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O Meu Clube É a Seleção!

Mulher de muitas paixões, a Seleção Nacional é uma delas.

Selecção 2010



Mais um ano encontra-se à beira do fim, mais um ano encontra-se à beira do início. É costume as pessoas reflectirem sobre os acontecimentos mais marcantes dos últimos doze meses e tentarem prever o que acontecerá nos próximos doze. No que toca à Selecção Nacional, este foi um ano de altos e baixos, alguns muito altos, alguns muito baixos. Há um ano atrás eu não imaginava, nem nos meus mais delirantes sonhos, que a nossa Selecção passasse por tais coisas, que fizesse tais coisas.

Comecemos pelo primeiro jogo do ano, um particular de preparação para o Mundial, frente à China, realizado em Coimbra, no dia 3 de Março. Por esta altura, já tinha estalado a polémica devido a uma alegada troca de agressões entre Carlos Queiroz e Jorge Baptista, no dia do sorteio da fase que qualificação do Euro 2012. Um episódio desagradável, mas hoje parece uma ninharia quando comparado com o que aconteceu no Verão.

O jogo representava a "última oportunidade de contactar com os jogadores antes da Convocatória Final". Servia ainda para preparar o embate com a Coreia do Norte. A Convocatória para este encontro causou polémica por não incluir nenhum jogador do Benfica, equipa que, semanas mais tarde, sagrar-se-ia campeã. Portugal venceu a China por duas bolas a zero, golos de Hugo Almeida e João Moutinho.

Um aparte só para observar que o Hugo marcou não só o primeiro golo da Selecção no ano de 2010 mas também marcou o último do ano. Parece mesmo que ele foi o maior marcador deste ano, tendo feito um total de seis bolas cruzar a linha de baliza. Quando marcou frente à China, eu desejei que o fosse o primeiro golo de muitos. E, de facto, marcou-se bastante este ano.

Voltando ao particular, foi um jogo mediano. Manifestaram-se os problemas na finalização que haviam marcado a fase de qualificação. O rendimento da equipa ressentiu-se das substituições ao intervalo. A segunda parte foi ainda marcada pelos assobios dos adeptos, desagradados com a fraca exibição.

Os Convocados foram Anunciados em Maio. Poucos dias antes, Queiroz havia dado uma entrevista a "A Bola". Aqui disse, entre outras coisas que "o padrão de continuidade é o único que dá mais hipóteses a uma Selecção como Portugal de se intrometer entre os grandes" - o que hoje é irónico visto que, depois de trocarmos de Seleccionador, demos quatro à Campeã Europeia e Mundial.

Mas, voltando à Convocatória, esta foi anunciada com pompa e circunstância - que hoje, que sabemos que a nossa participação no Mundial deixou muito a desejar, parece ridícula. O Estágio na Covilhã começaria alguns dias mais tarde. Enquanto este decorria, eu julgava que tudo corria bem, que o ambiente na Selecção e a relação entre jogadores e treinador era positiva - hoje sei que não foi bem assim. Foi também durante o Estágio que se deu o incidente que, depois do Mundial, desencadearia uma série de acontecimentos que culminariam no despedimento de Carlos Queiroz.

No dia 24 de Maio, poucos dias depois do início do Estágio, numa altura em que o grupo ainda não se encontrava completo, Portugal recebeu a Selecção Cabo-Verdiana, no primeiro de três particulares com equipas africanas que visavam a preparação do embate com a Costa do Marfim. Foi um jogo fraquinho, que terminou com o marcador por abrir. Nani e Fábio Coentrão foram os poucos com um desempenho positivo. Jogadores e Seleccionador invocaram o pouco tempo de estágio e a "falta de frescura física" como desculpas, perdão, razões para a má exibição, garantindo no entanto que "a partir de agora é a sério".

E, de facto, o particular que se seguiu, frente aos Camarões, no dia 1 de Junho, foi significativamente melhor do que o anterior. A Selecção venceu por três bolas a uma. Marcou o fim do Estágio na Covilhã.

