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O Meu Clube É a Seleção!

Mulher de muitas paixões, a Seleção Nacional é uma delas.

Colocando em causa

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No passado dia 22 de junho, a Seleção Portuguesa de Futebol venceu a sua congénere turca por três bolas sem resposta. Com este resultado, conseguiu Qualificar-se para os oitavos-de-final do Euro 2024, onde irá defrontar a sua congénere eslovena, na próxima segunda-feira dia 1 de junho. Entretanto, no dia 26 de Junho, a Seleção Portuguesa foi derrotada pela sua congénere georgiana por duas bolas sem resposta, em jogo apenas para cumprir calendário e para definir a classificação do resto do grupo. 

 

Este último resultado pode, como se diz oficialmente, "não ter contado para quase nada". Mas infelizmente contou muito para a minha disposição e entusiasmo em relação a este Europeu.

 

Já aí vamos.

 

Vi o jogo com a Turquia numa esplanada – algo que queria fazer com um jogo de campeonato de seleções há muitos anos. Foi agradável, foi divertido – as outras pessoas estavam entusiasmadas, mas não de forma desordeira, como às vezes acontece. 

 

A Turquia até entrou melhor no jogo, mas Portugal lidou bem com isso. Aliás, Portugal defendeu muito bem durante todo o jogo. Tem-se falado muito sobre o Pepe, com toda a justiça, mas também me ficou na retina um lance em que Rúben Dias defendeu de cabeça. 

 

 

Eventualmente, Portugal assumiu o controlo do jogo e chegou ao golo ao minuto 22. A jogada teve alguma graça: a assistência é de Nuno Mendes, um dos turcos segura mal a bola, Cristiano Ronaldo tenta recebê-la mas cai, Bernardo Silva toma-a e remata certeiro. Fiquei contente por ter sido Bernardo a marcar, depois de, nos dias anteriores, ter recebido algumas críticas injustas por parte da opinião pública. 

 

O segundo golo não tardou e esse foi ainda mais cómico. Como muitos têm assinalado, este está a ser o Europeu dos auto-golos (a sério, que se está a passar…?) e este é capaz de ter sido um dos mais caricatos. A jogada começa com João Cancelo e Ronaldo. Cancelo tenta fazer o passe mas sai-lhe mal. Ronaldo barafusta de uma maneira muito à Ronaldo. Cancelo responde na mesma moeda (pelo menos foi o que me pareceu). A câmara foca-se nele e nem reparamos que Samet Akaydin atrasa mal a bola para o guarda-redes Altay Bayindir. A câmara regressa à ação a tempo de vermos a bola a cruzar a linha de baliza antes que os turcos conseguissem intervir.

 

Eu nem gritei “GOLO!” na altura, só me ri – uma gargalhada pouco digna, ainda por cima em público. Esta é digna dos apanhados, vai diretamente para aquelas compilações do YouTube. Uma pessoa até fica com pena dos turcos, ninguém merece. 

 

Por outro lado, logo após o golo, Ronaldo e Cancelo festejaram juntos. A zanga não durou. 

 

A vantagem dilatou-se ainda mais na segunda parte. Toda a gente tem assinalado que Ronaldo foi altruísta, algo que não é habitual nele. Não é assim tão raro quanto as pessoas pensam – aliás, foi um golo parecidíssimo com outro, nos playoffs do Mundial 2022. Novo momento à Ted Lasso. Talvez Ronaldo até conseguisse marcar dali, mesmo cara a cara com o guarda-redes. Mas tomou a opção inteligente, de aproveitar o foco do guarda-redes nele, trocar-lhe as voltas e passar para Bruno Fernandes – outro também lidando com críticas. 

 

Aqui entre nós, fico com alguma pena por Ronaldo ainda não ter conseguido marcar neste Europeu. Esta, porventura, teria sido uma boa oportunidade para acrescentar o Euro 2024 à longa lista de campeonatos de seleções seguidos com golos de Ronaldo. No entanto, com este golo, Ronaldo tornou-se no jogador com maior número de assistências em Europeus.

 

 

Agora é que percebo de que é que o próprio fala, quando diz que são os recordes que o perseguem. Se não é um, é outro. 

