No passado dia 5 de julho, a Seleção Portuguesa de Futebol caiu nos quartos-de-final do Euro 2024 perante a sua congénere francesa após desempate por grandes penalidades. Terminou, assim, a participação de Portugal na prova.
Ninguém está surpreendido, penso eu.
Comecemos pelo princípio, como é habitual. Uma vez mais, ainda estava a trabalhar quando o jogo começou, mas não houve ninguém para atender depois das oito. Uma das minhas colegas chegou a comentar que deviam haver jogos da Seleção deste calibre todos os dias – assim teríamos tempo para completarmos outras tarefas que não atender. Consegui mesmo ir espreitando a transmissão do jogo online no meu telemóvel enquanto fazia essas tarefas. Deu para ver, por exemplo, duas belas defesas de Diogo Costa com poucos minutos de intervalo.
Na segunda parte, já estava no restaurante onde tínhamos reserva para ver o jogo. Tal como antes, estava com algum receio de pessoas mais desordeiras, mas não foi o caso. Uma vez mais, foi agradável, foi divertido. É uma das coisas de que mais tenho saudades da nossa participação no Europeu.
Como muitos têm assinalado, esta foi a melhor exibição de Portugal neste Europeu, sobretudo a partir da segunda parte. Como se previa, Portugal deu-se melhor com uma equipa menos fechada que a Eslovénia ou a Chéquia – e ainda assim foi um jogo muito cuidadoso de ambas as partes.
Nós queixamo-nos de Portugal, mas parece que hoje em dia várias seleções jogam assim, sem querer arriscar. Nós, a França, a Inglaterra… Talvez sejam cautelas a mais, mas pergunto-me se esse não será o estilo possível nesta altura do campeonato, quando os jogadores têm tantos jogos nas pernas. Penso que terá sido por isso que Bruno Fernandes e Bernardo Silva estiveram uns furos abaixo neste Europeu, como tanta gente comentou.
A Espanha mereceu ganhar porque foi das poucas, se não a única, a contrariar esta tendência. Aliás, em muitos aspetos a Espanha foi o oposto de Portugal neste Europeu: uma equipa com menos nomes sonantes mas fresca, atrevida, que dá gosto ver jogar.
Mas estou a desviar-me.
Gostei muito de ver Nuno Mendes neste jogo, bem como Vitinha. Ri-me demasiado com o momento em que este devolveu o cartão amarelo, depois de este ter caído do bolso do árbitro. Pepe, por seu lado, tornou a fazer um jogo fenomenal, é uma coisa parva. Anulando adversários que, em termos futebolísticos, têm idade para serem filhos dele – destaque para este momento. Adiantando-me um pouco, também eu fiquei de coração partido com as lágrimas dele no final do jogo e com o abraço que trocou com Joaquim Sousa Martins, na flash-interview.
Aqui entre nós, espero que não tenha sido a última vez que tivemos Pepe na Seleção. Sim, ele tem quarenta e um anos, mas foi capaz de nos salvar o couro inúmeras vezes, acho que ainda tem muito para dar. É tudo muito incerto no entanto – ele está sem clube. A ver o que acontece.
Regressando ao jogo, ma exibição agradável e tal, Portugal por cima mas sem. Conseguir. Marcar. Golos. Um desespero. Já não é a primeira vez que o digo aqui no blogue: eu adoro gritar “GOLO!” e, naquele dia, no restaurante, estava mortinha por fazê-lo. Queria tanto festejar, queria tanto dar um passo em direção às meias-finais. E estivemos tão perto, tantas vezes neste jogo!
Devíamos ter feito mais, minha gente! Devíamos ter ganho. Esta França estava ao nosso alcance. Podíamos perfeitamente ter vencido de tivéssemos jogado um bocadinho melhor. Viemos para este Europeu com ambições de ganhá-lo, mas como é que uma seleção pode apontar tão alto se me fica seis horas sem marcar golos?!?
Lá fomos outra vez aos penáltis e desta feita a sorte foi menos meiga para connosco. Não vou censurar demasiado João Félix. Foi azar. Claro que já toda a gente lhe caiu em cima, até porque é o João Félix: um jogador com muita bagagem com a opinião pública, tanto em Portugal como em Espanha – e ele não deixa de ter culpas nessa bagagem. Mas ele não foi o único Marmanjo a cometer erros ou a falhar neste Europeu. Foi apenas o único cujo falhanço teve consequências que não puderam ser corrigidas. E, como dei a entender, Portugal devia ter matado o jogo quando tivera oportunidade para isso.
Está na altura de falarmos do elefante branco na sala. Ronaldo esteve em campo durante a quase totalidade da participação de Portugal no Europeu, mas o que é que ele fez? Aquela assistência para o golo de Bruno Fernandes, o primeiro penálti em ambos os desempates, mais nada.
Nem me vou alongar porque só repetiria argumentos que já usei cá no blogue há um ano e meio, dois anos. Não tivemos nenhum drama clubístico como durante o Mundial 2022, mas, uma vez mais, tivemos todas as desvantagens e praticamente nenhuma vantagem. Eu às vezes esquecia-me que ele estava em campo perante a França! Ronaldo tem toda a Equipa das Quinas – jogadores, treinador, a própria Federação – refém das suas ambições pessoas e caprichos; está a roubar o lugar a jogadores mais jovens, em melhor forma, que talvez conseguissem melhores resultados do que ele. Não há alma que o faça ver a realidade, que lhe diga “Não!“.
Não lamento que Ronaldo tenha regressado após o Mundial 2022, até porque ele saiu-se bem na Qualificação. Mas uma coisa são equipas de nível médio-baixo numa época em decurso. Outra coisa é um Europeu no final de uma época longa.
E, claro, Ronaldo não vai ficar mais novo.
