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O Meu Clube É a Seleção!

Mulher de muitas paixões, a Seleção Nacional é uma delas.

O Europeu da nostalgia

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À hora desta publicação, faltam pouco mais de duas semanas para o início do Euro 2024. Roberto Martínez Divulgou os Convocados para representar Portugal neste campeonato no passado dia 21 de maio. Pode-se dizer que já estamos em modo Europeu – ou, vá lá, quase.

 

Este campeonato vai ter – já está a ter – um sabor diferente. Um sabor nostálgico, aludindo a campeonatos anteriores. 

 

Para começar, vai decorrer exatamente vinte anos depois do Euro 2004. “Euro 2024”, aliás, soa parecidíssimo a “Euro 2004” – o meu coração dá um pequeno salto sempre ouço este nome. Sobretudo agora na era das internetes, temos ciclos de nostalgia de vinte anos. E 2004 foi um ano marcante para mim. Foi quando comecei o Secundário, quando adotei novos interesses que mantenho até agora. 

 

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A Seleção será um dos maiores. Não é a primeira vez que o digo, não será a última. Foi com o Euro 2004 que o casamento começou – e chegámos à marca dos vinte anos! Tomara muitos! 

 

Além de que foi, pura e simplesmente, um dos capítulos mais bonitos da história do futebol português. Matéria da qual são feitas as lendas. O espanto e a maravilha ainda não se dissiparam, mesmo passadas duas décadas.

 

Malta! O Ricardo defendeu um penálti decisivo sem luvas! E depois ele mesmo bateu o penálti seguinte, assegurando a nossa vitória. Coisas como esta não acontecem!

 

Por outro lado, este Europeu irá decorrer na Alemanha – o mesmo palco que o Mundial 2006, também ele com elevado valor nostálgico. Foi o melhor desempenho português em Mundiais que testemunhei até agora. Dá-me imenso gozo ouvir os nomes das cidades, depois de as ter aprendido rapidamente durante esse Mundial. As mais conhecidas Berlim, Munique, Frankfurt, Dusseldorf, claro, mas também Marienfeld (que vai voltar a ser o quartel-general da Seleção), Colónia, Gelsenkirchen – este último é o meu nome preferido.

 

O único denominador comum entre esses campeonatos e o atual é, claro, Cristiano Ronaldo, o único que continua no ativo. Dezoito, vinte anos depois, voltou a ser Convocado. Também temos Ricardo Carvalho e Ricardo Pereira (referido acima), mas como membros da equipa técnica.

 

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Estamos velhos.

 

O terceiro fator nostálgico diz respeito aos nossos adversários nesta fase de grupos. A Turquia e a Chéquia também fizeram parte do nosso grupo no Euro 2008. A Geórgia não, mas realizámos um particular contra eles antes desse campeonato – o único, se a memória não me falha. A única recordação que tenho desse jogo é a fotografia do João Moutinho que usei como cabeçalho do texto que escrevi sobre esse jogo aqui no blogue. Ele foi um dos marcadores. 

 

Nem me recordava do resultado, apenas que tínhamos ganho. Uma pesquisa rápida recordou-me que ganhámos por duas bolas contra zero. Mas falaremos melhor num texto futuro, quando olharmos melhor para os nossos adversários neste Europeu.

 

Não que o Euro 2008 em si tenha sido particularmente memorável. Mas sempre foi o primeiro campeonato que cobri com este blogue, há dezasseis anos.

 

Dezasseis anos, minha gente. Ainda há pouco tempo o Euro 2004 e o Mundial 2006 tinham sido há apenas meia dúzia de anos. De repente já lá vão duas décadas ou quase.

 

Algo em que reparei há pouco tempo é que este blogue passou metade da sua vida com uma Seleção sem títulos e a outra metade com título. Nesse sentido, seeria poético se conseguíssemos recuperar a Henri Delaunay este ano.

 

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Vou dizê-lo já: este é capaz de ser o campeonato de seleções que encaro com maior otimismo em muitos anos. Da última vez era (mais) jovem e (mais) ingénua, claro. Agora estou confiante, sim, mas cautelosa. Temos o talento, tivemos os resultados na Qualificação, não temos Fernando Santos.

 

Mas já se sabe como são estas coisas. Tudo muito bonito, mas só conta quando a bola rolar.

 

Além disso, como temos vindo a assinalar, ainda não conhecemos Roberto Martínez assim tão bem, ainda não tivemos um desafio a sério. Não sabemos como irá esta Seleção reagir quando nos cruzarmos com um adversário de peso. 

 

Nesse aspeto, uma coisa boa deste grupo teoricamente fácil – sublinhe-se o “teoricamente” – é que vamos continuar a ter um aumento mais ou menos linear em termos de dificuldade.

