No passado dia 4 de junho, a Seleção Portuguesa de Futebol empatou sem golos com a sua congénere espanhola. Mais tarde, no dia 9, venceu a sua congénere israelita por quatro bolas sem resposta. Ambos os jogos foram de carácter particular. Agora, estamos em contagem decrescente para a nossa estreia no Euro 2020, perante a Hungria, em Budapeste.
Antes de começarmos, não posso deixar de falar sobre o que aconteceu no jogo entre a Dinamarca e a Finlândia. Eu, como muita gente, apanhei um susto, apesar de não saber nada sobre Christian Eriksen – e à semelhança de muitos amantes portugueses de futebol, tive recordações horríveis do que aconteceu com Miklos Feher em 2004.
Felizmente, evitou-se a tragédia e o mundo do futebol respirou de alívio. Já muitas pessoas elogiaram os intervenientes (os colegas de equipa, os adversários, os médicos, os adeptos gritando por Eriksen no estádio). Eu assino por baixo de todas. É muito triste que isto tenha acontecido no Europeu que já tinha sido adiado por motivos de saúde, num dos poucos jogos com público esta época. Mas o mais importante é que Christian sobreviveu. A história teve um final feliz.
Passemos à frente.
Este é apenas o meu segundo texto aqui no blogue desde que entrámos em modo Europeu. Eu tinha avisado que seria assim, mas ainda é estranho. Nestes últimos dias às vezes penso em Europeus e Mundiais anteriores. Escrevia muito mais aqui, andava mesmo mais entusiasmada do que me sinto hoje.
A verdade é que estou mais velha e menos disponível para andar sempre a pensar na Seleção. Além disso, já são treze anos de blogue, muitos jogos, muitos campeonatos, parte da novidade perdeu-se – pelo menos no que toca aos estágios de preparação. Os jogadores dão quase sempre as mesmas respostas politicamente corretas nos contactos com os jornalistas e os jogos particulares têm pouco valor preditivo do que acontece quando é a doer – mais sobre isso já a seguir.
Também não tenho muito a dizer sobre as campanhas publicitárias: não são más, mas nenhuma é absolutamente extraordinária. Gosto do facto de a do Continente não se limitar à Seleção A e estou a fazer a coleção de cromos deles. A da Galp também está gira – eles nunca desiludem.
Quanto à música de apoio, Vamos Com Tudo… aprecio a intenção e não desgosto. No entanto, como cheguei a explicar na página de Facebook (a publicação já lá não está porque houve cometi a asneira de reativar a versão antiga das páginas e perdi os últimos três meses de publicações, mais coisa menos coisa. Ao menos ainda tenho este tweet), nesta fase a FPF tem de tirar a cabeça da areia e fazer d’A Minha Casinha a música oficial da Seleção.
Falemos então dos particulares, começando pelo primeiro. O jogo com a Espanha não foi brilhante da parte de Portugal. Vejam-se as estatísticas ao intervalo: setenta por cento de posse de bola para nuestros hermanos. Ainda assim, como disse Fernando Santos mais tarde, os espanhóis não fizeram nada de transcendente. Rui Patrício teve poucas ocasiões para brilhar, ao contrário do que tinha acontecido no jogo anterior com a Espanha, em outubro do ano passado.
Por outro lado, foi bom ver Pepe de novo a jogar pela Seleção, passados estes meses todos. Já tinha saudades dele. Ao mesmo tempo, José Fonte esteve bem, tirando uma falha ou outra. Chegou mesmo a enfiar a bola na baliza aos vinte e dois minutos – o único em todo o jogo a conseguir fazê-lo. O problema foi ter-se empoleirado em Pau Torres para chegar à bola – árbitro nenhum deixaria passar.
Pena Fonte não ter conseguido marcar de maneira legal. Teria piada: outro golo contra a corrente do jogo, cerca de 24 horas depois das meias-finais dos sub-21.
Já que falamos de centrais, adiantemo-nos um bocadinho e falemos de Danilo. Fernando Santos colocou-o a central na segunda parte e acho que todos concordam que ele se saiu bem. Podemos não concordar com esta opção de Fernando Santos, mas ao menos a qualidade de Danilo não será um problema.
Quem gostei muito de ver neste jogo (e não fui a única) foi Renato Sanches. Tirando umas faltas parvas que ele cometeu na primeira parte, terá sido um dos melhores portugueses em campo – com umas arrancadas fazendo lembrar o Euro 2016. Num dos contactos com os jornalistas, Renato disse que se sente melhor jogador hoje do que há cinco anos. Preciso de vê-lo mais vezes em campo para confirmá-lo, mas parece-me que está pelo menos ao mesmo nível.
Não há muito mais a dizer sobre este jogo. Como disse antes, Portugal não começou bem, mas foi crescendo ao longo dos primeiros quarenta e cinco minutos. A segunda parte foi mais aberta, mais individualista – os lançados Pedro Gonçalves e Nuno Mendes deram uns ares de sua graça – mas mesmo assim nada por aí além. Apesar da ligeira superioridade espanhola, o empate acabou por ser um resultado justo.
Muitos de nós estavam à espera de um bocadinho mais, eu incluída, mas um empate com uma das nossas maiores bestas negras – só lhes ganhámos uma vez em jogos oficiais e, mesmo em jogos particulares, a última vitóriafoi há mais de dez anos – nunca é um mau resultado.
Além disso, da minha experiência, os primeiros particulares da preparação para um Europeu ou Mundial nunca são brilhantes e nunca ficam na História. Por exemplo, quantos de nós se lembram que antes do Mundial 2018, há três anos, empatámos com a Tunísia? Eu não me lembrava!
Nessa linha, os últimos particulares não são necessariamente mais memoráveis mas, nos últimos anos, a tradição tem sido escolher um adversário mais acessível para garantir uma vitória fácil, mesmo generosa. Para dar moral e quebrar alguns enguiços (não é, Cristiano?). Antes do jogo, não incluía Israel nesse grupo, estava até à espera de um jogo um pouco mais difícil, mas é provável que tenha sido essa a intenção.
Suponho que ainda estava com os nossos jogos de 2013 na mente. Esqueci-me que, hoje, Portugal é melhor equipa.
Os portugueses entraram bem no jogo, com uma oportunidade logo aos dois minutos – eu ainda mal me aperceber que o jogo tinha começado. Como disse Fernando Santos, “podíamos ter feito dois ou três golos nos primeiros vinte e cinco minutos”. O problema era a finalização – Diogo Jota, por exemplo, não estava inspirado.
Por estes dias, tem havido quem fale em alinhar André Silva ao lado de Cristiano Ronaldo: o segundo melhor marcador do campeonato alemão ao lado do melhor marcador do campeonato italiano. Compreendo que critiquem Fernando Santos por, ao que parece, não investir nessa opção. Até concordo em parte – afinal de contas, essa dupla deu bons resultados entre 2016 e 2018, mais coisa menos coisa.
Dito isto, também compreendo que Fernando Santos não queira ir por aí, para já. André Silva teve um par de épocas menos conseguidas e acabou por perder lugar na Seleção – nas poucas oportunidades de que tem disposto, ainda não deu motivos ao Selecionador para apostar nele. Ao mesmo tempo, Diogo Jota tem sido uma peça importante na Turma das Quinas após o hiato da pandemia – e toda a gente sabe o que se diz sobre equipas que ganham.
É daquelas coisas que, em teoria, são boa ideia mas que é difícil passar à prática. Infelizmente não estou a ver André Silva como opção de primeira linha neste Europeu. Mas poderá vir a ser um trunfo secreto numa situação de aperto.
