Portugal 0 França 1 - A maldição continua, parte 2
Na passada sexta-feira, dia 4 de setembro, a Seleção Portuguesa de Futebol recebeu, no Estádio de Alvalade a sua congénere francesa, em jogo de carácter particular. Eu estive lá. Este encontro terminou com uma vitória pela margem mínima para a seleção visitante.
Chegámos ao estádio um bocadinho em cima da hora - por minha vontade chegaríamos pelo menos meia hora antes, sem grande stress, com tempo para absorver o ambiente. Indo com várias pessoas, sobretudo num dia de semana, é difícil isso acontecer... Ao menos chegámos a tempo do hino, que é sempre um dos momentos mais icónicos de um jogo de Seleção.
Estava uma casa bem composta - pouco menos de quarenta mil espectadores - com uma quantidade considerável de franceses, bastante barulhentos por sinal. Passaram o jogo quase todo a cantar, tendo sido poucas as alturas em que nós, portugueses, conseguimos abafar-lhes as vozes. O queme faz pensar de novo na questão dos cânticos para a Equipa de Todos Nós. Já se tentou, mas a única maneira que vejo para um potencial cântico pegar seria se a Seleção tivesse uma claque - algo que seria difícil de pôr em prática.
Mas fechemos este àparte.
Este é capaz de ter sido um dos jogos da Seleção mais secantes a que assisti ao vivo - mesmo que não tenham sido muitos - sobretudo por ter sido o primeiro em que a Turma das Quinas não marcou. A primeira parte não foi má, teve equilíbrio. Os franceses atacavam com mais frequência, mas iam-nos valendo Pepe, Ricardo Carvalho (antes de ser substituído) e, sobretudo com o jogo já avançado, Rui Patrício. A segunda parte da Seleção Portuguesa foi pior, como costuma acontecer nos particulares - nesta altura, estávamos sentados do lado do meio-campo francês e, durante os primeiros quinze minutos, pouco ou nada se viu do nosso lado. A equipa portuguesa suibiu de rendimento após as substituições, mesmo assim, embora continuasse a produzir pouquíssimas ocasiões de golo. O tento da França acabou por surgiu um pouco contra a corrente da partida, numa altura em que eu já preparava mentalmente a reação a um empate sem golos. É claro que, depois de sofrer,a Seleção teve de correr atrás do empate. Mais uma vez, poucos minutos após o golo sofrido, todo o Estádio se pôs a gritar por Portugal, sobretudo aquando de uma série de cantos a nosso favor. Mais uma vez, Fernando Santos agradeceu-nos por isso. No entanto, desta feita, a Seleção não acordou a tempo.
É evidente que as duas equipas disputaram o jogo com motivações diferentes. Os franceses vinham de uma série de maus resultados, precisavam de uma vitória. Por nossa vez, ao contrário dos nossos amigos bleu, nós temos uma Qualificação com que nos preocuparmos, estávamos a três dias de um jogo difícil. Aquele foi um particular mais importante do que o costume, mas menos do que o jogo com a Albânia, ainda assim.
De qualquer forma, mesmo que Portugal não tenha jogado muito bonito, não achei que tivéssemos jogado propriamente mal. Podem dizer o que quiserem da capacidade finalizadora de Portugal (e não estão errados), mas a França só conseguiu marcar a partir de uma bola parada, aos oitenta e cinco minutos. Isso também é importante. Tenho, aliás, vindo a dar cada vez mais valor à capacidade defensiva, de baixar as linhas, jogar na expectativa. Começo a achar cada vez mais que o futebol é uma maratona, não uma prova de cem metros e muito menos ballet. É importante saber gerir o esforço, que eu estou convencida que foi isso que custou a final do Europeu aos sub-21 - os jovens portugueses cansaram-se mais que os suecos durante os cento e oitenta minutos e não bateram os penálties devidamente. Tambem não me surpreenderia se o cansaço tivesse, igualmente, sido fator nas meias-finais do Euro 2012.
No entanto, este jogo também para provar que não chega jogar com linhas baixas, sobretudo perante equipas como a França. Equipas grandes que, ao contrário da Argentina e de Itália, querem mesmo ganhar. Como tenho vindo a dizer, as coisas estão a correr bem na Qualificação, ao contrário do que acontecia há dois anos. O futebol que temos praticado tem chegado para isso. No entanto, o jogo de sexta provou que o futebol atual não vai chegar para as seleções que encontraremos no Euro 2016. Fernando Santos diz que quer ser campeão da Europa, mas ainda existe muito a fazer antes de podermos realisticamente aspirar a tal.
De qualquer forma, nesta altura do campeonato, a primeira preocupação será sempre o Apuramento. Que poderá ser conseguido ainda hoje se ganharmos e se a Dinamarca perder contra a Arménia. Eu acho pouco provável os dinamarqueses perderem, mas não nego que me agradaria a possibilidade de ficarmos com a questão do Apuramento arrumada já hoje, mais de dois meses antes da altura habitual. Fazê-lo frente à Albânia, a Seleção que, há precisamente um ano, nos lançou numa crise, quase nos fez perder a esperança no Apuramento, seria particularmente poético.
Com Apuramento imediato ou não, a vitória será sempre essencial para ficarmos mais perto do Europeu. Tal como afirmei na entrada anterior, não vai ser fácil. Continuo convicta de que não tenhos nenhum motivo para não conseguir, mesmo que tenhamos um histórico de complicar o que é fácil. No entanto, como podem ver, Fernando Santos revelou ontem a mensagem acima, que tem deixado à vista aquando das concentrações da Seleção, desde o seu primeiro dia. Tal mensagem terá catalisado as nossas quatro vitórias seguidas nesta Qualificação, há de catalisar uma quinta, hoje. Que consigamos, então, o Apuramento o mais cedo possível, para que depois possamos focarmo-nos em tornar a Equipa de Todos Nós numa candidata a campeã da Europa.