No passado dia 4 de junho, a Seleção Portuguesa de Futebol venceu a sua congénere finlandesa por quatro bolas contra duas, no Estádio de Alvalade. Quatro dias depois, foi derrotada pela sua congénere croata por duas bolas contra uma, no Estádio Nacional, no Jamor. Finalmente, três dias mais tarde, a Seleção venceu a sua congénere irlandesa por três bolas sem resposta.
Todos estes jogos foram de carácter amigável. E hoje estreia-se no Euro 2024 perante a Chéquia.
Como já tinha referido no texto anterior, estive em dois destes três amigáveis: os dois que tiveram lugar na zona de Lisboa, ambos muito diferentes em termos de acessos.
O primeiro, contra a Finlândia, foi tranquilo. Como estava de folga nessa tarde e ia sozinha, não estava condicionada, pude ir cedo para o estádio. Tive tempo para comprar um boné – o vermelho, da nova coleção. Andava há mais de uma década à espera que lançassem um boné oficial de que gostasse.
Pelo menos é essa a desculpa que dou a mim mesma pelo dinheiro que gastei. Não foi uma compra por impulso, era algo que desejava há muito tempo.
Deu também para acompanhar a animação pré-jogo. Até consegui escrever um bocadinho no meu lugar, enquanto esperava pelo início do jogo. Este foi o melhor lugar que consegui em anos: na central, com boa vista para ambas as balizas. A única desvantagem foi ter ficado ao Sol antes do início do jogo.
Algo que, mesmo assim, aceitei de bom grado. Já não é a primeira vez que o digo: adoro ver jogos de futebol à luz do dia. Sobretudo em dias tão bonitos como aquele.
O Estádio não estava cheio, mas estava bom ambiente. Fiquei sentada ao lado de uma menina de cerca de quatro anos e do pai dela. Pela maneira como o pai passou uma grande parte do jogo explicando à filha as regras do futebol – o bê-á-bá do desporto, por exemplo, “o objetivo é enfiar a bola na baliza do adversário” – calculo que aquela tenha sido o primeiro jogo da menina ao vivo, quiçá um dos primeiros jogos de futebol que ela viu.
Foi amoroso. Recordou-me de quando eu mesma era pequena e fazia perguntas ao meu pai enquanto ele via futebol na televisão. Além de que sempre gostei de crianças e, ainda por cima, tenho uma sobrinha que deverá nascer nas próximas semanas (durante o Europeu… como se eu precisasse de mais emoções, sobretudo se nos mantivermos em prova durante muito tempo). Já me imaginei levando-a a jogos e/ou falando-lhe de futebol, contando-lhe histórias de feitos anteriores da Seleção. Eu mesma respondi a uma ou outra pergunta da menina ao meu lado – teria respondido a mais, mas não estava à vontade para isso.
Quanto ao jogo em si, foi uma exibição agradável – melhor do que estava à espera para um particular no terceiro dia de estágio. Algo que me chamou a atenção foi a altura dos finlandeses – mais ou menos o dobro da altura dos portugueses. Aliás, saiu um artigo há pouco tempo dizendo que Portugal é a segunda Seleção com menor média de alturas neste Europeu. Poucos dos nossos conseguiam competir.
Por outro lado, talvez seja eu que estou a ficar velha, mas por estes dias metade da Seleção parece tão novinha! O João Neves, o Francisco Conceição… eu podia ter andado com eles ao colo! E eles têm cara disso!
Não surpreendeu que o primeiro golo, aos dezassete minutos, tivesse vindo de Rúben Dias, um dos mais altos. Vitinha bateu um canto e assistiu diretamente para a cabeça do central. Depois dessa, em cima do intervalo, Francisco Conceição foi derrubado na área, o árbitro marcou penálti e Diogo Jota converteu.
Para a segunda parte, Martinez trocou metade da equipa – algo que fazia sentido em termos de gestão física, mas que mesmo assim achei estranho. Em todo o caso, depressa o marcador se dilatou ainda mais, cortesia de Bruno Fernandes. A jogada começou em Diogo Dalot e passou por Gonçalo Ramos. Mas a assistência foi de Francisco Conceição para Bruno rematar de fora da área. Lembro-me de uma altura, há uns anos, em que a minha irmã se queixava da suposta mania de Bruno rematar de fora da área.
Mal sabíamos nós que ele se tornaria um dos melhores da Seleção Portuguesa.
Infelizmente, íamos deixando a coisa descambar: o finlandês Pukki marcou dois golos em cinco minutos. Felizmente, Bruno tornou a intervir para dilatar de novo a vantagem. Nova assistência de Conceição, que enganou dois finlandeses e Bruno nem sequer precisou de rematar com muita força. Ficou feito o resultado.
No fim, sentia-me satisfeita, mesmo com todos os senãos e atenuantes. Choviam elogios a Francisco Conceição – ou Chico Conceição, como toda a gente lhe chama – um dos melhores em campo. Também fiquei contente com o miúdo, mas não lhe quero elevar demasiado a fasquia. Não seria a primeira vez que um jovem mostrava potencial nos jogos particulares antes de uma grande competição – para, depois, não conseguir corresponder na hora da verdade.
Mas espero que o Chico continue a crescer na Equipa de Todos Nós. Se a grande explosão não acontecer neste Europeu, que aconteça num futuro próximo.
O particular seguinte não foi tão tranquilo: nem o jogo em si nem a viagem de ida e volta. Vim com uma amiga, mas cada uma trouxe o seu próprio carro… um erro. Até saí de casa relativamente cedo e mesmo assim apanhei os acessos ao estádio completamente entupidos. Demorei eternidades a estacionar, num lugar muito questionável: a margem de um percurso pedonal num parque nas redondezas.
E mesmo assim consegui chegar cedo ao meu lugar no estádio, ainda durante o aquecimento. A minha amiga, que saiu de casa mais tarde (apesar de eu a ter avisado para vir cedo), só se conseguiu juntar a mim na bancada já a primeira parte ia adiantada.
Ainda mais difícil foi o trânsito para sair do estádio. Demorei à vontade uma hora só para sair das redondezas do Jamor. Não foi tão stressante quanto poderia ter sido – tive o bom senso de comer e ir à casa de banho no estádio (não que recomenda esta última parte…) e não estava com pressa.
Ainda assim, talvez tivesse sido melhor ir de comboio. O que também não seria fácil, penso eu – até porque houve concerto das bandas dos Morangos com Açúcar nessa mesma noite, no Passeio Marítimo de Algés.
Nesse aspeto, os Estádios da Luz e de Alvalade são bem mais práticos, com melhores acessos. Eu então consigo ir a pé para ambos a partir da casa dos meus pais.
Dito isto… estou contente pela oportunidade de ver um jogo no Jamor. É místico, é lindo. E o ambiente esteve tão bom durante o jogo, mesmo que este em si não tenha sido grande coisa. Estava com medo de que chovesse durante o jogo – tinha chovido nessa manhã – mas não chegou a acontecer. Aliás, o sol até espreitou durante a segunda parte, dando uma nova luminosidade ao Jamor.
De facto, a certa altura, a meio da segunda parte, dei por mim a sentir o momento. Estava ali, num Estádio Nacional cheio, repleto de gente vestida de verde e vermelho, vendo a Seleção a jogar. Há poucos cenários mais belos do que aquele.
