Na passada quarta-feira, dia 5 de março, a Seleção Portuguesa de Futebol recebeu a sua congénere camaronesa no Estádio Magalhães Pessoa, em Leiria, num encontro de carácter particular. Encontro, esse, que terminou com uma vitória da seleção da casa por 5-1.
Muito pela experiência da última fase de Qualificação, bem como de outros particulares no passado mais ou menos recente, as minhas expectativas eram baixas. Daí que o resultado final e o jogo - sobretudo a segunda parte - me tenham apanhado de surpresa, pela positiva.
Portugal até entrou bem no jogo, com o seu equipamento novo. Este, já agora, não é feio. Gosto da ideia da gradação de cor, embora o tom mais claro se aproxime demasiado do cor-de-rosa para o meu gosto, pelo menos na transmissão televisiva (nas fotografias do jogo não parece tanto). Além disso, não sou grande fã dos equipamentos monocromáticos: afinal, cerca de quarenta por cento da bandeira portuguesa é verde. Tirando isto, eu aprovo.
Dizia eu que Portugal entrara bem no jogo. Muito graças ao estreante Rafa, que parecia empenhado em mostrar o seu valor. Cedo, contudo, os camaroneses deram um ar de sua graça, chegando a pregar-nos alguns sustos. O golo de Ronaldo acabou por surgir precisamente numa altura de ameaça por parte dos Camarões. Belo trabalho de João Moutinho, trazendo a bola para perto da grande área camaronesa, passando a João Pereira e este, por sua vez, colocando a bola em Ronaldo num passe diagonal, permitindo ao Capitão marcar o primeiro golo da Equipa de Todos Nós em 2014 (o primeiro de muitos, esperemos), e ultrapassar Pedro Pauleta na tabela de melhores marcadores da Seleção.
Agora que penso nisso, em menos de dez anos tivémos dois novos recordes em golos. O que é incrível. Quem sabe quem irá quebrar o recorde que Ronaldo, eventualmente, estabelecerá...
Adiante, o golo de Ronaldo não abalou demasiado os camaroneses. Pelo contrário, pareceu motivá-los ainda mais. Por fim, em cima do intervalo, Aboukabar aproveitou uma desatenção da defesa portuguesa para igualar o marcador.
Nos resumos não mostram - só a meio da segunda parte é que as imagens passaram - mas o marcador camaronês, após o golo imitou a meia pirueta, ilustrada em cima, com que Ronaldo tem celebrado os golos. Gostei. Pontos para a lata.
Bipartida como foi a primeira parte em termos exibicionais, o empate ao intervalo era justo. A Seleção entrou bem melhor na segunda parte, já que regressava a um esquema táctico mais próximo do costumeiro. Tivemos uma série de oportunidades até, finalmente, o nosso barbudo preferido, Raul Meireles - que até já tinha marcado aos Camarões em 2010, duas vezes - aproveitou um passe infeliz entre o guarda-redes camaronês e um defesa para roubar a bola e marcar o segundo golo português.
Este, sim, quebrou o gelo. A partir daí o jogo foi todo nosso. Nem dois minutos tinham passado e já Fábio Coentrão marcava o terceiro para Portugal e dedicava - digo eu - ao pai falecido e ao filho(a) que tem por nascer. Ele que estava a fazer um belo jogo, ele que na Seleção joga quase sempre bem, mesmo que não esteja a passar por um bom momento no seu clube.
Dez minutos mais tarde, Meireles isola Ronaldo, que faz das suas arrancadas em direção à baliza adversária, estilo as da segunda mão dos playoffs, que desaguavam todas em golo. Desta feita, como ele estava muito perto da linha lateral, não me pareceu que conseguisse marcar, apenas assistir. E foi o que aconteceu, mais ou menos. O guarda-redes fez uma defesa incompleta e Edinho aproveitou para fazer o quarto.
Ainda houve tempo para Ronaldo fazer, de novo, o gosto ao pé. É, de novo, ele a trazer a bola para junto da grande área camaronesa, passa a Antunes, que a devolve, quando o Capitão já está dentro da grande área, com Miguel Veloso ao lado. Durante momentos hesita, como se ele e Miguel estivessem a decidir quem remataria mas, no fim, ele finta os camaroneses, remata e marca, encerrando o marcador.
Foi sem dúvida um belo jogo, uma bela maneira de arrancar o ano com a Seleção Nacional. Arriscando cair em exageros, foi um dos melhores particulares dos últimos anos. E, embora os Camarões não sejam propriamente uma grande potência do futebol, também não são um Luxemburgo ou umas Ilhas Faroé, eles Qualificaram-se para o Mundial. Não convém, igualmente, esquecer a tristeza que foram os particulares pré-Euro 2012, o jogo com o Equador no ano passado. Não que a Seleção esteja hoje muito melhor do que estava na altura. Pura e simplesmente, levou o jogo mais a sério, cometeu menos erros (aliás, foi mais o outro lado a cometê-los.
Apesar de a grande estrela do encontro ter sido, para a Comunicação Social, Cristiano Ronaldo e a sua conquista do primeiro lugar na classificação dos marcadores portugueses, para mim é um particular alívio saber que há gente na Seleção capaz de marcar golos para além de Ronaldo. Depois de ele ter sido o único a marcar nos playoffs, tendo um dos golos corrigido duas argoladas cometidas pelos companheiros de equipa, eu estava a ficar preocupada. É verdade que a defesa camaronesa tinha as duas fragilidades, mas mesmo assim...
