No passado domingo, dia 9 de junho, a Seleção Portuguesa de Futebol venceu a sua congénere holandesa por uma bola sem resposta, em jogo a contar para a final da Liga das Nações, no Estádio do Dragão, no Porto… e eu estive lá! A Seleção Nacional tornou-se, deste modo, a primeira a levantar o troféu da Liga das Nações.
Sem mais nem menos, quase sem darmos por ela, ganhámos o nosso segundo título em seleções A. Apenas o nosso segundo título de sempre e apenas três anos após ganharmos o primeiro.
Aviso desde já, este texto focar-se-á mais na minha experiência indo para o Porto, vendo o jogo e celebrando a vitória depois do que o jogo em si.
Eu e a minha irmã fomos de comboio até à Invicta durante a tarde de domingo. O nosso hotel – que era mais uma espécie de Airbnb do que propriamente um hotel – ficava perto da estação de São Bento. Deu para ver desde o início que a cidade estava convertida num estádio: em todo o lado, pessoas equipadas não só com as cores de Portugal mas também da Holanda e da Inglaterra. Mal saímos em São Bento, aliás, vimos um grupo de adeptos ingleses em cânticos – talvez celebrando a vitória perante a Suíça, no jogo pelo terceiro lugar.
Era um ambiente agradável: futebolístico, mas sem a tensão associada a adeptos mais fanáticos. É uma das melhores partes de organizarmos um campeonato de seleções.
Infelizmente, eu e a minha irmã saímos para o Estádio um bocadinho tarde demais. Tínhamos pensado apanhar um autocarro na Praça da Liberdade, perto dos Aliados. No entanto, depois de uns dez, quinze minutos à espera – juntamente com uns quantos adeptos ingleses, também tentando chegar ao Dragão – disseram-nos que, como várias ruas estavam cortadas ao trânsito, a circulação dos autocarros estaria condicionada. O melhor seria apanharmos o Metro.
Esta devia ter sido a nossa primeira opção (erro de amadoras…) e, agora, já eram sete da tarde. Vimos no Google Maps que o trajeto mais rápido seria através da estação do Bolhão, a uns dez minutos a pé. Umas raparigas inglesas, ainda mais desorientadas do que nós, pediram-nos para nos acompanharem e lá fomos, em passo acelerado. No Metro do Bolhão, estavam filas consideráveis nas bilheteiras, mas os funcionários junto às máquinas, ajudando os adeptos estrangeiros, aceleraram bastante o processo. Nem sequer tivemos de esperar muito pelo Metro, depois de comprarmos os bilhetes.
Ainda assim, chegámos ao Estádio do Dragão em cima da hora. Até esse momento, o atraso era exclusivamente nossa culpa. O que aconteceu a seguir não foi.
Os bilhetes foram comprados vários meses antes da fase final, através do site da UEFA. Para ter acesso aos mesmos, no entanto, tive de sacar uma aplicação especial para o efeito e preencher os meus dados pessoais para associar ao bilhete. Tinha a opção de ficar com os dois bilhetes, mas achei por bem transferir o segundo para a minha irmã, caso nos separássemos no caminho para o Estádio, por um motivo qualquer – e ela teve também de preencher com os seus dados.
Isto foi tudo muito bonito até chegarmos ao Dragão. Haviam dois checkpoints onde tínhamos de mostrar os bilhetes. No primeiro não houve problemas. No segundo, a minha irmã não conseguiu entrar. Pelo que eu percebi (posso estar errada), no caminho entre o primeiro e o segundo checkpoint, os dados do bilhete dela desapareceram. Enquanto esperávamos que se resolvesse a situação, ouvimos o hino do lado de fora (o que em retrospetiva não foi grave, teríamos nova oportunidade para cantá-lo nessa noite) e perdemos os primeiros cinco minutos do jogo.
Porque é que a UEFA não emitiu os bilhetes em PDF, como noutros sítios? Qual é a vantagem em pôr-se com mariquices tecnológicas que, em pelo menos metade dos casos, complicam em vez de facilitarem?
Enfim, fica a minha reclamação.
No meio disto tudo, houve tempo, ao menos, para entrar naquilo que me pareceu ser um vídeo de apanhados: um francês qualquer pediu-me para fazer a celebração do Ronaldo, com o “SI!!!!”. Quando a fiz, eles pegaram numa bola e fizeram-me uma cueca.
Se por acaso alguém der com o vídeo, publiquem o link nos comentários.
Finalmente chegámos aos nossos lugares, já com o jogo em curso. O Estádio do Dragão é lindo – e existe algo especial em ver jogos à luz do dia.
