Pausa na programação
Amanhã, dia 11 de novembro, a Seleção Portuguesa de Futebol recebe a sua congénere andorrana, no Estádio da Luz, em jogo de carácter particular. Três dias mais tarde, no mesmo estádio, receberá a sua congénere francesa. Três dias depois, a Seleção desloca-se à Croácia para defrontar a seleção local. Estes últimos dois jogos contarão para a fase de grupos da segunda edição da Liga das Nações.
Fernando Santos anunciou os Convocados para a reta final desta fase de grupos na passada quinta-feira. As novidades na Convocatória são as chamadas de Paulinho e Pedro Neto. Não sei muito sobre eles, confesso. Consta que Paulinho tem feito uma boa época no Sporting de Braga – aparentemente é o avançado dos sonhos de Carlos Carvalhal.
Uma nota curiosa: ele fez anos ontem, logo no dia em que se juntou à Seleção pela primeira vez. Não é algo que aconteça todos os dias.
Por seu lado, Pedro Neto é o primeiro na Seleção A a nascer na década de 2000. Ainda devia usar fraldas quando Cristiano Ronaldo subiu aos séniores do Sporting, mas agora vai partilhar o balneário com ele. Pedro é outro lobo do Wolverhampton que se tem saído bem no clube. Consta que ganhou espaço com a transferência e Diogo Jota para o Liverpool.
É impressão minha ou o Wolverhampton está uma autêntica fábrica de talentos para a Turma das Quinas? Criaram o Jota e agora estão a criar o Pedro Neto…
Adiante. A minha irmã fez-me ver que esta é a primeira Convocatória sem jogadores do Benfica ou do Sporting em… cinquenta anos!
Não acho que Fernando Santos tenha uma boa desculpa, desta feita – não se pode dizer que os clubes não estão a investir no jogador português. O Benfica tem Pizzi e Rafa. O Sporting está em primeiro lugar na Liga (coisa rara), pelo menos em parte graças a jogadores como Pedro Gonçalves, também conhecido por Pote, Nuno Mendes, Nuno Santos, João Palhinha e até o Campeão Europeu João Mário!
Vão ter de me perdoar se sei um pouco mais sobre o Sporting do que sobre outros clubes portugueses. É o que dá ter uma sportinguista em casa – que ainda por cima anda mais envolvida com a atividade do clube, agora que as coisas estão a correr bem.
A única explicação que me ocorre para não haverem representantes do clube leonino nesta Convocatória – e, como sabem, estou longe de ser uma especialista na matéria – é haver demasiada concorrência para aquelas posições. João Palhinha, por exemplo, concorre com Danilo Pereira para médio defensivo e Nuno Mendes concorre com Raphael Guerreiro para lateral esquerdo. Uma das piores partes de ter uma grande base de recrutamento: há jogadores bons que têm de ficar de fora.
Mas se o Sporting continuar em alta até aos próximos jogos da Seleção, em março, Fernando Santos vai ter de dar oportunidades a estes jogadores.
Uma ausência que me desagrada é a de Pepe por lesão. Depois do seu excelente desempenho nos últimos jogos, isto era uma das últimas coisas que desejava para um jogo difícil, como o de sábado. Enfim, o José Fonte também é experiente, também é Campeão Europeu, há de ser capaz de dar conta do recado.
Nestas últimas semanas, tenho andado inchada de orgulho com tanto jogador português a brilhar nos respetivos clubes. Diogo Jota, um dos destaques da Seleção desde o fim do hiato, também tem espalhado magia no Liverpool. Só no jogo com o Atalanta para a Champions, na semana passada, marcou um hat-trick. Jürgen Klopp está rendido ao miúdo – o sonho de qualquer jogador, deixar um treinador de renome de joelhos.
Por seu lado, João Félix parece finalmente ter-se encaixado no Atlético de Madrid. No último jogo, em que o Atlético venceu o Cadiz por quatro-zero, Félix contou dois golos e uma assistência. O jornal A Marca já fala dele como o dono da equipa, um dos principais fatores para a ascensão dos colchoneros.
Como alguém que receou que a transferência para o Atlético de Madrid tivesse sido um erro, estou muito feliz por não ter razão.
Quanto a Renato Sanches, também ele tem arrancado elogios, desta feita à Imprensa francesa – o que é notável, tendo em conta a tendência dos franceses para nos desprezarem. Parece que Renato foi uma das estrelas na vitória por três-zero do Lille sobre o AC Milan.
Por fim, o Manchester United tem andado com altos e baixos, mas Bruno Fernandes continua a destacar-se pela positiva. Os jornais descrevem-no como o coração do clube de Old Trafford.