Uma das coisas de que mais gostei neste jogo foi o facto de quase todos os que entraram em campo terem tido o seu momento brilhante, mesmo sem terem um desempenho uniforme. Começando pelos novatos, uns mais do que outros, certamente os mais motivados: William Carvalho, uma das sensações do campeonato português atual, que parece já estar integradíssimo na família, a todos os niveis; Rafa que, tal como disse antes, entrou muito bem no jogo; Ivan Cavaleiro, que teve um desempenho mais discreto mas a sua assistência para o golo de Fábio Coentrão valeu bem toda a polémica em torno da sua Chamada; Edinho, que marcou o quarto golo, e antes já tinha feito uma acrobaciazinha, seguida de um remate falhado. Pelo meio, João Moutinho foi, como sempre, o motor da Seleção; João Pereira mostrou o motivo pelo qual é considerado um dos melhores laterais-direitos da Europa; Fábio Coentrão, tal como disse acima, esteve num bom nível; Raul Meireles marcou o segundo golo e esteve na origem do quarto.
Como tal, tem-me irritado o destaque que a Comunicação Social têm dado a Cristiano Ronaldo a propósito deste jogo, quase ignorando os companheiros da Seleção. Quando o fizeram aquando dos playoffs frente à Suécia, eu aceitei porque, na verdade, foi ele o único a marcar mas, na quarta-feira, marcaram outros também. É certo que ele é, de facto, melhor do que os colegas em vários aspetos, merece ser reconhecido por isso, mas agir como se a Turma das Quinas fosse apenas "Ronaldo e mais dez" não e bom nem para os companheiros de Seleção, nem para o próprio Ronaldo. Os primeiros, por não verem os seus esforços devidamente valorizados. O último, porque leva com a pressão toda e se, por acaso, tiver um jogo menos conseguido, cai tudo em cima dele, injustamente - tal como aconteceu no jogo contra a Dinamarca, nos grupos do Euro 2012.
Cheguei mesmo a ler no outro dia um artigo de opinião na linha do "mais vulgaridade que qualidade" na Equipa de Todos Nós. Uma opinião que corria antes do Euro 2012, campeonato em que... chegámos às meias-finais, só falhando a final nos penálties com... a Espanha. Como podem ver, tais opiniões valem o que valem. E este artigo ainda tem a desculpa de ter sido escrito antes deste jogo. Com todas as condicionantes, este particular provou, uma vez mais, que a Seleção funciona bem como equipa, que existe um não-sei-quê na Equipa de Todos Nós que, quando está para aí virada, faz com que os jogadores escolhidos se superem a si mesmos, contrariando momentos de forma, tempo de utilização pelos respetivos clube, juízos da opinião pública. Continuo a achar que há por aí muito jogador a merecer lugar na Lista Final para o Brasil, para além daqueles que têm sido Convocados, mas a verdade é que, de uma maneira geral, as escolhas de Paulo Bento têm dado bons resultados. Mais do que isso, o Selecionador - bem como certamente, a restante equipa técnica, os outros jogadores, talvez mesmo a estrutura federativa - tem-se revelado capaz de, nos momentos decisivos, extrair o melhor dos Marmanjos.
O maior mérito deste particular foi, precisamente, aumentar-me a esperança para o Mundial, dentro dos limites do realismo. Fazer-me acreditar que, qualquer que seja a Lista Final para o Brasil, independentemente das inevitáveis polémicas, Paulo Bento saberá fazê-la funcionar, tal como funcionou no Euro 2012. Que tudo pode acontecer. Mas não quero entrar muito por aí, não para já. Por enquanto, é dar graças por termos tido mais uma bela noite de Seleção, com todos os efeitos benéficos a ela associados.
De resto, já que é quase meia-noite à hora em que publico isto, podemos considerar que faltam setenta e um dias para a Convocatória Final para o Campeonato do Mundo - altura em que a verdadeira diversão vai começar!
P.S. Esta é a centésima quinquagésima entrada deste blogue. Teria calhado melhor se fosse a próxima, se a número cento e cinquenta fosse a antevisão à Lista Final para o Brasil. Seria por volta do aniversário do blogue, perfeita para uma retrospetiva... Enfim. A mais cento e cinquenta publicações!
Na passada sexta-feira, dia 22 de março, a Seleção Portuguesa de Futebol entrou em campo com a sua congénere israelita, em Telavive. Tal confronto resultou num empate a três bolas. Um resultado abaixo das expectativas mas arrancado a ferros, que, tendo em conta o desempenho paupérrimo da Equipa das Quinas, quase parece uma vitória.
Começo a achar que se trata de uma maldição. Talvez nenhum jogo deste Apuramento esteja destinado a ser tranquilo. Ou talvez seja de propósito. Conforme diria a minha irmã, isto não daria "pica nenhuma" fazer uma Qualificação sem escorregadelas perante equipas "menores". Que piada teria?
Não levem a mal o sarcasmo mas uma miúda não é de ferro e, sinceramente, os Marmanjos andam a abusar da minha paciência. Já são cinco jogos sem ganhar, na maior parte dos casos sem sequer fazermos exibições decentes, são cinco entradas pós derrota-ou-empate. Não chega já?
Mas vamos ao jogo. Eu estava otimista, como sempre, e o golo madrugador do Bruno Alves ajudou a manter esse estado de espírito. Não achei que eram favas contadas, mas fiquei satisfeita com o bom arranque e achei que, finalmente, poderíamos ganhar um jogo.
