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O Meu Clube É a Seleção!

Mulher de muitas paixões, a Seleção Nacional é uma delas.

Ninguém está surpreendido

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No passado dia 5 de julho, a Seleção Portuguesa de Futebol caiu nos quartos-de-final do Euro 2024 perante a sua congénere francesa após desempate por grandes penalidades. Terminou, assim, a participação de Portugal na prova.

 

Ninguém está surpreendido, penso eu. 

 

Comecemos pelo princípio, como é habitual. Uma vez mais, ainda estava a trabalhar quando o jogo começou, mas não houve ninguém para atender depois das oito. Uma das minhas colegas chegou a comentar que deviam haver jogos da Seleção deste calibre todos os dias – assim teríamos tempo para completarmos outras tarefas que não atender. Consegui mesmo ir espreitando a transmissão do jogo online no meu telemóvel enquanto fazia essas tarefas. Deu para ver, por exemplo, duas belas defesas de Diogo Costa com poucos minutos de intervalo.

 

Na segunda parte, já estava no restaurante onde tínhamos reserva para ver o jogo. Tal como antes, estava com algum receio de pessoas mais desordeiras, mas não foi o caso. Uma vez mais, foi agradável, foi divertido. É uma das coisas de que mais tenho saudades da nossa participação no Europeu.

 

Como muitos têm assinalado, esta foi a melhor exibição de Portugal neste Europeu, sobretudo a partir da segunda parte. Como se previa, Portugal deu-se melhor com uma equipa menos fechada que a Eslovénia ou a Chéquia – e ainda assim foi um jogo muito cuidadoso de ambas as partes.

 

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Nós queixamo-nos de Portugal, mas parece que hoje em dia várias seleções jogam assim, sem querer arriscar. Nós, a França, a Inglaterra… Talvez sejam cautelas a mais, mas pergunto-me se esse não será o estilo possível nesta altura do campeonato, quando os jogadores têm tantos jogos nas pernas. Penso que terá sido por isso que Bruno Fernandes e Bernardo Silva estiveram uns furos abaixo neste Europeu, como tanta gente comentou. 

 

A Espanha mereceu ganhar porque foi das poucas, se não a única, a contrariar esta tendência. Aliás, em muitos aspetos a Espanha foi o oposto de Portugal neste Europeu: uma equipa com menos nomes sonantes mas fresca, atrevida, que dá gosto ver jogar.

 

Mas estou a desviar-me. 

 

Gostei muito de ver Nuno Mendes neste jogo, bem como Vitinha. Ri-me demasiado com o momento em que este devolveu o cartão amarelo, depois de este ter caído do bolso do árbitro. Pepe, por seu lado, tornou a fazer um jogo fenomenal, é uma coisa parva. Anulando adversários que, em termos futebolísticos, têm idade para serem filhos dele – destaque para este momento. Adiantando-me um pouco, também eu fiquei de coração partido com as lágrimas dele no final do jogo e com o abraço que trocou com Joaquim Sousa Martins, na flash-interview. 

 

Aqui entre nós, espero que não tenha sido a última vez que tivemos Pepe na Seleção. Sim, ele tem quarenta e um anos, mas foi capaz de nos salvar o couro inúmeras vezes, acho que ainda tem muito para dar. É tudo muito incerto no entanto – ele está sem clube. A ver o que acontece.

 

 

Regressando ao jogo, ma exibição agradável e tal, Portugal por cima mas sem. Conseguir. Marcar. Golos. Um desespero. Já não é a primeira vez que o digo aqui no blogue: eu adoro gritar “GOLO!” e, naquele dia, no restaurante, estava mortinha por fazê-lo. Queria tanto festejar, queria tanto dar um passo em direção às meias-finais. E estivemos tão perto, tantas vezes neste jogo!

 

Devíamos ter feito mais, minha gente! Devíamos ter ganho. Esta França estava ao nosso alcance. Podíamos perfeitamente ter vencido de tivéssemos jogado um bocadinho melhor. Viemos para este Europeu com ambições de ganhá-lo, mas como é que uma seleção pode apontar tão alto se me fica seis horas sem marcar golos?!?

 

Lá fomos outra vez aos penáltis e desta feita a sorte foi menos meiga para connosco. Não vou censurar demasiado João Félix. Foi azar. Claro que já toda a gente lhe caiu em cima, até porque é o João Félix: um jogador com muita bagagem com a opinião pública, tanto em Portugal como em Espanha – e ele não deixa de ter culpas nessa bagagem. Mas ele não foi o único Marmanjo a cometer erros ou a falhar neste Europeu. Foi apenas o único cujo falhanço teve consequências que não puderam ser corrigidas. E, como dei a entender, Portugal devia ter matado o jogo quando tivera oportunidade para isso.

 

Está na altura de falarmos do elefante branco na sala. Ronaldo esteve em campo durante a quase totalidade da participação de Portugal no Europeu, mas o que é que ele fez? Aquela assistência para o golo de Bruno Fernandes, o primeiro penálti em ambos os desempates, mais nada. 

