Na passada quinta-feira, dia 23 de março, a Seleção Portuguesa de Futebol venceu a sua congénere liechtensteiniana por quatro bolas sem resposta… e eu estive lá. Três dias mais tarde, a Seleção deslocou-se ao Luxemburgo, onde venceu a seleção local por seis bolas, também sem resposta.
Como tinha dito no texto anterior, fui ao jogo com o Liechtenstein (meu Deus, odeio escrever “Liechtenstein”. Ainda bem que, depois deste texto, só terei de fazê-lo em novembro.) com os meus pais. Como era mais ou menos inevitável com idas ao futebol durante a semana, não deu para sair tão cedo como o ideal. Ainda assim, chegámos aos nossos lugares precisamente na hora certa: no curto intervalo entre o hino do Liechtenstein e A Portuguesa.
Já que falo nisso, por estes dias aprendi uma coisa nova. Enquanto passávamos pela cancela dos bilhetes e procurávamos a nossa bancada, soou o hino do Liechtenstein. Reconheci a melodia.
– Mas isto é o God Save the Queen.
Na altura não me lembrava que a Rainha já tinha morrido e agora o hino oficial é God Save the King.
Mais tarde, em casa, fui pesquisar e descobri que existem várias canções patrióticas que usam esta melodia – que foi originalmente composta em França, no século XVII. Algumas delas foram hinos nacionais no passado – por exemplo, nos Estados Unidos e na Suíça – mas a Noruega usa-a como hino à sua família real e, como se viu, o Liechtenstein ainda a usa como hino nacional.
Deve ser esquisito quando o Liechtenstein joga contra a Inglaterra.
Regressando ao nosso jogo, a minha mãe gostou do ambiente. O meu pai, no entanto, tem muito do arquétipo do velho resmungão e queixou-se de ver mal e de não haverem repetições. E, como podem ver na fotografia, trouxe o seu pacotinho de amendoins, com uma mola e tudo.
Enfim.
Estávamos sentados perto da bandeirola de canto direita, junto à baliza norte – a do Liechtenstein durante a primeira parte. Fomos regalados, logo nos primeiros minutos, com um “cabrito”de João Cancelo – caso Roberto Martínez ainda tivesse dúvidas em relação ao significado do termo. A minha mãe gostou muito de vê-lo jogar, a ele e ao João Félix. Não foi a única.
E não tardou muito até celebrarmos um golo, precisamente de Cancelo. A bola sobrou para ele na sequência de um canto, ele pontapeou com força. Foi também um “frango” do guarda-redes do Liechtenstein, que basicamente defendeu para dentro da baliza. Em todo o caso, estava aberto o marcador. Primeiro golo de 2023.
Infelizmente, o resto da primeira parte entreteve pouco. Os liechtensteinianos, coitados, só tinham capacidade para estacionar o autocarro e chutar para a frente. O Rui Patrício apanhou uma seca – em ambos os jogos desta jornada, na verdade.
Não vou culpar uma seleção de microestado, com jogadores competindo em ligas regionais, por não conseguirem fazer frente a Portugal: uma seleção recheada de jogadores que alinham nalguns dos melhores clubes da Europa. Mas não gostei da atitude do guarda-redes deles: queimando tempo em todos os pontapés de baliza, mesmo depois de estarem a perder.
Ó homem, ninguém espera que o Liechtenstein consiga competir com Portugal, mas tem algum amor próprio! Dá uma oportunidade, a ti e aos teus colegas, para pelo menos tentarem!
Não deu para ver aí em casa – eu confirmei-no – mas a certa altura, aquando de mais um pontapé de baliza, Cristiano Ronaldo pegou na bola e foi ele mesmo colocá-la para o guarda-redes, para que não perdesse mais tempo. Nós, no público, rimo-nos – que Ronaldo nunca mude!
Portugal desperdiçou muitas oportunidades durante a primeira parte – Bruno Fernandes, Ronaldo (uma que ele não costuma falhar). No que toca a este último, no entanto, o público não pareceu demasiado desiludido. Pelo contrário, continua aquilo que eu tinha observado no jogo com a Suíça no ano passado: Ronaldo continua a ser apaparicado, continua a receber aplausos mesmo quando falha remates.
Ele merece nesta fase? Discutível. Em todo o caso, ele retribuiria mais tarde.
Aqui entre nós, fiquei um bocadinho zangada por a maior parte dos golos terem sido marcados na baliza mais longe de nós. Mas pronto.
Logo a abrir na segunda parte, Cancelo centrou para a grande área, um dos jogadores do Liechtenstein segurou mal a bola e Bernardo Silva aproveitou para rematar certeiro para as redes. Menos de cinco minutos depois, o árbitro marcou penálti a nosso favor e – quem mais? – Ronaldo foi chamado a converter e não falhou.
A minha mãe não sabia que ultimamente, em jogos da Seleção, quando Ronaldo marca, o público grita “SIIIIII!!!” em coro com ele. Eu não lhe tinha contado precisamente para não estragar a surpresa. E fico feliz por ela ter podido ver por ela mesma – como referi no texto anterior, nesta altura é quase só por isso que aceito que Ronaldo continue na Seleção.
O segundo golo dele sempre foi mais interessante: um livre direto, mesmo à entrada da grande área. Uma vez mais, o guarda-redes conseguiu tocar na bola, outro se calhar conseguiria defender. Ou talvez não, foi um remate bastante potente.
Parece irreal. O tempo vai passando, tanta coisa vai mudando, mas o Ronaldo continua a fazer aquilo que faz há dezoito anos: a marcar pela Seleção. Continua a ser uma constante na nossa vida, mesmo numa altura em que muitos já teriam pendurado as chuteiras. Uma pessoa começa a pensar…
Regressando ao jogo com o Liechtenstein, infelizmente não houveram mais golos depois deste – por muito que fôssemos pedindo “Só mais um! Só mais um!” – nem aconteceu nada mais de assinalável. Não vou falar dos assobios a João Mário – quem acompanhe este blogue ou a sua página no Facebook já sabe o que penso sobre clubites, não tenho nada a acrescentar. Destaco apenas as declarações de João Palhinha sobre o assunto – esteve muito bem.
Por outro lado, tenho de assinalar este momento, que tive o privilégio de ver com os meus próprios olhos. Grande Cancelo!
Em suma, um resultado perfeitamente aceitável para este adversário – e uma noite bem passada, pela parte que me toca. No dia seguinte, doía-me tudo e tinha a voz um pouco rouca – prova de que tinha aproveitado bem. Podia ter sido uma vitória mais volumosa mas pronto. Sempre foi o nosso primeiro jogo com este Selecionador, que só tinha feito dois treinos. Longe de ser grave.
Sabíamos que as coisas não seriam tão fáceis perante o Luxemburgo. Também uma seleção de microestado, mas uns furos acima do Liechtenstein. Só perdera dois dos nove jogos que disputara antes e as nossas últimas visitas não foram muito fáceis. Estávamos todos cautelosos.
Tais preocupações esfumaram-se ao fim de vinte minutos e três golos.
O primeiro foi marcado aos nove minutos. Bruno Fernandes assistiu para Nuno Mendes, em cima da linha de fundo. Este cabeceou para os pés de Cristiano Ronaldo. Acho que este último não estava à espera de receber a bola, mas a confusão só durou uma fração de segundo. Depressa a bola foi parar às redes.
