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O Meu Clube É a Seleção!

Mulher de muitas paixões, a Seleção Nacional é uma delas.

"We're gonna kick your asses!"

Ontem de manhã a Selecção Nacional cumpriu o seu quarto treino de preparação para o jogo com a Noruega, o último realizado no Estádio Nacional. E eu estive lá!

Sabia que neste estágio ocorreriam muitos treinos abertos ao público, mais do que o habitual. Tinha lido e ouvido acerca da significativa insistência a estas sessões e ficado verde de inveja. Decidi que gostaria de tentar assistir a um, talvez na próxima semana. Só mais tarde é que percebi que eles, na próxima semana, estariam em Óbidos e, por isso, só tinha esta manhã para ver a Selecção. E para isso tinha de faltar às aulas teóricas.

Não foi uma decisão fácil de tomar. Não sou do tipo de me baldar às aulas e explorar lugares desconhecidos. Nunca fui. Das poucas vezes em que fiz desvios, meti-me em tantos sarilhos que ganhei anticorpos. Em todo o caso, fiz umas pesquisas na Internet. Para ir até ao Jamor - zona, aliás, que conheço muito mal - teria de apanhar um comboio na Linha de Cascais, pela primeira vez na minha vida.

Mas depois pensei, precisamente, que ninguém se poderia queixar de mim, muito menos quando comparada com a juventude de hoje. E não ia propriamente passar a noite fora de casa, na borga, rodeada de álcool e drogas. Tenho vinte e um anos e passei um terço deles sonhando com uma coisa destas, com largar tudo, fugir da escola/Faculdade, dos exames, para ir atrás da Selecção. Esta aventura seria o mais próximo que teria de uma experiência dessas. Além disso, o meu fim-de-semana ia ser horrível, fechada em casa a estudar. Dava-me jeito uma experiência como esta para quebrar a rotina, ter algo bom a que me agarrar, que me ajude a sobreviver a estes dias. Por fim, isto dar-me-ia a oportunidade de escrever uma entrada diferente aqui no blogue, em vez de uma 768ª entrada à volta da ideia: "A Selecção está a voltar aos bons tempos e serve de remédio anti-crise".

Por isso, fui. Apanhei o Metro até ao Cais do Sodré e depois o comboio até Cruz Quebrada, tal como vira na Internet. Várias vezes senti o impulso de voltar para trás, para a zona de conforto, sobretudo ao dar com a estação de Cruz Quebrada, minúscula, antiquada, praticamente deserta, ao descobrir que teria de andar um bom bocado a pé até chegar ao Estádio, por ruelas vazias e na margem de estradas com pouquíssimas travessias para peões. Mas obriguei-me a continuar em frente, usando os holofotes do Estádio assomando entre as árvores como ponto de referência.

A minha primeira vitória foi quando, depois de uma subida significativa, cheguei aos portões do Estádio Nacional. Conseguira! Eram cerca de nove horas e vinte minutos. A última vez que estivera no Jamor fora cinco anos antes, depois de sermos expulsos do Mundial 2006. Nesse momento, tocava Here I Am no meu leitor de MP3. Nunca uma música se adequara tanto ao que estava a viver, naquele momento. Cantei, em voz alta:

"Here I am
This is me
There's nowhere else on earth I'd rather be..."

Àquela hora, já a equipa técnica preparava o campo para o treino e meia dúzia de pessoas aguardavam junto aos portões. Confirmei com elas que o treino seria aberto ao público, começaria às dez, duraria cerca de uma hora. Uma carrinha da TVI encontrava-se estacionada no lado de dentro dos portões, carros da SIC e da SportTV iam chegando. Na tenda branca, situada à nossa direita, ouviam-se vozes e eu calculei que um dos Marmanjos estivesse a responder às perguntas dos jornalistas. Mais tarde, descobri que era o Varela.

Às vinte para as dez, Paulo Bento apareceu. Foi também nessa altura que nos abriram os portões. De repente, circulávamos entre jornalistas e polícias, com apenas um baixíssimo muro separando-nos do campo, onde os jogadores começavam a entrar, vindos dos balneários subterrâneos.

