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O Meu Clube É a Seleção!

Mulher de muitas paixões, a Seleção Nacional é uma delas.

Equipamentos da Seleção Nacional (2004-2018): do pior ao melhor

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É este o texto diferente do costume de que ando a falar há algum tempo. Hoje vamos falar sobre equipamentos da Seleção Nacional. 

 

Como toda a gente sabe, em anos pares (regra geral, por volta dos particulares de março/abril), a Equipa de Todos Nós recebe um conjunto novo de equipamentos. Esses equipamentos servem para todo o ciclo bianual, que inclui um Mundial ou um Europeu, a fase de Qualificação para o Mundial ou Europeu seguinte e, mais recentemente, a Liga das Nações. Neste texto, quero pegar nos diferente equipamentos que a Seleção envergou desde 2004 a esta parte (escolho este ano porque foi quando comecei a acompanhar ativamente a Equipa das Quinas) e ordená-los de acordo com as minhas preferências.

 

Aviso desde já que estou longe de ser uma especialista em moda, ainda menos do que em futebol. Este é apenas o meu gosto pessoal, estão à vontade para discordar. 

 

Nesta lista vou só considerar os equipamentos principais. Ainda pensei incluir os alternativos, mas ficaria demasiado confuso. Os alternativos terão o seu próprio texto, um dia. Não a curto prazo, talvez daqui a um ano ou dois. Os que forem lançados este ano já entrarão nessa lista. 

 

Antes de começar, queria deixar bem explícito que, deste conjunto, não existe nenhum equipamento principal de que eu não goste nem um bocadinho. A Seleção teve alguns equipamentos “parolos” no seu passado, como descrevem neste artigo, mas a qualidade melhorou muito de 2000 para a frente. Com os alternativos a história é outra mas, regra geral, não tenho tido razão de queixa em relação aos equipamentos principais nestes últimos dezasseis anos.

 

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Ou melhor até tenho, mas não tem a ver com a qualidade estética do equipamento. Tem a ver com o facto de, pelo menos nas fornadas de 2016 e 2018, os equipamentos produzidos pela Nike seguirem quase todos o mesmo modelo. Basta olharmos para imagens da final de Paris: o equipamento português e o francês são iguais, tirando a cor!

 

E depois temos fenómenos como, por exemplo, o equipamento alternativo da Inglaterra em 2016 ser igual ao nosso principal do mesmo ano e o nosso equipamento alternativo de 2018 ser igual ao da Polónia (com o mesmo tipo de letra nos nomes e tudo). Irrita-me tanto… Que é feito da imaginação?

 

No que toca a equipamentos principais, o vermelho tem sido, naturalmente, a cor predominante. Eu diria que é a minha segunda cor preferida, atrás do azul. Em parte por estar associada à Turma das Quinas. O meu tom preferido não é tanto o clássico vermelho vivo, é um tom um bocadinho mais escuro, como o que escolhi para o fundo deste blogue (consta que o nome oficial é vermelho persa). É uma cor rica, elegante, sobretudo nestes tons menos agressivos.    

 

Também gosto do vermelho cor de vinho tinto para vestir, sobretudo no outono/inverno.

 

Curiosamente, já foram feitos estudos sobre a influência da cor vermelha em equipamentos desportivos. É uma cor que simboliza paixão, energia, testosterona, vitalidade, dominância. Uma cor emotiva, que entusiasma e motiva os aliados e intimida os adversários. Está provado que dá vantagem. 

 

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É claro que essa vantagem pesa menos que fatores como o talento e a técnica. Se não fosse assim, teríamos muito mais que apenas dois títulos. Em todo o caso, o vermelho é uma cor que já faz parte do carácter da Seleção. 

 

Dito isto, gostava de ver mais verde nos equipamentos das Quinas. Afinal de contas, sempre representa cerca de quarenta por cento da nossa bandeira. Além de que é uma cor menos agressiva, que representa esperança, harmonia, compaixão, segurança – características que também fazem parte do ADN da Equipa de Todos Nós, a meu ver. Contrabalançam com as emoções extremas do vermelho e também com a hostilidade endémica do futebol de clubes, sobretudo em Portugal. 

 

Mas passemos ao cerne deste texto: os equipamentos da Seleção nos últimos dezasseis anos, do pior para o melhor. Vamos começar com…

 

8) 2008

 

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Admito-o desde já: o equipamento criado para o Euro 2008 só está no fundo da lista por, usando o termo técnico, picunhices. Em termos gerais, este equipamento não é pior do que os outros desta lista. Como quase todos, é todo em vermelho (embora eu não adore este tom particular), com letras e números dourados. 

 

Aquilo de que não gosto neste equipamento é do feitio da gola (estiveram ali a inventar sem necessidade) e a camisola mais justa que o habitual. Na altura, acho que li em algum lado que isto foi deliberado, era para melhor absorver a transpiração ou algo do género. No entanto, do ponto de vista estético não ficou muito bem, na minha opinião. Prefiro camisolas mais largas. 

 

7) 2012

 

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O equipamento apresentado para o Euro 2012 não difere radicalmente do de 2008. Também ele é todo vermelho, um vermelho vivo, clássico. Desta vez, no entanto, não se puseram a inventar: a gola tem um feito normal, a camisola não parece nem demasiado larga nem demasiado justa.

 

Na verdade, o ponto fraco deste equipamento é precisamente o facto de não terem inventado nada. É um equipamento simples, uma aposta segura, que não é feio mas também não deslumbra. É pouco imaginativo. Parece-se mais com o modelo básico com que os designers (estilistas?) da Nike começam na hora de conceber um equipamento novo.

 

É por isso que está tão baixo nesta lista: falta-lhe carácter. 

 

6) 2018

 

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Este é o equipamento mais recente desta lista. Criado para o Mundial 2018, mas que também foi usado durante a conquista do nosso segundo título, na Liga das Nações. Tem algumas semelhanças com o de 2008: todo vermelho, letras e números dourados. Está melhor conseguido, no entanto: gosto do estilo dos múmeros e do discreto efeito “riscado” nos ombros e braços – mais proeminente em outras peças desta coleção, como o equipamento de treino.

 

Pode ser o mesmo modelo que a Nike aplicou a todos os seus equipamentos se seleções, mas ao menos é bonito.

 

5) 2006

 

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O equipamento criado para o Mundial 2006 é todo vermelho, como vários outros desta lista. Este, no entanto, é um vermelho diferente, bastante curioso. Varia consoante a luz. Sob a luz artificial é um vermelho mais perto do vinho tinto (parecido com o vermelho das camisolas dos finais dos anos 90, início dos anos 2000). Sob a luz do sol transforma-se num vermelho mais vivo, cor de sangue seco.

 

É um efeito muito giro e único. Tive várias oportunidades de vê-lo, pois cheguei a ter o boné desta coleção, da mesma cor. Infelizmente perdi-o.

 

O único problema é que, apesar de ser uma cor original e bonita, é um bocadinho escura demais, que se torna demasiado quente e pesada. Tendo em conta que os grandes campeonatos de seleções se realizam durante o verão, esta é uma desvantagem significativa. É só mesmo por este motivo que este equipamento não está mais acima na classificação.



4) 2010

 

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Nesta parte da lista, as diferenças entre os equipamentos em termos de preferência não são muito grandes. Foi difícil de definir a ordem nesta parte. Se estivesse a escrever este texto há um ano, a ordem se calhar seria diferente. Hoje fica assim.

 

Finalmente um equipamento que não é todo em vermelho: o criado para o Mundial 2010. A camisola é vermelha, mas possui uma faixa verde horizontal, na zona do peito. Inicialmente os calções eram brancos – eu gostava assim, mas admito que fica demasiado parecido com o equipamento do Manchester United. 

 

Talvez seja por isso que, em muitos jogos (talvez na maior parte deles), a Seleção tenha usado calções vermelhos. Também ficam bem, não me interpretem mal – a faixa verde distingue-os dos vários equipamentos-todos-vermelhos – mas eu preferia os calções brancos. Mais: este seria o equipamento ideal para recuperar a tradição dos calções verdes. Uma oportunidade desperdiçada, na minha opinião. 

 

3) 2016

 

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Este equipamento tem o grande viés de ter sido o equipamento com que ganhámos o nosso primeiro título. Eu mesma tenho a camisola – há anos que queria uma da Seleção e optei pela camisola de Campeões Europeus.

 

Não digo que a minha opinião não seja nem um bocadinho enviesada mas, na minha opinião, mesmo colocando de lado o facto de ser a camisola da final de Paris, é um equipamento bonito por si mesmo. Na verdade, mais do que o fator Campeão Europeu, pesa mais o facto de eu ter um exemplar da camisola, que posso examinar ao pormenor.

 

Esta camisola tem os ombros e os braços num vermelho mais escuro – como poderão ver na fotografia abaixo, são na verdade riscas muito finas, alternando entre o vermelho-vinho-tinto e o vermelho do resto da camisola. Esse vermelho, aliás, é o tal vermelho-persa de que falei acima, o meu tom preferido (se não for exatamente esse o tom, está muito próximo).

