Portugal 1 Argentina 0 - Surpresa no fim
Na passada terça-feira, dia 18 de novembro, a Seleção Portuguesa de Futebol defrontou a sua congénere argentina em jogo de carácter amigável. Este encontro teve lugar em Old Trafford, no chamado Palco dos Sonhos, e terminou com uma vitória pela margem mínima para as cores lusitanas.
Ao contrário de muito boa gente, eu não estava à espera de um épico duelo Ronaldo versus Messi. O que não me impediu de achar o jogo uma seca, sobretudo durante a segunda parte. A Argentina dominou durante a larga maioria dos noventa minutos. Isto não é propriamente de surpreender mas a verdade é que também não ajudou Portugal não ter entrado da melhor maneira, com um onze que, na minha opinião, não era o nosso mais forte. Ao menos fomos capazes de ir mais ou menos contendo os ataques argentinos - grande Pepe e grande Bruno Alves - com um bocadinho de sorte à mistura. Chegámos a dominar durante a segunda metade da segunda parte, o intervalo é que se meteu à frente. Por essa altura, Ronaldo e Messi foram substituídos (também, tirando um ou outro momento, não tinham feito nada de especial) e o jogo perdeu interesse para noventa por cento dos espetadores. Eu nem prestei muita atenção à segunda parte, uma vez que estava a jantar e, depois, a arrumar a cozinha, mas do pouco que ia vendo, achava uma pasmaceira.
Já perto do fim do jogo, começava a lamentar para mim própria - e mais tarde para o Twitter - que tão cedo não voltaríamos a ter jogos da Seleção e aquele último jogo estava a ser absolutamente insonso. Sabia que ainda era possível o resultado alterar-se, mas não via grandes sinais disso. E, numa altura em que já se faziam contas ao jogo, assumindo que o marcador permaneceria alterado até ao apito final, repete-se o filme do jogo com a Dinamarca, desta feita com protagonistas diferentes exceto um; é Adrien que inicia a jogada, Ricardo Quaresma pega na bola que ele chutara para a frente, centra-a e é Raphäel Guerreiro, que rendera o lesionado Tiago Gomes (que não fizera grande coisa), quem a cabeceia para as redes argentinas.
Depois de um belo jogo frente à Arménia e deste jogo, Raphäel Guerreiro é o meu novo herói. Não é qualquer jovem de vinte anos que se pode gabar de ter marcado à Argentina, muito menos apenas na sua segunda internacionalização, muito menos em Old Trafford. No entanto, não posso deixar de falar também de Ricardo Quaresma, que teve a proeza de contribuir para todos os golos da era Fernando Santos até agora. E eu que, há uns meses, já nem contava com ele para a Seleção... Ainda bem que estava enganada.
Confesso que me deixei levar pela euforia durante algum tempo, já depois do apito final. Pode ter sido, nas palavras do selecionador Tata Martino, um golo fortuito mas foi um golo, um golo à Argentina! Era a nossa primeira vitória frente à seleção alviceleste em quarenta e dois anos! Não é todos os dias que se ganha a uma seleção das grandes e, quando isso acontece, há que sentir orgulho por isso, independentemente das circunstâncias.
Este golo, e a consequente vitória, foi uma surpresa, um brinde inesperado no final de um jogo desinteressante. Não fosse o tento, provavelmente esqueceríamos este jogo no prazo de uma semana. Assim, ao menos fica o número, a estatística. A vitória surpreendente pode ter compensado a fraca exibição da equipa portuguesa mas não a apaga. E essa fraca exibição tem preocupado muita gente.
Tem sido, de resto, a regra do "mandato" de Fernando Santos, pelo menos até agora: vitórias tangenciais, quer à Arménia quer à Argentina. A Seleção continua com os mesmos problemas de sempre mas agora, ao menos, consegue resultados - o que faz toda a diferença. Não nos podemos esquecer que o futebol vive de resultados. Nós, aliás, tal como penso já ter assinalado aqui no blogue, já estivemos demasiadas vezes no lado oposto: já tivemos boas exibições e maus resultados. Já sofremos golos "fortuitos", muitas vezes resultantes da única vez que o adversário veio à nossa baliza. Chamem-me resultadista mas se a atual vice-campeã do Mundo consegue dominar um adversário durante quase todo o jogo mas não consegue vencê-lo, o demérito não é do adversário.
É claro que este foi um particular, um bastante anti-climático por sinal, vale o que vale. E ainda que, a curto prazo, esteja disposta a aceitar este tipo de jogos (vitórias com más exibições), também concordo com as opiniões que defendem que, a longo prazo - leia-se, após a Qualificação - isso não será suficiente. No entanto, tal como já disse anteriormente, acredito que as boas exibições virão com o tempo. Só sei que já estivemos em situações piores no passado.
Este foi o último jogo do ano. O nosso próximo jogo é dia 29 de março do próximo ano, contra a Sérvia. Acabo de descobrir que aboliram a data de fevereiro para jogos particulares de seleções, o que significa que nos esperam pouco mais de quatro meses sem Equipa das Quinas. Ainda serei capaz de aguentar o primeiro mês, enquanto preparo a habitual revisão do ano, que sempre engana as saudades. Pior será depois do ano novo...
Isto por si só já seria suficientemente mau se não me sentisse sozinha na minha infelicidade. Para a maior parte dos amantes de futebol os clubes são mais interessantes, logo, para eles, este longo intervalo nos jogos de seleções são uma bênção.
Este pode não ter sido o jogo lendário que vários esperavam e Portugal pode não ter merecido ganhar. No entanto, será o resultado final a ficar na História. No fim do dia é isso que verdadeiramente interessa no futebol. Nós já sofremos várias vezes na pele as consequências dessa realidade. Para já, fica o alívio de, depois da tristeza que foi o Mundial, ainda sermos capazes de dar uma para a caixa perante seleções de grande calibre. E, conforme disse antes, já terminámos anos em situações piores. Para já, isto chega. Mas é bom que, daqui para a frente, seja sempre a subir.