No passado dia 13 de outubro, a Seleção Portuguesa de Futebol venceu a sua congénere eslovaca por três bolas contra duas, no Estádio do Dragão. Três dias mais tarde, venceu a sua congénere bósnia por cinco bolas sem resposta. Com estes resultados, a Seleção garantiu o primeiro lugar no seu grupo de Apuramento, confirmando presença no Euro 2024, que terá lugar na Alemanha. Foi a Qualificação mais rápida de sempre.
Começando pelo jogo com a Eslováquia, como toda a gente, gostei da primeira parte. Depois do que aconteceu no jogo de Bratislava, no mês passado, estava à espera de outro jogo enfadonho. Não foi isso que aconteceu. Houve animação à mistura com frustração: um festival de oportunidades desperdiçadas – típica mistura de azar e de guarda-redes adversário inspirado – e um par de sustos para o nosso lado. O primeiro desperdício ocorreu relativamente cedo: uma daquelas situações em que está toda a gente na pequena área, a equipa atacante em cima da linha de baliza, rematando várias vezes mas a bola teimando em não entrar.
Felizmente, o marcador funcionou aos dezoito minutos. De uma maneira que já se tornou típica, a assistência foi de Bruno Fernandes. Depois de ter sentado um eslovaco, enviou a bola para a cabeça de Gonçalo Ramos – que, assim, aumentou ainda mais a sua respeitável conta de golos pela Seleção.
Perto da meia hora de jogo, a nossa vantagem ampliou depois de Cristiano Ronaldo ter, sem surpresas, sido chamado para bater um penálti.
Como muitos têm assinalado, os dois golos de vantagem ao intervalo não refletiam o desempenho de Portugal durante a primeira parte. Na altura, os comentadores da RTP disseram que 2-0 era um resultado perigoso. Pode dar uma falsa sensação de segurança, levar a complacência por parte da equipa em vantagem. Se o adversário reduz para 2-1, a partida é relançada.
O tempo deu-lhes algum razão: Portugal abrandou no início da segunda parte. Talvez tenha sido, de facto, complacência. Talvez tenha sido excesso de individualismo. Talvez tenha sido a chuva – aumentou de intensidade na segunda parte e Portugal começou a meter água. Os eslovacos começaram a crescer no jogo e conseguiram chegar ao golo aos sessenta e nove minutos. O primeiro golo que sofremos na era Martínez, em quase um ano.
Sim, desagradável, mas tinha de acontecer mais cedo ou mais tarde.
Felizmente, como já tantas aconteceu nas últimas duas décadas, Cristiano Ronaldo veio em nosso auxílio três minutos depois. A assistência foi de Bruno Fernandes (quem mais?), Ronaldo só teve de encostar.
Os eslovacos ainda tornaram a reduzir, por volta dos oitenta minutos. Mesmo assim, apesar de algum nervosismo da minha parte, a vitória não chegou a estar em risco. Com o apito final, Portugal selou a sua presença no Euro 2024 – a mais rápida de sempre, como referido antes.
Uma palavra para a chuva. Que incomodou e prejudicou, sim, mas que na minha opinião tornou tudo mais épico, deu estilo às fotografias e aos vídeos. Ao longo do encontro, ia-me recordando de outro jogo no Dragão debaixo de chuva – em 2012, frente à Irlanda do Norte (há onze anos! Estou velha!). Um jogo com um desfecho bem mais triste, o início de uma fase triste para a Seleção.
Em contraste, o momento atual é feliz, é tranquilo. No seu pior é enfadonho, mas no seu melhor é uma festa.
O que nos leva ao jogo com a Bósnia-Herzegovina. Não estava à espera de muitas facilidades – íamos jogar fora, com uma equipa perante a qual tínhamos sentido algumas dificuldades na Luz. Mesmo o penálti cobrado por Cristiano Ronaldo, claro, antes dos cinco minutos de jogo, não era garantia de nada para mim. Estes golos madrugadores às vezes são traiçoeiros – uma vez mais, podem levar a complacência.
Bem, estava enganada pois a Bósnia deixou de existir no jogo depois deste penálti. Como aconteceu no mês passado com o Luxemburgo, a primeira parte resume-se aos golos marcados.
Não tenho muito a dizer sobre o penálti de Ronaldo. Foi um penálti, foi bem batido. O segundo golo do Capitão foi mais interessante. Assistência de João Félix – que fez um belo jogo, finalmente encontrou-se a si mesmo no Barcelona. Ronaldo fugiu a dois bósnios, um vindo de cada lado, e fez um chapéu ao guarda-redes. Um golo cheio de estilo, pena o fora-de-jogo mal assinalado – o VAR corrigiu mas o momento já se tinha estragado.
É a desvantagem deste sistema.
Felizmente, não tivemos esse problema com o terceiro golo. O Gonçalo Inácio fez um passe excelente (outro a fazer um jogo fantástico, provando merecer a titularidade), desde a linha de meio-campo. A bola apanhou Bruno Fernandes, este avançou e disparou de primeira para as redes.
O quarto golo teve alguma graça. Os comentadores da RTP estavam a falar sobre o histórico recente de João Cancelo nos clubes. O tema passou para a mesa do jantar. E, falando no diabo, quem marca a seguir?
Uma vez mais, a assistência foi de Bruno Fernandes, em cima da linha de fundo. A bola ia para Ronaldo, mas este atrapalhou-se e deixou-a passar. Cancelo chegou-se à frente, como quem diz “Eu trato disto”, apanhou a bola no limite da grande área e disparou certeiro para as redes.
Finalmente, já a poucos minutos do intervalo, Diogo Dalot fez um passe à distância, desde a linha do meio campo, para Otávio. Este entrou na grande área pela direita, assistindo depois para João Félix assinar um golo. Uma vez mais, a festa teve de ficar em pausa enquanto o VAR validava o golo, mas pronto.
Na segunda parte, a Bósnia estacionou o autocarro para ver se não sofria mais golos. Por sua vez, Portugal entrou em modo de gestão e substituições para experiências. A vitória estava mais do que assegurada, bem como o primeiro lugar no grupo. Manter o mesmo ímpeto atacante já seria bullying.
Assim, a segunda parte não teve história. Chega a ser brilhante a forma como não aconteceu praticamente nada em quarenta e cinco minutos de jogo. Depois do apito final, não me lembrava de quase nada da segunda parte.
Enfadonho, sim, mas não me importei muito, depois daquela primeira parte. Deu para ir preparando este texto.
Com este resultado, assegurámos o primeiro lugar e o nosso estatuto como cabeças-de-série no sorteio da fase de grupos do Euro 2024. Fica menos provável repetir-se o cenário do Euro 2020. E ainda falta uma jornada dupla para o fim da Qualificação.
Naturalmente, está toda a gente satisfeita, eu incluída. Já há quem fale de recuperarmos o título europeu no próximo ano. Uma parte de mim começa a encher-se de fé, outra vez. O resto, no entanto, está a puxar essa parte para baixo, a garantir que ela mantém os pés na terra.
Ainda é cedo. Faltam pouco menos de nove meses para o Europeu (guiando-me por aquele anúncio bizarro da Meo). Muita coisa pode mudar entretanto. Além disso, não nos podemos esquecer que temos apanhado adversários fáceis. Ainda não tivemos de lidar com equipas do nosso nível ou superior. Deu para ver em jogos como os contra a Eslováquia que ainda temos arestas por limar.
