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O Meu Clube É a Seleção!

Mulher de muitas paixões, a Seleção Nacional é uma delas.

Portugal 1 Irão 1– Se tiver de ser

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Na passada segunda-feira, a Seleção Portuguesa de Futebol empatou com a sua congénere iraniana por uma bola, em jogo a contar para a fase de grupos do Mundial 2018. Com este resultado, Portugal soma cinco pontos, ficando em segundo lugar no grupo. Assim, passa aos oitavos-de-final, indo enfrentar o Uruguai no próximo sábado, dia 30.

 

Mais uma vez, o trabalho coincidiu com o jogo. Desta feita, foi sobretudo durante a primeira parte. Felizmente, as coisas voltaram a estar calmas e consegui ir vendo o jogo aos poucos. Se me permitem a publicidade gratuita, a aplicação da RTP para o Mundial dá imenso jeito.

 

As coisas não começaram muito mal. Pareceu-me que a equipa estava a jogar melhor que no jogo da semana passada: mais posse de bola, melhor defesa, mais consistência em geral. Também ajudava o facto de os iranianos parecerem nervosos: não vi em direto, mas vi no resumo uma ocasião em que o guarda-redes iraniano e um dos defesas se desentenderam, deixando a bola ao mercê de João Mário. Noutra, o guarda-redes deixou literalmente a bola escorregar entre as mãos, mas infelizmente um dos centrais recuperou-a.

 

Talvez pudéssemos ter marcado mais cedo, mas o golo só veio em cima do intervalo. Foi uma jogada deliciosa: Ricardo Quaresma passa a Adrien, este devolve a bola com o calcanhar e Quaresma remata de trivela para as redes. Para ver e rever.

 

 

Depois de pelo menos duas ocasiões em que Quaresma foi excluído de um Mundial, o Mustang marcava finalmente num Mundial. E não foi um golo qualquer: foi uma trivela! Só prova que já devia ter pisado estes palcos antes. Como sempre, gostei de vê-lo festejando com Cristiano Ronaldo em particular: tomara muitas histórias de amor serem tão bonitas como esta.

 

Durante o intervalo estive ocupada a fechar as coisas no trabalho e quase me esqueci do jogo. Voltei a ligar na altura em que o vídeo-árbitro estudava o lance envolvendo Cristiano Ronaldo, para decidir se era penalti ou não. Acabou por dar luz verde para o castigo máximo.

 

Enquanto Ronaldo se preparava para cobrar, lembrei-me do jogo do Mundial 2006, em que ele marcara de penalti. Seria giro se ele comemorasse da mesma forma, pensei na altura.

 

Infelizmente, o guarda-redes falhou.

 

Não vou censurar o Ronaldo porque, coitado, fora ele a carregar a equipa nos dois jogos anteriores, a fazer quase tudo sozinho. Parecendo que não, ele é apenas humano. Ele dá-nos a mão inúmeras vezes, não podemos exigir o braço.

 

No entanto, a verdade é que o 2-0 naquela altura podia ter-nos poupado uns quantos anos de vida. Parece que, neste Mundial, teremos de fazer tudo da maneira difícil.

 

Mais sobre isso adiante.

 

Saí do trabalho após o penalti falhado e ouvi um bom bocado da segunda parte na rádio. Consta que, depois do falhanço do Capitão, Portugal deixou-se ir um pouco abaixo.

 

Já não tem piada, minha gente. Estamos numa fase em que, se Ronaldo espirra, a Seleção constipa-se logo. Será que os Marmanjos se esqueceram todos que ganhámos em Paris com Ronaldo no banco? Porque é que eles têm tão baixa autoestima?

 

É certo que o jogo sujo dos iranianos não ajudou – nem terão ajudado as irritantes vuvuzelas, que deviam ter ficado em 2010 (e que já não tinham deixado os portugueses dormir, na véspera). Conseguiram fazer com que o Quaresma se irritasse e visse o amarelo. Consta, aliás, que todo o banco do Irão passou o jogo em cima da equipa de arbitragem. Carlos Queiroz foi particularmente desprezível, acicatando os adeptos iranianos com gestos de vídeo-árbitro e, como já toda a gente viu, tentando provocar o João Moutinho, quando este se preparava para entrar.

