No passado sábado, dia 9 de outubro, a Seleção Portuguesa de Futebol venceu a sua congénere catari por três bolas sem resposta, em jogo de carácter particular. Três dias depois, venceu a sua congénere luxemburguesa por cinco bolas sem resposta, em jogo a contar para a Qualificação para o Mundial 2022… e eu estive lá!
Neste texto, vou focar-me menos no jogo com o Catar e mais no jogo com o Luxemburgo. O primeiro foi apenas um particular, menos importante. O segundo foi oficial, com um pouco mais de história, e foi o meu regresso aos jogos da Seleção, mais de dois anos e uma pandemia depois da minha última vez. Tenho muito mais a dizer.
Não que o jogo com o Catar tenha sido mau. Foi acima da média no que toca a particulares nos últimos anos e houve uma clara melhoria em relação ao jogo do mês passado. Os jogadores encararam o jogo com seriedade – gostei do desempenho de Gonçalo Guedes, por exemplo, mas os grandes destaques foram os estreantes, como veremos já a seguir.
Por outro lado, o Catar também não deu uma para a caixa.
Ainda assim, foi preciso esperar mais de meia hora pelo primeiro golo da Seleção. O estreante Matheus Nunes fez um excelente passe para outro estreante, Diogo Dalot, em cima da linha final. Este assistiu de cabeça para Cristiano Ronaldo, que não desperdiçou.
Sem desprimor para o nosso Capitão, que juntou mais um país à sua lista de golos… aqui foram os estreantes a fazer o mais difícil. Em particular Dalot, um dos melhores em campo neste jogo.
O segundo golo veio no início da segunda parte, na sequência de um canto batido por João Mário. William Carvalho tentara rematar primeiro, de cabeça, mas o guarda-redes catari defendeu primeiro. Na recarga, José Fonte rematou certeiro para as redes. Foi o seu primeiro golo pela Seleção, apesar de já se ter estreado há uns bons anos.
Bem, ele é um central. Marcar golos não é uma prioridade para ele, pelo menos não da maneira como é para um avançado ou mesmo um médio. Nós estamos mal habituados com Pepe e Bruno Alves.
Um dos destaques na segunda parte foi Rafael Leão, que rendeu Cristiano Ronaldo ao intervalo. Via-se mesmo que o Marmanjo queria muito marcar um golo, mas não conseguiu acertar com a baliza.
Acabou por culminar num momento caricato aos oitenta e dois minutos. Bruno Fernandes fez-lhe um passe de primeira, desde o meio-campo. Leão conseguiu o mais difícil: desviar-se do guarda-redes e do colega catari. Mas, quando tinha a baliza aberta, atirou à barra.
Bruno Fernandes não resistiu a mandar-lhe uma bicada nas redes sociais, como podem ver. É tão mau...
Ao menos Rafael conseguiu carimbar uma assistência, já em tempo de compensação. André Silva – outro que estava com ganas – só teve de desviar de cabeça para a baliza. Ficou feito o resultado.
A única coisa má a apontar a este jogo (e também ao seguinte) é que podiam ter havido ainda mais golos. Pelo menos neste caso era apenas um particular. Se é para falhar oportunidades como aquela do Rafael Leão, que seja quando é a feijões.
O Portugal x Luxemburgo foi, então, o meu regresso aos jogos da Equipa das Quinas. Não foi o meu regresso aos estádios após a pandemia – esse regresso ocorreu há poucas semanas, num jogo do Sporting com a minha irmã. Se eu teria preferido regressar com a Seleção, o meu clube? Sim. No entanto, precisamente por causa da pandemia, preferi ser prática em vez de sentimental. Não desperdiço oportunidades.
Foi o que fiz também com este jogo. Tinha férias para tirar, as primeiras este ano, logo, fui passar uma semana ao Algarve (e até apanhei bom tempo. Deu para ir a banhos). A única parte chata é não ter tido companhia – foi a primeira vez que fui a um jogo de futebol sozinha.