Regressando ao jogo com Israel, foram precisos quarenta e dois minutos para se chegar ao golo. Bom entendimento à direita entre Bernardo Silva e João Cancelo, este último assistiu para Bruno Fernandes que não falhou.
Este jogo estava fadado para ter golos aos pares, perto do final de cada uma das partes. O segundo golo veio poucos minutos depois do primeiro. Bruno Fernandes também esteve neste – assistiu para Ronaldo, que beneficiou de um frango do guarda-redes Marciano.
Na segunda parte, Fernando Santos mudou a estratégia e, como acontece em muitos particulares deste género, a qualidade decaiu. Chegou a ser secante nalguns momentos. Mas felizmente tivemos direito a um segundo par de golos, ao cair do pano.
Aquele remate de João Cancelo, encontrando um corredor para a baliza no meio de uma grande área cheia, para começar. E depois o tiro de Bruno Fernandes (após assistência de Gonçalo Guedes), à entrada da área, mesmo no canto superior esquerdo da baliza. Ninguém podia defender aquela.
Para mim estes foram os melhores em campo: Cancelo e Bruno Fernandes. Quem diria que finalistas europeus de clubes fariam a diferença, não é?
Pena é Cancelo ter testado positivo para o Coronavírus e ir falhar o Europeu. Logo agora que ele se revelava tão promissor, ele que podia combinar-se com Bernardo Silva!
Ao menos sempre é uma oportunidade para o Diogo Dalot.
Regressando ao particular com Israel, este foi um bom jogo. É claro que temos de dar um desconto por ser uma equipa como Israel, no entanto. Quem nos dera que as coisas fossem assim tão fáceis no Euro.
...e daí talvez não. Como toda a gente sabe, é quando as coisas são demasiado difíceis que Portugal se atrapalha.
De qualquer forma, os particulares são águas passadas, o Europeu já começou. Citando Rui Reininho, “agora é a doer”. E vai doer, não se iludam.
Ainda não tive oportunidade de falar sobre a Hungria como adversário. São a seleção mais fraca do grupo F, ninguém discorda, mas eu não os descreveria como sardinhas, como fiz antes. Mal por mal, vão em onze jogos sem perder e, na última fase de grupos da Liga das Nações, subiram à divisão A.
Isto para não falar do caricato jogo da fase de grupos de 2016. Por outro lado, recordar que os húngaros vão jogar em casa, com um estádio cheio e tudo. Da última vez que visitámos a Hungria vencemos… mas houve sangue.
Por fim, recordo que Portugal tem a mania infeliz de não ganhar o primeiro jogo de um Europeu ou Mundial. A última vez que o conseguiu foi em 2008, ainda este blogue era um bebé. Mas desta feita não vai dar – não podemos dar-nos a esse luxo.
Em suma, não esperem facilidades. Nem perante a Hungria, nem perante a Alemanha ou a França, nem perante qualquer adversário que se cruze connosco, caso passemos a fase de grupos. Estive a ver este vídeo de uma previsão do Europeu e olhemos para as possíveis seleções no nosso caminho: ele é Espanha, ele é Croácia, ele é Inglaterra, ele é Bélgica, ele é uma Itália que teve uma boa estreia neste Europeu…
Eu não sei se vou aguentar, minha gente.
Dito isto, na minha opinião, pelo menos no que toca a individualidades, esta é a melhor seleção que temos em anos – desde o Euro 2004 e o Mundial 2006, arrisco-me a dizer. Como referi antes, temos três finalistas europeus de clubes (tínhamos quatro, mas o FDP do Covid…), temos muitos jogadores que foram campeões nos respectivos campeonatos, temos o Melhor do Mundo. Se há Equipa de Todos Nós à altura deste desafio... é esta.
É claro que o talento por si só não basta. É preciso saber usá-lo – e há muita gente que não perdoará a Fernando Santos, se ele não for capaz de canalizar esta qualidade toda para um bom desempenho neste Europeu.
Pois bem, eu acredito. Vai ser difícil, cada jogo vai ser um sofrimento atroz. Racionalmente, não ponho as mãos no fogo. Mas acredito dos jogadores e equipa técnica, acredito na sua determinação e entrega, na sua capacidade de superação. Afinal de contas, Portugal costuma dar-se bem em circunstâncias como estas. É certo que, até agora, só a Espanha foi capaz de revalidar um título europeu, mas nunca se sabe…
O melhor é ir encarando um jogo de cada vez. Para já é importante começarmos com uma vitória perante a Hungria, o que nos facilitará bastante a vida no chamado Grupo da Morte, ou Grupo da Vida, ou Grupo da Glória (é bom que Portugal ultrapasse as suas manias de não ganhar o primeiro jogo, de se boicotar a si mesmo). Depois logo se vê.
O jogo é terça-feira às cinco da tarde, que é a hora a que saio do trabalho. Estive a pensar em hipóteses diferentes, mas em princípio venho ver o jogo para casa, mesmo que tenha de acompanhar a primeira parte na rádio, no caminho. Por um lado, quero ver se não perco muita coisa por não ter acesso à televisão. Por outro, até será simpático se marcarem um golo durante o meu regresso a casa – para além das vantagens de marcar um golo cedo, dava para eu cumprir um desejo antigo de festejar com buzinadelas.
Em relação a este blogue, ainda não sei quando tornarei a publicar de novo, mas em princípio vou tentar escrever uma crónica sobre os dois primeiros jogos. Em último caso, escrevo um texto sobre os três jogos da fase de grupos. De qualquer forma, como habitual, vou deixando as minhas impressões na página de Facebook deste blogue.
Terça-feira saltamos para a toca de coelho. Vemo-nos no outro lado.
Mais um ano encontra-se à beira do fim, mais um ano encontra-se à beira do início. Como já faz parte da praxe, segue-se a revisão de 2013.
Este, depois de 2012, tornou a ser um ano de altos e baixos. Começo a perceber que esta é a regra, que 2011 foi a exceção. É pena... Bem, 2013, ao menos, teve um final feliz, esperançoso. Embora tenha começado por dar seguimento à má fase com que 2012 terminou.
O primeiro jogo do ano foi um particular com o Equador, que teve lugar no Estádio Afonso Henriques, em Guimarães. À semelhança do que aconteceu em muitos, muitos jogos dos últimos dois anos, a Seleção tinha todas as condições e mais algumas para proporcionar um bom jogo aos inúmeros adeptos que vieram ao estádio e desperdiçou-as. Para além do habitual circo publicitário, dos pedidos de moldura humana, Cristiano Ronaldo completava vinte e oito anos na véspera do jogo. Em jeito de celebração, entre outros motivos, cinco mil adeptos assistiram ao treino e cantaram os parabéns a Ronaldo.
Como é que a Seleção agradeceu? Perdendo 3-2 com o Equador.
É certo que a equipa visitante era forte, não estava ali apenas para elevar a auto-estima da seleção da casa. Chegou mesmo a Qualificar-se para o Mundial 2014. No entanto, encontrava-se perfeitamente ao alcance de Portugal. A Seleção até teve bons momentos no jogo: Ronaldo marcou o primeiro golo da Turma das Quinas do ano (mais tarde, marcaria igualmente o último); Hélder Postiga marcaria na segunda parte, colocando Portugal em vantagem durante... dois minutos. A Turma das Quinas acabou por ser vítima de si mesma com o Eduardo ficando mal na fotografia no primeiro golo, no início do jogo e, dois minutos após o golo de Postiga, com uma parvoíce do guarda-redes e de João Pereira. Depois, com Ronaldo e Postiga já fora de campo, os equatorianos marcaram pela terceira vez - e até foi um belo remate.