 

E eu que pensava que ia tolerá-lo melhor, neste Mundial… Até Fernando Santos, que é amigo de Queiroz, se irritou com ele.

 

Felizmente, por essa altura, Espanha estava a perder com Marrocos, por incrível que parecesse. Fiquei com sentimentos de culpa por ter sido tão dura para com os nossos, na semana passada, mas o que interessa é que, com esse resultado, passávamos em primeiro.

 

Cheguei a casa no preciso momento em que o VAR tinha sido acionado por possível cartão vermelho a Ronaldo.  Vendo a jogada, não me parece que fosse vermelho: Ronaldo mete o braço à frente do jogador iraniano mas sem brusquidão, sem intenção de magoar. Nem todos se lembram, provavelmente, mas, quando era mais novo, ele já teve situações parecidas em que o cotovelo dele deixou adversários a sangrar do nariz. Acreditem, isto foi diferente. Queiroz mais tarde diria que cotovelo é sempre vermelho – ele sabe mais acerca de futebol do que eu, mas, até ao momento, não vi mais ninguém corroborando essa informação. A maior parte dos comentadores diz que não era vermelho.

 

E ainda bem que não foi vermelho que, se Ronaldo tivesse sido expulso, o resto da equipa implodia.

 

Depois desta, contudo, começou tudo a correr mal quase ao mesmo tempo: a Espanha empatou frente a Marrocos e foi marcado um penalti contra nós, por mão na bola de Cédric.

 

Sinceramente, acho que não era penalti. A bola parece tocar no braço do lateral, sim, mas isso não afeta a trajetória. Se mais provas fossem necessárias, no dia seguinte houve uma situação praticamente igual, no jogo da Argentina, e não se marcou nada.

 

Não sou capaz de censurar o árbitro, contudo – quem é que conseguiria funcionar com a pressão dos iranianos? Além disso, sejamos sinceros, Portugal pusera-se a jeito.

 

O penalti foi executado na perfeição, Rui Patrício não podia fazer nada. Ainda apanhámos um susto daqueles no minuto seguinte, com um remate que foi parar à malha lateral. Eu ia tendo um AVC… Teria sido uma maneira horrível de sair do Mundial: perante Queiroz, de todas as pessoas.

 

Felizmente, lá conseguimos segurar o empate e passar à fase seguinte, deixando o Irão pelo caminho. No final do jogo, Queiroz disparou em todas as direções – e não posso dizer que tenha ficado surpreendida. Destaque-se a guerra de palavras que ele manteve com Quaresma, em que Queiroz não conseguiu arranjar melhores argumentos que um ataque ao carácter do jogador e debitar o seu currículo no futebol – como se isso lhe desse o direito de ser mesquinho.

 

Por outro lado, adorei esta resposta do Quaresma.

 

É por isso que eu não consigo respeitá-lo. Toda a gente diz, com razão, que Queiroz fez muito pelo futebol português. Eu estou grata por isso, não me interpretem mal! Mesmo em relação ao seu trabalho como técnico das Quinas, entre 2008 e 2010, sei que ele fez o melhor que sabia. Mas nada disso atenua o seu mau carácter. Ainda bem que os iranianos gostam tanto de Queiroz. Ele que fique por lá – não faço questão nenhuma de tê-lo de volta.

 

Enfim. Espero não ter de voltar a escrever sobre Queiroz neste blogue. Pelo menos não tão cedo.

 

Como a Espanha tinha mais golos marcados, ficámos em segundo no grupo. Antes do Mundial começar, era expectável, mas, depois de termos tido o primeiro lugar na mão, é um bocadinho frustrante. Sobretudo porque o nível exibicional da equipa continua a deixar muito a desejar.

 

Sinceramente, já não sei o que dizer sobre isso. Pelo menos não que já não tenha dito antes. Continuo a achar que precisamos de mais, eu e toda a gente, mas, mal por mal, até estamos a conseguir os resultados pretendidos. Afinal de contas, em 2014, não sobrevivemos à fase de grupos, para começar. Além disso, a Espanha também teve dificuldades com Irão e Marrocos, como vimos acima. Nos outros grupos, a Argentina qualificou-se apenas à última hora e a Alemanha – a Alemanha – foi para casa.