O ambiente estava fantástico. Ficámos sentadas perto da claque, que passou o jogo todo a cantar, puxando tanto pelo resto do público como pelos Marmanjos.
Também ajudava o facto de a Seleção estar a jogar bem – melhor do que eu estava à espera, melhor do que se via há algum tempo. Rúben Dias, por exemplo, teve uma exibição imperial – um adjetivo que costuma estar reservado para Pepe. É sempre uma delícia ver Bernardo Silva conseguindo linhas de passe entre adversários com o dobro do tamanho dele – estou cada vez mais rendida ao miúdo.
Por sua vez, Bruno Fernandes estava cheio de ganas. Só na primeira parte fez oito dos doze remates portugueses na primeira parte (como diziam no resumo da RTP, ele “tentou de todo o lado”). A Holanda só rematou uma vez.
Um pormenor engraçado: durante a primeira parte, a baliza holandesa estava do lado oposto ao nosso. Quando os portugueses atacavam, conseguíamos ver o público atrás da baliza levantando-se em massa, para o caso de haver golo.
Na segunda parte, a superioridade de Portugal transbordou finalmente para o marcador. A jogada do golo começou em Raphael Guerreiro, que fez um belo passe para Bernardo Silva. O miúdo consegue evitar os centrais holandeses, diz que ouviu Guedes a gritar “Bernardo!” nas costas dele. Fez o passe para trás, sem sequer saber ao certo onde estava o Gonçalo. Este, de qualquer forma, apodera-se da bola e não perdoa: dispara sem piedade para as redes holandesas.
Tivemos a sorte, não só de o golo ter sido marcado quando a baliza holandesa estava do nosso lado, mas também de Guedes e o resto da equipa ter vindo festejar para perto da nossa bancada. Guedes tem tido desempenhos inconsistentes na Seleção – por exemplo, desiludiu um pouco durante o Mundial 2018, apesar de ter tido boas exibições em particulares anteriores. Mas já tinha estado bem no jogo com a Suíça, ao assistir para o terceiro golo, e agora deixou a sua marca na História da Seleção, ao lado do eterno Éder.
Na última meia hora, a Holanda tentou, naturalmente, anular a vantagem. Foco em “tentou”. Tive algum receio de que, de facto, houvesse empate, mas Portugal defendeu bem o resultado. Meia hora depois do golo, o árbitro apitou três vezes e sagrámo-nos campeões da Liga das Nações.
Como seria de esperar, houve festa no Dragão. Como poderão ver nos vídeos, filmei parte dos festejos (peço desculpa desde já se estraguei o segundo vídeo com os meus dotes vocálicos – ou a falta deles). Felizmente a entrega da Taça foi no relvado e não na tribuna, como no Europeu. Conseguimos vê-la nas bancadas.
Só não deu para ver a careta de “bitch, please” de Ronaldo.
Não ficámos por aqui. Pouco depois de sairmos do Estádio, descobrimos que a celebração continuaria nos Aliados, junto à Câmara Municipal. Eu e a minha irmã fomos, claro – ficava de caminho para o nosso hotel e, já que tínhamos vindo até ao Porto, aproveitávamos a festa até ao fim.
Uma das melhores partes da noite foi andar pelas ruas da Invicta com uma bandeira (fornecida no Dragão) aos ombros. Se pudesse andaria assim todos os dias – ou, vá lá, quando fosse assistir a jogos da Seleção. A bandeira em si veio para Lisboa, o cabo ficou – não cabia na mala e não dava jeito trazê-lo. Talvez arranje outro…
Tal como Cristiano Ronaldo, esta foi a minha primeira vez nos Aliados. Não fiquei desiludida. Veio muita gente mas não houve confusão. Enquanto esperávamos pela Equipa de Todos Nós – e eles ainda demoraram um bocadinho – entretive-me dançando, apesar de odiar metade das músicas. Só as danço mesmo quando o rei faz anos… ou quando a Seleção ganha um troféu.
Eles finalmente chegaram e fizeram discursos. Confesso que me senti um bocadinho intrusa quando Cristiano Ronaldo, Fernando Santos e os outros dirigiram as palavras à cidade do Porto. No entanto, também eu estou grata à Invicta. Eles fizeram um ótimo trabalho organizando a Liga das Nações, bem como Guimarães. Mereciam aquela homenagem.
E, claro, houve hino. Não podia faltar. Compensou tê-lo perdido na final.
Em suma, foi uma das melhores noites da minha vida – por ter tido a oportunidade de ver a Seleção ganhar um título ao vivo, por ter podido festejar com eles. Um aspeto curioso: estive tanto no início da nossa jornada na Liga das Nações como na conclusão da mesma.