Muitos acreditam que ainda há maneira de manter Ronaldo na Seleção, desde que não o ponham sempre a titular. Aqui entre nós, neste momento não sei quero sequer isso. Estou farta. Acho melhor cortar de uma vez com Ronaldo para podermos todos seguir com as nossas vidas.
Neste momento, isto é. É possível que mude de ideias no futuro. Aliás, não queiram estar por perto quando Ronaldo deixar de virem à Seleção e me cair a ficha. Não vai ser bonito.
E com tudo isto, é mais uma oportunidade que foi pelo cano abaixo para esta geração. Começo agora a compreender os avisos que nos fizeram quando Martínez foi contratado. E o problema é que o técnico já teve muito tempo para se humanizar aos nossos olhos, para simpatizarmos com ele. Não é fácil.
Claro que não se pode confundir o carácter de uma pessoa com a sua competência profissional, mas isso daria azo a um texto por si só.
Para já, estou disposta a dar mais uma oportunidade a Martínez. Mal por mal, apesar de a Seleção nunca ter entusiasmado neste Europeu, a participação terminou de maneira mais ou menos aceitável: perante a França, apenas nos penáltis, após uma exibição médio-boa.
Mas, aqui entre nós, se quisessem correr com Martínez neste momento, eu aceitaria.
Sabem no que tenho andado a pensar muito nos últimos dias? No Euro 2012. Já lá vão doze anos, não garanto que a minha memória seja cem por cento fiável. Mas aquela equipa não tinha metade da cotação que a atual tem. Tínhamos Cristiano Ronaldo e Pepe, claro, tínhamos Fábio Coentrão no Real Madrid, Nani no Manchester United, Raúl Meireles no campeão europeu Chelsea e pouco mais.
E no entanto aquele grupo teve uma participação bem respeitável nesse Euro. Perdeu com a Alemanha no primeiro jogo, sim, mas foi a nossa melhor prestação perante os alemães desde o Euro 2000. Teve uma vitória inconsistente mas emocionante perante a Dinamarca. Fez um excelente jogo perante a Holanda. O jogo com a Chéquia foi OK, penso eu – só me recordo do golo do Ronaldo. Nas meias-finais perdeu nos penáltis perante a Espanha, que também se sagrou campeã nesse Europeu – fomos a única seleção capaz de neutralizá-los.
Não se fala o suficiente sobre o Euro 2012, não se dá o devido mérito a Paulo Bento e a essa Seleção. E no entanto foi um desempenho melhor que o deste ano, o de 2021 – e mais ou menos equiparável ao de 2016, dependendo do critério. Nunca pensei vir a ter saudades dessa Seleção, pelo menos não nesta altura.
A Federação e Martínez têm muito sobre que refletir neste verão, antes da Liga das Nações. A ver a que conclusões chegam.
Quanto a mim, tenho uma coisa a anunciar: vou passar a escrever (ainda) menos aqui no blogue. Já não é a primeira vez que digo que o meu entusiasmo já não é o que era, sobretudo quando falamos de jogos particulares ou de Qualificação. Não tenho o mesmo tempo e energia que tinha há dez anos. Às vezes quando me sento com o meu caderno, já se passaram vários dias desde o jogo em questão, o momento já passou, a inspiração não é mesma, custa mais a escrever. O blogue começa a parecer uma obrigação, não um divertimento e, como qualquer adulto, já tenho obrigações que cheguem na minha vida.
Tenho um bocadinho de pena, mas sempre soube que este dia havia de chegar. Aliás, estou orgulhosa por ter conseguido manter alguma regularidade aqui no blogue durante quinze anos. E, de qualquer forma, é apenas uma redução, não quero parar por completo. Os primeiros dois jogos da Liga das Nações virão numa altura complicada para mim, não devo publicar nem antes nem depois deles. Em ocasiões posteriores, logo se vê. Se me apetecer, escrevo, se não me apetecer, não escrevo. Talvez faça, por exemplo, um apanhado da fase de grupos da Liga das Nações em novembro, depois de esta terminar.
Em todo o caso, obrigada pela vossa visita e por terem estado desse lado neste Europeu. Visitem a página do Facebook deste blogue – essa, em princípio, hei de continuar a atualizar. Até à próxima!
No passado dia 22 de junho, a Seleção Portuguesa de Futebol venceu a sua congénere turca por três bolas sem resposta. Com este resultado, conseguiu Qualificar-se para os oitavos-de-final do Euro 2024, onde irá defrontar a sua congénere eslovena, na próxima segunda-feira dia 1 de junho. Entretanto, no dia 26 de Junho, a Seleção Portuguesa foi derrotada pela sua congénere georgiana por duas bolas sem resposta, em jogo apenas para cumprir calendário e para definir a classificação do resto do grupo.
Este último resultado pode, como se diz oficialmente, "não ter contado para quase nada". Mas infelizmente contou muito para a minha disposição e entusiasmo em relação a este Europeu.
Já aí vamos.
Vi o jogo com a Turquia numa esplanada – algo que queria fazer com um jogo de campeonato de seleções há muitos anos. Foi agradável, foi divertido – as outras pessoas estavam entusiasmadas, mas não de forma desordeira, como às vezes acontece.
A Turquia até entrou melhor no jogo, mas Portugal lidou bem com isso. Aliás, Portugal defendeu muito bem durante todo o jogo. Tem-se falado muito sobre o Pepe, com toda a justiça, mas também me ficou na retina um lance em que Rúben Dias defendeu de cabeça.
Eventualmente, Portugal assumiu o controlo do jogo e chegou ao golo ao minuto 22. A jogada teve alguma graça: a assistência é de Nuno Mendes, um dos turcos segura mal a bola, Cristiano Ronaldo tenta recebê-la mas cai, Bernardo Silva toma-a e remata certeiro. Fiquei contente por ter sido Bernardo a marcar, depois de, nos dias anteriores, ter recebido algumas críticas injustas por parte da opinião pública.