Os portugueses estavam bem representados no Estádio do Luxemburgo e fizeram-se ouvir neste momento: gritando “SIIII!!” em coro com Ronaldo, cantando o nome dele. Aqui entre nós, foram um público ainda mais efusivo que nós, em Alvalade. Não tendo tantas oportunidades para verem a Seleção jogar, os emigrantes aproveitam bem quando conseguem.
Só tivemos de esperar mais cinco minutos pelo segundo golo. Uma grande assistência de Bernardo Silva e eu adorei o salto de João Félix, cabeceando para as redes luxemburguesas.
E a pose que ele fez nos festejos.
Foi bastante comentado o facto pouco habitual de a Seleção ter marcado três golos de cabeça. Algo que acho ainda mais engraçado é o facto de terem sido todos marcados por “baixinhos”. O terceiro golo, aos dezassete minutos, veio depois de outra grande assistência, desta vez de João Palhinha, para a cabeça de Bernardo Silva.
Finalmente – pelo menos no que toca à primeira parte – em cima da hora de jogo, foi a vez de Bruno Fernandes isolar Ronaldo para que este bisasse.
Por esta altura, todas as oportunidades de Portugal tinham sido convertidas a golo – tirando uma de Danilo, anulada por fora-de-jogo, e uma bola na trave de Félix, em cima do intervalo. A Seleção eficaz? Que coisa tão estranha!
A segunda parte do jogo não foi tão bem conseguida. Portugal desacelerou um pouco e o Luxemburgo começou a dar mais luta – sem consequências práticas. Portugal melhorou com as substituições, sobretudo com as entradas de Otávio e Rafael Leão. O primeiro foi outro “baixinho” a marcar de cabeça aos 76 minutos. Nuno Mendes e Rafael Leão meteram-se pela esquerda, o último centrou para Otávio, que teve de saltar para cabecear para as redes.
Pelo meio, Rúben Neves cobrou um livre mas a bola bateu com estrondo na trave. Aos 85 minutos, o árbitro assinalou um penálti a nosso favor. Como todos os habituais conversores já tinham saído, foi Leão bater… mas não correu bem. Parece que foi o primeiro penálti que ele cobrou enquanto sénior. E como já estávamos a ganhar por muito… aceita-se. A defesa do guarda-redes serve de momento de honra para o Luxemburgo, no meio da goleada.
Dito isto, é bom que Leão vá praticando penáltis. A médio/longo prazo poderemos ter desempates por grandes penalidades, precisamos de gente que saiba batê-los.
Na jogada seguinte deu-se um momento caricato, quando Otávio rematou e Gonçalo Ramos fez de central luxemburguês. Não seria a Seleção sem uma dose saudável de parvoíce.
Felizmente, Leão conseguiu redimir-se. Rúben Neves fez-lhe o passe, Leão seguiu pela esquerda, passou por vários luxemburgueses e, no fim, rematou certeiro.
Foi assim a nossa dupla jornada inaugural da Qualificação: seis pontos (o que não acontecia desde 2012), dez golos, nenhum sofrido. Somos líderes do grupo. Não vou mentir, sabe bem depois da inconsistência dos dois últimos Apuramentos. Sobretudo o segundo jogo – um progresso em relação às três visitas anteriores ao Luxemburgo. Ronaldo marcou quatro golos, quando alguns de nós pensavam que o tempo dele na Seleção já tinha terminado. Ele e os outros Marmanjos parecem contentes com Roberto Martínez.
Aliás, tenho gostado das palavras dos jogadores em relação à mudança de técnico: elogiando Martínez, sem deixar de mostrar respeito e gratidão pelo trabalho de Fernando Santos. Isto é, tirando Cristiano Ronaldo – Fernando Santos contrariou o menino, logo, virou persona non grata. O Capitão parece estar numa fase melhor que durante o Mundial, mas pelos vistos continua a só querer “yes men” na sua vida.
Em todo o caso, apesar das dúvidas que permanecem em relação a Roberto Martínez, nota-se que este está a fazer um esforço. Tem estado a aprender português, já canta o hino (ainda que a minha irmã torça o nariz), rodeou-se de gente, como Ricardo Pereira (o antigo guarda-redes) e Ricardo Carvalho, que conhece bem a Seleção e o futebol português e diz que quer falar com Fernando Santos em breve. Como disse antes, respeito a humildade e o compromisso.
Dito isto… estes jogos não provam quase nada (e isto é válido tanto para Martínez como para Ronaldo neste momento). É quase para dizer: perante estes adversários e com os jogadores que temos hoje em dia, até as nossas avozinhas conseguiam. Até eu conseguia. Isto foi pouco mais que a nossa obrigação. Estou contente mas não alinho em euforias. Isto foi apenas o nível um.
Claro que dá imenso jeito termos uma fase de Apuramento com uma progressão relativamente linear em termos de dificuldade. A próxima dupla jornada não será tão fácil… mas falamos sobre isso na altura. Gostava de ir ao jogo com a Bósnia, mas os bilhetes estão “temporariamente” esgotados. A ver se consigo comprá-los quando os puserem à venda de novo.
Como sempre, obrigada pela vossa visita. Até à próxima.
Na próxima quinta-feira, dia 23 de março, a Seleção Portuguesa de Futebol defrontar a sua congénere… *pesquisa no Google*... liechtensteiniana (?) no Estádio de Alvalade… e eu estarei lá! Três dias mais tarde, desloca-se ao Luxemburgo para defrontar a seleção local. Ambos os jogos contam para a Qualificação para o Euro 2024. Serão também os primeiros jogos da Seleção com o técnico Roberto Martínez ao leme.
Pois… Comecemos por aí.
Roberto Martínez foi anunciado como Selecionador no início deste ano – a escolha de Selecionador mais controversa de que me recordo. A minha reação foi a mesma de toda a gente: tínhamo-nos finalmente livrado de Fernando Santos, o treinador que não soubera aproveitar uma das gerações mais talentosas do futebol português, apenas para ficarmos com o treinador que não soubera aproveitar uma das gerações mais talentosas do futebol belga. E Fernando Santos ao menos conseguira títulos.
Juntando a isso, nas semanas que se seguiram, passei por uma fase de alguma tristeza pelo fim do ciclo de Fernando Santos – que entretanto foi treinar a seleção da Polónia. Com todos os defeitos, foram oito anos e dois títulos – e eu, por norma, não lido bem com mudanças. As últimas duas trocas de treinador foram entre as jornadas de setembro e outubro, passaram poucas semanas entre a apresentação e os primeiros jogos – não deu tempo para pensar muito no que tinha acabado.
Na preparação deste texto olhei melhor para o currículo de Martínez e fiquei um bocadinho mais descansada – e, ao mesmo tempo, um bocadinho mais preocupada. Martínez está longe de ser o pior treinador do mundo. O problema é que cada sucesso tem um senão, é capaz do melhor e do pior ao mesmo tempo. Martínez ajudou o Wigan Athletic a ganhar a sua primeira Taça de Inglaterra em 2013… na mesma época em que o clube foi despromovido da Premier League. Ajudou o Everton a atingir a sua maior pontuação de sempre na Premier League na época seguinte, mas foi despedido dois anos depois, numa altura em que os adeptos já não podiam vê-lo à frente (explica alguns comentários que vi nas internetes quando Martínez foi contratado).
Por fim, conforme vimos acima, Martínez esteve na seleção da Bélgica desde 2016. Sempre conseguiu ao melhor desempenho de sempre dos belgas: o terceiro lugar no Mundial 2018. Não é um feito menor. Tinha Martínez a obrigação de fazer melhor? Depende do critério de cada um. Eu acho que, tendo em conta todo o hype que se montou em torno da seleção belga, esperava-se pelo menos, vá lá, uma Liga das Nações.