 

Não estamos assim tão mal por comparação, mas será que chega? Vai chegar para vencermos o Uruguai amanhã?

 

Fernando Santos já veio dizer que planeia ficar muito tempo ainda na Rússia. Não falou do dia 15, mas de tempo suficiente para o neto vir vê-lo no domingo, para matar saudades.

 

Não surpreende.  O técnico só não disse isto antes, porque, como Campeões Europeus, o povo estava confiante. Agora, após estes jogos fraquinhos, é que Fernando Santos traz uma versão atenuada do “Só venho dia 11 para Portugal”.

 

Pois bem, se estamos a repetir as mensagens, os rituais de há dois anos, eu repito o meu: se tiver de ser sempre assim, a sofrer, com exibições fraquinhas, resvés Campo de Ourique, que seja. Se isso nos permitir seguir em frente na prova, quiçá chegar à final e ganhá-la, eu aceito. Vou morrer de enfarte aos quarenta anos, com tanto sofrimento acumulado, mas, com muita sorte, morrerei depois de ver Portugal Campeão do Mundo.

 

Não sei muito bem o que esperar deste primeiro mata-mata. Talvez as peças se encaixem e façamos, finalmente, um bom jogo. Talvez mantenhamos o nível da fase de grupos e seja suficiente para vencer o Uruguai… ou não. Eu ainda nem pensei pós-oitavos – nem sequer sei as datas dos quartos-de-final.

 

Dito isto, vou acreditar, como sempre. O Selecionador já acertou antes. Se ele acredita, eu acredito também. Havemos de conseguir.

 

Termino com o vídeo da minha entrevistazinha de segunda-feira ao Queridas Manhãs. Foi uma coisa curtinha, mas valeu a pena, foi divertido. O meu obrigada à equipa do Queridas Manhãs (sobretudo ao Ricardo Gama e à Maria Botelho Moniz) pelo convite e pela simpatia.

 

Escolhido a dedo

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Na passada sexta-feira, dia 1 de dezembro, realizou-se o sorteio para a fase de grupos do Campeonato do Mundo, que terá lugar na Rússia, no próximo ano. Portugal foi sorteado para o grupo B, juntamente com a Espanha, o Irão e Marrocos.

 

Conforme comentou a minha irmã depois do sorteio, este grupo parece ter sido escolhido a dedo. Bem, dois terços dele. Vamos defrontar a seleção que nos expulsou do Mundial 2010… e a seleção comandada pelo treinador que nos orientou nesse mesmo Mundial.

 

Com um sorteio marcado para o Primeiro de Dezembro, acho que era inevitável Portugal e Espanha serem colocados no mesmo grupo. Eu mesma comentei-o na página de Facebook deste blogue, umas horas antes. Deus Nosso Senhor não conseguiu resistir.

 

Eu, para ser sincera, também não resistiria se estivesse no lugar d’Ele.

 

Não nos faltavam motivos para não querermos Espanha como adversária. Nuestros hermanos são um dos nossos maiores borregos. O único jogo oficial em que vencemos foi no Euro 2004 – que continua a ser o jogo mais importante da minha vida (sim, acima da final do Euro 2016. Mais sobre isso um dia destes.) E mesmo assim, em trinta e oito jogos, só contamos oito vitórias.

 

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Nesse aspeto, até dá jeito enfrentarmos a Espanha na fase de grupos e não no mata-mata. Desde que não ocorra nenhuma tragédia, como no último Mundial, bem entendido.

 

Por outro lado, Portugal até tem matado muitos borregos desde que Fernando Santos assumiu o comando – os maiores morreram na final do Euro 2016. Pode ser que Portugal consiga vencer a Espanha… mas continuo a achar pouco provável.

 

Não posso deixar de comentar o motivo pelo qual os espanhóis estavam no pote 2, em vez de entre os cabeças-de-série. A culpa é da Polónia que, para se manter no top 10 do ranking da FIFA e garantir um lugar no pote 1, não realizou nenhum particular durante um ano, até novembro passado.

 

Se o karma funcionasse como deve ser, os polacos teriam ficado com a Espanha no grupo, mas pronto. Só prova aquilo que venho a defender há anos: o ranking não reflete o valor real das seleções – se a Polónia conseguiu manipulá-lo!

 

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Mas regressemos à nossa Seleção.

