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O Meu Clube É a Seleção!

Mulher de muitas paixões, a Seleção Nacional é uma delas.

Antes do nível 2

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No próximo dia 17 de junho, a Seleção Portuguesa de Futebol receberá a sua congénere bósnia no Estádio da Luz… e eu estarei lá. Três dias mais tarde, a Seleção Portuguesa desloca-se a Reiquiavique para defrontar a sua congénere islandesa. Ambos os jogos contarão para a Qualificação para o Euro 2024.

 

Estava à espera que fosse daquelas duplas jornadas em que há pouco a dizer antes dos jogos em si. No entanto, a tinta começou a correr logo na véspera da Convocatória, quando João Mário anunciou publicamente a sua renúncia à Seleção Nacional. 

 

Sempre teve um pouco mais de consideração que o seu colega de clube, Rafa, que só fez a sua renúncia no dia em que se tinha de apresentar na Cidade do Futebol… mas mesmo assim terá apanhado Roberto Martínez de surpresa. João Mário podia ter anunciado a decisão uns dias mais cedo, mesmo que só em privado, para evitar esta maçada. Mas pronto, vou dar-lhe um desconto: a filha mais nova nasceu há duas ou três semanas e ele acabou de se sagrar campeão pelo Benfica. Ele tem tido muito com que se entreter.

 

Eu até estava com alguma boa vontade para com João Mário em relação a esta renúncia, mas isso diminuiu um bocadinho este fim de semana, quando ele explicou os seus motivos. Não que tenha sido uma grande surpresa – essencialmente confirmou a teoria de António Tadeia. Nesta altura, vir à Seleção, prejudicando o seu momento no Benfica, para apenas jogar “um minuto frente ao Liechtenstein” (ao som de assobios, ainda por cima) é um transtorno demasiado grande.

 

No entanto, ler o próprio João Mário dizendo-o daquela maneira não caiu bem – nem comigo nem com outras pessoas nas redes sociais. Eu compreendo que ele já seja relativamente velho como jogador de futebol e que tem duas filhas pequenas. No entanto, João Mário não é a única pessoa cuja vida profissional interfere com a vida pessoal – e noventa e nove por cento dessas pessoas ganham bem menos do que ele. Além disso, nesta altura do campeonato, há imenso jogador de talento que nem sequer consegue ser Convocado – veja-se Pedro Gonçalves, que tornou a ficar de fora sem que se perceba porquê. João Mário parece não ter noção do privilégio que tem.

 

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Por outro lado, também não faz sentido os jogadores virem às Quinas contrariados. João Mário deixou bem claro que, pelo menos neste momento, valoriza mais o Benfica que a Seleção – uma posição legítima, mesmo que eu não concorde. Ao menos não rouba o lugar a um Marmanjo que queira mesmo lá estar. A Equipa de Todos Nós não precisa que lhe façam favores, muito menos agora que não falta matéria-prima. Só faz falta quem lá quer estar.

 

Dito isto, não tenho pachorra para me irritar demasiado com esta questão nem para guardar ressentimentos. Encerro este tema agradecendo a João Mário por tudo o que fez nestes anos, sobretudo durante o Euro 2016. E continuo a achar que ele não mereceu ser assobiado em Alvalade. 

 

Passemos àqueles que vêm à Seleção. Temos os regressos de Nélson Semedo, Ricardo Horta e Renato Sanches – fico particularmente contente por este último. A grande novidade é o relativo desconhecido Toti Gomes, um central. Este artigo conta a história dele – o mais relevante neste momento é o facto de ter dado cartas no Wolverhampton nos últimos tempos. Sangue novo é sempre bem-vindo, sobretudo na defesa. Eu aprovo. 

 

Há por aí gente reclamando da ausência de João Neves, mas eu concordo com Martínez nesta. Ele é ainda muito novo, só começou a dar nas vistas há duas ou três semanas, ainda é cedo. Como diz Martínez, não é bom estar a saltar níveis na formação – até porque ele, entretanto, foi Convocado para o Europeu de Sub-21. Os benfiquistas têm a mania de exagerar no hype quando os jogadores ainda não têm a maturidade necessária para lidar com isso – vejam-se os casos de Renato Sanches e João Félix. 

 

Tenhamos paciência com João Neves – ele há de chegar na altura certa. 

 

De facto, a única objeção nesta lista é mesmo a ausência de Pedro Gonçalves. Mesmo a Chamada de Cristiano Ronaldo é aceitável – ele sempre marcou quatro golos nos jogos de março. Há dias, Martínez revelou que Ronaldo “não estava pronto para se afastar da Seleção” e essa declaração deixa-me pouco à vontade. Os sentimentos de Ronaldo não são para aqui chamados. Ronaldo tem de vir para ajudar a equipa, se não o faz tem de dar o lugar a outro – já não é a primeira vez que o digo. Espero que Martínez tenha a coragem de dizer “Não!” a Ronaldo quando a altura chegar. 

 

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Falemos agora sobre os nossos adversários. O nosso histórico com a Bósnia-Herzegovina resume-se aos play-offs de 2009 e de 2011, decorridos já durante a vida deste blogue. Foram ambos ocasiões muito emotivas, o culminar de duas qualificações complicadas (como habitual). 