Faz-me pensar noutras ocasiões em que estive assim, com a Seleção. Antes a final do Euro 2004, debaixo de um viaduto perto da Ponte Vasco da Gama, acenando ao autocarro da Seleção. Depois do Mundial 2006, no Jamor, Luiz Felipe Scolari prometendo-nos que um dia celebraríamos uma grande vitória. Depois das meias-finais do Euro 2012, quando fui ao aeroporto para tentar consolar tanto os jogadores como a mim mesma por termos falhado a final. Quatro anos depois, no mesmo aeroporto, desta feita para celebrar o primeiro título, o primeiro final feliz.
Começam a ser muitos anos apoiando a Seleção, muitas recordações, tanto boas como más. E ainda nem fiz trinta anos. Tenho uma vida inteira com a Equipa de Todos Nós à minha frente.
Se fiquei tão feliz com este troféu como com a conquista do Europeu, há três anos? Com algo semelhante àquele êxtase incrédulo que durou semanas, se não tiver durado meses? Não. Ninguém está.
Compreende-se. Esta é a primeira edição da Liga das Nações. Tenho a impressão que há muita gente por aí, cá em Portugal e lá fora, que ainda não percebeu ao certo como isto funciona e/ou não lhe dá importância. É normal. Na primeira edição do Europeu, há quase sessenta anos, países como Inglaterra, Alemanha Ocidental e Itália recusaram-se a participar precisamente por não levarem a prova a sério.
Além disso, o 10 de julho foi a nossa primeira vitória após décadas e décadas de tentativas falhadas. Com a Liga das Nações conseguimos à primeira.
Em suma, isto é uma espécie de Taça da Liga para seleções europeias. Não é o mesmo que ganhar um Europeu ou Mundial, mas um título é um título. O prestígio virá com o tempo.
Na verdade, a melhor parte desta vitória é o facto de, à semelhança do que aconteceu com Euro 2016 em maior escala, quebrar alguns mitos (cheguei a acreditar um bocadinho nalguns deles). Nestes três anos, tanto cá em Portugal como lá fora, tem havido quem defenda que a conquista do Europeu foi um mero golpe de sorte, Deus Nosso Senhor presenteando Portugal através de Éder, um milagre que não se tornará a repetir.
Bem, estavam enganados – ficou provado. Tornámos a vencer uma final europeia. Por muito que isso custe a alguns, somos uma das melhores seleções da Europa, se não formos a melhor – pelo menos quando fazemos as coisas bem. E Fernando Santos contribuiu para isso – por muito que isso custe a alguns, mais uma vez.
Ficou também provado que não tem de ser sempre Ronaldo a decidir. Mais, a propósito do meu dilema no texto anterior: é possível conjugar os super-poderes do Capitão com os talentos desta geração mais jovem.
Dito isto, não retiro as críticas que fiz anteriormente a Fernando Santos e à Seleção em geral – sobretudo após os jogos da Qualificação para 2020. Fernando Santos nem sempre acerta – como qualquer ser humano. Mas já fez mais do que qualquer um dos seus antecessores. Merece a nossa confiança e, sobretudo, a nossa gratidão.
À semelhança de muita gente, sinto-me fortemente tentada a falar já na renovação do título europeu, daqui a um ano. Afinal de contas, esta Liga das Nações é um campeonato europeu jogado de outra forma. Se já ganhámos ambas as versões… Mas ainda é cedo para pensarmos nisso – até porque começámos o Apuramento com o pé errado e temos de corrigi-lo.
Quero concluir deixando um agradecimento à cidade do Porto, a Fernando Santos, aos Marmanjos e a toda a estrutura da Seleção por mais um título, mais uma noite inesquecível. E, claro, às pessoas que têm seguido tanto este blogue como a sua página no Facebook. Tenho tido alturas nos últimos anos em que me sinto menos motivada para este blogue, mas é sempre um prazer escrever sobre vitórias como esta. E, apesar de estar a tentar manter os pés na Terra, quer-me parecer que, a médio/longo prazo, nos esperam mais noites como esta.
Na passada quarta-feira, dia 5 de junho, a Seleção Portuguesa de Futebol venceu a sua congénere suíça por três bolas contra uma, em jogo a contar para as meias-finais da Liga das Nações. Portugal garantiu assim a presença na final, onde irá jogar hoje com a Holanda.
Deus Nosso Senhor… ou melhor, Cristiano Ronaldo ouviu as minhas preces. Portugal vai à final! Não temos de ir a Guimarães. É um alívio.