 

Depois deste golo, deu-se alguma descompressão – mesmo eu fiquei menos atenta. Pepe foi substituído e recebeu uma enorme e merecida ovação de ambos os lados – de facto, começam a faltar palavras para descrever a sua grandeza. 

 

Tivemos umas quantas invasões de campo porque Cristiano Ronaldo. Quando são crianças, como aquele miúdo de dez anos que tirou uma selfie com ele, ainda se aceita mais ou menos – até porque sempre adorei ver Ronaldo interagindo com miúdos, ele tem imenso jeito. Outras não têm tanta piada: como aquela em que um dos stewards ia lesionando o Gonçalo Ramos ou aquele miúdo, no jogo contra a Geórgia, que saltou das bancadas e aterrou à frente de Ronaldo. 

 

Não era suposto o Europeu, uma das provas desportivas mais mediáticas, ter melhor segurança do que isto? Espero que não aconteça nenhuma tragédia por causa de falhas como estas.

 

Nos dias que se seguiram a este jogo eu andava contente q.b., aliviada por termos conseguido passar aos oitavos logo ao segundo jogo. Sabia bem por uma vez termos evitado o stress dos melhores terceiros classificados, ao contrário dos nossos dois últimos Europeus. E andava – OK, ainda ando – a divertir-me acompanhando o Euro em geral. Nem sempre tenho conseguido ver os jogos, mas vou vendo um ou outro vídeo de análise no YouTube, ouvindo o podcast da Sport TV, ligando as Noites do Euro na RTP3 – nem sempre com muita muita atenção, só para ir ouvindo enquanto escrevo ou faço outras coisas. Lembrando-me porque é que gosto tanto de Europeus e Mundiais. 

 

Claro que tinha de vir a minha própria Seleção estragar isso.

 

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Tenho mesmo de falar sobre o jogo com a Geórgia? Tenho? Pronto, lá terá de ser. 

 

Outros saberão melhor do que eu analisar os erros táticos de Roberto Martínez, que aparentemente tem a mania de se pôr a inventar, a meter os Marmanjos em posições em que não estão à vontade. Mas para mim ficou claro que o jogo correu mal literalmente desde o primeiro minuto. 

 

Não quero ser demasiado dura para com António Silva, que infelizmente esteve por detrás de ambos os golos que sofremos – a começar por aquele passe infeliz, que resultou no primeiro golo. Ele é um miúdo, não foi o primeiro nem será o último a cometer erros deste calibre. No jogo de abertura do Euro 2004, Ronaldo provocou o penálti que resultou no segundo golo da Grécia. E ainda não me esqueci dos estragos que a testa do nosso Pepe, que ainda há pouco elogiámos, provocou no Mundial 2014. É assim que se aprende.

 

Dito isto, não há como contorná-lo: aquele primeiro golo destruiu animicamente a equipa. Portugal nunca mais conseguiu entrar nos eixos. Tinha o domínio do jogo, da posse de bola e tal, sem que isso se traduzisse na prática. Os portugueses estavam apáticos, enervados – destaque, claro, para Cristiano Ronaldo, cuja maturidade emocional congelou algures em 2004. 

 

Em contraste, os georgianos jogaram com alma, com paixão (quando, ironicamente, é suposto os portugueses serem “os Apaixonados” neste Europeu), típicos underdogs com ambições. Um guarda-redes que se agigantou, cujas luvas terão fumegado depois de ter defendido este livre de Ronaldo. O pormenor bonito de Khvicha Kvaratskhelia, o marcador do primeiro golo, ter frequentado uma escolinha de futebol inaugurada por Ronaldo – e depois ter ficado todo feliz por ter recebido a camisola do seu herói, no fim do jogo.

 

Por outras palavras, foi mais uma daquelas ocasiões, como quando jogámos contra a Sérvia, contra a Coreia do Sul, contra Marrocos, em que eu sentia mais simpatia pelo nosso adversário, em que não me revia na minha própria equipa. É preocupante isto estar a acontecer com tanta frequência nos últimos anos.