Apesar de este jogo ter sido (mais) uma desilusão, tinha a atenuante de ter sido apenas um particular. O verdadeiro balde de água fria veio mês e meio mais tarde, em Telavive, perante Israel. As circunstâncias, diga-se, não eram as ideiais: Nani lesionado e João Moutinho em forma duvidosa. Mesmo assim, tudo indicava que os israelitas não nos dariam grandes problemas. Estávamos enganados. Ou melhor, não foram propriamente os israelitas a dar-nos problemas. Mais uma vez, fomos nós mesmos.
Portugal até começou bem no jogo, com o Bruno Alves marcando um golo logo no primeiro minuto. Só que depois, pensando certamente que a coisa se resolveria sozinha, os portugueses entraram numa de "deixa andar". Como resultado, das três vezes que os israelitas foram à nossa baliza, marcaram. O que nos valeu foi Hélder Postiga - após ter falhado inúmeras oportunidades na primeira parte, diga-se - ter marcado no rescaldo no terceiro golo israelita, relançando a equipa. Os portugueses lá tentaram reverter a situação e lá conseguiram anular a desvantagem ao cair do pano. Tendo em conta que tínhamos estado a perder por 3-1, este empate quase pareceu uma vitória. No entanto, a exibição roçou o medíocre, as contas para o Apuramento estavam comprometidas, era o nosso quinto jogo consecutivo sem ganhar. O otimismo atingia mínimos históricos. Não me lembro de alguma vez ter estado tão furiosa com os Marmanjos como estive nessa altura. Considero, mesmo, que este foi o pior momento da Seleção em 2013.
A Seleção viajou para Baku, no Afeganistão, amputada de Cristiano Ronaldo - que vira o segundo cartão amarelo no jogo de Telavive - obrigada a ganhar. Apesar de, na teoria, o Azerbaijão pertencer a um campeonato inferior ao nosso, na prática, ainda nos vimos um bocadinho à nora para ganhar - culpa, sobretudo, do eterno problema da finalização. Acabou por ser necessário os azeris verem-se reduzidos a dez para os portugueses marcarem. Primeiro, por cortesia de Bruno Alves. Depois, de Hugo Almeida. Um jogo longe de brilhante mas, em todo o caso, a primeira vitória em mais de seis meses. Na altura, tive esperança de que isto representasse um ponto de viragem na Qualificação para o Mundial 2014. E até foi. Mais ou menos.
Seguiu-se o jogo com a Rússia, em junho. Um jogo de grau de dificuldade acima da média visto que o momento de forma da maioria dos jogadores não era o ideal, a Rússia era o nosso maior adversário na Qualificação e Portugal já não se podia dar a luxo de perder mais pontos. Visto que o jogo se realizava na Luz, fizeram-se, mais uma vez, apelos aos adeptos para que enchessem o Estádio. Não foi um jogo brilhante mas foi bem conseguido por parte dos portugueses, a equipa esteve bem, dominou o jogo. Hélder Postiga marcou o único golo.
Três dias após este jogo, a Seleção foi recebida na Croácia num jogo de carácter particular. Acabou por ser um jogo semelhante ao da Rússia: sem deslumbrar, houve boa atitude por parte da Turma das Quinas, o domínio foi português. Desta feita, foi Cristiano Ronaldo a marcar o único golo da partida. Este tornar-se-ia um caso sério em termos de golos ao longo da segunda metade do ano.
Houve um novo jogo particular a meio de agosto. Desta feita, a Seleção enfrentaria a Holanda no Estádio do Algarve. Antes disso, treinou-se no Estádio Nacional, no Jamor. Eu e a minha irmã fomos assistir ao único treino aberto e tivemos o privilégio de tirar fotografias com Miguel Veloso, Eduardo, Beto (no caso da minha irmã) e Paulo Bento.
O jogo com a Holanda não foi brilhante - até porque o número de baixas foi uma coisa parva - mas, mais uma vez, a exibição portuguesa foi convincente, sobretudo ao longo da segunda parte. Verhaegh marcou o golo holandês, aos dezasseis minutos da primeira parte. Ronaldo igualou o marcador aos oitenta e seis minutos.
Duas ou três semanas mais tarde, no início de setembro, Portugal deslocou-se a Belfast para defrontar a Irlanda do Norte. Nos dias anteriores, falou-se bastante do facto de os irlandeses terem derrotado a Rússia no mês anterior, de serem tomba-gigantes e terem gozo nisso, sobretudo quando jogavam em casa. Algo que acabou por se confirmar dentro de campo, de certa forma. Foi, aliás, um jogo muito estranho, muito por causa de um árbitro caprichoso. A primeira parte do jogo revelou-se dantesca. Bruno Alves marcou mas os irlandeses rapidamente repuseram a igualdade no marcador. Isto nem seria muito grave se, ainda antes do intervalo, Hélder Postiga não tivesse tido a ideia parva de dar uma "turrinha" a um irlandês e o árbitro não o tivesse castigado com o vermelho direto. Uma penalização exagerada, é certo, mas o gesto de Postiga fora desnecessário. Na segunda parte, sem grande surpresa, a Irlanda adiantou-se no marcador, com um golo em fora-de-jogo. As coisas começavam a ficar verdadeiramente negras para Portugal
Felizmente, estava lá Ronaldo para salvar o dia. Catalisado tanto pelo buraco em que Portugal se havia deixado cair como, certamente, pelos adeptos que gritavam por Messi, o madeirense marcou o seu primeiro hat-trick com a Camisola das Quinas. Resolveu, deste modo, o imbróglio em que o jogo se transformara e ainda ultrapassou o recorde de Eusébio.
Infelizmente, o herói de Belfast ficou indisponível para o particular com o Brasil, que se realizou em Boston, nos Estados Unidos. Eu tinha grandes expectativas para este jogo, com o reencontro com Luiz Felipe Scolari e tudo mais. Nesse aspeto, o jogo revelou-se algo anti-climático. Portugal até teve bons momentos, com destaque para o golo de Raul Meireles. No entanto, sobretudo durante a segunda parte, faltou agressividade à Equipa das Quinas - embora os brasileiros se queixassem do jogo faltoso de Bruno Alves. No final, o resultado foi 3-1 para a seleção canarinha.
Um mês mais tarde, a Seleção Portuguesa recebeu a sua congénere israelita no Estádio de Alvalade. Foi o primeiro jogo a que assisti em mais de seis anos. Mais uma vez, tínhamos uma série de ausentes: Meireles e Bruno Alves por lesão, Hélder Postiga (GRRR!!!!) e Fábio Coentrão por castigo. Mas, se conseguíssemos vencer, o segundo lugar ficaria consolidado e ainda poderíamos sonhar com o primeiro lugar - bastaria a Rússia cometer um deslize.
É claro que Portugal, eterno adepto dos caminhos mais difíceis, não soube aproveitar a oportunidade. A exibição foi fraca, os israelitas não fizeram nada para levar o jogo de vencida, passaram uma boa parte do tempo a engonhar até mesmo quando ainda se encontravam em desvantagem, depois do golo de Ricardo Costa. À semelhança do que aconteceu repetidas vezes ao longo deste Apuramento, foi Portugal a prejudicar-se a si mesmo. Desta feita, através de uma fífia de Rui Patrício. Só não considero este o pior jogo da Seleção do ano porque, mal por mal, garantiu-nos o playoff. De uma maneira extremamente amarga, contudo.
