Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

O Meu Clube É a Seleção!

Mulher de muitas paixões, a Seleção Nacional é uma delas.

Não é tradição, é sina!

202981304_4411474148892111_8609621531127884260_n.j

No passado dia 15 de junho, a Seleção Portuguesa de Futebol estreou-se no Euro 2020 com uma vitória por três bolas sem resposta perante a sua congénere húngara. No dia 19 de junho, no entanto, a Seleção Nacional perdeu perante a sua congénere alemã por quatro bolas contra duas. Com estes resultados, Portugal encontra-se em terceiro lugar na classificação do grupo F, com três pontos, ainda sem saber se segue ou não para os oitavos-de-final da prova.

 

Como rezava a música, “continhas até ao fim não é tradição, é sina.” Num grupo destes sabíamos que era uma possibilidade, mas isso não significa que seja agradável. 

 

Já aí vamos. Comecemos por falar dos jogos em si.

 

A tarde do dia da partida com a Hungria foi complicada no meu emprego. Estive ocupada até ao último minuto, de tal maneira que não tive tempo sequer de ver o onze inicial – muito menos de partilhá-lo na página.

 

Captura de ecrã 2021-06-21, às 22.47.39.png

 

Felizmente, depois de terminar tudo, não demorei muito a chegar ao meu carro e a ligar o rádio. Só devo ter perdido os primeiros cinco ou dez minutos. Nesta altura, já tinha visto nas redes sociais que o Diogo Jota desperdiçara uma de caras. Como disseram algures, há alturas em que a melhor opção é mesmo passar ao Ronaldo.

 

Jota ao menos aprendeu a lição, como veríamos no jogo seguinte. 

 

Por outro lado, o próprio Cristiano Ronaldo falharia uma oportunidade flagrante mais tarde no jogo. Ninguém está imune a estas coisas – parecendo que não, são humanos como nós. 

 

Na primeira parte, o jogo teve essencialmente um único sentido. A minha irmã bem o dizia: os húngaros não eram capazes de partir para o ataque. Infelizmente, isso obrigou-os a ficarem mais retidos à defesa. Muitos usaram o termo “acantonados” ou “acampados”. Tornou-se ainda mais difícil para os portugueses chegarem ao golo. Não cumpri o meu desejo de festejar um golo com buzinadelas.

 

Se na primeira parte Portugal esteve claramente por cima, na segunda sempre foi assim. Houveram alturas em que a Hungria cresceu e Portugal esteve perto de perder o controlo da situação. Veja-se o golo anulado por fora-de-jogo – em que, ainda por cima, Rui Patrício não ficou muito bem na fotografia. 

 

À medida que o tempo ia passando e o golo não surgia, os nervos aumentavam. Eu sabia que seria assim, referi-o na crónica anterior, mas isso não me impediu de sofrer. Como é que uma pessoa se prepara para jogos destes?

 

img_920x518$2021_06_15_19_18_50_1863874.jpeg

 

Concordo com a opinião popular que defende que Fernando Santos devia ter mexido mais cedo. Podíamos ter ganho por mais com Rafa e Renato Sanches mais tempo em campo – até porque Rafa precisou de alguns minutos até entrar nos eixos. Mas mais vale tarde do que nunca, suponho eu. 

 

Finalmente o marcador mexeu, aos oitenta e quatro minutos. Rafa assistiu para Raphael Guerreiro, que arranjou um corredor no meio de uma data de húngaros. O Raphael não tem jogado grande coisa nestes últimos dois jogos – com grande pena minha, pois gosto dele – mas ao menos conseguiu ser o primeiro português a marcar neste Europeu.

 

O resultado não se manteve inalterado durante muito tempo depois desta. A jogada começou com o Renato abrindo caminho por entre a muralha húngara. Passou a bola ao Rafa, que conseguiu um penálti. Ronaldo, claro, não desperdiçou.

 

Por fim, já em tempo de compensação, deu-se a jogada que ficou nas bocas do mundo: trinta e três passes seguidos, terminando com a assistência de Rafa para o segundo golo de Ronaldo na partida. De início pensei que ele estava em fora-de-jogo, mas em câmara lenta dá para ver que Ronaldo está em linha no momento do passe.

 

Este foi um jogo que deixou a desejar em vários aspetos – e alguns deles voltariam para nos tramar no jogo seguinte – mas, mal por mal, foi a nossa melhor estreia em campeonatos de seleções desde 2008. E tendo em conta o que aconteceu mais tarde, estes três pontinhos iniciais são preciosos.

 

201283481_3362003593901982_6761737517285364702_n.j

 

Antes do jogo com a Alemanha, até estava otimista q.b., sobretudo depois de saber do empate entre a França e a Hungria. Agora em retrospetiva, não sei se esse resultado nos trouxe alguma vantagem para além de um sorriso presunçoso. Mas na altura, de uma maneira estranha, deu-me alguma esperança.

 

Esperança que, apesar de tudo, ainda durou um bocadinho. Talvez demasiado. Ficámos numa situação parecida à da Hungria na primeira parte do nosso primeiro jogo: completamente dominados pelos alemães, só que defendendo pior. Como disse antes, Raphael Guerreiro já viu melhores dias mas, como veremos adiante, as maiores falhas estavam à direita. 

 

Antes, uma das coisas que prolongou a minha relativa ilusão foi o golo português, contra a corrente do jogo. Todos concordam que foi uma jogada lindíssima: a arrancada de Bernardo Silva, o sprint de Cristiano Ronaldo, Diogo Jota desta vez tomando a decisão correta e passando ao Capitão.

 

Este golo foi uma das poucas coisas boas da tarde. Independentemente de tudo o que aconteceu antes ou depois, era a primeira vez desde 2008 que marcamos à Alemanha. Era mais um golo marcado por Ronaldo – que fica agora a dois da marca de Ali Daei –  mais uma data de recordes quebrados e um argumento contra aqueles que dizem que Ronaldo “só marca a seleções pequenas”.

