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O Meu Clube É a Seleção!

Mulher de muitas paixões, a Seleção Nacional é uma delas.

Entrando no futuro

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Na passada quinta-feira, 6 de setembro, a Seleção Portuguesa de Futebol empatou a uma bola com a sua congénere croata, no Estádio do Algarve, em jogo de carácter particular. Quatro dias mais tarde, venceu a sua congénere italiana, no Estádio da Luz, em jogo a contar para a fase de grupos da primeiríssima edição da Liga das Nações… e eu estive lá!

 

Comecemos pelo jogo com a Croácia. O onze inicial português incluiu muitas novidades – só se repetiram quatro titulares relativamente ao jogo com o Uruguai. Resultou bem, ao princípio, com bastantes iniciativas por parte dos portugas. Bruma, em particular, teve uma oportunidade logo aos três minutos.

 

A Croácia, no entanto, quando tinha a bola, criava perigo. Foi assim que surgiu o primeiro golo da partida, aos dezoito minutos, após um erro de Rúben Neves – que, por sinal, tinha acabado de cobrar um livre com muito perigo.

 

Felizmente, Portugal não se deixou abalar demasiado, começou logo à procura da igualdade. E conseguiu-a. Pouco após a meia hora de jogo, na sequência de um canto em que o centenário Pepe cabeceou para as redes, após um cruzamento de Pizzi.

 

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Eu ia no carro ouvindo o relato na rádio, quando o Pepe marcou. Aproveitei para cumprir, pelo menos em parte, um desejo antigo da minha bucket list: comemorar um jogo da Seleção com uma buzinadela. Na verdade, a minha ideia era comemorar assim um golo mais “importante” (isto é, num Europeu ou Mundial), por isso, foi uma buzinadela rápida.

 

E de qualquer forma, o problema desse desejo é que, se há um jogo da Seleção num campeonato desses, vou querer estar em frente a uma televisão, não a conduzir.

 

Em todo o caso, fiquei feliz por Pepe ter marcado na sua centésima internacionalização. Eu assino por baixo de todas as homenagens que lhe têm feito – a que lhe fizeram antes do jogo com a Itália deu-me arrepios. Portugal deve muito a um cada vez mais imperial Pepe – sobretudo por causa do seu papel no nosso primeiro título.

 

Mesmo que ele nem sempre tenha sido exemplar, nunca se pôs em causa o seu camisola. Custa a acreditar que já lá vão quase dez anos – mas por outro lado, ele tem sido um dos pilares, uma das constantes da Seleção. Vai ser estranho quando ele se retirar (espero que ainda estejamos longe disso).

 

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Por outro lado, quando vimos repetições do golo, a minha irmã perguntou se os polegares na boca eram para as filhas ou para os miúdos da Seleção. Fica o mistério.

 

Durante o resto do jogo, Portugal não deixou de dominar. Nem mesmo depois das substituições, que baixaram a média das idades da equipa para pouco mais de 22 anos – é uma delícia olhar para este grupo e ver tanto talento. Desde Bernardo Silva, claro, passando por Rúben Neves, Bruma (que esteve em grande nestes jogos, numa altura em que eu mal pensava nele), Rúben Dias, Mário Rui, João Cancelo (de novo com boas exibições, após um par de jogos infelizes pela Seleção), Gelson Martins, Bruno Fernandes (a minha irmã “ralhando” com ele, por querer sempre fazer bonito e rematar de longe)... e uns quantos que ainda não foram Convocados.

 

Infelizmente, o domínio não chegou para marcar mais golos.

 

É algo que acontece com alguma frequência com equipas jovens e relativamente inexperientes: muita parra e pouca uva, muito domínio e pouco bolo. Equipas mais experientes são mais afinadas, sabem ser cínicas quando é necessário. É nestes momentos que Ronaldo ainda faz falta à Seleção.