 

Confesso que ainda não me sinto bem em modo Europeu. Já não é a primeira vez que o digo. Para além de ter outras coisas ocorrendo na minha vida, já são muitos anos, há aspetos que já se tornaram rotineiros. Como a Divulgação dos Convocados. A atual geração tem tanto talento que é quase impossível fazer uma Convocatória má.

 

Claro que tenho os meus reparos. Não percebo o que é que Martínez tem contra Francisco Trincão e sobretudo Pedro Gonçalves. Eles não puderam vir ao Europeu porque falharam os amigáveis de março. Mas Pedro Neto e Diogo Jota – que não só falharam essa jornada como vêm de lesões prolongadas – puderam vir? Ainda compreendo mais ou menos a Chamada de Diogo Jota – ele tem currículo na Seleção, vários golos marcados. Pedro Neto, por outro lado, só conta cinco internacionalizações e um golo marcado num particular frente a Andorra.

 

Dito isto, não estou para me ralar demasiado com esta questão. Até porque nestes debates há sempre gente usando lentes da cor dos respectivos clubes. Quando é assim, é uma luta perdida. Além disso, nenhuma das desilusões dos últimos anos se deveu a problemas com os Convocados.

 

 

A única coisa que quero recordar da Convocatória é mesmo a reação do filho do João Palhinha. 

 

A preparação do Europeu começou este domingo. Este é o primeiro campeonato de seleções “normal” que temos em anos. Está a decorrer na altura certa do ano, sem adiamentos ou outros condicionamentos provocados pela pandemia ou climas extremos. Temos três jogos de preparação antes do Europeu! Já não estava habituada a isto. 

 

Por outro lado, tenho estranhado o início tão tardio do estágio de preparação. Vou ser sincera, não me agrada muito. Os Marmanjos vão jogar o primeiro amigável depois de o quê? Um treino? Dois?

 

Claro que compreendo a lógica. Toda a gente sabe como anda o calendário futebolístico – já não é a primeira vez que falamos disso. Andam a falar de uma possível greve de futebolistas. Esta semana de férias terá feito melhor a estes Marmanjos, em termos físicos e sobretudo psicológicos, do que uma semana de estágio, por muito leve que seja. Se isso significar exibições fraquinhas nos particulares e menos publicações nas redes sociais relacionadas com a Seleção… que assim seja. É um preço mais do que razoável. 

 

Falemos então sobre estes três amigáveis. De referir que vou estar lá em dois deles. Comprei o bilhete para o primeiro, frente à Finlândia, em Alvalade, há poucos dias. Foi decisão de última hora. Estou de folga nessa tarde, não tenho outros planos, o Estádio fica perto da minha casa, a vida é curta. Porque não? É na loucura. E acho que nesta vez consegui um lugar decente. Lá está, não estou à espera de uma grande festa do futebol. Vou sobretudo pelo ambiente, pela festa, para ganhar entusiasmo para o Europeu. 

 

Quanto à Finlândia, é a primeira vez que jogamos contra eles em mais de uma década. Os finlandeses foram nossos adversários na Qualificação para o Euro 2008. Ambos os jogos deram empate. Lembro-me vagamente do primeiro, em setembro de 2006. De ter achado que o empate era um bom resultado, depois de um desastrado particular contra a Dinamarca (cuja única coisa boa foi a estreia de Nani) e da expulsão de Ricardo Costa.

 

 

Do segundo empate, em novembro de 2007, recordo-me ainda menos. Apenas que foi o jogo de estreia de Pepe e da célebre conferência do “E o burro sou eu?” de Luiz Felipe Scolari. 

 

Hoje revejo a cena e continuo sem perceber porque é que Scolari estava tão irritadiço. Dito isto, tendo em conta o que aconteceu em Qualificações posteriores, acho que Scolari não estava completamente errado. Seria preciso esperarmos oito anos até voltarmos a ter um Apuramento tão relativamente tranquilo quanto este.

 

Os dois jogos seguintes com a Finlândia foram particulares. Um deles foi em fevereiro de 2009. Uma vez mais, não me recordo de muito. Apenas que foi uma exibição medíocre, ao nível do que foi a era de Carlos Queiroz, sobretudo o primeiro ano. Só conseguimos ganhar por um golo de penálti de Cristiano Ronaldo – um de um total de dois golos que Ronaldo marcou nos dois anos de liderança de Queiroz.

 

Só para verem. 

 

Finalmente, o outro particular decorreu em março de 2011, no primeiro ano do mandato de Paulo Bento. Desse não me lembro de nada. Só depois de pesquisar é que me recordei que foi o jogo de estreia de Rúben Micael e que este marcou dois golos. 