 

Ora, a Alemanha não acusou o golo. Continuou na sua e finalmente, pouco após a meia hora de jogo, conseguiu marcar dois golos em poucos minutos. Mais tarde, ainda no início da segunda parte, os alemães marcaram o terceiro. Dez minutos depois, mais coisa menos coisa, marcaram o quarto.

 

Falo dos quatro golos alemães de uma assentada porque estes têm todos o mesmo ADN. Durante o jogo, aquando do terceiro golo, eu barafustava para quem me quisesse ouvir:

 

– Mas quem é que deixou aquele gajo sozinho? Quem é que deixou aquele gajo sozinho?

 

transferir.jpeg

 

“Aquele gajo” era Robin Gosens. E a verdade é que, vendo agora imagens dos golos alemães, todos eles metem Gosens completamente à vontade à direita. Chega a ser caricato. Pouco importa que os dois primeiros golos tenham vindo de portugueses na baliza errada. Isto foi praticamente o mesmo golo em repetição.

 

Portugal até melhorou mais tarde, quando Fernando Santos meteu João Moutinho – mas também quando a Alemanha tirou o pé do acelerador. Conseguimos até marcar mais um golo na sequência de um livre – com Ronaldo fazendo uma assistência acrobática para a finalização de Diogo Jota.

 

Não evitou a derrota, mas poderá ser importante nas contas dos melhores terceiros.

 

Ainda houve tempo para Renato Sanches – que está em ótima forma – dar um tiro à barra. Infelizmente, o resultado desfavorável manteve-se. 

 

Não foi uma tragédia como o que aconteceu em 2014 e, por princípio, não é vergonha nenhuma perder contra a Alemanha. Mas todos concordam que podíamos ter feito mais. Não sou a melhor pessoa para avaliar o que falhou, mas até eu reparei que, em ambos os jogos, as coisas corriam melhor depois de Fernando Santos mexer no meio-campo. 

 

Além disso… cinco faltas contra quinze da Alemanha? Não é normal!

 

202823982_344261237060423_2615459714742560433_n.jp

 

Pouco depois do fim do jogo, os Marmanjos vieram para as redes sociais pedindo-nos para acreditarmos “tanto quanto eles”. Mesmo os comentadores da TVI durante o jogo iam mantendo um tom irritantemente otimista, sem noção (piores do que eu...). Chegaram a dizer coisas como:

 

– Aquilo que nos aconteceu hoje pode acontecer à França na quarta-feira.

 

Pois. Eu também posso ganhar o Prémio Nobel da Literatura este ano.

 

Não é que não acredite, porque acredito. Não seria a primeira vez – e em princípio não será a última – que a Seleção dava a volta a circunstâncias tão desfavoráveis como esta. Diz que é possível seguirmos em frente mesmo perdendo contra os franceses – e a vantagem de este ser o grupo F é o facto de sermos os últimos a jogar. Entraremos em campo conhecendo os mínimos olímpicos para seguirmos para os oitavos-de-final. À hora desta publicação, “basta-nos” perder por dois golos de diferença. 

 

Ao que chegámos… Peço desculpa, mas isto chega a ser patético. Nunca gostei de pegar na calculadora, apesar de, como disse antes, ser a nossa sina. Mas ao menos antes só tínhamos de incluir equipas do nosso grupo na equação. Na minha opinião, o critério dos “melhores terceiros” estraga um pouco a fase de grupos.

 

Enfim, é o que temos. Mal por mal, ao menos sempre é mais digno ficarmos em terceiro num grupo com a Alemanha e a França do que num grupo com a Islândia e a Áustria. 

 

202704719_4411474505558742_5418959177013758316_n.j

 

Mas dizia eu que o problema não é não acreditar. Eu acredito e acho que a maior parte de nós acredita. O problema é que acreditar não basta. É preciso aprender com os erros, fazer melhor em campo, jogar melhor – seja individualmente, seja coletivamente, seja o que quer que seja. Não sei o suficiente para apontar dedos, mas sei que temos capacidade para mais do que isto. Somos Campeões Europeus e temos grandes jogadores do nosso lado. Somos melhores do que isto!

 

Quando estivemos numa situação parecida com esta há cinco anos, escrevi que, se tudo corresse bem e nos tornássemos Campeões Europeus, ninguém se ralaria com o facto de nos termos apurado em terceiro no grupo. Não foi bem assim – pelo contrário, foi aqui que nasceu o “de empate em empate” (a parte mais engraçada desta história é que, antes do Euro 2016, Portugal não tinha empatado uma única vez sob a alçada de Fernando Santos). Mas o final dessa história continua a ser aquilo que mais interessa.

 

Da mesma forma, hoje sinto-me desiludida, mas isso passará se seguirmos em frente no Europeu. Mais: quanto mais aprendermos com o que aconteceu no jogo de sábado, mais longe iremos na prova. Aí acreditarei em Fernando Santos quando diz que, se apanharmos a Alemanha na final, ganhamos nós. 

 

Mas não conto com esse ponto até ele nascer. Ainda temos os franceses no nosso caminho, com quem nunca é fácil lidar, nem mesmo nas melhores circunstâncias. Agora vieram de um escandaloso empate perante a Hungria e vão encontrar a seleção que lhes tirou o Europeu que eles mesmos organizaram. 

 

São meninos para nos darem uma goleada só mesmo para garantir que vamos para casa mais cedo. Nem quero imaginar a humilhação…

 

Eu acredito no empate pelo menos – e já será suficientemente difícil. Se há algo de que tenho a certeza hoje é que ninguém na Seleção quer ficar pela fase de grupos. Nunca aconteceu connosco num Euro, era no mínimo indigno acontecer agora. Falta é passar dos desejos à ação. 