Mas falemos do jogo em si – a parte menos boa dessa tarde. Exibição muito fraquinha, sobretudo na primeira parte. A Croácia marcou cedo, conversão de um penálti que dizem questionável (como não foi do meu lado, não consegui ver bem eu mesma). Não se pode dizer, no entanto, que o resultado era injusto. Portugal ia atacando sem grande intensidade – Gonçalo Ramos e João Félix pareceram-me particularmente desinspirados naquela tarde.
A segunda parte correu melhor, depois de nova mini-evolução ao intervalo. Conseguimos empatar o jogo logo nos primeiros minutos da segunda parte: Nélson Semedo assistiu para o remate certeiro de Diogo Jota. Fico contente por o Diogo ter assinado dois golos nestes jogos, depois de ter passado tanto tempo lesionado.
Ainda tive esperanças de que conseguíssemos dar a volta ao resultado, ou de que pelo menos mantivéssemos o empate. Mas os croatas chegaram de novo à vantagem, numa das poucas oportunidades que tiveram. A bola foi à trave e, na recarga, Budimir marcou de cabeça.
Nunca mais conseguimos sair desta. A certa altura, o público começou a cantar por Cristiano Ronaldo. Eu mesma me juntei ao coro – sabe-se lá quantas mais ocasiões teremos para isso. Não tenho a certeza do que é que o motivou. Se foi uma continuação dos aplausos antes do jogo, sempre que ele aparecia em campo durante o aquecimento. Se o povo pura e simplesmente queria vê-lo a jogar. Ou se esperavam que Ronaldo entrasse e salvasse a honra do convento, como tantas vezes antes. Talvez tenha sido uma mistura das três hipóteses.
Claro que Martínez não ia pôr Ronaldo a jogar só porque estávamos a perder um jogo amigável. O Capitão tinha-se juntado à concentração poucos dias antes e, como jogador geriátrico, é preciso cuidado com a gestão da sua forma.
E também há muita hipocrisia. Tão depressa se diz que Ronaldo está a mais, que a Seleção joga melhor sem ele, como começamos literalmente a clamar por ele assim que as coisas começam a correr mal.
Suspeito que esta última parte irá acontecer muito quando Ronaldo se reformar.
Em todo o caso, o Capitão teve oportunidade de ser herói no jogo seguinte: o particular perante a República da Irlanda, no Estádio de Aveiro. Desta feita não estive lá – aliás, estive a trabalhar durante a primeira parte. Foi uma tarde tão agitada no trabalho que cheguei a esquecer-me que havia jogo da Seleção (estou a perder qualidades). Consegui dar uma espreitadela ao resultado quando já estava 1-0, mais nada – e já aí pensei que 1-0 era pouco.
E de facto consta que a Irlanda esteve muito fechada à defesa e foi preciso algum esforço para abrir o marcador, num lance de bola parada. Um canto batido à maneira curta e assistência de Bruno Fernandes para o belo remate de João Félix.
Ainda houve ocasião para Ronaldo bater um livre – depois de essencialmente dizer a si mesmo “Tu bates bem” – que infelizmente chocou com a trave.
Felizmente consegui ver a segunda parte, que todos garantem que foi melhor – e eu de facto achei agradável. Logo aos cinco minutos, após uma assistência teleguiada típica de Rúben Neves, Ronaldo marcou aquele que muitos consideram um dos melhores golos dele pela Seleção. Cerca de dez minutos depois, veio o segundo, após assistência de Diogo Jota. E ficou feito o resultado.
E hoje estreamo-nos no Europeu, perante a Chéquia. Tenho gostado imenso de ver imagens da Seleção sendo paparicada em Marienfeld. Imensas recordações do Mundial 2006, tal como previ. Gosto em particular das histórias de pessoas que eram bebés há dezoito anos, quando estiveram com a Seleção, e agora são jovens adultos.
Espero que não lhes faltem oportunidades para estarem com a Equipa de Todos Nós nas próximas semanas.
Estes particulares não mudaram radicalmente a minha opinião sobre as nossas hipóteses neste Europeu. Continuo mais otimista que nas últimas ocasiões – o que mesmo assim não é muito muito. Não acho que somos os maiores porque vencemos a Finlândia e a Irlanda, nem acho que deixamos de ser candidatos por termos perdido contra a Croácia.
Dito isto, não fiquei muito descansada com Martínez e alguns dos jogadores desvalorizaram a derrota no Jamor. Naquela fase, um bocadinho de dramatização seria saudável – quando havia tempo para fazer as correções necessárias.
Claro que era apenas conversa. Nada me garante que eles não estavam mais preocupados do que deram a entender e que não agiram de acordo nesta última semana e picos.
Parte de mim quer manter as expectativas baixas. Outra parte, no entanto, vê conversas como esta, de Ronaldo, e pensa: meias-finais é pouco. Quero chegar à final.
Diria que o mínimo aceitável são mesmo as meias-finais. Posso eventualmente mudar de ideias, dependendo da maneira como correr a fase de grupos – e concordo com Martínez quando diz que a Seleção irá continuar a crescer e que atingirá o nível máximo depois da fase de grupos. A verdade é que estou farta de ver esta geração desperdiçar oportunidade atrás de oportunidade. Já chega! Quero voltar a ganhar um título!
Mas pronto. Como sempre, falar é fácil, escrever é fácil. Quando a bola começar a rolar, logo à noite, é que a história começará a ser escrita, é que saberemos qual é o nosso verdadeiro valor.
Venha então o jogo com a Chéquia. Força Portugal! Vamos a eles!
À hora desta publicação, faltam pouco mais de duas semanas para o início do Euro 2024. Roberto Martínez Divulgou os Convocados para representar Portugal neste campeonato no passado dia 21 de maio. Pode-se dizer que já estamos em modo Europeu – ou, vá lá, quase.
Este campeonato vai ter – já está a ter – um sabor diferente. Um sabor nostálgico, aludindo a campeonatos anteriores.
Para começar, vai decorrer exatamente vinte anos depois do Euro 2004. “Euro 2024”, aliás, soa parecidíssimo a “Euro 2004” – o meu coração dá um pequeno salto sempre ouço este nome. Sobretudo agora na era das internetes, temos ciclos de nostalgia de vinte anos. E 2004 foi um ano marcante para mim. Foi quando comecei o Secundário, quando adotei novos interesses que mantenho até agora.
A Seleção será um dos maiores. Não é a primeira vez que o digo, não será a última. Foi com o Euro 2004 que o casamento começou – e chegámos à marca dos vinte anos! Tomara muitos!
Além de que foi, pura e simplesmente, um dos capítulos mais bonitos da história do futebol português. Matéria da qual são feitas as lendas. O espanto e a maravilha ainda não se dissiparam, mesmo passadas duas décadas.
Malta! O Ricardo defendeu um penálti decisivo sem luvas! E depois ele mesmo bateu o penálti seguinte, assegurando a nossa vitória. Coisas como esta não acontecem!
Por outro lado, este Europeu irá decorrer na Alemanha – o mesmo palco que o Mundial 2006, também ele com elevado valor nostálgico. Foi o melhor desempenho português em Mundiais que testemunhei até agora. Dá-me imenso gozo ouvir os nomes das cidades, depois de as ter aprendido rapidamente durante esse Mundial. As mais conhecidas Berlim, Munique, Frankfurt, Dusseldorf, claro, mas também Marienfeld (que vai voltar a ser o quartel-general da Seleção), Colónia, Gelsenkirchen – este último é o meu nome preferido.