Dito isto, não sei se Martínez é o único culpado dos desempenhos belgas abaixo das expectativas. Dizem que ele é “conservador” – pode ser um eufemismo para “casmurro” – mas também dizem que o ambiente entre os jogadores belgas não é o mais saudável, com vários egos em rota de colisão – sobretudo no último Mundial. Nesse aspeto, Portugal sai-se melhor na comparação. Também temos um ego ou outro – não é, menino Cristiano? – mas tudo indica que o ambiente é bom.
Também confesso que não adoro a ideia de termos um Selecionador estrangeiro. Sobretudo um espanhol, tradicionalmente um rival nosso em termos de seleções. Mas isto é apenas um capricho meu, está longe de ser uma objeção a sério. Até porque Martínez está a aprender português, já fala bastante bem – respeito!
Talvez por causa de toda a polémica, a comunicação da FPF tem feito uma espécie de campanha por Roberto Martínez, tantando fazer com que o público simpatize com ele. Iniciativas como a entrevista com perguntas de adeptos, o vídeo mostrando um dia de trabalho de Martínez, o documentário do Canal 11 – essencialmente uma biografia do novo Selecionador.
Se me permitem mais uma referência a Ted Lasso, isto tudo recorda-me uma das minhas deixas preferidas da série: “Damn it, Paul! Don’t humanize him!”. Fica mais difícil ter má vontade para com Martínez depois de conhecermos o sítio onde cresceu, de o vermos descobrindo o que é “fazer um cabrito”, de sabermos que ele e a mulher compraram um sofá em “L” para que cada um possa ver o que quer na televisão.
Não que eu ache que a Federação esteja a fazer mal – e é bem possível que fizessem isto independentemente de quem escolhessem para Selecionador. E mesmo sem a campanha da FPF, falando por mim, eu daria sempre o benefício da dúvida a Martínez. Nem é apenas otimismo puro e duro. Como expliquei aquando do Mundial, o pessimismo não me traz felicidade nenhuma, não ajuda ninguém. Além disso, a vantagem de este ser um grupo de Qualificação teoricamente fácil é que dará espaço a Martínez para se adaptar à Seleção. E por muitos defeitos que apontem ao novo Selecionador, a Bélgica teve bons desempenhos nos Apuramentos (daí terem passado tanto tempo no topo do ranking da FIFA). Espero que Martínez replique isso com Portugal.
Falemos, então, sobre a Convocatória. Como toda a gente, estava curiosa, não sabia o que esperar. Pois bem, Martínez saiu-se com uma lista idêntica à que Fernando Santos faria. As únicas novidades foram Diogo Leite e Gonçalo Inácio, merecidamente.
Tive pena de não haverem mais nomes fora do habitual. Como, por exemplo, Fiorentino, Nuno Santos ou Pedro Gonçalves – este último apenas para ter uma desculpa para escrever sobre a sua candidatura ao Puskasaqui no blogue. Tirando isso, esta Convocatória não me incomoda… muito. Martínez explicou que esta lista é um “ponto de partida”. O novo Selecionador deve querer ficar a conhecer o grupo, as dinâmicas, ver o que já está construído antes de remodelar à sua maneira.
São opções, são métodos de trabalho como quaisquer outros. Não estão certos nem errados por si só. Também não acho que o problema de Fernando Satnos tenha sido os jogadores que Convocava. Além disso, perante adversários como estes, sem querer desvalorizar demasiado, qualquer amostra da população atual de jogadores portugueses dará conta do recado. No fim do dia, os resultados é que interessam – o que não deverá ser problema, desde que os Marmanjos façam as coisas como deve ser.
Uma palavra para Cristiano Ronaldo, claro. Depois do texto anterior, este mudou-se para o Al Nassr, na Arábia Saudita. Durante muito tempo ficou a dúvida sobre se ele voltaria a ser Convocado. Neste contexto, eu aceitava ambas as opções. Martínez escolheu Chamá-lo, eu fico contente. Ache-se o que se achar da mudança de Ronaldo para as Arábias, ao menos o inferno mediático que foi a saída dele do Manchester United já faz parte do passado. Além disso, os nossos adversários nesta jornada estarão mais ou menos ao mesmo nível competitivo que a maior parte das equipas da Arábia Saudita.
E depois temos as razões do coração. Vou ao jogo com o Liechtenstein com os meus pais e posso ou não ter convencido a minha mãe dizendo que esta pode ser uma das nossas últimas oportunidades para ver Ronaldo jogar. Fui sincera. Entristece-me pensar que temos os “SIIII!!!” em coro com todo o estádio contados. Não me importo nada de adiar um pouco mais a despedida – como disse acima, não gosto de mudanças e esta será uma das grandes.
Falemos, então, sobre os nossos adversários. Era capaz de jurar que tínhamos jogado com o Liechtenstein pelo menos uma vez nos últimos dez anos. Parece que não. O nosso último jogo foi em agosto de 2009, há quase catorze anos. Já tinha o blogue aquando desse jogo – um amigável que vencemos por 3-0, com golos de Raúl Meireles e dois de Hugo Almeida – mas não me recordo de nada dele. Nem faço questão de recordar, aqui entre nós.
Recordo-me um pouco melhor dos dois confrontos anteriores, durante a Qualificação para o Mundial 2006. É possível que já tenha escrito sobre eles em 2009, mas não quero sujeitar-vos à minha escrita de há catorze anos. Prefiro escrever sobre isso de novo do que deixar link para um texto de 2009.
No primeiro jogo, empatámos 2-2, o que na altura foi um escândalo. Um ano mais tarde, estive no jogo em casa, no Estádio de Aveiro – provavelmente, o meu preferido – com os meus pais e irmãos. Os liechtensteinianos marcaram primeiro: lembro-me bem de levar as mãos à cara enquanto a bola rolava para a nossa baliza. Por entre manifestações de exasperação na nossa bancada, um senhor de idade, adepto do Liechtenstein, festejou efusivamente o golo nas escadas. Nós, na bancada, acabámos por lhe bater palmas.
Claro que os Marmanjos acabaram por dar a volta ao resultado e selaram a Qualificação para o Mundial – eu ergui um cartaz onde tinha escrito “Próxima paragem: Alemanha 2006”. Em todo o caso, esta história serve para nos recordarmos do perigo que é assumirmos que são favas contadas. Mas, na verdade, o próprio João Félix recordou-nos uma história bem mais recente de assumirmos que são favas contadas.
Vamos, então, cruzarmo-nos com o Liechtenstein numa fase de Apuramento, quase dezoito anos depois (chiça, estou velha…). Acabo de perceber agora que, uma vez mais, o destino final é a Alemanha. Estarei lá para dar as boas-vindas a Roberto Martínez. Que os erros de 2004 e 2005 não se repitam.
Quanto ao Luxemburgo, ao contrário do Liechtenstein, temos recordações recentes deles – os luxemburgueses estiveram nos nossos dois últimos Apuramentos. Assim, não me vou alongar muito. Recordo apenas que, apesar de serem uma seleção de microestado, estão um ou dois degraus acima do Liechtenstein e temos tido dificuldades nas nossas visitas lá.