Fernando Santos surpreendeu ao meter de início João Félix e Bruno Fernandes, bem como Rúben Neves e Nelson Semedo. Parecia mentira. Cheguei a pensar se Fernando Santos estaria a ceder à pressão de alguns comentadores e mesmo da opinião pública em geral. Em teoria, era uma boa ideia. Na prática, era a primeira vez que aqueles jogadores iam jogar na mesma equipa. Não havia garantias.
Tentei manter o otimismo mesmo assim. No entanto, a Suíça entrou por cima e em cima se manteve durante uma boa parte do jogo. De uma maneira geral, não achei que a exibição tivesse sido tão má como alguns a têm pintado. Mas, sim, esperava-se melhor tendo em conta as individualidades em campo.
Houveram muitas ocasiões em que os suíços fizeram o que quiseram perante a nossa defesa. Dá para ver um bom exemplo disso no resumo abaixo, logo a primeira jogada. Até dói. Valeu Rui Patrício. Os únicos motivos pelos quais, aliás, a Suíça não se adiantou no marcador foram precisamente intervenções à última hora e uma dose generosa de sorte.
Acabámos por ser nós a abrir o marcador. Não tenho a certeza de que a falta é legítima, mas o livre foi executado na perfeição. O guarda-redes nem se conseguiu mexer.
Mesmo em desvantagem, os suíços não tiraram o pé do acelerador. Seferovic, em particular, estava com ganas – teve várias oportunidades, incluindo uma em que rematou contra a trave.
Por outro lado, em cima do intervalo, João Félix conseguiu isolar-se em frente à baliza aberta mas o suíço tocou-lhe no ombro, Félix atrapalhou-se e rematou para as nuvens. Gritei tanto com o miúdo nesse lance…
O domínio da suíça manteve-se no início da segunda parte mas, mesmo assim, só conseguiram marcar de penálti, em circunstâncias confusas para toda a gente. O jogo parara para consulta no vídeo-árbitro após uma possível falta sobre Bernardo Silva para penálti. Eu distraí-me por um momento com o telemóvel e, quando dei por ela, tinha sido marcado um penálti contra nós, no lance anterior.
Se eu fiquei confusa vendo o jogo em casa, imagino como se terão sentido as pessoas nas bancadas. Mas a verdade é que, no lance anterior, Nélson Semedo cometera falta para penálti, ou seja, tudo o que acontecera a seguir não era válido.
Confesso que tenho algumas dúvidas de que o penálti é legítimo – se aquilo é falta para penálti, o lance envolvendo João Félix, no final da primeira parte, também deveria ser – mas a verdade é que o nosso livre convertido a golo fora igualmente questionável. Só não percebo muito bem porque é que o VAR não parou a jogo logo a seguir à falta de Semedo. Acho que faz parte das regras do vídeo-árbitro, eles têm de deixar a jogada prosseguir, mas não entendo a lógica.
Ainda estamos todos em adaptação ao VAR.
Em todo o caso, Ricardo Rodriguez bateu o penálti. Rui Patrício adivinhou o lado – ou foi Ronaldo a segredar-lho ao ouvido, antes? – mas a bola passou-lhe por baixo do corpo. Estava feito o empate.
Os vinte minutos seguintes de jogo foram relativamente equilibrados. Portugal continuava sem conseguir criar grandes oportunidades. Nesta altura, a coisa parecia encaminhar-se para um prolongamento… o que eu não queria de todo. Seria mais meia hora nas pernas dos Marmanjos e poucos dias para recuperar para o jogo de domingo. Além disso, se tivéssemos de ir a penáltis, podia dar para os dois lados – e da última vez a coisa não deu para o nosso.
É nessa altura que, do nada, Cristiano Ronaldo saca dois coelhos da cartola. No primeiro, Rúben Neves fez um daqueles passes típicos dele, de longa distância, Bernardo Silva recebe a bola já na grande área, assiste para Ronaldo, que não perdoa.
Poucos minutos mais tarde, Gonçalo Guedes isolou Ronaldo a meio do meio-campo suíço. Quando este chegou à grande área, Guedes ainda lhe pediu a bola. Ronaldo no entanto deve ter pensado algo do género “Esquece, puto, ainda tu usavas fraldas e eu já resolvia jogos”. Ele mesmo se desviou de um par de suíços e rematou certeiro para as redes.
E assim se mudou o curso de um jogo em o quê? Cinco minutos? É isto Cristiano Ronaldo: de um momento para o outro decide um jogo. Se isto fosse ficção, uma história, haveria quem acusasse o Capitão de ser um Deus Ex Machina: uma personagem, objeto ou evento que surge do nada, sem quaisquer indícios antes e altera por completo o curso da história – geralmente resolvendo as coisas a favor dos protagonistas.