O único denominador comum entre esses campeonatos e o atual é, claro, Cristiano Ronaldo, o único que continua no ativo. Dezoito, vinte anos depois, voltou a ser Convocado. Também temos Ricardo Carvalho e Ricardo Pereira (referido acima), mas como membros da equipa técnica.
Estamos velhos.
O terceiro fator nostálgico diz respeito aos nossos adversários nesta fase de grupos. A Turquia e a Chéquia também fizeram parte do nosso grupo no Euro 2008. A Geórgia não, mas realizámos um particular contra eles antes desse campeonato – o único, se a memória não me falha. A única recordação que tenho desse jogo é a fotografia do João Moutinho que usei como cabeçalho do texto que escrevi sobre esse jogo aqui no blogue. Ele foi um dos marcadores.
Nem me recordava do resultado, apenas que tínhamos ganho. Uma pesquisa rápida recordou-me que ganhámos por duas bolas contra zero. Mas falaremos melhor num texto futuro, quando olharmos melhor para os nossos adversários neste Europeu.
Não que o Euro 2008 em si tenha sido particularmente memorável. Mas sempre foi o primeiro campeonato que cobri com este blogue, há dezasseis anos.
Dezasseis anos, minha gente. Ainda há pouco tempo o Euro 2004 e o Mundial 2006 tinham sido há apenas meia dúzia de anos. De repente já lá vão duas décadas ou quase.
Algo em que reparei há pouco tempo é que este blogue passou metade da sua vida com uma Seleção sem títulos e a outra metade com título. Nesse sentido, seeria poético se conseguíssemos recuperar a Henri Delaunay este ano.
Vou dizê-lo já: este é capaz de ser o campeonato de seleções que encaro com maior otimismo em muitos anos. Da última vez era (mais) jovem e (mais) ingénua, claro. Agora estou confiante, sim, mas cautelosa. Temos o talento, tivemos os resultados na Qualificação, não temos Fernando Santos.
Mas já se sabe como são estas coisas. Tudo muito bonito, mas só conta quando a bola rolar.
Além disso, como temos vindo a assinalar, ainda não conhecemos Roberto Martínez assim tão bem, ainda não tivemos um desafio a sério. Não sabemos como irá esta Seleção reagir quando nos cruzarmos com um adversário de peso.
Nesse aspeto, uma coisa boa deste grupo teoricamente fácil – sublinhe-se o “teoricamente” – é que vamos continuar a ter um aumento mais ou menos linear em termos de dificuldade.
Confesso que ainda não me sinto bem em modo Europeu. Já não é a primeira vez que o digo. Para além de ter outras coisas ocorrendo na minha vida, já são muitos anos, há aspetos que já se tornaram rotineiros. Como a Divulgação dos Convocados. A atual geração tem tanto talento que é quase impossível fazer uma Convocatória má.
Claro que tenho os meus reparos. Não percebo o que é que Martínez tem contra Francisco Trincão e sobretudo Pedro Gonçalves. Eles não puderam vir ao Europeu porque falharam os amigáveis de março. Mas Pedro Neto e Diogo Jota – que não só falharam essa jornada como vêm de lesões prolongadas – puderam vir? Ainda compreendo mais ou menos a Chamada de Diogo Jota – ele tem currículo na Seleção, vários golos marcados. Pedro Neto, por outro lado, só conta cinco internacionalizações e um golo marcado num particular frente a Andorra.
Dito isto, não estou para me ralar demasiado com esta questão. Até porque nestes debates há sempre gente usando lentes da cor dos respectivos clubes. Quando é assim, é uma luta perdida. Além disso, nenhuma das desilusões dos últimos anos se deveu a problemas com os Convocados.
A única coisa que quero recordar da Convocatória é mesmo a reação do filho do João Palhinha.
A preparação do Europeu começou este domingo. Este é o primeiro campeonato de seleções “normal” que temos em anos. Está a decorrer na altura certa do ano, sem adiamentos ou outros condicionamentos provocados pela pandemia ou climas extremos. Temos três jogos de preparação antes do Europeu! Já não estava habituada a isto.
Por outro lado, tenho estranhado o início tão tardio do estágio de preparação. Vou ser sincera, não me agrada muito. Os Marmanjos vão jogar o primeiro amigável depois de o quê? Um treino? Dois?
Claro que compreendo a lógica. Toda a gente sabe como anda o calendário futebolístico – já não é a primeira vez que falamos disso. Andam a falar de uma possível greve de futebolistas. Esta semana de férias terá feito melhor a estes Marmanjos, em termos físicos e sobretudo psicológicos, do que uma semana de estágio, por muito leve que seja. Se isso significar exibições fraquinhas nos particulares e menos publicações nas redes sociais relacionadas com a Seleção… que assim seja. É um preço mais do que razoável.
Falemos então sobre estes três amigáveis. De referir que vou estar lá em dois deles. Comprei o bilhete para o primeiro, frente à Finlândia, em Alvalade, há poucos dias. Foi decisão de última hora. Estou de folga nessa tarde, não tenho outros planos, o Estádio fica perto da minha casa, a vida é curta. Porque não? É na loucura. E acho que nesta vez consegui um lugar decente. Lá está, não estou à espera de uma grande festa do futebol. Vou sobretudo pelo ambiente, pela festa, para ganhar entusiasmo para o Europeu.
Quanto à Finlândia, é a primeira vez que jogamos contra eles em mais de uma década. Os finlandeses foram nossos adversários na Qualificação para o Euro 2008. Ambos os jogos deram empate. Lembro-me vagamente do primeiro, em setembro de 2006. De ter achado que o empate era um bom resultado, depois de um desastrado particular contra a Dinamarca (cuja única coisa boa foi a estreia de Nani) e da expulsão de Ricardo Costa.
Do segundo empate, em novembro de 2007, recordo-me ainda menos. Apenas que foi o jogo de estreia de Pepe e da célebre conferência do “E o burro sou eu?” de Luiz Felipe Scolari.
Hoje revejo a cena e continuo sem perceber porque é que Scolari estava tão irritadiço. Dito isto, tendo em conta o que aconteceu em Qualificações posteriores, acho que Scolari não estava completamente errado. Seria preciso esperarmos oito anos até voltarmos a ter um Apuramento tão relativamente tranquilo quanto este.
Os dois jogos seguintes com a Finlândia foram particulares. Um deles foi em fevereiro de 2009. Uma vez mais, não me recordo de muito. Apenas que foi uma exibição medíocre, ao nível do que foi a era de Carlos Queiroz, sobretudo o primeiro ano. Só conseguimos ganhar por um golo de penálti de Cristiano Ronaldo – um de um total de dois golos que Ronaldo marcou nos dois anos de liderança de Queiroz.
Só para verem.
Finalmente, o outro particular decorreu em março de 2011, no primeiro ano do mandato de Paulo Bento. Desse não me lembro de nada. Só depois de pesquisar é que me recordei que foi o jogo de estreia de Rúben Micael e que este marcou dois golos.
Não pensava no Rúben há imensos anos, talvez quase uma década. Aparentemente já se reformou.
Por estes dias, a Finlândia está na Divisão B da Liga das Nações. Concluiu a Qualificação para o Euro 2024 atrás da Dinamarca e da Eslovénia, foi a play-offs, mas perdeu contra o País de Gales. Diria que são um adversário de nível médio. Ao nosso alcance.