Não que tenha sido muito mau. Regra geral não tenho problemas em fazer coisas a solo. E no caso deste jogo, encorajou-me a ir trocando comentários com outras pessoas na bancada – algo que, se calhar, não aconteceria noutras circunstâncias.
Esta foi a minha segunda vez no Estádio do Algarve. A primeira foi em 2005, também perante o Luxemburgo, conforme recordei aqui. Esse jogo terminou com 6-0 no marcador, mas toda a gente sabe que os luxemburgueses melhoraram muito desde então. Não se iam deixar golear desta maneira outra vez.
Ou assim pensávamos nós.
O ambiente estava ótimo no Estádio do Algarve. Lotação esgotada pela primeira vez desde o início da pandemia o que, depois de uma época inteira de estádios vazios ou parcialmente lotados, terá sabido particularmente bem aos jogadores.
Tal como já acontecera noutros jogos da Seleção, havia uma pequena claque que ia entoando cânticos, alguns adaptados dos clubes. Nem todos conseguiam cativar o público, tirando uma pessoa ou outra. Os melhores eram a tradicional onda e uma adaptação do haka islandês.
O jogo dificilmente podia ter começado melhor, com três golos da Seleção em menos de vinte minutos. É certo que os dois primeiros foram de penálti – e que o primeiro penálti não era válido, embora na bancada não conseguíssemos perceber.
Compreendo as queixas de Luc Holtz, selecionador do Luxemburgo, mas todos concordam que não foi por esse penálti que Portugal ganhou. Pode-se discutir, sim, se o jogo teria decorrido da mesma forma se aquele penálti não tivesse sido assinalado. Depende muito de jogo para jogo. Existem casos em que um golo cedo muda tudo, desbloqueia um jogo. Existem outros casos em que, quando a boa entrada de uma das equipas não se traduz em golos – ou quando se falha um penálti, como aconteceu perante a Irlanda – a corrente do jogo muda.
No caso deste jogo, no entanto, acho que não faria diferença. Até porque os luxemburgueses fariam nova falta para penálti – esse legítimo – poucos minutos depois.
Ainda assim, achei mal quando, mais tarde, Fernando Santos invocou o golo anulado em Belgrado a propósito desta conversa. Uma arbitragem olho por olho no que toca a erros é mau princípio.
Em todo o caso, estes penáltis serviram para Cristiano Ronaldo juntar mais um par de golos à sua lista. E para gritarmos “SIIIM!” nas bancadas em coro com ele – algo que eu desejava fazer há algum tempo.
Tenho a ideia de que a jogada para o terceiro golo da partida começou com João Cancelo, mas posso estar enganada. De qualquer forma, a assistência foi de Bernardo Silva e o remate foi de Bruno Fernandes. O guarda-redes Anthony Moris, se calhar, podia ter feito mais, a bola passou-lhe mesmo por baixo do corpo, mas nada disso tira o mérito a Bruno.
Nesta altura, um miúdo de seis ou sete anos sentado atrás de mim comentou:
– Isto vai dar em goleada…
Eu disse-lhe que costumava ser assim, com o Luxemburgo – ele era demasiado novinho para se recordar desses jogos – e que, se calhar, naquela noite aconteceria o mesmo. No entanto, depois destes frutuosos primeiros vinte minutos, o resto da primeira parte não teve grande história.
Na segunda parte, aos sessenta e oito, deu-se um dos momentos da noite. Ronaldo rematou com um lindo pontapé de bicicleta. Por seu lado, o guarda-redes Moris resolveu agigantar-se e defender aquela. Um remate espetacular que obrigou a uma defesa espetacular.
Imagens posteriores mostraram um Ronaldo desiludido com este falhanço. Também mostraram André Silva ajudando-o a levantar-se, os outros colegas consolando-o, e isto é um dos motivos pelos quais adoro a Seleção. Ao mesmo tempo, nas bancadas, festejámos e cantámos o nome dele (dá para ouvir no vídeo) como se a bola tivesse entrado.
Ou se calhar foi a nossa forma de consolá-lo.
