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O Meu Clube É a Seleção!

Mulher de muitas paixões, a Seleção Nacional é uma delas.

Seleção 2019

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Primeira publicação de 2020! Bom ano, pessoal! Como o costume, eis o meu balanço anual no que toca à Seleção Portuguesa. E, como também já é costume, publicado em meados, já perto de finais de janeiro. Agradeço a vossa compreensão, nem sempre tenho tempo para escrever, sobretudo durante as festas. Aquilo que, antes, eram exceções, já começaram a ser regras, receio.

 

2019 foi um ano… engraçado, como veremos de seguida. Como tem acontecido com os últimos apanhados anuais, vamos escolher o melhor e o pior do ano. Assim, sem mais delongas, comecemos por...

 

O pior

 

 

  • Qualificação bem sucedida mas desnecessariamente complicada

 

 

Se forem ler a retrospetiva de 2018, verão que me queixei da constituição do nsso grupo de Apuramento. Cito-me a mim mesma: “Espero que tenham aproveitado a fase de grupos da Liga das Nações e que, depois, aproveitem a final four. Vai ser toda a excitação a que termos direito até, pelo menos, ao fim de 2019.”

 

Ai Sofia, Sofia…

 

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Em minha defesa, a “excitação” deste Apuramento é o tipo errado de excitação, de adrenalina. Uma coisa é a adrenalina de, como no nosso grupo do Euro 2020, jogar com equipas grandes, de poderio igual ou superior a nós. Outra coisa é a adrenalina de quem deu tiros no próprio pé e, agora, está a tentar chegar à meta ao pé-coxinho. 

 

Eu mesma referi nesse texto que era possível que nos atrapalhássemos neste grupo – são muitos anos, meus amigos! Hoje vejo que, ainda assim, subestimei um pouco a Ucrânia. No entanto, não estava à espera que corresse desta forma. Podíamos, e devíamos, ter feito mais.

 

Os disparates começaram logo na primeira jornada. Começam sempre. É certo que íamos defrontar logo os nossos dois principais adversários na corrida pelo primeiro lugar. Mesmo assim, vínhamos moralizados após um bom desempenho na fase de grupos da Liga das Nações. O Capitão vestia a Camisola das Quinas pela primeira vez desde o Mundial 2018. Disputaríamos os dois jogos na Luz, o nosso estádio-talismã.

 

Tínhamos tudo para a jornada correr bem. Ou pelo menos para correr melhor do que correu. Como disse antes, em retrospetiva, a Ucrânia saiu-se melhor do que se estava à espera, logo, o tropeção perante eles é mais ou menos aceitável. Mais ou menos.

 

O jogo com a Sérvia, no entanto, devia ter corrido melhor, sobretudo depois de termos perdido pontos três dias antes. Não vou ser hipócrita, tivemos azar – um penálti contra nós aos seis minutos de jogo, a lesão de Ronaldo – e erros do árbitro, admitidos pelo próprio, que afetaram o resultado. Mas também faltou agressividade, faltou entendimento para contrariar esses fatores, para de facto lutar pela vitória.

 

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Cinco meses e uma final four depois, a Qualificação recomeçou. Nos três jogos que se seguiram, a Seleção cumpriu o seu dever, mesmo não fazendo exibições por aí além. Mas depois veio o jogo de Kiev

 

Uma vez mais, admito que seria difícil em qualquer circunstância – da única outra vez em que tínhamos jogado em terras ucranianas também tínhamos perdido. Mesmo assim, acho que devíamos ter jogado melhor. Sofremos dois golos por falhas defensivas logo na primeira hora de jogo e nunca mais conseguimos recuperar. 

 

É certo que acabámos por conseguir a Qualificação via segundo lugar, na última jornada. Reconheço que, de certa forma, é um privilégio incluir um Apuramento bem sucedido no pior do ano. Há uma geração atrás daríamos tudo por uma Qualificação assim. E não me interpretem mal, estou muito feliz e orgulhosa por não me lembrar da última vez que falhámos um campeonato de seleções.

 

No entanto, na conjuntura atual da Seleção, sendo nós os atuais Campeões Europeus e os Campeões da Liga das Nações, com a qualidade dos nossos jogadores, não devíamos ter tido tantas dificuldades, esperava-se mais. Devíamos ter feito melhor. Devíamos ter-nos Qualificado em primeiro. 