 

Não fiquei lá muito contente com o sorteio do Irão para o nosso grupo – por causa do seu Selecionador. Ainda não consegui perdoar Carlos Queiroz – não tanto pelo que aconteceu em 2010, mais pela maneira como reagiu, as declarações que prestou ao longo dos anos que se seguiram.

 

Além disso, sejamos sinceros, os dois anos de Queiroz no leme da Seleção foram dos piores da última década.

 

Dito isto, Carlos Queiroz não parece tão rancoroso como antes – pelo contrário, em declarações pós-sorteio, afirmou-se “muito contente”. Se ele continuar a deixar de lado o eventual azedume que ainda sinta pelo que aconteceu, eu farei o mesmo. A vida é demasiado curta.

 

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Dizem que o Irão era a equipa do pote 3 que todos desejavam para os seus grupos. Eu, no entanto, não acredito que os iranianos nos tragam facilidades. É certo que Portugal ganhou os únicos jogos que disputou contra eles – um particular em 1972 (3-0) e um na fase de grupos do Mundial 2006 (2-0). Mas o Irão estará uns furos acima do que estava nessa altura. Muito graças a Queiroz, na verdade, que os orienta desde 2011.

 

Esta foi, aliás, a primeira vez que o Irão se Qualificou para dois Mundiais de seguida. Foram, também, a primeira seleção asiática a garantir o Apuramento. Pelo meio, tiveram uma série de doze jogos sem sofrer golos. São definitivamente uma equipa a respeitar.

 

Só falta falar sobre o jogo com Marrocos. O nosso histórico com esta Seleção é reduzido: um só jogo, no Mundial de 1986, no México.

 

É o problema dos Mundiais, de resto: enfrentamos equipas de outros continentes, contra quem raramente jogamos, logo, que conhecemos mal.

 

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No caso do histórico com Marrocos, o nosso único jogo com eles não nos permite tirar grandes ilações – deu-se durante o chamado “caso Saltillo” Eu já tinha lido ou ouvido uma ou outra coisa sobre este caso mas só agora, em preparação para este texto, é que fui ao Google e… meu Deus. Tão cedo não me apanham a queixar-me do que aconteceu em 2010 e 2014.

 

Eu gostava de perceber porque raio todos os Mundiais em que Portugal participou, tirando o de 66 (que eu saiba!) e o de 2006, resultaram numa crise, com maior ou menor gravidade, mas sempre pouco dignificante para o futebol português.

 

Acho que a Federação já aprendeu com todos estes erros e tem procurado corrigi-los. Com a construção da Cidade do Futebol, com uma escolha mais cuidada dos locais de estágio e medidas como pedir boleia à Força Aérea para a Andorra. Este profissionalismo foi um dos motivos pelos quais nos sagrámos Campeões Europeus. Se este Mundial não correr a nosso favor, não será por falta de organização – espero!

 

Regressemos a Marrocos (a seleção, não o país). Os marroquinos estão de volta ao Mundial vinte anos após a sua última participação. Foram a única equipa africana a Qualificar-se para o Mundial sem sofrer golos.

 

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Ou seja, vamos defrontar dois adversários de menor prestígio e experiência, mas com boas defesas. Portugal não costuma dar-se muito bem com seleções assim. Não podemos facilitar.

 

Estes prognósticos valem o que valem. Na maior parte das vezes, a realidade troca-nos as voltas, para o melhor e para o pior. Veja-se o que aconteceu no grupo do Euro 2016: um dos mais “fáceis” de sempre, um dos nossos piores desempenhos.

 

Isto também se explica, pelo menos em parte, pelo facto de, por muitos sorteios que se façam, o pior adversário de Portugal continua a ser… ele próprio.

 

Em todo o caso, temos seis meses para nos prepararmos para este Mundial, começando por estes três adversários. Alguns adeptos apontam já para o título… mas isso é conversa para as vésperas da Convocatória Final, como já é costume.

 

Para já, as próximas crónicas serão as revisões de 2016 e 2017, tal como tinha referido no texto anterior. Estou já a trabalhar na de 2016 e, desta vez, espero conseguir acabá-la e publicá-la sem grandes dramas.

 

Continuem por aí – quer através do blogue, quer através da página do Facebook.