Uma semana mais tarde, já na África do Sul, a Selecção Nacional venceu a sua congénere moçambicana por três bolas sem resposta, num dia marcado pelo regresso de Nani a casa, por lesão. Este regresso causou polémica e ainda hoje não consigo perceber porquê. Carlos Queiroz tinha deixado bem claro  que fora "o caso mais difícil que tiver de gerir do ponto de vista humano", que "A entrega e a obstinação que ele mostrou para disputar o Mundial foram uma das maiores provas de profissionalismo a que já assisti" e que "o Nani é um exemplo para todos". Quer dizer, quem seria idiota ao ponto de abdicar de tal jogador sem uma fortíssima razão? Não percebo, realmente...

E, como já referi antes, não consigo evitar pensar que o Mundial poderia ter corrido de maneira diferente se o Nani tivesse estado lá.

Portugal estreou-se no Mundial uma semana depois, frente à Costa do Marfim, no dia 15. O jogo terminou sem que o marcador abrisse. As opiniões sobre se este resultado era positivo ou negativo para a Selecção dividiram-se. Este jogo ficou ainda marcado pelas polémicas declarações de Deco, que abalaram ainda mais a já fragilizada credibilidade do Seleccionador.

No dia 21 de Junho, a Selecção Nacional entrou em campo com a Coreia do Norte, no Estádio da Cidade do Cabo. Até àquele momento, nenhuma Selecção havia triunfado naquele estádio. Esperava-se que Portugal, um pouco à semelhança do que Bartolomeu Dias havia feito, fosse de novo o primeiro a dobrar o Cabo das Tormentas, transformando-o em Cabo da Boa Esperança.

E foi o que aconteceu. A Selecção Portuguesa venceu a Norte-coreana por sete bolas sem resposta. Os marmanjos jogaram com mais garra, coragem, determinação, alegria e com muito menos medo, como não jogavam há muito e como só voltariam a jogar em Outubro. Todos os jogadores estiveram bem, com destaque para Tiago. Esperava-se que esta vitória representasse o ponto de viragem.

Não foi bem isso o que aconteceu. No dia 25 de Junho, a Selecção defrontou a sua congénere brasileira. Tratava-se de um jogo praticamente a feijões, praticamente só para disputar os dois primeiros lugares do grupo. Como tal, foi um jogo morno, sem golos. O Brasil ficou em primeiro lugar e Portugal ficou em segundo. Nesse dia descobrimos ainda que nos oitavos-de-final, no dia 29 de Junho, defrontaríamos nuestros hermanos espanhóis.

O jogo até começou bem, a primeira parte foi muito equilibrada. Ao intervalo, Queiroz optou por tirar Hugo Almeida. Tal decisão causou polémica, pensa-se que a saída do ponta-de-lança terá resultado no golo espanhol. "O coração parou de bater aos 63 minutos..." Portugal ressentiu-se, não conseguiu anular a desvantagem, o jogo acabou e a Selecção foi expulsa do Mundial.

No fim do jogo, Eduardo chorava. Ele, talvez mais do que qualquer outro, merecia mais. Cristiano Ronaldo não ajudou. As suas polémicas palavras "Perguntem ao Queiroz", bem como o "Assim não ganhamos, Carlos!" que terá atirado ao Professor aquando do golo espanhol foram duas das muitas pedras posteriormente atiradas ao Seleccionador. Metade do país exigia a sua demissão. Por sua vez, Queiroz, longe de abdicar do cargo, afirmou que "vamos continuar com a cabeça erguida" e de da próxima vez voltaríamos "mais fortes e mais competitivos". Na altura concordava com ele, achava que o seu afastamento pouco ou nenhum benefício traria à Selecção.

Mas agora, tendo em conta tudo o que aconteceu depois, talvez tivesse sido melhor. Qualquer coisa teria sido melhor do que o que aconteceu depois.