 

203169373_4411474742225385_4036684776334417535_n.j

 

Venham de lá os franceses. Uma vez mais, vemo-nos do outro lado.

Era preciso exagerar?

img_834x600$2019_11_30_17_31_01_1633454.jpg

No passado sábado, dia 30 de novembro, realizou-se o sorteio para a fase de grupos do Europeu do próximo ano, que terá lugar em várias cidades europeias. Portugal foi sorteado para o grupo F, juntamente com a Alemanha, a França e o vencedor da Liga A dos play-offs que terão lugar em março.

 

Antes de mais nada, se não se importam…

 

 

Obrigada. Estava a precisar.

 

Havia muito boa gente a desejar um grupo difícil para este Europeu. Começando pelo próprio Fernando Santos, terminando em mim, até certo ponto. Estamos fartinhos de sabê-lo, eu mesma tenho referido-o várias vezes aqui no blogue, nos últimos tempos: tradicionalmente, Portugal dá-se melhor em condições adversas. Quando os adversários são considerados fáceis, Portugal atrapalha-se. Também se sabia que, estando no pote 3, a Seleção dificilmente calharia num grupo demasiado difícil.

 

Mas também não era preciso exagerar. Queriam um grupo difícil? Ora tomem!

 

Pude acompanhar o sorteio pela televisão. Doeu um bocadinho ver Ricardo Carvalho e João Mário entregando a Henri Delaunay – é nossa! Nós conquistámo-la com sangue, suor e muitas lágrimas (de tristeza e alegria). Falando por mim, ainda não estava preparada para me separar dela.

 

img_834x600$2019_11_30_17_30_09_1633449.jpg

 

Enfim. Ficam as recordações.

 

Como habitual, os potes 1 e 2 foram sorteados primeiro. Quando a Alemanha e a França calharam no mesmo grupo, soltei logo um gemido: estava definido o Grupo da Morte. 

 

Devia ter adivinhado logo. 

 

Este foi mais um caso de sofrimento até ao fim. Tivemos de ver as outras seleções do pote 3 sendo sorteadas para outros grupos, até só sobrarmos nós para o grupo F.  

 

 

Se espreitarem as minhas publicações na página do Facebook deste blogue na altura do sorteio, verão que não reagi muito bem. Ainda não recuperei por completo. Mas também, para ser sincera, não era para menos. Naquele momento, se apanhasse os Marmanjos a jeito, dava-lhes um abanão:

 

– Estão a ver no que dá complicar a Qualificação sem necessidade?!?

 

Alemanha e França, os últimos dois Campeões do Mundo! Mesmo sem ter em conta o (péssimo) histórico que temos com estas duas equipas, não sei se era possível termos um grupo mais difícil. Pelo menos a nível europeu, a única outra seleção que se equipara em termos de dificuldade e de histórico desfavorável é a Espanha. 

 

Mas agora procuremos analisar as coisas com mais calma. Começando pela Alemanha. 

 

Como se poderão recordar, os últimos quatro jogos que disputámos com eles não correram bem. Em 2006, jogámos pelo terceiro lugar no Mundial e perdemos por 3-1. Em 2008, já tinha eu este blogue, perdemos por 3-2, nos quartos-de-final do Europeu – embora, tanto quanto me recordo, não tenhamos jogado muito mal. Também não jogámos mal quando perdemos com eles, no Euro 2012

 

futebol-copa-alemanha-portugal-20140616-22-origina

 

Mas a nossa recordação mais recente de jogarmos com alemães é de sermos massacrados em Salvador. Esse é um trauma que ainda não passou. Não admira que Joachim Löw diga que guarda boas recordações de Portugal. Claro que guarda.

 

Dito isto, a Alemanha não parece ser, neste momento, o tubarão futebolístico que era há uns anos. No Mundial 2018 defendiam o título mas foram eliminados logo na fase de grupos – provando que a maldição é real, logo eles que eu pensava que seriam a exceção à regra. A crise continuou na Liga das Nações, quando ficaram em último lugar na fase de grupos – mas também estava lá com a França e com a Holanda. 

 

Pelo meio, Joachim Löw operou uma pequena revolução na equipa. Deixou pelo caminho vários dos seus habituais, até só sobrarem Manuel Neuer, Toni Kroos, Marco Reus e Ilkay Gundongan. Ao mesmo tempo, encheu a equipa de jovens. De facto, Löw não considera esta Alemanha favorita ao título europeu por ser uma equipa demasiado inexperiente.

 

Talvez seja… mas não deixam de ser jogadores de boa qualidade, alinhando em grandes clubes europeus. Não deixam de ser a Alemanha. Ninguém com dois dedos de testa vai subestimá-los. 

 

Por sua vez, a França será, sem sombra de dúvidas, a melhor seleção do mundo neste momento. Desde que perderam o Europeu para nós, fizeram praticamente tudo bem. Venceram o Mundial 2018, para grande azia minha. Os únicos tropeções que deram nos últimos dois anos foi ficarem em segundo lugar na fase de grupos da Liga das Nações (recordo que ficaram no mesmo grupo que a Alemanha e a Holanda) e perderem contra a Turquia neste Apuramento – o único motivo pelo qual ficaram no pote 2. A seleção francesa está recheada de nomes sonantes, aponta para o título e, agora que nos apanharam no grupo… vão querer vingança.

 

transferir (4).jpg

 

Apesar de lhes termos ganho o Europeu, não tenhamos ilusões. Houve muito mérito nosso, mas algo que jogou a nosso favor foi o facto de os franceses nos terem subestimado. Ainda aquando deste sorteio, Didier Deschamps apelidou Fernando Santos de “espertalhão” por ter dito, na altura, que a França era favorita ao Europeu… mas era alguma mentira? A França jogava em casa e, ao contrário de nós, já tinham vencido o Europeu antes. Não é culpa nossa que eles tenham achado que eram favas contadas – nós tínhamos, e continuamos a ter, menos currículo, mas ninguém chega a uma final por acaso.