Os jogadores é que, aparentemente, assumiram que eram favas contadas e, em vez que procurarem dilatar a vantagem, deitaram-se à sombra do resultado e da teórica superioridade sobre o adversário. Algo que eu julgava não combinar com a maturidade dos jogadores. Enganei-me redondamente. Quando demos por nós, perdíamos 2-1.
O pesadelo continuou na segunda parte, culminando no 3-1. Aí, pensei que estava tudo perdido. Felizmente, tal momento não durou mais do que um ou dois minutos, graças ao tento de Postiga, ainda no rescaldo do terceiro golo israelita. Até foi um bom timing, pois cortou, de certa forma, o efeito do 3-1 e relançou a equipa portuguesa. No entanto, teria dado muito mais jeito caso tivesse vindo aquando dos flagrantes desperdícios do Carteiro, durante a primeira parte.
Antes deste golo, nas redes sociais, toda a gente "batia" no pobre Hélder, esquecendo-se do facto de que ele era (e continua a ser) o melhor marcador português nesta fase de Apuramento. E, embora não me tivesse esquecido disso, desta feita não me apeteceu estar a defendê-lo. Continuava a achar que ele é subvalorizado - e esta semana descobri que o mesmo acontecia com Pedro Pauleta, no seu tempo. Pauleta, o melhor marcador português! - que é dos que mais tem feito pela Seleção nos últimos tempos. No entanto, podia fazer ainda mais se não desperdiçasse tantas oportunidades de outro.
Além disso, estou farta de defender os jogadores e eles continuarem a fazer jogos destes. Já está na altura de eles me defenderem a mim, de provarem que tenho razão quando manifesto o meu apoio.
Mas regressemos ao jogo. Como afirmei anteriormente, o golo de Postiga catalisou o despertar português. Os Marmanjos esforçavam-se por fazer em quinze minutos aquilo que haviam parado de fazer após o golo de Bruno Alves. E, de facto, acabámos por ser bem sucedidos, mesmo no último minuto da compensação. Também se tivéssemos falhado aquele lance, éramos um caso perdido. Eu e a minha irmã, com quem estive a ver o jogo, abraçámo-nos, como se aquele fosse o golo da vitória e não do empate. E assim terminou o jogo.
Os meus seguidores do Twitter e da página do Facebook deste blogue terão, certamente, reparado que, durante o jogo e respetivo rescaldo, estive de péssimo humor. Entre mim e a minha irmã, o sarcasmo atingiu máximos históricos. Ela, adepta do clube residente em Alvalade, chegou a afirmar:
- Isto é horrível, isto parece o Sporting! E eu não preciso de mais Sportings na minha vida!
Quanto a mim, passei uma boa parte dos noventa minutos com vontade de dar um par de estalos a cada um dos Marmanjos. Muito isto era calor do momento, evidentemente, da boca para fora. Na realidade, não seria capaz de cumprir tais ameaças, por múltiplos motivos (desde falta de coragem a demasiado afeto por eles). Quem nunca se enervou durante um jogo de futebol ao ponto de insultar um dos protagonistas, seja ele um jogador da sua equipa, da equipa adversária ou da equipa de arbitragem, pode atirar a primeira pedra, por favor.
Às vezes, imagino-me assistindo aos jogos no banco de suplentes da Seleção, vivendo cada momento do encontro, sofrendo e festejando em conjunto com a equipa técnica e jogadores de reserva. No entanto, não será, se calhar, muito aconselhável, pelas reações momentâneas que descrevi acima. Não costumo praguejar abertamente mas, em jogos como o de sexta, não é raro eu chamar nomes aos jogadores. Nomes esses que, não sendo palavrões, também não são carinhosos. E evidentemente, não me convém que os destinatários oiçam tais insultos.
José Mourinho, no sábado, quando questionado acerca da situação da Equipa de Todos Nós, usou a expressão "dejá vu" para a descrever. E é, de facto, a mais adequada, na minha opinião. O treinador usou-a porque a Seleção Qualifica-se sempre resvés Campo de Ourique, sofrendo até à ultima jornada, mas Qualifica-se. Eu uso-a, não só pelo que acabo de referir, mas também porque este jogo recordou-me imenso o anterior embate de Apuramento, contra a Irlanda do Norte: também esse jogo foi encarado com demasiada leveza pela Seleção; os adversários aproveitaram-se de tal arrogância para se adiantarem no marcador; só na reta final do jogo é que os portugueses acordaram, em particular após o golo do Postiga; e embora a derrota fosse mais prejudicial às nossas aspirações de Qualificação, a Turma das Quinas não conseguiu melhor do que um empate, um resultado que, tendo em conta o suposto valor da equipa portuguesa, é claramente escasso.
O Pepe afirmou, no rescaldo do jogo com Israel, que Portugal tem de aprender com os erros cometidos - algo que a equipa não tem sido capaz de fazer. É estúpido! Este jogo podia ter corrido de maneira tão diferente! Se, apenas, não tivéssemos abrandado tão depressa após o golo do Bruno Alves, se tivéssemos feito o 2-0... Mesmo que não mantivéssemos o ritmo ao longo dos noventa minutos, mesmo que consentíssemos o 2-1, conseguiríamos, certamente, ganhar, com mais ou menos dificuldade.