 

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Como também é habitual, existem atenuantes. Era um jogo praticamente a feijões, era um onze muito diferente e, de qualquer forma, houve um penálti que nos foi negado. Mesmo assim, Portugal tinha a obrigação de fazer melhor. A partir de meio da segunda parte só pedia o apito final, só queria que a tortura acabasse.

 

Lamento dizê-lo, mas este resultado tem-me feito pôr várias coisas em causa. É possível que ande a ser influenciada por opiniões alheias. Mas tenho medo de que esta derrota não tenha sido meramente circunstancial, que seja sintoma de um problema mais grave. Afinal de contas, quase todos os nossos golos (que incluem dois auto-golos) neste Europeu foram mais demérito dos nossos adversários do que mérito nosso. Talvez andemos a sobrevalorizar esta Seleção.

 

Por outro lado, sei que não estou a ser completamente justa. Olhando apenas para os aspetos práticos, este foi o primeiro jogo oficial que perdemos com Martínez ao comando – e mesmo assim contava para muito pouco. Em termos apenas de resultados, Martínez tem feito tudo bem. Como outros têm dito, não éramos bestiais por termos vencido a Turquia e não somos bestas por termos perdido contra a Geórgia nestas circunstâncias. E, se é para cometer erros e jogar mal, que sejam em jogos como este. 

 

Mas é bom que de facto tenham sido aprendidas lições – de uma vez por todas. É que ultimamente já começam a ser vários jogos menos conseguidos nos últimos tempos e não estou a ver ninguém a aprender nada. 

 

Um desses jogos, por sinal, foi contra a Eslovénia, que agora é torna a cruzar-se connosco, nos oitavos-de-final. Uma equipa que provavelmente usará o mesmo bloco baixo que tantos problemas causou aos portugueses nos jogos com a Chéquia e com a Geórgia – e que poderíamos ter evitado se tivéssemos ganho este último jogo. 

 

Antes de quarta-feira, tinha duas ou três coisas a dizer, incluindo uma piada ou outra, sobre o facto de termos ido parar ao lado difícil do mata-mata. Agora que o meu otimismo diminuiu, não estou para isso. É pensar um jogo de cada vez. Estou mais ou menos resignada a mais um jogo tortuoso, perdão, de paciência perante a Eslovénia. Não vou poder ver a primeira parte porque só saio do trabalho às 20h30 – pedi para me escalarem para sair mais cedo, mas não deu. 

 

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Aqui entre nós, talvez não seja assim tão mau. Serei poupada a quarenta e cinco minutos de ver os Marmanjos trocando a bola entre si perante o bloco baixo esloveno, tentando remates de longe.

 

Ainda assim, continuo a contar que Portugal passe à fase seguinte. Com mais ou menos paciência, com mais ou menos tortura, com prolongamento e penáltis se necessário (espero que não seja), outro resultado não é aceitável. Não com a equipa que temos. Depois disso, logo se vê.

 

Como sempre, obrigada pela vossa visita. Continuem a acompanhar este Europeu comigo, quer aqui no blogue, quer na sua página de Facebook.

Portugal 2 Geórgia 0

Esta tarde, Portugal defrontou a Geórgia em jogo de carácter particular. Vencemos por 2-0, golos de João Moutinho, aos 19 minutos, e de Simão Sabrosa, por conversão de grande penalidade, aos 44 minutos.

Antes de mais nada, importa referir que este foi o primeiro triunfo da Selecção Portuguesa este ano. É claro que tínhamos a obrigação de vencer, sendo a Geórgia uma adversária teoricamente mais fraca. E também o foi na prática, claro. Mas já se sabe como é a Selecção, tem a mania de não dar o seu melhor frente a selecções teoricamente mais fracas.

Toda a gente concorda, a primeira parte foi melhor do que a segunda. Na primeira, jogámos mais ou menos bem - não fomos brilhantes - e marcámos os golos. Na segunda, depois das várias substituições, basicamente o pessoal queria "pegar a bola e levá-la para casa", como disse Scolari, a Geórgia atacou mais, tendo havido uma ou duas ocasiões em que a Geórgia podia ter diminuido a desvantagem em relação a nós.

