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O Meu Clube É a Seleção!

Mulher de muitas paixões, a Seleção Nacional é uma delas.

Siga!

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Na passada sexta-feira, dia 10 de novembro, a Seleção Portuguesa de Futebol venceu a sua congénere saudita por três bolas sem resposta, no Estádio Municipal do Fontelo, em Viseu. Três dias depois, empatou a uma bola sua congénere norte-americana no Estádio Magalhães Pessoa, em Leiria. Ambos os jogos tiveram carácter amigável e solidário.

 

Para um particular ao qual faltaram vários titulares habituais, o jogo com a Arábia Saudita correu bastante bem. Como não pude prestar muita atenção a este jogo, não vou escrever muito sobre ela. Consegui ver, no entanto, que Portugal entrou muito forte no jogo, sobretudo graças a Manuel Fernandes e a Gonçalo Guedes – um dos principais responsáveis pelos inúmeros remates falhados pelas Quinas.

 

A bola só entrou na baliza à meia-hora de jogo. Guedes assistiu para Manuel Fernandes, que rematou diretamente para as redes.

 

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Alguém estava com saudades da Equipa de Todos Nós.

 

Na segunda parte, foi Ricardo Pereira a assistir para o remate certeiro de Guedes – finalmente. O rapaz já tinha justificado. Depois de semanas e semanas de elogios a propósito no desempenho no clube, o talento confirmava-se com a Camisola das Quinas. A Seleção agradece.

 

Portugal abrandou ligeiramente em certas alturas, durante o resto da segunda parte, mas não deixou de dominar. Os sauditos também, verdade seja dita, pouca luta deram. Foi um jogo de sentido único. O Anthony Lopes deve ter apanhado uma seca.

 

Finalmente, já em tempo de compensação, João Mário fechou o marcador com um remate de fora de área.

 

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Foi um bom particular, como disse antes. Acima da média para as circunstâncias. O jogo com os Estados Unidos, por sua vez, foi muito mais parecido com o habitual: mediano, mesmo secante, em certas alturas.

 

Fernando Santos deixou de fora jogadores como André Silva, João Mário e Bernardo Silva – peças importantes na Turma das Quinas durante a última Qualificação – meteu Gonçalo Guedes numa posição diferente e a equipa ressentiu-se. Apresentou-se desconjuntada, sobretudo durante a primeira parte. O facto de os americanos terem mais rotinas e estarem uns quantos furos acima da Arábia Saudita não ajudou Portugal.

 

Acho uma certa piada ao facto de o melhor adversário destes particulares ser aquele que não vai ao Mundial.

 

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O início do jogo foi dominado quase totalmente pelos Estados Unidos. O golo à volta do vigésimo minuto não surpreendeu. De notar que a defesa portuguesa abriu alas para McKenzie rematar – o estreante Ricardo Ferreira ficou mal na fotografia. Beto, na baliza, não pôde fazer nada.

 

Felizmente, não ficámos muito tempo em desvantagem. Dez minutos depois, numa altura em que a Seleção Portuguesa estava um pouco mais atrevida, Antunes cruzou para a pequena área norte-americana (ele garante que era um cruzamento). À primeira vista, o guarda-redes parece agarrar a bola, mas acaba por deixá-la passar entre as pernas e cruzar a linha de baliza.

 

Confesso que não evitei uma gargalhada, com um pouco de malícia. Todos os guarda-redes têm momentos infelizes como este de vez em quando, uns mais do que outros. O nosso Rui Patrício, por exemplo, sofreu um golo muito parecido com este há uns anos – por sinal, num jogo bem mais importante que este: um mísero particular que, nesta altura, muitos já terão esquecido.

 

Mas, tenho de dizer, sabe muito melhor quando, por uma vez, são os nossos adversários a cometer estas fífias.