 

Não pensava no Rúben há imensos anos, talvez quase uma década. Aparentemente já se reformou.

 

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Por estes dias, a Finlândia está na Divisão B da Liga das Nações. Concluiu a Qualificação para o Euro 2024 atrás da Dinamarca e da Eslovénia, foi a play-offs, mas perdeu contra o País de Gales. Diria que são um adversário de nível médio. Ao nosso alcance.

 

Mais difícil será o jogo seguinte, com a Croácia. Está na Divisão A da Liga das Nações. Aliás, serão nossos adversários na fase de grupos da próxima edição da prova, este outono. Vêm ao Europeu depois de terem ficado em segundo lugar no grupo D da Qualificação ​​– atrás da Turquia, um aviso para nós. Ficaram em terceiro lugar no último Mundial, depois de vencerem os nossos amigos marroquinos. Destaque para a figura Luka Modrić, que ainda por cima acaba de ganhar a Liga dos Campeões com o Real Madrid.

 

Ou seja, os croatas podem não ser a primeira seleção que vem à baila quando falamos de tubarões. Mas acho que podem ser considerados candidatos ao título europeu. 

 

Dito isto, a Croácia já anda na mó de cima há uns anos, mas não têm impressionado quando se cruzam connosco. Destaque para a fase de grupos da Liga das Nações em 2020. Existirão atenuantes, claro, mas não deixa de ser estranho.

 

A ver o que acontece na Liga das Nações. Para já não é tão importante ​​​​– isto é só um jogo particular. Em todo o caso, será o adversário mais difícil com quem nos cruzamos desde que Roberto Martínez assumiu as rédeas da Seleção. Será um bom teste.

 

O jogo terá lugar no Estádio Nacional e foi quase só por isso que comprei os bilhetes há já vários meses ​​– venho com uma amiga. Já fui várias vezes ao Jamor. Para receber a Seleção depois do Mundial 2006 ​​– o dia em que quase literalmente caí para o lado por causa do calor (importante tomar cuidado com isso agora no sábado). Para os treinos abertos no tempo de Paulo Bento (saudades). Mas nunca fui ver um jogo lá. 

 

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Em parte por falta de oportunidade. ​​O último jogo da Seleção lá foi há uma década ​​– frente à Grécia, curiosamente comandada por Fernando Santos, poucos meses antes de vir orientar Portugal. 

 

Este sábado colmato essa falha, finalmente.

 

Por fim, vamos jogar contra a República da Irlanda no dia 11 no Estádio de Aveiro ​​– o único particular a que não vou assistir ao vivo. Penso que já referi cá no blogue que este é um dos meus preferidos de todos os estádios construídos para o Euro 2004. No entanto, da última vez que passei por ele (penso que terá sido no final do ano passado), a fachada pareceu-me algo degradada.

 

O que, infelizmente, confirma as previsões mais pessimistas de há vinte anos: vários destes estádios virando elefantes brancos.

 

Quanto à República da Irlanda, esta falhou a Qualificação para o Euro 2004. Uma grande pena, tenho saudades dos seus adeptos. Estão na Divisão B da Liga das Nações. Em teoria, será o particular mais fácil destes três. Na prática, os últimos nossos dois jogos com eles, na Qualificação para o Mundial 2022, foram exibições medíocres.

 

Ou seja, não convém assumirmos facilidades. Mesmo que seja apenas um particular e o resultado não seja o mais importante.

 

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É pouco provável que estes jogos tenham grande história. Ainda assim, é possível que eu escreva um par de textos antes da nossa estreia no Europeu, sobre estes jogos e sobre o que quer de interessante que ocorra durante a preparação. Vêm aí um par de feriados, em princípio até terei tempo.

 

Logo se vê. Um de certeza escrevo. 

 

Posso ainda não me sentir muito entusiasmada, mas o meu interesse aumentará à medida que nos aproximarmos do início do Europeu – e com os particulares a que vou assistir. Aliás, basta-me consultar artigos sobre os possíveis caminhos de Portugal até à final de Berlim para sentir os familiares bichinhos no estômago. É o que eu digo, há muitas coisas que deixaram de ser novidade para mim mas, na hora H, o sofrimento é sempre o mesmo. Suspeito que só se tem tornado pior com o tempo.

 

Mas é também para isso que serve aqui o estaminé. Para catarse, para verter esse sofrimento para o papel e, depois, para o digital, para registar tudo para mais tarde recordar. 

 

Como sempre, obrigada pela vossa visita. É mais um campeonato de seleções que começa. Acompanhemo-lo juntos, quer aqui no blogue, quer na página do Facebook. Até à próxima!