Em todo o caso, no minuto seguinte, na cobrança do pontapé de canto resultante da defesa, novo destaque. João Palhinha saltou, elevando-se sobre os demais, e marcou de cabeça. Na bancada pensámos que tinha sido Ronaldo a marcar, até pelo festejo, gritámos “SIIIM!” e tudo… só depois vimos que um dos Marmanjos que foi abraçar o marcador usava a camisola 7. Estive uns bons cinco minutos a rir-me da lata do Palhinha. Não há respeito pelo Capitão…
Eu adoro-os.
A cinco minutos do fim, Ronaldo chegou finalmente ao hat-trick. Grande trabalho de Rúben Neves também, que gosta muito de fazer estes passes à distância, quase teleguiados. Ronaldo só teve de desviar de cabeça.
Estava feito o resultado. Cinco a zero. Não tem sido muito habitual a Seleção marcar tanto nos últimos anos – o mais recente fora perante a Andorra, no ano passado. É certo que o Luxemburgo não deixa de ser uma seleção de microestado e houve demérito da parte deles neste jogo, mas a verdade é que não lhe ganhávamos por tanto há dez anos.
E o resultado podia ter sido ainda mais volumoso. Continuamos com um problema de eficácia, o que noutras circunstâncias poderia tramar-nos. No entanto, falando por mim e exclusivamente sobre esta noite… eu não podia ter pedido mais.
Foi a maneira perfeita de regressar aos jogos da Seleção, depois de tanto tempo de ausência e de tudo o que aconteceu entretanto. Uma das noites mais felizes deste ano. Cheguei a desejar que o jogo nunca acabasse. Mesmo quando acabou, não pude demorar muito, mas soube-me bem caminhar entre outros adeptos, de bandeira ao ombro, bebendo as últimas gotas daquele ambiente fantástico. Fiz toda a minha viagem de regresso a sorrir e a minha garganta demorou dois dias a recuperar.
Tinha regressado a casa. Deve ser por isso que A Minha Casinha é a verdadeira música da Seleção, por muito que a FPF tente impor-nos outras músicas.
Estes jogos reforçaram a esperança que senti no final da jornada do mês passado. Sim, estamos a falar apenas do Catar e do Luxemburgo, não são equipas de renome. Mas foi a segunda vez que os defrontámos este ano e houveram claras melhorias de um encontro para o outro. Fomos mais consistentes, marcámos mais golos e deixámos de sofrê-los – interrompendo uma tendência que se vinha a arrastar. Temos os play-offs garantidos, bastando-nos quatro pontos para carimbarmos o passaporte para o Catar.
Por isso sim, mantenho o benefício da dúvida em relação a Fernando Santos. Por enquanto. Na próxima jornada os testes serão mais difíceis… mas falaremos sobre isso na altura.
Obrigada pela vossa visita, como sempre. Soube bem escrever esta. Daqui a menos de um mês haverá mais. Até lá, não deixem de visitar a página de Facebookdeste blogue.
No passado dia 1 de setembro, a Seleção Portuguesa de Futebol venceu a sua congénere irlandesa por duas bolas contra uma. Três dias mais tarde, venceu a sua congénere catari por três bolas contra uma. Três dias depois desse jogo, venceu a sua congénere azeri por três bolas sem resposta. O primeiro e o último jogo contaram para a Qualificação para o Mundial 2022. O outro foi apenas um particular.
Esta foi uma jornada tripla estranha, pelo menos para mim. Como tinha referido no texto anterior, estava menos entusiasmada que o costume. O jogo com a Irlanda e o jogo com o Catar não ajudaram nesse sentido. O terceiro foi melhor… mas deixou-me numa posição confusa.
Hei de explicar melhor já a seguir.
Uma coisa de cada vez. Longe de me animar, a exibição dos portugas perante a República da Irlanda apenas piorou o meu estado de espírito. Começando pelo penálti desperdiçado.
