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O Meu Clube É a Seleção!

Mulher de muitas paixões, a Seleção Nacional é uma delas.

Costa do Marfim 0 Portugal 0 - E agora?

Ontem a Selecção Portuguesa estreou-se no Campeonato do Mundo de 2010 com um empate sem golos frente à Costa do Marfim.

O jogo esteve longe de ser brilhante. Ao contrário de muito boa gente, eu pude ver o jogo, mas mais valia não ter visto. Como tenho MEO, resolvi experimentar ver o tão publicidado canal interactivo, com ferramentas que permitem sintonizar uma câmara sempre apontada para o treinador. Realmente, era giro. E a qualidade era excelente. O pior é que os comentários e as imagens não estavam em sincronia, mais ou menos o que acontece quando ouvimos o relato na rádio e vemos na televisão ao mesmo tempo. Pois, o Ricardo Araújo Pereira e companhia esqueceram-se de mencionar esse pormenor.

Depressa se percebeu que o resultado não ia ser famoso. Os Navegadores estavam a jogar de forma muito esquisita, não sei explicar bem, e enervaram-me. De resto, já se fizeram muitos relatos de como jogámos, não vale a pena dizer a mesma coisa. Em relação à primeira parte, vou só mencionar o tiro do Cristiano aos dez minutos, que se tivesse acertado no alvo podia ter mudado por completo o enredo do jogo, e o cartão amarelo do mesmo jogador. Quando o árbitro o mostrou eu pensei logo: Boa, o Mundial ainda agora começou e este já está amarelado. Se me vê outro, corre o risco de falhar um jogo. Se isso acontece, será o bom e o bonito. Depois, quando mostraram a repetição, deu para ler nos lábios dele as doces palavras que dirigiu a um adversário. Eu comentei para o meu irmão:

- É impressão minha ou ele 'tava a dizer...?

- 'Tava - confirmou o meu irmão.

Parece que a Federação vai pedir a anulação do cartão amarelo, de resto. Anunciaram isso no site deles (
http://www.fpf.pt/portal/page/portal/PORTAL_FUTEBOL/SELECCOES/NOTICIA?notid=9350734). Eles alegam que o Cristiano "foi rasteirado e empurrado à entrada da grande área da selecção da Costa do Marfim. Assim que se levantou, foi rodeado por jogadores adversários, tendo sido empurrado e insultado". Nessa parte, acredito. Eles afirmam mais à frente que ele "apenas se procurou afastar daqueles jogadores", mas não mencionam o palavrão, por isso não podem dizer que ele apenas se quis afastar. Em todo o caso, visto que ele foi provocado, também acho que o cartão amarelo foi um bocado exagerado. Contudo, duvido que aceitem retirar o cartão.


Mais tarde, vimos o Ricardo Carvalho também dizer "f**k off!" a um adversário.

- Olha outro - comentei eu.

- Eles sabem as conjugações todas deste verbo! - gracejou o meu irmão - Sabem os phrasal verbs todos!

Embora não tenha assim tanta piada quanto isso, às vezes divirto-me a ler os lábios de jogadores e treinadores durante os jogos, tentando descortinar os palavrões que dizem.

Mas voltando ao jogo, durante o intervalo desejei que Carlos Queiroz estivesse naquele preciso momento a dar um valente puxão de orelhas aos jogadores e que eles entrassem melhor na segunda parte. Enganei-me. A segunda parte foi tão má quanto a primeira, no meu humilde ver. O que nos valia era termos uma boa defesa, era termos o Eduardo sempre atento. Houve alturas em que quase desejei que o jogo acabasse, para acabar de vez com aquele sofrimento. Contudo, aquilo que eu realmente desejava era um golo, um mísero golo. Não tive sorte. O marcador manteve-se por abrir até ao apito final. Quando o jogo acabou, a minha reacção foi:

- OK. Empatámos. E agora? Como é?

Depois do jogo fui ouvindo entrevistas, comentadores, procurando explicações para o fraco desempenho da equipa. O Deco, na zona mista, criticou a opção de Queiroz de pô-lo a jogar numa posição que não é a sua habitual. O Navegador já pediu desculpas, já afirmou que disse aquilo "a quente, e sem o melhor discernimento, pois o jogo tinha terminado há pouco e sentia-me profundamente frustrado por não ter ajudado a equipa a ganhar". Não será a primeira nem a última vez que uma situação dessas ocorrerá. Contudo, uma atitude destas ainda é de esperar num jogador mais jovem, mas num jogador com a experiência de Deco já não é tão tolerável. Em que estava ele a pensar? Não podia ter falado com Queiroz em privado? Tinha de dar mais uma machadada na credibilidade do Seleccionador, já fragilizada por este resultado? Ele pode pedir desculpa, mas já desceu na minha consideração.

