No passado dia 22 de junho, a Seleção Portuguesa de Futebol venceu a sua congénere turca por três bolas sem resposta. Com este resultado, conseguiu Qualificar-se para os oitavos-de-final do Euro 2024, onde irá defrontar a sua congénere eslovena, na próxima segunda-feira dia 1 de junho. Entretanto, no dia 26 de Junho, a Seleção Portuguesa foi derrotada pela sua congénere georgiana por duas bolas sem resposta, em jogo apenas para cumprir calendário e para definir a classificação do resto do grupo.
Este último resultado pode, como se diz oficialmente, "não ter contado para quase nada". Mas infelizmente contou muito para a minha disposição e entusiasmo em relação a este Europeu.
Já aí vamos.
Vi o jogo com a Turquia numa esplanada – algo que queria fazer com um jogo de campeonato de seleções há muitos anos. Foi agradável, foi divertido – as outras pessoas estavam entusiasmadas, mas não de forma desordeira, como às vezes acontece.
A Turquia até entrou melhor no jogo, mas Portugal lidou bem com isso. Aliás, Portugal defendeu muito bem durante todo o jogo. Tem-se falado muito sobre o Pepe, com toda a justiça, mas também me ficou na retina um lance em que Rúben Dias defendeu de cabeça.
Eventualmente, Portugal assumiu o controlo do jogo e chegou ao golo ao minuto 22. A jogada teve alguma graça: a assistência é de Nuno Mendes, um dos turcos segura mal a bola, Cristiano Ronaldo tenta recebê-la mas cai, Bernardo Silva toma-a e remata certeiro. Fiquei contente por ter sido Bernardo a marcar, depois de, nos dias anteriores, ter recebido algumas críticas injustas por parte da opinião pública.
O segundo golo não tardou e esse foi ainda mais cómico. Como muitos têm assinalado, este está a ser o Europeu dos auto-golos (a sério, que se está a passar…?) e este é capaz de ter sido um dos mais caricatos. A jogada começa com João Cancelo e Ronaldo. Cancelo tenta fazer o passe mas sai-lhe mal. Ronaldo barafusta de uma maneira muito à Ronaldo. Cancelo responde na mesma moeda (pelo menos foi o que me pareceu). A câmara foca-se nele e nem reparamos que Samet Akaydin atrasa mal a bola para o guarda-redes Altay Bayindir. A câmara regressa à ação a tempo de vermos a bola a cruzar a linha de baliza antes que os turcos conseguissem intervir.
Eu nem gritei “GOLO!” na altura, só me ri – uma gargalhada pouco digna, ainda por cima em público. Esta é digna dos apanhados, vai diretamente para aquelas compilações do YouTube. Uma pessoa até fica com pena dos turcos, ninguém merece.
Por outro lado, logo após o golo, Ronaldo e Cancelo festejaram juntos. A zanga não durou.
A vantagem dilatou-se ainda mais na segunda parte. Toda a gente tem assinalado que Ronaldo foi altruísta, algo que não é habitual nele. Não é assim tão raro quanto as pessoas pensam – aliás, foi um golo parecidíssimo com outro, nos playoffs do Mundial 2022. Novo momento à Ted Lasso. Talvez Ronaldo até conseguisse marcar dali, mesmo cara a cara com o guarda-redes. Mas tomou a opção inteligente, de aproveitar o foco do guarda-redes nele, trocar-lhe as voltas e passar para Bruno Fernandes – outro também lidando com críticas.
Aqui entre nós, fico com alguma pena por Ronaldo ainda não ter conseguido marcar neste Europeu. Esta, porventura, teria sido uma boa oportunidade para acrescentar o Euro 2024 à longa lista de campeonatos de seleções seguidos com golos de Ronaldo. No entanto, com este golo, Ronaldo tornou-se no jogador com maior número de assistências em Europeus.
Agora é que percebo de que é que o próprio fala, quando diz que são os recordes que o perseguem. Se não é um, é outro.
Depois deste golo, deu-se alguma descompressão – mesmo eu fiquei menos atenta. Pepe foi substituído e recebeu uma enorme e merecida ovação de ambos os lados – de facto, começam a faltar palavras para descrever a sua grandeza.
Tivemos umas quantas invasões de campo porque Cristiano Ronaldo. Quando são crianças, como aquele miúdo de dez anos que tirou uma selfie com ele, ainda se aceita mais ou menos – até porque sempre adorei ver Ronaldo interagindo com miúdos, ele tem imenso jeito. Outras não têm tanta piada: como aquela em que um dos stewards ia lesionando o Gonçalo Ramos ou aquele miúdo, no jogo contra a Geórgia, que saltou das bancadas e aterrou à frente de Ronaldo.
Não era suposto o Europeu, uma das provas desportivas mais mediáticas, ter melhor segurança do que isto? Espero que não aconteça nenhuma tragédia por causa de falhas como estas.
Nos dias que se seguiram a este jogo eu andava contente q.b., aliviada por termos conseguido passar aos oitavos logo ao segundo jogo. Sabia bem por uma vez termos evitado o stress dos melhores terceiros classificados, ao contrário dos nossos dois últimos Europeus. E andava – OK, ainda ando – a divertir-me acompanhando o Euro em geral. Nem sempre tenho conseguido ver os jogos, mas vou vendo um ou outro vídeo de análise no YouTube, ouvindo o podcast da Sport TV, ligando as Noites do Euro na RTP3 – nem sempre com muita muita atenção, só para ir ouvindo enquanto escrevo ou faço outras coisas. Lembrando-me porque é que gosto tanto de Europeus e Mundiais.