Por fim, se me deixarem ser essa pessoa por um momento, enquanto comandou a Bélgica, o problema de Martínez não foram as fases de Qualificação. Foi depois.
(Ainda que eu ache que os jogadores belgas e os seus egos também foram pelo menos parte do problema.)
O próprio Martínez também parece não querer sonhar muito alto, pelo menos não para já. Não está errado. Por outro lado, pode-se argumentar que Portugal tem a obrigação de apontar para o título. Tem talento para isso, mais ainda do que em 2016. Além disso, já li no Record que esta poderá ser uma boa altura para tentarmos recuperar o título, já que vários dos habituais candidatos – Espanha, Alemanha, Itália, Bélgica – estão a passar por fases menos boas.
Bem, exceto a França. Sempre a França.
Não faltarão ocasiões daqui até junho para falarmos sobre isso. Regressando ao presente, queria dar graças pelo momento atual da Seleção: alegre e tranquilo como referi antes. Por coisas como o estreante João Neves sendo acarinhado pelos colegas (“o nosso pupilo”, chamou-lhe Danilo). É um bom contraste com outras áreas da vida atual, tanto a nível individual como coletivo. Como em muitas outras ocasiões nos últimos vinte anos, é um escape, é um consolo, é esperança de mais alegrias no futuro.
E por enquanto é suficiente.
Ficam a faltar dois jogos para o fim da Qualificação. Com o primeiro lugar garantido, estes jogos servirão apenas para cumprir calendário. No lugar de Martínez, tratava estes jogos como meros particulares para fazer experiências, mas ele não parece muito para aí virado. Gostava de ir ao jogo com a Islândia em Alvalade, para a celebração, mas calha nos anos da minha irmã. Não sei se vai dar.
Logo se vê.
De qualquer forma, em princípio, uma vez mais, não haverá crónica pré-jogos, a menos que aconteça algo de extraordinário. Mas, como o costume, irei deixando as minhas observações na página do Facebook.
No passado dia 17 de junho, a Seleção Portuguesa de Futebol venceu a sua congénere bósnia por três bolas sem resposta, no Estádio da Luz… e eu estive lá. Três dias depois, a Seleção venceu a sua congénere islandesa por uma bola sem resposta. Ambos os jogos contaram para a Qualificação para o Euro 2024. Com estes resultados, Portugal encontra-se em primeiro lugar no grupo J com doze pontos.
Comecemos pelo primeiro jogo, perante a Bósnia-Herzegovina. Um fim de dia bem passado, como acontece sempre que vejo a Seleção. A entrada no Estádio da Luz foi demorada, mesmo faltando cerca de uma hora para o apito final. Nesta tenho de concordar com a minha irmã: os acessos ao Estádio da Luz deixam muito a desejar, sobretudo quando comparados com os do Estádio de Alvalade – quando fomos ao jogo com o Liechtenstein, chegámos em cima da hora mas a entrada até foi rápida. Passar pelo túnel da Luz demora sempre imenso tempo – e consta que, desta vez, houve um problema qualquer com alguns bilhetes, o que atrasou tudo ainda mais.
Talvez a coisa tivesse demorado menos se eu não tivesse querido ir às roulottes. Foram mais uns vinte minutos na fila, se calhar sem necessidade. Ainda assim, não me arrependo – a bifana com ovo, bacon, cebola frita, queijo, cenoura ralada, batata frita e alface soube-me pela vida.
E, mesmo tendo custado, ainda deu para chegar à bancada quando as equipas estavam a aquecer. Não foi grave.
Eu é que, como poderão ver na foto, escolhi muito mal o meu lugar. Passei o jogo quase todo encostada para a frente, com a cabeça entre as traves. Fica a lição para o futuro: é preferível escolher filas mais acima.
Ainda assim, até se via bem. Estava à espera de pior.
Uma palavra para a animação antes do jogo, melhor que o costume. A Galp deve andar a investir forte no patrocínio à Seleção: todos os lugares tinham um bate-palmas para fazermos barulho. Adiantando-me ligeiramente, usei-o muito em certos momentos do jogo, a ver se os Marmanjos acordavam.
O melhor de tudo foi quando o animador pôs a tocar o refrão do Menos Ais. Não antes de explicar o que era, claro, pois 2004 já lá vai – uma grande fatia do público e mesmo parte da Seleção atual será demasiado jovem para se recordar. Consegui filmar o momento (sei que a minha vozinha é irritante, mas não peço desculpa por cantar). Seria sempre especial para mim, ainda o foi mais agora, depois de eu mesma ter recuperado este hino há pouco tempo, como expliquei no texto anterior. Agora estou com esperanças de que criem uma nova versão para 2024, a propósito dos vinte anos.
Uma coisa um bocadinho chata foi os dados móveis terem-me falhado no estádio – às vezes acontece-me no meio de multidões. Não deu para ir atualizando a página, como costumo fazer, nem criar stories para os Instagrams desta vida. A vantagem foi ter podido estar presente, ter prestado a devida atenção ao jogo, sem a Internet para me distrair.
Não que o que se passou dentro de campo tenha sido muito estimulante. Como toda a gente tem assinalado, o futebol das Quinas não entusiasmou ninguém nesta dupla jornada. A Bósnia entrou por cima no jogo, algo de que eu não estava à espera. A primeira oportunidade foi deles, aos vinte e dois minutos. Na altura não consegui ver bem – a minha bancada era na outra ponta do campo. Vendo no resumo, não dá para ver se Barisic estava a centrar ou a fazer um belo remate. Só sei que Diogo Costa teve de se esmerar para impedir a bola de entrar mesmo pelo cantinho da baliza.
O miúdo é tão bom!
No minuto seguinte, João Cancelo fez um belo cruzamento para Cristiano Ronaldo cabecear para as redes. Infelizmente, encontrava-se em fora-de-jogo.
Confesso que, nos minutos antes do golo de Bernardo Silva, já estava a pôr muitas coisas em causa. Concordo com o que o selecionador da Bósnia diria mais tarde: os nossos três golos foram marcados nas alturas certas. Este primeiro sobretudo, mesmo em cima do intervalo.
A jogada começou em Raphael Guerreiro. Este passou para Cristiano, que acabou por ir ao chão depois da entrada de um sérvio. Ainda assim, fez a bola chegar a Bruno Fernandes. Este último fez a bola atravessar uma linha de quatro sérvios, para Bernardo Silva rematar certeiro.
Este golo trouxe-me alívio, euforia e preocupação em partes iguais – porque Ronaldo demorou um momento a levantar-se. Na idade dele, uma pessoa fica sempre com medo. Felizmente acabou por se erguer de novo e por se juntar aos festejos, ainda que coxeando – já depois de alguns colegas o terem abraçado.
Ainda tive esperanças de que o golo servisse para desbloquear o jogo na segunda parte, mas não tive sorte. Os primeiros vinte minutos foram igualmente pastosos. A invasão do adepto foi o episódio mais excitante da segunda parte até esse momento.
Já agora, umas palavras sobre isso. De acordo com as autoridades do futebol – e não discordo – devíamos todos ignorar o que aconteceu para não dar ideias a outros, mas este momento foi demasiado delicioso. Nomeadamente a parte em que o moço pegou em Ronaldo e o elevou no ar. O safadinho deve ter tido um pico de adrenalina, daqueles que dão forças a uma pessoa para levantar um carro para salvar um filho.