O segundo golo não tardou e esse foi ainda mais cómico. Como muitos têm assinalado, este está a ser o Europeu dos auto-golos (a sério, que se está a passar…?) e este é capaz de ter sido um dos mais caricatos. A jogada começa com João Cancelo e Ronaldo. Cancelo tenta fazer o passe mas sai-lhe mal. Ronaldo barafusta de uma maneira muito à Ronaldo. Cancelo responde na mesma moeda (pelo menos foi o que me pareceu). A câmara foca-se nele e nem reparamos que Samet Akaydin atrasa mal a bola para o guarda-redes Altay Bayindir. A câmara regressa à ação a tempo de vermos a bola a cruzar a linha de baliza antes que os turcos conseguissem intervir.
Eu nem gritei “GOLO!” na altura, só me ri – uma gargalhada pouco digna, ainda por cima em público. Esta é digna dos apanhados, vai diretamente para aquelas compilações do YouTube. Uma pessoa até fica com pena dos turcos, ninguém merece.
Por outro lado, logo após o golo, Ronaldo e Cancelo festejaram juntos. A zanga não durou.
A vantagem dilatou-se ainda mais na segunda parte. Toda a gente tem assinalado que Ronaldo foi altruísta, algo que não é habitual nele. Não é assim tão raro quanto as pessoas pensam – aliás, foi um golo parecidíssimo com outro, nos playoffs do Mundial 2022. Novo momento à Ted Lasso. Talvez Ronaldo até conseguisse marcar dali, mesmo cara a cara com o guarda-redes. Mas tomou a opção inteligente, de aproveitar o foco do guarda-redes nele, trocar-lhe as voltas e passar para Bruno Fernandes – outro também lidando com críticas.
Aqui entre nós, fico com alguma pena por Ronaldo ainda não ter conseguido marcar neste Europeu. Esta, porventura, teria sido uma boa oportunidade para acrescentar o Euro 2024 à longa lista de campeonatos de seleções seguidos com golos de Ronaldo. No entanto, com este golo, Ronaldo tornou-se no jogador com maior número de assistências em Europeus.
Agora é que percebo de que é que o próprio fala, quando diz que são os recordes que o perseguem. Se não é um, é outro.
Depois deste golo, deu-se alguma descompressão – mesmo eu fiquei menos atenta. Pepe foi substituído e recebeu uma enorme e merecida ovação de ambos os lados – de facto, começam a faltar palavras para descrever a sua grandeza.
Tivemos umas quantas invasões de campo porque Cristiano Ronaldo. Quando são crianças, como aquele miúdo de dez anos que tirou uma selfie com ele, ainda se aceita mais ou menos – até porque sempre adorei ver Ronaldo interagindo com miúdos, ele tem imenso jeito. Outras não têm tanta piada: como aquela em que um dos stewards ia lesionando o Gonçalo Ramos ou aquele miúdo, no jogo contra a Geórgia, que saltou das bancadas e aterrou à frente de Ronaldo.
Não era suposto o Europeu, uma das provas desportivas mais mediáticas, ter melhor segurança do que isto? Espero que não aconteça nenhuma tragédia por causa de falhas como estas.
Nos dias que se seguiram a este jogo eu andava contente q.b., aliviada por termos conseguido passar aos oitavos logo ao segundo jogo. Sabia bem por uma vez termos evitado o stress dos melhores terceiros classificados, ao contrário dos nossos dois últimos Europeus. E andava – OK, ainda ando – a divertir-me acompanhando o Euro em geral. Nem sempre tenho conseguido ver os jogos, mas vou vendo um ou outro vídeo de análise no YouTube, ouvindo o podcast da Sport TV, ligando as Noites do Euro na RTP3 – nem sempre com muita muita atenção, só para ir ouvindo enquanto escrevo ou faço outras coisas. Lembrando-me porque é que gosto tanto de Europeus e Mundiais.
Claro que tinha de vir a minha própria Seleção estragar isso.
Tenho mesmo de falar sobre o jogo com a Geórgia? Tenho? Pronto, lá terá de ser.
Outros saberão melhor do que eu analisar os erros táticos de Roberto Martínez, que aparentemente tem a mania de se pôr a inventar, a meter os Marmanjos em posições em que não estão à vontade. Mas para mim ficou claro que o jogo correu mal literalmente desde o primeiro minuto.
Não quero ser demasiado dura para com António Silva, que infelizmente esteve por detrás de ambos os golos que sofremos – a começar por aquele passe infeliz, que resultou no primeiro golo. Ele é um miúdo, não foi o primeiro nem será o último a cometer erros deste calibre. No jogo de abertura do Euro 2004, Ronaldo provocou o penálti que resultou no segundo golo da Grécia. E ainda não me esqueci dos estragos que a testa do nosso Pepe, que ainda há pouco elogiámos, provocou no Mundial 2014. É assim que se aprende.
Dito isto, não há como contorná-lo: aquele primeiro golo destruiu animicamente a equipa. Portugal nunca mais conseguiu entrar nos eixos. Tinha o domínio do jogo, da posse de bola e tal, sem que isso se traduzisse na prática. Os portugueses estavam apáticos, enervados – destaque, claro, para Cristiano Ronaldo, cuja maturidade emocional congelou algures em 2004.
Em contraste, os georgianos jogaram com alma, com paixão (quando, ironicamente, é suposto os portugueses serem “os Apaixonados” neste Europeu), típicos underdogs com ambições. Um guarda-redes que se agigantou, cujas luvas terão fumegado depois de ter defendido este livre de Ronaldo. O pormenor bonito de Khvicha Kvaratskhelia, o marcador do primeiro golo, ter frequentado uma escolinha de futebol inaugurada por Ronaldo – e depois ter ficado todo feliz por ter recebido a camisola do seu herói, no fim do jogo.
