À hora desta publicação, o Mundial 2022 já decorre. Eu costumo publicar o primeiro texto da era do campeonato bastante mais cedo. Desta vez não deu.
Já é um alívio ter conseguido fazê-lo antes da estreia de Portugal na prova.
Quem acompanhe este blogue saberá que campeonatos de seleções são sempre ocasiões especiais para mim. Desde a Convocatória, são semanas de alegria, de antecipação, de esperança num bom desempenho. Mundiais, então, são para mim a festa suprema do futebol.
Desta vez, no entanto, o meu entusiasmo está em mínimos históricos. Tenho tido alturas em que quase desejei que o Mundial tivesse sido adiado, cancelado, como durante a pandemia, em que quase desejei que não nos tivéssemos Qualificado – mesmo tendo passado vários meses angustiada com os play-offs.
Passo a explicar porquê. Os primeiros motivos prendem-se com o estado atual da Seleção. Não tanto esta em si ou os seus jogadores, mais o Selecionador e o seu cadastro. Ainda há mês e meio, quase dois meses, tivemos uma desilusão na fase de grupos da Liga das Nações – a terceira passagem falhada por um ponto. Além disso, as nossas duas últimas participações em campeonatos desta envergadura – no Mundial 2018 e no Euro 2020 – não tendo sido horríveis, deixaram muito a desejar.
Já me alonguei o suficiente sobre isso em textos anteriores. A versão condensada é que já tive mais fé em Fernando Santos. Receio que esta seja outra ocasião para ele desperdiçar o talento de que dispõe.
Depois, temos Cristiano Ronaldo. Este já era uma das minhas preocupações, ainda antes de ter optado por violência e lançado a já infame entrevista com Piers Morgan.
Muito se tem escrito sobre esta entrevista. Provavelmente continuar-se-á a escrever. Na minha opinião, tem havido uma gritante falta de nuance na conversa: Ronaldo ou tem cem por cento de razão ou está completamente errado. Poucos parecem admitir que ele poderá estar certo nalgumas coisas – os verdadeiros motivos pelos quais ele falhou a pré-época e a forma execrável como o United terá lidado com isso – e errado noutras – como assim ele “não admite” entrar em jogo por apenas três minutos?
A propósito deste texto, no entanto, só me interessa a maneira como afeta a Seleção.
O primeiro efeito era o mais previsível: perguntas sobre o assunto em todo e qualquer contacto da Seleção com a Comunicação Social. Chegou-se a entrar em territórios de reality show. Toda a gente obcecada com uma pequena interação entre Ronaldo e Bruno Fernandes na primeira noite da Cidade do Futebol. Dúvidas sobre a gastroenterite que afastou Ronaldo do particular com a Nigéria. Ridículo.
O segundo efeito é a pressão adicional colocada sobre nós. Todos concordam, Ronaldo queimou irreversivelmente a sua relação com o Manchester United. E agora apostou a sua credibilidade, talvez mesmo a sua carreira, num bom desempenho neste Mundial.
Isso pode não ser mau. Talvez a pressão extra seja boa para os outros Marmanjos.
Por outro lado, isto deixa-me com um sabor desagradável na boca. Para começar, não me agrada a ideia de ganhar este Mundial “para” Cristiano Ronaldo. Já não gosto muito quando dizem que Portugal ganhou o Euro 2016 para ele. É certo que Ronaldo não pôde jogar a maior parte da final de Paris mas, mesmo assim. As pessoas acham que os outros jogadores não tinham, não têm eles próprios ambições?
Além disso, receio que Ronaldo pressione (ainda mais) Fernando Santos para deixá-lo jogar mais do que deve, mais do que é benéfico para a equipa, como já aconteceu nos últimos dois jogos. Pelos vistos, para Ronaldo isso é “respeito”. A negação dele ainda é mais profunda do que eu pensava. Que parte de “não fez pré-época” (mesmo que agora saibamos que foi por motivos legítimos) e “futebolisticamente já tem idade para ser avô” é que ele não percebe?
O que eu receio verdadeiramente é o que acontecerá se Ronaldo não fizer grande coisa no Mundial e se a Seleção desiludir outra vez. Irá Ronaldo também queimar-nos, como fez com o Manchester United? Culpando toda a gente menos ele próprio? Será assim que a história dele na Seleção terminará? Eu quero pensar que não – até porque Ronaldo tem sido o menino-bonito da FPF há muitos anos – mas não sei.
Por estes dias quase desejo que Ronaldo já tivesse deixado a Seleção. Iria custar horrores, sim, não voltará a haver ninguém como ele. Mas temos talento suficiente com que nos entusiasmamos (mais sobre isso já a seguir). Ronaldo é tão grande, tanto no bom como no mau sentido, que produz a sua própria força gravítica, interfere com tudo em seu redor.
Espero que as minhas previsões mais pessimistas não se realizem. Espero que ele esteja a ser sincero quando diz que aceitaria ganhar o Mundial sem marcar um único golo. Ao mesmo tempo, apesar de temer o contrário, espero que Ronaldo se saia bem no Mundial, dentro do possível para esta fase da carreira dele. Talvez um golo ou outro, para contribuir para o seu recorde.
E mesmo que ele não se mostre em grande forma, conto com ele para fazer de Capitão, de mentor. Para ações semelhantes ao “Anda bater!” ou quando mandou Raphael Guerreiro de volta para o campo, nos últimos minutos da final de Paris.
Outra questão prende-se com o timing deste Mundial. É interessante, é uma novidade, mas não pelos melhores motivos. Está a ser uma época muito pesada – a maior parte dos jogadores têm tido dois jogos por semana todas as semanas. Só estamos a ter uma semana e meia para preparar o Mundial e somos dos mais afortunados nesse aspeto.