Não foi isso que Ronaldo fez? Mudar o rumo da narrativa quando toda a gente pensava saber como a história ia acabar – ou pelo menos o que aconteceria a seguir?
Antes de partirmos sobre as reflexões gerais, uma nota para o público no Dragão: proporcionaram um ambiente fantástico que, acredito, contribuiu para a vitória. Consta que estiveram elementos de várias claques a dirigir os cânticos, à semelhança do que aconteceu durante o Euro 2016 (se as claques só servissem para isto…). Destaque para os cânticos de “CRIIIISTIANO RONAAALDO!!”, como no vídeo acima. Houve um momento em que deu para ver o Capitão incapaz de conter o sorriso perante todas aquelas vozes.
Mal posso esperar por fazer parte deste ambiente na final.
O jogo terminou, assim, com um resultado que, todos concordam, não reflete a diferença de qualidade entre as duas equipas. Nada disto é novo: um jogo em que o coletivo deixou a desejar, com uma exibição entre o fraquinho e o assim-assim, com o Capitão-papá a salvar o couro nacional.
Não acho que tenha sido Ronaldo-mais-dez – Rúben Neves, Bernardo Silva e Gonçalo Guedes foram importantes para o segundo e terceiro golos; Pepe, Rúben Dias e William tiveram os seus momentos. No entanto, mantém-se muitos dos problemas que já se tinham manifestado nos jogos da Qualificação. A diferença é que, desta vez, Ronaldo conseguiu resolver.
Na Conferência de Imprensa após o jogo, Fernando Santos justificou-se dizendo que tem tido pouquíssimo tempo para trabalhar com os jogadores. É uma “desculpa” já tem barbas em contexto de seleção, mas estará errada? Pelo que tenho lido e ouvido, muitos comentadores parecem saber exatamente como colocar estes talentos a uso. Não digo que estejam errados mas, na prática, será que eles, ou outros treinadores, conseguiriam melhores resultados?
Também tem surgido a questão – não tanto entre os comentadores, mais entre os adeptos – de se Portugal joga melhor com Ronaldo ou sem ele. As exibições durante as fase de grupos da Liga das Nações sem o Capitão foram, de facto, melhorzinhas – o primeiro jogo com a Itália e com a Polónia, pelo menos. Mas, se me permitem simplificar demasiado a coisa e/ou falar de coisas que não entendo a cem por cento, será preferível termos uma equipa sem Ronaldo, com todas as individualidades mais jovens à vontade para mostrarem o que valem? Ou termos uma equipa montada em torno de Ronaldo, em que os mais jovens jogam pior, mas em que o Capitão pode fazer a sua cena e dar-nos vitórias? Não há nenhuma maneira de combinar as duas opções?
Enfim. Tudo isto são questões para médio/longo prazo. A curto prazo, temos uma final para disputar, hoje. A nossa terceira final europeia. A segunda final europeia em casa. É certo que não tem o prestígio de um Europeu, mas isso deve-se, em parte, ao facto de ser a primeira edição. E eu vou estar lá!
O nosso adversário será a Holanda. Conforme escrevi antes, eu teria apostado na Inglaterra – eles no entanto cometeram erros, em parte devido ao cansaço, que se revelaram fatais. Ainda assim, só vi o prolongamento, mas aqui garantem que a Holanda dominou em praticamente todos os aspetos estatísticos. Temos a nosso favor o histórico, o fator casa, um dia extra de descanso para nos, mais meia hora de jogo para eles. O que não é garantia de nada.
Em suma, não vai ser pêra doce. Ou melhor, não vai ser laranja doce.
A questão é agora saber se a qualidade exibicional que temos apresentado nos últimos jogos será suficiente perante esta Holanda. Não sei se será – teremos de jogar um bocadinho melhor.
Como o costume, vou procurar manter o otimismo apesar das minhas reservas. Afinal de contas, eu também achava que poderíamos não ter qualidade suficiente para vencer a última final em que participámos. Não será o fim do mundo se não conseguirmos ganhar. Mas não é todos os dias que temos a oportunidade de lutar por um título, muito menos em casa. Temos a obrigação de dar o nosso melhor – e acredito que é isso que os Maranjos farão. Por todos nós.
Continuem a acompanhar esta aventura na Liga das Nações quer aqui neste blogue quer na página do Facebook.
No passado domingo, 29 de maio, a Seleção Portuguesa de Futebol venceu a sua congénere norueguesa por três bolas sem resposta, no Estádio do Dragão, em jogo de carácter preparatório do Campeonato Europeu da modalidade, que começa na próxima semana.