Por outras palavras, foi mais uma daquelas ocasiões, como quando jogámos contra a Sérvia, contra a Coreia do Sul, contra Marrocos, em que eu sentia mais simpatia pelo nosso adversário, em que não me revia na minha própria equipa. É preocupante isto estar a acontecer com tanta frequência nos últimos anos.
Como também é habitual, existem atenuantes. Era um jogo praticamente a feijões, era um onze muito diferente e, de qualquer forma, houve um penálti que nos foi negado. Mesmo assim, Portugal tinha a obrigação de fazer melhor. A partir de meio da segunda parte só pedia o apito final, só queria que a tortura acabasse.
Lamento dizê-lo, mas este resultado tem-me feito pôr várias coisas em causa. É possível que ande a ser influenciada por opiniões alheias. Mas tenho medo de que esta derrota não tenha sido meramente circunstancial, que seja sintoma de um problema mais grave. Afinal de contas, quase todos os nossos golos (que incluem dois auto-golos) neste Europeu foram mais demérito dos nossos adversários do que mérito nosso. Talvez andemos a sobrevalorizar esta Seleção.
Por outro lado, sei que não estou a ser completamente justa. Olhando apenas para os aspetos práticos, este foi o primeiro jogo oficial que perdemos com Martínez ao comando – e mesmo assim contava para muito pouco. Em termos apenas de resultados, Martínez tem feito tudo bem. Como outros têm dito, não éramos bestiais por termos vencido a Turquia e não somos bestas por termos perdido contra a Geórgia nestas circunstâncias. E, se é para cometer erros e jogar mal, que sejam em jogos como este.
Mas é bom que de facto tenham sido aprendidas lições – de uma vez por todas. É que ultimamente já começam a ser vários jogos menos conseguidos nos últimos tempos e não estou a ver ninguém a aprender nada.
Um desses jogos, por sinal, foi contra a Eslovénia, que agora é torna a cruzar-se connosco, nos oitavos-de-final. Uma equipa que provavelmente usará o mesmo bloco baixo que tantos problemas causou aos portugueses nos jogos com a Chéquia e com a Geórgia – e que poderíamos ter evitado se tivéssemos ganho este último jogo.
Antes de quarta-feira, tinha duas ou três coisas a dizer, incluindo uma piada ou outra, sobre o facto de termos ido parar ao lado difícil do mata-mata. Agora que o meu otimismo diminuiu, não estou para isso. É pensar um jogo de cada vez. Estou mais ou menos resignada a mais um jogo tortuoso, perdão, de paciência perante a Eslovénia. Não vou poder ver a primeira parte porque só saio do trabalho às 20h30 – pedi para me escalarem para sair mais cedo, mas não deu.
Aqui entre nós, talvez não seja assim tão mau. Serei poupada a quarenta e cinco minutos de ver os Marmanjos trocando a bola entre si perante o bloco baixo esloveno, tentando remates de longe.
Ainda assim, continuo a contar que Portugal passe à fase seguinte. Com mais ou menos paciência, com mais ou menos tortura, com prolongamento e penáltis se necessário (espero que não seja), outro resultado não é aceitável. Não com a equipa que temos. Depois disso, logo se vê.
Como sempre, obrigada pela vossa visita. Continuem a acompanhar este Europeu comigo, quer aqui no blogue, quer na sua página de Facebook.
Na passada terça-feira, dia 18 de junho, a Seleção Portuguesa de Futebol estreou-se no Euro 2024 com uma vitória por duas bolas contra uma perante a sua congénere checa.
Se algum de vocês desse lado tinham saudades do sofrimento típico de um jogo da Equipa de Todos Nós numa fase final, este jogo foi para vocês.
Portugal assumiu cedo o controlo do jogo, embora sem conseguir criar muitas ocasiões. Tivemos alguns desperdícios, como o cabeceamento mal feito de Cristiano Ronaldo ou quando Rafael Leão não se esticou o suficiente para conseguir rematar. A Chéquia remeteu-se a um bloco baixo, aparentemente pouco interessada em tentar ganhar.
Isto durou toda a primeira parte e prolongou-se até pouco antes dos sessenta minutos de jogo. Acabou por acontecer aquele tropo clássico do futebol: quem não marca, sofre. Os checos marcaram no primeiro remate enquadrado que tiveram.
– Pois! Eu sabia! Eu sabia! – barafustei eu para a minha cadela, a única que estava a ver o jogo comigo.
Os comentadores da SIC já me vinham a irritar há algum tempo. Nem sequer é era pelas inúmeras referências à novela nova, como toda a gente se queixou. Era mesmo pelo tom otimista irritante que as televisões costumam adotar nestes campeonatos. Depois do golo sofrido, tive ainda menos paciência
– Portugal está a perder mas já provou ser superior – disseram. De que servia isso se perdêssemos?
Felizmente não nos mantivemos em desvantagem durante muito tempo – embora o mérito não tenha sido cem por cento nosso. Após defesa incompleta do guarda-redes checo Stanek, o infeliz Hranác fez auto-golo (estes têm sido frequentes neste Europeu). O pior tipo de golo, uma pessoa nem sabe bem se deve festejar, mas não nos podíamos dar ao luxo de sermos esquisitos.
Portugal continuou a insistir, mas observou-se outro tropo habitual: o guarda-redes adversário que decide, inusitadamente, fazer o jogo da sua vida. Por esta altura, já tinha visto pelo menos duas pessoas no Twitter dizendo que o jogo pedia Francisco Conceição.
Ainda assim, Diogo Jota saltou do banco primeiro e, em sua defesa, até conseguiu enfiar a bola na baliza. Momento caricato quando andou à bulha com Stanek para agarrar a bola para o festejo, apenas para o golo ser anulado por fora-de-jogo de Ronaldo.