De início pensei que fazer o Mundial nesta altura do ano teria a vantagem de os jogadores não virem com uma época inteira nas pernas, ao contrário do costume. No entanto, com tantos jogos que já decorreram até agora e tão pouco tempo para recuperar, as vantagens anulam-se.
Por fim, o pior fator desta lista é este Mundial em si, o seu anfitrião e tudo o que aconteceu para se chegar aqui. A menos que tenham estado completamente alheados de tudo, já saberão acerca dos milhares de trabalhadores tratados de forma desumana, mesmo mortos, da misoginia, homofobia e desrespeito em geral pelos direitos humanos.
Como Bruno Fernandes disse no domingo passado, o Mundial é suposto ser alegria, ser festa, ser um escape, sobretudo com tudo o que tem acontecido nos últimos anos. Não devia decorrer sobre milhares de cadáveres, num país onde a maioria da humanidade não pode existir livremente.
Uma das coisas que mais me revolta nisto tudo é a atitude da FIFA. Não só não quiseram saber dos crimes do anfitrião deste Mundial como não toleram que alguém diga alguma coisa. Há semanas enviaram uma mensagem para as seleções participantes, essencialmente dizendo-lhes para enterrarem a cabeça na areia, calarem a boca e jogarem à bola. Foram ao ponto de proibir os ingleses de usarem uma braçadeira pró-LGBTQ+ e, pior ainda, os dinamarqueses de treinarem com camisolas estampadas com a mensagem “direitos humanos para todos”.
Direitos humanos! Eles censuraram uma mensagem pró-direitos humanos! Em que universo é que uma mensagem pró-direitos humanos é censurável?
Como se não bastasse, da mesma forma, os belgas também não puderam usar camisolas com a palavra "amor". Alguém devia experimentar pôr a tocar o Imagine do John Lennon, a ver se a FIFA e/ou os cataris também censuram.
Espero que as pessoas ignorem estes pedidos da FIFA e, mesmo que não boicotem o Mundial, não fiquem caladas. Como este adepto equatoriano. Eu, aliás, estou desiludida com a FPF por não esticar a corda, da maneira como os ingleses, os dinamarqueses e outros têm feito.
Por outro lado, não posso censurar quem opte por não dizer nada. Se as autoridades cataris chegaram a ameaçar jornalistas dinamarqueses no outro dia só porque pensavam que estes não tinham credenciais... E a FIFA está completamente no bolso destes tipos. Aliás, aparentemente um responsável da organização terá dito há uns anos, e cito, “menos democracia às vezes é melhor para organizar um Mundial” e, ainda este fim de semana, Gianni Infantino – e não tenho a certeza de que ele estava a brincar – disse que atribuiria um Mundial à Coreia do Norte.
Com isto tudo, tenho andado com medo que ocorra um incidente grave neste Mundial – já começou a acontecer. Coisas destas têm sido mais frequentes desde o regresso do futebol após a pandemia. Com todas as circunstâncias à volta deste Mundial, infelizmente acho que é quase inevitável.
Espero muito estar enganada.
Assim, mesmo tirando os problemas da Turma das Quinas da equação, não vou conseguir desfrutar deste Mundial da mesma forma. Uma parte de mim deseja que não ganhemos o Mundial desta vez, só para não termos esta mancha em algo que seria o nosso maior feito.
O que é uma pena pois estou de férias na semana dos nossos jogos com o Uruguai e a Coreia do Sul. Era algo que queria fazer há anos e nunca conseguira: tirar uns dias durante um campeonato de seleções, para ter tempo para escrever aqui no blogue e ver jogos à vontade – de Portugal e não só. Finalmente consigo e calhou ser este Mundial. Nem sequer vão haver fanzones.
Ao menos terei cafés e esplanadas.
Termino esta parte do texto deixando este link, onde poderão fazer donativos à Amnistia Internacional, para ajudar os trabalhadores maltratados a propósito deste Mundial. Eu já fiz um donativo, talvez faça mais, se me for possível. Se tiverem possibilidades para isso, façam o mesmo.
Regressando à nossa Seleção, devo dizer que o nosso grupo, os nossos Marmanjos – tirando Cristiano Ronaldo e mesmo assim – contrariam os meus sentimentos negativos. Não tenho muito a dizer sobre os Convocados – como disse António Tadeia umas quantas vezes, quase toda a gente iria escolher os mesmos, só mudaria um ou outro nome. Estou um bocadinho triste por Renato Sanches e, sobretudo, João Moutinho terem ficado de fora – este último não terá mais nenhum Mundial.
Também não tenho muito a dizer sobre o particular com a Nigéria, no Estádio de Alvalade. Tínhamos pensado ir, mas não deu. Um dos motivos foi o horário: o jogo começou às 18h45. Parecendo que não, fez-nos diferença. Não teria havido problema se o jogo tivesse começado às 19h45 da praxe.
Mesmo não tendo ido ao estádio, no dia do jogo só saí às 19h30 – ou seja, perdi a primeira parte, tirando ocasionais espreitadelas a sites de atualizações. Dizem que a primeira parte foi boa. Dois golos de Bruno Fernandes, um de penálti – e ainda terá desperdiçado um, em cima do intervalo.
No primeiro, João Félix fez de Rúben Neves, com um excelente passe à distância para a assistência de Diogo Dalot. Félix também estaria nos golos da segunda parte. Parece que o miúdo não tem tido vida fácil no Atlético de Madrid mas, conforme comentei algumas vezes na página, não percebo porquê. Félix está claramente num bom momento. Porque andam a implicar com ele?