Eu nem quero recordar os pormenores todos. Aquele foi, sem dúvida, a pior fase por que a Selecção passou desde que me lembro. Parece que foi mesmo a pior de sempre. A polémica arrastou-se durante quase todo o Verão, sem solução à vista, ou melhor, sem que ninguém se esforçasse por encontrar uma solução. Quase nenhum dos jogadores veio defender o Seleccionador, Paulo Ferreira, Simão e Miguel até escolheram aquele momento para fugirem, perdão, saírem da Selecção. O que era mais do que esclarecedor em relação ao ambiente entre jogadores e treinador. Ninguém parecia ter noção dos danos que aquilo estava a provocar à Equipa de Todos Nós, ninguém fazia o mínimo esforço para resolver de vez aquela confusão. A Selecção ia sendo destruída aos poucos e ninguém via, ninguém mexia um dedo para o impedir. Gilberto Madaíl foi ao extremo de opinar, a poucos dias do primeiro jogo de qualificação para o Campeonato da Europa de 2012, que nada daquilo afectaria a equipa, que os marmanjos sabiam "jogar em piloto automático". Se todos os pilotos automáticos fossem como aquele, haveria acidentes aéreos todos os dias...

Para mim não foi, portanto, surpresa que a jornada dupla tivesse terminado com um empate e uma derrota, cinco golos sofridos, cinco pontos perdidos. A qualificação equilibrava-se num trapézio sem rede e acabara de começar. A situação havia conseguido minar a confiança dos jogadores, minar a defesa que pouco tempo antes era o nosso maior ponto forte.

A situação chegara a um ponto em que a única solução era correr com Queiroz. E foi o que aconteceu.

Quase imediatamente a seguir ao despedimento, já se falava de Paulo Bento como possível sucessor. Contudo, ainda houve tempo para Gilberto Madaíl fazer uma visita a Madrid e pedir a Mourinho que viesse orientar a Selecção Nacional apenas durante a seguinte dupla jornada de qualificação. Já dei voltas à cabeça mas as únicas palavras que encontro para descrever a situação são mesmo "WTF?!?!" ou "mas que raio...?!?!?". Realmente, não percebo em que raio estava o Presidente da Federação a pensar. Mourinho por sua vontade aceitaria a súplica, perdão, o convite sem cobrar nada, mas o Presidente do Real Madrid não deixou.

Madaíl teve então de voltar a Portugal e contratar Paulo Bento. Tal escolha revelou-se bastante consensual na opinião pública. Eu é que não estava a ver como poderíamos dar a volta ao texto. No primeiro treino da Selecção com Bento como Seleccionador Nacional, os adeptos foram assistir em força e mostraram ostensivamente o seu apoio. Mais do que nos dois anos anteriores, dizia-se. Não sei se acreditavam sinceramente do novo Técnico ou se queria apenas provocar o anterior...

Entretanto, mais ou menos nessa altura, a poucos dias do nosso terceiro jogo de qualificação, Mourinho enviou uma mensagem apelando à união em torno da Selecção e de Paulo Bento. Com esta e com a sua reacção ao convite disparatado de Gilberto Madaíl, o treinador do Real Madrid subiu consideravelmente na minha consideração. No meio de todos os corruptos por detrás do "caso Queiroz", José Mourinho era provavelmente a única pessoa íntegra, a única que colocou os interesses da Selecção à frente dos seus. E mesmo que tivesse sido só para se auto-promover, o que é certo é que o seu gesto beneficiou a Selecção e os gestos de outros apenas a atiraram ainda mais para o charco.

No dia 8 de Outubro, Portugal recebeu a Dinamarca no Estádio do Dragão e venceu-a por três bolas a uma. Dois golos seguidos de Nani, um auto-golo de Ricardo Carvalho e um de Cristiano Ronaldo. E a Selecção voltava a jogar com o entusiasmo e a alegria de antigamente. Paulo Bento não poderia ter pedido melhor estreia ao comando da Turma das Quinas.