 

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As coisas melhoraram na segunda parte, com as entradas de João Mário, Bernardo Silva e o estreante Gonçalo Paciência. Portugal esteve perto de chegar à vantagem – sobretudo quando Gonçalo Paciência atirou à barra.

 

Perdeu-se uma oportunidade para Gonçalo estrear-se a marcar pelas Quinas perante o mesmo adversário que o seu pai, Domingos.

 

Já que falamos em pais e filhos na Seleção… vai ser engraçado se/quando outros filhos de jogadores das Quinas (de 2002 para a frente, que foi mais ou menos quando comecei a seguir a Equipa de Todos Nós) vestirem, também, a Camisola. O filho do Cristiano Ronaldo parece estar num bom caminho… mas, meu Deus, eu não quereria lidar com esse legado.

 

Regressando ao jogo com os Estados Unidos, Beto foi um dos destaques. Em parte, há que dizê-lo, porque a defesa portuguesa deixava muito a desejar.

  

 

Faz parte do processo. Se não queremos ter o Pepe, o Bruno Alves ou o José Fonte a jogar de bengala, temos de Chamar jovens e dar-lhes espaço para cometerem erros, adaptarem-se à posição e ao peso da Camisola.

 

Não deixaram de ser umas belas defesas da parte do Beto, mesmo assim. Incluindo uma, acrobática, que fez as delícias de muitos, começando pelo comentador da RTP.

 

Entre ele e Rui Patrício, as redes portuguesas estão em boas mãos. E pés.

 

O marcador, no entanto, permaneceu empatado até ao fim.

 

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Esta jornada correu, assim, mais ou menos consoante o esperado. Para além da parte solidária, deu para ver que não falta matéria-prima da boa, com que Fernando Santos poderá trabalhar. Resta-nos fazer figas para que os bons momentos de forma aguentem até maio/junho. Quero ver, por exemplo, quantos destes Convocados regressarão para o(s) jogo(s) de março.

 

É essa a parte chata: os quatro meses de interregno até aos próximos jogos da Seleção. Já é habitual e, às vezes, como no ano passado, até dão jeito para curar o desgaste.

 

Até porque, dia 1 de dezembro, realiza-se o sorteio da fase de grupos do Mundial. Portugal é cabeça-de-série, evitando tubarões como a Alemanha (graças da Deus!). Mas ainda corre o risco de apanhar adversários de algum calibre, como a Espanha ou a Inglaterra.

 

A ver no que dá. Como já vai sendo habitual, depois do sorteio, farei uma breve análise ao que nos sair na rifa.

 

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Depois disso, temos a revisão do ano. No ano passado meti água, mas quero tentar novamente este ano (ênfase no “tentar”). Não vou recorrer ao modelo antigo, em que falava de todos os jogos do ano – foi uma das coisas que me deitou abaixo no ano passado e acho que para vocês, leitores, era uma seca.

 

Quero, assim, experimentar um novo formato – que deverá resultar em textos mais curtos e sintéticos. Vou tentar, aliás, escrever uma revisão de 2016. Um ano excelente como esse merece a sua própria crónica, mesmo que venha atrasada.

 

Podem, então, contar com três textos novos neste blogue nas próximas semanas. Não posso prometer nada, conforme já dei a entender acima, mas vou tentar.

 

Em todo o caso, já sabem que continuarei a acompanhar todas as notícias sobre a Seleção na página de Facebook deste blogue. Deem uma espreitadela!

Portugal 2 Bélgica 1 - Esperança e alegria

 

10817631_814044788729057_1052537708_n.jpgNa passada terça-feira, dia 29 de março, a Seleção Portuguesa de Futebol venceu a sua congénere belga por duas bolas a uma, no Estádio Magalhães Pessoa, em Leiria, em jogo de carácter particular e, também, solidário, visto ter decorrido apenas uma semana após os atentados terroristas em Bruxelas.