Para ser justa, não me surpreendeu que Cristiano Ronaldo tivesse falhado. Primeiro, o penálti demorou imenso tempo a ser validado. A UEFA (ou terá sido a FIFA?) finalmente ganhou juízo e introduziu o vídeo-árbitro nos jogos de Qualificação. No entanto, nestas circunstâncias torna-se contraproducente: a demora aumenta os nervos.
VAR. Sabotando-nos, quer estando lá quer não.
Os irlandeses também não ajudaram, com as suas picardias a Ronaldo durante a espera. Ele que, apesar de quase duas décadas nestas andanças, no que toca a resistência a provocações, é apenas pouco melhor que Sérgio Conceição e os seus filhos.
Aliás, tanto Ronaldo como o irlandês Dara O’Shea podiam ter visto cartões, se o árbitro não estivesse distraído. O primeiro ajustava a bola na marca de grande penalidade, o segundo pontapeou a bola, Ronaldo respondeu com uma palmada leve no braço do outro.
Uma cena saída de um recreio da Primária.
Juntando-se a isto, estava toda a gente a suster a respiração para o “momento histórico” em que Ronaldo quebraria o recorde de Ali Dalei.
É claro que ia correr mal.
O momento histórico acabou por ir para Gavin Bazunu, o guarda-redes irlandês de apenas dezanove anos. O miúdo tinha cinco meses de idade quando Ronaldo subiu aos séniores!
Acho que o penálti falhado afetou os portugueses durante a maior parte do jogo. E como quem não marca sofre, após termos falhado mais um par de tentativas, os irlandeses inauguraram o marcador em cima do intervalo.
Eu tinha vindo para este jogo com pouco entusiasmo e mesmo assim estava a apanhar uma desilusão. Com o devido respeito pelos irlandeses, como é que estávamos a perder com o último classificado do grupo?!
A coisa acabou por se resolver literalmente nos últimos cinco minutos da partida. Com um Ronaldo Ex Machina, como em muitas outras ocasiões. Ambos os golos foram marcados de cabeça. O primeiro teve assistência de Gonçalo Guedes, o segundo de João Mário.
Nesta altura estava demasiado desiludida ainda para celebrar os golos como deve ser. No entanto, já aí reconhecia que as bancadas do Estádio do Algarve merecera aqueles golos. Fora o regresso do público aos jogos da Seleção e este fez-se ouvir durante o jogo todo – mesmo com um jogo medíocre durante oitenta e oito minutos. Seria demasiado ingrato levarem com uma derrota.
Adoro em particular os festejos do segundo golo. Ronaldo tirou a camisola – o que, pelo menos a mim, recordou-me o seu segundo golo com as Quinas, no Euro 2004. Acabaria por ver o amarelo e ser excluído do jogo seguinte, mas acho que ninguém se importou.
Momento engraçado quando os Marmanjos foram para junto do público e um dos stewards foi apanhado nos abraços. Terá mesmo havido contacto entre os jogadores e elementos da audiência, o que não é aconselhável em tempos de pandemia. Mas sinceramente? Não tenho alma para criticar. Estivemos muito tempo sem ir aos jogos, queremos este calor humano.
Além disso, os envolvidos estarão quase de certeza todos vacinados.
Depois do jogo ninguém se calava com o recorde quebrado por Cristiano Ronaldo. Não que não fosse merecido – são cento e onze golos! Acho que não é a primeira vez que escrevi isto aqui no blogue, tanta Ronaldomania às vezes enjoa mas, se formos olhar os factos… ele merece. Ele merece todos os elogios! Veja-se por exemplo esta infografia da SportTV. Vejam-se os recordes que o homem quebrou!
Quer-me parecer que as gerações futuras, que nunca verão Ronaldo jogar, não vão acreditar que ele existiu mesmo.
Dito isto, irritou-me que, entre os louvores a Ronaldo, muitos tivessem esquecido tão depressa que foram os primeiros oitenta e oito minutos do jogo. Sim, os jogadores não deram o jogo como perdido, deram a volta ao resultado, persistência, garra, inconformismo, outras palavras bonitas. No entanto… era o último classificado do grupo! Dar a volta a um resultado desfavorável perante a uma equipa como esta (com o devido respeito pelos irlandeses) não é um grande feito, é uma obrigação.