Mais difícil será o jogo seguinte, com a Croácia. Está na Divisão A da Liga das Nações. Aliás, serão nossos adversários na fase de grupos da próxima edição da prova, este outono. Vêm ao Europeu depois de terem ficado em segundo lugar no grupo D da Qualificação – atrás da Turquia, um aviso para nós. Ficaram em terceiro lugar no último Mundial, depois de vencerem os nossos amigos marroquinos. Destaque para a figura Luka Modrić, que ainda por cima acaba de ganhar a Liga dos Campeões com o Real Madrid.
Ou seja, os croatas podem não ser a primeira seleção que vem à baila quando falamos de tubarões. Mas acho que podem ser considerados candidatos ao título europeu.
Dito isto, a Croácia já anda na mó de cima há uns anos, mas não têm impressionado quando se cruzam connosco. Destaque para a fase de grupos da Liga das Nações em 2020. Existirão atenuantes, claro, mas não deixa de ser estranho.
A ver o que acontece na Liga das Nações. Para já não é tão importante – isto é só um jogo particular. Em todo o caso, será o adversário mais difícil com quem nos cruzamos desde que Roberto Martínez assumiu as rédeas da Seleção. Será um bom teste.
O jogo terá lugar no Estádio Nacional e foi quase só por isso que comprei os bilhetes há já vários meses – venho com uma amiga. Já fui várias vezes ao Jamor. Para receber a Seleção depois do Mundial 2006 – o dia em que quase literalmente caí para o lado por causa do calor (importante tomar cuidado com isso agora no sábado). Para os treinos abertos no tempo de Paulo Bento (saudades). Mas nunca fui ver um jogo lá.
Em parte por falta de oportunidade. O último jogo da Seleção lá foi há uma década – frente à Grécia, curiosamente comandada por Fernando Santos, poucos meses antes de vir orientar Portugal.
Este sábado colmato essa falha, finalmente.
Por fim, vamos jogar contra a República da Irlanda no dia 11 no Estádio de Aveiro – o único particular a que não vou assistir ao vivo. Penso que já referi cá no blogue que este é um dos meus preferidos de todos os estádios construídos para o Euro 2004. No entanto, da última vez que passei por ele (penso que terá sido no final do ano passado), a fachada pareceu-me algo degradada.
O que, infelizmente, confirma as previsões mais pessimistas de há vinte anos: vários destes estádios virando elefantes brancos.
Quanto à República da Irlanda, esta falhou a Qualificação para o Euro 2004. Uma grande pena, tenho saudades dos seus adeptos. Estão na Divisão B da Liga das Nações. Em teoria, será o particular mais fácil destes três. Na prática, os últimos nossos dois jogos com eles, na Qualificação para o Mundial 2022, foram exibições medíocres.
Ou seja, não convém assumirmos facilidades. Mesmo que seja apenas um particular e o resultado não seja o mais importante.
É pouco provável que estes jogos tenham grande história. Ainda assim, é possível que eu escreva um par de textos antes da nossa estreia no Europeu, sobre estes jogos e sobre o que quer de interessante que ocorra durante a preparação. Vêm aí um par de feriados, em princípio até terei tempo.
Logo se vê. Um de certeza escrevo.
Posso ainda não me sentir muito entusiasmada, mas o meu interesse aumentará à medida que nos aproximarmos do início do Europeu – e com os particulares a que vou assistir. Aliás, basta-me consultar artigos sobre os possíveis caminhos de Portugal até à final de Berlim para sentir os familiares bichinhos no estômago. É o que eu digo, há muitas coisas que deixaram de ser novidade para mim mas, na hora H, o sofrimento é sempre o mesmo. Suspeito que só se tem tornado pior com o tempo.
Mas é também para isso que serve aqui o estaminé. Para catarse, para verter esse sofrimento para o papel e, depois, para o digital, para registar tudo para mais tarde recordar.
Como sempre, obrigada pela vossa visita. É mais um campeonato de seleções que começa. Acompanhemo-lo juntos, quer aqui no blogue, quer na página do Facebook. Até à próxima!
Mais um ano encontra-se à beira do fim, mais um ano encontra-se à beira do início. É costume as pessoas reflectirem sobre os acontecimentos mais marcantes dos últimos doze meses e tentarem prever o que acontecerá nos próximos doze. No que toca à Selecção Nacional, depois de um ano de 2010 muito atribulado, 2011 foi um ano incomparavelmente mais calmo. Sobretudo por não ter ocorrido nenhum caso tão grave como aquele que levou ao despedimento de Carlos Queiroz. Também seria difícil e menos provável que ocorresse um caso com essa gravidade este ano, em que não houve fase final de um campeonato de Selecções, estivemos quase meio ano sem jogos oficiais e, mesmo estes, foram apenas meia dúzia (contando com o playoff, que nem sequer fazia parte do plano inicial).
A Selecção entrou em 2011 em alta, derivada do relançamento na disputa pela Qualificação para o Europeu de 2012 e de uma inesperada goleada à Espanha num particular, e manteve-se assim durante a maior parte do ano. O público parecia ter feito as pazes com a Turma das Quinas, o ambiente parecia estar bom no seio da equipa, havia consenso, ninguém tinha nada de muito importante a criticar. Isso era bom, sem dúvida, mas era algo monótono. Se derem uma vista de olhos às minhas entradas (ou simplesmente aos títulos destas) hão de verificar que estas andavam quase todas à roda do mesmo: "A Selecção está muito bem, é a única coisa que está bem neste País". As coisas apenas começaram a descarrilar em Setembro, com a deserção de Ricardo Carvalho e à medida que se aproximava a recta final do apuramento (não sei se estes acontecimentos, bem como aquilo que se passou com José Bosingwa, estão relacionados ou se é apenas coincidência). Em todo o caso, após a brilhante segunda mão do playoff, a Selecção encerra o ano de 2011 mais ou menos da mesma maneira como o inaugurou: em alta, cheia de promessas de mais bons momentos a curto e médio prazo, apesar dos adversários dos próximos jogos oficiais.
O particular com a Argentina, realizado dia 9 de Fevereiro no Estádio de Genebra na Suíça, foi o primeiro compromisso da Selecção Portuguesa do ano. Este desafio encontrava-se envolvido em expectativa, não só devido ao anteriormente mencionado bom momento da equipa mas também - e sobretudo - uma vez que este particular oporia Cristiano Ronaldo e Lionel Messi - por muitos considerados os melhores jogadores de futebol da actualidade. Foi por causa desde duelo que os bilhetes para o jogo se esgotaram e que oitenta televisões em todo o Mundo compraram os direitos de transmissão.
O jogo, que terminou com 2-1 a favor da selecção alviceleste, foi bastante equilibrado. Os dois primeiros golos, um para cada lado, foram marcados na primeira meia hora de jogo. O tento português foi executado por Cristiano Ronaldo. Foi o primeiro de muitos golos, não apenas de Ronaldo ao serviço da Selecção, mas também da própria Equipa de Todos Nós. A substituição do madeirense, aproximadamente aos sessenta minutos de jogo, foi demasiado precoce para a assistência, atraída para o jogo pelo duelo entre os dois melhores do Mundo.