 

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É, em suma, um belo equipamento (mesmo que, mais uma vez, partilhe o modelo com várias outras seleções da Nike). Merece ser este a figurar nas fotografias do 10 de julho. 

 

2) 2014

 

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Este é capaz de ser o equipamento mais criativo e original desta lista (só o de 2010 é que compete com ele nesse capítulo). É todo em vermelho, mas a camisola possui um degradê (é esse o termo correto?). O peito e os ombros são num vermelho mais vivo que, depois, transita para um vermelho mais escuro, que ocupa a parte de baixo da camisola, os calções e as meias.

 

É uma pena este equipamento estar associado ao desastre que foi o Mundial 2014 porque eu gosto mesmo muito deste equipamento. Só prova que a beleza da camisola não serve de prognóstico.

 

E ainda bem, não é? Para estas coisas ninguém gosta de spoilers.

 

1) 2004

 

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Como disse antes, tive algumas dificuldades em definir partes desta classificação, mas nunca tive dúvidas em relação ao primeiro lugar. 

 

Admito que haja muita nostalgia nesta escolha. Como poderão ler aqui, muitos dos meus jogos preferidos de sempre da Seleção decorreram durante o Euro 2004. Ainda hoje, se reescrevesse essa lista, o Portugal-Espanha continuaria no primeiro lugar – porque foi onde tudo começou para mim. Se não fosse esse jogo, nenhum dos outros teria tido o mesmo impacto.

 

É difícil explicar a quem não se lembre desse campeonato ou tenha nascido depois dele (parecendo que não, gente de quinze anos incluem-se nesse grupo) o impacto que o Euro 2004 teve no povo. Fomos nós os anfitriões, uns anfitriões bastante entusiastas. A Seleção ia fazendo a sua parte, com jogos que se tornariam lendários. Todo o país esteve em festa como nunca se vira antes e não se tornaria a ver até agora.

 

Não, nem mesmo quando nos sagrámos Campeões Europeus. Não estou a dizer que tenha sido pior ou melhor, apenas que não foi a mesma coisa. Porque foi em França, não em Portugal.

 

O equipamento do Euro 2004 foi o último equipamento até agora a ter calções verdes. As cores, aliás, são mais vivas do que o costume, sem destoarem, com pormenores dourados – as faixas verticais, fininhas, de cada lado da camisola. À frente os números aparecem dentro de círculos, em homenagem ao equipamento da Seleção no Mundial de 1966. 

 

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Em suma, é um equipamento brilhante e festivo, diferente de qualquer outro, o que reflete na perfeição aquilo que o Euro 2004 representou para nós: um período feliz, brilhante, uma festa, algo irrepetível. O início da minha história de amor com a Seleção – e por isso estará sempre em primeiro.

 

E cá estão, os equipamentos das Quinas ordenados pelas minhas preferências. Devia ter calculado que dedicaria uma boa parte deste texto a comparar tons de vermelho mas olhem. Foi diferente. Foi divertido.

 

Agora estou ansiosa pela revelação do equipamento do Euro 2020. Provavelmente fá-lo-ão aquando dos jogos de março: o torneio da Qatar Airways, em que vamos jogar com a Bélgica e a Croácia. Espero que não se limitem a um equipamento liso, todo vermelho. Espero que sejam criativos, que lhe deem personalidade própria.

 

Não me peçam para decidir logo em que lugar ficaria nesta lista, ou mesmo para dar logo um parecer definitivo sobre o equipamento. Vou precisar de tempo para formar as minhas opiniões, de ver a Seleção envergando as novas camisolas em campo.

 

É esperar para ver. A contagem decrescente continua. Acompanhem-na connosco, na página de Facebook deste blogue.

Especial Aniversário: Top 10 Jogos da Seleção Portuguesa #1

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Hoje completo oito anos (!!!) como blogueira graças aqui a "O Meu Clube é a Seleção!". Este ano quis fazer algo para assinalar a data, algo diferente. Resolvi apresentar os meus dez jogos da Seleção preferidos – entre outras coisas, é uma oportunidade para escrever sobre partidas marcantes que ocorreram antes de inaugurar este blogue. Além disso, é mais do que apropriado recordar grandes jogos da Seleção poucos antes de começarmos a preparar um Europeu, para o qual partimos com ambições.

 

Uns alertas rápidos antes de começar: em primeiro lugar, só comecei a ligar a sério ao futebol e à Seleção por volta de 2002. Assim sendo, este top não incluirá jogos do Euro 2000 nem de campeonatos anteriores (quem me dera ter estado cá para ver o Mundial de 66!).

 

Em segundo lugar, como costuma ser a regra neste blogue, este top é muito subjetivo. Não me vou basear tanto em aspetos técnicos, de qualidade propriamente dita do futebol praticado porque, sejamos sinceros, eu não percebo assim tanto dessa vertente. Basear-me-ei antes nos aspetos mais sentimentais, no que significou aquele jogo para mim, aqueles jogos que permaneceram na minha memória em vez de se perderem no meio de dezenas de outros jogos.

 

Por fim, queria avisar para não levarem a posição dos jogos no top 10 demasiado à letra. Em alguns casos, a diferença entre duas posições consequentes é mínima.

 

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Esta lista possui Menções Honrosas. Sem nenhuma ordem em especial, começo por falar dos jogos com Angola, o Irão e o México no Mundial 2006. Na minha opinião, este campeonato valeu sobretudo pela consistência da caminhada, não tanto por jogos individuais particularmente emocionantes, com uma exceção. Daí que não encontrem muitos jogos desse Mundial no top.

 

Refiro, também, o Portugal x Rússia da Qualificação para o Mundial 2006, uma expressiva vitória por 7-1. O intervalo de tempo entre o nosso segundo jogo do Euro 2004 e o nosso antepenúltimo do Mundial 2006 foi uma era dourada para a Seleção Portuguesa.

 

Por outro lado, incluo também o nosso jogo com a Espanha do Euro 2012. Sim, foi uma derrota mas, na minha opinião, foi uma derrota honrada, foi uma das nossas melhores derrotas. O domínio foi quase sempre nosso, fomos a única equipa no Euro 2012 capaz de fazer frente à Espanha. Oficialmente, era a meia-final, mas teve mais de final que o jogo com a Itália, poucos dias depois. Infelizmente abordámos mal os penálties.

 

Por fim, queria incluir o Portugal x Sérvia do ano passado – só porque foi o primeiro jogo da Seleção em muito tempo a que assisti… em que a Seleção ganhou.

 

Como tenho muito a dizer sobre estes jogos, este top virá dividido em duas entradas. Esta é a primeira parte, a segunda parte virá mais tarde, ainda hoje em princípio.

 

Sem mais delongas, comecemos com o número 10.

 

10) Portugal x Espanha (novembro de 2010)

 

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Mesmo sendo um jogo particular, não é todos os dias que se goleia a corrente campeã europeia e mundial. Muito menos apenas dois meses – mais coisa menos coisa – após uma crise e uma troca de treinadores. Não contou para muito, teria trocado de bom grado esta vitória por uma nos oitavos-de-final do Mundial 2010 ou, sobretudo, nas meias-finais do Euro 2012 No entanto, na altura em que ocorreu, esta vitória foi importante para levantar um pouco mais a moral, quando o Mundial 2010 e o caso Queiroz ainda estavam frescos na memória e quando a Qualificação para o Euro 2012 ainda ia a meio. Considero que este foi um dos primeiros sinais a indiciar que esse Europeu nos traria alegrias.

 

9) Suécia x Portugal (novembro de 2013)

 

 

Este é o jogo mais recente deste top. A segunda mão do playoff de acesso ao Mundial 2014 marcou, não apenas pela vitória em si, mas também pelas circunstâncias. Como poderão ler aqui, este encontro realizou-se no aniversário da minha irmã, daí ter ganho um significado especial para nós (ainda hoje, quando vemos resumos do jogo, durante as celebrações dos três golos portugueses, a minha irmã diz algo como: “Se prestarem atenção, hão de ouvir o Ronaldo a gritar: ‘Parabéns, Mafalda!’”). Foi também uma vitória que fez muita gente fazer figura de parva: começando por Joseph Blatter, que poucas semanas antes protagonizara o triste episódio do Comandante e do bom menino; passando por vários adeptos suecos, que usaram vários truques sujos para nos destabilizar, sobretudo Ronaldo (tocando músicas provocatórias na chegada dos portugueses, fazendo barulho junto ao hotel onde estes estavam alojados…); terminando na triste campanha da Pepsi sueca. Dá um gozo especial quando conseguimos rir por último (mais sobre isso adiante). Por fim, referir também o épico relato do Nuno Matos, acima, o “És o melhor do Mundo, ca*****!” e o vídeo de agradecimento que a Seleção filmou.