Vou ter de dar a mão à palmatória, pois eu não estava nada à espera de um resultado como este. Tal como escrevi na crónica anterior, os últimos particulares semelhantes a este acabaram sempre sem golos e com exibições fracas. Eu até antecipei as críticas que provavelmente fariam à Seleção depois deste jogo! Não que este tenha sido um grande encontro, mas teve um bom resultado e deixou boas indicações para o Europeu.
Sei que Portugal entrou bem no jogo, dominando durante os primeiros minutos, abrandando o ritmo depois. A verdade é que não prestei muita atenção ao jogo durante a primeira parte. Estava, aliás, distraída, na conversa, no momento do golo de Ricardo Quaresma (em minha defesa, era sobre algo mais ou menos importante). Fico com pena de não ter visto a trivela em direto: uma bela obra de arte, nove anos depois de outra trivela marcante, frente à Bélgica. Já se começa a dizer que Quaresma desafia a titularidade de Nani. Eu não diria ainda isso, que Nani já conta muitos anos a virar frangos e atravessa um bom momento. Mas a Seleção só tem a ganhar com este tipo de concorrência.
Como referi acima, depois dos primeiros vinte minutos, a Seleção baixou as linhas - mais do que Fernando Santos esperava, segundo declarações do mesmo no fim do jogo. Não me passou despercebida a fífia de José Fonte com o norueguês King, que poderia ter dado para o torto não fosse a intervenção do guarda-redes Anthony Lopes.
Na segunda parte as coisas estiveram um pouco mais consistentes para o lado português. Pouco após os sessenta minutos, é marcado livre a nosso favor. Adrien e Raphael Guerreiro posicionam-se para marcar. Enquanto tentava adivinhar qual dos dois bateria o livre, lembrei-me, por acaso, que Guerreiro já tinha marcado pelo menos um golo pelo seu clube de maneira semelhante. E de facto o miúdo executou o livre de forma soberba para dentro da baliza.
Este golo deixou-me muito satisfeita. Como sabem, fiquei rendida a Raphael Guerreiro com o inesquecível golo à Argentina, no último minuto. Renato Sanches pode ser o menino-prodígio do momento, mas Guerreiro merece tanto carinho como ele. Continuo a fazer figas para que Guerreiro seja titular.
Entretanto, Ricardo Carvalho e Ricardo Quaresma foram substituídos e Éder recebeu a braçadeira de Capitão. Eu e a minha irmã estranhámos o facto, mas a verdade é que não havia ninguém mais experiente em campo em termos de Seleção.
- Só para verem - disse a minha irmã - o Éder é ponta-de-lança, tem internacionalizações suficientes para ser Capitão, mas só tem um golo marcado.
Eu tive de concordar. No entanto, Éder calar-nos-ia a todos aos setenta e um minutos, ao encostar para a baliza após passe de João Mário.
É isto que queremos de Éder. Que marque golos, que justifique a Convocatória, a confiança do Selecionador, o benefício da dúvida que lhe dei, que vá calando os críticos, eu incluída. Este golo servirá, certamente, para dar confiança a Éder para os próximos jogos, sobretudo durante o Europeu.
No fim do jogo, o público entoou o cântico novo, "Tudo O Que Eu te Dou - Somos Portugal", algo que já tinha ocorrido amiudadas vezes durante o jogo, encorajados pelo speaker - a Federação está mesmo a tentar enfiar-nos o cântico pelas goelas abaixo. Dito isto, eu até gostei de ouvir o público cantando em coro durante o jogo. Era isto que o Cristiano Ronaldo queria, não era?
Este foi o resultado mais dilatado da era Fernando Santos. A Noruega, não sendo uma potência do futebol, também não está propriamente ao nível do Luxemburgo. É um claro progresso relativamente aos primeiros particulares de estágios anteriores. As falhas apresentadas neste jogo (e não foram assim tão poucas) não são motivo para grandes dramas, nesta altura do campeonato.
Dito isto tudo, Fernando Santos não alinhou em euforias, bem pelo contrário. O Selecionador disse mesmo que "o resultado é bom mas não é mais do que isso", que "esperava um pouco mais neste jogo em termos de automatismos". Concorde-se ou não com ele, é sempre preferível quando o treinador está menos satisfeito que os comentadores em geral. Porque o treinador pode corrigir os defeitos que encontra, ao contrário do comentador e do adepto comum. Em todo o caso, conforme Cédric afirmou após o jogo, a preparação ainda estava a começar aquando do jogo, ainda havia tempo para limar as arestas que faltavam.
