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O Meu Clube É a Seleção!

Mulher de muitas paixões, a Seleção Nacional é uma delas.

Crença desesperada

Na próxima sexta-feira, dia 15 de novembro, a Seleção Portuguesa de Futebol receberá, no Estádio da Luz, à sua congénere sueca. Mais tarde, no dia 19 de novembro, será a vez de os portugueses jogarem no terreno dos suecos. Ambos os jogos contarão para o playoff de acesso ao Campeonato do Mundo da modalidade, que terá lugar no Brasil no próximo ano.

Os Convocados para esta dupla jornada foram Divulgados na passada sexta-feira. Foi uma lista conservadora, demasiado conservadora para o meu gosto - mas não me admira que Paulo Bento não queira arriscar e jogos destas importâncias. William Carvalho é a única novidade e, de resto, não surpreende pelas boas exibições que tem feito no Sporting.

O rumor que corre por aí há já algum tempo é o de que os jogadores sob a tutela do empresário Jorge Mende têm sido favorecidos em termos de Convocatória. É claro que são apenas rumores, não existem ainda provas concrets. No entanto, a ser verdade, depois de Luiz Felipe Scolari ter feito questão de acabar com esses jogos de influências na Equipa de Todos Nós, seria muito triste (e estou a usar um eufemismo) esses maus hábitos estarem a ser recuperados. Não quero, contudo, entrar por aí, insistir em um entre vários fatores de instabilidade que em nada ajudam a Seleção em vésperas de jogos tão importantes e difíceis como estes.


Ficou, então, determinado por sorteio que a Suécia será o nosso adversário neste playoff. A minha primeira reação a tal resultado foi, primeiramente, de alívio por não nos ter calhado a França - o nosso histórico com eles é demasiado assustador. Passando isso à frente, olhando para a Suécia, considero-a relativamente equivalente a Portugal: ambas as seleções possuem a fama - redutora, no caso de Portugal e, provavelmente, também da Suécia - de se confinarem apenas a um jogador de grande prestígio internacional. Nós, para além de Ronaldo, temos Moutinho, Pepe, Rui Patrício. Não duvido que a Suécia tenha, também, as suas figuras equivalentes: mediaticamente mais discretas que Ronaldo ou Zlatan Ibrahimovic mas com um papel importante na sua seleção.

Há, no entanto, que assinalar que a Suécia perdeu o primeiro lugar no seu grupo de Apuramento para a Alemanha enquanto Portugal o perdeu... para a Rússia. Além de que, no último encontro que opôs a Suécia à Alemanha, os nossos próximos adversários estiveram a perder por 4-0 e conseguiram terminar o jogo empatados. Com a Alemanha. Imaginem a disciplina mental que deve ter sido necessária. Comparem-na com o nosso historial de caprichos, desleixos e tiros nos pés.

No entanto, há que recordar, também, que os suecos não estiveram presentes no último Mundial. Nós não falhamos um campeonato de seleções há... bem, dezasseis anos. A idade que, por acaso, a minha irmãzinha completa no dia da segunda mão deste playoff. Este historial tem de contar para alguma coisa, não acham?


Tendo tudo isto em conta, considero que estes playoffs serão extremamente equilibrados. Até porque empatámos com eles a zero nos dois jogos que disputámos com eles na Qualificação para o Mundial 2010. Todos os cenários são possíveis.

Por outro lado, como diz o meu pai, o nosso maior problema não é a Suécia, nem qualquer outro adversário que, literalmente, nos tivesse saído na rifa. O problema é Portugal. Nós somos os nossos piores adversários. A nossa Qualificação foi exemplo disso. Nós tínhamos tudos para nos Apurarmos tranquila e diretamente se não nos tivéssemos desleixado, se pelo menos não tivéssemos perdido quatro pontos nos jogos caseiros. Nesta altura do campeonato, podíamos já estar descansados, a fazer planos para o Mundial. Mas não, estamos em vésperas de um playoff  em que nada está garantido.