 

De qualquer forma, sabemos agora que os franceses não vão cometer esse erro de novo. E para além do que disse acima sobre eles serem os actuais melhores do mundo, se considerarmos o nosso histórico com eles, tirando a final do Europeu… não é animador. Mais de quarenta anos sem conseguirmos vencê-los, três derrotas em meias-finais. 

 

Dizer que não vai ser fácil é eufemismo.

 

Com isto tudo, ainda mal referi o terceiro adversário. Este só será definido daqui a uns meses, o que me é estranho – estava habituada a ter grupos decididos por completo nesta altura. Para sermos sinceros, este adversário é a menor das nossas preocupações – em parte porque é difícil preocupar-nos com um adversário por definir. 

 

Em princípio, o terceiro adversário será o vencedor da Liga A: Islândia, Hungria ou Bulgária. Tecnicamente a Roménia também joga na Liga A mas, uma vez que Bucareste é uma das cidades-anfitriãs do grupo C, se a Roménia se Qualificar irá para esse grupo, de modo a poder jogar em casa. Nesse caso, as outras equipas que poderão entrar na equação serão a Geórgia, a Bielorrússia, a Macedónia e o Kosovo. 

 

img_834x600$2019_11_30_17_30_03_1633444.jpg

 

Não quero perder muito tempo com estas últimas equipas, já que é menos provável virem para o nosso grupo. Se isso acontecer, logo escreverei sobre isso. 

 

Por algum motivo, os meus pressentimentos dizem-me que será a Islândia a Qualificar-se – a nossa velha amiga com quem nos estreámos no Euro 2016. No Mundial 2018 os islandeses não passaram da fase de grupos e, na Liga das Nações, ficaram em último lugar no seu grupo. Sempre estavam na Liga A, mas… Não estou a vê-los fazendo frente à Alemanha ou à França (se mesmo nós estamos aqui aflitos…), mas sempre guardam boas recordações de Portugal. Pode não ser suficiente para nos vencerem, mas sempre lhe dará alguma motivação.

 

Por sua vez, a Hungria não parece estar ao nível a que esteve durante o Europeu, naquele jogo tão parvo. Ainda assim, se se Qualificarem, jogarão em casa. Da última vez que jogámos em Budapeste, vencemos mas não foi fácil e trouxemos mais pontos do que precisávamos. 

 

Por fim, a Bulgária não foi ao Mundial 2018. Na Liga das Nações, esteve na Liga C. Nos últimos anos só disputámos um jogo particular com eles, em 2016 (antes de pesquisar para este texto já nem me lembrava deste jogo), de onde saímos derrotados por 1-0. Ainda assim, não estou a vê-los, criando grandes dificuldades a Portugal (meu Deus, espero não me arrepender destas palavras…).

 

Em todo o caso, a qualquer que seja a seleção a Qualificar-se para o nosso grupo… os meus pêsames. Se estivesse no lugar deles, quase preferia ficar de fora do Europeu. 

 

EKpW4b3WsAE5_rE.jpg

 

Uma das coisas que me preocupa nesta fase de grupos é o facto de nos estrearmos com o vencedor do playoff. Portugal tem a infeliz mania de não ganhar o primeiro jogo de uma fase final, conforme já assinalei aqui no blogue. Desta feita não vai dar para perder pontos – com dois tubarões no nosso tanque, não nos podemos dar ao luxo de levar dentadas da sardinha. Vamos ter de entrar a matar – mais sobre isso já a seguir. 

 

A única vantagem do grupo F é o facto de ser dos melhores em termos de deslocações. Entre Munique, na Alemanha, e Budapeste, na Hungria, são “só” 553 quilómetros de distância. Em comparação com as cidades dos outros grupos é metade ou menos. 

 

Isto de fazer o Europeu um pouco por todo o continente é muito bonito, mas muito complicado em termos de logística. Jogadores e equipas técnicas das várias seleções vão chegar ao fim do campeonato completamente esgotados. 

 

Fernando Santos lamentou o facto de não termos ficado no grupo de Bilbau – sempre daria para ficarmos em casa, na Cidade do Futebol. Continuo a achar que devíamos ter candidatado Lisboa e/ou Porto para a organização deste Europeu. No entanto, em 2013-2014, com a troika a respirar sobre os nossos pescoços, quem estava disposto a arriscar? Ninguém calculava que nos sagraríamos Campeões Europeus nem que Portugal se tornaria um dos melhores destinos turísticos do Mundo. Assim sendo, deveremos instalar-nos em Budapeste. 

 

Resumindo e concluindo, espera-nos uma viagem dura e turbulenta para defendermos o Europeu. Não faltará emoção, disso podemos ter a certeza. Precisamente por isso, em vez de Grupo da Morte, há quem prefira chamar a conjuntos como este Grupo da Vida ou Grupo da Glória, como ouvi no outro dia. Tudo muito bonito e não nego que haja verdade nisso. Mas é fácil dizer que é o Grupo da Vida, um grupo emocionante quando se está do lado de fora, com um balde de pipocas. Não quando é a nossa equipa em palco.

 

78575843_2853751687976925_1334596765801775104_n.jp

 

É muito simples: vamos ter de dar o nosso melhor. Vamos ter de deixar as nossas habituais parvoíces de lado, vestir o fato de super-heróis, invocar a força, o espírito, o que quer que seja que nos permitiu sagrar-nos Campeões Europeus. Repetindo mais uma vez, temos a fama de nos sairmos melhor em circunstâncias difíceis, de nos superar-nos. Vamos ter de passar da fama à prática.

 

Quanto a nós, adeptos, temos de nos preparar para muito sofrimento. Agora é uma boa altura para marcar consulta no cardiologista, arranjar umas receitas para nitroglicerina (o comprimido que se põe debaixo da língua). Vai ser duro… mas a verdade é que não queríamos que fosse de outra maneira. 