 

Com isto tudo, por muito que goste de dizer que os resultados dos sorteios estão exclusivamente nas mãos do Destino ou de entidades equivalentes, desta feita só nos podemos culpar a nós mesmos. Se nos tivéssemos Apurado em primeiro, teríamos evitado o pote 3, logo, teríamos evitado um grupo com a Alemanha e a França (um rápido aparte para agradecer o destaque à minha crónica sobre o sorteio). 

 

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É difícil prever como Portugal se sairá no Europeu, tendo calhado neste grupo. No entanto, uma coisa é certa: jogando como se jogou durante a Qualificação, não iremos longe. Em suma, para 2020, sobretudo para o Europeu, vamos querer mais (menos ais, menos ais, menos ais…).

 

O melhor

 

 

  • A conquista da Liga das Nações

 

 

Em 2019, realizou-se a primeira final four da Liga das Nações. Dos quatro semifinalistas, Portugal era o único interessado em albergar o torneio e assim o fez – no Porto e em Guimarães. A Seleção Portuguesa, no entanto, acabaria por disputar ambos os jogos no Estádio do Dragão: a meia-final e a final.

 

O primeiro, a meia-final frente à Suíça, não foi um jogo por aí além. Valeu-nos Ronaldo, como tantas outras vezes. Perto do fim do jogo, do nada, marcou dois golos e arrumou a questão.

 

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A final foi diferente. Eu estive lá, com a minha irmãzinha. Apesar do stress para chegar ao Estádio, como descrevi na altura, foi uma das noites mais felizes de 2019. 

 

A Seleção fez um dos seus melhores jogos dos últimos anos. A equipa em quase perfeita sintonia, em contraste com… bem, quase todos os outros jogos em 2019. Tirando na posse de bola, a Holanda não se conseguiu impôr, tirando na posse de bola. O único golo da partida foi marcado em cima dos sessenta minutos por Gonçalo Guedes, numa jogada que começou em Raphael Guerreiro e passou por Bernardo Silva, que assistiu de primeira para o golo.

 

Depois do jogo e da cerimónia da entrega da Taça, eu, a minha irmã e restantes adeptos fomos para os Aliados festejar e esperar pela Seleção. Esta seria recebida na Câmara Municipal do Porto e juntar-se-ia a nós, brevemente, na festa.

 

Foi apenas o nosso título em Seleções A – que, a propósito, valeu a Fernando Santos o prémio de melhor Selecionador de futebol do mundo em 2019,  atribuído pela Federação Internacional de História e Estatística do Futebol. 

 

Hoje, no entanto, falam pouco sobre a conquista da Liga das Nações. Sou capaz de apostar que, menos de vinte e quatro horas após a final, já ninguém falava sobre o jogo, já todos tinham seguido com as suas vidas. Mesmo eu, até certo ponto. Como escrevi na altura, é uma prova recente, sem o prestígio de um Europeu ou Mundial. É possível que pelo menos metade das seleções participantes não a tenham levado a sério. Pode ser que isso mude no futuro. 

 

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Há algumas semanas, em entrevista, Fernando Santos argumentou que a UEFA devia oferecer mais incentivos para as equipas investirem na Liga das Nações. Como, por exemplo, oferecer lugares no Europeu ou Mundial seguinte. Talvez os quatro semi-finalistas ou apenas o vencedor?

 

Eu por um lado concordo… por outro, não sei se fará sentido. Afinal de contas, um dos objetivos da Liga das Nações é aumentar o número de jogos oficiais, competitivos, reduzir aqueles jogos amigáveis que, na maior parte dos casos, não interessam à maior parte do público. Se houverem equipas ganhando lugares em campeonatos de Seleções um ano antes dos mesmos (se não for um ano e meio), eu assumo que os restantes jogos do Apuramento (se não for o Apuramento todo) passem a ser amigáveis. Isso não iria contra a intenção da Liga das Nações?

 

É certo que estou a assumir que seriam apenas quatro equipas no máximo. Espero que limitem mesmo esses benefícios a quatro equipas, senão, mais vale cancelarem as fases de Apuramento.