 

Os jogos de 2009 não tiveram grande história. Ganhámos ambos por 1-0 – golo de Bruno Alves no primeiro jogo em casa, golo de Raúl Meireles no segundo fora. Ronaldo estava lesionado e acho que isso, na altura, deu polémica – foi durante a primeira época dele ao serviço do Real Madrid.

 

Na verdade, o maior contributo destes play-offs foi a terceira versão do Menos Ais (ainda hoje não sei porque é que a Galp escolheu estes play-offs em específico para ressuscitar o Menos Ais em vez de um Europeu ou um Mundial). Tanto esta música como as versões de 2004 e de 2006 nunca saíram por completo da minha mente, tendo inspirado vários títulos de crónicas deste blogue. No entanto, ouvi-a pela primeira vez em muitos anos na preparação deste texto e não estava à espera de gostar tanto, mesmo passado todo este tempo. É fantástica. 

 

Pena não estar disponível no Spotify, para eu incluí-la na playlist daqui do blogue.

 

Os play-offs de 2011 foram bem mais interessantes. Bem, nem tanto a primeira mão, na Bósnia. Portugal teve de lidar, não só com um campo em péssimo estado (a UEFA fez ouvidos de mercador aos nossos protestos), como com lasers apontados à cara de Ronaldo. Na altura, tudo isso fez com que, durante esses play-offs, eu adotasse uma atitude de “contra tudo e contra todos”, não muito diferente da que tive durante a final do Euro 2016.

 

 

Por estas e por outras, a segunda mão assemelhou-se muito a uma final – e foi um dos jogos mais emocionantes de que me recordo. Portugal marcou seis golos – o meu preferido foi a bomba de Nani. As saudades que tenho dele…

 

Seria fixe conseguirmos um resultado igualmente volumoso, mas não será fácil. Os bósnios parecem estar a passar por uma fase boa. Não foram ao Mundial, mas subiram à Divisão A da Liga das Nações. Começaram esta Qualificação com uma vitória por 3-0 perante a Islândia, mas perderam por 2-0 com a Eslováquia. Estarão ao nosso alcance, Portugal tem a obrigação de vencer mas há que ter cuidado.

 

O jogo realiza-se na Luz, à semelhança das mãos caseiras dos play-offs, e eu vou estar lá. Só consegui garantir presença à última hora, quando só sobravam bilhetes para o terceiro anel da Categoria 3. O problema de terem colocado os bilhetes à venda tão cedo é que, muitas vezes, só sei se estou disponível mais perto da data. Não sei como serão os lugares – é a primeira vez em muito tempo que não fico na Categoria 1 – mas não me importo… muito. Mesmo que os lugares não sejam nada de especial, o mais importante será o ambiente. Cantar o hino em coro com todo o estádio e gritar “SIIII!!!” em coro com Cristiano Ronaldo, caso ele marque. 

 

O segundo jogo da jornada será fora, contra a Islândia. Aposto que muitos de vocês, tal como eu há uns dias, ainda têm na ideia a equipa-sensação que nos surpreendeu no Euro 2016 e impressionou toda a gente ao eliminar a Inglaterra desse mesmo campeonato – para além de introduzirem a sua icónica coreografia no cânone futebolístico. Fui pesquisar sobre a seleção islandesa e… bem, fiquei a saber que eles caíram dos céus e a coisa não foi bonita. Podem ler mais pormenores aqui

 

Não me vou pronunciar pois não sei o suficiente sobre o assunto. Mas fico com pena dos adeptos islandeses. Eles não mereciam.

 

A Islândia estará, assim, uns furos abaixo em relação a 2016-2018. Consta que não ganharam nenhum jogo na Liga das Nações (estão na Divisão B). Perderam com a Bósnia, como referi acima, mas ganharam ao Liechtenstein por 7-0 (o que vale o que vale). Não serão uma ameaça tão grande como pensava antes mas, uma vez mais, não convém facilitar. A pressão está do nosso lado.

 

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À hora desta publicação, ainda não sei ao certo quando é que começa a preparação desta dupla jornada. Talvez a meio desta semana? No início da próxima? Esta Convocatória saiu muito cedo, quase três semanas antes do primeiro jogo, e isso está a fazer-me imensa confusão. Nem para o Mundial 2022 tivemos uma Convocatória tão cedo. Martínez explicou que a ideia era dar tempo aos jogadores para planearem as suas vidas depois de terminarem as épocas nos clubes.

 

O que faz todo o sentido, sobretudo neste fim de temporada. E para mim também deu jeito – tive tempo para escrever este texto sem grandes pressas.

 

Mas continua a ser estranho para mim. Toda esta época foi estranha, na verdade, foi longa, aconteceu tanta coisa. Sinto que o Mundial foi há uma eternidade. Estamos todos a precisar de férias.

 

Mas só depois destes jogos. A dificuldade vai aumentar ligeiramente para Roberto Martínez. Se a última dupla jornada foi o nível 1, este será o nível 2. Eu quero ganhar ambos os jogos. Como penso já ter dito antes, quero estabilidade na Seleção, quero ter um Apuramento tranquilo para variar. Quero que vamos todos de férias descansados. Penso que não será pedir muito.


Acompanhem esta dupla jornada comigo quer aqui no blogue quer na sua página de Facebook. Como sempre, obrigada pela vossa visita. Continuem por aí.

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