Já ia fazendo contas à vida tendo em conta o empate. Não seria dramático, pois não? Não seria a primeira vez que não vencíamos o jogo de estreia, para depois até termos desempenhos decentes.
Felizmente, Portugal recusava-se a deitar a toalha ao chão. Martínez lançou Pedro Neto e Francisco Conceição aos noventa minutos. Muitas piadas comparando Martínez a Roger Schmidt – precisei de algum tempo para me recordar da suposta tendência do último de fazer substituições tardias.
E de facto… qual é a lógica de esperar até aos noventa minutos para meter dois jogadores quando não se está a ganhar? Martínez queria ganhar, certo? Estava a contar que os substitutos resolvessem a coisa durante o tempo extra?
Se era a segunda hipótese… bem, o jogo deu-lhe razão. Pedro Neto pegou na bola (provavelmente a primeira vez que tocou nela), entrou na grande área pela esquerda, centrou. Um central croata ainda tentou defender mas a bola passou-lhe entre as pernas. Francisco Conceição tomou-a e enfiou-a na baliza.
Nem festejei como deve ser, com medo que o golo fosse anulado outra vez. Os Marmanjos fizeram o oposto: o golo foi uma explosão catártica. O Chico tirando a camisola, a Seleção em peso atirando-se ao pescoço dele, aquela energia de família abraçando o irmão mais novo, Ronaldo e Jota provocando adversários, quais criancinhas. Tudo uma delícia.
Fiquei contente por o golo ter partido de jogadores que levantaram controvérsia ao serem Convocados. Eu mesma tinha as minhas reservas em relação a Pedro Neto e, ainda no dia do jogo com a Chéquia, quis aliviar a pressão sobre o Chico, aqui no blogue.
Fico feliz por me ter enganado em relação a ambos.
Mas não devia ter sido necessário todo este drama. Devíamos ter marcado antes, logo na primeira parte. A Seleção podia ter poupado o povo a este sofrimento. Se tivemos estas dificuldades no primeiro jogo, perante a Chéquia, como será mais para a frente, perante adversários mais difíceis? Acham que o meu coração vai aguentar? Nesta fase da minha vida?
Depois do jogo, Martínez elogiou a atitude da Seleção, a “resiliência”, a “personalidade incrível”. Destacou o facto de ter sido a primeira reviravolta da Equipa de Todos Nós durante o seu mandato.
Não está errado. É importante saber reagir à desvantagem, sobretudo em campeonatos como este. Houveram ocasiões nos últimos anos em que não soubemos fazê-lo.
Dito isto, continuo a achar que Martínez doura demasiado a pílula – já tínhamos falado disso no texto anterior. “Não é um jogo para avaliar do ponto de vista tático, técnico e físico”, disse ele depois do jogo. Não, mister? Não vamos aprender com os erros, mesmo que não tenham tido consequências em termos pontuais?
Claro que nada me garante que isto não é só conversa. É possível que Martínez não queira fazer críticas ou admitir culpas em público, mas que já tenha falado com os jogadores e equipa técnica em privado, de modo a corrigir o que for necessário. Não quero criticar demasiado Martínez nesta fase, quando a Seleção ainda não cometeu um deslize que seja. Recordo que só contamos vitórias em jogos oficiais com Martínez ao comando.
E não deixo de estar satisfeita com o nosso resultado frente à Chéquia – mesmo que os dois golos que marcámos tenham envolvido erros por parte dos checos. São três pontos importantes, um passo em direção aos oitavos-de-final. O meu lado mais otimista diz que só faltam mais seis jogos de sofrimento assim, ou pior, e o título é nosso outra vez. A parte menos otimista deseja mais consistência, espera que a Seleção melhore nos próximos dois jogos, de modo a conseguirmos ir longe neste Europeu.
Dizem que a Turquia tem um jogo mais aberto que o da Chéquia e talvez Portugal não sinta as dificuldades que sentiu na terça-feira. Por outro lado, a Turquia está cheia de talento, virá motivada após a vitória sobre a Geórgia (num jogo que muitos garantem ter sido um dos melhores deste Europeu) e terá muitos adeptos nas bancadas. Não vai ser fácil.
Mas não há desculpas. Portugal tem de ganhar.
Como sempre, obrigada pela vossa visita. Continuem a acompanhar a participação portuguesa no Euro 2024 comigo, quer aqui no blogue, quer na sua página de Facebook.
No passado dia 4 de junho, a Seleção Portuguesa de Futebol venceu a sua congénere finlandesa por quatro bolas contra duas, no Estádio de Alvalade. Quatro dias depois, foi derrotada pela sua congénere croata por duas bolas contra uma, no Estádio Nacional, no Jamor. Finalmente, três dias mais tarde, a Seleção venceu a sua congénere irlandesa por três bolas sem resposta.
Todos estes jogos foram de carácter amigável. E hoje estreia-se no Euro 2024 perante a Chéquia.
Como já tinha referido no texto anterior, estive em dois destes três amigáveis: os dois que tiveram lugar na zona de Lisboa, ambos muito diferentes em termos de acessos.
O primeiro, contra a Finlândia, foi tranquilo. Como estava de folga nessa tarde e ia sozinha, não estava condicionada, pude ir cedo para o estádio. Tive tempo para comprar um boné – o vermelho, da nova coleção. Andava há mais de uma década à espera que lançassem um boné oficial de que gostasse.
Pelo menos é essa a desculpa que dou a mim mesma pelo dinheiro que gastei. Não foi uma compra por impulso, era algo que desejava há muito tempo.
Deu também para acompanhar a animação pré-jogo. Até consegui escrever um bocadinho no meu lugar, enquanto esperava pelo início do jogo. Este foi o melhor lugar que consegui em anos: na central, com boa vista para ambas as balizas. A única desvantagem foi ter ficado ao Sol antes do início do jogo.