Muitos falam da "falta de talento" e tal, mas eu acho que o problema não é esse, é mais antigo. Vejam este vídeo que resume um particular que disputámos com a Suécia em 2004, mês e meio antes do Europeu:


Nesta Seleção jogavam Luís Figo, Rui Costa, Pedro Pauleta, Deco - a geração de jogadores de qualidade internacional com que os críticos não se cansam de comparar a Seleção dos dias de hoje. No entanto, estes talentos todos não impediram o Ricardo de cometer um "frango", o Figo de falhar um penálti, o Rui Jorge de marcar um auto-golo. Não é uma questão de qualidade dos Marmanjos, é algo quase genético. A Seleção Portugues é a sua maior adversária desde... 1921, sou capaz de apostar.

É por estas e por outras que ando algo zangada com a Turma das Quinas, que nem sequer tenho vontade de ir assistir à primeira mão do playoff, no Estádio da Luz. Seria diferente se fosse a segunda mão a ter lugar em casa, no dia de anos da minha irmã, em que eventualmente pudéssemos comemorar o Apuramento no Estádio, com os jogadores. Assim, não. A minha paciência já não dá para tanto, para aderir ao circo, às campanhas publicitárias para, depois, levar com jogos medíocres, como o de Israel em Alvalade. Era até bem feita que os Marmanjos se vissem aflitos, realmente aflitos, para vencerem estes playoffs. Era de maneira que aprendiam a não se desleixarem durante as fases de Apuramento.

Não é de surpreender, portanto, que haja uma quantidade significativa de gente sem grandes esperanças para este playoff.


E, no entanto, podia ser pior. No meio disto tudo, de uma maneira retorcida, acabaram por calhar bem as declarações infelizes de Joseph Blatter sobre Cristiano Ronaldo. As já muito citadas palavras do presidente da FIFA tiveram vários efeitos curiosos. Primeiro, confirmaram as já antigas suspeitas de parcialidade desfavorável a Ronaldo e, quiçá, a Portugal, no topo da hierarquia futebolística, acentuando, deste modo, a antipatia que eu, pelo menos, tenho por Blatter e pelo seu colega Michel Platini. Segundo, tiveram o previsível, mas impressionante, condão de catalisarem o Ronaldo ao ponto de ele marcar, se não estou em erro, oito golos nos três jogos do Real Madrid que se seguiram - destaque para a continência após o primeiro desta série de golos. Por algum motivo a imprensa sueca referiu, recentemente, que Ronaldo era favorito à Bola de Ouro, em detrimento do seu Ibrahimovic: porque sabem que, se menosprezarem Ronaldo, ele vinga-se em campo.

Pena é ser pouco provável os adeptos suecos nas bancadas gritarem por Messi, nos playoffs, quando têm a sua própria superestrela futebolística. É que, da última vez que os adversários da Seleção gritaram pelo astro argentino, o Cristiano Ronaldo fez um hat-trick...

O efeito mais surpreendente, chegando mesmo a ter contornos caricatos, diz respeito às reações dos portugueses em geral. Não é invulgar o Cristiano ser mal amado no seu próprio País porque ele-só-joga-pelo-Real-não-pela-Seleção, tem fama de arrogante, invejam-no por ser "rico, bonito e bom jogador". No entanto, bastou um estrangeiro, um alto dirigente, vir criticá-lo para todo o País (incluindo um ministro) se atirar ao ar e defender, ferozmente, o nosso Comandante - reações catalisadas não só por afeição a Ronaldo mas também, provavelmente, por raivazinhas de estimação à Troika e a outras instituições europeias. Por outras palavras, Blatter transformou-se no inimigo comum que uniu os portugueses na defesa de Ronaldo.

Estou com uma certa esperança de que esta fúria contra Blatter se mantenha por mais uns tempos, não apenas para motivar Ronaldo a continuar a dar tudo de si em campo, mas também para manter os portugueses unidos em torno da Seleção, na vontade de humilhar ainda mais o presidente da FIFA através da Qualificação para o Brasil. Isto numa altura em que os habituais motivos para apoiar a Seleção se encontram enfraquecidos por esta fase de Apuramento.


A Operação Suécia arrancou anteontem. Os maiores receios diziam respeito a lesões de João Pereira e Fábio Coentrão. O primeiro parece já não apresentar limitações. O Fábio já treina em campo, mas condicionado, a dúvida relativa à sua aptidão só será esclarecida, provavelmente, em cima do início da primeira mão. Cristiano Ronaldo e Pepe também ainda não treinaram com o resto do plantel mas, ao que parece, não deixarão de entrar em campo na sexta-feira. Se Deus quiser, não teremos mais baixas. Pelo que, ao contrário do que se poderia alegar em certos jogos desta fase de Qualificação, a ausência de habituais titulares não poderá servir de desculpa.