O miúdo tem é de se mudar para um clube que o trate melhor.
Na segunda parte já estava à frente de uma televisão mas, como é costume nestes jogos, o ímpeto não foi o mesmo. Não deixaram de jogar bem, ainda assim.
O melhor período foi o que foi desde o penálti defendido por Rui Patrício até ao quarto golo. Como se não bastasse o primeiro, o guarda-redes já fizera uma bela defesa antes, mesmo ao seu estilo. Por estes dias ninguém se cala com Diogo Costa, eu incluída, mas Rui Patrício continua a ser Rui Patrício, ainda tem uma palavra a dizer. Somos abençoados por ter os dois. Se eu estivesse no lugar de Fernando Santos, ia alternando entre ambos – até por uma questão de gestão física.
E depois os dois golos, ambos jogadas coletivas, ambos com João Félix a assistir para a assistência, ambos momentos deliciosos. Sobretudo o segundo, com o grande passe de João Palhinha (foi ele, não foi?) para Félix e, depois, a assistência de Gonçalo Ramos de calcanhar.
Já viram o que estes meninos conseguem fazer? Já viram o que acontece quando as coisas se encaixam? É isto que me frustra. Temos todo este talento, mas, quando é a sério, isso não se traduz em bons desempenhos. Esta vitória perante a Nigéria entusiasmou uns quantos, os jogadores têm falado em ganhar o Mundial. Não vou mentir, conseguiram contagiar-me um pouco. Mas também… não estávamos numa situação parecida antes do Euro 2020? E como é que isso correu?
Mesmo tendo isto em conta e tudo o que foi discutido neste texto… no fim, continuo a ser eu. O meu default será sempre apoiar, acreditar. Como escrevi no mês passado, virar as costas não me traria felicidade nenhuma. Mesmo com todas as minhas reservas, enquanto for possível, acreditarei.
Passando a aspetos mais práticos, acho que conseguimos pelo menos passar a fase de grupos. Seria melhor passarmos em primeiro, a ver se evitamos o Brasil nos oitavos de final. Não digo que seria impossível vencê-los, mas… dizendo-o de uma forma simpática, apanharia toda a gente de surpresa.
A nossa estreia perante o Gana será esta quinta-feira. Será o nosso único jogo da fase de grupos em que estarei a trabalhar, mas isso não será completamente mau. Quero ter a experiência de um jogo de campeonato de seleções no meu emprego atual – que sempre atrai mais interesse que jogos de qualificações e afins.
Antes de terminarmos, uma nota rápida para dois temas de apoio à Seleção lançados recentemente. Um deles é a nova versão do Vamos Lá Cambada, o hino oficializado pela Federação – a FPF finalmente acertou. Pena ainda não estar no Spotify mas, com tudo isto, estou a tomar o gosto à versão original (talvez goste ainda mais desta).
Por outro lado, adoro Portugals dos Jesus Quisto, do Pôr do Sol. É uma paródia, mas gosto genuinamente do instrumental – rock misturado com ranchos folclóricos.
Os dois temas são parecidos, nesse aspeto: humorísticos mas muito portugueses. E ainda bem. Isto é futebol. Não precisa de ser levado demasiado a sério.
Acompanhem comigo a participação portuguesa neste Mundial, quer através deste blogue, quer através da página. E termino com uma citação de José Estebes: “Deixem-se de tretas, força nas canetas, que o maior é Portugal!”
(A parte do “força nas canetas” é para mim, não é? Afinal de contas, eu escrevo os rascunhos deste blogue à mão…)
No próximo dia 1 de setembro, a Seleção Portuguesa de Futebol receberá a sua congénere irlandesa no Estádio do Algarve. Este jogo contará para a Qualificação para o Mundial 2022, à semelhança do jogo do dia 7, em Baku, perante o Azerbaijão. Pelo meio, no dia 4, a Seleção disputará um jogo de carácter amigável contra o Catar.
Cá vamos nós outra vez, suponho eu.
Fernando Santos Divulgou os Convocados para esta jornada na passada quinta-feira, dia 26 de agosto. A lista inclui uma mão cheia de novidades: alguns regressos, algumas estreias absolutas.
Uma das estreias é de Diogo Costa, atual guarda-redes titular do F.C.Porto, se não estou em erro. Também do Porto, temos o médio Otávio – dizem que é dos melhores da Liga Portuguesa neste momento – naturalizado português. Pelo que publicou no seu Instagram, a Convocatória “chega como a realização de um sonho” e tenciona “retribuir o carinho de toda uma nação”.
Falando por mim, ele é muito bem-vindo.
Por outro lado, temos o caso do Matheus Nunes. Não chegou a ser Convocado desta vez, mas Fernando Santos abriu-lhe a porta. Foi, no entanto, chamado à Seleção do Brasil. Ainda não percebi qual das seleções ele quer representar – já ouvi ambas as versões possíveis.
Enfim. Espero que nem Fernando Santos nem a Federação cometam a asneira de se porem de joelhos perante ele. Deixem ser Matheus a tomar essa decisão.
Eu estava feliz pela Convocatória de Gonçalo Inácio – ele merecia ter ido ao Europeu e, como tenho vindo a referir, precisamos de mais opções para centrais – pena ele ter-se lesionado. Digo o mesmo de Ricardo Pereira. Ninguém merece! Ao menos Domingos Duarte está de volta.
Por outro lado, o regresso de João Mário tem causado alguma controvérsia. Não tanto porque as pessoas acham que ele não merece, mais porque esta é o primeiro compromisso da Seleção desde que ele trocou o Sporting pelo Benfica. Há quem ache que não é coincidência.