A Seleção volta a entrar em campo hoje, com um adversário de calibre bem diferente. Os nossos três últimos jogos com a Inglaterra foram... engraçados. Só me lembro dos dois últimos - falei dos dois em entradas recentes. Mas já se passaram dez anos. Segundo o que tenho lido, hoje a seleção inglesa é uma seleção muito jovem e parte para o Europeu com ambições semelhantes às nossas.
Este jogo com a Inglaterra será um teste de fogo à Equipa de Todos Nós, para ver como esta se sai perante uma seleção grande. Tendo em conta que nunca ganhámos em terras de Sua Majestade e estando nós ainda a meio da preparação do Europeu e sem Cristiano Ronaldo, as minhas expectativas para este jogo não são muito altas. No entanto, a Seleção já surpreendeu perante equipas grandes nos últimos dois anos (com as devidas atenuantes). Nunca se sabe, portanto...
Tenho uma certa pena por Cristiano Ronaldo não participar neste jogo. Tinha uma curiosidade mórbida relativamente à maneira como os ingleses o receberiam depois do que aconteceu no Mundial 2006. Também tenho pena que não tenham convidado o guarda-redes Ricardo para assistir ao jogo, só para gozar.
Podemos ir ainda a meio da preparação do Europeu, mas já conseguimos coisas importantes. O grupo parece unido, motivado, empenhado. A mensagem ambiciosa de Fernando Santos está a ser adotada, colocada em prática por toda a Seleção (jogadores, equipa técnica, pessoal de apoio), a alastrar um pouco para a massa adepta. São cada vez mais as vozes que se juntam ao coro daqueles que acreditam na nossa Seleção (José Mourinho, Rui Costa, Marco Silva...). Tudo isto pode não ser suficiente para garantir um bom desempenho no Europeu, mas ajuda muito. Não me lembro de isto ter existido aquando do Mundial 2014, pelo menos não neste grau - talvez isso tenha feito a diferença.
Uma parte de mim continua com algum medo, algum cepticismo, sem certezas absoluta de que a Equipa de Todos Nós conseguirá traduzir todo este otimismo, toda esta ambição em campo. Rui Costa, no entanto, já disse que Portugal não pode ter medo de se assumir como candidato. Fernando Santos disse em tempos que Portugal brilha quando não tem medo - os grandes feitos da nossa Seleção nos últimos dezasseis anos são prova disso. Por fim, Pedro Pauleta disse há dez anos, precisamente numa sala cheia de ingleses, que o povo português não tem medo de nada, que foi assim que conseguiu dar novos mundos ao Mundo.
Que o jogo de hoje sirva, então, para Portugal praticar o futebol sem medo.
Na passada terça-feira, dia 16 de outubro, a Seleção Portuguesa de Futebol recebeu a sua congénere norte-irlandesa no Estádio do Dragão, em jogo contando para o Apuramento para o Mundial 2014, que terá lugar no Brasil. O encontro terminou com um empate a uma bola.
Como disseram na quarta-feira de manhã, na Antena1, não foi Seleção, foi deceção. É uma boa maneira de resumir o jogo. Ninguém estava à espera que a Turma das Quinas consentisse tal resultado quando tínhamos tudo para sairmos do Dragão com uma vitória.
Eu estava bastante confiante, bem disposta, aquando do início do jogo e não era a única. Toda a gente se sentia orgulhosa e entusiasmada com a centésima internacionalização de Cristiano Ronaldo, que foi homenageado por tal feito no início do jogo, na presença de outro herói da Seleção, o inesquecível Luís Figo.
Outro belo momento antes do início do jogo foi o hino cantado por Rui Reininho, dos GNR. Uma vez que há já muitos anos que associo a música Sangue Oculto à Seleção Nacional, quase esperei que Rui, em vez do hino, começasse a cantar: "Há luz na artéria principal...". Em todo o caso, a presença do cantor fez-me sorrir enquanto entoava o hino. A voz dele, contudo, mal se ouviu no meio das cinquenta mil gargantas do Dragão.
A alegria no início do jogo não duraria muito. A primeira parte de Portugal foi medíocre ao ponto de a nossa melhor oportunidade ter sido um quase auto-golo. E a jogada que deu origem ao tento que colocou os norte-irlandeses em vantagem foi uma reposição do golo russo de sexta-feira passada. Não queria acreditar no que estava a acontecer, não percebia como é que estávamos a perder aquele jogo.
Aquando do início da segunda parte, obriguei a mim mesma a seguir a minha própria máxima de acreditar até ao apito final. No fim de contas, nunca ninguém disse que era fácil ser-se adepto incondicional da Seleção. Aquele era apenas mais um exemplo.
No entanto, como diz a música, ninguém disse que seria tão difícil, depois do nosso passado recente. Mas já lá vamos.