Acabou por ser mais ou menos como eu previra no texto anterior: exibições fraquinhas, mas suficientes para conseguir os resultados. Não satisfazia, mas sempre era um passo em frente.
Havemos de regressar a isto.
Não tenho muito a dizer sobre o jogo do Catar – em parte porque não lhe prestei grande atenção. Para além da mesma falta de entusiasmo, tinha estado a conduzir durante cerca de duas horas nessa tarde e ficara exausta.
E uma vez mais, o jogo em si não me animou por aí além.
Não que estivesse à espera que o fizesse. Era apenas um particular, com um onze bem diferente do habitual. O Ronaldo já tinha deixado a Seleção e tudo. Ninguém esperava uma festa do futebol.
Em todo o caso, o Catar até entrou no jogo por cima, mas foi Portugal a inaugurar o marcador – com dois golos de seguida! O primeiro foi de André Silva, após assistência de João Mário. O segundo foi mais especial, na minha opinião. Assistência de Gonçalo Guedes (está num bom momento, o Marmanjo) e o estreante Otávio deu um salto à Ronaldo e marcou de cabeça. Fico feliz por ele, que estava tão orgulhoso pela sua Convocatória.
Quando os cataris se viram reduzidos a dez, em cima do intervalo, pensei que teríamos a vida facilitada na segunda parte. Não foi bem assim. Os cataris, aliás, conseguiram reduzir a desvantagem na sequência de um canto, acentuando o problema recorrente dos múltiplos golos sofridos nos últimos tempos. (Para sermos justos, o jogo com a Alemanha terá desequilibrado ligeiramente essa estatística.)
Lá surgiu um penálti a nosso favor e Bruno Fernandes foi chamado a converter. O Marmanjo tinha de aproveitar, coitado – agora que tem Ronaldo como companheiro de clube, não terá muitas oportunidades.
Para este caso, Bruno pode ao menos gabar-se de não ter falhado, ao contrário do Capitão. Mas também, a pressão era bem menor.
Enfim, foi um particular aceitável, ainda que eu desejasse mais golos.
No dia do jogo com o Azerbaijão estava de melhor humor – isto apesar de, de início, parecer que o universo estava a conspirar contra mim. O jogo foi às cinco da tarde. Eu tentei trocar para sair às quatro, mas surgiu um imprevisto e tive de sair às cinco à mesma. Não não, nem isso porque apareceram pessoas em cima das cinco, obrigando-me a sair uns dez minutos depois da hora.
É sempre assim.
O que vale é que eu até gosto de ouvir o relato da rádio de vez em quando. Foi através dele que soube dos golos. O primeiro foi espetacular: uma grande assistência de Bruno Fernandes para Bernardo Silva, que conseguiu enfiar a bola num ângulo dificílimo.
O segundo golo foi menos artístico, mas resultou de uma boa jogada envolvendo João Cancelo, Bruno Fernandes, Diogo Jota, com André Silva a concluir. A cada golo, não resisti a buzinar um bocadinho.
Mais do que os golos até, aquilo que me deixava feliz eram os testemunhos que garantiam que a Seleção não jogava tão bem há muito tempo – desde o jogo com a França em Paris no ano passado, pelo menos. Eu pude vê-lo por mim mesma, quando cheguei finalmente a casa.
Por outro lado, também vi algumas falhas defensivas que podiam ter custado caro. Contei pelo menos duas fífias de Nuno Mendes, mas não digo que ele tenha sido o único a falhar. Valeu-nos o facto de os azeris não terem sido capazes de aproveitar estas oportunidades. Em todo o caso, esta é uma possível explicação para os golos que temos sofrido.
Pelo meio, na segunda parte, Diogo Jota marcou o nosso terceiro golo, de cabeça, após assistência de João Cancelo.