 

Eu acredito que será possível sobrevivermos a este grupo, nem que seja pelo terceiro lugar. Até ao momento ultrapassámos sempre a fase de grupos de Europeus – alguns em circunstâncias quase tão difíceis ou mesmo igualmente difíceis. E se conseguirmos sobreviver a um grupo com a Alemanha e a França – sobretudo se conseguirmos vencer pelo menos um deles – seremos capazes de sobreviver a praticamente tudo neste Europeu. Estou certa de que jogadores, equipa técnica e Federação em geral farão tudo para que isso aconteça.

 

Até lá… 

Seis pontos (e um ou dois no sobrolho do Pepe)

IMG_20170414_001567.jpgNa passada quinta-feira, dia 31 de julho, a Seleção Portuguesa de Futebol venceu a sua congénere faroense por cinco bolas a uma, no Estádio do Bessa. Três dias depois, a Seleção foi ao Groupama Arena, em Budapeste, vencer a sua congénere húngara por uma bola a zero.

 

Foram dois jogos muito diferentes, ainda que ambos nos tenham dado três pontos. Comecemos pelo primeiro.

 

O jogo com as Ilhas Faroé arrancou bem. Logo aos dois minutos, Bernardo Silva assistiu para Cristiano Ronaldo, que rematou de pontapé de bicicleta para as redes faroenses.

 

Penso que foi, também, no Estádio do Bessa que, há cerca de onze anos, lhe anularam injustamente um golo parecido. Este foi a compensação, suposto eu.

 

Mesmo em desvantagem, as Ilhas Faroé limitaram-se a defender. Estacionaram o autocarro e Portugal viu-se aflito para chegar à baliza deles. O segundo golo teve de ser marcado de penálti – mais uma vez, obra de Cristiano Ronaldo.

 

Não seria, no entanto, a Turma das Quinas se não houvesse um deslize de vez em quando. Foi o que aconteceu aos trinta e oito minutos. Os faroenses faziam os lançamentos de linha lateral como quem marca um pontapé de canto. Num deles, conseguiram atirar a bola para dentro da nossa grande área. José Fonte não conseguiu intercetar, Baldinvsson teve um momento inusitado de inspiração e rematou diretamente para a nossa baliza – Rui Patrício não pôde fazer nada.

 

IMG_20170414_001557.jpg

  

A frágil vantagem não demorou a ser ampliada, contudo. Aos cinquenta e oito minutos, Cristiano Ronaldo assistiu para William Carvalho (que estava a fazer um belo jogo) rematar de cabeça para o 3-1. Cerca de cinco minutos mais tarde, foi a vez de William assistir para Cristiano Ronaldo finalizar.

 

Ainda houve tempo para Nélson Oliveira ampliar a vantagem, poucos minutos após entrar em campo. Um dos defesas faroenses conseguiu intercetar um cruzamento de Ronaldo, mas deixou a bola solta e Nélson não desperdiçou. Ficou feito o resultado.

 

Falemos, então, sobre o jogo com a Hungria. Tenho de fazer um mea culpa: no texto anterior subestimei os húngaros. Depois de estes vencerem a Letónia, percebi que fui parva: eles precisavam de ganhar a Portugal para se manterem na luta pelo segundo lugar (ou seja, motivação não lhes faltava) e iam jogar em casa.

 

Não, não ia ser fácil. Pensar o contrário era ilusão.

 

18809613_1902645163281336_3142023852700205056_n_b4

  

Portugal até entrou bem no jogo e dominou durante a primeira hora. Perdeu, no entanto, Fábio Coentrão aos vinte e sete minutos (isto é normal?). E, dois minutos mais tarde, Pepe levou uma cotovelada no sobrolho que o deixou a sangrar.

 

Alguém devia ter avisado os húngaros que, quando nós, portugueses, dissemos que queríamos três pontos, estes não eram na testa do Pepe!

 

O autor da gracinha foi expulso, claro. Os colegas, no entanto, não perceberam a mensagem. Menos de dez minutos mais tarde, foi Cédric a sangrar – desta vez, da maçã do rosto.

 

O que é que os húngaros tinham contra nós? Ainda estavam com o jogo da Luz atravessado na garganta? Ou era ainda o 3-3, no Europeu?

 

IMG_20170407_110733.jpg

   

Só se sabe que a agressividade dos húngaros deixou os portugueses atarantados, sem saber como reagir, até aos quarenta e cinco minutos.

 

Ao menos o intervalo ajudou os Marmanjos a recuperar o sangue-frio. Logo aos quarenta e oito minutos, Cristiano Ronaldo assistiu para André Silva que, em cima da linha de baliza, conseguiu empurrar a bola em direção às redes.

 

Estava feito o mais difícil.

 

Depois do golo, Portugal procurou manter a posse de bola, defendendo a vantagem. A ideia que fica é que os Marmanjos tiveram medo que a coisa descambasse para o agitado 3-3 do Europeu. Este “engonhanço” deixou-nos a todos numa pilha de nervos até aos noventa (fazendo lembrar o último jogo com a Rússia), não impediu uma ou outra iniciativa dos húngaros (aqueles livres, incluindo o do último minuto, davam-me flashbacks do jogo do Europeu) mas, no fim, resultou. Portugal totaliza, agora, vinte e um pontos – ainda menos três que a Suíça.

 

IMG_20170414_125039_HDR.jpg

 

Pois é, os suíços continuam invictos nesta Qualificação. São, a par da Alemanha, a Seleção com mais pontos nesta fase de Apuramento. Consta que um dos responsáveis é um sujeito de nome Seferovic, que joga pelo Benfica e, nesta época, já marcou sete golos em sete jogos.