Estou à espera de vitórias em ambos os jogos. Quero uma fase de Qualificação tranquila, ao contrário das últimas duas. Até porque a vida não está fácil para ninguém, precisamos de alegrias. Que estejamos todos errados em relação a Roberto Martínez (quando digo “todos”, falo dos pessimistas, claro).
Obrigada pela vossa visita, como sempre. Visitem a nossa página no Facebook. Até à próxima.
No passado sábado, dia 9 de outubro, a Seleção Portuguesa de Futebol venceu a sua congénere catari por três bolas sem resposta, em jogo de carácter particular. Três dias depois, venceu a sua congénere luxemburguesa por cinco bolas sem resposta, em jogo a contar para a Qualificação para o Mundial 2022… e eu estive lá!
Neste texto, vou focar-me menos no jogo com o Catar e mais no jogo com o Luxemburgo. O primeiro foi apenas um particular, menos importante. O segundo foi oficial, com um pouco mais de história, e foi o meu regresso aos jogos da Seleção, mais de dois anos e uma pandemia depois da minha última vez. Tenho muito mais a dizer.
Não que o jogo com o Catar tenha sido mau. Foi acima da média no que toca a particulares nos últimos anos e houve uma clara melhoria em relação ao jogo do mês passado. Os jogadores encararam o jogo com seriedade – gostei do desempenho de Gonçalo Guedes, por exemplo, mas os grandes destaques foram os estreantes, como veremos já a seguir.
Por outro lado, o Catar também não deu uma para a caixa.
Ainda assim, foi preciso esperar mais de meia hora pelo primeiro golo da Seleção. O estreante Matheus Nunes fez um excelente passe para outro estreante, Diogo Dalot, em cima da linha final. Este assistiu de cabeça para Cristiano Ronaldo, que não desperdiçou.
Sem desprimor para o nosso Capitão, que juntou mais um país à sua lista de golos… aqui foram os estreantes a fazer o mais difícil. Em particular Dalot, um dos melhores em campo neste jogo.
O segundo golo veio no início da segunda parte, na sequência de um canto batido por João Mário. William Carvalho tentara rematar primeiro, de cabeça, mas o guarda-redes catari defendeu primeiro. Na recarga, José Fonte rematou certeiro para as redes. Foi o seu primeiro golo pela Seleção, apesar de já se ter estreado há uns bons anos.
Bem, ele é um central. Marcar golos não é uma prioridade para ele, pelo menos não da maneira como é para um avançado ou mesmo um médio. Nós estamos mal habituados com Pepe e Bruno Alves.
Um dos destaques na segunda parte foi Rafael Leão, que rendeu Cristiano Ronaldo ao intervalo. Via-se mesmo que o Marmanjo queria muito marcar um golo, mas não conseguiu acertar com a baliza.
Acabou por culminar num momento caricato aos oitenta e dois minutos. Bruno Fernandes fez-lhe um passe de primeira, desde o meio-campo. Leão conseguiu o mais difícil: desviar-se do guarda-redes e do colega catari. Mas, quando tinha a baliza aberta, atirou à barra.
Bruno Fernandes não resistiu a mandar-lhe uma bicada nas redes sociais, como podem ver. É tão mau...
Ao menos Rafael conseguiu carimbar uma assistência, já em tempo de compensação. André Silva – outro que estava com ganas – só teve de desviar de cabeça para a baliza. Ficou feito o resultado.
A única coisa má a apontar a este jogo (e também ao seguinte) é que podiam ter havido ainda mais golos. Pelo menos neste caso era apenas um particular. Se é para falhar oportunidades como aquela do Rafael Leão, que seja quando é a feijões.
O Portugal x Luxemburgo foi, então, o meu regresso aos jogos da Equipa das Quinas. Não foi o meu regresso aos estádios após a pandemia – esse regresso ocorreu há poucas semanas, num jogo do Sporting com a minha irmã. Se eu teria preferido regressar com a Seleção, o meu clube? Sim. No entanto, precisamente por causa da pandemia, preferi ser prática em vez de sentimental. Não desperdiço oportunidades.
Foi o que fiz também com este jogo. Tinha férias para tirar, as primeiras este ano, logo, fui passar uma semana ao Algarve (e até apanhei bom tempo. Deu para ir a banhos). A única parte chata é não ter tido companhia – foi a primeira vez que fui a um jogo de futebol sozinha.
Não que tenha sido muito mau. Regra geral não tenho problemas em fazer coisas a solo. E no caso deste jogo, encorajou-me a ir trocando comentários com outras pessoas na bancada – algo que, se calhar, não aconteceria noutras circunstâncias.
Esta foi a minha segunda vez no Estádio do Algarve. A primeira foi em 2005, também perante o Luxemburgo, conforme recordei aqui. Esse jogo terminou com 6-0 no marcador, mas toda a gente sabe que os luxemburgueses melhoraram muito desde então. Não se iam deixar golear desta maneira outra vez.
Ou assim pensávamos nós.
O ambiente estava ótimo no Estádio do Algarve. Lotação esgotada pela primeira vez desde o início da pandemia o que, depois de uma época inteira de estádios vazios ou parcialmente lotados, terá sabido particularmente bem aos jogadores.
Tal como já acontecera noutros jogos da Seleção, havia uma pequena claque que ia entoando cânticos, alguns adaptados dos clubes. Nem todos conseguiam cativar o público, tirando uma pessoa ou outra. Os melhores eram a tradicional onda e uma adaptação do haka islandês.
O jogo dificilmente podia ter começado melhor, com três golos da Seleção em menos de vinte minutos. É certo que os dois primeiros foram de penálti – e que o primeiro penálti não era válido, embora na bancada não conseguíssemos perceber.
Compreendo as queixas de Luc Holtz, selecionador do Luxemburgo, mas todos concordam que não foi por esse penálti que Portugal ganhou. Pode-se discutir, sim, se o jogo teria decorrido da mesma forma se aquele penálti não tivesse sido assinalado. Depende muito de jogo para jogo. Existem casos em que um golo cedo muda tudo, desbloqueia um jogo. Existem outros casos em que, quando a boa entrada de uma das equipas não se traduz em golos – ou quando se falha um penálti, como aconteceu perante a Irlanda – a corrente do jogo muda.
No caso deste jogo, no entanto, acho que não faria diferença. Até porque os luxemburgueses fariam nova falta para penálti – esse legítimo – poucos minutos depois.
Ainda assim, achei mal quando, mais tarde, Fernando Santos invocou o golo anulado em Belgrado a propósito desta conversa. Uma arbitragem olho por olho no que toca a erros é mau princípio.
Em todo o caso, estes penáltis serviram para Cristiano Ronaldo juntar mais um par de golos à sua lista. E para gritarmos “SIIIM!” nas bancadas em coro com ele – algo que eu desejava fazer há algum tempo.
Tenho a ideia de que a jogada para o terceiro golo da partida começou com João Cancelo, mas posso estar enganada. De qualquer forma, a assistência foi de Bernardo Silva e o remate foi de Bruno Fernandes. O guarda-redes Anthony Moris, se calhar, podia ter feito mais, a bola passou-lhe mesmo por baixo do corpo, mas nada disso tira o mérito a Bruno.
Nesta altura, um miúdo de seis ou sete anos sentado atrás de mim comentou:
– Isto vai dar em goleada…
Eu disse-lhe que costumava ser assim, com o Luxemburgo – ele era demasiado novinho para se recordar desses jogos – e que, se calhar, naquela noite aconteceria o mesmo. No entanto, depois destes frutuosos primeiros vinte minutos, o resto da primeira parte não teve grande história.