Esse momento aqui foi lindo demais.
O maluco invadiu o estádio, abraçou o Cristiano, levantou ele no colo e ainda fez a comemoração junto. Cristiano, você é pika. ❤️pic.twitter.com/gU6fX5KVtd
— Cristiano Ronaldo Brasil | Fan Account (@CR7Brasil) June 17, 2023
E infelizmente esta foi a única ocasião em que o estádio inteiro gritou “SIII!!” – o invasor pediu a Ronaldo para recriar o festejo.
Não vou mentir: fiquei com uma pontinha de inveja.
Uma palavra agora para os adeptos da Bósnia. Não estava muito longe deles na bancada. Não sei se deu para ouvir em casa, mas eles passaram o jogo todo a cantar e a puxar pela sua equipa, mesmo depois de estarem a perder. Tenho sempre imenso respeito por adeptos assim. No fim do jogo, ainda troquei olhares com um par deles e fiz um gesto a aplaudir.
O jogo animou a partir dos setenta minutos, mais coisa menos coisa – quando Rúben Neves entrou. Ele mesmo fez uma assistência teleguiada para um grande cabeceamento de Bruno Fernandes para as redes.
Ainda houve tempo para Diogo Jota desperdiçar uma excelente assistência de Ronaldo. Pelo meio, aos oitenta e oito minutos, Rúben Neves perdeu a bola errada, Hamulic rematou e Diogo Costa voltou a brilhar. Desta vez a defesa foi do meu lado, pude ver bem. E naturalmente gritei:
– Grande Diogo! Grande Diogo!
Nós de facto somos abençoados. Nos últimos doze anos tivemos dois guarda-redes deste calibre de seguida: primeiro Rui Patrício e agora Diogo Costa.
Suponho que tenha de falar sobre os assobios a Otávio – algo de que, infelizmente, eu já estava à espera. Por um lado, irritou-me um bocado a atenção que se deu ao episódio. Uns quantos idiotas que assobiaram durante trinta segundos receberam mais atenção que os milhares que criaram o excelente ambiente na Luz durante o jogo todo.
E, sejamos sinceros, ao contrário de João Mário, o comportamento do Otávio em relação ao Benfica tem sido censurável. O que por sua vez só sublinha a hipocrisia dos adeptos – os que assobiaram são exatamente o tipo de pessoas que, como Otávio, insultam clubes rivais.
Por outro lado, acho bem que este tipo de comportamentos – que não são uma novidade, infelizmente, sempre existiram – seja cada vez menos tolerado. É um primeiro passo para mudar mentalidades.
E de resto, parafraseando o que o Pepe disse, a realidade podia ser outra há trinta ou quarenta anos, mas desde que me lembro os jogadores entre eles, no seio da Seleção, não olham a clubes, dão se todos bem uns com os outros. Aliás, mesmo passados estes anos todos, poucas coisas me aquecem o coração tanto como ver os Marmanjos sendo afetuosos uns com os outros. É uma das melhores coisas, não apenas da Seleção, mas também do futebol em geral. Um exemplo a seguir.
Finalmente, já em tempo de compensação e numa altura em que, nas bancadas, pedíamos “Só mais um!”, uma bola interceptada por um bósnio foi parar a Bruno Fernandes, em cima do limite da grande área. Este rematou de primeira, assinando o seu segundo golo. Estava feito o resultado.
Foi mais um fim de dia bem passado, como costuma ser o caso sempre que vou à Seleção – mesmo que o jogo em si não tenha sido muito apelativo, tirando na parte final. Se me dissessem antes do jogo que ganharíamos por 3-0, imaginaria uma exibição mais cativante. Por outro lado, depois de ter passado cerca de sessenta por cento da primeira parte receando um empate, para ser sincera, por alturas do apito final estava bastante satisfeita com o resultado.
Havemos de regressar a esse tema. Para já, temos de falar sobre o jogo com a Islândia. Não que eu tenha muita coisa a dizer. Estive a trabalhar durante a primeira parte – espreitando sites de atualizações quando podia – e acompanhei os primeiros quinze minutos da segunda parte via rádio.
Parece que não perdi nada.
Do pouco que vi, os islandeses jogaram com mais garra do que eu esperava, depois daquilo que descobri acerca do seu historial recente. Recordou-me um pouco o nosso primeiro jogo no Euro 2016, na verdade.
Um aspeto curioso foi o facto de todo o jogo ter decorrido à luz do dia. Uma coisa rara por cá, o que é pena, pois sempre gostei mais assim. O jogo decorreu na véspera do solstício de verão, um dos dias em que se observa o sol da meia-noite em países perto do Pólo Norte, como a Islândia. Bonito, mas Pepe e Ronaldo, coitados, queixaram-se de não conseguirem dormir com a luz – eu acho que também não conseguia.
Para ver o jogo, no entanto, foi agradável. E pude ver o mais importante com os meus próprios olhos, pela televisão: o golo de Ronaldo ao cair do pano. Não consigo descobrir quem faz o excelente primeiro passe para Gonçalo Inácio. O jovem central, depois, assistiu de cabeça para Ronaldo enfiar a bola no estreito intervalo entre o guarda-redes e a trave.
A festa ficou em stand-by pois o árbitro assistente assinalou fora-de-jogo a Gonçalo Inácio e o VAR foi chamado a intervir. Estivemos minutos em suspenso, mas no fim o árbitro tomou a decisão correta (ainda que os islandeses não concordem). Os Marmanjos festejaram como se a bola tivesse acabado de entrar – não sei como conseguem, para mim o VAR corta sempre o momento. E, uma vez mais, depois de uma exibição tão fraquinha, foi um alívio levarmos os três pontos à mesma.
A ideia com que fico – e a minha opinião vale o que vale, pois só vi uma parte do jogo – é que foi pior que perante a Bósnia. No jogo anterior sempre marcámos três golos e não foi necessário os bósnios terem ficado reduzidos a dez.
Nada disto é novo, temos visto este filme muitas vezes nos últimos anos. Só acho estranho ainda estar em exibição mesmo com um novo Selecionador. Como em muitas ocasiões durante o mandato de Fernando Santos, há atenuantes e/ou desculpas. Estamos no fim de uma época longa e estranha – por exemplo, uma semana antes do jogo com a Bósnia, Bernardo Silva e Rúben Dias estavam a jogar a final da Champions. Martínez fartou-se de falaram em “fadiga mental” ao longo desta jornada – não acho que esteja errado. E, se falarmos estritamente de resultados, as coisas até estão a correr bem.
Mais do que bem, até: quatro vitórias em quatro jogos, catorze golos marcados, nenhum golo sofrido. Uma Qualificação imaculada até agora, algo inédito nas mais de duas décadas em que acompanho futebol, algo que sempre desejei. E claro que nem sempre é possível fazer exibições de encher o olho, sobretudo nesta altura do campeonato.
O problema é a longo prazo, quando deixa de ser suficiente. É o que tem acontecido inúmeras vezes de 2016 para cá. Serviços mínimos exibicionais, dependendo menos da equipa como um todo e mais de lampejos de inspiração das nossas maiores figuras, conseguindo os resultados, conseguindo os resultados… até não conseguir. Pouco importa pouco importa… até ao dia em que importa muito: no Mundial 2018, no grupo da Liga das Nações em 2020, na Qualificação para o Mundial 2022, no grupo da Liga das Nações em 2022, no Mundial desse mesmo ano.