 

Tal como já acontecera no jogo com a Bulgária, Portugal recuperou um hábito antigo. Desta feita, foi o de se dar melhor perante equipas de maior prestígio (que podem nem sempre corresponder à qualidade real) do que perante equipas menos mediáticas. Nem sempre é psicológico, pode ser mesmo estratégico - a tática atual nem sempre funciona com equipas que se fecham à defesa. Mas já voltamos a isso...

 

Quer tenha sido por a Bélgica jogar mais em ataque direto, ou por ter comparecido desfalcada, ou por Portugal ter jogado sem medo,  ou por outro motivo qualquer, a verdade é que a Seleção funcionou muito bem no jogo de terça-feira, sobretudo na primeira parte. Começámos, novamente, muito rematadores. Courtois conseguiu defender os remates de João Mário, Adrien, Nani e Cristiano Ronaldo e, desta feita, até houve bola à trave. Mais tarde, Nani e Fernando Santos confessariam que, por esta altura, temeram uma repetição do que acontecera com a Bulgária. No entanto, a pontaria esteve mais afinada desta vez e, aos vinte minutos, André Gomes assistiu para Nani e este, frente a frente com Courtois, não desperdiçou.

 

Há quanto tempo o Nani não comemorava um golo pela Seleção com um mortal? O exemplo mais recente de que me recordo é o jogo com a Dinamarca, em outubro de 2010 - quase seis anos, portanto. Há cerca de dois ou três anos, o Nani era uma sombra de si próprio. O jogador cheio de garra e magia, que nos cativara há... quase dez anos, vejo agora... estava quase desaparecido, por culpa de lesões e de um clube estagnado. Vir para o Sporting fez-lhe bem. Alguns - entre os quais o próprio Cristiano Ronaldo - consideraram-no um retrocesso na carreira, mas acabou por se revelar um passo atrás necessário para dar um salto para a frente. Foi um percurso irregular, mas nestas últimas duas épocas, o Marmanjo reencontrou-se a si mesmo. Agora, tanto no clube atual como na Seleção, voltou a ser o Nani que todos adoramos, mesmo a tempo do Europeu. As saudades que eu tive dele!

 

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Não que Nani tenha sido o único a destacar-se neste jogo. Raphael Guerreiro foi titular e mereceu-o, batendo-se de igual para igual com jogadores com o dobro do tamanho dele. Eu queria muito vê-lo no Europeu e a possibilidade de Guerreiro ficar de fora da Convocatória final a favor de Eliseu parte-me o coração. Cédric e Danilo Pereira também estiveram bem, assim como João Mário.

 

Foi, aliás, dos pés dele que surgiu o centro para Ronaldo cabecear para o segundo golo da Seleção, aos quarenta minutos. Tal como Nani com o seu mortal, também Ronaldo celebrou à sua icónica maneira. As câmaras mostraram o Presidente Marcelo Rebelo de Sousa fazendo sinal de "nota 20" a partir da tribuna (espero que tenha feito o mesmo com o golo do Nani, que ele também mereceu.).

 

Infelizmente não deu para manter o fulgor na segunda parte, com as substituições. Foi até no rescaldo das mesmas, quando a equipa se estava ainda a ajustar ao novo modelo de jogo, que os belgas reduziram, por intermédio de Romelu Lukaku. No entanto, mesmo sem o brilho da segunda parte, Portugal conseguiu manter a vitória. Ainda houve espaço para Ricardo Quaresma dar uns ares da sua graça, incluindo tentar repetir a sua célebre trivela, aos 84 minutos. Mas o marcador não se voltou a alterar.

 

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Eu sei que este jogo tinha uma componente solidária, que o resultado não seria o mais importante, mas fiquei contente com a vitória e com a boa exibição perante uma seleção grande, mesmo que desfalcada. Apesar de termos feito o nosso melhor Apuramento em termos de resultados, o futebol que praticávamos era pouco vistoso. Não sabia se seria suficiente para o Europeu, sobretudo com Fernando Santos a dizer que quer ganhá-lo. Este jogo afastou pelo menos algumas das preocupações, deixa alguma esperança. Temos bases para construir uma Seleção com uma palavra a dizer no Europeu, algo que não poderia deixar-me mais feliz.