Na segunda parte, Portugal decidiu finalmente começar a jogar, embora o desacerto entre os jogadores fosse evidente. No entanto, apesar de continuar a barafustar no Twitter, à semelhança de muito boa gente, sentia que o golo do empate já estivera mais longe.
Mesmo assim, ainda tivemos de esperar até aos oitenta minutos para que o golo do empate chegasse. Dos pés do Hélder Postiga, como não podia deixar de ser. Podem alegar que é sorte, que ele precisa de vinte remates para marcar um golo, que com a tenda montada na grande área norte-irlandesa alguma bola teria de entrar, que ele não roça os calcanhares a "matadores" como Pedro Pauleta, que o Paulo Bento tem um "fetiche" pelo Carteiro, mas a verdade é que ele já conta três golos em quatro jogos nesta fase de Qualuificação - e quando ele não marcou, mais ninguém envergando a camisola das Quinas o fez. Outros, se calhar, marcariam golos mais facilmente mas, pelos vistos, não se têm dado a esse trabalho.
Depois deste golo, Portugal continuou a procurar colocar-se à frente no marcador, a ver se conseguíamos os três pontos, mas tínhamos acordado tarde de mais. Quando o jogo acabou, cada uma das equipas em campo no Dragão ganhou apenas um ponto.
De repente, a Seleção está num mau momento. Numa altura em que nunca havíamos precisado tanto de uma alegria, em que eu nunca havia precisado tanto de uma alegria, a Seleção perde um jogo e empata outro. Acabamos por ficar na mesma situação em que estávamos há dois anos, com a diferença de que, quando era para o Euro 2012, foi uma melhoria, uma recuperação milagrosa Isto, isto foi uma escorregadela das grandes. Que até podia ter sido pior. Algo que, depois da emocionante reviravolta que foi a Qualificação para o Euro 2012, do nosso percurso nessa fase final, nunca pensei que acontecesse tão cedo.
Sinto-me traída. Durante estes dois anos, a Seleção esteve associada a alegria, a boas recordações, a esperança de momentos ainda melhores no futuro, mesmo depois de termos sido expulsos do Euro 2012. Foi um consolo, em suma. Com isto, transformou-se em mais uma fonte de angústia. Logo agora...
Agora só temos novo jogo oficial daqui a cinco meses. Em circunstâncias normais, estaria desagradada com isso. No entanto, esta pausa prolongada pode vir a dar jeito pois é urgente pararmos e refletirmos. Porque só vejo a Seleção cometendo os mesmos erros outra e outra vez, alguns dos quais já vêm de trás. Dependência excessiva no onze-base, más entradas em jogo, deslizes na defesa, o eterno problema da finalização, etc. Alguma coisa terá de mudar. Espero que Paulo Bento o perceba e consiga resolver este imbróglio.
Os particulares que vamos ter entre estes jogos de Qualificação (dois, penso eu) são capazes de ajudar. O primeiro é no próximo mês, frente ao Gabão. Como o jogo virá numa altura complicada para mim e duvido que haja muito a dizer, talvez não publique entrada pré-jogo. Mas não deixarei de manter a página do Facebook atualizada.
Apesar de a Seleção nos ter traído completamente, de ter falhado, continuo a colocar os Marmanjos num pote diferente das outras instituições deste País. Porque a Equipa de Todos Nós de vez em quando falha, como tudo na vida. No entanto, ao contrário dos nossos políticos, é capaz de se levantar e de, mais cedo ou mais tarde, dar uma alegria aos portugueses, por pequena que seja, fazer por merecer o apoio, a fé e... o dinheiro gasto nos bilhetes para os jogos. Ainda acho que vamos conseguir Qualificarmo-nos, nem que seja via play-offs. Não é por isso que estou zangada. Estou zangada porque acho que seríamos capazes de nos apurarmos sem este drama todo. É como diz o Menos Ais: "Continhas até ao fim não é tradição, é sina". A Seleção parece, por vezes, fazer de propósito, só parece ser capaz de acordar para a vida quando sente "o rabinho a arder", como diz a minha irmã. E qualquer alegria que nos possam dar, agora só virá em março do próximo ano.
E daí, talvez o jogo com o Gabão ajude nisso, talvez nos dê uma vitoriazita que nos ajude a dormir melhor nessa noite. Que nos faça acreditar, nem que seja um pouco, que a Seleção pode dar a volta a este texto e dar-nos alegrias maiores em breve. Durante estas próximas semanas, procurarei agarrar-me a esse pensamento como forma de neutralizar o sabor amargo que esta jornada dupla deixou na boca.Só espero que a Turma das Quinas não torne a boicotar tais esperanças daqui a um mês.