 

E a culpa é nossa – tal como, de certa forma, aconteceu com a Islândia no Euro 2016. Se tivéssemos vencido a Suíça, há um ano, nada disto estaria a acontecer. Tal como comentei ontem, com a minha irmã, fomos nós que criámos este monstro.

 

- E vamos ser nós a acabar com ele – respondeu-me ela.

 

Gosto desse espírito.

 

Faltam-nos, então, duas finais. A última delas, a mais importante, será em casa. Havemos de falar melhor sobre esses jogos dentro de um mês, aquando da Convocatória para os mesmos. Posso desde já adiantar que eu e a minha irmã vamos tentar arranjar bilhetes. Se tudo correr conforme o planeado, este será um jogo tenso, difícil, de tudo ou nada. Pode ser que ganhemos, pode ser que não. De qualquer forma, quero estar lá.

 

Braço-de-ferro

IMG_20170513_140959_HDR.jpg

Na próxima quinta-feira, dia 31 de agosto, a Seleção Portuguesa de Futebol recebe a sua congénere (*consulta o Google*) faroense no Estádio do Bessa. Três dias depois, desloca-se ao Groupama Arena, em Budapeste, para defrontar a seleção húngara. Ambos os jogos contam para a Qualificação para o Mundial 2018.

 

Os Convocados para esta dupla jornada foram Divulgados na passada quinta-feira e incluíram uma mão-cheia de novidades. Não temos propriamente estreias, antes regressos após ausências prolongadas.

 

Um dos destaques, pelo menos para mim, é Fábio Coentrão. O lateral esquerdo esteve quase dois anos ausente. Tendo em conta que estes últimos dois anos incluíram a vitória no Euro 2016, estes equivalem a uma eternidade.

 

Quem já acompanhe o meu blogue há uns anos saberá que sempre gostei do Coentrão. Pelo talento, pela entrega, pelo inconformismo. Ele, contudo, passou estes últimos dois anos quase sempre lesionado e, a partir de certa altura, perdi a paciência – já não sabia se era lesão mesmo ou se era desleixo. E como, entretanto, tivemos o meu menino de ouro, Raphael Guerreiro, e mesmo Eliseu foi subindo de rendimento, não se pode dizer que Coentrão tenha feito falta.

 

As coisas parecem estar a mudar,  no entanto. Um pouco à semelhança do que fez Nani há três anos, quando regressou ao Sporting por uma época, Fábio Coentrão voltou à tutela de Jorge Jesus, o treinador que o descobriu. Por outras palavras, está a dar um passo atrás para tentar reencontrar-se a si mesmo.

 

IMG_20170414_001567.jpg

  

E parece que está a resultar: consta que fez uma bela exibição no outro dia, perante o Steaua de Bucareste.

 

Ainda é cedo para se saber se o Fábio Coentrão que conhecíamos e adorávamos está mesmo de volta. Mas os primeiros sinais são encorajadores.

 

 Que continue assim: talentos como o de Coentrão nunca são demais.

 

O caso de Bruma é diferente. O jovem já tinha sido Chamado algumas vezes à Seleção, sem nunca chegar a vestir a camisola das Quinas. Acho que a última vez foi em 2014, na última Convocatória de Paulo Bento. Bruma acabaria por ser excluído antes do jogo com a Albânia – e, se bem me recordo, não reagiu muito bem.

 

IMG_20170407_110733.jpg

  

Essa é, aliás, um dos motivos pelos quais nunca gostei muito do Bruma: pode ser muito talentoso, mas o seu carácter deixa muito a desejar. A confusão com o Sporting, durante o verão de 2013, é um bom exemplo. E ainda há bem pouco tempo, um dos seus antigos treinadores no Galatasaray deixou-lhe críticas há uns meses.

 

Dito isto, parece que a época passada lhe correu bem – segundo a sua página na Wikipédia, Bruma contou onze golos e oito assistências. Foi, também, um dos destaques da Seleção de Sub-21 no Europeu deste ano: dois dos seus golos estão entre os dez melhores da prova. E hoje fez isto. Pode ser que ele tenha ganho juízo e que seja desta que ele se estreie com a Camisola das Quinas.

 

Não tenho nada a apontar aos regressos de Bruno Varela e Nélson Oliveira. João Cancelo, por sua vez, volta a ser Convocado após a sua fífia no jogo contra a Suécia. Se bem se recordam, ele marcou três golos em quatro jogos, há um ano – um bom registo para um lateral direito. Confesso que gosto mais dele do que do Nélson Semedo – que não deixou grande impressão na Taça das Confederações e ainda foi expulso no jogo do terceiro lugar.

 

É possível, no entanto, que volte a ser Convocado daqui a um mês, quando não estiver castigado.

 

IMG_20170325_194109_1.jpg

  

Fernando Santos, de resto, afirmou que existem vários jogadores “à porta” da Seleção – como Ricardo Pereira e Bruno Fernandes. (A minha irmãzinha sportinguista tem, aliás, refilado com a exclusão deste último. Eu mesma também estranho que ele nem sequer tenha sido Chamado aos Sub-21, tendo em conta o que fez nos últimos dois jogos do Sporting.) Disse mesmo que essa porta não tem chave, que tanto dá para entrar como para sair.

 

Eu, pelo menos, imagino-a como uma porta giratória.

 

Estamos, então, na penúltima jornada desta Qualificação. Praticamente nada mudou desde há quase um ano: Portugal está em segundo lugar, a três pontos da Suíça. Um braço-de-ferro entre portugueses e suíços, sem que nenhuma das partes ceda. Nesta altura do campeonato, toda a gente sabe que a Qualificação só se decidirá a 10 de outubro. Estamos apenas a fazer tempo até esse jogo. Só não digo que estamos apenas a cumprir calendário porque temos de ganhar os jogos. Caso contrário, tudo isto se complica.