Algo que, mesmo assim, aceitei de bom grado. Já não é a primeira vez que o digo: adoro ver jogos de futebol à luz do dia. Sobretudo em dias tão bonitos como aquele.
O Estádio não estava cheio, mas estava bom ambiente. Fiquei sentada ao lado de uma menina de cerca de quatro anos e do pai dela. Pela maneira como o pai passou uma grande parte do jogo explicando à filha as regras do futebol – o bê-á-bá do desporto, por exemplo, “o objetivo é enfiar a bola na baliza do adversário” – calculo que aquela tenha sido o primeiro jogo da menina ao vivo, quiçá um dos primeiros jogos de futebol que ela viu.
Foi amoroso. Recordou-me de quando eu mesma era pequena e fazia perguntas ao meu pai enquanto ele via futebol na televisão. Além de que sempre gostei de crianças e, ainda por cima, tenho uma sobrinha que deverá nascer nas próximas semanas (durante o Europeu… como se eu precisasse de mais emoções, sobretudo se nos mantivermos em prova durante muito tempo). Já me imaginei levando-a a jogos e/ou falando-lhe de futebol, contando-lhe histórias de feitos anteriores da Seleção. Eu mesma respondi a uma ou outra pergunta da menina ao meu lado – teria respondido a mais, mas não estava à vontade para isso.
Quanto ao jogo em si, foi uma exibição agradável – melhor do que estava à espera para um particular no terceiro dia de estágio. Algo que me chamou a atenção foi a altura dos finlandeses – mais ou menos o dobro da altura dos portugueses. Aliás, saiu um artigo há pouco tempo dizendo que Portugal é a segunda Seleção com menor média de alturas neste Europeu. Poucos dos nossos conseguiam competir.
Por outro lado, talvez seja eu que estou a ficar velha, mas por estes dias metade da Seleção parece tão novinha! O João Neves, o Francisco Conceição… eu podia ter andado com eles ao colo! E eles têm cara disso!
Não surpreendeu que o primeiro golo, aos dezassete minutos, tivesse vindo de Rúben Dias, um dos mais altos. Vitinha bateu um canto e assistiu diretamente para a cabeça do central. Depois dessa, em cima do intervalo, Francisco Conceição foi derrubado na área, o árbitro marcou penálti e Diogo Jota converteu.
Para a segunda parte, Martinez trocou metade da equipa – algo que fazia sentido em termos de gestão física, mas que mesmo assim achei estranho. Em todo o caso, depressa o marcador se dilatou ainda mais, cortesia de Bruno Fernandes. A jogada começou em Diogo Dalot e passou por Gonçalo Ramos. Mas a assistência foi de Francisco Conceição para Bruno rematar de fora da área. Lembro-me de uma altura, há uns anos, em que a minha irmã se queixava da suposta mania de Bruno rematar de fora da área.
Mal sabíamos nós que ele se tornaria um dos melhores da Seleção Portuguesa.
Infelizmente, íamos deixando a coisa descambar: o finlandês Pukki marcou dois golos em cinco minutos. Felizmente, Bruno tornou a intervir para dilatar de novo a vantagem. Nova assistência de Conceição, que enganou dois finlandeses e Bruno nem sequer precisou de rematar com muita força. Ficou feito o resultado.
No fim, sentia-me satisfeita, mesmo com todos os senãos e atenuantes. Choviam elogios a Francisco Conceição – ou Chico Conceição, como toda a gente lhe chama – um dos melhores em campo. Também fiquei contente com o miúdo, mas não lhe quero elevar demasiado a fasquia. Não seria a primeira vez que um jovem mostrava potencial nos jogos particulares antes de uma grande competição – para, depois, não conseguir corresponder na hora da verdade.
Mas espero que o Chico continue a crescer na Equipa de Todos Nós. Se a grande explosão não acontecer neste Europeu, que aconteça num futuro próximo.
O particular seguinte não foi tão tranquilo: nem o jogo em si nem a viagem de ida e volta. Vim com uma amiga, mas cada uma trouxe o seu próprio carro… um erro. Até saí de casa relativamente cedo e mesmo assim apanhei os acessos ao estádio completamente entupidos. Demorei eternidades a estacionar, num lugar muito questionável: a margem de um percurso pedonal num parque nas redondezas.
E mesmo assim consegui chegar cedo ao meu lugar no estádio, ainda durante o aquecimento. A minha amiga, que saiu de casa mais tarde (apesar de eu a ter avisado para vir cedo), só se conseguiu juntar a mim na bancada já a primeira parte ia adiantada.
Ainda mais difícil foi o trânsito para sair do estádio. Demorei à vontade uma hora só para sair das redondezas do Jamor. Não foi tão stressante quanto poderia ter sido – tive o bom senso de comer e ir à casa de banho no estádio (não que recomenda esta última parte…) e não estava com pressa.
Ainda assim, talvez tivesse sido melhor ir de comboio. O que também não seria fácil, penso eu – até porque houve concerto das bandas dos Morangos com Açúcar nessa mesma noite, no Passeio Marítimo de Algés.
Nesse aspeto, os Estádios da Luz e de Alvalade são bem mais práticos, com melhores acessos. Eu então consigo ir a pé para ambos a partir da casa dos meus pais.
Dito isto… estou contente pela oportunidade de ver um jogo no Jamor. É místico, é lindo. E o ambiente esteve tão bom durante o jogo, mesmo que este em si não tenha sido grande coisa. Estava com medo de que chovesse durante o jogo – tinha chovido nessa manhã – mas não chegou a acontecer. Aliás, o sol até espreitou durante a segunda parte, dando uma nova luminosidade ao Jamor.
De facto, a certa altura, a meio da segunda parte, dei por mim a sentir o momento. Estava ali, num Estádio Nacional cheio, repleto de gente vestida de verde e vermelho, vendo a Seleção a jogar. Há poucos cenários mais belos do que aquele.