Mas voltando ao jogo em si, este foi muito equilibrado, tal como foi mencionado acima. O ritmo manteve-se quase sempre elevado. O segundo golo marcado pela Argentina resultou de um penálti, um pormenor convertido em pormaior por Messi, em cima do minuto noventa, numa altura em que "ambas as equipas já estavam conformadas com a igualdade" no marcador.
No que toca ao duelo entre Ronaldo e Messi, este último foi o vencedor mas só por falta de comparência do adversário. No que toca à Selecção num todo, este jogo foi testemunha da capacidade da Turma das Quinas de enfrentar qualquer adversário como igual, não maculando, deste modo, o comando de Paulo Bento.
No entanto, terá sido aquando da preparação deste encontrou que terá ocorrido o primeiro capítulo do desentendimento entre o Seleccionador e José Bosingwa - isso sim, maculou o comando de Paulo Bento, ainda que só tenha vindo a lume vários meses depois. Ainda não percebi ao certo o que se passou. A versão que corre - mas não sei se é a verdadeira - é a de que Bosingwa não terá gostado da hipótese de ser suplente e, em represália, terá simulado uma lesão para abandonar o estágio.
Provavelmente, nunca se saberá ao certo o que de facto aconteceu. A única coisa acerca da qual existem certezas quase absolutas é de que, tão cedo, Bosingwa não voltará à Selecção - e isso para mim é o mais importante, o pior. Mas, tal como já mencionei anteriormente, só o soubemos muito depois de Fevereiro, depois de Bosingwa ter sido repetidamente sido deixado de fora das Convocatórias.
Em finais de Março, realizaram-se mais dois jogos de carácter preparatório: um contra o Chile, no dia 26, outro contra a Finlândia, no dia 29. O primeiro terminou empatado a um golo. Não assisti a este jogo, nem sequer pela rádio, como tal, não sei dizer como é que Portugal jogou. Em todo o caso, ninguém atribuiu grande importância a este encontro devido às eleições no Sporting, entre outros factores.
Um dos quais o desafio que opôs a Dinarmarca à Noruega, que terminou empatado a um golo e nos deu o poder de chegarmos ao primeiro lugar do grupo por nós próprios.
O encontrou com a Finlândia foi diferente. Tratava-se de uma selecção nórdica, semelhante à Noruega, que seria a nossa adversária seguinte na Qualificação para o Euro 2012. Como tal, o desempenho da Selecção foi diferente, acima da média em particulares. Destaque para os dois golos do estreante Rúben Micael. Há que dizer, no entanto, que a Finlândia não fez muito pela vida. Apesar de talvez ser essa a intenção, o jogo não foi um verdadeiro ensaio geral para o desafio frente à Noruega - dificilmente os nossos amigos noruegueses, com quem havíamos perdido da última vez que estivéramos em campo com eles, nos facilitariam a vida daquela maneira. Em todo o caso, a vitória foi mais um sinal de que a Selecção estava bem e recomendava-se. Em vários aspectos.
O embate com a Noruega, a contar para a Qualificação para o Europeu de 2012, realizou-se a 4 de Junho - oito meses após o último jogo oficial - no Estádio da Luz. Paulo Bento classificou-o como um jogo "extremamente importante, de grande responsabilidade" pois, se vencêssemos, subiríamos para o primeiro lugar do grupo. Não decidia o Apuramento, mas ajudava muito. Nesse aspecto, os noruegueses estavam menos apertados do que nós, pois, para manterem o primeiro lugar, bastava-lhes perder pela margem mínima, desde que marcassem na Luz. Com a agravante de os noruegueses nos terem vencido da última vez que entráramos em campo com eles.
A Selecção dispôs, nessa altura, do maior intervalo de tempo seguido de estágio antes de um encontro desde o início da Qualificação. Eu própria fui assistir a um dos vários treinos abertos que a Equipa de Todos Nós efectuou. Nas declarações à Comunicação Social, toda a Selecção, jogadores e treinador, aparentava estar em sintonia. Os Marmanjos afirmavam não terem medo da Noruega, apesar de a respeitarem como uma equipa que os derrotara recentemente. Afirmavam querer vencer, de modo a "podermos ir de férias descansados".
E foi o que, de facto, acabou por acontecer, Não foi um jogo brilhante, não houve domínio indiscutível por parte da Selecção Portuguesa, provavelmente devido ao desgaste típico do fim da época futebolística e, talvez, a alguma pressão. O único tento do jogo foi apontado por Hélder Postiga. Em todo o caso, a Selecção cumpriu o seu dever atingindo, desse modo, o topo da tabela classificativa.
Em Agosto, a Selecção disputou, no Estádio do Algarve, um jogo de carácter preparatório com o Luxemburgo. Supostamente esta selecção seria semelhante à cipriota, segundo Paulo Bento, mas tal era questionável. Dificilmente o Chipre, o nosso adversário seguinte, seria tão acessível. A preparação deste encontro incluiu dois treinos abertos e eu assisti a um deles, novamente no Jamor, à semelhança de mais umas oitocentas pessoas. O Seleccionador definiu como objectivos deste encontro levar o jogo a sério, vencer e não sofrer golos.
O encontro em si terminou com 5 - 0 no marcador. Tal como se previa, foi uma daquelas goleadas fáceis, sem suor, sem adrenalina, que dificilmente ficam na memória. No entanto, ao contrário do que acontecera em inúmeros particulares com Selecções teoricamente mais fracas, Portugal levou o jogo a sério e o nível nem sequer diminuiu com as substituições ao intervalo. Em suma, apesar da utilidade questionável deste jogo, os objectivos para ele definidos haviam sido alcançados.
Não pude assistir ao encontro com o Chipre, a contar para o apuramento, nem à respectiva preparação - durante a qual Ricardo Carvalho abandonou a Equipa de Todos Nós - visto encontrar-me de férias no estrangeiro. Tanto quanto percebi, terá sido em protesto contra a possibilidade de ser suplente, tudo isto com um cheirinho a vedetismo, a amuo de adolescente. Paulo Bento acusou-o de deserção e afirmou que nunca mais Convocaria o jogador. Dias depois, Ricardo deu uma entrevista em que, por sua vez, chamou "mercenário", contribuindo em nada para melhorar a sua imagem no meio disto tudo.
Mais tarde, o jogador afirmou-se arrependido por ter virado as costas à Selecção desta forma e manifestou o desejo de voltar a vestir a camisola das Quinas. Nesse aspecto, distingue-se de José Bosingwa, que nunca deu sinais de arrependimento pelas atitudes que tomou. Mas não é suficiente visto que, tanto quanto sei Ricardo Carvalho nunca apresentou um pedido de desculpas directamente, nem a Paulo Bento, nem à Federação. No meio disto tudo, acho ridículo que pessoas como Joaquim Envagelista estejam a pressionar o Seleccionador a aceitar os jogadores de volta. Se eu fosse ao Paulo Bento, ficaria irritada por tanta gente questionar as minhas decisões. Foram o Bosingwa e o Ricardo que tomaram as atitudes, que se excluíram a si próprios directa ou indirectamente. Se eles quiserem voltar à Selecção, o primeiro passo terá de partir deles. E, embora saiba que é improvável, espero que as várias partes consigam chegar a um entendimento e que ambos os jogadores voltem a vestir a camisola das Quinas com Paulo Bento no comando.