 

Na verdade, este jogo só não está numa posição mais cimeira nesta tabela porque foi demasiado um one-man show, foi mais uma vitória de Ronaldo do que do resto da Seleção. A equipa chegou a atrapalhar mais do que a ajudar – essa Ronaldo-dependência virar-se-ia contra nós de maneira trágica uns meses mais tarde, no Brasil (e nestas últimas semanas, em que Ronaldo se tem debateu com uma lesão, tive medo que o mesmo se repetisse em França). De qualquer forma, o fraco desempenho da Seleção no Mundial 2014 não estragou as minhas recordações dos playoffs. Quando mais não seja porque deixou-nos viver na ilusão durante mais uns meses.

 

8) Portugal x Dinamarca (outubro de 2010)

 

 

Estou sempre a falar deste jogo, não vos vou maçar mais repetindo o que já escrevi inúmeras vezes aqui no blogue e na página do Facebook. Deixo o link para a análise a esse jogo e digo apenas que, na minha opinião, foi aqui que começou o ciclo que culminaria com as meias-finais do Euro 2012.

 

7) Portugal x Bósnia (novembro de 2011)

 

 

A segunda mão dos playoffs do Euro 2012 foi outro jogo emocionante. Não foi muito diferente do que seria o segundo jogo com a Suécia, em 2013, mas foi melhor – porque não foi apenas Ronaldo a brilhar (ele marcou dois golos, calando adeptos bósnios gritando por Messi), foi a equipa toda: Nani enviou uma bomba daquelas, Postiga marcou duas vezes, Miguel Veloso marcou de livre. Tal como aconteceria daí a dois anos em menor escala, esta foi uma vitória contra uma série de fatores empenhados em deitar-nos abaixo: um ex-selecionador que aproveitara o nosso único deslize em um ano para mandar farpas (acho que nunca perdoarei Queiroz…); a própria UEFA que nos obrigou a disputar a primeira mão num batatal, ignorando os nossos pedidos para trocar de campo (apesar de a seleção francesa ter conseguido essa troca, cerca de um mês antes); os responsáveis bósnios que regaram a relva antes do jogo, ignorando também os nossos pedidos, o que piorou ainda mais o estado do campo; os lasers que adeptos bósnios apontaram à cara de Ronaldo, entre outras coisas. Um jogo épico que teve o sabor de uma final, em que até houve hino no fim do jogo e tudo, que indiciou a boa campanha que a Seleção realizaria poucos meses mais tarde, no Euro 2012.

 

6) Portugal x Holanda (2012)

 

 

O Euro 2012 e as semanas antes foram um dos melhores períodos da minha vida. Como adepta da Seleção foi um ponto alto pois, para além de ter sido chamada à televisão a propósito deste blogue, pela primeira vez desde que inaugurara aqui o estaminé, a Equipa de Todos Nós estava a fazer um campeonato, não digo ao nível dos de 2004 ou 2006, mas lá perto. Pela primeira vez, escrevia no blogue sobre um campeonato de seleções que valia a pena ser recordado. Naturalmente, tinha de incluir jogos do Euro 2012 nesta lista.

 

Este foi o jogo que pôs fim a meses de dúvidas e nervosismo. Desde que o sorteio da fase de grupos do Euro 2012 nos colocara no chamado Grupo da Morte, todos sabíamos que seria muito difícil chegarmos aos quartos-de-final da prova. Do mesmo modo, sabíamos que, se passássemos o grupo, seríamos automaticamente candidatos ao título. Esta vitória trouxe um grande alívio, uma grande alegria, surpreendeu os mais céticos. Tendo em conta que, dois anos volvidos, não passaríamos o grupo do Mundial 2014, hoje valorizo ainda mais essa vitória. Recordo-me em particular de eu e a minha irmã fazermos um duplo high-five enquanto gritávamos: “PASSÁMOS A FASE DE GRUPOS!!”.

 

Falando do jogo em si, a Seleção fez uma exibição excelente, tirando o golo sofrido no início do jogo. A maior estrela foi Ronaldo, ao apontar dois golos – que dedicou ao filho, que fazia dois anos no dia do jogo – mas, lá está, não deixou de ser um triunfo de equipa. Ficou claro que os próprios Marmanjos sentiram esta vitória – Miguel Veloso tinha lágrimas nos olhos na flash-interview e, mais tarde, a equipa passou a noite a cantar.

 

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Paulo Bento foi algo agressivo na Conferência de Imprensa que se seguiu e os jogadores recusaram as flash-interviews fora do campo. Até compreendo o ponto de vista deles, já que a Imprensa não andava a ser meiga. No entanto, hoje não acho que a acusação de Paulo Bento – de que alguns dos jornalistas estariam a torcer contra Portugal – tenha tido fundamento. Existem muitos críticos da Seleção, muitos céticos, alguns clubistas aziados, mas se houve coisa que aprendi com o Euro 2012 foi que, nas grandes vitórias da Seleção, como esta, não existe alma nenhuma que não fique feliz (tirando Pinto da Costa e mesmo assim). Há muita hipocrisia nessa alegria, é certo, muito aproveitamento, mas foi uma das coisas que mais feliz me fez durante esse Europeu: ter toda a gente a falar sobre as vitórias da nossa Seleção. Foi verdadeiramente a Equipa de Todos Nós.

 

No entanto, estando eu sempre aqui, no melhor e no pior, estas vitórias são mais minhas que de muitos por aí, reservo-me esse direito. O mesmo tornará a acontecer quando a Seleção voltar a ter triunfos como este – que estes aconteçam já no próximo mês.

 

5) Portugal x Inglaterra (2006)

 

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Portugal tem um particular com a Inglaterra marcado para o próximo mês. Vai ser no mínimo interessante reencontrar os nossos amigos ingleses dez anos depois, quando os últimos três jogos disputados foram tão… interessantes, cada um à sua maneira.

 

Conforme referi acima, não considero os jogos individuais do Mundial 2006 assim tão memoráveis. O jogo dos quartos com a Inglaterra é a única exceção e isto, mesmo assim, deve-se quase exclusivamente à parte final. Antes de nos focarmos no jogo em si, contudo, quero falar das circunstâncias em que este ocorreu. Nos dias que antecederam e nos que se seguiram ao jogo, a Imprensa inglesa esteve de armas apontadas à nossa Seleção. Antes do jogo, o motivo era, obviamente, destabilizar-nos (algo em que falharam redondamente pois quem esteve de cabeça perdida naquele jogo foram os ingleses). Não resisto a referir um episódio, descrito no livro “A Pátria Fomos Nós”. Consta que, numa conferência de Imprensa em que os jornalistas ingleses foram criticados pela sua campanha contra a Seleção Portuguesa, alguém perguntou a Pedro Pauleta:

 

- Afinal de contas, de quem é que vocês têm mais medo? Da Seleção inglesa ou dos jornalistas ingleses?

 

Eis a resposta do ponta-de-lança:

 

- Ao fazer uma pergunta dessas, vê-se que não conhece a História de Portugal. Se conhecesse, saberia que os portugueses nunca têm medo de nada. Foi sem medo que chegámos a todos os lugares do Mundo. Somos um país pequeno e respeitamos toda a gente. E exigimos respeito por nós. Só isso.

 

Se eu tivesse estado lá neste momento, teria aplaudido. Grande Pauleta!

 

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Infelizmente, a campanha dos ingleses nos dias que se seguiram ao jogo foi muito mais feia e… duradora. Tudo porque, se bem se recordam, os ingleses culparam Cristiano Ronaldo pela expulsão de Wayne Rooney. Ainda hoje se fala deste episódio – aposto que vão voltar a falar dele aquando do próximo jogo, no mês que vem. Os ingleses, ao que parece, não repararam que Rooney pisara, deliberadamente, Ricardo Carvalho nos… bem, numa zona sensível. A meu ver, era uma expulsão legítima. O “crime” de Ronaldo foi pressionar o árbitro a favor da expulsão (como se ele fosse o primeiro jogador de futebol a fazer uma coisa dessas…). Pelo meio, uma câmara apanhou Ronaldo a piscar o olho ao banco português, algo que os ingleses associaram ao lance.

 

Dizer que Ronaldo foi mal recebido quando regressou ao Manchester United depois do Mundial é eufemismo. Eu, na altura, defendi a sua saída do clube, a transferência para o Real Madrid ou para qualquer outra equipa, fora de Inglaterra. No entanto, Ronaldo ficou (consta que Sir Alex Ferguson interveio pessoalmente na questão, como forma de manter o jogador) e fez uma das suas melhores épocas em Inglaterra, ganhando ainda mais o meu respeito. Toda esta história é capaz de ter sido um dos primeiros exemplos da frase que lhe é atribuída: “Your love makes me strong, your hate makes me unstoppable”.