São muitos clubes na mão de jogadores portugueses. O que dá muito jeito para a Equipa de Todos Nós na reta final da fase de grupos da Liga das Nações.
Antes disso temos um particular de dificuldade menor – uma exceção àquela que tem sido a regra para a Seleção, após o longo hiato. O nosso último jogo com a Andorra foi mais difícil do que seria de esperar para a qualidade do adversário – o maior obstáculo foi o terreno. Ora, tendo em conta que este jogo decorrerá no Estádio da Luz, esse problema não se coloca.
Estou convencida, aliás, de que este adversário foi escolhido a dedo para Ronaldo avançar na perseguição ao recorde de golos por seleções.
Eu e a minha família queríamos ir a esse jogo. A minha mãe faz anos amanhã e eu tinha a esperança de que o Portugal + me enviasse convites (esqueci-me de referi-lo na crónica anterior, mas cheguei a receber quatro convites para o jogo com a Suécia. E até foi com uns dias de antecedência. Mas mesmo assim não fui a tempo de resgatá-los.). No entanto, a pandemia agravou-se e a DGS cancelou os testes-piloto.
É uma pena, sobretudo no que toca ao jogo com a França. Num jogo tão difícil, o público seria uma arma importante. Mas o que é que se pode fazer?
Falemos então sobre o jogo com a França – um dos mais difíceis desta fase de grupos, se não for o mais difícil. A França dispensa apresentações e está em igualdade pontual connosco. O fator casa será praticamente irrelevante e, ao contrário do que aconteceu no Stade de France, o empate poderá não ser suficiente. Tal como disse Fernando Santos na Conferência de Imprensa, um empate com golos não nos dá muito jeito – os franceses ficam com a vantagem de terem marcado em nossa casa. Mesmo um empate sem golos não seria um resultado ideal, na minha opinião – adiaria a decisão para o último jogo, que também não será fácil.
O melhor seria mesmo vencermos a França. Assim, se a matemática não me falha, bastar-nos-ia empatar com a Croácia para passarmos à final four da Liga das Nações. É claro que é mais fácil escrevê-lo do que fazê-lo – não preciso de explicar porquê. Eu não faria essa aposta no Placard. Mas, se existe uma Equipa das Quinas capaz desse feito, será a atual – a passar por uma bela fase, tanto em termos de individualidades como de coletivo.
A abordagem ao jogo com a Croácia vai, assim, depender do jogo com a França. É um voo um bocadinho longo até Zagreb. Ao menos é o último encontro da jornada e não o do meio – o desgaste seria significativo. Os croatas já estão fora da corrida pelo acesso à final four da Liga das Nações – mas é possível que compitam com a Suécia para não descerem à divisão B. É melhor não esperar facilidades.
Pensar nestas coisas, nestas contas, escrever sobre elas, é um bom descanso da realidade do agravamento da pandemia. Bem, regra geral – o motivo pelo qual fiquei tão em baixo no mês passado foi por o Coronavírus ter invadido o meu escapismo.
Em retrospetiva, exagerei um bocadinho – não chegou a haver nenhum surto de Covid na Seleção. Cristiano Ronaldo recuperou bem, teve ginásio e piscina no isolamento (isto não é para quem quer, é para quem pode), regressou com a veia goleadora intacta. O pior que lhe aconteceu durante esse período foi ter rapado o cabelo (Ronaldo tem andado desinspirado em termos de penteados este ano). Mas com uma doença ainda mal-conhecida como o Covid…
À hora desta publicação, ninguém terá acusado positivo na Turma das Quinas. A ver se se mantém assim…
Com alguma sorte, o Covid não estragará esta jornada. Poderemos, nem que seja por poucas horas, fazer uma pausa na programação habitual. Enquanto estivermos a pensar em quem tomará o lugar de Pepe ou se Ronaldo deve ser poupado no jogo contra Andorra, não estaremos a pensar nos números crescentes da pandemia ou no regresso, ainda que parcial, do confinamento. E pode ser que os Marmanjos nos consolem com vitórias perante os atuais Campeões e Vice-Campeões do Mundo.
Isto não é assunto novo neste blogue, já é quase um cliché. Mas costuma-se dizer que os clichés existem por um motivo. Para mim, a Seleção é um escapismo, um consolo, uma esperança – coisas que nunca fizeram mais falta.
Nesse aspeto, vou tentar aproveitar este triplo compromisso. Sugiro-vos que façam o mesmo: quer através deste blogue, quer através da sua página no Facebook.