Em todo o caso, o capitão da Equipa de Todos Nós, Cristiano Ronaldo, veio a público dizer, poucos dias após a deserção de Ricardo Carvalho, que "tudo o que se passou está ultrapassado, o mister Paulo Bento já falou, o que pensamos fica dentro do grupo", acrescentando mesmo que ele também tinha telhados de vidro no que tocava a decisões pouco sensatas.
Esta declaração foi feita após o duelo com o Chipre, duelo esse que a Selecção Portuguesa levou de vencida por quatro golos sem resposta. Já referi antes que não pude assistir a este encontro. Parece que durante a maior parte do encontro, a Selecção esteve em vantagem pela margem mínima, precária, com todo o nervosismo associado a tais circunstâncias, fazendo uma exibição que deixou bastante a desejar. Contudo, os três golos na recta final do jogo devem ter sabido muito bem. Cristiano Ronaldo desempenhou muito bem o seu papel de capitão da Equipa de Todos Nós, parece que fez uma bela prestação em campo, com dois golos e uma assistência, terá mesmo carregado a equipa às costas. Isto num ambiente particularmente hostil para o madeirense, com os adeptos cipriotas gritando por Messi, criando, salvo erro, uma moda que se estendeu aos restantes jogos da fase de Qualificação. No entanto, pelo menos neste jogo, acabou por lhes sair o tiro pela culatra.
Um mês mais tarde, realizou-se a dupla jornada final da fase de Qualificação. Faltava-nos receber a Islândia e deslocarmo-nos a Copenhaga para enfrentarmos a selecção local antes de darmos o Apuramento por concluído. As nossas condições não eram as ideais, devido a várias ausências por lesão de titulares habituais (Pepe, Hugo Almeida, Fábio Coentrão). A esta lista, juntou-se Danny, pois este teve de ser submetido a uma cirurgia para remover um quisto sebáceo.
A urgência questionável de tal intervenção, aliada às suspeitas que se começavam a formar devido às repetidas ausências do nome de Bosingwa das listas de Convocados, mais, provavelmente, a tensão derivada à proximidade do fim do Apuramento abriram uma brecha na credibilidade do Seleccionador. A Comunicação Social enfiou-se dentro dela e os ataques começaram. De uma forma injusta, na minha opinião, tendo em conta o percurso de Paulo Bento como Seleccionador até à altura.
Conforme foi repetido até à exaustão, bastava um empate e uma vitória para nos qualificarmos directamente, embora na Selecção dissessem que não viam as coisas desta maneira, que encaravam um jogo de cada vez, que não jogavam para o empate. E não se pode dizer que os Marmanjos não juntaram o gesto à palavra no Estádio do Dragão uma vez que venceram os Islandeses por cinco bolas contra três. Contudo, o jogo não foi tão fácil como o que seria de esperar. Os islandeses entraram em campo invulgarmente desenvoltos, descongelados, soltos, como que querendo desafiar o estereótipo da equipa teoricamente mais fraca. Inicialmente, Portugal não se deixou afectar, conseguiu colocar-se três golos à frente dos islandeses, mas estes não demoraram muito a reduzir a desvantagem a apenas um golo, ficando muito perto de anulá-la por completo. Felizmente, o golo de Moutinho, seguido de Eliseu, aliviaram a intranquilidade que se tinha instalado com o seguindo golo da Islândia.
Apesar da vitória, a Selecção Nacional revelara algumas fraquezas. O ideal teria sido que o jogo tivesse servido de aviso, de wake-up call.
Mas não serviu.
Com esta vitória, a Equipa de Todos Nós dava mais um passo em direcção ao Europeu. Agora bastava um empate frente à Dinamarca para reservarmos logo um lugar na Polónia e na Ucrânia. E até podíamos perder em Copenhaga e qualificarmo-nos à mesma, desde que fôssemos a melhor Selecção em segundo lugar - a única que nos ameaçava era a Suécia. Esta ideia, repetida até à exaustão, irritou-me na altura, pois julgava que Portugal não precisaria de fazer tais contas. Agora, vendo em retrospectiva, a ideia ainda me irrita mais pois não nos serviu de nada.
A derrota de Portugal aos pés da Dinamarca constituiu, sem sombra de dúvida, o ponto mais baixo do ano. Foi provavelmente um dos piores jogos da Selecção dos últimos tempos, agonizante, em que o único ponto alto do jogo foi o golo excepcional de Cristiano Ronaldo. Ainda hoje não percebo o que aconteceu nessa noite para os Marmanjos jogarem tão mal. A era Paulo Bento, que até à altura, estivera quase imaculada, via a sua primeira derrota em jogos oficiais e a Selecção Nacional era relegada para os play-offs pois o jogo da Suécia - que, para animar ainda mais a noite, fora rico em reviravoltas - terminara com uma vitória para o seu lado, tornando-os a melhor equipa classificada em segundo lugar.
Na altura, acabei por dar graças por a Suécia se ter qualificado em vez de nós, pois não queria que a caminhada em direcção ao Europeu terminasse daquela forma. E agora que já sei qual foi o desfecho deste capítulo, ainda abençoo mais essa reviravolta do destino.
Pouco após o jogo com a Dinamarca, soubemos que, daí a um mês, disputaríamos o play-off contra a Bósnia-Herzegovina, selecção que já se havia cruzado no nosso caminho para o Mundial 2010, dois anos antes. Muita gente recomendava prudência uma vez que a equipa bósnia tinha melhorado significativamente ao longo dos últimos dois anos e, conforme o médio bósnio Zvjedzan Misimovic assinalou, Portugal tivera, teoricamente, condições para já ter o apuramento resolvido mas teve de ir aos play-offs. No entanto, a Turma das Quinas também havia crescido, sobretudo no último ano, e Paulo Bento chegou mesmo a dizer: "Não vou desconfiar de quem durante um ano e picos fez tudo o que devia e, por um jogo, pôr tudo em causa".
A preparação dos play-offs foi marcada pelo regresso de habituais titulares que haviam estado indisponíveis na última jornada dupla e ensombrada pela entrevista de José Bosingwa ao jornal "O Jogo". Como seria de prever, a Comunicação Social alimentou-se das polémicas declarações do jogador mas, aparentemente, estas não tiveram grande repercussão no seio da Equipa de Todos Nós.
A primeira mão do play-off foi disputada em Zenica, terreno bósnio, em condições bastante adversas para a Equipa das Quinas. Começando pelo relvado de péssima qualidade. A Federação Portuguesa de Futebol apelara para a UEFA, tentando fazê-los mudar a localização do jogo, mas os responsáveis fizeram ouvidos de mercador. Para cúmulo, os dirigentes bósnios ignoraram o acordo selado na manhã do dia da primeira mão e regaram o campo, pouco antes do início do jogo, piorando ainda mais o seu estado. Tal motivou a Selecção a jogar sob protesto.
Outro obstáculo que a Equipa de Todos Nós teve de enfrentar foram os adeptos bósnios pouco amigáveis, que tentaram desestabilizar a Selecção Portuguesa e, em particular, o capitão Cristiano Ronaldo, com lasers e gritos por Messi.
A primeira mão do play-off terminou com o marcador por abrir. O resultado desapontou mas a exibição da Equipa das Quinas não. O domínio do jogo foi claramente português, falou-se de "espírito guerreiro", "personalidade fortíssima". Terá literalmente sido o campo (que foi apelidado de horta, batatal, pseudo-relvado, Farmville, etc) a impedir a vitória da Selecção Portuguesa. Em todo o caso, ficaram boas promessas para a segunda mão, que se realizaria no Estádio da Luz, daí a quatro dias.