 

Há que alertar, no entanto, que, da mesma maneira como não estava tudo mal quando perdemos com a Bulgária, não está tudo bem agora, que ganhámos à Bélgica. As dificuldades que sentimos na semana passada preocupam, pois é com equipas semelhantes à búlgara que partilhamos o grupo do Europeu. Não tenho a certeza se os problemas desse jogo foram apenas azar e um guarda-redes inspirado, se tudo correria a nosso favor a partir do momento em que marcássemos um golo, ou se realmente não funcionamos bem em ataque continuado. Um dos maiores enigmas relativamente à Convocatória Final diz respeito à capacidade goleadora, se a Equipa de Todos Nós deverá usar ponta-de-lança ou não durante o Europeu, se valerá a pena chamar Éder (que, todos concordam, não é grande goleador) para apenas jogar os dez ou quinze minutos finais, quando a Seleção arrisca um futebol mais direto. Eu não sou, de todo, a pessoa mais indicada para dar um parecer sobre a questão, fica ao critério de cada um. Acredito que Fernando Santos tomará a decisão correta.

 

Mas também acredito que, qualquer seja essa a decisão, esta levantará polémica. Não só em relação à questão do ponta-de-lança, mas também ao por estes dias inevitável Renato Sanches. Acreditam que já deparei com acusações de campanhas, tanto para levar Renato ao Europeu como campanhas para não levar Renato ao Europeu? É caricato, mas, tal como tenho vindo a dizer, não é bom para o jovem jogador. A verdade é que acho que vão ficar de fora muitos que mereciam um lugar no Euro, sobretudo no que diz respeito precisamente ao meio-campo. O lado positivo da coisa é que esses são problemas de seleção grande.

 

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Os anos vão passando, jogadores e treinadores vão e vêm, e, no entanto, uma coisa que nunca muda é a alegria que me dá uma vitória e uma boa exibição da Equipa de Todos Nós. O facto de terem sido os meus dois jogadores preferidos a marcar os golos é uma alegria extra, mas também ficaria feliz se tivesse sido o João Mário, o Adrien, o Quaresma, o André Gomes ou outro qualquer a brincar os golos. Era de maneira até que ficava ainda mais fã deles – afinal de contas, fiquei fã de Raphael Guerreiro quando este marcou o golo da vitória frente à Argentina. O meu desejo é que esta seja apenas a primeira alegria que a Seleção nos dá este ano, em particular nos próximos meses.

 

Agora ficamos a apenas mês e meio da Convocatória Final para o Europeu (a Federação bem podia confirmar o dia certo… Eu aposto em dia 16 de maio). Não vai custar muito – quem esperou quatro meses e meio por esta dupla jornada pode esperar seis semanas. Entretanto, vou concluir a minha entrada especial de aniversário (que, provavelmente, será dividida em duas), logo, podem contar com uma publicação nova no dia 12 de maio. Também poderão esperar pelo Anúncio dos Convocados comigo, através da página de Facebook do blogue. Até lá…

Portugal 0 Bulgária 1 - À moda antiga

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Na passada sexta-feira, dia 25 de março, a Seleção Portuguesa de Futebol perdeu perante a sua congénere búlgara, em jogo de carácter preparatório do Campeonato Europeu da modalidade, que terá lugar em França dentro de dois meses e meio.

 

Há imenso tempo que a Seleção não fazia um jogo destes há algum tempo, talvez há anos. Um jogo à moda antiga, em que a Seleção se farta de jogar, de rematar, mas em que a bola pura e simplesmente não entra e os golos são sofridos numa das poucas ocasiões da equipa adversária e/ou por parvoíce. Isto poucos meses depois de conquistar uma Qualificação fazendo quase o exato oposto. Só prova que, por vezes, quanto mais as coisas mudam, mais elas ficam na mesma.