O jogo com o Luxemburgo, em Coimbra, foi quase só para cumprir calendário. A Seleção não jogo melhor do que tinha jogado contra Israel, nem precisou. Os luxemburgueses, como seria de esperar, poucas hipóteses tinham contra nós, sobretudo depois de se verem reduzidos a dez. Portugal podia ter arrecadado uma vitória bem mais expressiva mas não esteve para isso - jogo chegou a ser extremamente enfadonho em certas alturas - contentou-se com o 3-0, cortesia de Varela, Nani (pontos para a assistência de João Moutinho) e Hélder Postiga. Terminava deste modo a fase de grupos da Qualificação para o Mundial 2014, com Portugal no segundo lugar, obrigado a ir aos playoffs lutar por uma vaga no Brasil.
O sorteio para definição do adversário do playoff realizou-se cerca de duas semanas mais tarde. Quis a Sorte que defrontássemos a Suécia, primeiro em casa, depois fora. Antes dessa dupla jornada deu-se algo que, tecnicamente, não se relacionava com a Turma das Quinas mas que, na minha opinião, influenciou o seu percurso: as tristes figuras e palavras de Joseph Blatter sobre Cristiano Ronaldo.
Considero que ficámos todos em dívida para com o presidente da FIFA. Pouco após uma jornada dupla de Seleção que deixou muito a desejar, em que Ronaldo esteve algo apagado, Blatter teve o condão, não apenas de espicaçar o nosso Capitão - o Comandante - mas também de unir a massa adepta portuguesa em torno da Seleção contra um inimigo comum. O sentimento generalizado anti-Troika, anti-topo da hierarquia europeia, ajudou. Juro, se algum dia ocorrer a improbabilidade de me encontrar com Joseph Blatter, eu abraçá-lo-ei, agradecer-lhe-ei e explicar-lhe-ei porquê. E quero ver a cara com que ficará.
A primeira mão do playoff contra a Suécia realizou-se pouco mais de duas semanas depois, perante um Estádio da Luz esgotadíssimo. Conforme seria de esperar, Portugal jogou melhor do que durante a Qualificação. Também ajudou o facto de a Suécia ter jogado para o empate. O poderio físico dos suecos e o seu jogo defensivo cumpriram o seu papel até mais ou menos a meio da segunda parte - aí Cristiano Ronaldo marcou o único golo da partida, conferindo a Portugal uma importante vantagem no playoff.
A segunda mão do playoff realizou-se na Suécia. Os adeptos da casa, abençoados sejam, ainda não se tinham apercebido do nexo de causalidade entre um Ronaldo alvo de provocações e os desempenhos estratosféricos que ele tem nos jogos que se seguem - apesar de até ter havido um exemplo bem recente de tal. Ou não perceberam ou então deixaram-se levar pelo medo que tinham do Comandante. Não me admiraria se tivesse sido um misto de ambas as situações. Deste modo, os suecos fizeram tudo para destabilizar os portugueses, praticamente desde que estes deram os primeiros passos no país escandinavo. Destaque para a banda que os recebeu no aeroporto, para o animador de rádio que foi de madrugada fazer barulho para junto do hotel da Seleção Portuguesa e, claro, para a infeliz campanha da Pepsi sueca. Eu, na altura, ria-me pois os suecos não sabiam aquilo que estavam a preparar. Hoje, que sei o que aconteceu, ainda me rio mais. Eles mereceram aquilo que apanharam.
A noite do jogo em si foi uma das melhores deste ano. A minha irmã fazia anos, tivemos amigos e familiares em casa, vimos e celebrámos o jogo todos juntos. A primeira parte foi relativamente morna, relativamente equilibrada, com a exibição portuguesa a melhorar com o tempo. A segunda parte foi uma montanha russa de emoções. O primeiro golo de Ronaldo deixou-nos a todos a pensar que eram já favas contadas. Os dois golos de Ibrahimovic que se seguiram forma fruto da nossa negligência. O 2-1 ainda nos era favorável mas, pelo que se via, a coisa poderia facilmente dar para o torto. De uma maneira caricata, regressámos pela enésima vez em todo o Apuramento à fase do "Ai Jesus!". E, tal como acontecera em Belfast, teve de vir Ronaldo ao resgate, com mais dois golos que puseram um ponto final na questão.
Eu sei que, ao longo dos próximos seis, sete meses, não vai interessar mas eu espero que esta nossa campanha de Qualificação não seja esquecida tão depressa. Teve um final feliz, com contornos apoteóticos, mas podia não ter tido. Podia ter corrido muito mal. Tirando, talvez, os jogos com a Rússia, não houve um único jogo em que não nos boicotássemos a nós mesmos. Na maior parte desses jogos, bastaria não termos cometido determinados erros, termo-nos esforçado um bocadinho mais, para conquistarmos o primeiro lugar do grupo.
E não é apenas pelo primeiro ou pelo segundo lugar. Também não é bom em termos de adesão por parte dos adeptos. Ainda no mês passado, aquando dos jogos com a Suécia, ouvi um colega meu afirmar que, no que tocava á Seleção, só lhe interessam os jogos das fases finais ou dos playoffs. Os da Qualificação e os particulares eram-lhe indiferentes. Paulo Bento, uma vez, lamentou que muita gente pensasse assim e eu, há um ano o dois, criticaria atitudes semelhantes à do meu colega. No entanto, se nem os jogadores estiveram para se chatear na maior parte dos jogos de Apuramento, porque haveríamos nós de fazê-lo?
Os títulos de algumas das crónicas pós-jogo que escrevi aqui no blogue acabam por ser aplicáveis a toda a Qualificação. "Uma epopeia com contornos dantescos" e "Não havia necessidade". Aquando daquele primeiro jogo com o Luxemburgo, eu não fazia ideia de que o resto do Apuramento se desenrolaria desta maneira. Sim, eu sei que assim soube melhor, eu mesma o admiti. Mas não sei até quando seremos capazes de brincar com o fogo sem nos queimarmos a sério.
Além disso, caso a Rússia tivesse conseguido o segundo lugar, a Suécia provavelmente teria sido capaz de vencê-los no playoff. Assim, Ibrahimovic não teria ficado de fora do Mundial. É que fiquei a gostar do tipo... É arrogante mas tem piada.
Parece que o sorteio dos grupos da Qualificação para o Euro 2016 se realizará algures em Fevereiro. Consta, igualmente, que as regras do jogo vão mudar. Agora que a prova foi alargada de dezasseis a vinte e quatro participantes - ainda estou para ver como é que isso vai funcionar - os dois primeiros classificados em cada grupo Apuram-se diretamente. Os terceiros lugares, tirando o pior, disputarão o playoff. Eu devia estar satisfeita com este baixar de fasquia mas não me custa nada imaginar a Seleção, em resposta, desleixar-se ainda mais do que se desleixou neste Apuramento, contentar-se com o terceiro lugar. Aliás, agora que penso nisso, este facilitismo pode levar a uma quebra geral na qualidade dos jogos desta Qualificação, sobretudo para as grandes candidatas ao Apuramento. Não que me preocupe demasiado com isso, só quero saber de Portugal. Espero que não nos calhe um grupo fácil, dava até jeito ficarmos com uma seleção dita "grande", motivadora. De qualquer forma, o pior adversário de Portugal continuará a ser ele mesmo.
Entretanto, no início deste mês, a Sorte determinou que Portugal ficasse agrupado com a Alemanha, os Estados Unidos e o Gana no Mundial. Um grupo teoricamente mais fácil que o do Euro 2012 mas imprevisível. Todos consideram que está ao alcance de Portugal mas a Equipa de Todos Nós terá de confirmá-lo em campo.