 

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Em todo o caso, chegou para o empate e foi apenas um particular. Não foi mau, tendo em conta que, no outro lado, estavam os atuais vice-campeões do mundo.

 

Por outro lado, poucos dias depois, a Croácia seria goleada pela Espanha. Talvez tenha havido demérito dos croatas.

 

Falemos do jogo com a Itália – desta feita a doer, o nosso primeiro jogo na novíssima Liga das Nações. Conforme disse antes, estive lá com a minha irmã – mais especificamente, atrás da baliza sul. A minha irmãzinha sportinguista pôde matar saudades de Rui Patrício.

 

Portugal repetiu o onze do jogo anterior e dominou ainda mais que perante a Croácia. A Itália pouco apareceu no jogo. As coisas começaram mais ou menos equilibradas, mas cedo o equilíbrio deslocou-se a favor dos portugueses. Infelizmente, estando nós atrás da baliza de Patrício, não conseguíamos ver muito bem a ação do outro lado do campo…

 

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Uma coisa em que deu para reparar, no entanto, foi que Portugal defendeu bem. Rui Patrício não precisou de se esforçar muito, mas os outros também não comprometeram. Eu, na altura, não me atrevi a comentá-lo em voz alta, não fosse dar azar. Enfim, superstições minhas…

 

Felizmente, o único golo da partida foi marcado na baliza sul, na segunda parte. Bruma fez uma de várias arrancadas, centrou, a bola de alguma forma foi parar a André Silva, que chutou para as redes.

 

Pelos vistos, a falta de inspiração do André, no jogo com a Croácia, não passou disso mesmo: de falta de inspiração.

 

Podíamos ter chegado ao 2-0 uns minutos mais tarde, com um remate de Bernardo Silva à entrada da área. O guarda-redes italiano teve de esmerar-se – Pepe e Rúben Dias (penso que era ele…) até foram dar-lhe os parabéns depois desta.

 

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Houveram várias outras oportunidades parecidas. Só perto do fim é que os italianos deram um ar de sua graça, embora apenas tiros de pólvora seca. Ainda assim, Portugal não chegou a matar o jogo. Não deu para ficar descansada. Mas o apito final veio e os três pontos ficaram garantidos.

 

Como tínhamos comentado antes, esta não era uma jornada dupla fácil, mas os Marmanjos passaram no teste. Podiam ter-se saído melhor, sim, mas ganharam um bom avanço para a fase final da Liga das Nações. Estou muito orgulhosa da Seleção, sobretudo dos mais novos, pelo que fizeram nesta dupla jornada.

 

Nesta altura do campeonato, sinto que estamos a entrar no futuro, com tudo o de bom e o de mau que vem com ele. Alguns começam a ser deixados para trás – constantes como João Moutinho, Bruno Alves, Nani. Mesmo Cristiano Ronaldo já esteve mais longe. Como em tudo na vida, os mais jovens acabarão, mais cedo ou mais tarde, tomar o lugar deles, os mais velhos.

 

Vou precisar de algum tempo para me habituar a essa inevitabilidade. Não vai ser fácil despedir-me de jogadores que acompanhei durante uma década, ou mais, que cresceram comigo, que conquistaram o primeiro título da Equipa de Todos Nós. Ao mesmo tempo, no entanto, estou ansiosa por ver o que estes miúdos podem fazer, por criar memórias com eles, escrever a história deles.

 

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Por outro lado, estou a tentar não “embandeirar em arco”, como diz Fernando Santos. Foram apenas dois jogos e existem atenuantes. Como vimos antes, a Croácia pode não estar assim tão bem, para perder daquela forma com a Espanha. E os italianos andam com crises existenciais desde que falharam o Mundial 2018 – o que não é de admirar.

 

Não, não vai ser fácil, isto ainda agora começou. Tal como Fernando Santos, quero muito chegar à final four (e, sobretudo, que esta decorra em Portugal) mas… um passo de cada vez.

 

Que venham os próximos!