 

Regressemos aos quartos-de-final do Mundial 2006. Conforme referi acima, os 120 minutos de jogo não foram particularmente memoráveis, tirando a expulsão de Rooney. Este jogo é recordado pelos penálties, pelas três defesas de Ricardo – algo inédito em Mundiais. Ricardo desvalorizou o seu próprio mérito, na altura. “Eles estavam mortos”, terá ele dito, segundo o livro “A Pátria Fomos Nós”, mais uma vez. “Eu via nos olhos deles. Não tinham confiança nenhuma”. Uma boa prova disso foi aquele inglês, que chutou antes de o árbitro apitar. De qualquer forma, a postura gélida de Ricardo, na baliza, não terá de todo deixado os ingleses menos nervosos.

 

Vou deixar a narrativa dos penálties para o grande Nuno Matos. Ainda hoje, passados todos estes anos, depois de ter visto este vídeo inúmeras vezes, não consigo deixar de rir com a maneira como ele e Alexandre Afonso (penso que é ele…) transmitem a montanha-russa de emoções que foi este desempate.

  

 

Queria chamar a atenção, por fim, para o penálti decisivo, marcado por Cristiano Ronaldo (penálti esse que agravou ainda mais a azia inglesa). Como poderão ver no vídeo acima, antes de rematar, o (na altura) jovem fez questão de beijar a bola. Depois de executar o penálti, fica a sensação que ele demorou uns segundos a perceber que o seu penálti decidira o jogo. Nessa altura, no meio dos festejos, apontou para o céu e gritou:

 

- Estou aí!

 

Só prova que Cristiano Ronaldo sempre teve uma queda para os grandes momentos.

 

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Por fim, dizer apenas que, aquando deste jogo, eu e a minha família estávamos a passar férias no Algarve. Sendo verão, aquilo estava, naturalmente, cheio de turistas ingleses. Vimos o jogo sozinhos, mas depois fomos todos festejar para a rua principal. Tirámos fotografias e tudo, como podem ver acima (a da esquerda sou eu, a da direita é a minha irmãzinha). Foram dos melhores festejos de uma vitória da Seleção de que me recordo (tirando um ou outro do Euro 2004). Não era para menos, foi a primeira vez que via a Seleção chegar tão longe num Mundial. Que não seja a última…

 

Segunda parte do top aqui.

Seleção 2012

 
 
Mais um ano encontra-se à beira do fim, mais um ano encontra-se à beira do início. Eis a já tradicional revisão do ano.
 
Depois de um 2011 relativamente tranquilo, estável, tirando uma ou outra ocasião, 2012 foi de novo um ano algo agitado, com muitos altos e baixos. Não que o oposto fosse de esperar, já que foi ano de Campeonato Europeu. No início de 2012, a Seleção Nacional vinha de uma Qualificação difícil mas triunfante, com um encerramento particularmente apoteótico. Tal euforia fora, contudo, contrariada pelo sorteio da fase de grupos, que ditara que Portugal partilharia o grupo com a Alemanha - vice-campeã europeia - a Holanda - vice-campeã mundial - e a Dinamarca - seleção que nos complicara a vida à grande e à dinamarquesa nas últimas duas fases de Qualificação.
 
 
O primeiro jogo da Seleção do ano deu-se a 29 de fevereiro; um particular frente à Polónia, ma das anfitriãs do Europeu, a propósito da inauguração de um dos estádios que serviria de palco à fase final. A calendarização deste jogo provocou alguma polémica, visto este ter-se realizado apenas dois dias antes do Benfica-Porto - os jogos da Seleção nunca são convenientes, pelo que se vê. Esta foi a primeira oportunidade que a Turma das Quinas teve para se reunir em mais de cem dias, a última oportunidade que Paulo Bento teria de estar com os jogadores antes da Divulgação dos Convocados antes do Euro 2012.
 
Este jogo ficou marcado pela estreia de Nélson Oliveira entre os Convocados, bem como da nova presidência da Federação Portuguesa de Futebol. Humberto Coelho e João Pinto passaram a fazer parte da comitiva. Embora não possa avaliar o trabalho da FPF noutros ramos do futebol, tenho de admitir que durante o Euro 2012, a estrutura federativa fez um bom trabalho na Seleção. O que provavelmente contribuiu para o bom percurso que fizemos.
 
 
Mas regressemos ao Portugal x Polónia. Aquando deste jogo, aparentemente, a atmosfera era positiva dentro da Seleção. Os jogadores pareciam felizes por estarem de novo juntos, pareciam possuir espírito vencedor e motivação para fazerem um bom particular.
 
Tais promessas ficaram por cumprir.
 
O particular, que terminou com o marcador inalterado, revelou-se igual a tantos outros realizados pela Seleção ao longo dos últimos anos. A primeira parte foi boa, com algum carácter, a segunda não foi tão boa. Destacaram-se Nani e Rui Patrício. As muitas oportunidades falhadas davam os primeiros indícios dos problemas na finalização que assombraram a Equipa das Quinas ao longo de praticamente todo o ano.
 
 
Tais problemas são, para mim, o maior enigma deste ano. Durante todo o Apuramento a finalização nunca foi um problema, nós terminámos 2011 com uma goleada, que aconteceu em 2012?
 
Ninguém pareceu demasiado preocupado com tais sinais, quase ninguém levou o particular a sério. A temporada de clubes estavam bem ativa, o Europeu estava demasiado distante no tempo para que alguém perdesse demasiado tempo pensando num particular da Seleção.
 
 
As atenções só se voltaram a sério para a Turma das Quinas mais de dois meses depois. Os Convocados para o Europeu foram anunciados a 14 de maio. Esse foi, definitivamente, um dos dias mais emocionantes de 2012, melhor do que o Natal. Guardo imensas recordações: passar o dia a atualizar a página do Facebook, ouvir programas relativos ao tema na rádio, contar as horas até à Divulgação, acompanhá-la radiofonicamente, bem como o respetivo rescaldo, na aula, no átrio da Faculdade, no carro. A Convocatória foi razoavelmente isenta de polémicas, embora a opinião pública se dividisse no tocante a certos nomes, como o habitual.
 
O estágio de preparação do Europeu começou alguns dias mais tarde. A primeira parte decorreu sem incidentes significativos, tirando a lesão de Carlos Martins e consequente chamada de Hugo Viana. Nessa altura, achei mesmo que andava-se a dedicar demasiado tempo de antena à Seleção, quando ainda não havia razões para tal.
 
 
Ao fim da primeira semana de estágio, disputou-se um particular com a Macedónia. Um jogo aborrecido, insonso, de contenção. No entanto, tendo-se realizado numa fase relativamente precoce da preparação para o Europeu, não houve grande drama.
 
O mesmo não aconteceu uma semana mais tarde, no particular com a Turquia, na Luz. Um jogo que tinha tudo para correr bem, que se realizou em casa cheia, num ambiente eletrizante. E a Seleção até entrou menos mal, em sintonia com a vibração do público. Só que as dificuldades na concretização vieram ao de cima, os turcos fizeram pela vida, o Ronaldo falhou um penálti, o último golo que sofremos podia muito bem ser incluído numa compilação de apanhados do futebol de 2012 
 
 
Agora que penso nisso, este ano tivemos demasiados jogos desse género, em que tínhamos tudo para ganhar mas acabámos por ter exibições roçando a mediocridade. Contra a Macedónia, contra a Turquia, contra a Irlanda do Norte...
 
A única coisa boa do jogo foi o golo do Nani; o primeiro golo da Seleção do ano - em junho... - mas o único do jogador do Manchester United, algo que é atípico...
 
Se ainda deixei passar o empate com a Macedónia, este deixou-me mesmo zangada. Por, depois de tanta promessa, tanto pedido de apoio, os Marmanjos não corresponderem dentro de campo. E, como se não bastasse, ainda virem com desculpas esfarrapadas e reagirem com arrogância às manifestações de desagrado dos adeptos (leia-se: aos assobios). E não fui a única a sentir-me assim.
 
 
 
 
Mas já lá vamos. Não posso deixar de falar da minha aparição no programa A Tarde é Sua dedicado à Equipa das Quinas. Outro dos momentos altos deste ano em termos pessoais. Foi um dia de muitos nervos, mas diverti-me imenso. Tive a oportunidade de conhecer a equipa por detrás do Hino da Seleção 2012 - Paulo Lima, Catarina Rocha (que lança em breve o seu primeiro CD), Eduardo Jorge, a Alexandra e a Mafalda - que, de resto, para mim foi uma das músicas mais marcantes deste ano; falei do meu livro, da referência ao Ronaldo - um aparte só para comentar que, hoje, diz-se muito que ele e o Messi são de outra galáxia. Talvez inclua a possibilidade de o Ronaldo ter vindo do planeta Minerva nas sequelas ao meu livro... - do vírus da Seleção, do Hélder Postiga - que, mais tarde, retribuiria tais declarações. Um dia que nunca esquecerei.
 
Estávamos, agora, em vésperas da nossa estreia no Europeu e a polémica estalou. Como é habitual, as primeiras críticas abriam caminho a outras, algumas justificando-se outras não, tudo isto à boleia dos últimos maus resultados - o buraco por onde todos se enfiaram. Falou-se de "circo", do poder das patrocinadoras, dos sinais exteriores de riqueza ostensivamente exibidos pelos jogadores, do tempo de antena conferido à Seleção, etc. O mais triste foi termos tido um ex-selecionador associado a tal polémica.