 

Eu até fiquei entusiasmada quando, nos primeiros quinze minutos, fizemos mais remates que, se calhar, em alguns jogos da Qualificação para o Europeu. O guarda-redes búlgaro, Stoyanov, defendeu todas (como diria a minha irmã, "indício trágico") mas, na altura, pensei que era uma questão de atirar o barro vezes suficientes à parede. Infelizmente, a velha máxima do "quem não marca, sofre" manifestou-se mais cedo do que o costume: aos dezanove minutos, depois de Pepe e Vieirinha se atrapalharem com Marcelinho.

 

Na altura não me ralei por aí além com este golo. Não seria o primeiro resultado desfavorável que anularíamos e ocasiões de golo eram coisas que não estavam a faltar naquele jogo - com desespero crescente, diga-se. No entanto, Stoyanov resolvera fazer o jogo da vida dele naquela noite e nada entrava naquela baliza.

 

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 (fonte: Memes da Bola)

 

A coisa não melhorou na segunda parte, nem mesmo quando Quaresma e Danny entraram. Por fim, aos sessenta e seis minutos, lá conseguimos arrancar um penálti aos búlgaros, para Cristiano Ronaldo marcar.

 

- A ver se o Stoyanov defende esta - disse a minha irmã.

 

Quando Stoyanov defendeu, claro, não evitei virar-me para a minha irmã e refilar:

 

- Tinhas de abrir a boca, não tinhas?

 

Foi mais uma prova de que Deus Nosso Senhor tinha tirado a noite para se divertir à custa da nossa Seleção. Só faltou mesmo a habitual bola ao poste.

 

Pela maneira como muitos vinham a falar dele, uma pessoa quase esperava que, depois de Renato Sanches entrar, aos setenta e quatro minutos, a Seleção de repente marcasse dois ou três golos com a ajuda dele. Obviamente isso não aconteceu. O Renato, aliás, até falhou os primeiros dois passes por nervosismo - como é natural num miúdo de dezoito anos que, de repente, se vê convertido num messias futebolístico. Mas foi o suficiente para o comentador em serviço decretar que o Renato estava em noite não - isto cinco minutos depois de o Marmanjo entrar em campo. Tal como disse antes, é preciso dar espaço ao miúdo para crescer, para se adaptar. Endeusá-lo nesta altura do campeonato pode ser perigoso.

 

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Ao menos Renato sempre proporcionou o momento alto da noite, quando um miúdo de treze anos invadiu o campo para ir abraçá-lo. Um gesto perfeitamente inocente, mas que tem despoletado muita azia clubística de várias partes. Por um lado, já criticaram o miúdo por ter ido abraçar o Renato em vez do Ronaldo (em defesa do miúdo, quando eu tinha mais ou menos a idade dele, o Ronaldo tinha 18 ou 19 anos e também dava os primeiros passos na Seleção. Na altura, se eu invadisse um jogo, também ia primeiro abraçar Ronaldo e não Figo ou Rui Costa). Por outro lado, há quem especule que Ronaldo, enciumado por toda a atenção que o Renato está a receber, irá usar a sua influência para que o miúdo fique de fora do Europeu.

 

Acho graça à forma como pessoas de mente pequena acham que os demais - sobretudo pessoas bem sucedidas - possuem mentes tão pequenas como as deles. Além disso, na minha modesta opinião, acho que a única coisa que o Ronaldo inveja no Renato é... o seu cabelo. Por um lado, talvez até seja bom que as atenções na Equipa de Todos Nós se desviem um bocadinho do eterno Capitão. Por outro lado, Renato não estará de todo tão habituado a lidar com a pressão como o Ronaldo.