Na segunda parte, aos sessenta e oito, deu-se um dos momentos da noite. Ronaldo rematou com um lindo pontapé de bicicleta. Por seu lado, o guarda-redes Moris resolveu agigantar-se e defender aquela. Um remate espetacular que obrigou a uma defesa espetacular.
Imagens posteriores mostraram um Ronaldo desiludido com este falhanço. Também mostraram André Silva ajudando-o a levantar-se, os outros colegas consolando-o, e isto é um dos motivos pelos quais adoro a Seleção. Ao mesmo tempo, nas bancadas, festejámos e cantámos o nome dele (dá para ouvir no vídeo) como se a bola tivesse entrado.
Ou se calhar foi a nossa forma de consolá-lo.
Em todo o caso, no minuto seguinte, na cobrança do pontapé de canto resultante da defesa, novo destaque. João Palhinha saltou, elevando-se sobre os demais, e marcou de cabeça. Na bancada pensámos que tinha sido Ronaldo a marcar, até pelo festejo, gritámos “SIIIM!” e tudo… só depois vimos que um dos Marmanjos que foi abraçar o marcador usava a camisola 7. Estive uns bons cinco minutos a rir-me da lata do Palhinha. Não há respeito pelo Capitão…
Eu adoro-os.
A cinco minutos do fim, Ronaldo chegou finalmente ao hat-trick. Grande trabalho de Rúben Neves também, que gosta muito de fazer estes passes à distância, quase teleguiados. Ronaldo só teve de desviar de cabeça.
Estava feito o resultado. Cinco a zero. Não tem sido muito habitual a Seleção marcar tanto nos últimos anos – o mais recente fora perante a Andorra, no ano passado. É certo que o Luxemburgo não deixa de ser uma seleção de microestado e houve demérito da parte deles neste jogo, mas a verdade é que não lhe ganhávamos por tanto há dez anos.
E o resultado podia ter sido ainda mais volumoso. Continuamos com um problema de eficácia, o que noutras circunstâncias poderia tramar-nos. No entanto, falando por mim e exclusivamente sobre esta noite… eu não podia ter pedido mais.
Foi a maneira perfeita de regressar aos jogos da Seleção, depois de tanto tempo de ausência e de tudo o que aconteceu entretanto. Uma das noites mais felizes deste ano. Cheguei a desejar que o jogo nunca acabasse. Mesmo quando acabou, não pude demorar muito, mas soube-me bem caminhar entre outros adeptos, de bandeira ao ombro, bebendo as últimas gotas daquele ambiente fantástico. Fiz toda a minha viagem de regresso a sorrir e a minha garganta demorou dois dias a recuperar.
Tinha regressado a casa. Deve ser por isso que A Minha Casinha é a verdadeira música da Seleção, por muito que a FPF tente impor-nos outras músicas.
Estes jogos reforçaram a esperança que senti no final da jornada do mês passado. Sim, estamos a falar apenas do Catar e do Luxemburgo, não são equipas de renome. Mas foi a segunda vez que os defrontámos este ano e houveram claras melhorias de um encontro para o outro. Fomos mais consistentes, marcámos mais golos e deixámos de sofrê-los – interrompendo uma tendência que se vinha a arrastar. Temos os play-offs garantidos, bastando-nos quatro pontos para carimbarmos o passaporte para o Catar.
Por isso sim, mantenho o benefício da dúvida em relação a Fernando Santos. Por enquanto. Na próxima jornada os testes serão mais difíceis… mas falaremos sobre isso na altura.
Obrigada pela vossa visita, como sempre. Soube bem escrever esta. Daqui a menos de um mês haverá mais. Até lá, não deixem de visitar a página de Facebookdeste blogue.
No passado dia 24 de março, a Seleção Portuguesa de Futebol venceu a sua congénere azeri por uma bola a zero. Três dias mais tarde, em Belgrado, empatou a duas bolas com a sua congénere sérvia. Finalmente, no dia 30, venceu a sua congénere luxemburguesa por três bolas a uma. Todos estes jogos contaram para a Qualificação para o Mundial 2022 e, com estes resultados, Portugal conta sete pontos e segue em primeiro da classificação do grupo.
Esta foi uma jornada tripla bastante atribulada. Começando pelo primeiro jogo – uma maneira triste e entediante de começar o ano da Seleção. Cheguei a perguntar-me se fora mesmo daquilo que tivera saudades durante semanas – até porque nesse tempo andei a ver os jogos do Sporting com a minha irmã.
Não diria que a Seleção jogou mal. Portugal não comprometeu, não cometeu erros. No entanto, não houve intensidade, não houve inspiração no ataque, nada que entusiasmasse. Ao mesmo tempo, o “Azérbaijão” (o novo “Félich” que me irritou tanto que, na segunda parte, mudei para a SportTV) mal saiu do seu meio campo durante a primeira parte. Mesmo quando conseguiu sair, mais tarde, não chegava a ameaçar a baliza de Anthony Lopes.
O resultado disto tudo foi um dos jogos mais enfadonhos de que há memória. É verdade que ganhámos – e não ganhávamos num primeiro jogo de Apuramento há oito anos e meio – mas este é o pior tipo de vitória. Nem sequer tivemos o prazer de festejar um golo. Foi Medvedev a marcar na própria baliza. A única coisa em que este jogo foi melhor que outras estreias em Apuramentos foi mesmo os três pontos.
Na altura as reações nas redes sociais a este jogo foram duras. Eu, embora concordasse com o essencial das críticas, achava um exagero. Sim, fora um jogo mau, mas estava longe de ser o pior de sempre da Equipa de Todos Nós – acreditem, eu sei do que falo. Não fazia sentido estar a pôr tudo em causa por um jogo em que ganhámos. Eu sabia que da próxima vez, com um adversário mais estimulante, a coisa correria melhor. Certo?
Acho que não se justifica dizer “Errado!”, mas…
O resultado abaixo das expectativas no jogo com a Sérvia desiludiu-me um pouco mais do que o costume porque eu estava a ter um dia bom. Dias bons em tempos de pandemia são raros. Tinha ido dar sangue de manhã – por mera coincidência era Dia Nacional do Dador. Já agora, deem sangue! – estava bom tempo, dera um agradável passeio higiénico, tivera pizza para o jantar.
A boa disposição manteve-se durante a primeira parte. Portugal não foi brilhante, mas dominou o jogo – um alívio após a fraca exibição em Turim. O primeiro golo foi marcado logo aos dez minutos – Bernardo Silva assistiu para a cabeça de Diogo Jota. O segundo golo, aos trinta e cinco minutos, foi idêntico ao primeiro – desta vez com Cédric Soares a assistir.
Ao intervalo sentia-me satisfeita e otimista em relação ao resto do jogo. Os Marmanjos manteriam o nível, mais ou menos, marcariam mais um golo ou, pelo menos, conservariam a vantagem. Reconheço agora que este otimismo era um tudo nada exagerado. O género de engano de alma ledo e cego que já deveríamos saber que a Fortuna não deixaria durar muito.
Não cheguei a ver o primeiro golo da Sérvia pois atrasei-me a mudar de canal no fim do intervalo – foi logo aos primeiros minutos. Na altura não me preocupei muito pois continuávamos em vantagem. No entanto, a intensidade da primeira parte desaparecera sem deixar rasto. Pior de tudo, aos sessenta minutos, na sequência de (tenho de reconhecer) uma bela jogada de contra-ataque, os sérvios empataram a partida.