Não quero apontar já armas a Martínez. O senhor acabou de chegar, ainda não teve assim tantas ocasiões para trabalhar com os Marmanjos. E, mal por mal, está a conseguir resultados com a Seleção que ninguém consegue há pelo menos duas décadas. O tempo dirá se estas mais exibições foram ocasionais ou se isto é um problema sistemático que nos leve a desperdiçar oportunidades… outra vez.
Uma palavra para Cristiano Ronaldo antes de terminarmos. A meu ver, o Marmanjo voltou a justificar a sua Convocatória nesta dupla jornada. Todos assinalaram o seu altruísmo durante o jogo com a Bósnia. Perante a Islândia, por sua vez, fez de Deus Ex Machina, como tem feito inúmeras vezes nos últimos vinte anos. E agora atingiu o número redondo de duzentas internacionalizações – é o futebolista masculino que mais vezes representou a sua Seleção.
E diz que quer continuar.
Já partilhei o que penso e sinto em relação a isso na página do Facebook. Em suma, a minha cabeça tem inúmeras objeções mas o meu coração terá sempre, no mínimo, uma porta semi-aberta para Cristiano.
A ver o que acontece daqui a um par de meses. Para já, aproveitemos as férias – estamos todos a precisar – e rezemos para que os Marmanjos não migrem todos para a Arábia Saudita.
No próximo dia 17 de junho, a Seleção Portuguesa de Futebol receberá a sua congénere bósnia no Estádio da Luz… e eu estarei lá. Três dias mais tarde, a Seleção Portuguesa desloca-se a Reiquiavique para defrontar a sua congénere islandesa. Ambos os jogos contarão para a Qualificação para o Euro 2024.
Estava à espera que fosse daquelas duplas jornadas em que há pouco a dizer antes dos jogos em si. No entanto, a tinta começou a correr logo na véspera da Convocatória, quando João Mário anunciou publicamente a sua renúncia à Seleção Nacional.
Sempre teve um pouco mais de consideração que o seu colega de clube, Rafa, que só fez a sua renúncia no dia em que se tinha de apresentar na Cidade do Futebol… mas mesmo assim terá apanhado Roberto Martínez de surpresa. João Mário podia ter anunciado a decisão uns dias mais cedo, mesmo que só em privado, para evitar esta maçada. Mas pronto, vou dar-lhe um desconto: a filha mais nova nasceu há duas ou três semanas e ele acabou de se sagrar campeão pelo Benfica. Ele tem tido muito com que se entreter.
Eu até estava com alguma boa vontade para com João Mário em relação a esta renúncia, mas isso diminuiu um bocadinho este fim de semana, quando ele explicou os seus motivos. Não que tenha sido uma grande surpresa – essencialmente confirmou a teoria de António Tadeia. Nesta altura, vir à Seleção, prejudicando o seu momento no Benfica, para apenas jogar “um minuto frente ao Liechtenstein” (ao som de assobios, ainda por cima) é um transtorno demasiado grande.
No entanto, ler o próprio João Mário dizendo-o daquela maneira não caiu bem – nem comigo nem com outras pessoas nas redes sociais. Eu compreendo que ele já seja relativamente velho como jogador de futebol e que tem duas filhas pequenas. No entanto, João Mário não é a única pessoa cuja vida profissional interfere com a vida pessoal – e noventa e nove por cento dessas pessoas ganham bem menos do que ele. Além disso, nesta altura do campeonato, há imenso jogador de talento que nem sequer consegue ser Convocado – veja-se Pedro Gonçalves, que tornou a ficar de fora sem que se perceba porquê. João Mário parece não ter noção do privilégio que tem.
Por outro lado, também não faz sentido os jogadores virem às Quinas contrariados. João Mário deixou bem claro que, pelo menos neste momento, valoriza mais o Benfica que a Seleção – uma posição legítima, mesmo que eu não concorde. Ao menos não rouba o lugar a um Marmanjo que queira mesmo lá estar. A Equipa de Todos Nós não precisa que lhe façam favores, muito menos agora que não falta matéria-prima. Só faz falta quem lá quer estar.
Dito isto, não tenho pachorra para me irritar demasiado com esta questão nem para guardar ressentimentos. Encerro este tema agradecendo a João Mário por tudo o que fez nestes anos, sobretudo durante o Euro 2016. E continuo a achar que ele não mereceu ser assobiado em Alvalade.
Passemos àqueles que vêm à Seleção. Temos os regressos de Nélson Semedo, Ricardo Horta e Renato Sanches – fico particularmente contente por este último. A grande novidade é o relativo desconhecido Toti Gomes, um central. Este artigo conta a história dele – o mais relevante neste momento é o facto de ter dado cartas no Wolverhampton nos últimos tempos. Sangue novo é sempre bem-vindo, sobretudo na defesa. Eu aprovo.
Há por aí gente reclamando da ausência de João Neves, mas eu concordo com Martínez nesta. Ele é ainda muito novo, só começou a dar nas vistas há duas ou três semanas, ainda é cedo. Como diz Martínez, não é bom estar a saltar níveis na formação – até porque ele, entretanto, foi Convocado para o Europeu de Sub-21. Os benfiquistas têm a mania de exagerar no hype quando os jogadores ainda não têm a maturidade necessária para lidar com isso – vejam-se os casos de Renato Sanches e João Félix.
Tenhamos paciência com João Neves – ele há de chegar na altura certa.
De facto, a única objeção nesta lista é mesmo a ausência de Pedro Gonçalves. Mesmo a Chamada de Cristiano Ronaldo é aceitável – ele sempre marcou quatro golos nos jogos de março. Há dias, Martínez revelou que Ronaldo “não estava pronto para se afastar da Seleção” e essa declaração deixa-me pouco à vontade. Os sentimentos de Ronaldo não são para aqui chamados. Ronaldo tem de vir para ajudar a equipa, se não o faz tem de dar o lugar a outro – já não é a primeira vez que o digo. Espero que Martínez tenha a coragem de dizer “Não!” a Ronaldo quando a altura chegar.
Falemos agora sobre os nossos adversários. O nosso histórico com a Bósnia-Herzegovina resume-se aos play-offs de 2009 e de 2011, decorridos já durante a vida deste blogue. Foram ambos ocasiões muito emotivas, o culminar de duas qualificações complicadas (como habitual).
Os jogos de 2009 não tiveram grande história. Ganhámos ambos por 1-0 – golo de Bruno Alves no primeiro jogo em casa, golo de Raúl Meireles no segundo fora. Ronaldo estava lesionado e acho que isso, na altura, deu polémica – foi durante a primeira época dele ao serviço do Real Madrid.
Na verdade, o maior contributo destes play-offs foi a terceira versão do Menos Ais (ainda hoje não sei porque é que a Galp escolheu estes play-offs em específico para ressuscitar o Menos Ais em vez de um Europeu ou um Mundial). Tanto esta música como as versões de 2004 e de 2006 nunca saíram por completo da minha mente, tendo inspirado vários títulos de crónicas deste blogue. No entanto, ouvi-a pela primeira vez em muitos anos na preparação deste texto e não estava à espera de gostar tanto, mesmo passado todo este tempo. É fantástica.
