Arménia 2 Portugal 3 - Queremos Ainda Mais
No pasado sábado, dia 13 de junho, a Seleção Portuguesa de Futebol venceu a sua congénere arménia por três bolas contra duas, em Ierevan, em jogo a contar para a Qualificação para o Campeonato Europeu da modalidade, que terá lugar em França daqui a um ano. Com esta vitória, Portugal consolidou o primeiro lugar go grupo I de Apuramento, tendo, na pior das hipóteses, de ir ao playoff. Por outro lado, bastar-lhe-á ganhar apenas mais um ponto para ficar com a Qualificação garantida.
É uma sensação estranhíssima termos tantas certezas sobre o Apuramento nesta altura do campeonato. O playoff é a pior das hipóteses? Na Qualificação para o Mundial 2010 era a nossa única hipótese!
Infelizmente, foi preciso passar por muita parvoíce para chegar a este ponto. Durante a semana anterior, tinha-se assinalado vezes e vezes sem conta que Portugal nunca havia vencido em Ierevan, que já em novembro último eles nos causaram imensas dificuldades, que o jogo não seria fácil. Tudo isto se confirmou em campo. A Seleção não entrou bem no jogo - a tática inicial não terá sido a mais adequada. Também se notava alguma apatia da nossa parte - o sujeito que invadiu o campo à beira do intervalo correu mais do que toda a equipa portuguesa.
Cedo sofremos um golo de livre direto, em que Rui Patrício interpretou mal a situação, ficando mal posicionado. Este golo exasperou-me, mas não me desesperou - no passado recente temos tido vários exemplos de resultados decididos nos últimos minutos de jogo, de recuperações milagrosas. E esta nem sequer era uma situação tão aflitiva quanto isso. E, de facto, Portugal começou a jogar melhor depois do golo. Acabou por ganhar um penálti a seu favor, que Cristiano Ronaldo converteu, relançando o jogo.
Portugal entrou muito melhor na segunda parte. À roda do minuto 60, Cristiano Ronaldo, o suspeito do costume, aproveitaria uma falha na defesa arménia para marcar o segundo golo português. Dois minutos depois, lançaria uma bomba de fora da grande área arménia, fazendo o terceiro. Consumava-se, assim, o terceiro hat-trick de Ronaldo com a Camisola das Quinas.
Pensávamos todos que, pela primeira vez desde o início do jogo, podíamos acalmar um bocadinho. Passaríamos a meia hora que faltava gerindo o resultado sem grande stress, talvez ainda houvesse tempo para um quarto golo (assinado por Ronaldo para fazer o póquer, ou assinado por outro qualquer, que também têm direito). Mas não seria a Seleção Portuguesa se não houvessem complicações desnecessárias. Poucos minutos depois do terceiro golo, Tiago viu o segundo amarelo e foi expulso.
Eles fazem de propósito, não fazem? É ridículo, está sempre a acontecer o mesmo! Basta consultarem rapidamente entradas com um ano e meio ou dois de idade para darem com outros exemplos de parvoíce crónica na Seleção. Com somente dez homens em campo, tivemos de passar o resto do jogo em modo "Ai Jesus!" (no pun intended), a ver se conservávamos a vantagem no marcador. Acabámos por vê-la reduzida - os arménios marcaram de canto, depois de Patrício, mais uma vez, se ter saído mal ao fazer uma defesa incompleta para os pés de um adversário. Isto deu esperança aos arménios, que passaram o resto do jogo correndo atrás do empate. Felizmente, restava aos Marmanjos maturidade e espírito coletivo para aguentar a pressão, permitindo-nos, no fim, levar os três pontos.
Vitórias pela margem mínima e exibições muito mais ou menos têm sido a regra do mandato de Fernando Santos. No entanto, a maneira como a Seleção se boicotou a si mesma, obrigando Cristiano Ronaldo a preencher as falhas, a conduzir o navio a bom porto, fez-me lembrar a Qualificação para o Mundial 2014. O que não é coisa boa - esse Apuramento acabou de uma forma apoteótica mas, depois, no Mundial em si, explodiu-nos tudo na cara. É verdade que, no caso deste jogo, existem várias desculpas atenuantes: fim de época, má estratégia inicial, por algum motivo nunca tínhamos ganho antes por lá. Ainda é cedo para dramatizar, pelo menos em relação à tendência para o complicómetro, quando, até este jogo, a Seleção de Fernando Santos tem-se caracterizado pela maturidade e pelo espírito coletivo - espírito esse que até esteve presente neste jogo, pela maneira como os portugueses conseguiram virar um resultado, saindo vitoriosos.
No fim do dia, as conclusões são as mesmas que nos outros jogos do mandato de Fernando Santos: os resultados são melhores que as exibições, mas já se sabe que, no futebol, os resultados é que interessam. Temos mantido o drama à distância, fazendo um contraste agradável com os últimos anos. Tal como disse no início, pela primeira vez em séculos, a Qualificação está bem encaminhada. Eu mesma tinha dito que, desde que ganhássemos, dar-me-ia por satisfeita. Mas embora isto seja suficiente por enquanto, a longo prazo (leia-se: no Euro 2016) não será bem assim - até porque Fernando Santos já deixou bem claro que quer o título. Para podermos verdadeiramente competir com qualquer equipa, como dizia Paulo Bento, será preciso ainda mais.
Conforme escrevi na entrada anterior, acredito que conseguiremos dar os passos que faltam para voltarmos a ser uma grande Seleção. Temos matéria-prima e confio em Fernando Santos. É certo que continuo com as um minhas dúvidas - afinal de contas, um fiasco como o do Mundial 2014 não se esquece facilmente - mas procurarei lembrar-me das minhas próprias crenças, seguir os meus próprios conselhos. Temos tempo para crescer. Para já, que venha o resto do Apuramento.
E antes disso, logo à tarde, o jogo com a Itália