No dia 12, Portugal foi à Islândia vencer pelo mesmo resultado. Cristiano Ronaldo, Raúl Meireles e Hélder Postiga marcaram os três golos da Selecção. A Equipa de Todos Nós parecia estar de regresso.

Tal voltou a confirmar-se um mês depois. No dia 17 de Novembro, houve um particular entre as duas Selecções Ibéricas, a propósito da Candidatura à Organização do Mundial de 2018. A Selecção Portuguesa venceu a actual Campeã da Europa e do Mundo por quatro golos sem resposta. Foi o melhor jogo da Selecção dos últimos anos, uma exibição perfeita. Parecia que estávamos a jogar contra uma equipa vulgar, não com a Campeã. Não ganhámos três pontos, ganhámos muito mais.

Em suma, a Selecção de 2010 esteve a milímetros de ir por água abaixo, mas conseguiu voltar a erguer-se, subiu, subiu e até deu quatro à Espanha. Termina o ano no melhor nível desde há séculos, deixando boas promessas para 2011.

Ainda não acredito que isto aconteceu, nunca me tinha passado pela cabeça que uma simples troca de Seleccionador tivesse tal efeito. Por mais cruel que me pareça, parece mesmo que a culpa era de Carlos Queiroz. Como diziam no Record, "onde com Queiroz havia medo, há agora segurança. Onde com Queiroz se inventava, há agora simplicidade. Onde com Queiroz se bocejava, há agora espectáculo. Onde com Queiroz era derrota certa" - ou empate, digo eu - "há agora sempre esperança". Cada vitória de Paulo Bento representa uma derrota para Queiroz. E por muitas voltas que dê ao texto, contra factos não há argumentos. Eis os factos: com Bento ao leme, a Selecção marcou dez golos em três jogos (e não jogámos propriamente com o Luxemburgo, longe disso!) e os Marmanjos voltaram a jogar alegres como o Waka Waka. 


Eu não consigo esquecer que Queiroz fez muito pela Selecção, fez-me acreditar na Selecção e a forma como foi despedido foi tudo menos justa. Mas a verdade é que a Selecção já não precisa dele. Quem me dera que ele tivesse saído logo a seguir ao Mundial para que recebesse a indemnização e tudo a que tinha direito de acordo com o contrato assinado e a qualificação nunca tivesse sido prejudicada. Mas a História escreve-se a tinta-da-china e não há maneira de alterá-la. Agradeço ao Professor tudo o que fez pela Selecção, desejo-lhe toda a sorte do Mundo e que encontre justiça, mas Carlos Queiroz já não faz falta.

Por outro lado, não sei se não terá sido o facto de termos afundado tanto, de termos empurrado tanto a mola até ao fundo que nos catapultou para a melhor fase em anos.

Temos já uns quantos particulares marcados. Um com a Argentina, dia 9 de Fevereiro, um com o Chile no dia 26 de Março e outro com a Finlândia no dia 29 do mesmo mês. Em Junho, a qualificação é retomada com a recepção à Noruega no Estádio da Luz.

É um dos meus desejos para 2011 que a boa fase que a Selecção actualmente atravessa tenha vindo para ficar. Tenho quase a certeza que pelo menos este se cumprirá. É uma das poucas coisas boas com que poderemos contar no ano que vem, no meio do IVA a 23%, dos salários cortados e da ameaça do FMI.

Desejo, portanto, a todos os leitores que consigam fazer frente às dificuldades que o Ano Novo trouxer consigo. Que a Selecção Nacional, a Turma das Quinas, a Equipa de Todos Nós seja, como já foi, este ano (pelo menos para mim), um motivo de alegria, algo que nos ajude a enfrentar a crise, algo que nos dê argumentos, por mais fúteis que sejam, para desejar a todos um Feliz Ano Novo!