Promessas essas que foram cumpridas, e muito bem cumpridas, naquele que foi o ponto mais alto do ano, ou mesmo de toda a Qualificação. Nesse Portugal recebeu e venceu na Luz a Bósnia por seis golos espectaculares contra dois que não passaram de pormenores tornados pormaiores, num jogo épico (palavra muito na moda e demasiado vulgarizada, na minha opinião) e emocionante, que se assemelhou a um resumo de toda a caminhada em direcção à fase final do Euro 2012, com todos os momentos de brilho, de garra, juntamente com os momentos menos bons e as inesperadas escorregadelas, antes de apresentar o desfecho da história. Que não podia ser mais feliz. O Hino Nacional entoado a plenos pulmões por todo o Estádio encerrou a caminhada, encerrou um jogo que teve todas as características de uma grande final. Um jogo que representou uma desforra contra um caso envolvendo um antigo Seleccionador de fraco carácter, dirigentes corruptos, em Portugal e no estrangeiro, jogadores desertores, notícias desestabilizadoras, relvados manhosos, lasers, adeptos hostis, árbitros pouco parciais. Uma desforra contra a crise que assola o País já ninguém sabe desde quando, contra os cortes impostos pelo Orçamento e pela Troika (bem menos simpática do que a Troika de ataque que empurrou a Selecção para a frente), contra os juros da dívida que, se não estou em erro, já roçam os vinte por cento, contra políticos corruptos e incapazes, contra os sacrifícios que parecem nunca mais acabar, contra o desemprego, contra a depressão, contra o desânimo. Um jogo que selou o apuramento e o renascimento da Selecção Nacional.
No dia 2 de Dezembro, realizou-se o sorteio da fase de grupos do Euro 2012 e Portugal ficou a conhecer os seus futuros adversários: serão eles a Dinamarca, a Holanda e a Alemanha. Dificilmente nos poderia ter calhado um grupo mais difícil. Podemos ver tanto este resultado como outro qualquer como uma coisa boa ou má, dependendo da maneira como o encararmos. Contudo, uma coisa é certa: aguardam-nos jogos verdadeiramente emocionantes, que ficarão para a História, independentemente do desfecho final.
Foi isto que aconteceu de mais relevante à Selecção Nacional ao longo de 2011. Em suma, foi um ano muito positivo em termos futebolísticos, não só por a Equipa das Quinas se ter qualificado para o Europeu do próximo ano, mas também por causa da Liga Europa, em que três equipas portuguesas chegaram às meias-finais, duas chegaram à final e, como é óbvio, uma delas levou o troféu para casa.
Em termos políticos, financeiros e sócio-económicos, 2011 foi um ano para esquecer, com o governo a demitir-se, a chegada da Troika, a ameaça da queda do Euro, entre outras desgraças. E a situação não parece estar perto de melhorar, sobretudo porque já sabemos que em 2012 nos esperam vários cortes e vida ainda mais difícil.
Em termos pessoas, tirando o contexto acima descrito, devo dizer que foi um dos melhores anos da minha vida, por várias razões. Muitos dos desejos e objectivos que tinha definido no início do ano cumpriram-se. Além disso, posso dizer com toda a segurança que evoluí ao longo do último ano, Tal evolução já havia começado em 2010 mas bem mais discretamente, a grande explosão deu-se este ano. Não sei dizer se me tornei uma pessoa melhor, mas, pelo menos, tornei-me um pouco mais corajosa, um pouco mais certa do que sou e do que quero. Dei vários passos em frente. O facto de ter ido ao Jamor assistir aos treinos da Selecção foi um deles, ainda que não o mais importante. Ainda não estou onde quero estar, ainda tenho um longo caminho a percorrer e tenciono continuar a percorrê-lo em 2012.
Olhando, então, para o próximo ano, no que toca à situação do País, já ninguém se atreve a pedir desejos, a ser optimista, depois de sofrermos desilusões atrás de desilusões. Estamos uma posição semelhante àquela onde nos encontrávamos no início de 2011. O ano que findava havia sido mau mas tudo indicava que o ano que começava seria ainda pior. No entanto, "não há mal que sempre dure nem bem que nunca acabe". Isto não pode durar para sempre, terá de existir uma altura em que isto comece a melhorar! Já andamos em crise há demasiado tempo, já chega!
Existe outra coisa em comum com o início de 2011 e o início de 2012: o facto de o futebol, em particular a Selecção, ser a única coisa que funciona bem neste País, a única coisa a que nos podemos agarrar, a única coisa que nos dá boas promessas para 2012. Quer a Selecção chegue à final de Kiev ou fique pela fase de grupos (que o Diabo seja cego, surdo, mudo e não tenha acesso à Internet...), aquelas semanas antes do Euro 2012 e pelo menos a primeira semana da fase final ninguém nos tirará. Nesse intervalo de tempo, os nossos pensamentos e, pelo menos, o meu coração estarão sediados na Polónia e na Ucrânia. Teremos algo que fugirá à rotina e que nos ajudará a suportar as dificuldades.
Quem me dera que outras coisas neste País funcionassem como funciona a Equipa de Todos Nós!
Para 2012 desejo, então, que sejamos campeões europeus. Que um clube português volte a ganhar um título europeu. Que o tal virar de maré de que falei acima ocorra no próximo ano. Que em 2012 vocês, leitores, tenham uma vida melhor, que evoluam, que consigam realizar os vossos sonhos, ou seja, que 2012 vos corra como 2011 correu a mim. E uso emprestada a foto da página do Facebook Sócio da Selecção para vos desejar...
A Selecção Portuguesa recebeu na passada Terça-feira, à noite, no Estádio de Aveiro, a Finlândia, num jogo de carácter amigável e venceu-a por dois golos sem resposta, marcados pelo estreante Rúben Micael.
Desta vez consegui ver o jogo do princípio ao fim. E valeu a pena. Tivemos a nossa primeira vitória do ano. A Selecção jogou acima da média no que toca a jogos particulares, tendo em conta, sobretudo, que Paulo Bento efectuou variadas alterações à equipa habitual.
A verdade é que a Finlândia também não fez muito pela vida. Eu tinha a ideia, pelas dores de cabeça que nos deram na qualificação para o Euro 2008 e por a termos vencido por muito pouco da última vez que jogámos contra a equipa nórdica, de que eles seriam um adversário razoavelmente forte. Mais forte do que foram, pelo menos... Aquela coisa que eu disse no outro dia, de este jogo ser um ensaio geral, no fim de contas... Só com muita sorte é que a Noruega nos facilita a vida daquela maneira!
Em todo o caso, não há nada a criticar na entrega dos jogadores portugueses. Estiveram praticamente todos bem. Os maiores problemas surgiram mesmo na hora de atirar à baliza - eles falhavam cada uma... Podíamos ter marcado uns quantos. Não sei se foi apenas uma noite má ou se existem motivos para preocupação. Há que dar os parabéns ao Rúben, que não podia ter pedido uma melhor estreia na Selecção, tendo em conta, sobretudo, o facto de ele não ser titular no seu clube. Parece que ele marcou, até, um dos golos mais rápidos de sempre, no que toca aos jogos da Equipa de Todos Nós. A emoção estava bem patente na sua voz quando o entrevistaram depois do jogo. Tinha razões para isso. É mais um que pode vir a dar muito à Selecção.