É que eu realmente não percebo porque é que não jogaram melhor. Ouvi várias teorias: ansiedade, medo de perder, contenção. Até agora nenhuma me convenceu totalmente. Que diabo, eles fartaram-se de repetir a lengalenga de o-mais-importante-é-ganhar-o-primeiro-jogo... Só fiquei um pouco mais aliviada quando me pus a ver o "À noite, o Mundial", na RTPN, e foi dito que o resultado "não é tão mau"; que se ganharmos à Coreia do Norte e se o Brasil vencer a Costa do Marfim, ficamos com quatro pontos, a Costa do Marfim fica com um e se empatarmos com o Brasil, passamos nós e os nossos irmãos; que "quem perdesse este jogo ficava fora do Mundial". Eles percebem muito mais de futebol do que eu, por isso... Mais: no Euro 2004 começámos mal, mas depois chegámos à final (até rima). Podia ser pior. A França, a Itália e a Inglaterra estão numa situação parecida com a nossa. E a Espanha até perdeu com a Suíça (a Espanha! Aquela em que apostava como Campeã Mundial!). Ainda está tudo em aberto. Ainda é possível.

Só que eu estava à espera de mais, sabem? Estava à espera que eles entrassem com mais garra, mais determinação, mais coragem neste Mundial. Talvez esteja a ser ingénua, talvez seja "folclore", como diziam na RTPN, mas é assim que me sinto. E saber que não somos os únicos nesta situação, que existem equipas em pior situação, não é grande consolo. Quero mais!

A Selecção desiludiu-me, é certo, mas isso não chega para fazer-me atirar a toalha ao chão. Eles têm razão, ainda estamos longe de falhar. Aliás, os Navegadores até costumam sair-se melhor sob pressão. Aconteceu na fase de qualificação, há-de acontecer o mesmo agora. Disse várias vezes que os apoiava em qualquer circunstâncias e é isso que farei. Nos bons e nos maus momentos. Enquanto for possível, acreditarei. Até ao apito final.

Antes da nossa estreia no Mundial

É amanhã que a Selecção Portuguesa entra em campo para defrontar a Costa do Marfim. Muito se tem falado, escrito, comentado, especulado, criticado, profetizado em relação à nossa potencial prestação no Mundial, mas será a partir de amanhã que veremos o que realmente acontecerá, o que a Selecção realmente fará. Faltam menos de 24 horas. Não sentem já aquele bichinho?

O Mundial propriamente dito já começou há três dias. Confesso que não tenho seguido os jogos com muito interesse, mas tenho tentado estar a par dos resultados e das notícias mais importantes. Estive sem Internet este fim-de-semana... Ando a tomar nota dos resultados num calendariozinho que andaram a distribuir como publicidade a uma escola de condução que abriu há pouco tempo e que a minha vizinha me ofereceu. Depois, quando tiver tempo, passo os resultados para o mapa que está afixado na parede do meu quarto. Parece que, de resto, os jogos têm sido um bocado entediantes, com empates, vitórias pela margem mínima... Exceptuando o Alemanha-Austrália. De resto, é a nossa Selecção que realmente me interessa.

Uma das coisas que tem sido duramente criticada é a vuvuzela. Os adeptos levam este instrumento para os estádios e durante todo o jogo ouve-se um constante zumbido - e eu interrogo-me como é que há fôlego para tanto. Para nós, que assistimos ao jogo pela televisão e podemos regular o som, até pode ser tolerável, mas para quem lá está deve incomodar. Cheguei a ler num jornal que o barulho pode ser tão prejudicial aos nossos ouvidos como o ruído de uma motosserra. Vários jogadores se têm queixado que não se conseguem ouvir uns aos outros em campo. Hoje até ouvi que os jogadores holandeses (ou os dinamarqueses, não tenho a certeza) andaram a praticar a linguagem gestual para comunicarem entre si. Evra, capitão da Selecção Francesa chegou mesmo a culpar as vuvuzelas pelo empate frente ao Uruguai. Pois, claro! Pelo menos em relação a esta última, como diria a minha professora de Português: Eu sei dançar! O chão da sala é que está torto! Mas, piadas à parte, já se pondera pura e simplesmente proibir as vuvuzelas.