Adeus, Professor

Ontem, após quatro horas de reunião, Gilberto Madaíl pegou no telefone, ligou a Carlos Queiroz e anunciou-lhe que este não seria mais Seleccionador Nacional. Espera-se que este seja o fim, ou pelo menos o princípio do fim desta novela que já dura há tempo de mais. Entretanto, irão também ocorrer eleições antecipadas na Federação Portuguesa de Futebol.

Era o que toda a gente desejava (incluindo eu) e que toda a gente sabia que ia acabar por acontecer. O próximo capítulo será a escolha de um novo Seleccionador. Mencionam-se vários nomes, mas até agora nenhum foi confirmado.

Na minha opinião, esta decisão peca por tardia. Pode, aliás, ter sido tarde de mais. Teria sido bem melhor se o Professor tivesse sido demitido imediatamente depois do Mundial. Apesar de eu considerar que não teria sido justo, visto que o Campeonato do Mundo não foi tão mau como alguns pintam - só perdemos com a selecção que acabou por ser campeã, pela margem mínima, com um golo de legalidade discutível; se nos tivesse calhado outro adversário nos oitavos-de-final, a história poderia ter sido diferente. Eu protestaria na altura, mas, como já disse na entrada anterior, pior do que o que estamos a viver, seria difícil. Teria havido tempo para contratar um novo técnico, para este ter feito meia dúzia de treinos com a Selecção, talvez um jogo particular em meados de Agosto. E talvez não teríamos perdido cinco pontos na primeira jornada dupla da qualificação para o Europeu de 2012. Mas não. Foi preciso invocar ofensas ao Controlo Anti-Dopping, uma entrevista infeliz ao Expresso, prolongar a trapalhada até a situação se tornar insustentável, até toda a gente suplicar pelo fim da novela, com jogadores a sair e cinco pontos a voar pelo meio, para a Federação tomar uma decisão. Mais uma vez, obrigada!

Entretanto, já o Miguel veio anunciar que ia fugir, perdão, sair da Selecção. Sem comentários...

Agora, terão de escolher um novo Seleccionador. Não sei quem será o masoquista que reparar uma Selecção esmigalhada, tendo, talvez, de colar os cacos um a um, já em risco de ver o Europeu pela televisão. Se ficarmos fora da corrida, ele é que terá de lidar com as críticas quando a culpa nem sequer é dele, ou não totalmente dele. Em todo o caso, seja ele quem for, goste dele ou não, concorde com a sua contratação ou não, contará com o meu apoio incondicional. Tal como o Professor contou.

Quero, desde já, agradecer a Queiroz. Apesar de todos os erros que cometeu, que lhe custaram o cargo de Seleccionador, quero agradecer-lhe por ter tomado conta da Selecção, pelos bons momentos que me proporcionou através dela, por aturar tanto ataque, tanta crítica, em nome da Selecção. Obrigada, Professor. Apesar de tudo, obrigada.

Espero agora que esta novela termine rapidamente e que a Selecção Nacional regresse ao bom caminho. Isso inclui qualificarmo-nos para o Europeu.

Em vésperas do início da qualificação... e a novela continua

Domingo à noite, no sítio da Federação, foram divulgados os Convocados para a jornada dupla inaugural da Qualificação para o Campeonato Europeu de 2012, a realizar na Polónia e na Ucrânia.

Devo dizer, "Polónia e Ucrânia" não tem a mesma sonoridade que "África do Sul" tem. Nem de longe, nem de perto. Sem ofensa para eventuais polacos e ucranianos que lerem isto.

Visto que na Quarta-feira vou passar férias no estrangeiro, não terei oportunidade de ver o primeiro jogo da jornada, frente ao Chipre. Regresso no dia 6, mas só escrevo outra entrada depois do jogo frente à Noruega.

As grandes novidades da Convocatória são a Chamada de Sílvio e de Nuno André Coelho. Outro ponto a assinalar é a lesão de Ronaldo, que permitiu a Ricardo Quaresma regressar à Selecção depois de cerca de dois anos de ausência. A lesão de Silvestre Varela também deu oportunidade a Yannick Djaló de se juntar à turma das Quinas. Noutras circustâncias, analisar-se-iam com mais detalhe, mas a história do momento é outra.