Os otimistas destacam a maneira como conseguimos anular a desvantagem de dois golos em cerca de quinze minutos. Só que, embora tenha a noção de que este empate nos mantém na corrida, que este ponto arrancado a ferros pode vir a ser valiosíssimo mais à frente, não considero um grande feito emergirmos do buraco que nós mesmos cavámos, por negligência, sem necessidade.
A questão é a mesma de sempre: a teimosia da Seleção em escolher sempre o caminho mais difícil. Nos dias que antecederam o jogo com Israel, toda a gente fez questão de dizer que o jogo não era "decisivo", para aliviar a pressão sobre a equipa. Acho que fizeram mal. Está mais que provado que não se pode dar demasiada corda aos Marmanjos porque eles enforcam-se nela. Que estes só são capazes de jogar com o Sistema Nervoso Simpático ativado, sob o efeito da adrenalina.
Bem, agora vamos jogar com o Azerbaijão sem Ronaldo - a única coisa que este conseguiu fazer em Israel foi assistir para o golo do Hélder, ver o segundo amarelo da fase de Apuramento e pouco mais - e sem Nani, outros em dúvida, com a margem de erro completamente esgotada. Talvez isto forneça adrenalina suficiente para eles se mexerem a sério. Até porque existe ainda a agravante de o pior segundo classificado de todos os grupos de Qualificação ficar excluído dos playoffs. Mas podia ser pior. Em princípio, o Azerbaijão não terá capacidade de nos colocar problemas. Da última vez que jogámos com eles, ficámos à vontade para lutarmos contra a nossa falta de pontaria, até o Varela entrar e quebrar o gelo. Mas sublinho, mais uma vez, o "em princípio". Não me admirava se, mesmo assim, os portugueses inventassem algo que jogasse contra eles...
Em todo o caso, nada está perdido ainda. Mesmo que a Seleção esteja quase voluntariamente a tomar o caminho mais difícil até ao Brasil, quando podíamos estar a ter uma Qualificação sem drama de maior, sem calculadoras, o que interessa é chegar lá. E estou convencida de que vamos chegar lá. Como já afirmei aqui, considero sempre a Qualificação da Turma das Quinas para as fases finais como quase garantida. Talvez seja irrealista, talvez eu esteja mal habituada, mas só muito raramente coloco isso em causa. E esta ainda não é uma dessas ocasiões.
Há quem afirme que é por falta de talento que a Seleção anda em dificuldades, mas não acredito nisso. Que diabo, esta é essencialmente a mesma equipa que chegou às meias-finais do Euro 2012 no ano passado!!!! Se eles estiverem para aí virados, não existe motivo nenhum para falharmos o Apuramento. E não haverá, certamente, nenhum jogador português que queira ficar a ver o Mundial pela televisão. Comecemos, para já, por ganhar no terreno azeri, por ganhar pela primeira vez desde setembro do ano passado. Depois logo se vê.
E se aqueles totós me obrigarem a escrever outra entrada pós derrota ou empate a propósito do jogo de terça-feira, haverá sangue!
Na próxima quarta-feira, dia 14 de novembro, a Seleção Portuguesa enfrentará no Gabão a congénere local , num jogo de carácter particular.
Não sei se é esse o vosso caso mas eu nunca tinha ouvido falar do Gabão antes deste jogo ter sido anunciado, em julho. Segundo o meu pai, situa-se na costa ocidental de África, acima de Angola. Agora que fui pesquisar o mapa do país, descobri que se encontra entalado entre a Guiné Equatorial, os Camarões e a República do Congo. Tendo sido uma colónia francesa, a sua língua oficial é o francês. A sua capital é Libreville, que é também a cidade onde o jogo terá lugar.
É um nome bonito, Libreville. Segundo o Wikipédia, foi fundada por escravos libertados de um navio brasileiro pela marinha francesa. Daí que tenha sido batizada "Cidade Livre", em francês.
A sua seleção é igualmente desconhecida para mim até porque a Turma das Quinas nunca jogou contra ela. A Equipa de Todos Nós estará, portanto, a explorar território desconhecido - mas também a História pode testemunha que os portugueses têm experiência nessas andanças. Em princípio, a seleção gaba... gabanesa? - enfim, do Gabão não nos criará problemas de maior mas também se dizia isso da Irlanda do Norte...
Um dos objetivos deste jogo é a angariação de fundos para a Cidade do Futebol, cujo projeto foi apresentado em setembro último. Chegou a ser colocada a hipótese de a Cidade ficar sediada em Óbidos, que tem um vasto currículo como Casa da Seleção, mas acabou por ser escolhido o Vale do Jamor, em Oeiras, para a localização. Fiquei satisfeita, pois o Jamor é-me mais acessível que Óbidos para assistir a treinos da Seleção. No entanto, não está garantido que usufrua dessa vantagem pois a Cidade do Futebol só ficará concluída daqui a três anos. Sei lá onde estarei eu, onde estaremos todos nessa altura...
De qualquer forma, qualquer que seja a Casa da Seleção, será também uma casa para mim.