 

IMG_20170414_125039_HDR.jpg

  

E sem necessidade. Temos tudo para ganhar o jogo em casa, com as Ilhas Faroé – se possível com muitos golos, para não ficarem dúvidas para o eventual desempate com a Suíça.

 

O jogo com a Hungria, por sua vez, será um pouco mais complicado. Para além de os húngaros estarem uns quantos furos acima dos faroenses, eles jogarão em casa. Em teoria, seria um dos jogos mais difíceis desta Qualificação. Na prática – na minha opinião, pelo menos – os húngaros não são tão ameaçadores como no ano passado. Pouca luta deram no jogo da Luz, este ano, e ainda perderam com a Andorra, em junho.

 

Preocupa-me mais o facto de o jogo decorrer apenas três dias depois do jogo no Bessa, com uma viagem pelo meio. Tirando isso, não temos desculpas. Somos Campeões Europeus, não somos?

 

Não, não acredito que percamos pontos nesta dupla jornada. Como disse o Selecionador, vamos ganhar estes três jogos e depois, no dia 10, vamos dar uma prenda de aniversário a Fernando Santos (adorei que ele tenha disto isto!).

 

IMG_20170414_001557.jpg

  

Continuem a acompanhar o braço-de-ferro que está a ser esta Qualificação, quer através deste blogue, quer através da sua página no Facebook.

Entre a euforia e a realidade

IMG_20170325_194109_1.jpg

No passado sábado, dia 25 de março, a Seleção Portuguesa de Futebol venceu a sua congénere húngara por três bolas sem resposta, no Estádio da Luz, em jogo a contar para a Qualificação para o Mundial 2018 – e eu estive lá! Três dias depois, a Seleção Nacional foi derrotada pela sua congénere sueca, no Estádio Club Sport Marítimo, na Madeira, em jogo de carácter amigável.

 

Comecemos por falar do jogo com a Hungria, a que fui assistir com a minha irmã. Estava um bom ambiente na Luz. O estádio estava praticamente cheio, incluindo os tais dois ou três mil húngaros que, mesmo em minoria, conseguiram fazer-se ouvir. Foram-se calando mais à medida que a vitória portuguesa se ampliava, contudo. O público português também se manifestou sonoramente, com de resto acontece em todos os jogos da Seleção em casa. Gostei, particularmente, de cantar e ouvir cantar “Campeões! Campeões! Nós somos Campeões!”. Não dá para nos fartarmos deste cântico – da mesma maneira como não dá para nos fartarmos do orgulho de sermos Campeões Europeus.

 

Suponho que esta seja uma boa altura para falar sobre a polémica claque portuguesa e deixar o assunto arrumado. Quando descobri que a claque que puxara por Portugal durante o Euro 2016 de forma brilhante (sobretudo na final, em que silenciaram os maioritários franceses durante noventa por cento do jogo) iria regressar para o Portugal x Hungria, fiquei entusiasmada. Conforme julgo já ter referido antes, quando a minha irmã me leva aos jogos do Sporting, aquilo que mais gosto é de ouvir os cânticos da curva sul. Recriarem isso num jogo da Seleção seria fantástico.

 

E durante o jogo em si até resultou… mais ou menos. A claque ficou sentada quase debaixo os húngaros, o que não resultou muito bem em termos acústicos. No entanto, lá foi conseguindo com que os seus cânticos contagiassem ocasionalmente o resto da multidão portuguesa. Eu pelo menos ia cantando (pareceu-me ouvir o Pouco Importa a certa altura).

 

IMG_20170325_194125.jpg

  

Num mundo ideal, tudo o que uma claque faria seria isso: cantar, puxar pela equipa. Na realidade, vejo agora que esperar que uma claque se portasse civilizadamente era demasiado. À chegada à Luz terão havido desentendimentos  entre os membros da claque (que estariam a entoar cânticos anti-Benfica) e alguns adeptos no local. Não sei se esses cânticos foram resposta a alguma provocação e não me interessa. Só sei que a questão – certamente empolada pela proximidade do Benfica x F.C.Porto, bem como pelo boicote das águias à gala das Quinas de Ouro e ao próprio jogo com a Hungria – deu polémica. Chegou, em certos momentos, a desviar a atenção da Seleção em si.

 

A Federação já se veio demarcar das atitudes das claques e garantir que a Seleção não tem, e provavelmente nunca terá, um grupo oficial de apoio. Eu, apesar de tudo, acho melhor assim. Por muito que tenha gostado da claque durante o jogo com a Hungria, se o preço a pagar são mesquinhezes como estas, não vale mesmo a pena. Perdoem-me a linguagem, mas foi por causa de m*rdas como esta que desisti dos clubes. Não tragam guerras clubísticas para a Equipa de Todos Nós, não estraguem o ambiente pacífico dos jogos – a Seleção não é nada disto!

 

Agora que já arrumámos esse assunto, prossigamos.

 

   

O início do jogo com a Hungria este longe de ser perfeito. A Seleção demorou algum tempo a encaixar-se. O primeiro golo surgiu aos trinta minutos, na sequência da jogada deliciosa que dá para ver em cima, obra de Cristiano Ronaldo, Raphael Guerreiro e André Silva. Este último marcou, assim, o primeiro golo da Seleção em 2017.

 

O segundo não demorou. Desta feita, foi André Silva a assistir para Cristiano Ronaldo, que rematou de fora da área. A vantagem ampliou-se para 2-0.

 

Na segunda parte, as coisas abrandaram. André Silva saiu para dar lugar a Bernardo Silva. A ideia com que fiquei foi que Fernando Santos quis jogar pelo seguro e gerir o resultado. Neste jogo, isso correu bem. Os húngaros avançaram um pouco no terreno, mas não chegaram a ameaçar verdadeiramente. Cristiano Ronaldo marcou o terceiro golo da noite, de livre direto à esquerda – ainda não sei muito bem como é que ele rematou com aquele ângulo. O resultado manteve-se inalterado até ao apito final.