Mas falemos do jogo em si – a parte menos boa dessa tarde. Exibição muito fraquinha, sobretudo na primeira parte. A Croácia marcou cedo, conversão de um penálti que dizem questionável (como não foi do meu lado, não consegui ver bem eu mesma). Não se pode dizer, no entanto, que o resultado era injusto. Portugal ia atacando sem grande intensidade – Gonçalo Ramos e João Félix pareceram-me particularmente desinspirados naquela tarde.
A segunda parte correu melhor, depois de nova mini-evolução ao intervalo. Conseguimos empatar o jogo logo nos primeiros minutos da segunda parte: Nélson Semedo assistiu para o remate certeiro de Diogo Jota. Fico contente por o Diogo ter assinado dois golos nestes jogos, depois de ter passado tanto tempo lesionado.
Ainda tive esperanças de que conseguíssemos dar a volta ao resultado, ou de que pelo menos mantivéssemos o empate. Mas os croatas chegaram de novo à vantagem, numa das poucas oportunidades que tiveram. A bola foi à trave e, na recarga, Budimir marcou de cabeça.
Nunca mais conseguimos sair desta. A certa altura, o público começou a cantar por Cristiano Ronaldo. Eu mesma me juntei ao coro – sabe-se lá quantas mais ocasiões teremos para isso. Não tenho a certeza do que é que o motivou. Se foi uma continuação dos aplausos antes do jogo, sempre que ele aparecia em campo durante o aquecimento. Se o povo pura e simplesmente queria vê-lo a jogar. Ou se esperavam que Ronaldo entrasse e salvasse a honra do convento, como tantas vezes antes. Talvez tenha sido uma mistura das três hipóteses.
Claro que Martínez não ia pôr Ronaldo a jogar só porque estávamos a perder um jogo amigável. O Capitão tinha-se juntado à concentração poucos dias antes e, como jogador geriátrico, é preciso cuidado com a gestão da sua forma.
E também há muita hipocrisia. Tão depressa se diz que Ronaldo está a mais, que a Seleção joga melhor sem ele, como começamos literalmente a clamar por ele assim que as coisas começam a correr mal.
Suspeito que esta última parte irá acontecer muito quando Ronaldo se reformar.
Em todo o caso, o Capitão teve oportunidade de ser herói no jogo seguinte: o particular perante a República da Irlanda, no Estádio de Aveiro. Desta feita não estive lá – aliás, estive a trabalhar durante a primeira parte. Foi uma tarde tão agitada no trabalho que cheguei a esquecer-me que havia jogo da Seleção (estou a perder qualidades). Consegui dar uma espreitadela ao resultado quando já estava 1-0, mais nada – e já aí pensei que 1-0 era pouco.
E de facto consta que a Irlanda esteve muito fechada à defesa e foi preciso algum esforço para abrir o marcador, num lance de bola parada. Um canto batido à maneira curta e assistência de Bruno Fernandes para o belo remate de João Félix.
Ainda houve ocasião para Ronaldo bater um livre – depois de essencialmente dizer a si mesmo “Tu bates bem” – que infelizmente chocou com a trave.
Felizmente consegui ver a segunda parte, que todos garantem que foi melhor – e eu de facto achei agradável. Logo aos cinco minutos, após uma assistência teleguiada típica de Rúben Neves, Ronaldo marcou aquele que muitos consideram um dos melhores golos dele pela Seleção. Cerca de dez minutos depois, veio o segundo, após assistência de Diogo Jota. E ficou feito o resultado.
E hoje estreamo-nos no Europeu, perante a Chéquia. Tenho gostado imenso de ver imagens da Seleção sendo paparicada em Marienfeld. Imensas recordações do Mundial 2006, tal como previ. Gosto em particular das histórias de pessoas que eram bebés há dezoito anos, quando estiveram com a Seleção, e agora são jovens adultos.
Espero que não lhes faltem oportunidades para estarem com a Equipa de Todos Nós nas próximas semanas.
Estes particulares não mudaram radicalmente a minha opinião sobre as nossas hipóteses neste Europeu. Continuo mais otimista que nas últimas ocasiões – o que mesmo assim não é muito muito. Não acho que somos os maiores porque vencemos a Finlândia e a Irlanda, nem acho que deixamos de ser candidatos por termos perdido contra a Croácia.
Dito isto, não fiquei muito descansada com Martínez e alguns dos jogadores desvalorizaram a derrota no Jamor. Naquela fase, um bocadinho de dramatização seria saudável – quando havia tempo para fazer as correções necessárias.
Claro que era apenas conversa. Nada me garante que eles não estavam mais preocupados do que deram a entender e que não agiram de acordo nesta última semana e picos.
Parte de mim quer manter as expectativas baixas. Outra parte, no entanto, vê conversas como esta, de Ronaldo, e pensa: meias-finais é pouco. Quero chegar à final.
Diria que o mínimo aceitável são mesmo as meias-finais. Posso eventualmente mudar de ideias, dependendo da maneira como correr a fase de grupos – e concordo com Martínez quando diz que a Seleção irá continuar a crescer e que atingirá o nível máximo depois da fase de grupos. A verdade é que estou farta de ver esta geração desperdiçar oportunidade atrás de oportunidade. Já chega! Quero voltar a ganhar um título!
Mas pronto. Como sempre, falar é fácil, escrever é fácil. Quando a bola começar a rolar, logo à noite, é que a história começará a ser escrita, é que saberemos qual é o nosso verdadeiro valor.
Venha então o jogo com a Chéquia. Força Portugal! Vamos a eles!
No passado dia 21 de março, a Seleção Portuguesa de Futebol venceu a sua congénere sueca por cinco bolas contra uma. Cinco dias mais tarde, no entanto, perdeu perante a sua congénere eslovena por duas bolas sem resposta. Ambos os jogos foram de carácter amigável.