A lista de convocados para este particular foi divulgada na sexta-feira passada. Não houveram novidades na lista, tirando Hélder Barbosa e Rúben Ferreira, Chamados posteriormente para substituírem os lesionados Nani e João Pereira. Ainda não compreendi muito bem porque é que o Raúl Meireles não foi Convocado. O Fábio Coentrão só agora é que voltou a treinar no Real Madrid, segundo consta e procuram-se alternativas, depois do que aconteceu quando ele se lesionou. E descobri agora, enquanto passava este texto a computador, que o Cristiano Ronaldo foi igualmente dispensado, devido à selvagem cotovelada que apanhou ontem, no encontro que opôs o Real Madrid ao Levante, que lhe compromete a visão. O principal objetivo do jogo é precisamente a procura de soluções entre os suplentes, o teste de alternativas, como forma de nos preparamos para o que nos espera em março do próximo ano.
Não alimento grandes entusiasmos em relação a este jogo. É apenas um particular, com um adversário pouco sonante, pouco motivador. Estamos amputados de vários titulares habituais, incluído o insubstituível Cristiano Ronaldo. É altamente provável que os Marmanjos estejam mais preocupados com o que se passa nos respetivos clubes. Além de que a viagem até ao Gabão será certamente longa e desgastante, o que jogará contra eles. O resultado será o menos importante, quando queremos afinar armas, combater o "mau momento" em que nos encontramos depois da última jornada.
No entanto, há que recordar que este será o último jogo da Seleção do ano. Segundo certas superstições, antes do fim do Mundo. A jornada seguinte da Seleção será apenas em fevereiro, na melhor das hipóteses. Não podemos dar-nos ao luxo de deixá-lo passar em branco. Nem tenciono fazê-lo. Espero que essa, igualmente, a atitude dos jogadores, que estes façam um esforço por oferecerem aos portugueses uma pequena alegria na forma de uma vitória neste particular. Pelos motivos já várias vezes citados neste blogue.
Não vou poder ver o jogo na televisão, pelo menos não a primeira parte, poderei apenas ouvi-lo na rádio. Não o lamento, antes pelo contrário, pois apenas o relato radiofónico poderá colorir um jogo que não se adivinha muito interessante. Tal como aconteceu em maio último, aquando do jogo contra a Macedónia. Não sei, depois, quando terei tempo de publicar a análise ao jogo. Não se admirei se conseguir fazê-lo no próximo fim de semana. E não excluo a hipótese de o jogo, pura e simplesmente, não justificar uma análise. No entanto, é pouco provável pois, desde setembro de 2010, todos os encontros da Seleção têm tido direito a entrada pós-jogo, até mesmo quando não consigo vê-los, porque é que este será uma exceção?
Posso ainda estar desiludida com a última dupla jornada da Turma das Quinas, posso não ter o entusiasmo que tinha aquando de outros jogos da Seleção, mas ainda sou a mesma, ainda tenho o vírus dentro de mim. Podem ter existido alturas em que o meu entusiasmo tenha atingido mínimos históricos, mas nunca perdi por completo a esperança num resultado positivo, nem mesmo em situações piores que a atual. Da única vez que estive a isto de desistir - aquando do caso Queiroz - a Seleção depressa me recordou os motivos pelos quais podemos confiar nela. Não deixarei de desfrutar deste jogo, ainda que esse gozo apenas dure noventa minutos, ou menos. Na esperança de que a Equipa de Todos Nós volte a dar bons sinais, a recordar-me os motivos pelos quais merece a nossa fé. Não se esqueçam, na RTP 1, quarta-feira, às 19h30.
Na passada sexta-feira, dia 12 de outubro, a Seleção Portuguesa de Futebol defrontou a sua congénere russa em Moscovo, no Estádio Luzhniki, de onde saiu derrotada pela margem mínima. O jogo contou para a Qualificação para o Mundial 2014, que terá lugar no Brasil.
Foi um jogo algo estranho, atípico e, no que toca a mim, aborrecido. Visto ter decorrido entre as quatro e as seis da tarde, pouca gente estava a vê-lo. O Twitter estava sem movimento nenhum. O facto de ter ido para o café durante a segunda parte não alterou nada. Nem me vou alongar muito nesta análise.
A Rússia entrou no jogo muito, ainda não tinham decorrido trinta segundos desde o apito inicial e já os russos estavam na nossa grande área. O golo deles, aos seis minutos, veio sem surpresa. E apesar de, na altura, ter tido vontade de dar um par de estalos ao Ruben Micael, que substituía o lesionado Raúl Meireles, por causa daquele passe desastrado - deem-me um desconto, uma miúda não é de ferro! - agora, mais a frio, considero que, se os russos não marcassem naquela altura, fá-lo-iam mais tarde. Não é por aí.
De resto, reinava um ambiente desfavorável à equipa portuguesa, no Estádio Luzhniki. Não digo infernal porque o Inferno pressupõe fogo, calor, e lá estava era frio. O Paulo Bento, então, estava todo enchouriçado em casacos. A minha irmã chegou a comentar que, naquele dia, era pouco provável que o Selecionador se reduzisse a mangas de camisa quando se envolvesse a sério no jogo.
Os adeptos russos, esses, não pareciam minimamente incomodados com o frio. Como dizia um dos comentadores televisivos, a vodca e a seleção da casa mantinham-nos quentes.