 
Há quem diga que esta má imprensa contribuiu para diminuir as expectativas, para dar alguma sobriedade ao grupo, aumentando-lhes o desempenho. Paulo Bento recusou-se a dar mérito às pessoas que se alimentaram das machadadas à credibilidade da Equipa das Quinas. Eu também não quero fazê-lo, em parte por uma questão de princípio, em parte porque, a ter contribuído para o sucesso da Seleção, tal contributo terá sido pouco significativo quando comparado com o trabalho de equipa, a união.

Por outro lado, não concordo com o que o Paulo Bento disse, a certa altura, ao referir que algumas pessoas estariam a torcer contra Portugal. Se houve coisa de que me apercebi neste Europeu, pela primeira vez em seis anos, foi que, nas grandes vitórias da Seleção, todos os portugueses ficam felizes. Mesmo os que habitualmente adoram odiar a Equipa de Todos Nós, mesmo os mais clubistas, mesmo os que se queixam da atenção dada ao futebol, mesmo - sou capaz de apostar - o Rui Santos, tirando, talvez, o Pinto da Costa (e mesmo assim...) ninguém ficou chateado com as vitórias da Seleção no Euro 2012. Isso foi o melhor desta fase final e é isso que eu e o Paulo Bento gostávamos de ver fora das fases finais.
 
 
Mas regressemos à nossa estreia no Europeu, frente à Alemanha. Um jogo que perdemos por uma bola a zero. Não foi um mau encontro, Portugal mostrou argumentos. Só que teve demasiado respeito pelo adversário, acordou demasiado tarde e a Alemanha foi tremendamente eficaz. De novo a história dos "vinte e dois homens atrás de uma bola e no fim ganha a Alemanha" de novo. Destaque para os quase-golos de Pepe, Nani e Varela. O deste último dando um presságio para o jogo seguinte. Portugal dava sinais de ter uma palavra a dizer no Europeu. No entanto, vitórias morais nunca são suficientes, já era altura de virmos cumpridas as promessas que andavam a ser feitas.
 
 
A história do jogo com a Dinamarca, realizado quatro dias mais tarde, foi diferente. Foi o meu preferido do Europeu, empolgante como apenas os jogos da Seleção em fases finais conseguem ser, absolutamente contra-indicado em doentes cardiovasculares, um dos mais emocionantes a que já assisti. Pelo menos, foi um dos jogos em que mais exprimi tais emoções - leia-se, o jogo em que mais gritei. Recordo o Pepe beijando as Quinas da sua camisola, os meus gritos de "ESTE É P'RA MIM! ESTE É P'RA MIM!" após o golo do Hélder Postiga, o Moutinho correndo para os braços do Varela depois de ele salvar o dia - com o meu golo preferido do Europeu - antes de a Seleção em peso se atirar para cima deles, eu e a minha irmã gritando como se não houvesse dia seguinte, de triunfo e alívio por estarmos de novo em vantagem quando tudo parecia perdido.
 
 
A passagem aos quartos-de-final só foi assegurada quatro dias mais tarde, frente à Holanda. Um jogo em que a Turma das Quinas entrou mal, mais uma vez, mas conseguiu dar a volta por cima, ganhando por 2-1. Ambos os golos foram marcados por Cristiano Ronaldo, que soube responder da melhor forma às críticas ao seu desempenho frente à Dinamarca. Portugal conseguia, assim, o que muitos haviam julgado quase impossível: sobreviver ao Grupo da Morte.
 
 
Nos quartos-de-final, Portugal encontrou-se com a República Checa. A Seleção entrou mal, uma vez mais, só que os checos não souberam tirar proveito disso e os Marmanjos acabaram por melhorar. Apenas Peter Cech e o poste impediram uma vitória mais dilatada. Assim, ganhámos por apenas 1-0, golo de Crsitiano Ronaldo, mais uma vez. Destaque para os festejos de Luís Figo e Eusébio nas bancadas. A Seleção carimbava, assim, a passagem às meias-finais do Europeu. Era o maior avanço numa fase final em seis anos, a primeira campanha digna de orgulho desde o Mundial 2006.
 
 
O nosso adversário nas meias foi a Espanha, a campeã europeia e mundial. Atrevo-me a dizer que foi, talvez, o jogo que maior interesse despertou em todo o campeonato Europeu. Lembro-me dos tweets do Phoenix dos Linkin Park, do Chuck Comeau dos Simple Plan, do apoio da eterna adepta portuguesa Nelly Furtado. Foi, sem dúvida, um dos jogos mais intensos desta fase final, sofrimento desde o primeiro minuto ao último penálti. Foi, no fundo, a verdadeira final do Europeu, pois fomos a única equipa a conseguir fazer frente ao poderio espanhol. Apenas perdemos por um detalhe, por um pormenor tornado pormaior, até Del Bosque admitiu, há bem pouco tempo, que os espanhóis tiveram sorte. 
 
Mas eu sempre tive noção disso, que muitos jogos entre grandes se decidem no limite, não podemos tirar o mérito à Espanha pelo seu terceiro título consecutivo. 
 
 
Algo que não mencionei antes aqui no blogue foi que, no dia a seguir à meia-final frente à Espanha, à tarde, fui receber a Seleção ao aeroporto da Portela. Eu e mais umas centenas de pessoas. Não falei disso no blogue por falta de tempo. Se forem a ver, só consegui publicar a minha análise ao jogo com a Espanha vários dias após a final do Europeu. Já foi uma entrada grande, que demorou a ser escrita, se ainda tivesse de acrescentar mais uns quantos parágrafos, demoraria outra semana a concluí-la. Tomei a decisão de ir até à Portela por estar stressada e deprimida, de certa forma na ressaca da nossa expulsão do Europeu. O único consolo possível seria mesmo fugir para junto da Seleção. Não foi como ir ver um treino ao Jamor. Mais do que pedir autógrafos, o que eu queria mesmo era consolar os jogadores e que eles me consolassem a mim. Muitas vezes desejaria eu, mais tarde, largar tudo e ir ter com a Seleção - e ainda desejo de vez em quando. A diferença era que, naquela altura, tinha possibilidades de fazê-lo. Por fim, seria um último bom momento antes de dar por encerrado o capítulo do Euro 2012.
 
Por isso fui. Apanhei o Metro até ao Marquês de Pombal e, de seguida, o autocarro 22 - isto deu-se, mais ou menos, uma ou duas semanas antes de abrir o Metro até ao aeroporto Cheguei deviam ser quatro e meia. Já havia gente fazendo a festa na zona das chegadas e câmaras televisivas testemunhando-a. Mantive-me longe das lentes delas, não estava com disposição. Cedo consegui fixar-me junto à rampa de saída, onde já estava montado um cordão policial. Aqui, conheci a Verónica e a Margarida, que me fizeram companhia durante as duas horas de espera. Durante esse intervalo de tempo que se ia esticando - nestas coisas há sempre atrasos - a multidão ia sempre ensaiando palavras de ordem e cantando o hino.
 
 
Eles finalmente chegaram eram cerca de seis e meia da tarde. Mais tarde, leria que os jogadores tinham sido apanhados de surpresa e, por acaso, foi o que pareceu. Eu estava numa posição privilegiada, em pude ver e ser vista pelos jogadores. E, mesmo assim, podia ter tido melhor sorte pois o Cristiano Ronaldo esteve a dar autógrafos a uns dois metros de mim. Em todo o caso, eu tinha um letreiro, uma folha arrancada de um caderno A4 onde tinha escrito algo como "Obrigado Portugal! Paulo Bento 4 Ever! Somos grandes graças a  vocês!". Acho que consegui fazer com que fosse lido pelo Eduardo, pelo Ricardo Costa, pelo Hélder Postiga - este chegou mesmo a olhar para mim quando o chamei. O Quaresma, que usava um boné todo quitado, chegou mesmo a piscar-me o olho. Entretanto, na confusão, o cordão policial tinha-se desfeito e consegui aproximar-me do Nani. Mas como este abraçava uma miudinha que devia ser irmã dele ou algo do género, não tive lata de ir incomodá-lo.
 
 
Depois daí para o exterior, juntamente com o resto da multidão, rodeando o autocarro. Aqui cantou-se o hino e gritou-se:
 
- O-BRI-GA-DO! O-BRI-GA-DO!
 
Foi, de facto, arrepiante. A multidão só se dispersou depois de o autocarro ter partido. Depois disso, fui tratar de arranjar transporte de regresso. A confusão era grande junto às paragens de autocarro, como seria de esperar. Lá pelo meio, consegui encontrar a Margarida - aquando da chegada dos jogadores, tínhamo-nos separado - e agradecer-lhes a companhia. Ainda cheguei a pôr a hipótese de apanhar um táxi mas, entretanto, veio o autocarro 22 e entrei. E ainda bem que o fiz.
 