Foi assim o ano da Seleção. Em termos pessoais, foi um ano relativamente morno: mais estável que 2012, mas não mais do que isso. Algumas das maiores alegrias deste ano, dos dias mais felizes, estiveram ligados à Turma das Quinas: a antecipação dos jogos, o rescaldo das vitórias, a visita ao Jamor em agosto, o jogo a que assisti em Alvalade, a festa de anos da minha irmã no dia da segunda mão dos playoffs. 2013 mostrou-me, aliás, que embora algumas das minhas paixões não me despertem o mesmo interesse de antigamente, a Seleção é das poucas de que não me canso. Vão fazer dez anos desde que acompanho fielmente a Turma das Quinas mas meu interesse manteve-se praticamente sempre alto. Acho que em nenhuma altura desta última década deixei de ansiar pelo jogo seguinte. Posso já não escrever aqui no blogue tão frequentemente como antes - porque perco mais tempo a preparar as entradas e muitos dos assuntos acabam sendo abordados na página do Facebook - e certos aspetos, sobretudo antes dos jogos, depois destes anos todos, tornaram-se demasiado batidos. No entanto, cada jogo em si é único. Seja ele um mata-mata de um campeonato de seleções ou um particular com uma equipa de expressão irrelevante.
É a beleza do futebol em si, aliás. Há coisa de um ano ou dois, eu não compreendia como é que as pessoas tinham paciência para acompanhar a liga portuguesa ano após ano - sobretudo durante a altura em que, invariavelmente, o F.C.Porto se sagra campeão. Hoje compreendo: porque, para além de imprevisível, de caprichoso, o futebol é uma história que nunca acaba.
Em termos pessoais, 2014 vai ser um ano bem mais empolgante, bem mais decisivo, do que 2013. Em termos de Seleção, também. Já é habitual, para mim os anos pares são os mais interessantes pois, com eles, veem os grandes campeonatos de seleções. Infelizmente, não sei se me vai ser possível acompanhar o Mundial da maneira que acompanhei o Euro 2012 - posso estar a estagiar nessa altura. Vai depender de muitos fatores mas duvido que tenha tempo para ter a página do Facebook atualizada ao minuto com todas as peripécias, como chegava a estar há ano e meio. Já o tinha dito na entrada anterior, nem sequer sei se poderei acompanhar os jogos do Mundial. No entanto, não deixarei de escrever e publicar as respetivas crónicas pós-jogo. Nem que tenha de perder refeições ou mesmo noites para tal.
Algumas das pessoas com quem tenho falado afirmam-se crentes de que 2014 será o nosso ano. Eu quero crer o mesmo, quero muito crer o mesmo, mas uma parte de mim concorda com os artigos de opinião da praxe, que afirmam que esta Seleção não se compara à de 2004 ou 2006. Por outro lado, a acontecer, a nós ganharmos um título, terá de ser em 2014. Não vou ao extremo de dizer "Agora ou nunca!" mas a verdade é que já deixamos fugir demasiadas oportunidades. A certa altura terá de deixar de ser um sonho. Que deixe de sê-lo em 2014.
Esa será uma das passas da Noite de Ano Novo - não gosto de passas mas gosto do ritual de pedir os doze desejos ou de definir os doze objetivos para o ano que começa. Sugiro que, roubando a ideia a uma campanha realizada aquando da passagem de 2005 para 2006, guardem também "uma passa para a Taça". Também desejarei, se não o fim da crise, pelo menos o início (ou a continuação) da recuperação económica. Que possamos ser campeões mundiais e que as nossas vidas melhorem no ano que vêm. A todos os meus leitores e seguidores da página do Facebook, os meus votos de um Feliz Natal e de um 2014, se não cheio de sonhos realizados, pelo menos cheio de bons momentos.
Na passada sexta-feira, dia 11 de outubro, a Seleção Portuguesa de Futebol recebeu no Estádio de Alvalade a sua congénere israelita em jogo a conta para a Qualificação para o Mundial 2014. Eu estive lá e assisti ao vivo ao triste jogo que terminou com um empate a uma bola. Um triste resultado e uma triste exibição que, ainda assim, nos valeram um ponto que nos coloca praticamente nos playoffs.
Foi o primeiro jogo da Seleção a que assisti ao vivo em mais de seis anos. Já tinha dito na última crónica que não guardava muitas boas recordações do último jogo (contra a Sérvia em setembro de 2007). No entanto, também não ficarei com grandes recordações deste. A única melhoria em relação ao último jogo, para além do ponto que nos coloca mais perto dos playoffs, foi o facto de, desta vez, ninguém ter andado aos murros dentro do campo.
Em todo o caso, ir a um jogo de futebol, em particular da Seleção, é sempre uma experiência inesquecível. Inesquecível é como quem diz... as recordações que eu tinha não faziam de todo justiça ao que é ir a um jogo da Seleção. Habituada como estava a ver o jogos pela televisão, a proximidade ao campo, aos jogadores, parecia irreal. Além de que as corres parecem ainda mais alegres - talvez seja a combinação do verde e vermelho das bandeiras, cachecóis e camisolas com os bancos de várias cores do Estádio de Alvalade. A casa estava praticamente cheia e o ambiente fantástico - incluindo uma pequena banda, com tambor e instrumentos de sopro que, ao longo do jogo, ia tocando ou músicas pimba ou o clássico "Portugal Olé!" ou, mais frequentemente, o "Cheira Bem, Cheira a Lisboa", que o público ia acompanhando com palmas e cantoria.
Chegámos um bocadinho em cima da hora mas a tempo do hino que, naturalmente, foi um dos momentos da noite. Os nossos lugares ficavam no comprimento do campo, junto à baliza sul. Durante a primeira parte, essa baliza era ocupada por Rui Patrício. Muitos se têm queixado de aborrecimento durante o jogo - para mim, contudo, um jogo destes nunca é aborrecido por causa dos nervos. Alem de que estava no Estádio. O que sentia, portanto, era mistura de nervosismo e entusiasmo: tornava-se difícil tomar notas com as mãos a tremer, bater palmas com os dedos cruzados, gritar por Portugal sentindo o coração na garganta. Eu e a minha irmã não tínhamos olhos suficientes, ambas queríamos em simultâneo ver a bola, ver as reações de Patrício, as de Paulo Bento.
Devo dizer que, sempre que olhava, este último encontrava-se sempre no mesmo sítio: no canto superior esquerdo do rectângulo que delimitava o banco português. Por seu lado, o técnico israelita fartava-se de gesticular, de instruir os seus pupilos.
Ao longo de praticamente todo o jogo, Portugal dominava mas era exasperante a maneira como não conseguia chegar à baliza israelita. O golo português aliviou tais nervos. Infelizmente, ocorreu na baliza norte, pelo que não pudemos vê-lo como devia ser. Pouco após o grito do "GOLO!", que colocou todo o Estádio de pé, eu perguntava a todos os que me rodeavam:
- Quem é que marcou? Quem é que marcou?
O speaker do Estádio atribuiu, inicialmente, o golo a Pepe. Só vários minutos mais tarde, quando me pus a ouvir o relato radiofónico - naquela situação, o problema era o inverso do costumeiro: o relato estava atrasado em relação à imagem - é que soube que tinha sido o Ricardo Costa. Eu sempre fui um bocadinho cética em relação ao defesa do Valência mas devo admitir que ele tem tido boas exibições ultimamente, com óbvio destaque para o jogo de sexta-feira. Satisfeita por termos mais uma mais-valia.