Não se pode dizer que Portugal tenha procurado febrilmente regressar à vantagem. António Tadeia é da opinião que, a certa altura, Fernando Santos resignara-se ao empate. No entanto, Portugal chegou a conseguir enfiar a bola na baliza, mesmo no último minuto, a minha irmã até desatou aos guinchos… mas não valeu.
Vamos então falar deste infame momento e da reação de Ronaldo. Um episódio que tem feito correr muita tinta digital e, à boa maneira das redes sociais, as discussões chegaram a extremos ridículos.
Deixo aqui o meu contributo para o debate. Para começar, sim, o golo era legal – dá para ver no vídeo acima – custou-nos dois pontos. Não culpo os árbitros, são humanos. É para compensar as suas limitações que existe o vídeo-árbitro e a tecnologia da linha de golo… que, no entanto, continuam a não ser usadas nas fases de Apuramento porque… razões.
Já não é a primeira vez que a falta de VAR, passe a expressão, nos lixa. A outra vez foi há dois anos, mais dia menos dia, por sinal também frente à Sérvia, também num segundo jogo de Apuramento. Estive a ouvir a Conferência de Imprensa depois do jogo e tive um dejá-vu quando Fernando Santos disse que o árbitro lhe pedira desculpa.
Nos dias seguintes a FIFA chutou as responsabilidades para a UEFA, a UEFA chutou as responsabilidades para as federações dos países que organizam os jogos – qualquer coisa sobre a federação do país-anfitrião ter de pedir licença à federação do país visitante para implementar a tecnologia da linha de golo.
O que a mim cheira a treta. Haverá alguma federação que recuse as tecnologias?
Para juntar achas a esta fogueira, ao pesquisar para este texto, encontrei notícias de finais de 2019 que indicam que a UEFA aprovou o VAR para os jogos de Qualificação, estava só à espera da luz verde da FIFA. Porque é que não passou da decisão à prática? A FIFA não autorizou e, agora, está a mentir? A FIFA autorizou mas a UEFA “esqueceu-se” de implementar a tecnologia?
Não faz sentido.
Regressando ao momento do golo, não gostei nada da reação de Ronaldo. Sim, foi uma reação humana, no calor do momento, não serei eu a atirar a primeira pedra – se bem que, da última vez que tive uma reação semelhante (também a propósito do jogo com a Sérvia na Luz) estava mais cafeínada que o costume. Sei também que Ronaldo é daquelas pessoas que tem mau génio, tem sempre as emoções à flor da pele, sente tudo – sobretudo no que toca àquilo que adora, o futebol – não é capaz de esconder nada.
Ainda assim… Ronaldo tem trinta e seis anos. Está no futebol profissional há quase duas décadas. Este não foi o primeiro nem o segundo caso de má arbitragem que ele testemunhou e é possível que não seja o último. Ele não devia ter mais controlo sobre si mesmo nesta altura do campeonato?
Quanto ao facto de ter atirado com a braçadeira de Capitão… não foi bonito, não foi correto, percebo que algumas pessoas tenham ficado incomodadas com o gesto. No entanto, não acho que tenha sido intencional. Era o que estava à mão. Se ele tivesse um apito ao pescoço ou o telemóvel no bolso, teriam sido esses objetos a voar.
Na verdade, o que me irritou neste episódio é que Ronaldo foi reclamar com o árbitro quando o jogo ainda estava a decorrer. Não houve pausa, tirando alguns segundos depois. Bernardo Silva tentara a recarga. Ronaldo podia ter adiado a birra por um minuto ao dois e ter ficado em campo com ele e os colegas tentando não desperdiçar a jogada. Talvez ele (ou outro qualquer) tivessem conseguido marcar, teríamos agora nove pontos e a conversa hoje seria outra.
Um dos argumentos que tem circulado por aí é que Ronaldo adora a Seleção, adora marcar golos (e tem andado algo ansioso com isso), leva-o a peito, daí essa reação. Eu respeito isso, admiro-o, mas este caso pedia um pouco menos amor e um pouco mais juízo.
Além disso, sejamos sinceros, se fosse uma mulher a fazer uma birra daquelas, as críticas seriam muito mais duras. Veja-se o que aconteceu com Serena Williams.
Adiante. Apesar de nos terem roubado a vitória, não se pode dizer que tenhamos feito o suficiente para merecê-la. É claro que “merecer” é relativo: no futebol ganha-se marcando golos e não seria a primeira vez que Ronaldo faria de Deus Ex Machina. Ainda assim, estivemos a ganhar por 2-0 e perdemos essa vantagem. Não foi só culpa do árbitro.
Havemos de falar sobre as falhas da Seleção mais à frente. Antes, o jogo com o Luxemburgo.
Depois da turbulência dos jogos anteriores, só queria uma vitória tranquila. Não precisava de ser uma grande exibição: apenas um jogo sem stress, três pontos ganhos sem grandes complicações, sem dar motivos para polémicas.
Era bom, não era? Aqueles Marmanjos…
Péssima primeira parte, péssima. Uma vez mais, faltou agressividade, faltou concentração. Como diria o próprio Fernando Santos, Portugal estava a jogar a passo, uma espécie de peladinha. Enquanto isso, o Luxemburgo vinha catalisado pela vitória perante a República da Irlanda (!). Com os luxemburgueses entusiasmados e os portugueses apáticos, quem é que acham que marcou primeiro?
Só quando deram por si em desvantagem é que os portugas acordaram para a vida. Bernardo Silva passou para o meio, Pedro Neto rendeu o lesionado João Félix. Portugal começou a jogar melhor. Finalmente, em cima do intervalo, Pedro Neto assistiu para Diogo Jota marcar de cabeça.
Dias mais tarde, Jota marcaria da mesma forma pelo Liverpool. Quatro golos de cabeça no espaço de uma semana. O miúdo deixa-me sem palavras. Ninguém diria que esteve três meses lesionado – parece, aliás, que Jota passou esse tempo a treinar cabeceamentos!
Depois do intervalo, aos cinquenta minutos, Cristiano Ronaldo colocou Portugal em vantagem, após assistência de João Cancelo. Antes do jogo, eu tinha previsto que ele ia marcar – já são muitos anos, sei como ele funciona.
Acertei… mas acho que todos concordamos que o enguiço ainda não passou por completo. Veja-se a oportunidade dupla que ele desperdiçou aos setenta e oito minutos (após outro período mais apagado da Seleção). Ronaldo não costuma falhar estas.
Algo que é em simultâneo uma vantagem e uma desvantagem da Equipa de Todos Nós é não acompanharmos diretamente o seguimento de momentos específicos das carreiras dos jogadores. Depois das jornadas os Marmanjos regressam aos clubes e, quando voltam à Seleção, as suas histórias já estão num capítulo completamente diferente. Pode ser que Ronaldo já tenha recuperado o faro para o golo quando começarmos a preparar o Europeu.
Regressando ao jogo contra o Luxemburgo, Portugal conseguiu ampliar a vantagem a dez minutos do fim – com um golo de João Palhinha, na sequência de um canto cobrado por Pedro Neto. Espero que o tenham visto mais tarde, nas entrevistas rápidas: os olhos de Palhinha até brilhavam, estava tão feliz!
Ele e o outro estreante, o Nuno Mendes, estiveram muito bem nesta tripla jornada. O segundo em particular, como li algures, tem dezoito anos, mas joga como se tivesse sido internacional a vida toda. Veja-se a assistência dele para o golo não validado de Ronaldo.