 

Fechando esse aparte, como podem calcular, estas reações movidas a clubites irritam-me. Ainda na semana passada o João Mário defendeu o Renato numa Conferência de Imprensa, a propósito da falta que o jovem cometeu no último derby - mostrando que, na Seleção, os clubes são uma questão secundária. Pena nem todo o adepto comum seguir esse exemplo. De qualquer forma, tenho vindo a aprender que a culpa não é do futebol em si, nem mesmo dos clubes. Pessoas de mente pequena existem em todo o lado, sobretudo na Internet. Por vezes é difícil separar o futebol e os clubes dos seus adeptos e de certos dirigentes.

 

Não aconteceu mais nada de assinalável depois disso. Fiquei com a sensação de que até o árbitro ficou com pena de nós, uma vez que, quando o tempo de compensação estava quase esgotado, nos concedeu mais um ataque. Não era preciso. Como diria o Nani mais tarde, "podíamos ficar cá a noite toda que não marcávamos".

 

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Jogos particulares valem o que valem, não são um indicador muito rigoroso da qualidade atual da Seleção. Por exemplo, tivemos uma série de particulares fracos antes do... Euro 2012, e uma série de particulares satisfatórios antes do... Mundial 2014. Estes jogos servem, precisamente, para cometer as asneiras todas, gastar o azar todo, a parvoíce toda, para depois, quando for a doer, estarmos muito mais firmes - embora saiba que, na prática, não é assim tão simples... Concordo com Fernando Santos quando diz que houveram "coisas positivas no jogo" - sobretudo o facto de Portugal estar de novo a jogar ao ataque, criando oportunidades de golo, depois de muito tempo jogando à defesa. Os problemas de concretização não nos tiram o sono, pelo menos não por enquanto. O caso mudará de figura se estes problemas se mantiverem...

 

Hoje temos mais um jogo para avaliar a situação, com a Bélgica. A ver o que aqueles totós fazem desta vez... 

Portugal 5 Camarões 1 - Momentos Brilhantes

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Na passada quarta-feira, dia 5 de março, a Seleção Portuguesa de Futebol recebeu a sua congénere camaronesa no Estádio Magalhães Pessoa, em Leiria, num encontro de carácter particular. Encontro, esse, que terminou com uma vitória da seleção da casa por 5-1.

 
Muito pela experiência da última fase de Qualificação, bem como de outros particulares no passado mais ou menos recente, as minhas expectativas eram baixas. Daí que o resultado final e o jogo - sobretudo a segunda parte - me tenham apanhado de surpresa, pela positiva. 
 
Portugal até entrou bem no jogo, com o seu equipamento novo. Este, já agora, não é feio. Gosto da ideia da gradação de cor, embora o tom mais claro se aproxime demasiado do cor-de-rosa para o meu gosto, pelo menos na transmissão televisiva (nas fotografias do jogo não parece tanto). Além disso, não sou grande fã dos equipamentos monocromáticos: afinal, cerca de quarenta por cento da bandeira portuguesa é verde. Tirando isto, eu aprovo.
 
Dizia eu que Portugal entrara bem no jogo. Muito graças ao estreante Rafa, que parecia empenhado em mostrar o seu valor. Cedo, contudo, os camaroneses deram um ar de sua graça, chegando a pregar-nos alguns sustos. O golo de Ronaldo acabou por surgir precisamente numa altura de ameaça por parte dos Camarões. Belo trabalho de João Moutinho, trazendo a bola para perto da grande área camaronesa, passando a João Pereira e este, por sua vez, colocando a bola em Ronaldo num passe diagonal, permitindo ao Capitão marcar o primeiro golo da Equipa de Todos Nós em 2014 (o primeiro de muitos, esperemos), e ultrapassar Pedro Pauleta na tabela de melhores marcadores da Seleção.
 
 
Agora que penso nisso, em menos de dez anos tivémos dois novos recordes em golos. O que é incrível. Quem sabe quem irá quebrar o recorde que Ronaldo, eventualmente, estabelecerá...
 
