estavam a atravessar um bom momento – aquela vitória vale o que vale. E, da minha experiência acompanhando a Seleção de perto, já devia saber que o Universo tem a mania de nos atirar de volta para a Terra quando andamos com a cabeça nas nuvens.
O que, pelo menos esta fase, não é uma coisa má, atenção!
Eu sabia que a Eslovénia seria um adversário mais difícil que a Suécia. Ainda assim, estava à espera de melhor. Nem quero escrever muito sobre este jogo – o que há para dizer? Foi uma seca. Estava a ver a partida e a pensar: “Fui eu pedir para sair mais cedo para isto?”. Não que preferisse estar a trabalhar, mas porque é que os Marmanjos só jogaram bem nesta jornada quando não pude ver o jogo todo?
Muitos têm apontado que esta derrota serviu para demonstrar a falta que nomes como Bernardo Silva e Bruno Fernandes fazem. Talvez tenham razão, mas também concordo com a dispensa deles deste jogo. Já não é a primeira vez que o escrevo: a época futebolística atualmente é uma coisa parva. Se for possível poupar os jogadores literalmente nesta altura do campeonato, que se poupe!
E, no fim do dia, isto é apenas um particular. O próprio Roberto Martínez disse depois que o mais importante não era a vitória – eu disse o mesmo antes, como digo antes de todos os jogos amigáveis. Não vamos colocar tudo em causa e deixar de ser candidatos ao título porque perdemos um jogo – tal como não éramos os grandes favoritos depois de termos ganho a uma seleção que falhou o Apuramento.
Dito isto, espero mesmo que o jogo com a Eslovénia tenha servido para tirar ilações, que aquilo foi penoso.
No meio disto tudo, devo confessar, tenho andado pouco entusiasmada com a Seleção. Em parte por andar ocupada com outras coisas – quem segue o meu outro blogue e sobretudo a sua página no Facebook terá uma ideia sobre o que estou a falar – mas também porque este último ano, sejamos sinceros, foi pouco estimulante. Uma Qualificação tranquila perante adversários de nível médio/acessível (claro que tinha sido pior se tivéssemos sentido dificuldades) e, agora, dois particulares. Já não é a primeira vez que o digo: tenho saudades de partidas mais intensas, com mais em jogo. Tenho saudades do mata-mata, do Nitromint debaixo da língua.
Isto é, no momento não acho assim tanta piada, mas depois gosto de recordar e de escrever sobre isso.
Felizmente já não falta muito tempo. Diz que os Convocados serão anunciados a 20 de maio, marcando o início da era do Europeu. Em princípio, não devo publicar antes da Convocatória, mas vou tentar publicar depois, antes dos particulares marcados para junho.
Na passada quinta-feira, a Seleção Portuguesa de Futebol venceu a sua congénere turca por três bolas contra uma, em jogo a contar para as meias-finais dos play-offs de acesso ao Mundial 2022. Graças a este resultado, a Seleção irá disputar a final dos play-offs perante a Macedónia do Norte – que surpreendeu o mundo do futebol ao vencer a Itália por 1-0.
Aquela noite foi o culminar de meses de apreensão latente. Estava uma pilha de nervos antes do apito inicial, cantarolando partes de músicas da minha playlist da Seleção – a minha preferida neste momento é 1 Lugar ao Sol, dos Delfins – como se fossem orações.
Fernando Santos apresentou um onze com algumas novidades. Otávio a titular e, para meu choque, Diogo Costa. Rui Patrício ficou no banco. Ninguém se lembra da última vez que Patrício ficou no banco por opção técnica num jogo oficial. De tal forma que, na Conferência de Imprensa após o jogo, perguntaram a Fernando Santos se Patrício estava lesionado. O Selecionador disse que não e basicamente queixou-se de ser preso por ter cão e preso por não ter no que toca a renovações.
É difícil argumentar contra isso – até porque Diogo Costa nem se saiu mal. Mas se isso significa que o ciclo de Rui Patrício está à beira do fim… eu fico triste.
O início do jogo até correu bem para o nosso lado. Gostei de ver o ataque da Seleção nos primeiros vinte minutos. Otávio marcou o primeiro golo das Quinas em 2022, aproveitando uma bola que Bernardo Silva enviara ao poste. Mais tarde, em cima do intervalo, Otávio contribuiria para o nosso segundo golo, assistindo para a cabeça de Diogo Jota – um remate delicioso.
Se as coisas no ataque não estavam a correr mal, o mesmo não se pode dizer da defesa. Com João Cancelo cancelado castigado, Rúben Dias lesionado, Pepe covidado e Gonçalo Inácio inexplicavelmente nem no banco, tivemos de nos desenrascar com Diogo Dalot, José Fonte e Danilo. E, infelizmente, estes viram-se atrapalhados demasiadas vezes para o nosso gosto – sobretudo quando o fulgor atacante começou a diminuir. Na primeira parte isso não teve consequências. O pior foi mais tarde.