Este jogo com o Luxemburgo fez-me lembrar o de 2012, com o mesmo adversário. Nesse também começámos mal, com o Luxemburgo a marcar primeiro. Também conseguimos empatar antes do intervalo, também chegámos à vantagem no início da segunda parte.
Na minha opinião, o jogo de 2012 foi pior – nessa altura, a seleção do Luxemburgo estava menos profissionalizada do que hoje. Ainda assim, a Turma das Quinas está melhor fornecida agora, tem capacidade para melhor.
O que me leva ao denominador comum aos três jogos deste compromisso: a falta de intensidade, de concentração. As redes sociais têm colocado as culpas em Fernando Santos, porque é isso que o povo faz. No entanto, tirando algumas decisões, não acho que a culpa seja dele.
A falta de tempo de qualidade com os jogadores é um argumento tão velho como, se calhar, o próprio conceito de seleção nacional mas, para sermos justos, esta é apenas a terceira jornada tripla – e a primeira em que os três encontros são a doer. Foram três jogos em menos de uma semana! Segundo Fernando Santos, entre viagens e jogos, os treinos servem apenas para recuperação, não propriamente para treinar. E suponho que, nesta fase da época, isso pese mais aos jogadores que em outubro ou novembro.
Há um par de anos talvez torcesse o nariz a essa desculpa. No entanto, se formos a ver, houveram outras seleções com resultados menos bons. A França empatou com a Ucrânia – os ucranianos não são nenhuns bananas, nós mesmos o descobrimos, mas a França sempre os goleou em outubro último – a Holanda perdeu contra a Turquia, a Espanha empatou com a Grécia e, mais chocante de todas, a Alemanha perdeu com a Macedónia do Norte!
Tendo isto em conta, os nossos resultados nesta tripla jornada não foram assim tão maus. E não são, mesmo em circunstâncias melhores, como veremos já a seguir. Não será apenas coincidência termos várias seleções de topo com resultados abaixo das expectativas. Alguma coisa se passa e deve ter mesmo que ver com o calendário atual das seleções.
Não sou a melhor pessoa para falar disso, mas penso ter lido alguém sugerindo dedicarem um mês, um mês e meio, às fases de Qualificação. Mais ou menos como fazem com os Europeus e Mundiais. Teria a grande desvantagem de aumentar os hiatos entre concentrações da Seleção, mas as vantagens seriam maiores. Os selecionadores teriam mais tempo de seguida para trabalhar com os jogadores e criarem rotinas, logo, a qualidade do futebol aumentaria. Em relação aos clubes, talvez fosse menos prejudicial abdicarem dos jogadores apenas uma ou duas vezes por época, mesmo que durante várias semanas, do que abdicarem-no várias vezes ao ano, por vezes em alturas críticas dos campeonatos.
A hipótese devia ser discutida, no mínimo.
Nessa linha, concordo com António Tadeia quando diz para guardarmos as pedras para Fernando Santos para depois do Europeu. Será mais adequado avaliarmos as competências do Selecionador quando este tiver oportunidade para trabalhar como deve ser com os Marmanjos.
Por agora, apesar das controvérsias todas, do drama, no fim do dia o que conta são os resultados, são os pontos. E a verdade é que estes não são assim tão maus. Como disse antes, foi a primeira vez em oito anos e meio que ganhámos o primeiro jogo da Qualificação. Ainda mais tempo passou, nem sei bem quanto, desde a última vez que conseguimos tantos pontos nos três primeiros jogos de Qualificação – tanto quanto me lembro, tem havido quase sempre um jogo que perdemos ou dois empates.
É claro que nove pontos seriam melhores que sete – ainda não é desta que fazemos uma Qualificação imaculada. Além disso, só conseguimos o Apuramento direto se ficarmos em primeiro lugar. Estamos em primeiro agora, mas a margem de erro não é larga.
Eu no entanto estou confiante. Como dei a entender, já nos Qualificámos em circunstâncias mais difíceis. Não há nenhum motivo para falharmos agora.
Mas para já a Qualificação ficará em pausa até setembro. Quando a Seleção se reunir de novo será para preparar o Europeu.
Devo avisar que ainda não sei como irei cobrir o Euro 2020 neste blogue. Mudei recentemente para um emprego que me vai roubar tempo de escrita. Ainda não sei ao certo quando, mas será muito difícil eu conseguir escrever uma crónica para cada jogo, ou pares de jogos. Se o blogue não ficar completamente parado durante o Europeu – algo que quero evitar a todo o custo – os textos terão quase de certeza um formato diferente.
Fico um bocadinho triste, mas sempre soube que isto iria acontecer. Mais cedo ou mais tarde, deixaria de ter a mesma disponibilidade para este blogue. Por outro lado, para ser sincera, às vezes fico um pouco farta da fórmula atual destas crónicas. Talvez uma mudança não seja assim tão má.
Em todo o caso, na pior das hipóteses, se não conseguir voltar cá, fico satisfeita por ter aguentado durante tanto tempo (quase treze anos!) e por ter apanhado tantos momentos felizes. Destaque óbvio para os nossos primeiros dois títulos.
Além disso, vou continuar na página do Facebook – as minhas postas de pescada em torno da Seleção não vão desaparecer por completo das internetes. Não é o meu formato preferido, mas é melhor do que nada. Também servirá para vos manter atualizados em relação a futuros planos para este blogue.
Aconteça o acontecer, como sempre, muito obrigada pelas vossas visitas. Até uma próxima!
Na próxima quarta-feira, dia 24 de março, a Seleção Portuguesa de Futebol recebe a sua congénere azeri em casa emprestada, no Estádio de Turim. Três dias mais tarde, defrontará a sua congénere sérvia, no Estádio Estrela Vermelha, em Belgrado. Três dias depois desse, será recebida na cidade do Luxemburgo pela seleção local. Todos estes jogos contarão para a Qualificação para o Mundial 2022, que terá lugar no Qatar.
Cá estamos nós outra vez, quatro meses depois da última jornada tripla de Seleção. Já tinha saudades. Este ano, o regresso coincide com a primeira fase do segundo desconfinamento – e estes dois eventos coincidem com o início da primavera.
Nos últimos anos, a primavera tem sido a minha estação do ano preferida. Os dias mais compridos, o tempo mais ameno (nem demasiado frio nem demasiado calor), flores silvestres em todo o lado. No ano passado, a primavera foi boicotada pelo primeiro confinamento e pelo adiamento dos jogos da Seleção. Este ano está a acontecer o exato oposto.
Por isso sim, estes jogos vêm em boa altura, num momento em que a vida em geral parece um bocadinho melhor – por enquanto. Por outro lado, da última vez que usei metáforas sazonais neste blogue, estas viraram-se contra mim.
Fernando Santos divulgou os Convocados para este triplo compromisso na passada terça-feira, dia 16. Não houve grande contestação – pelo menos não de início. Os sportinguistas Nuno Mendes e João Palhinha são as novidades – merecidamente, pelo seu contributo para o excelente desempenho do Sporting esta época. (Espero que seja este ano que o clube finalmente ganhe o campeonato, que a minha irmãzinha sportinguista já o merece há muito tempo.) No entanto, Pedro Gonçalves, também conhecido por Pote, ficou de fora – foi Chamado para os Sub-21.
Suponho que haja muita concorrência para a posição dele. Não estava à espera, por exemplo, que Diogo Jota fosse Convocado, vindo ele de uma lesão. No entanto, ele marcou no jogo contra o Wolverhampton e também não dá para ignorar o seu histórico recente pela Equipa das Quinas.