 

Enfim. A UEFA há de avaliar a situação. 

 

Antes de falarmos melhor sobre 2020, queria olhar para trás durante mais alguns parágrafos. Para além de termos mudado de ano, mudámos de década. Muitos por aí têm aproveitado a ocasião para fazer um balanço dos anos 10. Confesso que para mim não faz muito sentido. Conforme já escrevi no meu outro blogue, uma década é demasiado tempo. É difícil encontrar aspetos que se tenham mantido consistentes ao longo de dez anos. 

 

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Veja-se a Seleção, por exemplo. Imensos altos e baixos, alguns mesmo muito altos, alguns mesmo muito baixos – curiosamente, muitos dos altos coincidiram com Europeus e muitos dos baixos coincidiram com Mundiais. A segunda metade da década foi bastante melhor que a primeira – culminando com os nossos primeiros dois títulos em Seleção A. 

 

Fernando Santos é um dos responsáveis, claro, mas não me esqueço do trabalho da Federação com as camadas jovens, da Cidade do Futebol (embora eu tenha saudades dos treinos abertos no Jamor), das diversas escolas de formação dos clubes. 

 

No início dos anos 10 estávamos numa fase estranha. Tínhamo-nos Apurado para o Mundial 2010, ainda que com um desempenho que deixou muito a desejar. Carlos Queiroz era o Selecionador. Já se ouviam alguns rumores de tensão no seio das Quinas. Passávamos por um período de transição, em que ainda sobravam alguns jogadores da geração que brilhou no Euro 2004 e no Mundial 2006 mas, por exemplo, Deco já estava com um pé de fora. Vários outros sairiam daí a uns meses, quando a batata quente explodiu (isto é, quando rebentou o caso Queiroz). 

 

Hoje, no fim da década de 2010, início da década de 2020, estamos muito melhor. Dois títulos no currículo, como referi acima, vários talentos vestindo a Camisola das Quinas, jogadores leais ao atual Selecionador, como dá para ver no vídeo abaixo. 

 

 

Estamos longe de perfeitos e tenho-me fartado de comentá-lo aqui no blogue. Veja-se só: no mesmo ano em que ganhámos um título, vimo-nos um bocadinho gregos para nos Qualificarmos. Mesmo passados estes anos todos, ainda não me habituei à nossa bipolaridade. No entanto, já estivemos bem pior – tento fazer por não me esquecer disso.

 

Olhemos agora para 2020. Queria falar sobre a segunda edição da Liga das Nações, que começa em Setembro. Como vencedor da prova, Portugal continua na Liga A, naturalmente. Esta Liga, aliás, foi alargada a dezasseis equipas – as que deviam descer à Liga B terão uma segunda oportunidade para provar que merecem estar entre os melhores. 

 

Esta fase de grupos será, assim, mais complicada que a última. Em parte porque, desta feita, vamos de certeza apanhar três equipas em vez de apenas duas. Para além disso, é provável que pelo menos algumas dessas equipas sejam tubarões, outra vez – fazendo figas para que a Sorte seja mais simpática connosco do que foi com os grupos do Euro 2020. 

 

Vamos ter de nos aplicar. Até porque esta é outra prova em que defendemos o título. Talvez ainda não seja desta que as outras seleções a levarão a sério, mas pouco importa. Melhor para nós se mais ninguém quiser lutar pelo título. Acho que não falta espaço na sala dos troféus da Cidade do Futebol. 

 

Entre isto e o Europeu, 2020 vai ser um ano intenso, emocionante. Temos os dois únicos títulos que ganhámos para defender. O nosso ano vai começar devagar, provavelmente com dois particulares em março, na mesma altura dos play-offs do Euro. A meio de maio sairá a Convocatória – e depois todo o ritual bem conhecido de preparação de um campeonato de Seleções. 

 

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Como o costume, mal posso esperar. 

 

Penso que já tinha dado a entender antes que tenho planos para escrever um texto diferente do habitual aqui no blogue. Vou tentar publicá-lo algures em fevereiro, inícios de março máximo dos máximos). Entretanto, como sempre, enquanto esperamos por mais aventuras e desventuras da Equipa de Todos Nós, entretenham-se comigo na página do Facebook daqui do estaminé.