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O Meu Clube É a Seleção!

Mulher de muitas paixões, a Seleção Nacional é uma delas.

Para despachar

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Na passada quinta-feira, dia 11 de novembro, a Seleção Portuguesa de Futebol empatou a zeros com a sua congénere irlandesa, em Dublin, em jogo a contar para a Qualificação para o Mundial 2022.

 

Não estava nos meus planos dedicar um texto apenas a este jogo. Nos últimos anos, a regra tem sido uma crónica para cada jornada de Seleção, geralmente dois jogos, ou mesmo três. No entanto, não tenho muito a dizer sobre o que aconteceu em Dublin, consegui escrever o primeiro rascunho relativamente depressa. Mais vale despachar isto. 

 

Curiosamente, essa parece ter sido a atitude da Seleção Nacional perante a Irlanda. 

 

Como já tinha dito no texto anterior, a minha mãe fez anos nesse dia e o plano era irmos jantar fora. No entanto, eu e os meus pais constipámo-nos (era mesmo uma constipação, nós fizemos o teste!) e achámos melhor ficar em casa e encomendar comida. Na altura fiquei contente pois, como expliquei antes, queria muito ver este jogo. 

 

Agora, preferia mil vezes ter ido jantar fora e ignorado o que se passava em Dublin. 

 

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Fernando Santos apresentou um onze diferente do habitual. Deixou de fora todos os “amarelados”, tirando João Palhinha. António Tadeia acha que o plano era usar as mesmas armas que os irlandeses – o poderio físico – em vez de recorrer aos nossos pontos fortes. É claro que não ia resultar. 

 

Ainda assim, não chega para explicar a péssima atitude com que os jogadores abordaram este jogo. Ninguém parecia esforçar-se por reter uma bola ou recuperá-la quando a perdiam – segundo o GoalPoint, tivemos a pior posse de bola e eficácia de passe de todo o Apuramento, até agora. E a coisa só piorou com o decurso do jogo. Foi tortuoso.

 

Um bom exemplo foi a jogada que resultou no golo anulado dos irlandeses (sim. Os irlandeses foram os únicos a enfiar uma bola numa baliza.). O Rui Patrício esforçando-se por recuperar a bola, obrigado o adversário a cometer falta, e o Danilo ali especado!

 

A partir de certa altura, eu quase torcia pelos irlandeses – e estes não estiveram muito longe de vencer, sobretudo perto do fim. De um lado estava uma equipa de prestígio que não estava para se chatear. Do outro, estava uma equipa mais humilde, menos talentosa, mas apaixonada, aguerrida, catalisada por adeptos que estão entre os melhores do mundo. Por quem quereriam vocês torcer?

 

E veja-se a ironia. Tantos cuidados por causa dos amarelos e depois veio o Pepe e arranjou logo dois. Dois recordes quebrados: o jogador mais velho a representar a Seleção e o jogador mais velho a levar um vermelho ao serviço da Seleção. Bolas, Pepe…

 

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Não quero criticá-lo muito, no entanto, que ele fez questão de continuar com o resto do grupo, mesmo não podendo jogar com a Sérvia. É por isto que ele continua a ser Convocado, que nós continuamos a perdoar-lhe estas atitudes mais parvas: continua a ser capaz e, sobretudo, poucos amam a Camisola das Quinas mais do que ele.

 

A declaração de Fernando Santos no rescaldo do jogo – “Se tivéssemos ganho 5-0 era a mesma coisa” – tem caído mal nas redes sociais. Foi tirada um pouco do contexto, mas a indignação justifica-se, a meu ver. Mesmo que as consequências em termos de classificação sejam as mesmas… isso é coisa que se diga? Estamos a falar de uma Seleção onde alinham alguns dos melhores jogadores da atualidade! 

 

Fernando Santos estava a subir na minha consideração ultimamente, mas com esta deu vários passos atrás. Não vou ao ponto de dizer que este foi o pior jogo da Seleção deste mandato, mas é certamente a pior versão da Seleção. O meu clube não é isto!

 

A única coisa boa disto tudo é que, lá está, este jogo não terá consequências (a menos que o sorteio para a fase de grupos do Mundial dependa do desempenho na Qualificação, algo que ainda não consegui confirmar). Se ganharmos à Sérvia e conseguirmos o Apuramento, ninguém se vai lembrar do que se passou em Dublin. Mas, como alguém que encara cada jogo da Seleção como uma ocasião especial (uns mais do que os outros, claro), é frustrante quando os próprios Marmanjos não fazem o mesmo.

 

De qualquer forma, quero atirar este jogo para trás das costas e pensar na “final” com a Sérvia. Foi também em parte por isso que escrevi já sobre o jogo com a Irlanda. Acredito que o próximo encontro da Seleção será bem melhor que este. Se, daqui a uns anos, quiser reler a análise a esse jogo, não quero ter de recordar o que aconteceu em Dublin também. Como disse no texto anterior, estarei lá, na Luz. Farei a minha parte. Os Marmanjos que façam a deles. Queremos todos estar no Mundial, daqui a um ano.

 

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Mas se a exibição for igual à de quinta-feira, sou capaz de pedir o meu dinheiro de volta.