Uma palavra para os adeptos que invadiram o relvado, para tirarem fotografias com Bruno Fernandes. Hoje em dia estes momentos já não aparecem na televisão – por instruções das autoridades do futebol, para não encorajarem estes comportamentos. Pelos vistos a realização deste jogo não recebeu o recado. É sempre bom ver os nossos jogadores – não apenas o Ronaldo – sendo acarinhados.
Foram três golos, podiam ter sido mais. No final do jogo lamentámos não ter ganho por mais, por causa das contas do Apuramento. No entanto, mais tarde naquele dia, a Sérvia empatou com a Irlanda, deixando-nos isolados no primeiro lugar do grupo. A Qualificação continua a correr bem, melhor que as anteriores.
E agora, como bónus, tivemos uma boa exibição. É certo que estamos a falar de azeris, não de italianos, nem mesmo de sérvios. Mas já tínhamos jogado contra o Azerbaijão este ano e foi uma tristeza. De igual modo, tivemos jogos com equipas de nível semelhante ou pouco melhor – Luxemburgo, Irlanda – e jogámos pior.
Neste momento, estou numa posição estranha. Durante o jogo com a Irlanda, antes dos últimos cinco minutos, tive flashbacks do jogo com a Albânia há sete anos (!) e estava já com os lencinhos brancos a postos. Acho mesmo que, se não fosse o Ronaldo Ex-Machina, estaríamos hoje pelo menos a discutir essa possibilidade. Seria um escândalo demasiado grande perdemos perante o último classificado do nosso grupo, pouco tempo após um Europeu que deixou muito a desejar.
Quando o resultado virou, guardei os lencinhos, mas continuava insatisfeita. Pensava que iríamos ficar presos num ciclo vicioso de exibições fracas, de serviços mínimos. Conseguiríamos Qualificações, mas a estas seguir-se-iam participações tristes em fases finais: não suficientemente más para quase toda a gente querer chicotada psicológica, mas claramente aquém daquilo que somos capazes.
No entanto, perante o Azerbaijão ganhámos e jogámos bem. E agora estou com esperança? Afinal de contas, Fernando Santos consegue pôr a equipa a jogar. Porque não podemos jogar sempre assim (ou, vá lá, quase sempre)?
Vocês sabem que não sei o suficiente para opinar sobre estas matérias. Prefiro guiar-me pelo parecer de especialistas. Daquilo que tenho lido e ouvido, temos bons jogadores, mas nem sempre conseguimos encaixá-los uns com os outros. E poderá ser necessário deixar algum génio no banco.
Numa discussão num vídeo de António Tadeia, por exemplo, comentou-se que o melhor onze para a Seleção neste momento será o que jogou perante o Azerbaijão, com Ronaldo no lugar de Diogo Jota. Ou seja, mandaríamos um dos melhores marcadores da Seleção no pós hiato da pandemia para o banco.
E ainda temos de pensar em nomes como Renato Sanches, Pote, João Félix, que também têm de entrar nestas contas. E claro, gerir lesões e momentos de forma, adversários diferentes, etc.
É difícil ser-se Selecionador. Quem diria, hem?
Em todo o caso, acho legítimo darmos o benefício da dúvida a Fernando Santos. Por muitos defeitos que tenhamos a apontar-lhe no passado recente, ele continua a ser o único Selecionador que nos ganhou títulos. A parte boa de os próximos jogos serem de dificuldade média-baixa, e de estarmos isolados no primeiro grupo, é que permitirá a Fernando Santos praticar estas táticas novas. Pelo menos era o que eu faria.
Saio assim deste compromisso da Seleção um pouco mais animada e otimista do que estava no início dele. Uma parte de mim continua receosa de que voltemos às exibições pastosas nos próximos jogos. Mas, lá está, a esperança é a última a morrer e quem sabe? Talvez isto seja um início. Talvez seja agora que aprendamos, finalmente, a usar da melhor forma os trunfos de que dispomos.
Vamos ver. A Seleção reúne-se de novo daqui a algumas semanas. Ainda não sei se escreverei uma crónica pré-jogos: os adversários são o Luxemburgo e o Catar, com quem jogámos recentemente, não devo ter muito a dizer.