Eu acho triste ter de se chegar a esse ponto. Eu gostei da ideia das vuvuzelas, por motivos que já expliquei aqui e por outros. A vuvuzela podia tornar-se o símbolo do Mundial da Àfrica do Sul. Nos últimos tempos, oiço ocasionalmente o som de uma vuvuzela vinda da rua, o que me recorda a Selecção e me faz sorrir. Só que o pessoal exagerou. A sério, não podiam limitar-se a soprar a vuvuzela depois dos golos ou assim? Não, tinham logo de estragar tudo, de obrigar a FIFA a proibi-las!

Aquela campanha toda da Galp, do toca-a-vuvuzela-para-apoiar-a-Selecção, corre o risco de ser pior a emenda que o soneto... Agora seria mais adequado tocar as vuvuzelas quando o adversário tem a posse de bola, como sinal de vaia. Aposto que o Simão já se arrependeu de ter entrado na campanha.

Mudemos de assunto.

Na semana passada, mais rigorosamente no dia 9, li n'O Correio da Manhã sobre uma metáfora criada por um jornal sueco, de nome Dagens Nyheter, que achei muito engraçada. Estes comparam os concorrentes do Mundial a animais da selva africana. Assim, nós, os portugueses, somos como as chitas, uma vez que as nossas maiores armas são a "velocidade e capacidade de preparar emboscadas às presas". Também são apontadas como potencialidades da Selecção Portuguesa "a rapidez e a potência de Cristiano Ronaldo".

A Selecção brasileira é comparada com o leão, o Rei da selva. Segundo o jornal, os nossos irmãos precisam de "organização e cooperação para atingir os seus objectivos". O búfalo é a Argentina, uma vez que "ninguém se atreve a atacar". A Selecção Alemã é um elefante, por ser "a mais pesada e experiente da selva". A Espanha é elegante e mortífera como o leopardo. Finalmente, a Àfrica do Sul é como a zebra - engraçada mas uma presa fácil. Tive imensa pena de não falarem de mais equipas para além destas.

OK, falemos então da viagem iniciamos amanhã à tarde. Eu tenho de confessar uma coisa: tenho um bocadinho de medo. Não me interpretem mal, não é por não acreditar, nem nada disso. Contudo, não consigo evitá-lo. Quer dizer, nunca deixei de apoiar a Selecção e contudo, os jogadores deram-me várias desilusões ao longo destes últimos dois anos. Não consigo deixar de recear que as coisas corram mal. De resto, já senti medo no Euro 2008 e até no Mundial 2006. Quem não tiver nem que seja um bocadinho de medo que falhemos, quem tiver certezas absolutas de que vamos ser bem-sucedidos, que atire a primeira pedra!

Contudo, pegando de novo na metáfora cliché dos Descobrimentos, se os nossos antepassados não tivessem conseguido ultrapassar o medo, nunca teriam descoberto nem a Madeira e os Açores, quanto mais a Índia! Quem quer passar além do Bojador/ tem que passar além da dor.

Além disso, nós até temos condições para fazer uma boa prestação. Tivemos um mês para preparar o Mundial. Não estivemos mal nos dois últimos particulares e num dos quais enfrentámos outra Selecção qualificada para o Campeonato do Mundo. Já ficou provado que os Navegadores actuam melhor sobre pressão. No futebol, tudo é possível. Porque não?

Em suma, em relação a este assunto, não me considero nem optimista, nem pessimista. Considero-me realista, se bem que inclinada para o optimismo. Segundo uma frase cujo o autor desconheço, O pessimista queixa-se do vento, o optimista espera que ele mude, o realista ajusta as velas. Nesta metáfora, o ajustar das velas corresponde a darmos tudo o que temos em campo e a puxarmos pela Selecção até ao limite, até deixar de ser possível. É isso que tenciono fazer amanhã e enquanto a Selecção estiver na Àfrica do Sul. Em frente, Portugal! Vamos a eles!

Termino esta entrada com um poema que vi na Sexta-feira, dia 11, no Destak, na parte das cartas dos leitores. Só não me lembro do autor...

Com a Selecção no coração!

Portugal vai cantar,
Portugal vai amar
estar com a Selecção
amá-la com o coração!
Embalemos para a vitória,
ficando na própria história
Tenhamos muita esperança
e toda a confiança!
Acompanhemos com amor,
como Povo lutador,
Olhemos a Selecção,
com fé e emoçao!
Orgulhemo-nos da Selecção,
cantando-lhe com devoçao.
sabendo dar-lhe a mão.
como hino da Nação!
Portugal vai cantar,
Portugal vai amar.
Estando com a Selecção,
temo-la no coração!