Não vou tentar convencer ninguém do contrário. Aliás, nesta altura, não tenho vontade de defender Fernando Santos – mais sobre isso já a seguir. Dito isto, a mim pouco importa o clube do jogador, nem se esse pesou ou não na escolha. Só me interessa se ele foi bem Convocado ou não.
Eu acho que foi.
O problema destas discussões é que a maior parte das pessoas, como diz um amigo meu, usa lentes da cor dos respectivos clubes. Fica difícil distinguir as opiniões legítimas das enviesadas.
Falemos, então, sobre os nossos adversários. A República da Irlanda é um caso curioso. Ao contrário da maior parte das seleções que encontramos em fases de apuramento, só contamos quatro jogos contra eles nos últimos vinte e um anos. E mesmo assim os dois últimos jogos foram meros particulares.
Do de fevereiro de 2005 – uma derrota por 1-0 – não me lembro de nada. Lembro-me só de ter ficado chateada – muito mais do que ficaria hoje ou mesmo um par de anos depois. Eu tinha quinze anos, acompanhava a Seleção há pouco tempo e é possível que estivesse a passar por uma zona turbulenta da minha adolescência.
O outro jogo foi em 2014, quando já tinha este blogue. Ainda assim, recordo-me pouco dele. Foi daqueles jogos particulares antes de campeonatos de seleções, que raramente ficam na História, mesmo quando escrevo sobre eles.
No geral, o histórico dos nossos confrontos com os irlandeses é favorável a nós. Mesmo o passado recente deles não é brilhante. Estão na Divisão B da Liga das Nações, mas ficaram em terceiro lugar no grupo. E ainda não pontuaram nesta Qualificação. Eles perderam contra o Luxemburgo! É certo que o Luxemburgo não é o mesmo alvo fácil de há uns anos, mas mesmo assim.
Com tudo isto em conta, à partida, os irlandeses estarão ao nosso alcance. É claro que a prática às vezes é diferente, mas nesta altura isto já está implícito.
Na verdade, aquilo que mais me interessa nos irlandeses são os seus adeptos. Sobretudo aqueles que estiveram em França, durante o Euro 2016 (e já tinham dado um ar de sua graça durante o Euro 2012). Na minha opinião, a República da Irlanda devia ser automaticamente qualificada para todos os campeonatos de seleções só por causa dos seus adeptos. Um grupo simpático, divertido, barulhento mas ordeiro, que canta para freiras, bebés, adeptos adversários (com muito mais educação que noventa e nove por cento das claques), que apanha o lixo que eles próprios fizeram.
Por outras palavras, o completo oposto dos degradantes adeptos ingleses, como se viu durante o Euro 2020.
Tenho pena de não poder ir ao Algarve ver este jogo, em parte porque queria conhecer estes adeptos. Também não sei se eles virão ao Estádio – com a pandemia é tudo muito incerto. Mas espero que venham.
De qualquer forma, com ou sem irlandeses, vai ser bom ver o público português de volta aos jogos da Seleção.
Uma historieta curiosa: eu de certa forma previ que a República da Irlanda seria nossa adversária na Qualificação. Poucas horas antes do sorteio, numa das publicações da página de Facebook deste blogue, comentei que a Irlanda seria um bom adversário precisamente por causa dos adeptos. Acabei por adivinhar o futuro…
Não é preciso falar sobre o Azerbaijão – fizemo-lo há pouco tempo. Devia, no entanto, dedicar alguns parágrafos ao Catar, mas não tenho muito a dizer. Será a primeira vez que os defrontamos – não existe histórico para analisar. Com base nos últimos resultados deles, parecem ser de nível médio-baixo.
Para ser sincera – e aposto que não sou a única – eu dispensava este particular. É o jogo do meio numa jornada tripla com duração de uma semana, obriga a deslocações chatas. Mas pronto, é um caso semelhante ao da França durante a Qualificação para o Euro 2016: o anfitrião é sorteado para um dos grupos e disputa amigáveis com cada uma das equipas.
Bem, sempre dará para fazer experiências. Ao menos não teremos mesmo de ir até ao Catar. Apenas até Debrecen, na Hungria. Aposto que já tinham saudades dos húngaros homofóbicos…
Não estou com grande entusiasmo para estes jogos da Seleção. A amargura com a nossa participação no Europeu ainda não passou. Além disso, é desconfortável torcer pela Turma das Quinas quando já não confio no Selecionador. Pelo menos não como antes do Europeu.
Não que não acredite na Equipa de Todos Nós para estes jogos de Apuramento. Os desempenhos da Seleção têm deixado a desejar mas, tal como já tinha escrito antes, penso que serão suficientes para nos Qualificarmos – mesmo não praticando um futebol muito bonito ou entusiasmante. As minhas dúvidas dizem respeito ao que acontecerá depois – quando enfrentarmos adversários como aqueles que não conseguimos vencer no Europeu.
Bem, também não adianta pôr a carroça à frente dos bois. Só chegaremos a essa fase no próximo ano. Pode ser que recupere o meu entusiasmo até lá – se a Qualificação de facto correr bem, sem (mais) percalços desnecessários e se tiver a oportunidade de ir a um jogo. Vou fazer por me recordar do compromisso de há um ano atrás, quando andava felicíssima por ter a Turma das Quinas de volta depois de meses de pausa.
O mais importante, de facto, é continuarmos a ter a Seleção, é estarmos todos juntos, é termos o Estádio do Algarve esgotado. É termos este escape nestes tempos tão conturbados. É ganharmos os próximos jogos da Qualificação. Lidaremos com o resto depois.