Enfim.
Conforme já tinha referido no texto anterior, estava ainda a trabalhar durante a primeira parte do jogo com a Suécia. Foi um final de dia mais movimentado que o costume. Aviso de amiga: pessoas que chegam a um estabelecimento nos últimos cinco, dez minutos antes do fecho, sem terem um bom motivo para isso, têm um lugar reservado no inferno. Foi o caso de pelo menos dois dos utentes que ainda lá estavam quando fechámos. É indecente!
Ainda assim, consegui ir espreitando sites de atualizações e soube quando marcaram os dois primeiros golos. O terceiro coincidiu com a altura em que nos preparávamos para fechar, logo, só soube dele durante o intervalo, já a caminho de casa.
Pelo que vi e li mais tarde, a Suécia até entrou no jogo a dominar, mas só se aguentou durante uns vinte minutos. Portugal rapidamente tomou as rédeas da partida. O primeiro golo do jogo – e do ano – surgiu aos vinte e quatro minutos. O primeiro remate foi de Bernardo Silva, mas a bola foi ao poste. Na recarga, Rafael Leão não perdoou.
O segundo golo também teve assistência de Bernardo Silva, ainda que de maneira diferente. Este passou a Matheus Nunes, que avançou pelo campo sem que os suecos conseguissem fazer nada. Ao entrar na grande área, rematou certeiro.
Por sua vez, o terceiro golo começou com um passe fabuloso de João Palhinha. A bola voou quase a distância equivalente a um meio campo até Nélson Semedo, à direita. Este foi até à linha de fundo, assistindo depois para Bruno Fernandes marcar – fazendo um túnel ao pobre defesa sueco.
Na segunda parte, já estava à frente da televisão e, sinceramente, gostei do que vi. Uma exibição bem agradável. Gostei em particular de ver Palhinha: teve vários momentos que me recordaram a célebre jogada do Portugal x França do Euro 2021 2020, que terminou com uma cueca a Pogba.
E fui capaz de ver a Seleção marcando um par de golos. O primeiro teve a assistência de Bruno Fernandes. Esteve frente a frente com o guarda-redes, teve a hipótese de rematar ou de passar a um colega: ou Bruma, à sua esquerda, ou Gonçalo Ramos, à sua direita. Acabou por escolher Bruma, que não desperdiçou o jeitinho.
Infelizmente, depois, cometemos um erro de amadores. Baixámos a guarda durante o rescaldo do golo e deixámos Viktor Gyökeres marcar o primeiro da Suécia. Toti Gomes ficou mal na fotografia.
Ainda assim, só precisámos de alguns minutos para ampliar a vantagem de novo. António Silva fez um passe longo para Nélson Semedo, que seguiu pela direita e assistiu para o golo de Gonçalo Ramos. Os suecos, no entanto, conseguiram voltar a reduzir, perto do fim do jogo.
Toda a gente ficou contente com este resultado e com este jogo, muitos nós começaram a sonhar alto. Não vou mentir, eu também me deixei levar por esse espírito. Mas já tinha escrito que os suecos não estavam a atravessar um bom momento – aquela vitória vale o que vale. E, da minha experiência acompanhando a Seleção de perto, já devia saber que o Universo tem a mania de nos atirar de volta para a Terra quando andamos com a cabeça nas nuvens.
O que, pelo menos esta fase, não é uma coisa má, atenção!
Eu sabia que a Eslovénia seria um adversário mais difícil que a Suécia. Ainda assim, estava à espera de melhor. Nem quero escrever muito sobre este jogo – o que há para dizer? Foi uma seca. Estava a ver a partida e a pensar: “Fui eu pedir para sair mais cedo para isto?”. Não que preferisse estar a trabalhar, mas porque é que os Marmanjos só jogaram bem nesta jornada quando não pude ver o jogo todo?
Muitos têm apontado que esta derrota serviu para demonstrar a falta que nomes como Bernardo Silva e Bruno Fernandes fazem. Talvez tenham razão, mas também concordo com a dispensa deles deste jogo. Já não é a primeira vez que o escrevo: a época futebolística atualmente é uma coisa parva. Se for possível poupar os jogadores literalmente nesta altura do campeonato, que se poupe!
E, no fim do dia, isto é apenas um particular. O próprio Roberto Martínez disse depois que o mais importante não era a vitória – eu disse o mesmo antes, como digo antes de todos os jogos amigáveis. Não vamos colocar tudo em causa e deixar de ser candidatos ao título porque perdemos um jogo – tal como não éramos os grandes favoritos depois de termos ganho a uma seleção que falhou o Apuramento.
Dito isto, espero mesmo que o jogo com a Eslovénia tenha servido para tirar ilações, que aquilo foi penoso.
No meio disto tudo, devo confessar, tenho andado pouco entusiasmada com a Seleção. Em parte por andar ocupada com outras coisas – quem segue o meu outro blogue e sobretudo a sua página no Facebook terá uma ideia sobre o que estou a falar – mas também porque este último ano, sejamos sinceros, foi pouco estimulante. Uma Qualificação tranquila perante adversários de nível médio/acessível (claro que tinha sido pior se tivéssemos sentido dificuldades) e, agora, dois particulares. Já não é a primeira vez que o digo: tenho saudades de partidas mais intensas, com mais em jogo. Tenho saudades do mata-mata, do Nitromint debaixo da língua.
Isto é, no momento não acho assim tanta piada, mas depois gosto de recordar e de escrever sobre isso.
Felizmente já não falta muito tempo. Diz que os Convocados serão anunciados a 20 de maio, marcando o início da era do Europeu. Em princípio, não devo publicar antes da Convocatória, mas vou tentar publicar depois, antes dos particulares marcados para junho.