Confesso que já estive mais otimista. Conforme afirmei acima, esta Qualificação reduziu significativamente a minha tolerância. Vocês sabem que eu assumo sempre que estaremos no campeonato de Seleções seguinte, que praticamente nunca coloco esse cenário em causa. No entanto, acho que as probabilidades de não nos Apurarmos nunca foram tão elevadas. Sei que a Turma das Quinas abordará este jogo de forma diferente como abordou a Qualificação. Nesse aspeto, a Suécia é a adversária ideal: não propriamente com o grau de dificuldade de uma Alemanha, de uma Espanha ou mesmo de uma França mas suficientemente motivadora para os Marmanjos darem o seu melhor em campo. A dúvida que se coloca é se essa nossa capacidade de nos superarmos perante tais adversários será suficiente para disfarçar outros problemas eventuais e vencermos o playoff.

Ainda acredito, atenção, mas é já uma crença desesperada, semelhante à que tinha durante o jogo com a Dinamarca no Euro 2012, depois do 2 a 2. Não me atrevo a não acreditar, acho pura e simplesmente inconcebível não estarmos no Mundial do Brasil. Do Brasil! Não com o Melhor do Mundo do nosso lado. Sobretudo, não depois do que fizemos no Euro 2012! Pode lá ser! Sei que não sou a única a pensar assim. Ninguém neste País quer, certamente, que Portugal fique de fora do Mundial. Nem os jogadores, nem a equipa técnica da Seleção, nem os adeptos, nem mesmo críticos habituais da Equipa de Todos Nós (eu bem vi como toda a gente ficou feliz com o excelente desempenho português no Euro 2012). E, tal como me farto de dizer aqui, o povo precisa destes consolos, destas alegrias, de ansiar por mais disto em 2014. Eu preciso, pelo menos.

É por isso que faço um apelo aos nossos homens: por favor, esforcem-se. Façam por compensar-nos pela tristeza que foi este Apuramento, por honrarem o País, por oferecerem uma alegria a nós todos, com destaque para minha irmãzinha, que faz anos no dia 19 e merece este presente. Todos merecemos. Deem o vosso melhor, então. Por todos nós.


Uma oportunidade como a nossa

Era para ter escrito há dias, mas faltou-me tempo e inspiração. Na Quinta-feira passada, a Rússia foi escolhida para organizar o Campeonato do Mundo em Futebol a realizar em 2018, ultrapassando outros candidatos: Inglaterra, Bélgica-e-Holanda e Portugal-e-Espanha.

Não consegui evitar ficar desiludida com este resultado. Tinha passado os últimos dias em pulgas, com uma vaga esperança de que nos escolhessem. Na Quinta, então, depois de ter apresentado um trabalho às dez da manhã, praticamente não pensei noutra coisa. Como estive o dia todo na Faculdade, não tinha acesso a uma televisão, o único meio que possuia para acompanhar a cerimónia era o meu leitor de MP3.

Já se sabia que, qualquer que fosse o vencedor, a escolha estaria envolvida em polémica. E não nos enganámos: já se fala de possíveis conversas secretas que Vladimir Putin terá tido com os membros do comité e os ingleses querem que se mude o método de escolha.

A votação decorreu entre a uma e as três horas da tarde de cá e durante esse intervalo de tempo estive quase sempre a fazer figas. De tal maneira que, nessa noite, quando estava a ver televisão, sem sequer pensar nisto, quando dei por mim tinha os dedos cruzados. Rezava constantemente, sem destinatário específico, por um resultado a nosso favor. "Portugal e Espanha... Vá lá... Nós temos História, temos prestígio, temos infraestruturas... O outro até disse que podíamos acolher um Mundial no mês que vem..." Nessa altura não o sabia, mas o facto de já termos prestígio e de já estarmos bem equipados, longe de nos ajudar, acabaria por jogar contra nós.