Obrigada pela vossa visita, como sempre. Acompanhem este compromisso triplo aqui no blogue e na sua página de Facebook.
No passado sábado, dia 17 de novembro, a Seleção Portuguesa de Futebol empatou sem golos com a sua congénere italiana, em San Siro, em jogo a contar para a fase de grupos da Liga das Nações. Com este resultado, Portugal garantiu presença na fase final da Liga – onde tudo indica que será anfitrião. Três dias mais tarde, a Seleção Nacional empatou a uma bola com a sua congénere polaca, no Estádio Afonso Henriques, em Guimarães. Este jogo serviu apenas para cumprir calendário.
Talvez tenham estranhado não ter publicado uma crónica antes desta dupla jornada. Conforme expliquei na página de Facebook deste blogue, não se justificava. Eram adversários com quem tínhamos jogado pouco tempo antes e não tinha quase nada a dizer sobre as novidades na Convocatória. Não quis estar a perder tempo com um texto que não acrescentaria nada.
Não se admirem se voltar a fazer o mesmo em alturas semelhantes, no futuro.
E a verdade é que esta dupla jornada foi pouco interessante, na minha opinião. É ótimo termos garantido lugar na fase final da Liga das Nações, não me interpretem mal. Mas os jogos em si foram, perdoem-me a expressão, uma seca. Além de que, de uma maneira muito típica comigo, o timing podia ter sido melhor.
Pelo menos no que toca ao jogo com a Itália, no sábado. Não consegui prestar muita atenção porque estava distraída com várias coisas. Por exemplo, estava a fazer o jantar à pressa, a consumi-lo e a arranjar-me para sair (sim, tinha planos para um sábado à noite. Não é habitual comigo, mas acontece).
Acho que não perdi muito, para ser sincera. Na primeira parte, só deu Itália – o seu ímpeto ofensivo empurrou Portugal para um bloco baixo, do qual os Marmanjos não conseguiram sair. Nos bocadinhos em que pude olhar para a televisão, reparei que os nossos mal saíam do seu meio-campo. Quando a bola escapava para terreno italiano, não estava lá ninguém para pegar nela. O guarda-redes Gianluigi Donnarumma podia ter aproveitado a primeira parte para um “pisolino”, como se diz em italiano, que não teria feito diferença.
Por seu lado, Rui Patrício é capaz de ter sido o melhor português da noite. As suas defesas impediram que o domínio italiano se traduzisse em golos. Se Portugal conseguiu segurar o empate e garantir um lugar na fase final, Patrício terá sido o principal responsável.
Só temos de dar graças por termos um guarda-redes de classe mundial do nosso lado.
Por alturas da segunda parte, os italianos começaram a perder o gás, após quarenta e cinco minutos de intensidade. Ao mesmo tempo, a entrada de João Mário catalisou um maior domínio de Portugal, nesta fase do joo.
Ainda assim, o primeiro remate portuga enquadrado com a baliza ocorreu apenas aos setenta e seis minutos – isso alguma vez tinha acontecido num jogo da Seleção? E o maior ímpeto português não chegou para marcar golos, apenas para segurar o empate.
Sim, foi um jogo fraquinho. Uma versão extrema do Pouco Importa, do “de empate em empate até ao empate final”. Não vou criticar muito porque, em primeiro lugar, foi o suficiente para a final four e vínhamos de duas vitórias no grupo. Além disso, foi só há pouco tempoque voltámos a ganhar à Itália, após décadas de seca. Consta, até, que esta foi a primeira vez que não sofremos nenhum golo em terreno italiano.
Havemos de regressar aqui ao copo meio cheio (que, na verdade, é mais copo três quartos cheio). Para já, falemos sobre o jogo com a Polónia – este apenas para cumprir calendário.
Este foi um daqueles dias em que saí do trabalho às oito da noite, logo, só consegui acompanhar a primeira parte (e mesmo assim não toda) via rádio. Como este era, na prática, um jogo amigável, Fernando Santos aproveitou para fazer experiências. Mudou sete jogadores em relação ao jogo com a Itália. Voltou, assim, a ser um jogo pouco excitante.
Ao menos foi mais equilibrado que a partida de sábado, em San Siro. Renato Sanches assinou um par de remates (e aposto que os polacos sentiram calafrios sempre que o miúdo pegava na bola). Por outro lado, Beto ia metendo água aos nove minutos (ainda bem que só vi a cena mais tarde, nos resumos), mas depois redimiu-se, aos quinze minutos, negando o golo a Frankowski, em grande estilo.
O golo portuga chegou aos trinta e quatro minutos. Renato Sanches cobrou um pontapé de canto, André Silva desviou de cabeça para as redes polacas.
O tempo passa, várias coisas mudam, muitas delas para pior, o meu foco já não é o mesmo que há uns anos. No entanto, se há coisas que não falham em deixar-me feliz são golos das Quinas. Quer sejam em jogos de Europeus ou Mundiais, quer sejam jogos a feijões, como este. Sou uma mulher simples.
Já estava em casa quando começo a segunda parte do jogo, mas infelizmente as coisas não correram tão bem. Os polacos dispuseram de algumas ocasiões, perto da hora de jogo, incluindo uma em que João Cancelo teve de defender de cabeça, em cima da linha de baliza.
Tem andado a jogar muito bem, o miúdo, sobretudo nesta fase de grupos. Estou contente.
Infelizmente, aos sessenta e um minutos, William Carvalho fez um mau atraso, a bola foi parar a Milik e Danilo viu-se obrigado a travá-lo em falta, na grande área. À primeira vista, talvez fosse um castigo demasiado duro, mas suponho que fosse uma situação clara de golo. Foi o próprio Milik quem converteu o penálti (que teve de ser batido duas vezes, não percebi bem porquê).