Como consequência dos incidentes decorridos durante a visita da Autoridade Antidopagem ao Estágio de Preparação do Mundial 2010, na Covilhã, a Federação puniu Carlos Queiroz com um mês de suspensão e uma multa, cujo valor não me recordo agora. Por sua vez a Autoridade Antidopagem vai castigar o Seleccionador com uma suspensão de seis meses. Como resultado, Queiroz falhará, não só os jogos desta jornada, contra o Chipre e a Noruega, mas também falhará os da outra jornada: frente à Dinamarca, dia 8 de Outubro, e frente à Islândia, no dia 12 do mesmo mês. Mas os processos não ficam por aqui, já que parece que Armândio de Carvalho pretende também agir judicialmente contra o Professor a propósito de umas declarações que este último fez ao semanário Expresso.


Em suma, as coisas vão de mal a pior.

Em relação à sanção aplicada pela Autoridade Antidopagem, acho que é muito discutível considerar que o Professor tentou impedir o controlo anti-dopping, mas já falei disso na entrada anterior. Visto que, pelos vistos, a pena para estes casos vai de dois a quatro anos de suspensão, mas "atenuantes" foram consideradas e "só" o puniram com seis meses de suspensão. Inicialmente, pensei que podia ter sido pior, que "só" ia falhar quatro jogos, noutro ano se calhar falharia mais. Só que depois lembrei-me que esses quatro jogos correspondem a metade da fase de qualificação (!). Não que ache que a Selecção sofra muito com a ausência dele. O adjunto Agostinho Oliveira deve ter, certamente, um estilo de treino semelhante ao de Queiroz. Por outro lado, se o periodo de suspensão fosse de dois a quatro anos, a questão da continuidade ou não de Carlos Queiroz como Seleccionador Nacional estaria arrumada: o Professor saía, viesse o próximo. Com seis meses, não sei mesmo como é que a novela acaba, se é que algum dia irá acabar.

Pelo que vou percebendo das notícias, dos comentadores e das conversas de café, existe uma facção dentro da Federação que se quer livrar de Queiroz, sem ter de pagar a cláusula de rescisão, e outra facção que quer que ele continue. Só que ninguém está disposto a assumir abertamente a sua posição, a novela vai continuando e a credibilidade da Selecção vai descendo, encontrando-se, neste momento, nas ruas da amargura.

Entretanto, no meio de toda esta confusão, o Simão Sabrosa e o Paulo Ferreira anunciaram que não voltam a representar Portugal. Ambos alegam "motivos pessoais" e que é preciso dar o lugar a jogadores mais jovens. Estas renúncias provocam-me sempre uma certa nostalgia e tornam notória a passagem dos anos, mas, desta feita, há mais. Estas decisões podem ter já sido tomadas há algum tempo, acho que o Paulo já o comunicara ao Professor há umas semanas. Contudo, nestas circunstâncias, não consigo evitar pensar nos marinheiros que pegam nos salva-vidas e saltam para o mar, abandonando o navio que se afunda sem sequer tentarem repará-lo.

Já que comecei com esta metáfora do navio, devo dizer que o Presidente da Federação parece um daqueles violinistas do Titanic, que continuavam a tocar apesar de o navio se estar a afundar. Por amor de Deus, como é que ele pode dizer que esta situação não vai afectar a equipa?!?!?!? Nem eu sou assim tão ingénua...