O treino começou com jogadores como Ricardo Carvalho, Hélder Postiga, Rolando, João Moutinho, Rui Patrício, Eduardo, trocando a bola entre si. Quando um falhava, os outros "castigavam-no" com palmadinhas na cabeça. Reinava a boa disposição. As gargalhadas, os gritos dos marmanjos, as ordens dos técnicos eram perfeitamente audíveis. O treino assemelhava-se um pouco a uma aula de Educação Física. Observei-os fazendo exercícios de aquecimento, de circulação de bola, em jogos de treino. Tudo era familiar, de acordo com o que já havia lido e ouvido acerca destas sessões. Em teoria, bastaria chamar pelos Marmanjos para que estes olhassem para mim, bastaria saltar o muro para ir ter com eles ao campo. Mas a minha timidez levou a melhor. Quando, por exemplo, o Cristiano Ronaldo entrou em campo, esteve um bocado no banco, à conversa com Fábio Coentrão e Carlos Martins. Podia ter gritado por ele, ele poderia ter olhado para mim. Não arranjei coragem...

Além de que, se tentasse invadir o campo, os polícias detinham-me facilmente.

Felizmente, outros não eram tão tímidos como eu. Estava lá um par de benfiquistas, exibindo um cartaz dizendo "Coentrão (Ben)Fica", que, quando o visado entrou em campo, começaram a cantarolar. Fábio chegou a acenar-lhes. Já perto do fim do treino, ouvi os dois lampiões cantando:

- És o orgulho do Benfica!

Eles chegaram a ser filmados pela RTP, podem vê-lo AQUI. Só que, mais tarde, o Fábio deixou bem claro que queria ir para o Real Madrid. Coitados daqueles dois...

Ao longo do treino, fui tirando fotos e gravando vídeos, com o meu telemóvel. Não têm, por isso, grande qualidade, como podem ver pela fotografia acima. Fui dando a volta ao campo, para poder ver o treino de todos os ângulos possíveis. Durante algum tempo, fiquei a ver o Eduardo realizando trabalho específico de guarda-redes, a partir de uma zona sem mais adeptos para além de mim. Achei graça ao ouvir o técnico dos guarda-redes dando gritos de incentivo ao Eduardo, chamando-lhe "Edu", enquanto trabalhavam os pontapés de canto. Quando fizeram uma pausa para trocar de lado, o Eduardo reparou na única adepta ali perto, uma miúda vestindo calças de ganga, um top preto, um boné branco da Selecção, um cachecol de Portugal à volta do pescoço. Eu acenei-lhe e ele retribuiu. Primeira vez que tive contacto directo com um jogador da Selecção!

Eu sei, sou cá uma totó...

Já mais perto do fim do treino, juntei-me a um grupo de pessoas que haviam juntado, não muito longe da zona onde estavam as câmaras todas. Fiquei perto de um senhor que tinha nas mãos uma camisola do Benfica e um marcador. Também tirei para fora o meu caderno - onde havia tomado notas para escrever esta entrada ao longo do treino - e uma bic, na esperança de que os Marmanjos viessem distribuir autógrafos. No fim do treino, o senhor que referi acima pediu a um membro da equipa técnica que levasse a camisola ao Carlos Martins para que ele a assinasse. O técnico recusou-se, aconselhou-nos a chamar pelos jogadores. Não tivemos, portanto, outro remédio. Ele chamou pelo Martins, eu pus-me a gritar coisas tipo:

- Portugal! Ronaldo! Autógrafo! - enquanto acenava com o caderno e me sentia como uma idiota.

O Cristiano acabou por olhar na minha direcção, de longe. Eu congelei. Limitei-me a olhar para ele, provavelmente com cara de parva, incapaz de acenar ou de fazer um gesto que fosse. E aposto que se isto tivesse acontecido há uns anos, quando nutria uma paixão platónica pelo madeirense, faria figuras ainda mais tristes. O que vale é que ele deve estar habituado a que as pessoas, sobretudo raparigas, se comportem assim na sua presença.

Os Marmanjos desceram de imediato para os balneários, para nossa desilusão. Só o Ronaldo ficou mais um pouco em campo, assinando camisolas e tirando fotografias com umas pessoas.

- O Ronaldo é sempre o mais requisitado - comentei para outro senhor, à minha direita.

- Talvez ele venha, como olhou para ti... - disse ele.

Não chegou a vir, contudo. Não lho levei a mal, pois já tinha andado a distribuir autógrafos. Mas os outros Marmanjos podiam ter vindo. Que diabo, eles depois iam entrar em folga, não podiam sacrificar uns cinco minutinhos do seu tempo para virem dizer "olá"?