Depois desta, Portugal não conseguiu fazer mais do que defender, apesar de Éder e Bruma terem entrado. Beto voltou a esmerar-se, em cima do minuto oitenta, para defender um remate de Zielinski. No fim, o empate manteve-se.
Eu teria preferido encerrar o ano da Seleção com uma vitória mas, mais uma vez, não me vou queixar muito. Este resultado já não contava para a Qualificação para a fase final. Consta, aliás, que fomos a única seleção na Liga A a concluir esta fase de grupos sem uma derrota.
Eu, no entanto, acho que quatro jogos são muito poucos para tirar grandes conclusões.
Na verdade, nós fomos os menos afetados pelo resultado deste jogo. Este empate influencia o futuro próximo da Polónia e… da Alemanha. Sim. este ponto permitiu à Polónia passar à frente dos seus vizinhos alemães, no ranking da FIFA. Assim, ganharam o estatuto de cabeças-de-série na Qualificação para o Euro 2020.
Agora que penso nisso, é a segunda vez que os polacos se enfiam na mesa dos cabeças-de-série, deixando um tradicional tubarão de fora. Aconteceu no ano passado, no sorteio para o Mundial, com a Espanha – e quem pagou fomos nós. Só espero que, neste Apuramento, a fava calhe a outro – embora, desta feita, tenhamos algumas culpas no cartório, por não termos vencido a Polónia.
O que nos leva ao futuro próximo. No domingo, dia 2 de dezembro, realiza-se o sorteio dos grupos de Apuramento para o Europeu. Portugal será cabeça-de-série. Nesta Qualificação, os dois primeiros em cada um dos dez grupos passam à fase final – vinte seleções, portanto. Para as últimas quatro vagas, será realizado um playoff. Os participantes serão escolhidos de acordo com o seu desempenho na Liga das Nações.
Ainda bem que esta fase de grupos nos correu de feição. Em princípio, teremos este plano B. Eu acho que será preciso as coisas correrem muito mal para não conseguirmos pelo menos um segundo lugar, mesmo que nos calhe a Alemanha no grupo. Mas, três vezes na madeira, nunca se sabe.
Entretanto, teremos a fase final da Liga das Nações. Ainda não foi anunciado oficialmente, mas tudo indica que seremos nós a organizar. O que é ótimo, claro. Os jogos decorrerão no Estádio D. Afonso Henriques e no Estádio do Dragão. Ando a pensar tirar uns dias nessa altura para ir ver os jogos, se não for demasiado caro. Apoiava a Seleção, ficava a conhecer os estádios e dava uma volta pelo Porto e por Guimarães (não vou lá há anos). O sorteio realiza-se no dia 3 de dezembro (não percebo porque não o fazem no mesmo dia que o sorteio da Qualificação, mas pronto).
Havemos de falar melhor sobre o futuro e os resultados desses sorteios na crónica de Ano Novo. Esta terá a mesma estrutura das duas últimas: com o melhor e o pior do ano. Posso eventualmente só publicar em meados de janeiro, como no ano passado. Agradeço desde já a vossa paciência.
Entretanto, já sabem, podem ir acompanhando as coisas na página de Facebook deste blogue.
Na passada segunda-feira, dia 28 de maio, a Seleção Portuguesa de Futebol empatou a duas bolas com a sua congénere tunisina, em jogo de carácter particular, no Estádio Municipal de Braga.
Este resultado fez soar alguns alarmes, não sem alguma razão, mas eu não achei o jogo assim tão mau. A primeira parte, pelo menos, não o foi. A primeira oportunidade pertenceu à Tunísia, no primeiro minuto, mas depois disso foi sobretudo Portugal – muito graças a Ricardo Quaresma, Bernardo Silva, João Mário e André Silva. O primeiro, aliás, desperdiçou uma, de baliza aberta, aos dez minutos (a sério, Quaresma?!?).
Felizmente, compensou mais tarde quando, após iniciativa de William e Bernardo Silva, assistiu para André Silva marcar de cabeça, inaugurando o marcador.
Diz-se que foi o milésimo golo de sempre da Seleção Portuguesa. Muito gilo e tal mas, sejamos sincermos, ninguém se vai lembrar disso, ou mesmo deste jogo, daqui a duas semanas, ou menos.
Não que tenha sido um mau golo, para milésimo da Seleção. Mas o milésimo-primeiro foi melhor. Na sequência de um canto, um dos médios da Tunísia aliviou mal e João Mário, a meio metro da grande área, aproveitou para disparar, de primeira, para as redes tunisinas.
Isto, curiosamente, no preciso momento em que a minha irmã dizia ter saudades do trio William-Adrien-João Mário no Sporting. Não sei ao certo como correram as coisas ao João no West Ham, mas é bom saber que ele ainda tem cartas para dar pela Equipa das Quinas.
Infelizmente, a vantagem de duas bolas não durou muito: cinco minutos mais tarde, os avançados tunisinos fizeram o que quiseram da defesa portuguesa e Anice Badri conseguiu marcar – também com um belo tiro, por sinal.
Ainda assim, na segunda parte do jogo, manteve-se a tendência ofensiva portuguesa. Destaque para duas ocasiões, uma de João Mário, outra de Bernardo Silva – nessa, Bernardo atirou ao poste, João Mário ainda tentou a recarga, mas o guarda-redes defendeu.
Se essa bola tivesse entrado (essa e/ou outras!), a história do jogo podia ter sido diferente. Em vez disso, mais uma falha da defensiva portuguesa permitiu à Tunísia chegar ao 2-2.