 
O 22 estava cheio de gente tinha vindo receber a Seleção, pelo que passámos a viagem inteira até ao Marquês de Pombal trocando experiências com os Marmanjos no aeroporto, conversando sobre o Europeu e sobre a caminhada até ao Mundial, que se iniciaria em breve. Foi, de certa forma, a última grande conversa de café do Euro 2012 que, ainda por cima, terminou com o senhor que vinha a meu lado a beijar-me a mão em jeito de despedida.
 
Tal gesto foi-me tão valioso como cada um dos olhares trocados com os jogadores no aeroporto.
 
Esta pequena aventura ajudou-se a renovar a esperança num título para Portugal a curto ou médio prazo e a encerrar o capítulo do Euro 2012. Além de ter sido mais uma recordação agradável. Foi como quando fui receber a Seleção ao Jamor após o Mundial 2006.
 
 
 
Em suma, o Euro 2012 foi o melhor período deste ano que agora finda. Pelos motivos que enumero frequentemente e outros mais, que descobri ou de que me recordei. É uma emoção diferente ver um jogo de um Europeu ou de um Mundial, já que agrega todo o País, tal como já expliquei acima. Tenho saudades disso, de participar em inúmeras conversas de café e não só, armando-me em especialista na matéria, tão especialista que até fora convidada para a televisão; de ver o Paulo Bento no banco, dando instruções, atirando com o blazer e a gravata, envolvendo-se tanto que parecia querer entrar em campo e ele mesmo fazer o que era preciso; dos jogos às oito menos um quarto; de ver os jogos com a minha irmã, etc. De vez em quando, vou ver os tweets enviados durante os jogos e sou transportada para esse período. Entro de tal forma no espírito que, quando regresso ao presente, sinto-me deprimida, como se acordasse de um sonho bom.
 
Em agosto, tendo em conta o nosso percurso no Europeu, tinha esperança de que a Qualificação para o Campeonato do Mundo, a realizar-se no Brasil e 2014, corresse melhor que as Qualificações anteriores. Tal esperança sair-me-ia furada mais tarde, mas antes do início do Apuramento sentia-me otimista. Para isso, contribuíra a minha visita ao Jamor, acompanhada da minha irmã - visita que nos rendeu autógrafos do Eduardo, do João Pereira e do Rui Patrício - bem como o jogo com o Panamá - jogo que a Seleção ganhou por duas bolas a zero, cortesia de Nélson Oliveira e Cristiano Ronaldo, com uma exibição acima da média em jogos deste carácter. 
 
 
A Qualificação em si arrancou cerca de três semanas mais tarde com um jogo frente ao Luxemburgo. A Seleção obteve uma vitória cinzenta, absurdamente suada tendo encontra o nosso adversário. Chegou mesmo a estar a perder. Na altura, achei ridículo mas agora, depois dos últimos jogos... De qualquer forma, a Seleção conseguiu dar a volta ao resultado, com golos marcados pelo Cristiano Ronaldo e pelo Hélder Postiga amealhando, deste modo, os primeiros três pontos da Qualificação.
 
Um aparte só para comentar que, este ano, o Cristiano foi o melhor marcador da Seleção, com cinco golos. O segundo melhor foi o Hélder, com quatro. Em terceiro, ficou o Varela, com dois.
 
 
A Seleção entrou em campo com a sua congénere azeri quatro dias mais tarde com uma atitude diferente, mais desenvolta, mais enérgica mas... ainda sem pontaria. Ou melhor, com pontaria mas para o sítio errado. O poste foi um dos grandes protagonistas de 2012. O que nos valeu foi o facto de os azeris não terem sido capazes de se aproveitarem desta nossa fraqueza. Assim, teve de vir o Varela, já promovido a bombeiro da Seleção, salvar a honra ao convento e quebrar o enguiço, dando espaço a Postiga e a Bruno Alves para dilatarem a vantagem. 
 
 
No mês seguinte, a seleção jogou fora, com a Rússia. Fê-lo num clima frio, num relvado artificial, amputada de dois titulares  - Meireles e Coentrão. Um jogo difícil, em que a Turma das Quinas nem sequer jogou muito mal, embora não tenha conseguido evitar a derrota pela margem mínima. Apesar do desapontamento por não termos ganhou ou, pelo menos, empatado, não me preocupei por aí além. Afinal, aquele era o jogo mais difícil de todo o Apuramento. Os outros correriam melhor.
 
 
Enganava-me. Verdadeira deceção, verdadeiro balde de água fria foi o jogo seguinte, frente à Irlanda do Norte. Foi mais um daqueles jogos que tinha tudo para correr bem - comemoravam-se as cem internacionalizações de Cristiano Ronaldo, o Dragão estava cheio, Rui Reininho veio cantar o hino - mas que correu pessimamente. A primeira parte foi medíocre. O golo sofrido foi uma reposição do tento russo. A segunda parte correu um pouco melhor mas, mais uma vez, os Marmanjos acordaram demasiado tarde para conseguirem melhor que um empate.
 
Ainda houve mais um jogo da Equipa das Quinas este ano, um particular contra o Gabão no mês seguinte, mas um jogo de tal maneira e em tantos aspetos irrelevante que não vou gastar mais linhas com ele.
 
 
É basicamente isto. Sinto-me algo desanimada. Nos últimos dois anos, por esta altura, a Seleção atravessava bons momentos e eu sentia-me otimista relativamente ao ano que começaria em breve. Agora... nem por isso. O ano nem sempre foi fácil para mim, muitos pensamentos heréticos, crises existenciais, desânimo relativamente ao futuro. Os últimos jogos da Seleção não me fazem sentir melhor e, neste momento, na reta final do ano, muitos dos nossos jogadores andam, igualmente, a passar por dificuldades nos respetivos clubes. O Nani está lesionado e não é desejado no Manchester United. O Fábio Coentrão também anda lesionado e ainda não se percebe se se encaixa no Real Madrid. Além de que, segundo consta, o ambiente não está fácil no clube madrileno, o que certamente afetará Pepe e Cristiano Ronaldo. Também o Quaresma andou ao longo de meses em guerra com o Besiktas e, agora, está sem clube. O Meireles, esse, teve uma disputa com um árbitro, arriscou-se a ficar de fora de onze jogos mas, felizmente, ficará apenas fora de quatro. E nem falo do Sporting e no efeito que tal crise não estará a ter em Rui Patrício e outros jogadores selecionáveis...
 
Não sei qual será o efeito destas crises individuais no rendimento da Seleção como coletivo. Se o desempenho cairá por os Marmanjos não andarem a jogar com a devida regularidade ou se, pelo contrário, eles recorrerão à Terapia das Quinas, se encararão uma Convocatória como um escape à situação nos clubes e, consequentemente, jogarem ainda melhor.
 
 
Em suma, estamos todos a precisar de uma viragem de maré no ano que começa em breve. Já ajudava se fosse apenas em termos futebolísticos, se relançasse a Seleção no caminho até ao Brasil. Já perdemos todos os pontos que podia perder, não quero escorregadelas em 2013. Até porque tenciono assistir ao jogo com a Rússia, na Luz, e quero que a Seleção esteja num bom momento nessa altura. Será esse um dos meus desejos para 2013: que seja um ano mais tranquilo que 2012, que a Equipa de Todos Nós consiga ultrapassar esta fase má e que nos volte a dar alegrias.
 
Acredito que o conseguirá. Se houve coisa que aprendi em todos estes anos como adepta hardcore da Turma das Quinas é que nenhuma manifestação de fé, de apoio, é tempo perdido, mesmo em fases menos boas, como esta. Porque, mais cedo ou mais tarde, a Seleção levanta-se e recompensa-o. Pode nem sempre ser fácil ser-se adepto incondicional mas vale a pena. 
 
De uma coisa podem, contudo, ter a certeza: no próximo ano, continuarei a acompanhar tudo o que acontecer relacionado com a Seleção, seja bom ou mau, quer com o blogue ou com a página do Facebook. Desafio-vos, então, a continuarem a aturar-me ao longo do próximo ano, enquanto observamos a Seleção abrindo caminho até ao Brasil. As coisas não estão fáceis mas, com sorte, daqui a um ano estaremos a debater as nossas hipóteses na fase final do Campeonato do Mundo de 2014. É esse um dos meus maiores desejos para 2013.
 
Feliz Ano Novo!

Rússia 1 Portugal 0 - Escorregadela em relvado artificial

Na passada sexta-feira, dia 12 de outubro, a Seleção Portuguesa de Futebol defrontou a sua congénere russa em Moscovo, no Estádio Luzhniki, de onde saiu derrotada pela margem mínima. O jogo contou para a Qualificação para o Mundial 2014, que terá lugar no Brasil.

Foi um jogo algo estranho, atípico e, no que toca a mim, aborrecido. Visto ter decorrido entre as quatro e as seis da tarde, pouca gente estava a vê-lo. O Twitter estava sem movimento nenhum. O facto de ter ido para o café durante a segunda parte não alterou nada. Nem me vou alongar muito nesta análise.