Pena não estar disponível no Spotify, para eu incluí-la na playlist daqui do blogue.
Os play-offs de 2011 foram bem mais interessantes. Bem, nem tanto a primeira mão, na Bósnia. Portugal teve de lidar, não só com um campo em péssimo estado (a UEFA fez ouvidos de mercador aos nossos protestos), como com lasers apontados à cara de Ronaldo. Na altura, tudo isso fez com que, durante esses play-offs, eu adotasse uma atitude de “contra tudo e contra todos”, não muito diferente da que tive durante a final do Euro 2016.
Por estas e por outras, a segunda mão assemelhou-se muito a uma final – e foi um dos jogos mais emocionantes de que me recordo. Portugal marcou seis golos – o meu preferido foi a bomba de Nani. As saudades que tenho dele…
Seria fixe conseguirmos um resultado igualmente volumoso, mas não será fácil. Os bósnios parecem estar a passar por uma fase boa. Não foram ao Mundial, mas subiram à Divisão A da Liga das Nações. Começaram esta Qualificação com uma vitória por 3-0 perante a Islândia, mas perderam por 2-0 com a Eslováquia. Estarão ao nosso alcance, Portugal tem a obrigação de vencer mas há que ter cuidado.
O jogo realiza-se na Luz, à semelhança das mãos caseiras dos play-offs, e eu vou estar lá. Só consegui garantir presença à última hora, quando só sobravam bilhetes para o terceiro anel da Categoria 3. O problema de terem colocado os bilhetes à venda tão cedo é que, muitas vezes, só sei se estou disponível mais perto da data. Não sei como serão os lugares – é a primeira vez em muito tempo que não fico na Categoria 1 – mas não me importo… muito. Mesmo que os lugares não sejam nada de especial, o mais importante será o ambiente. Cantar o hino em coro com todo o estádio e gritar “SIIII!!!” em coro com Cristiano Ronaldo, caso ele marque.
O segundo jogo da jornada será fora, contra a Islândia. Aposto que muitos de vocês, tal como eu há uns dias, ainda têm na ideia a equipa-sensação que nos surpreendeu no Euro 2016 e impressionou toda a gente ao eliminar a Inglaterra desse mesmo campeonato – para além de introduzirem a sua icónica coreografia no cânone futebolístico. Fui pesquisar sobre a seleção islandesa e… bem, fiquei a saber que eles caíram dos céus e a coisa não foi bonita. Podem ler mais pormenores aqui.
Não me vou pronunciar pois não sei o suficiente sobre o assunto. Mas fico com pena dos adeptos islandeses. Eles não mereciam.
A Islândia estará, assim, uns furos abaixo em relação a 2016-2018. Consta que não ganharam nenhum jogo na Liga das Nações (estão na Divisão B). Perderam com a Bósnia, como referi acima, mas ganharam ao Liechtenstein por 7-0 (o que vale o que vale). Não serão uma ameaça tão grande como pensava antes mas, uma vez mais, não convém facilitar. A pressão está do nosso lado.
À hora desta publicação, ainda não sei ao certo quando é que começa a preparação desta dupla jornada. Talvez a meio desta semana? No início da próxima? Esta Convocatória saiu muito cedo, quase três semanas antes do primeiro jogo, e isso está a fazer-me imensa confusão. Nem para o Mundial 2022 tivemos uma Convocatória tão cedo. Martínez explicou que a ideia era dar tempo aos jogadores para planearem as suas vidas depois de terminarem as épocas nos clubes.
O que faz todo o sentido, sobretudo neste fim de temporada. E para mim também deu jeito – tive tempo para escrever este texto sem grandes pressas.
Mas continua a ser estranho para mim. Toda esta época foi estranha, na verdade, foi longa, aconteceu tanta coisa. Sinto que o Mundial foi há uma eternidade. Estamos todos a precisar de férias.
Mas só depois destes jogos. A dificuldade vai aumentar ligeiramente para Roberto Martínez. Se a última dupla jornada foi o nível 1, este será o nível 2. Eu quero ganhar ambos os jogos. Como penso já ter dito antes, quero estabilidade na Seleção, quero ter um Apuramento tranquilo para variar. Quero que vamos todos de férias descansados. Penso que não será pedir muito.
Acompanhem esta dupla jornada comigo quer aqui no blogue quer na sua página de Facebook. Como sempre, obrigada pela vossa visita. Continuem por aí.
Há cerca de um ano e um mês que sonho com esta entrada no blogue - desde que Paulo Bento assumiu o comando técnico da Selecção Portuguesa de Futebol conseguindo, em poucos dias, pô-la a vencer e a golear, relançando-a na luta pela Qualificação para o Campeonato Europeu de 2012, a realizar-se na Polónia e na Ucrânia. Isto apesar de, quando esta chegou às suas mãos, a Equipa de Todos Nós se encontrar praticamente destruída, após um Campeonato do Mundo que deixou bastante a desejar e um caso desagradável (e "desagradável" é um grande eufemismo) no seu rescaldo que culminou num trágico arranque de apuramento e no despedimento nada amigável do antigo Seleccionador. Essa crise está definitiva e finalmente ultrapassada - como eu sabia que acabaria por acontecer - após um jogo do outro mundo, ontem à noite - como eu não sabia que iria acontecer.
Realmente, até dá gosto escrever sobre jogos como a segunda mão do playoff de acesso ao Euro 2012. Dá gosto é como quem diz... Eu adoro escrever sobre a Selecção independentemente das circunstâncias mas recordar momentos como meia dúzia de golos fenomenais, os invulgarmente efusivos festejos de Paulo Bento, dezenas de milhares de pessoas gritando poderosamente "POR-TU-GAL! POR-TU-GAL!" e cantando o hino a uma só voz, os jogadores abraçando-se e atirando-se para cima uns dos outros, dulcifica imenso a coisa.
Por outro lado, devo confessar que, apesar de me ter dado um prazer especial, esta entrada levou-me tremendas quantidades de tempo a escrever. No meu caderno de rascunhos tenho páginas e páginas cheias de notas. São tantas as coisas de que queria falar, mas infelizmente vou ter de deixar algumas de fora. E, já assim, a entrada vai ser longa, por isso, preparem-se!
Duvido que alguém estivesse à espera de uma vitória tão expressiva quando a Selecção Nacional entrou em campo, ontem à noite. Eu, pelo menos, quando me sentei na minha sala de estar, com o computador portátil no colo, não imaginava que sairíamos da Luz com seis golos marcados. Como costumo fazer quando assisto aos jogos a partir de casa, estava ligada ao Twitter. Aqui ia publicando os meus comentários (apesar de ser pouco provável que estes fossem lidos) e ia lendo as reacções de portugueses e estrangeiros um pouco por todo o mundo - a beleza da Internet! E foi bom ver termos relacionados com Portugal no Top 10 dos Trending Topics, para variar.
A Selecção entrou no seu melhor, cheia de garra, decidida a sair da Luz com o passaporte carimbado para a Polónia e a Ucrânia. Daí que a primeira oportunidade de perigo para a baliza da Bósnia-Herzegovina tenha surgido logo aos cinco minutos. E que Cristiano Ronaldo tenha marcado o primeiro golo aos oito minutos, de livre. Um tiro espectacular, mesmo à CR7. Achei graça quando, após o golo se ouviram algumas notas do "Bailinho da Madeira" em honra do madeirense mais amado de todos os tempos.