Depois do jogo, estive a ouvir na rádio as entrevistas aos protagonistas e as análises do encontro. Os elogios que os locutores fizeram à Selecção - que está muito melhor desde que tem Paulo Bento no comando técnico, que tem garra, "identidade própria", espírito de equipa e que tem cada vez mais hipóteses de se qualificar - aquecem-me o coração, apesar de não serem inéditos. Sem alinhar em euforias - já acompanho a Selecção há tempo suficiente para manter os pés assentes na terra - esta vitória deu-me esperança. São estas pequenas coisas que vão tornando o sonho cada vez menos impossível. Eu nunca deixo de acreditar mas existe uma parte de mim que acha que já tivemos a nossa dose de triunfo para os próximos anos com o Euro 2004 e o Mundial 2006. Esta boa fase da Selecção faz-me questionar se terá de ser assim. Talvez tenhamos equipa para nos qualificarmos para o Europeu e para fazermos uma boa campanha na fase final. Temos cada vez mais razões para dizer "Porque não?".
Mas isto sou eu a sonhar, a divagar. Não nos precipitemos. Neste momento, temos de pensar passo a passo, jogo a jogo. E o nosso próximo desafio será frente à Noruega, dia 4 de Junho, no Estádio da Luz. Sei que, anteriormente, revelei ter dúvidas mas agora acredito (acho que nunca deixei de acreditar) que a determinação em nos qualificarmos será mais forte do que o cansaço de final de época. Acredito que venceremos os noruegueses, que chegaremos ao primeiro lugar e que daremos um passo em direcção à Polónia e à Ucrânia. A Selecção representa uma luz, a única luz, num futuro cada vez mais negro. E cada vez teremos mais permissão para sonhar.
No próximo Sábado, dia 26 de Março, a Selecção Portuguesa de Futebol enfrenta a Chilena, em jogo de carácter preparatório. Três dias depois, enfrenta a Selecção Finlandesa, igualmente de forma amigável. Paulo Bento, o Seleccionador Nacional atribuiu importância extrema a estes dois encontros, visto que se tratam dos últimos antes da recepção à Noruega, que contará para a Qualificação para o Europeu de 2012. Além disso, como já foi assinalado, esta semana constitui o maior intervalo de tempo que a Selecção tem para treinar desde o início desta fase de qualificação.
Confesso que não sei muito sobre a Selecção no Chile. Só jogámos contra eles duas vezes. Curiosamente, foi a primeira equipa que Portugal defrontou oficialmente. Foi em 1928, nos Jogos Olímpicos de Amesterdão. A Selecção Nacional esteve a perder por duas bolas a zero, mas conseguiu virar o resultado e chegar ao apito final vencendo por 4-2! Bela estreia... Parece que foi mesmo a primeira reviravolta da História da Selecção. O nosso segundo jogo foi em 1972 e também vencemos. Desta feita, por 4-1.
Neste Sábado, as atenções também se encontrarão viradas para o embate que oporá a Dinamarca e a Noruega, os nossos maiores adversários na qualificação. Uma vitória da Dinamarca, que se encontra a três pontos da Noruega, líder da tabela, ser-nos-ia favorável, uma vez que ficaríamos dependentes de nós próprios na corrida pelo primeiro lugar e pela Qualificação directa. Não sei qual das duas selecções nórdicas será a favorita, mas já tivemos sorte anteriormente em situações semelhantes... Que seja o que Deus quiser, esta qualificação ainda vai a meio... Não vale a pena preocuparmo-nos com coisas que não podemos controlar.
No que toca à Selecção Portuguesa, existem umas quantas ausências por lesão, a mais significativa das quais Cristiano Ronaldo. Baixas nesta altura do campeonato não são muito graves - podem até constituir uma oportunidade para testar alternativas, sem pressão. E desde que, quando for a sério, estejam todos disponíveis...
A verdade é que estas vantagens não servem de consolação para Cristiano Ronaldo. O madeirense não escondeu a sua frustração por estar afastado dos relvados. Afirmou mesmo ter "a cabeça cheia por causa desta lesão". Vê-se à distância e a olho nu que este adora sinceramente o que faz, independentemente do seu salário astronómico. É raro encontrar jogadores tão apaixonados como ele.
Além disso, ele é um sortudo do catano por fazer aquilo que adora e receber absurdamente bem por isso.
Apesar daquilo que referi acima, apesar daquela máxima que diz que não-existem-jogadores-indispensáveis, Ronaldo... é Ronaldo. Não há volta a dar. Adaptando a frase-feita da moda: "A Selecção podia viver sem Ronaldo? Poder, podia. Mas não era a mesma coisa."
Entretanto, esta semana concluiu-se que, afinal, Carlos Queiroz não pretendia perturbar o controlo anti-doping durante o Estágio de Preparação do Mundial de 2010, na Covilhã. Demoraram um ano a chegar a essa conclusão... e acho graça ter sido precisamente numa semana em que a Selecção está reunida! Pela primeira vez em quase dois meses! Queiroz já anda por aí criticando a torto e a direito e há quem lhe responda... Pepe já veio pedir ao ex-seleccionador para parar com isso, que destabiliza a Selecção. Eu pego no que ele disse e acrescento: todos os que provocaram esta situação deviam calar-se de vez, se é que têm um mínimo de respeito pela Equipa de Todos Nós! Foi ela quem mais sofreu com a confusão que eles criaram. Por causa deles estamos aqui a fazer figas para que a Dinamarca vença no Sábado, para conseguirmos limpar mais facilmente a porcaria que eles fizeram. Já dificilmente os perdoarei pelo que fizeram, eles que não piorem as coisas. E não quero falar mais deste assunto, que já me enervou o suficiente.
Também esta semana, faleceu Artur Agostinho, aos noventa anos. Não vou mentir, o senhor não me dizia por aí além. Ela um rosto simpático da televisão, colunista do Record, penso que, durante a preparação para o Mundial, foi dos poucos jornalistas a manifestar apoio incondicional à Selecção, apesar de ter criticado a Convocatória. Apesar disso, o seu desaparecimento perturbou-me. Suponho que seja típico do envelhecimento: pessoas que conhecemos vão-nos deixando...
Ao menos, Artur Agostinho foi devidamente homenageado enquanto vivo. Teve melhor sorte do que muitas personalidades, cujo mérito só foi reconhecido depois de morrerem...
Por outro lado, Agostinho deixa este mundo e um dia mais tarde, o Primeiro-Ministro pede a demissão. Não sei se ele também tinha este desejo, mas eu gostava se, quando morrer, o País já tivesse encontrado um rumo, depois de séculos e séculos sempre em crise, sempre vivendo acima das possibilidades, sem que ninguém conseguisse dar a volta ao texto. Mas isto sou eu a ser jovem, idealista, ingénua... Na verdade, estou seriamente desanimada com o estado das coisas.
Sei que já o referi várias vezes aqui no blogue, mas não me canso de repeti-lo: a Selecção é, provavelmente, a única coisa que funciona bem neste País. A única coisa que nos faz sorrir, ainda que por pouco tempo. A única coisa que nos orgulha de sermos portugueses. É por causa disso que escrevo este blogue: para, de certa forma, retribuir o que me é dado.
Por isso é que desejo que esta semana de estágio dê frutos. Para que possamos esperar, sem risco de sonhar demasiado alto, por algo de bom de futuro.