À medida que a hora prevista para o anúncio se aproximava, os meus nervos aumentavam a uma escala exponencial. Tinha aulas teóricas das duas às quatro, mas escusado será dizer que pouca atenção prestei, Que diabo, não é todos os dias que temos a possibilidade de vir a organizar um Mundial!

Quando faltavam quinze minuto para as três da tarde, liguei o rádio do meu leitor de MP3. Até às três, os locutores foram dando curiosidades tais como:


  • Tinham passado 4068 dias desde 11 de Outubro de 1999, dia em que soubemos que o Euro 2004 seria disputado no nosso País.
  • Este será o 21º Campeonato do Mundo
  • Em Zurique estavam presentes mil jornalistas e as câmaras de setenta cadeias de televisão.
Já na altura diziam para termos "cuidado com a Rússia", a "Candidatura Mistério" conforme apelidou Gilberto Madaíl. Confesso que só ao longo desse dia é que considerei a Rússia como uma adversária ameaçadora, tinha mais medo da Inlglaterra. A Bélgica-e-Holanda é que, supostamente, ficariam arrumadas logo deste início. Mas tudo podia acontecer... E afinal de contas, a Inglaterra acabou por ser despachada primeiro.


Muito comentada era a ausência de Vladimir Putin. Se isso afectaria de maneira positiva ou negativa a escolha. Pela parte que me tocava, não percebia o interesse daquilo. Não me parecia plausível que fossem escolher um determinado candidato só porque o Primeiro-Ministro estava presente ou ausente da cerimónia. E ainda acredito que não foi por isso que a Rússia ganhou.

Às três horas, estava à espera de ouvir o anúncio do vencedor a qualquer momento, mas aparentemente a cerimónia nem sequer havia começado. Os locutores da rádio diziam que as pessoas não se sentavam, apesar dos repetidos pedidos para que o fizessem.

Os minutos passavam e os meus nervos aumentavam. As minhas mãos tremiam, o meu estômago andava às voltas, eu mordia os nós dos dedos para não gritar. Os locutores diziam que este atraso não era normal e eu interrogava-me o que é que significaria? Seria bom ou mau? Significaria que a votação estava atrasada? Que não se conseguiam decidir? Nós ainda estaríamos em jogo? Ou já teríamos sido postos de parte?

"Por amor de Deus, despachem-se", rezava eu.

Para passar o tempo, a Antena1 ia entrevistando algumas personalidades que enumeravam os nossos pontos fortes. O que não ajudava.

Tal como não ajudou eles começarem a relatar algum pessimismo reinando na comitiva luso-espanhola. Os locutores aproveitaram esse momento para lembrar que Joseph Blatter não estava muito entusiasmado com a ideia de um Mundial organizado a dois. Deixaram ainda bem claro que uma candidatura não ganharia sem a sua aprovação. Eu interrogava-me se ele poderia recusar um vencedor, mesmo que tivesse sido eleito com toda a justiça. E ia ganhando uma certa raiva ao pobre homenzinho, por isto e por prolongar o meu sofrimento. O optimismo não me ajudava, o pessimismo não me ajudava. A única coisa que me ajudava era saber quem era o maldito vencedor.

Só que ainda tínhamos de esperar mais um bocado, de sofrer mais um bocado. Mais ou menos às três e um quarto até os locutores estavam a ficar nervosos. Que se estaria a passar?

Às três e vinte, a "Marca" anunciou na Internet que os vencedores eram a Rússia e o Qatar (para o Mundial 2022). Ainda gostava de saber como o descobriram. Talvez um dos membros do comité os tivesse informado... Na altura não liguei muito, pensando que seria apenas especulação. Mantive-me fiel à máxima "Até ao apito final". Neste caso, tal como já havia sido dito por outros, o "apito final" era uma metáfora para o anúncio do vencedor.

A cerimónia começou às três e vinte e cinco, mais coisa menos coisa, mas teríamos de esperar uns sete minutos até Joseph Blatter subir ao palco, mais uns dez até sabermos quem ganharia. Nesse momento, reparei que uma rapariga sentada algumas cadeiras em frente a mim tinha o portátil no SAPO. Talvez também  a tentar saber o vencedor. Ao menos não era a única interessada no anfiteatro.