Isto são problemas de equipa grande: podermos dar-nos ao luxo de deixarmos o melhor marcador da Liga Portuguesa nos Sub-21. Dito isto, todos concordamos que será uma questão de tempo até Pote vir aos séniores.
Maior controvérsia ocorreu nos últimos dias. Pepe lesionou-se no último jogo do F.C. Porto e vai falhar o compromisso da Seleção… outra vez (Porquê, Pepe?!? Tiveste quatro meses para te lesionares…). Para o seu lugar foi Chamado o sportinguista Luís Neto.
O problema é que Neto tem estado no banco. No seu lugar tem jogado Gonçalo Inácio, de dezanove anos, que até tem estado em ascensão, marcou no último jogo… mas nem para os Sub-21 foi Convocado.
Pelo menos nesta concordo com as críticas. Podiam dar uma oportunidade ao miúdo! Até porque continuamos a precisar de rejuvenescer a defesa. Por outro lado, Luís Neto já conta pelo menos algumas Chamadas à Seleção – se calhar Fernando Santos prefere experiência.
Para além de Luís Neto, também regressa Rafa e André Silva – que está num momento excelente, conta vinte e um golos na Bundesliga. Continua a não faltar talento na nossa Seleção. Há que aproveitar.
Num registo diferente, Rui Patrício chegou a constar da Convocatória inicial, mesmo tendo sofrido um traumatismo craniano na véspera. Infelizmente, no sábado descobriu-se que Rui não recuperaria a tempo e Chamou José Sá para o seu lugar.
Depois do susto que Rui nos pregou, não me queixo desta substituição. Deixem-no descansar, coitado. Anthony Lopes e os outros darão conta do recado – e também merecem uma oportunidade para mostrarem o seu valor. Uma coisa que descobri é que é a primeira vez em quase uma década que Rui falha um jogo de Apuramento – é uma das nossas constantes, ainda mais que Pepe ou Cristiano Ronaldo.
Vamos então começar a Qualificação para o Mundial 2022. Ainda me é estranho começar uma fase de Apuramento em março em vez de setembro (é apenas a segunda vez). Ainda mais estranho é começar uma fase de Qualificação para um campeonato de seleções quando o anterior ainda não se realizou. Mais um sinal dos estranhos tempos que vivemos.
Fernando Santos diz, no entanto, que não quer ninguém a falar ou sequer a pensar no Europeu durante esta jornada tripla. É o mais sensato, para manter a concentração.
Até porque a Turma das Quinas tem a mania de tropeçar no início das fases de Qualificação. A última vez que ganhámos num primeiro jogo de Apuramento foi em 2012 – há não muito menos que uma década. E foi frente ao Luxemburgo! E mesmo assim não foi grande coisa!
Como desta vez vamos abrir o Apuramento com o Azerbaijão, os Marmanjos terão de se esforçar para não ganharem… e no entanto esta Seleção por vezes tem uma queda infeliz para a auto-sabotagem, sobretudo em fases de Qualificação. Mesmo que até se vença o primeiro jogo, podemos não vencer o segundo…
Os azeris são velhos conhecidos nossos, ainda que não joguemos com eles há quase exatamente oito anos, mais dia menos dia. O histórico é favorável a nós, de caras: tirando um empate em 1999, têm sido só vitórias. Os últimos dois jogos decorreram durante a atribulada, e por vezes caricata, Qualificação para o Mundial 2014.
Não há muito a dizer sobre o primeiro jogo, em casa – ganhámos por 3-0. No entanto, depois desse encontro, não tornaríamos a ganhar uma vez que fosse até reencontrarmos os azeris, em Baku. mesmo esse jogo não foi nada por aí além – vitória por 2-0, mínimo dos mínimos. Mas na altura achei que seria um ponto de viragem na fase de Qualificação.
E não me enganei. Tirando um (outro) tropeção perante Israel, ganhámos os jogos que faltavam e tivemos os inesquecíveis play-offs perante a Suécia.
A propósito da crónica do jogo de Baku, a música que referi nesse texto? Que na altura só se conhecia um excerto? Last Hope, dos Paramore? Hoje é uma das minhas preferidas de todos os tempos.
Os dois adversários seguintes são repetidos da Qualificação anterior. É o problema destes campeonatos: o número de possíveis adversários é limitado, de tanto em tanto tempo há reencontros. Além disso, pela maneira como os grupos são sorteados, são sempre adversários de qualidade média/baixa (com as devidas exceções, claro), pouco estimulantes e perante os quais, demasiadas vezes, complicamos sem necessidade.
E há quem reclame da Liga das Nações.
Dito isto, confesso que até saberá bem termos uns jogos mais fáceis, entre competições cheias de tubarões. Para não stressar demasiado.
Não vale a pena alongar-me muito sobre estes dois adversários, então. Dizer apenas que o jogo com a Sérvia terá lugar em Belgrado, o que apresenta um problema. Os clubes franceses avisaram que não vão libertar os internacionais que realizem jogos de seleções fora da União Europeia e do Espaço Económico Europeu – as autoridades de saúde francesas obrigá-los-iam a ficar de quarentena durante uma semana.
Até aqui compreende-se. A FIFA deu esse poder aos clubes. Não gosto, mas compreendo. É por isso que o nosso jogo “em casa” com o Azerbaijão terá lugar em Turim – porque metade da Seleção atual joga em Inglaterra e o Reino Unido obriga pessoas vindas de Portugal a cumprir quarentena.
O que me irrita nesta história é a regra não se aplica à seleção francesa. A França vai jogar contra o Cazaquistão, mas os clubes franceses não podem impedir os seus jogadores de representarem os Campeões do Mundo. Claro que não! Regras como estas são para os simples mortais, não são para a motherfucking França! Alguma vez a FIFA ou a UEFA fariam isso aos franceses? É que nem sequer surpreende.
Percebem a raiva que às vezes tenho à seleção francesa?
Pode ser que mudem as regras entretanto mas, à hora desta publicação, parece certo que Marmanjos como José Fonte e Renato Sanches não poderão ir para Belgrado. Fico à espera de saber como irá Fernando Santos gerir essa situação.
Em relação ao Luxemburgo, dizer apenas que foi o nosso último adversário antes do hiato imposto pela pandemia. Cheguei a ressentir-me desse jogo por isso. Por ter tido de ver a primeira parte no meu telemóvel, por não ter sido grande coisa em termos exibicionais, por não merecer ser a recordação mais recente que tinha da Equipa de Todos Nós durante quase um ano.
Mas felizmente, por estes dias, a Seleção continuará a jogar, a criar novas recordações. No que toca ao jogo com o Luxemburgo, este terá lugar no mesmo terreno. Espero que esteja em melhor estado que da última vez, mas tenho as minhas dúvidas. Não esperemos um jogo de grande qualidade exibicional – os últimos dois em casa do Luxemburgo não o foram.
Que seja desta que comecemos uma Qualificação com o pé direito, para variar. Que tenhamos um Apuramento mais ou menos tranquilo, sem complicações, em primeiro – para evitarmos um cenário como o da fase de grupos do Euro 2020. Além de que golos e vitórias da Seleção sabem sempre bem, mesmo que as exibições nem sempre satisfaçam.
Vou tentar desfrutar, então. Façam-no comigo, quer aqui no blogue, quer na sua página de Facebook. Como sempre, obrigada pela vossa visita.