A Rússia entrou no jogo muito, ainda não tinham decorrido trinta segundos desde o apito inicial e já os russos estavam na nossa grande área. O golo deles, aos seis minutos, veio sem surpresa. E apesar de, na altura, ter tido vontade de dar um par de estalos ao Ruben Micael, que substituía o lesionado Raúl Meireles, por causa daquele passe desastrado - deem-me um desconto, uma miúda não é de ferro! - agora, mais a frio, considero que, se os russos não marcassem naquela altura, fá-lo-iam mais tarde. Não é por aí.


De resto, reinava um ambiente desfavorável à equipa portuguesa, no Estádio Luzhniki. Não digo infernal porque o Inferno pressupõe fogo, calor, e lá estava era frio. O Paulo Bento, então, estava todo enchouriçado em casacos. A minha irmã chegou a comentar que, naquele dia, era pouco provável que o Selecionador se reduzisse a mangas de camisa quando se envolvesse a sério no jogo.

Os adeptos russos, esses, não pareciam minimamente incomodados com o frio. Como dizia um dos comentadores televisivos, a vodca e a seleção da casa mantinham-nos quentes.


Depois veio a lesão do Fábio Coentrão no músculo adutor complicar ainda mais a nossa já difícil vida. Aquele momento em que estão todos a olhar para a zona onde ele se lesionou... E também a preocupação e o apoio de Ronaldo e dos outros... De repente, estávamos sem dois dos nossos habituais titulares. O facto de a Seleção ter este onze muito restrito é, em simultâneo, uma das nossas maiores forças e fraquezas. Força, porque praticamente todos eles jogam juntos com a camisola das Quinas há já alguns anos e, apesar de nem todos serem grandes talentos, funcionam bem como equipa, tal como ficou provado no Euro 2012. Fraqueza, porque as ausências dos habituais titulares acabam por ser muito penalizadoras. Já há um ano, tivemos uma vitória difícil frente à Islândia e uma derrota agonizante frente à Dinamarca quando nos faltavam titulares habituais (o Pepe e o Coentrão, não eram?). 


No entanto, a questão é que, ao contrário do que aconteceu frente à Dinamarca no ano passado, a Seleção não jogou mal, mesmo em circunstâncias complicadas. Sobretudo na primeira parte, na altura em que a Rússia construiu a muralha de Kremlin em frente à baliza depois do golo, em vez de tentarem matar o jogo. Não me pareceu que Portugal pudesse ter feito muito mais. Volta à baila o velho problema da finalização. É engraçado como voltaram a questionar a Opção por Hélder Postiga quando, no rescaldo dos dois últimos jogos da Seleção, em que ele marcou, lhe louvavam a eficácia superior à de Ronaldo. É o costume....

A segunda parte não foi tão bem conseguida embora, lá está, Portugal tivesse mantido a atitude. A certa altura, começavam a reinar a frustração e o desespero. Paulo Bento chegou a descarregar na placa lateral do banco de suplentes. E eu já só rezava:

- Pelo menos, um empate... pelo menos, um empate... pelo menos, um empate...

Mas o marcador chegou ao fim do jogo sem mais alterações. 


Esta derrota não me preocupa por aí além. Este era o jogo mais difícil de toda a Qualificação. Já tinha dito na entrada anterior que a Rússia era traiçoeira. Tal como o Paulo Bento disse na flash-interview, não vamos colocar tudo em causa por um jogo em que Portugal foi superior em tudo menos no marcador. Nas últimas três Qualificações, estávamos em pior situação nesta fase do campeonato e desenrascámo-nos. Na última, inclusivamente, apesar do péssimo arranque, podíamos ter ficado em primeiro se tivéssemos pontuado em Copenhaga. É claro que era um grupo diferente mas também nada nos garante que a Rússia não dá um tropeção frente a Israel ou a outra equipa qualquer. E se tivermos de ir a play-offs, ao menos serão dois jogos da Equipa das Quinas de bónus.

No entanto, eu queria mais. Depois do drama que foram as últimas três Qualificações, queria um Apuramento imaculado, só de vitórias ou, pelo menos, sem derrotas. Queria o consolo de uma vitória de Portugal, mesmo sem uma exibição por aí além. Está visto que esta fase de Apuramento não vai ser tão fácil como eu julgava, à partida. E se nada garante que a Rússia não perca pontos nos próximos jogos, muito menos está garantido que Portugal deu uma escorregadela frente a adversários teoricamente menores. Acabamos de dar uma no relvado artificial do Estádio Luzhniki. A história do futebol português é demasiado rica em exemplos desses.


Por outro lado, se a Seleção conseguiu fazer um jogo razoável nestas circunstâncias - fora de casa, numa "cimeira de líderes", ao frio, num relvado sintético, sem Meireles, sem Coentrão - em princípio, não terá problemas nos próximos jogos. Começando com o de amanhã, frente à Irlanda do Norte, num Dragão que se espera cheio. E depois, em junho do próximo ano, quando os nossos amigos russos nos vierem visitar à Luz, nós recebe-los-emos com o prato frio da vingança. Em princípio, devo ir ver esse jogo. Cá em casa andamos, desde o Euro 2012, com vontade de ir a um jogo da Seleção mas estes primeiros são todos no Norte... Além de que ando há muito com vontade de visitar o Estádio da Luz.

Mas muita água há de correr, no que toca à Seleção e não só, antes desse jogo. Agora o nosso próximo adversário é a Irlanda do Norte. Temos de vencê-los para garantir que, para já, o Apuramento não descarrila.

E também para termos algo que contrabalance, nem que seja só levemente, a angústia derivada a mais um brutal aumento de impostos.

Portugal 0 Espanha 0 (4-2 após penáltis) - Travados

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O Campeonato da Europa de Futebol, que se realizou na Polónia e na Ucrânia, já acabou há alguns dias, o jogo das meias-finais que opôs a Seleção Portuguesa de Futebol à sua congénere espanhola já se realizou há mais de uma semana. Devia ter publicado bem mais cedo, mas tem-me faltado tempo. É a velha questão das fases finais em época de exames. Aquando dos outros jogos, era catalisada pela necessidade de publicar antes do jogo seguinte. Mas agora...

 
Tal como se previa, o jogo despertou interesse um pouco por todo o planeta. Os olhos do Mundo estiveram pousados em Donetsk. Dave Phoenix Farrel, dos Linkin Park - mais conhecido por, simplesmente, Phoenix - afirmou no Twitter não saber por quem torcer. Chuck Comeau, dos Simple Plan, estava aflito por não ter maneira de ver o jogo, acabou por seguir os penáltis via rádio. Por sua vez, a Nelly Furtado, da eterna "Força" do Euro 2004, não teve problemas em dizer que estava a torcer por nós. Parece, inclusivamente, que o jogo bateu recordes de audiência televisiva, tanto cá em Portugal como em Espanha.
 
 
Vou ter saudades disso. De ter a Seleção no centro das atenções, sobretudo quando se começou a perceber que os portugueses tinham uma palavra a dizer neste Europeu. Dos programas de rádio e televisão sobre o assunto - mesmo que, em certas alturas, me tenham parecido exagerados. De estar na Faculdade, nos cafés, no Metro, no comboio, no autocarro, escutando por acaso conversas alheias sobre a Seleção, por vezes metendo-me nelas. Das bandeiras. Das publicações no Facebook. De ver o nome do País, o nome dos nossos jogadores, nos Trending Topics do Twitter. De ver os jogos com a minha irmã, de ela conhecer pelo metade dos jogadores pelo nome, de consultar a caderneta de cromos para saber o peso e a altura de cada um deles, para se ter uma ideia do que terá sido quando um dos nossos levavam com um adversário em cima.  Da blusa vermelha que usei no "A Tarde é Sua" e em todos os dias de jogos.  Do meu velho cachecol. De ver pessoas que, em circunstâncias normais, pouco ligariam ao futebol, tão entusiasmadas quanto eu.


Mas regressemos ao jogo antes de irmos por aí. Que, como seria de esperar, foi muito intenso, inadequado para cardíacos. Muita gente se queixou no Twitter ao longo de todo o encontro. Cedo, faríamos companhia a Eusébio...

Os primeiros noventa minutos foram muito equilibrados. Portugal foi a primeira - e única - equipa que conseguiu contrariar o tiki-taka espanhol neste Europeu. Dou graças à nossa defesa por tal feito, com destaque para Pepe e Rui Patrício. O primeiro surgia quase sempre que nuestros hermanos se aproximavam da nossa grande área. O segundo defendeu várias. Eu cheguei a pedir a canonização de ambos, comecei a chamá-los São Pepe e São Patrício, os nossos salvadores...

 

O pior é que a defesa espanhola não era inferior. O maldito Iker Casilhas agarrava todas!
 
Tirando isso, Portugal foi dominante durante quase todo o encontro. Mesmo no prolongamento, quando os nossos já estavam a meio-gás e os espanhóis começaram a encostar-nos ao nosso meio-campo, a nossa defesa continuava suficientemente organizada para lhes anular os ataques.
 