 

Tive pena que não se tivesse marcado mais um golo – acho que merecíamos. Nós, o público, chegámos a cantar “SÓ MAIS UM! SÓ MAIS UM!”. Também estranhei que Bernardo Silva não tivesse alinhado de início.

 

 Tirando isso, não há nada de mau a apontar à Seleção neste jogo. Correu melhor do que estava à espera – pensava que os húngaros iam dar mais luta. Os novos BFFs futebolísticos André Silva e Cristiano Ronaldo prometem vir a dar muitos golos à Seleção no futuro próximo. Saí da Luz muito satisfeita e otimista relativamente à Equipa de Todos Nós e assim me mantive durante os dias seguintes...

 

...até ao particular com a Suécia.

 

transferir.jfif

 

Este era um jogo, tanto para homenagear Cristiano Ronaldo na sua terra natal, como para homenagear o povo madeirense. Uma maneira de lhes agradecer pelo apoio à Seleção, sobretudo durante o Europeu. Recordo que a Madeira esteve dezasseis anos à espera de voltar a ver a Equipa de Todos Nós.

 

O jogo até começou bem. Cristiano Ronaldo marcou logo aos dezoito minutos, após um momento de magia de Gelson Martins, que assistiu de trivela. Este foi o septuagésimo-primeiro golo do madeirense com a Camisola das Quinas e o quinto jogo seguido da Seleção em que marcou. Ou seja, aos 32 anos, Ronaldo está a atravessar a sua melhor fase na Equipa de Todos Nós – quando a sua época no Real não está a correr tão bem como outras.

 

Um dos seus próximos recordes a bater será o de melhor marcador europeu a nível de seleções. Ronaldo encontra-se, neste momento, no terceiro lugar, com dois húngaros à sua frente: Kocsis, com setenta e cinco golos, no segundo lugar, e Ferenc Puskas, com oitenta e quatro, no primeiro lugar. O segundo lugar é perfeitamente alcançável, na minha opinião – se Ronaldo continuar assim, por alturas do fim do ano já terá ultrapassado Kocsis. O primeiro lugar é mais difícil, naturalmente. Mas, lá está, Ronaldo tem feito carreira esticando os limites do possível.

 

transferir.jfif

  

Por sua vez, Gelson voltou a participar no segundo golo. Desta feita, fintou uns quantos defesas suecos, tentou assistir para Bernardo Silva, mas acabou por ser o sueco Granqvist a desviar para dentro da baliza.

 

Entre Gelson, Renato Sanches (que também estava espevitado nesse jogo), André Silva, Bernardo Silva, Raphael Guerreiro e outros de que não me recordo neste momento, tenho imensas esperanças nesta geração. Não devemos voltar a ter um fenómeno estilo Cristiano Ronaldo nos próximos... cem ou duzentos anos. Mas julgo haver qualidade suficiente nesta nova geração para a Equipa de Todos Nós nos continuar a dar alegrias a longo prazo.

 

Confesso que, por alturas do intervalo, me deixei levar pela euforia. Na prática, a Seleção Portuguesa não se tinha mostrado assim tão superior à sueca. E a realidade atingiu-nos em força, na segunda parte. Fernando Santos efetuou várias alterações para a segunda parte, procurando, mais uma vez, gerir a vantagem. Desta vez não resultou muito bem, a defesa fragilizou-se. Para além disso, verdade seja dita, metade dos portugueses não deviam estar muito para ali virados: este era apenas um particular e, conforme toda a gente insistia em recordar-nos, em vésperas de jogos importantes de clubes.

 

Com tudo isso, não nos podemos queixar senão de nós próprios, nem no que toca aos golos de Claesson, nem mesmo no auto-golo de João Cancelo, ao cair do pano.

 

aplausos.jpg

  

Vou ser sincera: doeu perder este jogo. Sobretudo porque andava eufórica com a Seleção desde o jogo com a Hungria. Mas também já ando nisto há tempo que chegue para saber quando há motivo para alarme. Não é o caso. Mesmo com um onze completamente diferente do habitual, a Seleção teve bons momentos. Além de que este é apenas um particular e derrotas em particulares são frequentes na era de Fernando Santos. E, tendo em conta que a Qualificação tem corrido bem desde aquela primeira derrota, as coisas podiam estar bem piores. Acreditem, para mim o Mundial 2014 não foi há assim tanto tempo.

 

Agora vem aí a Taça das Confederações. Sendo esta a nossa primeira vez, ainda não sei ao certo como é que isso vai funcionar, em termos de calendário pelo menos (Divulgação dos Convocados, início da preparação, etc). Dava-me jeito saber, para poder planear as publicações aqui no blogue e na página do Facebook em função disso.

 

Estou a assumir que o calendário será semelhante à de um Europeu ou Mundial: Convocatória (tanto para as Confederações como para o jogo com a Letónia da Qualificação) logo após o término do campeonato de clubes (ou seja, 22 ou 23 de maio); início do estágio após a Taça de Portugal (ou seja, dia 29 ou 30 de maio). Como a Letónia fica na Europa de Leste, perto da Rússia, a Seleção deverá seguir para território russo logo após o jogo do Apuramento. Uma complicação será a final da Champions, a 3 de junho. O Ronaldo e o Pepe que me perdoem, mas espero que o Real Madrid não se qualifique este ano.

 

a taça na Madeira.jpg

 

Hei de falar melhor sobre a Taça das Confederações mais tarde. Para já, tudo o que precisam de saber é que, a menos que ocorra algum imprevisto, vou fazer como faço num Europeu ou Mundial: publicarei um texto antes da Divulgação dos Convocados e um texto depois. É só uma questão de a Federação confirmar a data (espero que não demore muito).

 

Em todo o caso, já sabem, podem esperar comigo pela Taça das Confederações na página do Facebook de apoio a este blogue.