Em todo o caso, mal vi que não conseguiria aproximar-me dos Marmanjos, dirigi-me a um membro da equipa técnica, que conduzia não sei aonde um grupo de miúdos pequenos que tinham estado a assistir ao treino e pedi-lhe que entregasse um bilhete dobrado em quatro a um dos jogadores. Tinha mesmo escrito "Para a Selecção" num dos lados, para não dar azo a enganos. O homem deve ter pensado que era um bilhetinho de amor, ou assim. Na verdade, era um bilhetinho contendo o link para uma carta de amor muito maior: o meu blogue. Tinha jurado que não sairia dali sem, pelo menos, fazer chegar esse bilhete ao um dos Marmanjos. Não sei a qual deles o vai receber, se já algum deles o recebeu, ou se já foi esquecido num lugar qualquer. Mas ao menos fiz a minha parte.

Quando me preparava para sair do estádio, um repórter, acompanhado pelo cameraman chamou-me e pediu-me, em inglês, para lhe responder a umas perguntas. Disseram que era para uma televisão norueguesa. Aceitei e esta entrevistazinha acabou por ser o momento mais divertido da manhã. Vou transcrever, o melhor que me lembro, a entrevista:

- How important is this match for Portugal? (Qual é a importância deste jogo para Portugal?) - começaram eles por perguntar.

Não percebi porque me perguntavam isso. Não deveriam fazer essa pergunta a Paulo Bento ou aos jogadores? Que sei eu que eles não saibam? Mas lá me armei em importante e respondi o que já muitos disseram:

- It's pretty important. It's not decisive (na altura nem tinha a certeza se esta palavra existia), it's not gonna decide the qualification but if we beat you guys we'll be first. (É bastante importante. Não é decisivo, não vai decidir a qualificação mas se vos vencermos, seremos primeiros)

- How was it to see Ronaldo training? (Como é que foi ver o Ronaldo a treinar?)

- It's pretty exciting. We're used to only see him through the television and to see him only a few metres away... (É muito excitante. Estamos habituados a vê-lo só na televisão e vê-lo a apenas alguns metros de distância...)

- How was it to see the team training? (Como é que foi ver a equipa a treinar?)

- It was really exciting. I know how the training is, what kind of exercises they do, but to see it live it's a whole different thing... I'm crazy about Portugal's National Team and it rocked to be here. (Foi muito excitante. Sei como o treino é, o tipo de exercícios que fazem, mas vê-lo ao vivo é uma coisa totalmente diferente... Eu sou doida pela Selecção Portuguesa e foi o máximo estar aqui.)

- Which one is your favorite player? (Qual é o teu jogador preferido?)

- I don't have one, I love them all... (Não tenho, adoro-os a todos...) - como eles insistissem, lá respondi - Well, I like Ronaldo because he's... he's Ronaldo. But I also like Eduardo, the goalkeeper, Nani, who's not here, Moutinho, Hélder Postiga... (Bem, gosto do Ronaldo porque ele é... ele é o Ronaldo. Mas também gosto do Eduardo, o guarda-redes, Nani, que não está cá, do Moutinho, do Hélder Postiga...)

- You love them all (Tu adora-os a todos) - concluiu o norueguês, divertido.

- Yeah...

Por fim, a pergunta da praxe:

- Who's gonna win? (Quem é que vai ganhar?)

- Portugal, of course! We're gonna kick your asses! (Portugal, é claro! Vamos dar-vos um chuto no rabo/dar cabo de vocês) - rematei, entre gargalhadas.

Eles riram-se também.

- Good one! (Boa!)

Despedi-me e saí do estádio, divertida, satisfeita por ter falado um inglês razoável, sem gaguejar muito, e por ter dito o que queria dizer. Graças às notas que havia tomado, tinha as respostas mais ou menos bem preparadas. Confesso que soube-me bem eles terem querido ouvir-me, fez-me sentir importante, eh eh! E marcar a posição da minha equipa com a ameaça final. Gostava de ver o vídeo com a entrevista, se eles o passarem na televisão norueguesa. Agora só espero que os Marmanjos cumpram a sua parte e vençam a Noruega, senão, terei feito figuras tristes...