Depois veio a lesão do Fábio Coentrão no músculo adutor complicar ainda mais a nossa já difícil vida. Aquele momento em que estão todos a olhar para a zona onde ele se lesionou... E também a preocupação e o apoio de Ronaldo e dos outros... De repente, estávamos sem dois dos nossos habituais titulares. O facto de a Seleção ter este onze muito restrito é, em simultâneo, uma das nossas maiores forças e fraquezas. Força, porque praticamente todos eles jogam juntos com a camisola das Quinas há já alguns anos e, apesar de nem todos serem grandes talentos, funcionam bem como equipa, tal como ficou provado no Euro 2012. Fraqueza, porque as ausências dos habituais titulares acabam por ser muito penalizadoras. Já há um ano, tivemos uma vitória difícil frente à Islândia e uma derrota agonizante frente à Dinamarca quando nos faltavam titulares habituais (o Pepe e o Coentrão, não eram?).
No entanto, a questão é que, ao contrário do que aconteceu frente à Dinamarca no ano passado, a Seleção não jogou mal, mesmo em circunstâncias complicadas. Sobretudo na primeira parte, na altura em que a Rússia construiu a muralha de Kremlin em frente à baliza depois do golo, em vez de tentarem matar o jogo. Não me pareceu que Portugal pudesse ter feito muito mais. Volta à baila o velho problema da finalização. É engraçado como voltaram a questionar a Opção por Hélder Postiga quando, no rescaldo dos dois últimos jogos da Seleção, em que ele marcou, lhe louvavam a eficácia superior à de Ronaldo. É o costume....
A segunda parte não foi tão bem conseguida embora, lá está, Portugal tivesse mantido a atitude. A certa altura, começavam a reinar a frustração e o desespero. Paulo Bento chegou a descarregar na placa lateral do banco de suplentes. E eu já só rezava:
- Pelo menos, um empate... pelo menos, um empate... pelo menos, um empate...
Mas o marcador chegou ao fim do jogo sem mais alterações.
Esta derrota não me preocupa por aí além. Este era o jogo mais difícil de toda a Qualificação. Já tinha dito na entrada anterior que a Rússia era traiçoeira. Tal como o Paulo Bento disse na flash-interview, não vamos colocar tudo em causa por um jogo em que Portugal foi superior em tudo menos no marcador. Nas últimas três Qualificações, estávamos em pior situação nesta fase do campeonato e desenrascámo-nos. Na última, inclusivamente, apesar do péssimo arranque, podíamos ter ficado em primeiro se tivéssemos pontuado em Copenhaga. É claro que era um grupo diferente mas também nada nos garante que a Rússia não dá um tropeção frente a Israel ou a outra equipa qualquer. E se tivermos de ir a play-offs, ao menos serão dois jogos da Equipa das Quinas de bónus.
No entanto, eu queria mais. Depois do drama que foram as últimas três Qualificações, queria um Apuramento imaculado, só de vitórias ou, pelo menos, sem derrotas. Queria o consolo de uma vitória de Portugal, mesmo sem uma exibição por aí além. Está visto que esta fase de Apuramento não vai ser tão fácil como eu julgava, à partida. E se nada garante que a Rússia não perca pontos nos próximos jogos, muito menos está garantido que Portugal deu uma escorregadela frente a adversários teoricamente menores. Acabamos de dar uma no relvado artificial do Estádio Luzhniki. A história do futebol português é demasiado rica em exemplos desses.
Por outro lado, se a Seleção conseguiu fazer um jogo razoável nestas circunstâncias - fora de casa, numa "cimeira de líderes", ao frio, num relvado sintético, sem Meireles, sem Coentrão - em princípio, não terá problemas nos próximos jogos. Começando com o de amanhã, frente à Irlanda do Norte, num Dragão que se espera cheio. E depois, em junho do próximo ano, quando os nossos amigos russos nos vierem visitar à Luz, nós recebe-los-emos com o prato frio da vingança. Em princípio, devo ir ver esse jogo. Cá em casa andamos, desde o Euro 2012, com vontade de ir a um jogo da Seleção mas estes primeiros são todos no Norte... Além de que ando há muito com vontade de visitar o Estádio da Luz.
Mas muita água há de correr, no que toca à Seleção e não só, antes desse jogo. Agora o nosso próximo adversário é a Irlanda do Norte. Temos de vencê-los para garantir que, para já, o Apuramento não descarrila.
E também para termos algo que contrabalance, nem que seja só levemente, a angústia derivada a mais um brutal aumento de impostos.
O Campeonato da Europa de Futebol, que se realizou na Polónia e na Ucrânia, já acabou há alguns dias, o jogo das meias-finais que opôs a Seleção Portuguesa de Futebol à sua congénere espanhola já se realizou há mais de uma semana. Devia ter publicado bem mais cedo, mas tem-me faltado tempo. É a velha questão das fases finais em época de exames. Aquando dos outros jogos, era catalisada pela necessidade de publicar antes do jogo seguinte. Mas agora...
Tal como se previa, o jogo despertou interesse um pouco por todo o planeta. Os olhos do Mundo estiveram pousados em Donetsk. Dave Phoenix Farrel, dos Linkin Park - mais conhecido por, simplesmente, Phoenix - afirmou no Twitter não saber por quem torcer. Chuck Comeau, dos Simple Plan, estava aflito por não ter maneira de ver o jogo, acabou por seguir os penáltis via rádio. Por sua vez, a Nelly Furtado, da eterna "Força" do Euro 2004, não teve problemas em dizer que estava a torcer por nós. Parece, inclusivamente, que o jogo bateu recordes de audiência televisiva, tanto cá em Portugal como em Espanha.