O que aconteceu à Selecção? Como é que chegámos a isto? Ainda há poucos anos estávamos tão bem, éramos uma das melhores Selecções do Mundo inteiro, as pessoas penduravam bandeiras às janelas, seguiam e apaparicavam a Selecção onde quer que esta estagiasse, os marmanjos eram a única razão que tínhamos para nos orgulharmos de ser portugueses... Não há tanto tempo quanto isso eu sentia um vibrante entusiasmo sempre que se aproximava um jogo da Selecção, mesmo quando nos encontrávamos num trapézio sem rede. Agora, estamos a três ou quatro dias do início de uma fase de qualificação. Entusiasmo? Zero. Só vejo a Selecção cair aos bocados e ninguém a fazer nada. É pior, muito pior, do que sermos expulsos do Mundial ou do que falharmos a qualificação para o Europeu. Só tenho vontade de dar uns valentes abanões aos protagonistas da novela, sejam eles quem forem, técnicos, jogadores fugitivos, funcionários da Federação e de lhes gritar nos ouvidos:

- Por amor de Deus, façam alguma coisa!!! Tomem uma decisão!!! É da Selecção que estamos a falar, é vosso dever não deixá-la afundar-se ainda mais!!! - isto, talvez, com um ou outro palavrão no meio.

Se pudesse, se tivesse conhecimentos para tal, eu própria impediria a Selecção de se desmoronar, mesmo que tivesse de colar os cacos um a um. Só me resta passar os meus sentimentos para o QWERTY e rezar para que alguém com os poderes que eu não tenho os leia no meu blogue.

Noutras circunstâncias, analisaria os nossos próximos adversários, mas agora não estou para isso. Não sei quase nada sobre o Chipre nem sobre a Noruega, de qualquer forma. Nem sequer consigo sentir grande pena de não poder ver o jogo na Sexta-feira. A única coisa que acho que vou perder é o regresso do Quaresma. Nem sequer tenho uma opinião formada em relação às hipóteses de ganharmos - nas actuais circunstâncias tudo pode acontecer.

Por acaso, achei graça ao que Octávio Ribeiro escreveu na sua coluna do Record de hoje: "E, como historicamente somos perfeitos na arte do improviso, a dar ordem ao caos, tudo aponta para a obtenção de duas vitórias folgadas. Ao Chipre a Noruega já ganhámos!".

Rio-me para não chorar...

Ainda bem que amanhã abandono este triste país, se bem que apenas por uns dias. Pode ser que quando regresse já tudo isto esteja morto e enterrado. Contudo, também há duas ou três semanas esperava mais ou menos o mesmo e, até agora, está visto, não tenho tido grande sorte.

Quando estala a polémica, a Selecção é que se lixa

Visto que, neste momento, a Selecção atravessa uma situação complicada, achei por bem falar disso cá no blogue. Era para ter escrito mais cedo, mas estive fora e só agora tenho acesso à Internet.

Confesso que só muito recentemente é que consegui perceber ao certo do que é que se trata. Em férias não há horários fixos, nem sempre conseguia cumprir o ritual de ver o noticiário durante o jantar. Se bem que ainda existam alguns pormenores que me causam confusão nesta história das ofensas que o Seleccionador Nacional terá dirigido aos funcionários da Autoridade Anti-dopagem. Mas já lá vamos.

Segundo o Correio da Manhã de Quarta-feira, dia 11 de Agosto, Carlos Queiroz não terá gostado de ver a rotina do estágio de preparação do Mundial 2010 perturbada pela súbita aparição da Autoridade Anti-dopagem (embora não saiba se é assim que se chama). À boa maneira portuguesa, Queiroz terá expressado dúvidas sobre a honra da mãe do director da Autoridade – Luís Horta – e o senhor terá ficado tão perturbado que não conseguiu analisar correctamente a urina de um dos jogadores.

Isto supostamente passou-se há três meses, durante o estágio na Covilhã. Porque é que só veio a lume há poucas semanas?

Talvez tenha sido a própria Federação Portuguesa de Futebol a abafar o caso na altura, para não perturbar a preparação do Campeonato do Mundo. Sim, porque se um órgão qualquer de Comunicação Social tivesse sabido, não deixaria escapar a oportunidade de lançar a bomba mediática cujos efeitos seriam muito mais significativos do numa altura em que a Selecção se encontrava no centro das atenções que estão a ser agora.