Durante a segunda parte, desejei que marcássemos de novo em breve. Mas o maldito segundo golo nunca mais surgia. Agora reparava que os israelitas não estavam propriamente interessados em reverter a desvantagem - destaque para o guarda-redes, agora na baliza sul, que nos irritava a todos ao demorar eternidades a pôr a bola em jogo, nos pontapés de baliza. Mas nós também não tirámos proveito disso. Já estou como o Scolari, quem é o verdadeiro burro aqui? O Ronaldo estava em dia não, embora procurasse empurrar a equipa para a frente. O Nani ia-se esforçando mas sem consequências práticas. O Hugo Almeida parecia não saber jogar com os pés, só nas alturas, mas a bola nunca lhe chegava à cabeça - de uma das poucas vezes que chegou, o golo foi anulado. Nós ainda festejámos mas eu estranhei logo que ninguém fosse abraçá-lo. Só ai é que se reparou no fora-de-jogo assinalado.
Já se sabe que quem não marca , sofre, e foi isso que aconteceu. Pena é a vítima ter sido o Patrício, ele que tantas vezes tem salvo o couro nacional. Apesar da distância, eu e a minha irmã conseguimos ver o atraso de Ricardo Costa e o passe infeliz do guarda redes.
- Não! Não! Agarra! - gememos, levando as mãos à cabeça.
Mas o isreaelita não desperdiçou a oportunidade.
Teve uma certa graça ver os Marmanjos todos com a mesma postura: mãos nos quadris, a cara com que, provavelmente, todos ficámos após aquela fífia do Patrício. Não que o culpe - não me custaria elaborar uma lista de disparates, cometidos por guarda-redes e não só, que nos custaram caro. Alguns desses exemplos seriam bem recentes, até. E, conforme disse acima, nós colocámo-nos a jeito.
Devo dizer que, ainda que a reação imediata do público tenha sido uma assobiadela, ainda nem dois minutos tenham passado do golo e já estávamos, de novo, a gritar por Portugal. Como já é da praxe, os portugueses, ao verem-se aflitos, aumentaram a intensidade, a ver se recuperavam a vantagem. Como também é da praxe, acordaram tarde demais.
Em suma, foi mais um jogo parvo, um entre muitos jogos parvos com que temos sido brindados deste o Euro 2012 e até antes. Pena um deles ter calhado logo no dia em que fui ao Estádio. Não que fosse provável ser muito melhor. Já repararam que, ao longo deste Apuramento, não tivemos um único jogo em que fizéssemos uma boa exibição do princípio ao fim? Já não sei se isto é falta de talento, se é falta de atitude, qual das lacunas é a pior, se não será uma mistura de ambas. Cada coluna de opinião dá o seu diagnóstico e penso que nenhum deles está completamente errado. Não sei, sequer, se vale a pena tentar compreender, tentar descobrir qual é o problema. Ainda na véspera do jogo ouvi o comentador Jorge Baptista dizer que já acompanhava o futebol há muitos anos e continuava incapaz de prever a maneira como a Seleção encararia um jogo. Não há nada a fazer, eles são absolutamente imprevisíveis, caprichosos.
A única coisa que sei, sem dúvida, é que eles não merecem os adeptos que têm. Não me arrependo de ter ido ao jogo pois, conforme disse anteriormente, o ambiente estava fantástico - ainda que muitos digam que, noutros jogos, estive melhor. Estavam quarenta e oito mil pessoas no Estádio. Quarenta e oito mil! A larga maioria das quais terá, certamente, passado por transtornos de todos os tipos para poder estar lá. E os jogadores continuam incapazes de retribuir tal apoio, a casa cheia, os gritos de encorajamento nas piores alturas do encontro.
Em todo o caso, ao menos ficámos com o playoff garantido. Não apaga a tristeza que foi o jogo mas a verdade é que, mesmo que tivéssemos ganho e vencêssemos o Luxemburgo amanhã, sempre seria improvável ganharmos o grupo - algo de que muitos parecem ter-se esquecido. Como se não soubéssemos há um ano que dificilmente nos Apuraríamos de outra maneira. Já o tinha dito anteriormente e este jogo confirmou-o: pela maneira como esta Qualificação se tem desenrolado, a Turma das Quinas não merece ganhar o grupo. É a velha questão de os portugueses escolherem sempre o caminho mais difícil. Talvez em termos práticos, no final, o resultado de sexta-feira não faça grande diferença. Mas, em termos anímicos, estaríamos bastante melhor agora caso tivéssemos conseguido pelo menos manter aquele 1-0.
Vou esforçar-me por me focar mais na parte prática da coisa. Se/quando (cada um escolhe a conjunção que considerar mais adequada) estivermos no Brasil, os tropeções dados no caminho serão irrelevantes, o que interessará será marcamos presença e fazermos um bom Mundial. Ainda que não tenhamos gostado do jogo de sexta, a verdade é que demos mais um passo - não tão grande como desejaríamos mas foi um passo em frente e não para trás. Continuamos na luta. Urge, no entanto, pararmos de cometer sempre os mesmos erros, aprendermos com eles.
Amanhã jogamos com o Luxemburgo. Pepe e Ronaldo, ausentes por castigo (ao menos, estes não falharão os playoffs) derão lugar, respetivamente, a Rolando e Bruma - estou particularmente ansiosa por ver este último estreando-se pela Seleção A. Penso que, pelo calibre do adversário e pelos requisitos necessários, este jogo pouco mais será que um particular. Em todo o caso, a vitória será sempre o cenário mais favorável. Já se diz que estes playoffs serão os mais duros de sempre mas eu prefiro não me preocupar demasiado com possíveis adversários antes de sabermos, de certeza absoluta, quem iremos enfrentar. Depois, logo analisaremos as nossas hipóteses.
Com tudo isto, a dívida que a Equipa de Todos Nós tem para connosco continua a crescer...
Na próxima sexta-feira, dia 11 de Outubro, a Seleção Portuguesa de Futebol receberá a sua congénere israelita. Quatro dias mais tarde, receberá os luxemburgueses. Ambos os jogos contarão para o Apuramento para o Campeonato do Mundo, que terá lugar no Brasil, no próximo ano. O jogo com o Luxemburgo terá lugar no Estádio de Coimbra. O com Israel terá lugar no Estádio de Alvalade... e seis anos depois da minha última vez, eu estarei lá!
Já lá vamos.
Os Convocados para a última dupla jornada deste Apuramento foram revelados foram revelados na passada sexta-feira. Existem vários novidades, com destaque para as estreias de Cédric, do Sporting e André Almeida, do Benfica, ambos jovens mas já com historial nas seleções de formação. A dúvida recai em qual deles será titular, substituindo o lesionado João Pereira. Eu apostaria em Cédric, que tem sido titular no seu clube com regularidade, ao contrário de André Almeida. E, de resto, tanto a minha irmã como uma seguidora habitual da página do Facebook de apoio a este blogue têm elogiado o jogador, mesmo antes da Convocatória, tendo ficado naturalmente contentes com esta escolha. De qualquer forma, sempre haverá uma competição saudável entre os dois ao longo destes dias, a ver qual deles ganha a titularidade. Quem quer que seja o escolhido, só espero que se adapte bem à equipa e faça uma boa exibição. Porque o jogo não vai ser fácil e a nossa lista de baixas não me deixa descansada.