Joseph Blatter subiu ao palco às três e meia, mais ou menos, mas ainda esteve alguns minutos a discursar. Ele é um político, já os locutores o diziam, não podia ser de outra maneira. Só que eu, nessa altura, estava à beira de um colapso com os nervos e só pedia mentalmente "Ó homem, corta-me na retórica e diz quem raio ganhou!"

Ele lá recebeu o envelope e anunciou o vencedor: a Rússia. Minutos depois, anunciaria o Qatar como vencedor da Organização do Mundial de 2022. Mais tarde, saber-se-ia que a Inglaterra havia caído à primeira ronda da votação e que, na segunda ronda, a nossa candidatura obtivera sete votos, ficando em segundo lugar, contra os treze votos da Rússia e os dois da Bélgica-e-Holanda.

- Vamos para novos territórios - afirmou Joseph Blatter, justificando deste modo as escolhas feitas. Ainda no rescaldo, eu pensava que aquilo era o resultado de jogos de bastidores, que a Rússia e o Qatar têm poder económico e nós e nuestros hermanos estamos à beira da falência., que Blatter tinha sido casmurro com aquela das candidaturas a dois. E ainda penso assim. 

O Bruno, um colega meu, disse que a Espanha devia ter concorrido sozinha. Nós é que nunca poderíamos organizar um Mundial a solo, nem nos nossos sonhos mais loucos e muito menos nesta altura do campeonato.

Mas agora vejo que eles vão fazer com a Rússia e com o Qatar o que fizeram connosco. Ou melhor o que a UEFA fez connosco. A FIFA está a dar uma oportunidade a países relativamente sem grande História futebolística (eu nem sequer tinha ouvido falar do Qatar antes!) e sem grande tradição na organização de eventos desportivos.

Nós já tivemos a nossa oportunidade e, apesar de muitas (mas mesmo muitas) coisas terem sido mal feitas, acho que não a aproveitámos nada mal. A Espanha também já organizou um Europeu e um Mundial, mas acabou por perder mais já que já antes havia perdido a Organização do Euro 2004 e dos Jogos Olímipicos de 2012. Nós já acolhemos o Europeu à bem pouco tempo, não nos podemos queixar de que ninguém-gosta-de-nós. E sinto-me grata por, na minha curta existência, já ter tido um Campeonato Europeu no meu País, por ter tido idade suficiente para o recordar (apresar de não a ter tido que chegue para o valorizar na sua totalidade). Por ter tido oportunidade de assistir a um jogo, de festejar nas ruas e de ter ido atrás do Autocarro na Selecção no dia da final.

Os mal-dispostos crónicos do costume, aqueles que se queixam constantemente da nossa medíocridade sem mexerem uma palha para mudar a situação, vieram dizer que o facto de não termos conseguido é uma vitória e merece ser comemorada. O trabalho de não sei quantas pessoas, não sei quantos portugueses, não ter dado em nada merece ser comemorado... Dizem que ainda hoje pagamos a conta do Euro 2004.  Até têm razão neste último aspecto. É, de facto, uma pena estádios como o do Algarve e o de Aveiro não serem melhor aproveitados. Mas também ainda hoje usufruímos do prestígio que ganhámos com o Europeu.

Gilberto Madaíl e os restantes responsáveis da Federação podem ter muitos defeitos, podem ter cometido muitos e graves erros nos últimos tempos, mas ao menos tentaram fazer alguma coisa para elevar o prestígio de Portugal aos olhos do Mundo. Mesmo que fosse uma insignificância comparado com Espanha. Mesmo que fosse "apenas" futebol. Ao menos tentaram desafiar o Destino, contrariar os rótulos que tantas vezes colocamos sobre o nosso País e respectivo povo. Como diria Fernando Pessoa, "Louco, sim, louco, porque  quis grandeza/Qual a Sorte não a dá". E por isso merecem o meu sincero agradecimento.

Esta não será a última oportunidade que tivemos, se Deus quiser. Ainda haverá muito Mundial a precisar de um anfitrião ou anfitriões. Espero, portanto, que seja considerada a hipótese de tentarmos de novo. Mas, a acontecer, será num futuro distante. Pode ser que, nessa altura, estejamos melhor em termos económicos e financeiros (vai sonhando...) e que tenhamos já no currículo um ou outro título... Nunca se sabe...