Ao intervalo eu estava satisfeita, com esperanças de que Portugal fosse capaz de gerir a vantagem. Mas também me recordei do que aconteceu no jogo com a Sérvia há um ano: não conseguimos segurar uma vantagem de dois golos e estamos a pagar por isso nestes play-offs. Não podíamos cometer os mesmos erros de novo.
Infelizmente cometemos. A coisa não podia ficar demasiado tranquila, qual seria a piada? A reentrada em jogo nem sequer foi má, com três oportunidades em dez minutos. No entanto, aos sessenta e cinco minutos, o turco Cengiz Ünder passa a bola entre Moutinho e Danilo para Burak Yilmaz, que não perdoou. Vinte minutos depois, José Fonte fez falta para penálti.
Estávamos todos a pensar no mesmo: à boa maneira de Fernando Santos íamos resvalar para o empate, mesmo contra a corrente do jogo. Eu não queria de todo ir a prolongamento – um desgaste emocional para mim, um desgaste físico para os jogadores. E também emocional. Sobretudo se tivéssemos de ir a penáltis.
Assim, quando Yilmaz enviou a bola para a VCI, festejámos todos como se fosse um golo. Deem-nos um desconto: lembrem-se do que disse acima sobre meses de sofrimento “low-key” – que ainda não terminou. Os próprios jogadores estavam intranquilos – não devia acontecer, mas não tenho lata para criticá-los.
Diogo Costa diria mais tarde que o falhanço de Yilmaz poderá ter sido influência dele. Sim querido, deve ter sido… Estou a brincar. Deixem-no pensar assim, se isso lhe der uma recordação feliz da sua estreia a titular.
O golo da tranquilidade viria já nos descontos, obra de dois suplentes. Rafael Leão isolou Matheus Nunes que, frente ao guarda-redes, fechou o marcador. Dois luso-brasileiros que até jogam na mesma posição foram responsáveis pelos golos nesta partida.
Mais ou menos ao mesmo tempo que nós consolidávamos a nossa vitória, a Macedónia do Norte marcava um golo à Itália, carimbando a sua passagem à final do play-off. Os macedónios foram mais italianos que os próprios italianos, pois contaram apenas uma mão-cheia de oportunidades, quando a Itália somou umas trinta, todas falhadas. Perante este desfecho, eu soltei algumas gargalhadas algo maníacas. Depois de meses e meses em semi-pânico com a ideia de enfrentarmos os Campeões Europeus com o nível de jogo de 2021, os macedónios despacharam os italianos por nós. Deus Nosso Senhor terá passado os últimos quatro meses a rir-se de mim.
Muito se tem falado sobre a “vaca” de Fernando Santos por estes dias – ele que, ainda por cima, se transformou num meme ao tentar acender um cigarro ainda em campo. Estes lampejos aleatórios de sorte que levam a fenómenos como o penálti falhado por Yilmaz e a vitória da Macedónia. É discutível se Fernando Santos e, por associação, a Equipa das Quinas, tem tido assim tanta sorte, mas pronto.
E, lá está, não vou dizer que não compreendo. Há muita gente por aí que está farta de Fernando Santos, eu mesma me tenho incluído nesse grupo. Depois desta vitória, contudo, estou disposta a dar-lhe o benefício da dúvida. Sim, outra vez mas, que diabo, o homem deu-nos os nossos dois primeiros e únicos títulos!
Por outro lado, ainda nada está ganho. Agora temos de vencer a Macedónia. Como referi no texto anterior, eles venceram os alemães há um ano e, agora, despacharam os italianos. O nosso historial com eles é reduzido – o próprio Bernardo Silva admitiu que ninguém sabe muito bem o que esperar. Por fim, eles não têm nada a perder e vêm motivados.
Por outras palavras, amanhã vou estar tão nervosa como estava na quinta-feira.
Recordo que quero estar no Mundial. Há por aí muita gente quase desejando o fracasso à Equipa das Quinas só para nos podermos livrar de Fernando Santos. Posso compreender e até concordar com críticas ao Selecionador, mas não a este ponto. Nunca torcerei contra a Seleção.
Além disso, como escrevi antes, neste momento as nossas opiniões sobre Fernando Santos são irrelevantes. Se perdermos contra a Macedónia do Norte – três vezes na madeira – haverá imenso tempo para autópsias. Se vencermos, haverá imenso tempo para nos preocuparmos com o futuro imediato da Seleção. Mas, para já, só nos interessa o jogo de amanhã. Que é para ganhar.