Gostei do golo do Moutinho, o primeiro que o jovem jogador marcou ao serviço da Selecção Nacional. Eu não gritei "GOLO!" mal ele marcou, esperei uns segundos para ter a certeza de que era mesmo golo. Muitas vezes, parece que é golo mas, afinal de contas, a bola passa de lado encostada às redes, criando uma ilusão de óptica. Aconteceu pelo menos uma situação destas durante o jogo. Outra situação de "falso golo" foi aquele pontapé livre do Cristiano que bateu na trave, veio a baixo muito perto da linha de baliza, o Ricardo Carvalho ainda tentou ir à recarga mas a bola foi outra vez à trave. Também nessa altura fiquei assim:

- Ai, ai. Entrou? Não entrou? Foi golo? Não foi golo?

O que vale é que hoje até estava bastante calminha, porque se tratava de um jogo particular com um adversário "acessível". Quando for contra a Turquia, de certeza que vou estar com os nervos em franja e se situações destas ocorrerem, de certeza que vou celebrar o "falso golo".

Um ruído de fundo constante eram os gritos do seleccionador georgiano. O pobre do homem fartava-se de gritar com os jogadores, mais do que um adepto armado em treinador-de-bancada. Segundo os comentadores, parece que isso é típico dele, que também gritou assim durante do treino da Geórgia. Gabo a paciência dos jogadores georgianos. De resto, ouviam-se bem os gritos dos jogadores dentro de campo, o que me agradou. Aproxima-nos mais dos marmanjos. Gosto de saber como é que eles se tratam uns aos outros, de saber mais ou menos o que estão a pensar e a sentir.

Enfim, não foi um mau jogo mas também não foi nada de especial. Só espero é que tenha ajudado o Mister a tirar conclusões sobre a melhor equipa para apresentar no Euro 2008.

Amanhã, os marmanjos deixam Viseu e voam para Suíça, para Neuchâtel. Espera-os lá uma comunidade de emigrantes para lhes dar as boas-vindas, tal como há dois anos, em Marienfeld, Alemanha, uma comunidade de emigrantes esperava a Selecção. Os bilhetes para o primeiro treino já estão esgotados. Já se sabe, o pessoal de Neuchâtel vai apaparicar a Selecção tanto quanto puder, para onde quer que ela vá. Temos sorte de estes dois últimos campeonatos internacionais de selecções serem em países com muitos emigrantes portugueses. Assim, os marmanjos sentem-se em casa. O pior vai ser durante o Mundial 2010 na África do Sul. Isto se Portugal se qualificar, claro... (porque não?).
É como se dizia no Mundial 2006, no que toca ao apoio à nossa Selecção, somos campeões indiscutíveis.

Jogos


Ontem (terça-feira), às seis da manhã, foram postos à venda os bilhetes para o Portugal-Geórgia, às 6 da manhã e ao fim do dia já estavam esgotadíssimos. Não que me admire muito, já toda a gente sabe o que a casa gasta. Aliás, todos sabemos. Nos noticiários da noite mostraram alguns adeptos na fila, alguns com ideias meio malucas. Tínhamos, por exemplo, um velhote que trouxeram um banquinho para se sentar enquanto esperava na fila e um senhor que andava a distribuir petiscos gratuitos ao pessoal.

Fez-me lembrar o dia em que eu e o meu irmão fomos ao Estádio de Alvalade comprar bilhetes para o jogo contra a Sérvia, Setembro passado. Era uma Segunda-feira e a gente já tinha recuperado daquele empate amarguíssimo frente à Polónia devido a um golo que podia ter entrado para os "Apanhados". Estávamos todos entusiasmados para o jogo de daí a dois dias. A gente levantou-se cedinho e rumámos de Metro ao Campo Grande. Tinham-nos dito que as bilheteiras abriam às dez da manhã mas afinal só abriram ao meio-dia. Tivémos de acampar à porta das bilheteiras. Imagino a minha figura, sentada no chão, encostada à parede, de MP3 nos ouvidos e jornal gratuito na mão, a fazer o sudoku e as palavras cruzadas. Mas foi uma experiência engraçada, diferente. E, de resto, como entretanto se formara uma filazinha generosa, eu e o meu irmão demos graças por termos chegado cedo.