Vou ter saudades disso. De ter a Seleção no centro das atenções, sobretudo quando se começou a perceber que os portugueses tinham uma palavra a dizer neste Europeu. Dos programas de rádio e televisão sobre o assunto - mesmo que, em certas alturas, me tenham parecido exagerados. De estar na Faculdade, nos cafés, no Metro, no comboio, no autocarro, escutando por acaso conversas alheias sobre a Seleção, por vezes metendo-me nelas. Das bandeiras. Das publicações no Facebook. De ver o nome do País, o nome dos nossos jogadores, nos Trending Topics do Twitter. De ver os jogos com a minha irmã, de ela conhecer pelo metade dos jogadores pelo nome, de consultar a caderneta de cromos para saber o peso e a altura de cada um deles, para se ter uma ideia do que terá sido quando um dos nossos levavam com um adversário em cima. Da blusa vermelha que usei no "A Tarde é Sua" e em todos os dias de jogos. Do meu velho cachecol. De ver pessoas que, em circunstâncias normais, pouco ligariam ao futebol, tão entusiasmadas quanto eu.
Mas regressemos ao jogo antes de irmos por aí. Que, como seria de esperar, foi muito intenso, inadequado para cardíacos. Muita gente se queixou no Twitter ao longo de todo o encontro. Cedo, faríamos companhia a Eusébio... Os primeiros noventa minutos foram muito equilibrados. Portugal foi a primeira - e única - equipa que conseguiu contrariar o tiki-taka espanhol neste Europeu. Dou graças à nossa defesa por tal feito, com destaque para Pepe e Rui Patrício. O primeiro surgia quase sempre que nuestros hermanos se aproximavam da nossa grande área. O segundo defendeu várias. Eu cheguei a pedir a canonização de ambos, comecei a chamá-los São Pepe e São Patrício, os nossos salvadores...
O pior é que a defesa espanhola não era inferior. O maldito Iker Casilhas agarrava todas!
Tirando isso, Portugal foi dominante durante quase todo o encontro. Mesmo no prolongamento, quando os nossos já estavam a meio-gás e os espanhóis começaram a encostar-nos ao nosso meio-campo, a nossa defesa continuava suficientemente organizada para lhes anular os ataques.
Cedo se percebeu que a coisa só se resolveria nos penáltis. E ninguém se sentia particularmente feliz com isso. Desempatando o jogo dessa forma, tudo podia acontecer - tinha noção disso mesmo antes do fim do prolongamento. Não acho que os penáltis sejam propriamente uma lotaria, mas, na minha opinião, são quarenta por cento perícia, trinta por cento estado psicológico e emocional, tanto do guarda-redes como do marcador, trinta por cento sorte.
A coisa até começou bem para o nosso lado, com o Rui Patrício a defender a primeira grande penalidade dos espanhóis. São Patrício, São Patrício... Pena foi João Moutinho ter estragado tudo. Quando ele ia bater o penálti, recordei-me, inevitavelmente, de um jogo da Taça de Portugal há alguns anos, entre o Sporting e o F.C.Porto, em que o Moutinho falhara o primeiro penálti de um desempate semelhante, decidindo o desfecho do jogo. Lembrei-me de o meu pai comentar que fora má ideia colocar tal pressão, tal responsabilidade, nos ombros de um jogador na altura tão jovem. Contudo, disse a mim própria que isso não significava nada, que o Moutinho já não tinha vinte anos, que ele era capaz de dar conta do recado. Ledo engano. Casilhas era demasiado bom.
Depois o penálti do Bruno Alves foi à trave. Não sei se foi por nervosismo do nosso defesa, se foi simplesmente azar. Voto na segunda - os ferros na baliza acabaram por ser os nossos maiores opositores neste Europeu. E os exemplos abundam. De tal forma que, como que para que não houvesse dúvidas de que os limites metálicos das balizas estavam contra nós, o remate de Fabregas também foi ao poste... mas a bola entrou, à mesma!
Talvez agora compreendam o título "Travados". A trave expulsou-nos do Europeu, mais do que os espanhóis!
Entretanto, já o Europeu terminou, já a Espanha se sagrou campeã, tornando-se a primeira seleção a conquistar três títulos consecutivos. Os italianos não tiveram qualquer hipótese, foram completamente cilindrados. A verdadeira final foi em Donetsk, connosco. Nós fomos a única equipa capaz de fazer frente aos espanhóis.
Contudo, não foi suficiente. Eu sabia que ia ser assim. Já tinha alertado para tal aqui no blogue, até mesmo antes do Europeu: nestes jogos, não chega jogar melhor, os desfechos são definidos com base em detalhes, em pormenores tornados pormaiores. Mas também é aquela: não se podia exigir muito mais aos jogadores portugueses.
Como muitos diriam, o futebol tem destas coisas.
Isto coloca um ponto final no Europeu da Polónia e da Ucrânia, nestas semanas gloriosas em que a Seleção esteve reunida, em que foi rainha e senhora das nossas atenções. Acho que aproveitei bem este mês e meio, mais coisa menos coisa. Não escrevi cá no blogue com tanta frequência como, se calhar, no Euro 2008 ou no Mundial 2010 porque, desta vez, tive - e vou continuar a ter - uma página no Facebook. As entradas no blogue são extensas, exigem bastante tempo - que o diga esta, que demorou mais de uma semana! No Facebook, é tudo muito mais rápido. Mesmo quando publico uma opinião um pouco mais extensa, demoro muito menos tempo. Além de que me permitiu, não só opinar sobre quase tudo o que saiu sobre a Seleção, mas também guardá-lo para a posteridade. Mantive-me, portanto, a parte de quase tudo. Acompanhei umas quantas conferências de Imprensa em direto. Vi e escutei diversos programas sobre o assunto. Gastei quase um caderno A5 inteiro, de espessura considerável, com notas e rascunhos de entradas. Fui à televisão dar a cara pela Turma das Quinas. Festejei a vitória frente à República Checa na rua, seis anos depois da última vez que o fizera.