Cedo se percebeu que a coisa só se resolveria nos penáltis. E ninguém se sentia particularmente feliz com isso. Desempatando o jogo dessa forma, tudo podia acontecer - tinha noção disso mesmo antes do fim do prolongamento. Não acho que os penáltis sejam propriamente uma lotaria, mas, na minha opinião, são quarenta por cento perícia, trinta por cento estado psicológico e emocional, tanto do guarda-redes como do marcador, trinta por cento sorte.

 

 

 

A coisa até começou bem para o nosso lado, com o Rui Patrício a defender a primeira grande penalidade dos espanhóis. São Patrício, São Patrício... Pena foi João Moutinho ter estragado tudo. Quando ele ia bater o penálti, recordei-me, inevitavelmente, de um jogo da Taça de Portugal há alguns anos, entre o Sporting e o F.C.Porto, em que o Moutinho falhara o primeiro penálti de um desempate semelhante, decidindo o desfecho do jogo. Lembrei-me de o meu pai comentar que fora má ideia colocar tal pressão, tal responsabilidade, nos ombros de um jogador na altura tão jovem. Contudo, disse a mim própria que isso não significava nada, que o Moutinho já não tinha vinte anos, que ele era capaz de dar conta do recado. Ledo engano. Casilhas era demasiado bom.

 

 

Depois o penálti do Bruno Alves foi à trave. Não sei se foi por nervosismo do nosso defesa, se foi simplesmente azar. Voto na segunda - os ferros na baliza acabaram por ser os nossos maiores opositores neste Europeu. E os exemplos abundam. De tal forma que, como que para que não houvesse dúvidas de que os limites metálicos das balizas estavam contra nós, o remate de Fabregas também foi ao poste... mas a bola entrou, à mesma!

 

 

Talvez agora compreendam o título "Travados". A trave expulsou-nos do Europeu, mais do que os espanhóis!

 

 

Entretanto, já o Europeu terminou, já a Espanha se sagrou campeã, tornando-se a primeira seleção a conquistar três títulos consecutivos. Os italianos não tiveram qualquer hipótese, foram completamente cilindrados. A verdadeira final foi em Donetsk, connosco. Nós fomos a única equipa capaz de fazer frente aos espanhóis.
 
Contudo, não foi suficiente. Eu sabia que ia ser assim. Já tinha alertado para tal aqui no blogue, até mesmo antes do Europeu: nestes jogos, não chega jogar melhor, os desfechos são definidos com base em detalhes, em pormenores tornados pormaiores. Mas também é aquela: não se podia exigir muito mais aos jogadores portugueses.
 
Como muitos diriam, o futebol tem destas coisas.

 

 

Isto coloca um ponto final no Europeu da Polónia e da Ucrânia, nestas semanas gloriosas em que a Seleção esteve reunida, em que foi rainha e senhora das nossas atenções. Acho que aproveitei bem este mês e meio, mais coisa menos coisa. Não escrevi cá no blogue com tanta frequência como, se calhar, no Euro 2008 ou no Mundial 2010 porque, desta vez, tive - e vou continuar a ter - uma página no Facebook. As entradas no blogue são extensas, exigem bastante tempo - que o diga esta, que demorou mais de uma semana! No Facebook, é tudo muito mais rápido. Mesmo quando publico uma opinião um pouco mais extensa, demoro muito menos tempo. Além de que me permitiu, não só opinar sobre quase tudo o que saiu sobre a Seleção, mas também guardá-lo para a posteridade. Mantive-me, portanto, a parte de quase tudo. Acompanhei umas quantas conferências de Imprensa em direto. Vi e escutei diversos programas sobre o assunto. Gastei quase um caderno A5 inteiro, de espessura considerável, com notas e rascunhos de entradas. Fui à televisão dar a cara pela Turma das Quinas. Festejei a vitória frente à República Checa na rua, seis anos depois da última vez que o fizera.
 
A única coisa que lamento não ter feito é ter visto os jogos com várias pessoas, quer fosse no Campo Pequeno ou assim ou, simplesmente, num café ou restaurante. Posso ter estado acompanhada por muitos, um pouco por todo o Mundo, através do Twitter, mas não é a mesma coisa. Eu queria ver e ouvir as reações das pessoas, em vez de apenas lê-las.

 

 

 
Sim, aproveitei bem. E, sobretudo, valeu a pena aproveitá-lo. Pela primeira vez desde que tenho este blogue, a Seleção Nacional fez uma campanha num campeonato de seleções que vale a pena ser recordada. Pela primeira vez, sinto que fiz bem ao ter o blogue, a página do Facebook, ao não ter deitado fora os jornais dos dias que se seguiram aos jogos. 
 
Tem-me deprimido um pouco, mais do que o facto de não termos ido à final, a ideia de que o Europeu já acabou, que a Seleção já não está reunida, que a atenção já está a regressar aos clubes. Isto, adicionado ao facto de ainda estar em exames, faz-me, por vezes, desejar dolorosamente que a Equipa de Todos Nós estivesse, de novo, em estágio, que me levassem com eles para lá - fisicamente, não apenas uma parte de mim. Há quem recorde que a Qualificação para o Mundial 2014 já começa em setembro mas não é a mesma coisa.
 
Em suma, estou em ressaca de Seleção. Há de passar.
 
 
Uma das coisas que tem ajudado é pensar no próximo Apuramento. Os nossos adversários já são conhecidos desde há um ano. Em princípio, só a Rússia nos colocará dificuldades significativas, embora suspeite que Israel e a Irlanda do Norte não sejam tão inofensivos como parecem. De qualquer forma, espero que esta Qualificação seja bem menos atribulada que as duas anteriores. Sem tropeções graves, sem grandes polémicas, sem calculadoras. Sê-lo-á, certamente. Paulo Bento parece estar de pedra e cal ao leme na Seleção. Os Marmanjos provaram ter carácter. Alguns deles, como o Cristiano Ronaldo, o Nani, o Hugo Almeida, o João Moutinho, o Raúl Meireles, o Pepe, entre outros, já jogam juntos na Seleção há alguns anos. Além disso, Paulo Bento teve o mérito de, não tenho a espinha dorsal de nenhum clube, formar uma equipa sólida a partir de jogadores de clubes e campeonatos diferentes. 
 
Talvez dê para assistir a um jogo. Os meus pais, pela primeira vez em vários anos, parecem recetivos à ideia - ao preço a que estão os bilhetes, não dá para ir sem financiamento parental. E, definitivamente, vou voltar a assistir a treinos abertos, assim que eles voltarem ao Jamor.
 
 
Há quem já nos considere candidatos ao título no Mundial 2014 - que é o suposto prazo de validade desta equipa. Eu não estou assim tão otimista. Tenho medo que as circunstâncias deste Europeu não se repitam, que tenhamos perdido outra boa oportunidade. Que, em 2014, as coisas não corram tão bem para o nosso lado.
 
No entanto, ao longo do ano passado, tal como já mencionei em entradas anteriores, pressenti - não de uma forma cem por cento racional - que a Seleção estava lentamente a fortalecer-se cada vez mais, a regressar aos seus melhores tempos, tornando o sonho cada vez menos impossível. Este Europeu confirmou tais suspeitas. Podemos ter sido travados, mas tornámo-nos grandes de novo, somos outra vez uma das melhores seleções do Mundo e não é apenas por termos o Cristiano Ronaldo.
 
E o meu pressentimento agora é de que continuaremos a crescer, ao longo dos próximos dois anos. De que chegaremos ao Brasil ainda mais fortes. Talvez suficientemente fortes para voltarmos a lutar pelo título. 
 
 
Por enquanto, a curto e a médio prazo, uma coisa não mudará: a Seleção continuará a ser uma das poucas coisas em que poderemos acreditar no nosso País, que retribuirá todo o apoio que lhe for dado, que nos permitirá esperar por algo de bom no futuro. Foi o que aconteceu agora, neste Europeu. As próximas alegrias serão menores, provavelmente não durarão mais do que uma noite, na maior parte dos casos. Não resolverão os problemas a ninguém. Mas se ajudar alguém a dormir melhor nessa noite, já valerá a pena.
 
Deixo aqui o calendário da Qualificação para o Mundial 2014:
 

O capítulo Euro 2012 terminou, o capítulo Mundial 2014 começa em setembro. A coisa boa disto tudo é que há sempre um campeonato de seleções a cada dois anos, há sempre um recomeço, há sempre uma nova oportunidade se lutar pelo sonho. Temos sempre desculpas para continuar a acreditar. Ainda me encontro um pouco em luto mas temos o verão para recuperar. Continuarei a atualizar a página do Facebook - não tão frequentemente como nas últimas semanas pois as notícias escassearão e poderei, inclusivamente, estar de férias sem acesso à Internet. Mas se surgir algo sobre a Seleção, falarei disso. Mantenham-se ligados. A história continuará a ser escrita em setembro.