 

Nem me vou alongar porque só repetiria argumentos que já usei cá no blogue há um ano e meio, dois anos. Não tivemos nenhum drama clubístico como durante o Mundial 2022, mas, uma vez mais, tivemos todas as desvantagens e praticamente nenhuma vantagem. Eu às vezes esquecia-me que ele estava em campo perante a França! Ronaldo tem toda a Equipa das Quinas – jogadores, treinador, a própria Federação – refém das suas ambições pessoas e caprichos; está a roubar o lugar a jogadores mais jovens, em melhor forma, que talvez conseguissem melhores resultados do que ele. Não há alma que o faça ver a realidade, que lhe diga “Não!“. 

 

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Não lamento que Ronaldo tenha regressado após o Mundial 2022, até porque ele saiu-se bem na Qualificação. Mas uma coisa são equipas de nível médio-baixo numa época em decurso. Outra coisa é um Europeu no final de uma época longa.

 

E, claro, Ronaldo não vai ficar mais novo. 

 

Muitos acreditam que ainda há maneira de manter Ronaldo na Seleção, desde que não o ponham sempre a titular. Aqui entre nós, neste momento não sei quero sequer isso. Estou farta. Acho melhor cortar de uma vez com Ronaldo para podermos todos seguir com as nossas vidas. 

 

Neste momento, isto é. É possível que mude de ideias no futuro. Aliás, não queiram estar por perto quando Ronaldo deixar de virem à Seleção e me cair a ficha. Não vai ser bonito. 

 

E com tudo isto, é mais uma oportunidade que foi pelo cano abaixo para esta geração. Começo agora a compreender os avisos que nos fizeram quando Martínez foi contratado. E o problema é que o técnico já teve muito tempo para se humanizar aos nossos olhos, para simpatizarmos com ele. Não é fácil. 

 

Claro que não se pode confundir o carácter de uma pessoa com a sua competência profissional, mas isso daria azo a um texto por si só.

 

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Para já, estou disposta a dar mais uma oportunidade a Martínez. Mal por mal, apesar de a Seleção nunca ter entusiasmado neste Europeu, a participação terminou de maneira mais ou menos aceitável: perante a França, apenas nos penáltis, após uma exibição médio-boa. 

 

Mas, aqui entre nós, se quisessem correr com Martínez neste momento, eu aceitaria.

 

Sabem no que tenho andado a pensar muito nos últimos dias? No Euro 2012. Já lá vão doze anos, não garanto que a minha memória seja cem por cento fiável. Mas aquela equipa não tinha metade da cotação que a atual tem. Tínhamos Cristiano Ronaldo e Pepe, claro, tínhamos Fábio Coentrão no Real Madrid, Nani no Manchester United, Raúl Meireles no campeão europeu Chelsea e pouco mais. 

 

E no entanto aquele grupo teve uma participação bem respeitável nesse Euro. Perdeu com a Alemanha no primeiro jogo, sim, mas foi a nossa melhor prestação perante os alemães desde o Euro 2000. Teve uma vitória inconsistente mas emocionante perante a Dinamarca. Fez um excelente jogo perante a Holanda. O jogo com a Chéquia foi OK, penso eu – só me recordo do golo do Ronaldo. Nas meias-finais perdeu nos penáltis perante a Espanha, que também se sagrou campeã nesse Europeu – fomos a única seleção capaz de neutralizá-los. 

 

Não se fala o suficiente sobre o Euro 2012, não se dá o devido mérito a Paulo Bento e a essa Seleção. E no entanto foi um desempenho melhor que o deste ano, o de 2021 – e mais ou menos equiparável ao de 2016, dependendo do critério. Nunca pensei vir a ter saudades dessa Seleção, pelo menos não nesta altura. 

 

A Federação e Martínez têm muito sobre que refletir neste verão, antes da Liga das Nações. A ver a que conclusões chegam.

 

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Quanto a mim, tenho uma coisa a anunciar: vou passar a escrever (ainda) menos aqui no blogue. Já não é a primeira vez que digo que o meu entusiasmo já não é o que era, sobretudo quando falamos de jogos particulares ou de Qualificação. Não tenho o mesmo tempo e energia que tinha há dez anos. Às vezes quando me sento com o meu caderno, já se passaram vários dias desde o jogo em questão, o momento já passou, a inspiração não é mesma, custa mais a escrever. O blogue começa a parecer uma obrigação, não um divertimento e, como qualquer adulto, já tenho obrigações que cheguem na minha vida.

 

Tenho um bocadinho de pena, mas sempre soube que este dia havia de chegar. Aliás, estou orgulhosa por ter conseguido manter alguma regularidade aqui no blogue durante quinze anos. E, de qualquer forma, é apenas uma redução, não quero parar por completo. Os primeiros dois jogos da Liga das Nações virão numa altura complicada para mim, não devo publicar nem antes nem depois deles. Em ocasiões posteriores, logo se vê. Se me apetecer, escrevo, se não me apetecer, não escrevo. Talvez faça, por exemplo, um apanhado da fase de grupos da Liga das Nações em novembro, depois de esta terminar. 

 

Em todo o caso, obrigada pela vossa visita e por terem estado desse lado neste Europeu. Visitem a página do Facebook deste blogue – essa, em princípio, hei de continuar a atualizar. Até à próxima!

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