Depois desta, com as substituições, o cansaço e tudo o resto, Portugal nunca mais conseguiu reencontrar-se no jogo. O resultado manteve-se até aos noventa – ou melhor, até um bocadinho antes, porque o árbitro não concedeu tempo de compensação em nenhuma das partes, vá-se lá saber porquê.
É frustrante acabar um jogo empatado quando se estive a ganhar por 2-0. Eu, no entanto, não fiquei assim tão chateada com isso. Em parte, porque a anterior dupla jornada de particulares (sobretudo o último jogo) me deixou com baixas expectativas; em parte, porque já vi particulares piores em fases equivalentes de preparação de Europeus e Mundiais (com e sem Ronaldo); em parte porque… é só um particular, é para isso que eles servem!
Mesmo assim, Fernando Santos parecia irritado na flash-interview e tinha motivos para isso. A frase “Estou farto de avisar para estes lances” diz tudo. E, de facto, se formos a ver, andamos a sofrer bastantes golos nos últimos tempos. O que não era habitual: nem durante o Euro 2016 nem durante a última Qualificação.
Qual será o problema? Será porque o Rui Patrício não tem jogado nos particulares? Será porque, em jogos a feijões, os Marmanjos não se empenham tanto? Ou será algo mais complicado?
Qualquer que seja a razão do problema, é bom que este seja resolvido antes do Mundial. Afinal de contas, a consistência da defesa foi uma das coisas que nos deu o título de Campeões Europeus.
Felizmente, tanto o Selecionador como os Marmanjos têm garantido, ao longo da semana, que estão a trabalhar nesse aspeto. A ver se veremos resultados nos próximos particulares.
Portugal tinha todas as condições para ter vencido a Tunísia mas, pensando em termos de preparação do Mundial, até foi bom não o ter feito. Um terceiro golo poderia ter feito com que os tunisinos desistissem de lutar pela vitória e o problema da defesa ficaria mascarado. Talvez se revelasse apenas no jogo com a Bélgica ou com a Argélia e teríamos menos tempo para corrigir antes do Mundial. Pode ser que isto seja Deus a escrever por linhas tortas.
Hoje, então, jogamos contra a Bélgica – que todos consideram uma das melhores seleções do Mundo e eu continuo sem saber ao certo porquê. É certo que possui uma mão-cheia de individualidades (Hazard, Lukaku, Courtois, Kompany, entre outros), mas os percursos em campeonatos de seleções anteriores, não sendo maus, não foram de extraordinário, na minha opinião. A última vez que jogámos contra eles correu bem para o nosso lado.
Não deixam de ser um bom adversário, claro, o mais difícil destes três particulares. Aliás, depois destes últimos jogos assim-assim, estou curiosa (e um bocadinho apreensiva) por ver a Seleção atual perante um adversário de calibre considerável.
Vou aproveitar a ocasião e falar já sobre o jogo com a Argélia, que decorrerá no Estádio da Luz… e eu estarei lá. Quero aproveitar todas as oportunidades para ir a jogos da Seleção enquanto puder – nada me garante que consiga fazê-lo daqui a uns anos. Além disso, tenho uma camisola por estrear.
Acho que vai ser a primeira vez que jogamos contra a Argélia. Confesso que não sei muito sobre esta seleção: apenas que não se Qualificou para o Mundial 2018 e que Yacine Brahimi, do F.C.Porto, e Islam Slimani, que era do Sporting, fazem parte. Não sei se foram Convocados para este jogo, no entanto. A minha irmãzinha sportinguista, que vem comigo ao jogo, ficará feliz se vir o Slimani – mas não sei se o público da Luz concordará com ela.
Não sei ao certo quando conseguirei escrever sobre estes jogos. Junho vai ser um mês complicado no meu emprego – logo agora, que vem aí o Mundial! Não sei como vou dar conta do recado com este blogue. Talvez escreva sobre dois jogos de cada vez, como fiz antes. Talvez, em vez de crónicas em texto corrido, escreva as minhas análises sob a forma de notas soltas. Hei de arranjar uma solução – mas fica desde já o aviso de zona turbulenta.
Ao menos devo ser capaz de manter a página de Facebook atualizada, o que é melhor do que nada. Obrigada pela vossa paciência, como sempre. Continuem desse lado.
Na passada sexta-feira, dia 10 de novembro, a Seleção Portuguesa de Futebol venceu a sua congénere saudita por três bolas sem resposta, no Estádio Municipal do Fontelo, em Viseu. Três dias depois, empatou a uma bola sua congénere norte-americana no Estádio Magalhães Pessoa, em Leiria. Ambos os jogos tiveram carácter amigável e solidário.
Para um particular ao qual faltaram vários titulares habituais, o jogo com a Arábia Saudita correu bastante bem. Como não pude prestar muita atenção a este jogo, não vou escrever muito sobre ela. Consegui ver, no entanto, que Portugal entrou muito forte no jogo, sobretudo graças a Manuel Fernandes e a Gonçalo Guedes – um dos principais responsáveis pelos inúmeros remates falhados pelas Quinas.
A bola só entrou na baliza à meia-hora de jogo. Guedes assistiu para Manuel Fernandes, que rematou diretamente para as redes.
Alguém estava com saudades da Equipa de Todos Nós.
Na segunda parte, foi Ricardo Pereira a assistir para o remate certeiro de Guedes – finalmente. O rapaz já tinha justificado. Depois de semanas e semanas de elogios a propósito no desempenho no clube, o talento confirmava-se com a Camisola das Quinas. A Seleção agradece.