Adiante, o golo de Ronaldo não abalou demasiado os camaroneses. Pelo contrário, pareceu motivá-los ainda mais. Por fim, em cima do intervalo, Aboukabar aproveitou uma desatenção da defesa portuguesa para igualar o marcador.
 
Nos resumos não mostram - só a meio da segunda parte é que as imagens passaram - mas o marcador camaronês, após o golo imitou a meia pirueta, ilustrada em cima, com que Ronaldo tem celebrado os golos. Gostei. Pontos para a lata.
 
Bipartida como foi a primeira parte em termos exibicionais, o empate ao intervalo era justo. A Seleção entrou bem melhor na segunda parte, já que regressava a um esquema táctico mais próximo do costumeiro. Tivemos uma série de oportunidades até, finalmente, o nosso barbudo preferido, Raul Meireles - que até já tinha marcado aos Camarões em 2010, duas vezes - aproveitou um passe infeliz entre o guarda-redes camaronês e um defesa para roubar a bola e marcar o segundo golo português.
 
 
Este, sim, quebrou o gelo. A partir daí o jogo foi todo nosso. Nem dois minutos tinham passado e já Fábio Coentrão marcava o terceiro para Portugal e dedicava - digo eu - ao pai falecido e ao filho(a) que tem por nascer. Ele que estava a fazer um belo jogo, ele que na Seleção joga quase sempre bem, mesmo que não esteja a passar por um bom momento no seu clube.
 
Dez minutos mais tarde, Meireles isola Ronaldo, que faz das suas arrancadas em direção à baliza adversária, estilo as da segunda mão dos playoffs, que desaguavam todas em golo. Desta feita, como ele estava muito perto da linha lateral, não me pareceu que conseguisse marcar, apenas assistir. E foi o que aconteceu, mais ou menos. O guarda-redes fez uma defesa incompleta e Edinho aproveitou para fazer o quarto.
 
Ainda houve tempo para Ronaldo fazer, de novo, o gosto ao pé. É, de novo, ele a trazer a bola para junto da grande área camaronesa, passa a Antunes, que a devolve, quando o Capitão já está dentro da grande área, com Miguel Veloso ao lado. Durante momentos hesita, como se ele e Miguel estivessem a decidir quem remataria mas, no fim, ele finta os camaroneses, remata e marca, encerrando o marcador.
 
 
Foi sem dúvida um belo jogo, uma bela maneira de arrancar o ano com a Seleção Nacional. Arriscando cair em exageros, foi um dos melhores particulares dos últimos anos. E, embora os Camarões não sejam propriamente uma grande potência do futebol, também não são um Luxemburgo ou umas Ilhas Faroé, eles Qualificaram-se para o Mundial. Não convém, igualmente, esquecer a tristeza que foram os particulares pré-Euro 2012, o jogo com o Equador no ano passado. Não que a Seleção esteja hoje muito melhor do que estava na altura. Pura e simplesmente, levou o jogo mais a sério, cometeu menos erros (aliás, foi mais o outro lado a cometê-los.
 
Apesar de a grande estrela do encontro ter sido, para a Comunicação Social, Cristiano Ronaldo e a sua conquista do primeiro lugar na classificação dos marcadores portugueses, para mim é um particular alívio saber que há gente na Seleção capaz de marcar golos para além de Ronaldo. Depois de ele ter sido o único a marcar nos playoffs, tendo um dos golos corrigido duas argoladas cometidas pelos companheiros de equipa, eu estava a ficar preocupada. É verdade que a defesa camaronesa tinha as duas fragilidades, mas mesmo assim... 
 