No dia do jogo chovia a potes. Só arranjámos lugar para estacionar perto da Faculdade de Ciências, para chegar ao Estádio íamos morrendo afogados. O que vale é que o boné protege um bocadinho a cabeça da chuva. Chegámos ao Estádio encharcados até aos ossos. Felizmente, à hora do jogo, parou de chover. E até foi divertido. Pelo menos até ao minuto 87...

O que eu não faço pela Selecção... Já aguentei os calores do Sara para ir ter com os marmanjos ao Jamor depois do Mundial, já enfrentei tempestades para ir assistir ao um jogo... Eles devem-me tantas...

De resto, assistir a um jogo ao vivo é uma experiência completamente diferente. É uma sensação estranha ter malta que a gente só vê na televisão a poucos metros de distância de nós. Sentir que se a gente gritar eles podem ouvir-nos (o que não acontece quando vemos o jogo pela televisão, embora o pessoal não deixe de gritar por causa disso...). Lembro-me que, no primeiro jogo que assisti ao vivo, o Portugal-Espanha do Euro 2004, estranhei não ouvir a voz do locutor da televisão.

Foi, de resto, outro jogo memorável. Os espanhóis eram em menor múmero que os tugas, mas começaram desde muito cedo a fazer barulho. É claro que a nossa resposta não tardou. Mergulhámos de cabeça na guerra de gritos e cânticos. Resultado: antes do jogo começar, já o meu irmão ficara rouco. O jogo em si foi um dos melhores do Euro 2004. Marcou o início deste ciclo de triunfos e de identificação popular com a Selecção. Diverti-me imenso. Quando o Nuno Álvares Pereira, quer dizer, o Nuno Gomes marcou, foi uma festa. Toda a gente se pôs de pé, agitando bandeiras e cachecóis, gritando, saltando. Um sujeito sentado à nossa frente trocou com cada um de nós um "dá-cá-mais-cinco!", apesar de nunca o termos visto mais gordo. Foi realmente o máximo.

Geralmente, quando não vou ao estádio, gosto sempre de assistir a jogos com várias pessoas, em cafés ou parecido. O ambiente fica parecido com o dos estádios. Mas nem sempre é possível e tenho de me contentar com o sofá da sala ou a mesa do jantar, com os meus pais e os meus irmãos. A minha mãe gosta de se armar em pessimista, dizendo coisas do género "Pronto, os outros já vão marcar" quando o adversário ataca, mas nos momentos decisivos sofre bastante. O meu pai gosta de se armar em desmancha-prazeres, de dizer de forma bem irritante "Mas o que é que isso interessa!?" quando estamos a falar de futebol, de dar uma de pessimista como a minha mãe, mas, se for preciso, fica vidrado a olhar para a televisão (o que irrita solenemente a minha mãe, sobretudo quando ele devia era ajudar a levantar a mesa) e quando Portugal marca é o que mais salta e festeja. Abençoada coerência.

Em relação a mim, às vezes fico mais nervosa com um jogo do que com um teste ou exame. Os nervos geralmente dão-me a volta aos intestinos e tenho quase sempre de ir à casa de banho no intervalo. Durante o jogo, falo bastante (e, noutras alturas, até sou de poucas falas), desde gritinhos de treinadora-de-sofá-da-sala ou de-mesa-do-jantar meio histéricos do género "Ó homem, tira-me a bola daí!" a comentários um bocado totós do género "Meu, o nariz daquele tipo é bem grande". Estes ditos divertem os meus pais (e a mim própria) mas irritam o meu irmão. Ele gosta de ver o jogo mais ou menos em silêncio e fica vidrado, como o meu pai. A minha irmã reage mais ou menos como eu, mas às vezes exagera na histeria, sem ser propriamente necessário.

Em princípio, este Sábado vou ver o jogo em casa. Como se trata de um particular e o adversário não é, por exemplo, a Grécia ou a Itália, suponho que não vá sofrer tanto como o habitual. Em todo o caso, espero que seja um bom jogo, que seja a nossa primeira vitória este ano.