Quando ia a descer a rua, de regresso à estação de comboios, ainda pude ver o autocarro da Selecção a passar. Acenei-lhes com entusiasmo, mas eles passaram muito depressa. Só reconheci o Moutinho, de relance. Nem sei se eles repararam em mim. Mas foi um belo encerramento para aquela que foi, sem sombra de dúvida, uma das melhores manhãs da minha vida!

Se me matassem, naquele momento, morreria feliz. Por ter ignorado o medo que sentia e ter conseguido, sozinha, chegar à Selecção. Mas isto não fica por aqui. Agora que sei o caminho, tenciono voltar ao Jamor sempre que puder, quando a Equipa de Todos Nós estiver lá a treinar, com direito a assistência. Sai mais barato do que ir aos jogos (é só o preço dos bilhetes de Metro e comboio) e é quase tão bom. Pode ser que, das próximas vezes, consiga autógrafos e fotografias com os jogadores. Tenciono tornar-me num rosto conhecido no Jamor. Sempre gostei de chamar a mim própria "adepta hardcore" mas, na verdade, nunca tinha passado do sofá e do computador. Até agora. O meu clube é a Selecção! E agora começo a demonstrá-lo de outras formas.

Dando seguimento

No próximo dia 4 de Junho, a Selecção Portuguesa de Futebol receberá, no Estádio da Luz, a sua congénere norueguesa, em jogo a contar para a Qualificação para o Europeu a realizar na Polónia e na Ucrânia dentro de um ano.

Os Convocados para este encontro foram anunciados ontem, Segunda-feira, dia 23 de Maio, e reunir-se-ão em  Oeiras, amanhã, Quarta-feira, dia 25. Terão uma semana e meia de estágio, já que a época futebolística terminou no fim-de-semana passado, praticamente só faltando a final da Liga dos Campeões. Não faltará tempo para preparar o jogo e poderemos desfrutar de um período mais longo do que o habitual com os holofotes voltados para a Selecção. Só vantagens! Deviam fazê-lo mais vezes! 

Passaram-se cerca de oito meses desde a última ronda de qualificação, em que defrontámos e derrotámos a Dinamarca e a Islândia. Em Outubro, tinha passado cerca de um mês, um mês e meio desde o início da época. Depois de um prolongado drama que culminou com o despedimento do anterior técnico, Paulo Bento acabara de assumir o cargo e preparava a sua estreia no banco da Selecção. Depois de uma primeira jornada dupla que roçara o desastroso, o apuramento equilibrava-se já num trapézio sem rede. Tinha acabado de ser anunciado o PEC III, para entrar em vigor em 2011, segundo o qual os nossos salários seriam cortados e os nossos impostos aumentados. 

Hoje estamos em final de época, uma época brilhante para o futebol português, tendo em conta que colocámos três clubes portugueses nas meias-finais da Liga Europa e dois na final, pela primeira vez; e que Cristiano Ronaldo ganhou a Bota de Ouro e quebrou recordes ao marcar 40 golos na liga. Pena foi o Real Madrid não se ter qualificado para a final da Liga dos Campeões. Talvez Nani o vingue e o Manchester United vença o Barcelona - mas sei que será difícil.

Em contrapartida, neste intervalo de tempo, o PEC III foi posto em prática, Cavaco Silva foi reeleito Presidente da República nas eleições de Janeiro, o PEC IV foi apresentado e chumbado, o Governo ardeu, as eleições que visam decidir o substituto foram marcadas para o dia a seguir ao jogo com a Noruega, foi pedido auxílio externo e a Troika veio para Portugal. Em Outubro, a situação do País era má. Hoje não está melhor em nenhum aspecto - pode-se dizer que está pior - excepto no plano futebolístico. 

Hoje preparamos um jogo, nas palavras de Paulo Bento, "extremamente importante, de grande responsabilidade" em que uma vitória nos possibilitará o acesso ao primeiro lugar do grupo de qualificação. O Seleccionador também recordou que não se trata de um encontro decisivo para o apuramento. Mas certamente contribuirá bastante.