Uma das coisas de que mais gostei neste jogo foi o facto de quase todos os que entraram em campo terem tido o seu momento brilhante, mesmo sem terem um desempenho uniforme. Começando pelos novatos, uns mais do que outros, certamente os mais motivados: William Carvalho, uma das sensações do campeonato português atual, que parece já estar integradíssimo na família, a todos os niveis; Rafa que, tal como disse antes, entrou muito bem no jogo; Ivan Cavaleiro, que teve um desempenho mais discreto mas a sua assistência para o golo de Fábio Coentrão valeu bem toda a polémica em torno da sua Chamada; Edinho, que marcou o quarto golo, e antes já tinha feito uma acrobaciazinha, seguida de um remate falhado. Pelo meio, João Moutinho foi, como sempre, o motor da Seleção; João Pereira mostrou o motivo pelo qual é considerado um dos melhores laterais-direitos da Europa; Fábio Coentrão, tal como disse acima, esteve num bom nível; Raul Meireles marcou o segundo golo e esteve na origem do quarto.
 
 
Como tal, tem-me irritado o destaque que a Comunicação Social têm dado a Cristiano Ronaldo a propósito deste jogo, quase ignorando os companheiros da Seleção. Quando o fizeram aquando dos playoffs frente à Suécia, eu aceitei porque, na verdade, foi ele o único a marcar mas, na quarta-feira, marcaram outros também. É certo que ele é, de facto, melhor do que os colegas em vários aspetos, merece ser reconhecido por isso, mas agir como se a Turma das Quinas fosse apenas "Ronaldo e mais dez" não e bom nem para os companheiros de Seleção, nem para o próprio Ronaldo. Os primeiros, por não verem os seus esforços devidamente valorizados. O último, porque leva com a pressão toda e se, por acaso, tiver um jogo menos conseguido, cai tudo em cima dele, injustamente - tal como aconteceu no jogo contra a Dinamarca, nos grupos do Euro 2012.
 
Cheguei mesmo a ler no outro dia um artigo de opinião na linha do "mais vulgaridade que qualidade" na Equipa de Todos Nós. Uma opinião que corria antes do Euro 2012, campeonato em que... chegámos às meias-finais, só falhando a final nos penálties com... a Espanha. Como podem ver, tais opiniões valem o que valem. E este artigo ainda tem a desculpa de ter sido escrito antes deste jogo. Com todas as condicionantes, este particular provou, uma vez mais, que a Seleção funciona bem como equipa, que existe um não-sei-quê na Equipa de Todos Nós que, quando está para aí virada, faz com que os jogadores escolhidos se superem a si mesmos, contrariando momentos de forma, tempo de utilização pelos respetivos clube, juízos da opinião pública. Continuo a achar que há por aí muito jogador a merecer lugar na Lista Final para o Brasil, para além daqueles que têm sido Convocados, mas a verdade é que, de uma maneira geral, as escolhas de Paulo Bento têm dado bons resultados. Mais do que isso, o Selecionador - bem como certamente, a restante equipa técnica, os outros jogadores, talvez mesmo a estrutura federativa - tem-se revelado capaz de, nos momentos decisivos, extrair o melhor dos Marmanjos. 
 
 
O maior mérito deste particular foi, precisamente, aumentar-me a esperança para o Mundial, dentro dos limites do realismo. Fazer-me acreditar que, qualquer que seja a Lista Final para o Brasil, independentemente das inevitáveis polémicas, Paulo Bento saberá fazê-la funcionar, tal como funcionou no Euro 2012. Que tudo pode acontecer. Mas não quero entrar muito por aí, não para já. Por enquanto, é dar graças por termos tido mais uma bela noite de Seleção, com todos os efeitos benéficos a ela associados. 
 
De resto, já que é quase meia-noite à hora em que publico isto, podemos considerar que faltam setenta e um dias para a Convocatória Final para o Campeonato do Mundo - altura em que a verdadeira diversão vai começar!
 
P.S. Esta é a centésima quinquagésima entrada deste blogue. Teria calhado melhor se fosse a próxima, se a número cento e cinquenta fosse a antevisão à Lista Final para o Brasil. Seria por volta do aniversário do blogue, perfeita para uma retrospetiva... Enfim. A mais cento e cinquenta publicações!