Mais tarde, soube que, já durante o aquecimento, o Cristiano havia dado sinais claros de que se ia empenhar, de que não queria ficar de fora do Euro 2012. Se era por interesse próprio, pela sua própria mediatização, ou se pela Equipa de Todos Nós, não sei. Talvez fosse por ambos os motivos. Independentemente do egoísmo ou altruísmo das intenções, a verdade é que o jogo de Terça-feira à noite foi um dos melhores dele vestindo a camisola das Quinas e ele contribuiu muito para a vitória. A profecia do outro que eu mencionei na entrada anterior, de que dia 15 seria a noite de Cristiano Ronaldo e de que as 21 seriam a hora dele estava correcta. Mas a minha profecia de que dia 15 seria a noite de toda a Turma das Quinas e de que as 21 seriam a nossa hora também estava correcta uma vez que Ronaldo não foi o único Marmanjo a brilhar na Luz.
Nani, que completa hoje 25 anos de vida, foi um deles ao disparar sobre a baliza bósnia de fora da área. Um golo que me fez exclamar:
- Fogo!...
Estava provado que os Marmanjos estavam inspirados naquela noite. Achei graça ao tweet, mais uma vez, de @lidiapgomes: "Ataque à bomba na Luz".
Ora, a alegria por estes dois primeiros golos foi-me parcialmente roubada pela televisão de sinal digital. O meu pai e o meu irmão haviam chegado mais tarde a casa e estavam na cozinha, vendo o jogo enquanto jantavam. A televisão deles estava mais adiantada. Como tal, quando eles gritaram "GOLO!", eu ainda via a bola nos pés dos Marmanjos... Acabei por pegar no portátil e mudar-me para a cozinha.
O penálti a favor da Bósnia e consequente golo acabou por surgir um pouco contra a tendência do jogo. Safet Susic, o seleccionador da Bósnia, havia dito que o jogo seria decidido nos detalhes. Agora percebia o que ele queria dizer.
O jogo chegava ao intervalo com um resultado que não correspondia ao que de facto se passara em campo e pouco tranquilizador para as cores nacionais. Se os Bósnios anulassem a desvantagem, seriam apurados por terem marcado fora. Tudo era possível e a única certeza que tinha era que ainda haveria muito para ser jogado naquela noite.
Entretanto, o meu pai e o meu irmão acabaram de jantar. Agora, sem televisões adiantadas ligadas, viemos para a sala.
No início da segunda parte, os adeptos portugueses estavam menos exuberantes nas suas manifestações de apoio. Não os posso censurar, sobretudo porque, durante o resto do tempo, mereceriam cinco estrelas. Excepto quando assobiaram o hino bósnio. Apesar de compreender a atitude deles e não poder julgar, acho que isso estava fora dos limites. Em todo o caso, corresponderam ao pedido de apoio por parte de Cristiano Ronaldo. E o capitão da Turma das Quinas agradeceu marcando o terceiro golo da Selecção, na jogada seguinte. Depois, bem ao seu estilo, ter-se-à dirigido aos adeptos bósnios perguntando:
- Mess? Quem é Messi? - Ah, grande Ronaldo!
Este foi o seu 32º golo pela Equipa das Quinas, destronando, deste modo, Luís Figo - ironicamente na mesma noite em que a antiga estrela da Selecção foi homenageada pelas suas 109 internacionalizações. Mas acho que o Figo não se importa. Aqueles que dizem que o Ronaldo só dá o seu melhor pelos clubes começam a ficar sem argumentos. O madeirense encerrará o ano de 2011 com sete golos marcados com a camisola das Quinas - igualando o recorde de 2004. António Oliveira resumiu bem a situação: "Finalmente foi criada uma sintonia perfeita entre a equipa e o jogador". Agora só tem Eusébio e Pauleta acima dele na tabela dos goleadores da Equipa de Todos Nós. E visto que ainda vai a meio da carreira, qualquer dia ainda os vai destronar...
Desta feita, o prazer do golo foi-me de novo roubado, não pelo meu pai e irmão, mas pelos vizinhos de cima. Parecia mesmo que o sinal digital tinha tirado o dia para se divertir à minha custa. Irritada, acabei por voltar para a cozinha, desejando que a Selecção marcasse mais um golo, para eu poder celebrar como deve ser.
Podia ter celebrado alguns minutos mais tarde se a equipa de arbitragem tivesse visto Papac ajeitando a bola com as mãos na área da Bósnia de uma forma bem mais ostensiva do que no lance que dera o penálti à Bósnia. Mas os árbitros pareciam estar a sofrer de uma miopia bastante selectiva, naquela noite. Miopia essa que voltou a manifestar-se minutos mais tarde, quando não viram o fora-de-jogo de Spahic no lance do segundo golo deles. Mais um detalhe, mais um pormenor tornado pormaior. Houve quem twittasse que havia ali um dedinho de Michel Platini. Não me surpreenderia...
Estávamos de novo com uma vantagem precária que, apesar de nós sermos claramente melhores, poderia ser anulada por outro detalhe, por outro capricho do destino. Estava a ser um verdadeiro jogo da Equipa de Todos Nós, com todo o sofrimento que a ele costuma estar associado, cheio de emoções fortes. Uma autêntica final. Parecia, de certa forma, um resumo de toda a caminhada para a fase final do Euro 2012, com todos os momentos de brilho, de garra, mais os inesperados tropeções e momentos menos bons. Tudo podia acontecer, todos os desfechos desta história eram possíveis. Mas eu acreditava, como nunca deixo de acreditar. Acreditava que a Selecção marcaria mais um golo e consolidaria a vitória.
E não me enganei.
Hélder Postiga marcou aos 72 minutos, após uma excelente assistência por parte de Ruben Micael, dando-me, finalmente, a oportunidade de gritar "GOLO!" e travando de vez os bósnios. Menos de dez minutos depois, foi marcado um pontapé livre perigoso a favor de Portugal. À semelhança do que acontecera nos livres anteriores, o público chamou por Ronaldo, mas aquela zona era a especialidade de Miguel Veloso. Por isso, o Marmanjo pediu para ser ele a executar o pontapé livre. Ronaldo aceitou e, deste modo, Veloso teve também direito ao seu momento de glória.
Ainda não tinham passado três minutos, já Hélder Postiga cabeceava para o interior da baliza bósnia, marcando o seu segundo golo naquela noite. Houve quem dissesse que ele estava a sorrir quando fez esta jogada. É bem possível.
Estava feito o resultado, embora eu ainda esperasse mais um golo. Nas bancadas cantava-se o hino de Portugal, celebrava-se já o apuramento. Depois do apito final, os jogadores juntaram-se à festa. Nos holofotes soaram as primeiras notas do Hino Nacional e toda a Luz, todos os jogadores, toda a equipa técnica, todos os adeptos presentes no estádio, todos os portugueses seguindo o jogo à distância, em suma, toda a Selecção Nacional cantou a uma só voz. Um momento lindo e, tanto quanto sei, inédito excepto em finais, que encerrou com chave de ouro um jogo que teve todas as características de uma grande final.
Que a Selecção tenha a oportunidade de voltar a cantar o Hino Nacional no fim de um jogo em Junho do próximo ano!