Em todo o caso, continuarei a cobrir as aventuras e desventuras da Seleção na página de Facebook deste blogue. Deem uma espreitadela. Para já, como sempre, obrigada pela vossa visita. Voltamos a falar em breve.
No próximo dia 1 de setembro, a Seleção Portuguesa de Futebol receberá a sua congénere irlandesa no Estádio do Algarve. Este jogo contará para a Qualificação para o Mundial 2022, à semelhança do jogo do dia 7, em Baku, perante o Azerbaijão. Pelo meio, no dia 4, a Seleção disputará um jogo de carácter amigável contra o Catar.
Cá vamos nós outra vez, suponho eu.
Fernando Santos Divulgou os Convocados para esta jornada na passada quinta-feira, dia 26 de agosto. A lista inclui uma mão cheia de novidades: alguns regressos, algumas estreias absolutas.
Uma das estreias é de Diogo Costa, atual guarda-redes titular do F.C.Porto, se não estou em erro. Também do Porto, temos o médio Otávio – dizem que é dos melhores da Liga Portuguesa neste momento – naturalizado português. Pelo que publicou no seu Instagram, a Convocatória “chega como a realização de um sonho” e tenciona “retribuir o carinho de toda uma nação”.
Falando por mim, ele é muito bem-vindo.
Por outro lado, temos o caso do Matheus Nunes. Não chegou a ser Convocado desta vez, mas Fernando Santos abriu-lhe a porta. Foi, no entanto, chamado à Seleção do Brasil. Ainda não percebi qual das seleções ele quer representar – já ouvi ambas as versões possíveis.
Enfim. Espero que nem Fernando Santos nem a Federação cometam a asneira de se porem de joelhos perante ele. Deixem ser Matheus a tomar essa decisão.
Eu estava feliz pela Convocatória de Gonçalo Inácio – ele merecia ter ido ao Europeu e, como tenho vindo a referir, precisamos de mais opções para centrais – pena ele ter-se lesionado. Digo o mesmo de Ricardo Pereira. Ninguém merece! Ao menos Domingos Duarte está de volta.
Por outro lado, o regresso de João Mário tem causado alguma controvérsia. Não tanto porque as pessoas acham que ele não merece, mais porque esta é o primeiro compromisso da Seleção desde que ele trocou o Sporting pelo Benfica. Há quem ache que não é coincidência.
Não vou tentar convencer ninguém do contrário. Aliás, nesta altura, não tenho vontade de defender Fernando Santos – mais sobre isso já a seguir. Dito isto, a mim pouco importa o clube do jogador, nem se esse pesou ou não na escolha. Só me interessa se ele foi bem Convocado ou não.
Eu acho que foi.
O problema destas discussões é que a maior parte das pessoas, como diz um amigo meu, usa lentes da cor dos respectivos clubes. Fica difícil distinguir as opiniões legítimas das enviesadas.
Falemos, então, sobre os nossos adversários. A República da Irlanda é um caso curioso. Ao contrário da maior parte das seleções que encontramos em fases de apuramento, só contamos quatro jogos contra eles nos últimos vinte e um anos. E mesmo assim os dois últimos jogos foram meros particulares.
Do de fevereiro de 2005 – uma derrota por 1-0 – não me lembro de nada. Lembro-me só de ter ficado chateada – muito mais do que ficaria hoje ou mesmo um par de anos depois. Eu tinha quinze anos, acompanhava a Seleção há pouco tempo e é possível que estivesse a passar por uma zona turbulenta da minha adolescência.
O outro jogo foi em 2014, quando já tinha este blogue. Ainda assim, recordo-me pouco dele. Foi daqueles jogos particulares antes de campeonatos de seleções, que raramente ficam na História, mesmo quando escrevo sobre eles.
No geral, o histórico dos nossos confrontos com os irlandeses é favorável a nós. Mesmo o passado recente deles não é brilhante. Estão na Divisão B da Liga das Nações, mas ficaram em terceiro lugar no grupo. E ainda não pontuaram nesta Qualificação. Eles perderam contra o Luxemburgo! É certo que o Luxemburgo não é o mesmo alvo fácil de há uns anos, mas mesmo assim.