Já li alguns artigos de opinião em que comparavam Queiroz a José Sócrates. Vou fazer o mesmo agora: como não conseguiram tirar o actual Primeiro-Ministro do Governo através de eleições legislativas, há quem insinue que o caso Face Oculta, surgido poucas semanas depois do escrutínio, não passou de uma segunda tentativa de tirar Sócrates do lugar de Primeiro-Ministro. Este caso dos insultos à Autoridade Anti-dopagem é capaz de ser o caso Face Oculta de Queiroz. No CM diziam que havia gente da FPF que desejava a saída de Carlos Queiroz do cargo de Seleccionador Nacional, devido ao desempenho abaixo do desejado do Mundial e à falta de progresso assinalável nas Selecções jovens. E como não conseguiram livrar-se de Queiroz depois do Campeonato do Mundo… Há quem diga que, se nos tivéssemos saído melhor no Mundial, ninguém saberia deste caso.

De qualquer forma, parece que Queiroz terá mesmo proferido as alegadas ofensas. O que é sempre reprovável, é claro. Contudo, não sei se estarão a exagerar, a fazer uma tempestade num copo sem água, como diz o Professor. Quer dizer, não me parece que se trate de uma obstrução à Autoridade Anti-dopagem que, pelos vistos, pode dar direito entre dois a quatro anos de suspensão – o que, neste caso, significaria que Queiroz deixaria de ser Seleccionador Nacional. Tanto quanto percebi, o Professor não se queixou no controlo, queixou-se do mau timing. Não, isto não é mais grave do que o murro de João Pinto ao árbitro ou do que o soco-que-não-chegou-a-sê-lo de Scolari a Dragutinovic. Mas já ouvi dizer que tencionam apresentar uma queixa-crime, com possibilidade de prisão. Por amor de Deus! Por essa lógica, prendiam quase todos os profissionais do futebol. Basta olhar para os lábios de jogadores de treinadores durante os jogos para adivinhar facilmente que estão a dirigir palavrões ao árbitro e/ou aos adversários, mas ninguém faz nada. Haja senso! Em todo o caso, na minha opinião, o actual Seleccionador não deveria escapar impune.

O que mais me irrita no meio desta história toda é que, quer a razão esteja do lado de Queiroz ou da Autoridade Anti-dopagem, a Selecção Nacional é que – passe a expressão – se lixa. Vimos de um Campeonato do Mundo em que ficámos abaixo das expectativas, vamos começar a fase de apuramento para o Campeonato da Europa. Supostamente, devíamos estar todos empenhados em começar bem a qualificação para não termos de passar pelas dificuldades por que passámos na Qualificação para o Mundial, mas nãããããããããããããoooooo! Tinha de surgir este caso, tinha de se dar mais uma machadada na credibilidade da Selecção. Muito obrigada!

Ainda recentemente, pensava que, neste momento, o melhor para a Selecção era que Carlos Queiroz continuasse à frente do comando técnico. Mas agora, não sei. Mesmo que o Seleccionador saia ilibado, ou que o caso seja arquivado, a sua credibilidade está irremediavelmente (ainda mais) comprometida. Além disso, pelas bocas que alguns jogadores lançaram durante o Mundial e pelo facto de só o Ricardo Costa ter defendido Queiroz (mas como este não é titular habitual, as suas intenções são duvidosas, pelo menos para mim - sem ofensa). Parece que a relação entre jogadores e treinador já viu melhores dias. Eu ainda acho que, a curto prazo, a troca de Seleccionadores traria mais desvantagens do que vantagens, mas já não sei se valerá a pena manter o actual Seleccionador. Não sei realmente o que pensar. Para mim, o bem-estar da Selecção Nacional está acima de tudo, mas parece que sou a única a pensar assim… Só quero que esta história acabe de vez e que a Selecção seja o menos prejudicada possível.