Falou-se da Troika de ataque constituída por Cristiano Ronaldo, Nani e Hélder Postiga. Aqueles que mais marcaram ao longo da fase de qualificação. Cada um deles marcou no Estádio da Luz. Muita gente parece surpreendida por o Hélder Postiga ter marcado duas vezes, mas não compreendo porquê. Na minha opinião, ele tem sido injustamente subvalorizado pelo público. Não posso falar do clube mas na Selecção tem tido quase sempre bons desempenhos, não só nesta fase de qualificação mas há já vários anos. Sempre foi um dos meus jogadores preferidos. OK, admito que comecei a gostar dele quando tinha treze ou catorze anos pelo seu aspecto (e ainda hoje acho que ele não é nada feio...) mas ao longo dos anos fui ganhando melhores argumentos para gostar dele: é humilde, empenhado, ajuizado, não procura protagonismo e há muito que é um talismã para a Equipa das Quinas. Eu já reconheci o potencial dele, espero que este jogo tenha servido para outros reconhecerem.
O próprio Hélder observou que ele marca sempre na Luz, sempre naquela baliza, curiosamente. Se não me engano, isso aconteceu duas vezes no particular com a Espanha, há precisamente um ano, e no jogo com a Noruega. Um dos comentadores da RTP comentou mesmo que o Hélder devia era arrancar aquela baliza e levá-la para a Polónia e para a Ucrânia - adorei esta frase. Eu costumo dizer mal dos comentadores televisivos mas estes, quando querem, até têm uns rasgos de inspiração...
Mas eu não queria falar apenas da Troika de ataque (que, curiosamente, é constituída por, provavelmente, os meus três jogadores preferidos da Selecção). Quero falar deles em conjunto com o Miguel Veloso, o Hugo Almeida, o João Moutinho, o Fábio Coentrão, o Rui Patrício, o Ricardo Quaresma, entre outros - uma geração que, desde há alguns anos a esta parte, tem dado muito à Equipa de Todos Nós e, visto ainda serem relativamente jovens, julgo que ainda têm tempo para crescerem ainda mais e para darem ainda mais à Selecção. Eu, pelo menos, tenho fé nestes rapazes.
Mas isso seria mais a longo prazo. A curto/médio prazo, temos um Campeonato da Europa para preparar. Já se fazem prognósticos sobre o desempenho da Selecção no Europeu, mas eu prefiro não ir por aí, pelo menos não para já. A euforia ainda está demasiado fresca. Além disso, prefiro saber ao certo o que teremos de enfrentar. E nem me vou pôr a fazer prognósticos sobre o próprio sorteio, nem me vou pôr a dizer quais as selecções mais ou menos convenientes para nós. Para quê? Não podemos influenciar o sorteio... Que seja o que Deus quiser. E não teremos de esperar muito para se conhecer a Sua vontade visto que o sorteio é já dia 2 de Dezembro.
Mas uma coisa confesso: depois de tudo por que a Turma das Quinas passou no último ano e meio, quero ver até onde esta Selecção renascida é capaz de ir.
Encerra-se deste modo inacreditável a caminhada para o Europeu de 2012. Provámos que coisas como seleccionadores de fraco carácter, dirigentes corruptos, jogadores desertores, notícias desestabilizadoras, relvados manhosos, adeptos hostis, dirigentes estrangeiros que não colaboram, árbitros de imparcialidade duvidosa, presidentes de parcialidade quase provada cientificamente, podem complicar-nos a vida mas, no fim, não chegam para nos impedir de alcançar os nossos objectivos. Que a Selecção é mais forte do que tudo isso.
Quero desde já felicitar todos os jogadores, equipa técnica e adeptos que, como eu, nunca deixaram de acreditar, de apoiar, por termos conseguido um lugar na Polónia e na Ucrânia, por termos conseguido reconstruir a Selecção e colocá-la a jogar ao seu melhor nível. Agradecer-lhes por nos terem dado algo para celebrar, algo por que ansiar. Agradecer-lhes por, mais uma vez, terem retribuído o apoio que lhes é dado.
Por, mais uma vez, provarem que faço bem em ser doida pela Selecção.
Agora que estamos finalmente apurados, planeio montar alguns vídeos de homenagem e apoio à Selecção ao longo dos meses que faltam para o Europeu. Começarei por refazer o vídeo que montei há um ano com a música The Climb, de Miley Cyrus. Não consegui colocá-lo no YouTube devido aos direitos de autor das imagens do Mundial e sempre o lamentei pois considero que a mensagem da música tem muito a ver com a Selecção Nacional. Daí ter decido refazer o vídeo. Desta feita, não vou usar imagens do Mundial (com alguma pena minha) a ver se evito os problemas de direito de autor. Tenciono, até, fazer três versões diferentes: uma com a versão oficial da música, outra com a versão instrumental e outra com um instrumental em piano que encontrei recentemente. Vou tentar tê-las prontas em breve. Quando as tiver postarei aqui. Entretanto, se quiserem ver as primeiras versões do vídeo, podem sacá-las através dos links aqui ao lado direito.
P.S. As celebrações da vitória e do apuramento para o Europeu foram assombradas pelo estado de saúde do Gustavo, o filho de Carlos Martins, que completa hoje três anos e a quem lhe foi diagnosticada uma leucemia. Três anos de idade e tem cancro... Eu já tinha estranhado a sobriedade dos jogadores nas flash-interviews... Entretanto, o Cristiano Ronaldo, o Nani e o Fábio Coentrão já publicaram apelos à doação de medula óssea nas redes sociais, já se formou uma corrente de solidariedade online - algo que é de louvar e que pode fazer a diferença, dada a popularidade destes jogadores. Talvez eu não tenha grande personalidade, talvez eu seja facilmente manipulável, talvez a Selecção seja uma fraqueza minha e eu faça qualquer coisa que eles me peçam mas a verdade é que tenciono ajudar. E não é só por ser o filho de um Marmanjo, só de pensar numa criança de três anos (um ano mais nova do que um primo meu) a ter de ser submetida a cirurgias e quimioterapia... Quem é que consegue ficar indiferente? Mais ou menos nesta altura do ano costumam vir recolher sangue à minha Faculdade e costumam também apelar ao registo como doador de medula. Eu já doei sangue mas tenho estado relutante em inscrever-me como doadora de medula mas agora... Se não for o Gustavo, há-de ser o filho de outra pessoa qualquer.
Vou também acrescentar o meu blogue à onda de solidariedade para com o Gustavo, apelando a que sigam o meu exemplo e se registem como doadores de medula (saibam mais AQUI). Hoje é o filho do Carlos Martins, amanhã pode ser o vosso filho, o vosso neto, o vosso sobrinho, o vosso irmão. Quero também enviar ao Carlos e à Mónica, os pais do Gustavo, uma mensagem de solidariedade, de força e um desejo do fundo do coração que eles consigam vencer esta luta.
Na passada Sexta-feira, dia 11 de Novembro, realizou-se em Zenica, na Bósnia-Herzegovina, a primeira mão do playoff de acesso ao Campeonato Europeu de Futebol de 2012, a realizar-se na Polónia e na Ucrânia. O duelo que opôs a Selecção da casa à sua congénere portuguesa terminou empatado sem golos.