Com tudo isto em conta, à partida, os irlandeses estarão ao nosso alcance. É claro que a prática às vezes é diferente, mas nesta altura isto já está implícito.
Na verdade, aquilo que mais me interessa nos irlandeses são os seus adeptos. Sobretudo aqueles que estiveram em França, durante o Euro 2016 (e já tinham dado um ar de sua graça durante o Euro 2012). Na minha opinião, a República da Irlanda devia ser automaticamente qualificada para todos os campeonatos de seleções só por causa dos seus adeptos. Um grupo simpático, divertido, barulhento mas ordeiro, que canta para freiras, bebés, adeptos adversários (com muito mais educação que noventa e nove por cento das claques), que apanha o lixo que eles próprios fizeram.
Por outras palavras, o completo oposto dos degradantes adeptos ingleses, como se viu durante o Euro 2020.
Tenho pena de não poder ir ao Algarve ver este jogo, em parte porque queria conhecer estes adeptos. Também não sei se eles virão ao Estádio – com a pandemia é tudo muito incerto. Mas espero que venham.
De qualquer forma, com ou sem irlandeses, vai ser bom ver o público português de volta aos jogos da Seleção.
Uma historieta curiosa: eu de certa forma previ que a República da Irlanda seria nossa adversária na Qualificação. Poucas horas antes do sorteio, numa das publicações da página de Facebook deste blogue, comentei que a Irlanda seria um bom adversário precisamente por causa dos adeptos. Acabei por adivinhar o futuro…
Não é preciso falar sobre o Azerbaijão – fizemo-lo há pouco tempo. Devia, no entanto, dedicar alguns parágrafos ao Catar, mas não tenho muito a dizer. Será a primeira vez que os defrontamos – não existe histórico para analisar. Com base nos últimos resultados deles, parecem ser de nível médio-baixo.
Para ser sincera – e aposto que não sou a única – eu dispensava este particular. É o jogo do meio numa jornada tripla com duração de uma semana, obriga a deslocações chatas. Mas pronto, é um caso semelhante ao da França durante a Qualificação para o Euro 2016: o anfitrião é sorteado para um dos grupos e disputa amigáveis com cada uma das equipas.
Bem, sempre dará para fazer experiências. Ao menos não teremos mesmo de ir até ao Catar. Apenas até Debrecen, na Hungria. Aposto que já tinham saudades dos húngaros homofóbicos…
Não estou com grande entusiasmo para estes jogos da Seleção. A amargura com a nossa participação no Europeu ainda não passou. Além disso, é desconfortável torcer pela Turma das Quinas quando já não confio no Selecionador. Pelo menos não como antes do Europeu.
Não que não acredite na Equipa de Todos Nós para estes jogos de Apuramento. Os desempenhos da Seleção têm deixado a desejar mas, tal como já tinha escrito antes, penso que serão suficientes para nos Qualificarmos – mesmo não praticando um futebol muito bonito ou entusiasmante. As minhas dúvidas dizem respeito ao que acontecerá depois – quando enfrentarmos adversários como aqueles que não conseguimos vencer no Europeu.
Bem, também não adianta pôr a carroça à frente dos bois. Só chegaremos a essa fase no próximo ano. Pode ser que recupere o meu entusiasmo até lá – se a Qualificação de facto correr bem, sem (mais) percalços desnecessários e se tiver a oportunidade de ir a um jogo. Vou fazer por me recordar do compromisso de há um ano atrás, quando andava felicíssima por ter a Turma das Quinas de volta depois de meses de pausa.
O mais importante, de facto, é continuarmos a ter a Seleção, é estarmos todos juntos, é termos o Estádio do Algarve esgotado. É termos este escape nestes tempos tão conturbados. É ganharmos os próximos jogos da Qualificação. Lidaremos com o resto depois.
Obrigada pela vossa visita, como sempre. Acompanhem este compromisso triplo aqui no blogue e na sua página de Facebook.