A essa lista juntou-se anteontem Bruno Alves. Sereno foi Chamado para o lugar dele mas não sei se este será titular, se Neto jogará no lugar de Bruno - julgo que Paulo Bento experimentou essa estratégia recentemente. Mais uma ausência que não me agrada de maneira nenhuma, não apenas por o Bruno ser uma peça importantíssima na nossa defesa, mas também porque, agora, vamos jogar com Israel amputados dos três Marmanjos que marcaram da última vez que enfrentámos os israelitas. Que, ainda por cima, incluem dois dos nossos melhores marcadores nesta Qualificação.
Entre esses três está Fábio Coentrão, cuja ausência em jogos anteriores esteve associada a dificuldades e maus resultados. E também aquele com quem ainda estou zangada por se ter excluído desnecessariamente deste jogo, impossibilitando-me de vê-lo em Alvalade. Não que esteja particularmente preocupada com a sua substituição, apesar de ele continuar a ser o nosso melhor marcador neste Apuramento - confio em Hugo Almeida e considero promissoras as Chamadas de Nélson Oliveira e Éder. No entanto, nenhum deles é Hélder Postiga, um dos meus preferidos, um dos que mais queria ver jogar sexta-feira. Entre outras coisas, queria participar numa celebração de golos que vi uma vez num dos jogos. O speaker diz o primeiro nome do marcador:
- Hélder...
E o público responde:
- POSTIGA!
- Hélder...
- POSTIGA!
Posso participar na celebração de outros marcadores mas poucos têm um apelido com esta sonoridade.
É por estas e por outras que acho que o jogo com Israel não vai ser fácil. Mas estou à espera que os Marmanjos ganhem o jogo porque, entre outros motivos, vou estar lá. O último jogo da Seleção a que assisti foi também no Estádio de Alvalade, contra a Sérvia, em setembro de 2007. Um jogo do qual não guardo muito boas recordações pois não só empatámos, comprometendo ainda mais a Qualificação para o Euro 2008, mas também, e sobretudo, pelo triste episódio da agressão de Scolari a um jogador sérvio. Tais más recordações deixaram-nos sem vontade de assistir a jogos da Seleção durante algum tempo. Tal vontade só regressou após o Euro 2012, em particular com a campanha da cadeia de supermercados patrocinadora, que oferece cinquenta por cento de desconto para compras. Estivemos para ir ao jogo com a Rússia mas não nos dava jeito, por razões variadas. Por fim, ontem de manhã comprei quatro bilhetes: para mim, para a minha mãe e para os meus irmãos.
Consta que, se vencermos Israel, o segundo lugar fica praticamente garantido. Mas ninguém esquece a possibilidade de a Rússia escorregar nos dois jogos que lhe faltam - uma possibilidade remota, visto que os russos vão jogar com o Luxemburgo e o Azerbaijão. Seria preciso os russos darem uma de... bem, de portugueses em início de Qualificação. Desleixarem-se por completo pensando que se resolverá mais cedo ou mais tarde, de não acordarem a tempo de evitarem o empate ou mesmo a derota.
Por outro lado, sabem como é o futebol. Há dois anos também era remota a hipótese de não nos Qualificarmos em primeiro. Lembram-se? "Bastava" empatarmos com a Dinamarca, talvez nem tanto pois podíamos ser os melhores segundos lugares. Na altura, esta conversa irritava-me, mesmo antes de tais teorias terem falhado redondamente. De resto, o playoff foi, depois, de tal maneira épico que compensou tudo isso. Largamente.
Há quem tenha vontade de ir aos playoffs por esse motivo. Por serem mais dois jogos oficiais da Seleção, pela esperança de que se revelem tão emocionantes como foram os de 2011. Eu também tenho essa esperança e julgo que já afirmei aqui que merecíamos mais o Apuramento direto há dois anos do que agora. No entanto, eu não negaria a tranquilidade de ficarmos já Qualificados. E os playoffs podem sempre revelar-se traiçoeiros - embora em tenha a noção de que não é do interesse de muita gente na FIFA um Mundial sem Cristiano Ronaldo, pelo que é pouco provável encontrarmos um adversário tipo a França. E daí, paradoxalmente, tal seleção poderia ser mais motivadora para os Marmanjos do que, por exemplo, a Bósnia.
Aquilo que uma parte significativa de mim sabe, sempre soube mesmo aquando daquela série de jogos infelizes no passado recente, é que Portugal estará no Brasil de uma maneira ou de outra. Já o disse aqui anteriormente. Pode ser ingenuidade mas assumo sempre que Portugal marcará presença no campeonato de seleções seguinte. Raramente questiono tal convicção e a verdade é que, até agora, não me enganei. É claro que não é uma certeza a cem por cento porque... é o futebol! No futebol não há certezas a cem por cento!
Do mesmo modo sei - e também já o disse aqui - que nenhum dos Marmanjos quer ficar de fora do Mundial; que, de resto, o improviso, o desenrascanço, são especialidades portuguesas. Já o fizeram antes e acredito que o farão de novo. Começando - ou melhor, continuando - com o jogo de sexta-feira. O que peço são três pontos - de preferência sem os sobressaltos do jogo com a Irlanda do Norte mas, se tiver de ser... Seja com uns bons 2-1, com uns convincentes 4-1, com um 1-0 arrancado a ferros ou um 3-2 em cima do minuto noventa. Quero gritar "GOLO!" em coro com o resto de Alvalade, quero sair de lá com a sensação de que o tempo e o dinheiro gastos para garantir a minha presença não serão desperdiçados. Seis anos depois, vou responder ao apelo várias vezes repetido pelos jogadores, vou estar no Estádio, vou cantar, vou celebrar, vou gritar, vou dar-lhes apoio e puxar por eles, num jogo difícil. Em troca, o apelo que faço é o seguinte: não me desiludam.
Na passada sexta-feira, dia 22 de março, a Seleção Portuguesa de Futebol entrou em campo com a sua congénere israelita, em Telavive. Tal confronto resultou num empate a três bolas. Um resultado abaixo das expectativas mas arrancado a ferros, que, tendo em conta o desempenho paupérrimo da Equipa das Quinas, quase parece uma vitória.
Começo a achar que se trata de uma maldição. Talvez nenhum jogo deste Apuramento esteja destinado a ser tranquilo. Ou talvez seja de propósito. Conforme diria a minha irmã, isto não daria "pica nenhuma" fazer uma Qualificação sem escorregadelas perante equipas "menores". Que piada teria?
Não levem a mal o sarcasmo mas uma miúda não é de ferro e, sinceramente, os Marmanjos andam a abusar da minha paciência. Já são cinco jogos sem ganhar, na maior parte dos casos sem sequer fazermos exibições decentes, são cinco entradas pós derrota-ou-empate. Não chega já?
Mas vamos ao jogo. Eu estava otimista, como sempre, e o golo madrugador do Bruno Alves ajudou a manter esse estado de espírito. Não achei que eram favas contadas, mas fiquei satisfeita com o bom arranque e achei que, finalmente, poderíamos ganhar um jogo.
Os jogadores é que, aparentemente, assumiram que eram favas contadas e, em vez que procurarem dilatar a vantagem, deitaram-se à sombra do resultado e da teórica superioridade sobre o adversário. Algo que eu julgava não combinar com a maturidade dos jogadores. Enganei-me redondamente. Quando demos por nós, perdíamos 2-1.
O pesadelo continuou na segunda parte, culminando no 3-1. Aí, pensei que estava tudo perdido. Felizmente, tal momento não durou mais do que um ou dois minutos, graças ao tento de Postiga, ainda no rescaldo do terceiro golo israelita. Até foi um bom timing, pois cortou, de certa forma, o efeito do 3-1 e relançou a equipa portuguesa. No entanto, teria dado muito mais jeito caso tivesse vindo aquando dos flagrantes desperdícios do Carteiro, durante a primeira parte.