Portugal abrandou ligeiramente em certas alturas, durante o resto da segunda parte, mas não deixou de dominar. Os sauditos também, verdade seja dita, pouca luta deram. Foi um jogo de sentido único. O Anthony Lopes deve ter apanhado uma seca.
Finalmente, já em tempo de compensação, João Mário fechou o marcador com um remate de fora de área.
Foi um bom particular, como disse antes. Acima da média para as circunstâncias. O jogo com os Estados Unidos, por sua vez, foi muito mais parecido com o habitual: mediano, mesmo secante, em certas alturas.
Fernando Santos deixou de fora jogadores como André Silva, João Mário e Bernardo Silva – peças importantes na Turma das Quinas durante a última Qualificação – meteu Gonçalo Guedes numa posição diferente e a equipa ressentiu-se. Apresentou-se desconjuntada, sobretudo durante a primeira parte. O facto de os americanos terem mais rotinas e estarem uns quantos furos acima da Arábia Saudita não ajudou Portugal.
Acho uma certa piada ao facto de o melhor adversário destes particulares ser aquele que não vai ao Mundial.
O início do jogo foi dominado quase totalmente pelos Estados Unidos. O golo à volta do vigésimo minuto não surpreendeu. De notar que a defesa portuguesa abriu alas para McKenzie rematar – o estreante Ricardo Ferreira ficou mal na fotografia. Beto, na baliza, não pôde fazer nada.
Felizmente, não ficámos muito tempo em desvantagem. Dez minutos depois, numa altura em que a Seleção Portuguesa estava um pouco mais atrevida, Antunes cruzou para a pequena área norte-americana (ele garante que era um cruzamento). À primeira vista, o guarda-redes parece agarrar a bola, mas acaba por deixá-la passar entre as pernas e cruzar a linha de baliza.
Confesso que não evitei uma gargalhada, com um pouco de malícia. Todos os guarda-redes têm momentos infelizes como este de vez em quando, uns mais do que outros. O nosso Rui Patrício, por exemplo, sofreu um golo muito parecido com este há uns anos – por sinal, num jogo bem mais importante que este: um mísero particular que, nesta altura, muitos já terão esquecido.
Mas, tenho de dizer, sabe muito melhor quando, por uma vez, são os nossos adversários a cometer estas fífias.
As coisas melhoraram na segunda parte, com as entradas de João Mário, Bernardo Silva e o estreante Gonçalo Paciência. Portugal esteve perto de chegar à vantagem – sobretudo quando Gonçalo Paciência atirou à barra.
Perdeu-se uma oportunidade para Gonçalo estrear-se a marcar pelas Quinas perante o mesmo adversário que o seu pai, Domingos.
Já que falamos em pais e filhos na Seleção… vai ser engraçado se/quando outros filhos de jogadores das Quinas (de 2002 para a frente, que foi mais ou menos quando comecei a seguir a Equipa de Todos Nós) vestirem, também, a Camisola. O filho do Cristiano Ronaldo parece estar num bom caminho… mas, meu Deus, eu não quereria lidar com esse legado.
Regressando ao jogo com os Estados Unidos, Beto foi um dos destaques. Em parte, há que dizê-lo, porque a defesa portuguesa deixava muito a desejar.
Faz parte do processo. Se não queremos ter o Pepe, o Bruno Alves ou o José Fonte a jogar de bengala, temos de Chamar jovens e dar-lhes espaço para cometerem erros, adaptarem-se à posição e ao peso da Camisola.
Não deixaram de ser umas belas defesas da parte do Beto, mesmo assim. Incluindo uma, acrobática, que fez as delícias de muitos, começando pelo comentador da RTP.
Entre ele e Rui Patrício, as redes portuguesas estão em boas mãos. E pés.
O marcador, no entanto, permaneceu empatado até ao fim.
Esta jornada correu, assim, mais ou menos consoante o esperado. Para além da parte solidária, deu para ver que não falta matéria-prima da boa, com que Fernando Santos poderá trabalhar. Resta-nos fazer figas para que os bons momentos de forma aguentem até maio/junho. Quero ver, por exemplo, quantos destes Convocados regressarão para o(s) jogo(s) de março.
É essa a parte chata: os quatro meses de interregno até aos próximos jogos da Seleção. Já é habitual e, às vezes, como no ano passado, até dão jeito para curar o desgaste.
Até porque, dia 1 de dezembro, realiza-se o sorteio da fase de grupos do Mundial. Portugal é cabeça-de-série, evitando tubarões como a Alemanha (graças da Deus!). Mas ainda corre o risco de apanhar adversários de algum calibre, como a Espanha ou a Inglaterra.
A ver no que dá. Como já vai sendo habitual, depois do sorteio, farei uma breve análise ao que nos sair na rifa.
Depois disso, temos a revisão do ano. No ano passado meti água, mas quero tentar novamente este ano (ênfase no “tentar”). Não vou recorrer ao modelo antigo, em que falava de todos os jogos do ano – foi uma das coisas que me deitou abaixo no ano passado e acho que para vocês, leitores, era uma seca.
Quero, assim, experimentar um novo formato – que deverá resultar em textos mais curtos e sintéticos. Vou tentar, aliás, escrever uma revisão de 2016. Um ano excelente como esse merece a sua própria crónica, mesmo que venha atrasada.
Podem, então, contar com três textos novos neste blogue nas próximas semanas. Não posso prometer nada, conforme já dei a entender acima, mas vou tentar.
Em todo o caso, já sabem que continuarei a acompanhar todas as notícias sobre a Seleção na página de Facebook deste blogue. Deem uma espreitadela!