Eu, como sempre, desejo uma vitória por parte da nossa Selecção. Como já antes referi (e às vezes penso que não escrevo outra coisa aqui no blogue, mas também não há muito mais a dizer...), para dar mais uma prova de que a Equipa de Todos Nós se levantou depois de ter dado uma queda feia durante o Verão passado. Para dar uma alegria ao povo português, numa altura em que a única luz que se vislumbra no fundo do túnel é um comboio a toda a velocidade na nossa direcção (talvez o TGV...), no dia escolhido para reflectirmos sobre qual dos incompetentes nos azucrinará durante os próximos anos. Para darmos seguimento à boa época para o futebol português que o FC Porto, o Braga e o Benfica nos proporcionaram, com uma nova alegria, desta vez sem ser pontuada por amarguras bracarenses e benfiquistas. Não resolverá a crise, não trará políticos competentes, mas aliviar-nos-à a depressão, nem que seja apenas por uma noite.  

Cinco golos sofridos, cinco pontos a voar

Finda a primeira dupla jornada desta fase de qualificação, a Selecção Nacional apenas ganhou um ponto, resultado de um empate por quatro bolas frente ao Chipre e de uma derrota por um golo sem resposta frente à Noruega. Agora corremos o risco de vermos o Europeu por um canudo, ainda agora a classificação começou. É o pior arranque de qualificação desde 1996. Mas não estou surpreendida. Estavam à espera de quê?!?!?!

Como já tinha dito na entrada anterior, não pude ver o jogo com o Chipre uma vez que estava no estrangeiro. Só soube do resultado do jogo no Domingo passado, quando nos deram jornais portugueses à entrada do avião de regresso. Vi o jogo de ontem, mas sem um milionésimo do interesse com que antes via os jogos da Selecção. E ainda bem, porque senão ainda me sentiria pior do que me sinto agora.

Não posso censurar os jogadores, nem mesmo Eduardo com aquele golo patético. Eles devem ser as maiores vítimas. O Ricardo Carvalho estava quase a chorar ontem à noite, na flash-interview (pelo menos, foi o que me pareceu...). Eu sabia que aquela novela toda ia - passe a palavra - "lixar" a Selecção. O Mourinho tinha avisado, vários jornalistas e comentadores tinham avisado, eu tinha avisado (confirmem entradas anteriores) e nem percebo muito de futebol. Tenho de dar os parabéns ao pessoal da Federação, a Carlos Queiroz, à Autoridade Antidopagem, a quem quer que seja responsável pela crise actual. Conseguiram dar cabo da Selecção Nacional, conseguiram destruir um dos nossos poucos pontos fortes no último Mundial, se não foi o único: a defesa, o nosso guarda-redes que nestes dois jogos sofreu tantos golos quantos os que tinha sofrido no Mundial e em mais de metade da fase de qualificação para este último campeonato. Obrigadíssima! Agora estamos de novo de calculadora na mão.

Porque é que voltei a Portugal? Porque é que não fiquei num país civilizado? Enquanto lia os jornais no avião de regresso, ainda nem este tinha descolado, e me apercebia que a novela estava longe do fim, já punha a hipótese de tentar fugir do avião para não ter de voltar. Antigamente, não há tanto tempo quanto isso, a Selecção era a única coisa que me prendia a este país sempre-em-crise, com uma justiça lenta e ineficaz, com pessoas sempre a queixarem-se da crise mas sem mexerem uma palha para combatê-la e políticos medíocres. A Selecção era a única coisa que nos fazia orgulharmo-nos de sermos portugueses - foi preciso um estrangeiro vir cá para que tal acontecesse! Mas agora conseguiram arruiná-la.

E eu não posso fazer nada, não consigo fazer nada. Já é suficientemente mau andarmos com maus resultados - se fosse só esse o problema, podia-se "resolver" com estímulos ao apoio popular para aumentar a motivação, preserverança e fé em Deus. Eu sempre podia ajudar um bocadinho. Mas quando a origem vem de dentro e de lá de cima, sem que ninguém esteja disposto a fazer nada, que se pode fazer?

Apenas pedir que resolvam isto de uma vez por todas. Já chego ao extremo de pedir que despeçam Queiroz de vez (nunca pensei vir a desejá-lo) se é isso que querem. Que se dane a adaptação a um novo treinador - pior do que a situação actual é difícil. Se for preciso paguem a cláusula de rescisão - duvido que seja maior do que os potenciais prejuízos de uma não-qualificação. E já vão tarde - mesmo que tudo se resolva agora, já voaram cinco pontos.

Entretanto, a nós, os adeptos, aqueles que não deixam de apoiar a Selecção mesmo nestes momentos, só nos resta esperar e rezar pelo fim desta trapalhada toda. Qualquer que seja o fim.