Antes deste golo, nas redes sociais, toda a gente "batia" no pobre Hélder, esquecendo-se do facto de que ele era (e continua a ser) o melhor marcador português nesta fase de Apuramento. E, embora não me tivesse esquecido disso, desta feita não me apeteceu estar a defendê-lo. Continuava a achar que ele é subvalorizado - e esta semana descobri que o mesmo acontecia com Pedro Pauleta, no seu tempo. Pauleta, o melhor marcador português! - que é dos que mais tem feito pela Seleção nos últimos tempos. No entanto, podia fazer ainda mais se não desperdiçasse tantas oportunidades de outro.
Além disso, estou farta de defender os jogadores e eles continuarem a fazer jogos destes. Já está na altura de eles me defenderem a mim, de provarem que tenho razão quando manifesto o meu apoio.
Mas regressemos ao jogo. Como afirmei anteriormente, o golo de Postiga catalisou o despertar português. Os Marmanjos esforçavam-se por fazer em quinze minutos aquilo que haviam parado de fazer após o golo de Bruno Alves. E, de facto, acabámos por ser bem sucedidos, mesmo no último minuto da compensação. Também se tivéssemos falhado aquele lance, éramos um caso perdido. Eu e a minha irmã, com quem estive a ver o jogo, abraçámo-nos, como se aquele fosse o golo da vitória e não do empate. E assim terminou o jogo.
Os meus seguidores do Twitter e da página do Facebook deste blogue terão, certamente, reparado que, durante o jogo e respetivo rescaldo, estive de péssimo humor. Entre mim e a minha irmã, o sarcasmo atingiu máximos históricos. Ela, adepta do clube residente em Alvalade, chegou a afirmar:
- Isto é horrível, isto parece o Sporting! E eu não preciso de mais Sportings na minha vida!
Quanto a mim, passei uma boa parte dos noventa minutos com vontade de dar um par de estalos a cada um dos Marmanjos. Muito isto era calor do momento, evidentemente, da boca para fora. Na realidade, não seria capaz de cumprir tais ameaças, por múltiplos motivos (desde falta de coragem a demasiado afeto por eles). Quem nunca se enervou durante um jogo de futebol ao ponto de insultar um dos protagonistas, seja ele um jogador da sua equipa, da equipa adversária ou da equipa de arbitragem, pode atirar a primeira pedra, por favor.
Às vezes, imagino-me assistindo aos jogos no banco de suplentes da Seleção, vivendo cada momento do encontro, sofrendo e festejando em conjunto com a equipa técnica e jogadores de reserva. No entanto, não será, se calhar, muito aconselhável, pelas reações momentâneas que descrevi acima. Não costumo praguejar abertamente mas, em jogos como o de sexta, não é raro eu chamar nomes aos jogadores. Nomes esses que, não sendo palavrões, também não são carinhosos. E evidentemente, não me convém que os destinatários oiçam tais insultos.
José Mourinho, no sábado, quando questionado acerca da situação da Equipa de Todos Nós, usou a expressão "dejá vu" para a descrever. E é, de facto, a mais adequada, na minha opinião. O treinador usou-a porque a Seleção Qualifica-se sempre resvés Campo de Ourique, sofrendo até à ultima jornada, mas Qualifica-se. Eu uso-a, não só pelo que acabo de referir, mas também porque este jogo recordou-me imenso o anterior embate de Apuramento, contra a Irlanda do Norte: também esse jogo foi encarado com demasiada leveza pela Seleção; os adversários aproveitaram-se de tal arrogância para se adiantarem no marcador; só na reta final do jogo é que os portugueses acordaram, em particular após o golo do Postiga; e embora a derrota fosse mais prejudicial às nossas aspirações de Qualificação, a Turma das Quinas não conseguiu melhor do que um empate, um resultado que, tendo em conta o suposto valor da equipa portuguesa, é claramente escasso.
O Pepe afirmou, no rescaldo do jogo com Israel, que Portugal tem de aprender com os erros cometidos - algo que a equipa não tem sido capaz de fazer. É estúpido! Este jogo podia ter corrido de maneira tão diferente! Se, apenas, não tivéssemos abrandado tão depressa após o golo do Bruno Alves, se tivéssemos feito o 2-0... Mesmo que não mantivéssemos o ritmo ao longo dos noventa minutos, mesmo que consentíssemos o 2-1, conseguiríamos, certamente, ganhar, com mais ou menos dificuldade.
Os otimistas destacam a maneira como conseguimos anular a desvantagem de dois golos em cerca de quinze minutos. Só que, embora tenha a noção de que este empate nos mantém na corrida, que este ponto arrancado a ferros pode vir a ser valiosíssimo mais à frente, não considero um grande feito emergirmos do buraco que nós mesmos cavámos, por negligência, sem necessidade.
A questão é a mesma de sempre: a teimosia da Seleção em escolher sempre o caminho mais difícil. Nos dias que antecederam o jogo com Israel, toda a gente fez questão de dizer que o jogo não era "decisivo", para aliviar a pressão sobre a equipa. Acho que fizeram mal. Está mais que provado que não se pode dar demasiada corda aos Marmanjos porque eles enforcam-se nela. Que estes só são capazes de jogar com o Sistema Nervoso Simpático ativado, sob o efeito da adrenalina.
Bem, agora vamos jogar com o Azerbaijão sem Ronaldo - a única coisa que este conseguiu fazer em Israel foi assistir para o golo do Hélder, ver o segundo amarelo da fase de Apuramento e pouco mais - e sem Nani, outros em dúvida, com a margem de erro completamente esgotada. Talvez isto forneça adrenalina suficiente para eles se mexerem a sério. Até porque existe ainda a agravante de o pior segundo classificado de todos os grupos de Qualificação ficar excluído dos playoffs. Mas podia ser pior. Em princípio, o Azerbaijão não terá capacidade de nos colocar problemas. Da última vez que jogámos com eles, ficámos à vontade para lutarmos contra a nossa falta de pontaria, até o Varela entrar e quebrar o gelo. Mas sublinho, mais uma vez, o "em princípio". Não me admirava se, mesmo assim, os portugueses inventassem algo que jogasse contra eles...
Em todo o caso, nada está perdido ainda. Mesmo que a Seleção esteja quase voluntariamente a tomar o caminho mais difícil até ao Brasil, quando podíamos estar a ter uma Qualificação sem drama de maior, sem calculadoras, o que interessa é chegar lá. E estou convencida de que vamos chegar lá. Como já afirmei aqui, considero sempre a Qualificação da Turma das Quinas para as fases finais como quase garantida. Talvez seja irrealista, talvez eu esteja mal habituada, mas só muito raramente coloco isso em causa. E esta ainda não é uma dessas ocasiões.
Há quem afirme que é por falta de talento que a Seleção anda em dificuldades, mas não acredito nisso. Que diabo, esta é essencialmente a mesma equipa que chegou às meias-finais do Euro 2012 no ano passado!!!! Se eles estiverem para aí virados, não existe motivo nenhum para falharmos o Apuramento. E não haverá, certamente, nenhum jogador português que queira ficar a ver o Mundial pela televisão. Comecemos, para já, por ganhar no terreno azeri, por ganhar pela primeira vez desde setembro do ano passado. Depois logo se vê.
E se aqueles totós me obrigarem a escrever outra entrada pós derrota ou empate a propósito do jogo de terça-feira, haverá sangue!