Só consegui seguir o jogo com a devida atenção durante a primeira meia hora. Nesse intervalo de tempo, assisti ao desafio numa televisão de sinal ainda analógico, com o som desligado, ouvindo ao mesmo tempo o relato via rádio. Deve ter sido a última vez que vi um jogo dessa forma uma vez que, com a substituição pela Televisão Digital Terrestre, deve acabar a sincronia quase perfeita entre a televisão e a rádio – algo que lamento profundamente. Já antes mencionei aqui o contagioso entusiasmo com que os jogos são relatados na rádio, fazendo os comentadores televisivos parecerem terrivelmente enfadonhos. Na Sexta-feira, não foi excepção. O locutor da Antena1 – cujo nome não decorei – relatou de forma primorosa ao longo do tempo em que estive a escutá-lo. Ele ia intercalando o relato com uma ou outra curiosidade ou uma ou outra piadinha. Mencionou, por exemplo, que um dos responsáveis bósnios fora, de gravador em punho, confirmar com um jornalista da SIC que aquele é que era o hino nacional português; que pernoitara no mesmo hotel que Howard Webb – o árbitro – e que não gostaria de encontra-lo num beco escuro, visto Webb ser alto e corpulento.
Ele pode ter estado apenas a encher chouriços mas os comentadores televisivos, quando não têm nada para dizer, a sua criatividade limita-se a: “Acompanhe depois o rescaldo do jogo na RTP Informação” e pouco mais.
Visto que Portugal cedo ganhou o domínio do jogo, assisti ao desafio com bastante tranquilidade – em contraste absoluto com a agonia que fora o jogo com a Dinamarca. Mais uma prova de que a noite de Copenhaga fora apenas azar, um acidente de percurso. “Aqui quem manda somos nós”, disse mesmo o locutor. O primeiro golo não tardaria, achava eu.
Enganava-me. Entretanto, saímos para o jantar de aniversário da minha mãe – que completou cinquenta anos nesse dia. Entre beijos e abraços aos amigos e familiares, a ocupação dos lugares à mesa, a actualização das conversas, os primeiros pratos, só de vez em quando é que ia olhando a televisão. Não era, portanto, capaz de perceber o que se estava a passar ao certo. Como tal, quando o jogo terminou com o marcador por abrir, não consegui deixar de ficar desanimada. Não percebia como é que aqueles Marmanjos não tinham conseguido marcar apesar de terem jogado tão bem na primeira parte. Fazia-me recordar a Qualificação para o Mundial 2010, em que a Selecção jogava bem mas era incapaz de marcar golos. E, sem golos fora, se os bósnios marcarem na Luz, vai ser complicado.
Só mais tarde, quando vi as notícias, é que percebi que não existem motivos para grandes preocupações. A única coisa que, pelos vistos, nos impediu de levar o jogo de vencida foi, literalmente, o campo. Eu acho um bocado patético estamos a dizer “Eu sei dançar! A pista de dança é que não presta…” mas este foi mesmo um caso à parte. Portugal fez uma exibição de grande qualidade, falou-se mesmo de “personalidade fortíssima” e de “espírito guerreiro” e, segundo os jornalistas, deixou boas promessas para Terça-feira desde que jogue desta forma.
Tem graça. Geralmente, costumo ser eu a optimista e os media a ficar de pé atrás, mas neste jogo passou-se o oposto… Mas eu própria vi-os a jogar de forma excelente durante a primeira parte e acredito que a qualidade se tenha mantido ao longo dos noventa minutos de jogo, por isso…
O campo, de resto, tem sido uma verdadeira dor de cabeça há já coisa de um mês. Vários nomes foram usados para o definir – batatal, horta, pseudo-relvado – e várias piadas foram feitas. Um exemplo foi um tweet de @lidiapgomes : “Portugal ainda não encontrou o caminho do golo mas já encontrou 3 batatas, 5 cenouras e vários tomates no relvado” – depois desta, o Fábio Coentrão não vai precisar de voltar a assaltar a horta do Cristiano Ronaldo tão cedo… Outro exemplo, foi uma frase do jornal Record:“Pepe foi o que mais amealhou no Farmville”. Adorei estas duas! A Federação já tinha pedido à UEFA que trocasse a localização do jogo mas tal pedido caiu em saco roto. Isto apesar de a França ter pedido o mesmo em relação ao seu embate com a Bósnia aquando do apuramento – algo que já não me surpreende.
Aquilo que me surpreendeu foi o facto de os dirigentes bósnios terem desrespeitado o acordo forjado na manhã antes do jogo e regado o campo, piorando ainda mais a sua qualidade. Juro que não percebo qual foi a ideia deles. À pala disso, a Selecção jogou sob protesto. Agora, estou curiosa em relação às consequências de tal processo.
Mas entretanto, ainda temos a segunda mão do playoff, na Terça-feira, no Estádio da Luz. Esta coisa do “relvado” e dos dirigentes bósnios é apenas um factor a contribuir para um desejo relativamente saudável de vingança. Como dizia no Record, mais uma vez, desejamos uma desforra por isso e pelos adeptos hostis que fizeram barulho à porta do hotel da Selecção, que apontaram lasers ao Ronaldo e gritaram por Messi (apesar de muitos garantirem que, há dois anos, foi pior. Por acaso, até gostei da linguagem gestual cujo significado toda a gente conhece. Pode não ter sido politicamente correcto mas, como costumo dizer, uma miúda não é de ferro e não tenho lata para exigir que o Ronaldo o seja quando tanta gente tenta destabilizá-lo). Para isso, a ideia dos jornalistas é encher o Estádio da Luz, não só de adeptos, mas também “de fervor, de paixão, de entusiasmo, de alegria”. Recriar o lendário Inferno da Luz.
A mim, não é só a vingança que me motiva. Existem outros desejos mais antigos, várias vezes mencionados aqui no blogue ao longo do último ano: consumar o renascimento da Selecção depois do caso Queiroz; dar uma alegria aos portugueses numa altura em que tudo o resto está cada vez pior; uma promessa de mais alegrias no próximo ano, algures entre Maio e Junho. Encerrar o percurso até à fase final do Euro 2012 da melhor forma. Até porque, na remota hipótese de falharmos, o Europeu não terá o mesmo interesse, não só para nós, mas também para o mundo futebolístico em geral. Na coluna de Alexandre Pais do Record, este dizia: “Cristiano, dia 15 é a tua noite, as 21 são a tua hora”. Eu prefiro a frase assim: dia 15 é a nossa noite, as 21 são a nossa hora. Porque a Selecção não é só o Ronaldo. Somos todos nós. E na próxima Terça-feira mostraremos ao mundo aquilo de que somos capazes.
P.S. Não quero falar sobre José Bosingwa. Já se falou e opinou o suficiente sobre isso, não tenho muito mais a acrescentar. Aliás, as declarações e os rumores que têm circulado pelos media podem estar incompletos, descontextualizados, talvez até sejam falsos. Por isso, não me sinto à vontade para tecer julgamentos. Além de que não sei ao certo o que pensar desta história toda… Assim, apenas lamento que a Selecção tenha perdido mais uma mais-valia. E, tal como aconteceu com Ricardo Carvalho, espero que a Equipa de Todos Nós não saia demasiado afectada desta história toda e que, eventualmente – embora saiba que é pouco provável – Bosingwa e Paulo Bento façam as pazes e o jogador possa voltar à Selecção.