A única coisa que lamento não ter feito é ter visto os jogos com várias pessoas, quer fosse no Campo Pequeno ou assim ou, simplesmente, num café ou restaurante. Posso ter estado acompanhada por muitos, um pouco por todo o Mundo, através do Twitter, mas não é a mesma coisa. Eu queria ver e ouvir as reações das pessoas, em vez de apenas lê-las.
Sim, aproveitei bem. E, sobretudo, valeu a pena aproveitá-lo. Pela primeira vez desde que tenho este blogue, a Seleção Nacional fez uma campanha num campeonato de seleções que vale a pena ser recordada. Pela primeira vez, sinto que fiz bem ao ter o blogue, a página do Facebook, ao não ter deitado fora os jornais dos dias que se seguiram aos jogos.
Tem-me deprimido um pouco, mais do que o facto de não termos ido à final, a ideia de que o Europeu já acabou, que a Seleção já não está reunida, que a atenção já está a regressar aos clubes. Isto, adicionado ao facto de ainda estar em exames, faz-me, por vezes, desejar dolorosamente que a Equipa de Todos Nós estivesse, de novo, em estágio, que me levassem com eles para lá - fisicamente, não apenas uma parte de mim. Há quem recorde que a Qualificação para o Mundial 2014 já começa em setembro mas não é a mesma coisa.
Em suma, estou em ressaca de Seleção. Há de passar.
Uma das coisas que tem ajudado é pensar no próximo Apuramento. Os nossos adversários já são conhecidos desde há um ano. Em princípio, só a Rússia nos colocará dificuldades significativas, embora suspeite que Israel e a Irlanda do Norte não sejam tão inofensivos como parecem. De qualquer forma, espero que esta Qualificação seja bem menos atribulada que as duas anteriores. Sem tropeções graves, sem grandes polémicas, sem calculadoras. Sê-lo-á, certamente. Paulo Bento parece estar de pedra e cal ao leme na Seleção. Os Marmanjos provaram ter carácter. Alguns deles, como o Cristiano Ronaldo, o Nani, o Hugo Almeida, o João Moutinho, o Raúl Meireles, o Pepe, entre outros, já jogam juntos na Seleção há alguns anos. Além disso, Paulo Bento teve o mérito de, não tenho a espinha dorsal de nenhum clube, formar uma equipa sólida a partir de jogadores de clubes e campeonatos diferentes.
Talvez dê para assistir a um jogo. Os meus pais, pela primeira vez em vários anos, parecem recetivos à ideia - ao preço a que estão os bilhetes, não dá para ir sem financiamento parental. E, definitivamente, vou voltar a assistir a treinos abertos, assim que eles voltarem ao Jamor.
Há quem já nos considere candidatos ao título no Mundial 2014 - que é o suposto prazo de validade desta equipa. Eu não estou assim tão otimista. Tenho medo que as circunstâncias deste Europeu não se repitam, que tenhamos perdido outra boa oportunidade. Que, em 2014, as coisas não corram tão bem para o nosso lado.
No entanto, ao longo do ano passado, tal como já mencionei em entradas anteriores, pressenti - não de uma forma cem por cento racional - que a Seleção estava lentamente a fortalecer-se cada vez mais, a regressar aos seus melhores tempos, tornando o sonho cada vez menos impossível. Este Europeu confirmou tais suspeitas. Podemos ter sido travados, mas tornámo-nos grandes de novo, somos outra vez uma das melhores seleções do Mundo e não é apenas por termos o Cristiano Ronaldo.
E o meu pressentimento agora é de que continuaremos a crescer, ao longo dos próximos dois anos. De que chegaremos ao Brasil ainda mais fortes. Talvez suficientemente fortes para voltarmos a lutar pelo título.
Por enquanto, a curto e a médio prazo, uma coisa não mudará: a Seleção continuará a ser uma das poucas coisas em que poderemos acreditar no nosso País, que retribuirá todo o apoio que lhe for dado, que nos permitirá esperar por algo de bom no futuro. Foi o que aconteceu agora, neste Europeu. As próximas alegrias serão menores, provavelmente não durarão mais do que uma noite, na maior parte dos casos. Não resolverão os problemas a ninguém. Mas se ajudar alguém a dormir melhor nessa noite, já valerá a pena.
Deixo aqui o calendário da Qualificação para o Mundial 2014:
O capítulo Euro 2012 terminou, o capítulo Mundial 2014 começa em setembro. A coisa boa disto tudo é que há sempre um campeonato de seleções a cada dois anos, há sempre um recomeço, há sempre uma nova oportunidade se lutar pelo sonho. Temos sempre desculpas para continuar a acreditar. Ainda me encontro um pouco em luto mas temos o verão para recuperar. Continuarei a atualizar a página do Facebook - não tão frequentemente como nas últimas semanas pois as notícias escassearão e poderei, inclusivamente, estar de férias sem acesso à Internet. Mas se surgir algo sobre a Seleção, falarei disso. Mantenham-se ligados. A história continuará a ser escrita em setembro.