Claro que tinha de vir a minha própria Seleção estragar isso.
Tenho mesmo de falar sobre o jogo com a Geórgia? Tenho? Pronto, lá terá de ser.
Outros saberão melhor do que eu analisar os erros táticos de Roberto Martínez, que aparentemente tem a mania de se pôr a inventar, a meter os Marmanjos em posições em que não estão à vontade. Mas para mim ficou claro que o jogo correu mal literalmente desde o primeiro minuto.
Não quero ser demasiado dura para com António Silva, que infelizmente esteve por detrás de ambos os golos que sofremos – a começar por aquele passe infeliz, que resultou no primeiro golo. Ele é um miúdo, não foi o primeiro nem será o último a cometer erros deste calibre. No jogo de abertura do Euro 2004, Ronaldo provocou o penálti que resultou no segundo golo da Grécia. E ainda não me esqueci dos estragos que a testa do nosso Pepe, que ainda há pouco elogiámos, provocou no Mundial 2014. É assim que se aprende.
Dito isto, não há como contorná-lo: aquele primeiro golo destruiu animicamente a equipa. Portugal nunca mais conseguiu entrar nos eixos. Tinha o domínio do jogo, da posse de bola e tal, sem que isso se traduzisse na prática. Os portugueses estavam apáticos, enervados – destaque, claro, para Cristiano Ronaldo, cuja maturidade emocional congelou algures em 2004.
Em contraste, os georgianos jogaram com alma, com paixão (quando, ironicamente, é suposto os portugueses serem “os Apaixonados” neste Europeu), típicos underdogs com ambições. Um guarda-redes que se agigantou, cujas luvas terão fumegado depois de ter defendido este livre de Ronaldo. O pormenor bonito de Khvicha Kvaratskhelia, o marcador do primeiro golo, ter frequentado uma escolinha de futebol inaugurada por Ronaldo – e depois ter ficado todo feliz por ter recebido a camisola do seu herói, no fim do jogo.
Por outras palavras, foi mais uma daquelas ocasiões, como quando jogámos contra a Sérvia, contra a Coreia do Sul, contra Marrocos, em que eu sentia mais simpatia pelo nosso adversário, em que não me revia na minha própria equipa. É preocupante isto estar a acontecer com tanta frequência nos últimos anos.
Como também é habitual, existem atenuantes. Era um jogo praticamente a feijões, era um onze muito diferente e, de qualquer forma, houve um penálti que nos foi negado. Mesmo assim, Portugal tinha a obrigação de fazer melhor. A partir de meio da segunda parte só pedia o apito final, só queria que a tortura acabasse.
Lamento dizê-lo, mas este resultado tem-me feito pôr várias coisas em causa. É possível que ande a ser influenciada por opiniões alheias. Mas tenho medo de que esta derrota não tenha sido meramente circunstancial, que seja sintoma de um problema mais grave. Afinal de contas, quase todos os nossos golos (que incluem dois auto-golos) neste Europeu foram mais demérito dos nossos adversários do que mérito nosso. Talvez andemos a sobrevalorizar esta Seleção.
Por outro lado, sei que não estou a ser completamente justa. Olhando apenas para os aspetos práticos, este foi o primeiro jogo oficial que perdemos com Martínez ao comando – e mesmo assim contava para muito pouco. Em termos apenas de resultados, Martínez tem feito tudo bem. Como outros têm dito, não éramos bestiais por termos vencido a Turquia e não somos bestas por termos perdido contra a Geórgia nestas circunstâncias. E, se é para cometer erros e jogar mal, que sejam em jogos como este.
Mas é bom que de facto tenham sido aprendidas lições – de uma vez por todas. É que ultimamente já começam a ser vários jogos menos conseguidos nos últimos tempos e não estou a ver ninguém a aprender nada.
Um desses jogos, por sinal, foi contra a Eslovénia, que agora é torna a cruzar-se connosco, nos oitavos-de-final. Uma equipa que provavelmente usará o mesmo bloco baixo que tantos problemas causou aos portugueses nos jogos com a Chéquia e com a Geórgia – e que poderíamos ter evitado se tivéssemos ganho este último jogo.
Antes de quarta-feira, tinha duas ou três coisas a dizer, incluindo uma piada ou outra, sobre o facto de termos ido parar ao lado difícil do mata-mata. Agora que o meu otimismo diminuiu, não estou para isso. É pensar um jogo de cada vez. Estou mais ou menos resignada a mais um jogo tortuoso, perdão, de paciência perante a Eslovénia. Não vou poder ver a primeira parte porque só saio do trabalho às 20h30 – pedi para me escalarem para sair mais cedo, mas não deu.
Aqui entre nós, talvez não seja assim tão mau. Serei poupada a quarenta e cinco minutos de ver os Marmanjos trocando a bola entre si perante o bloco baixo esloveno, tentando remates de longe.
Ainda assim, continuo a contar que Portugal passe à fase seguinte. Com mais ou menos paciência, com mais ou menos tortura, com prolongamento e penáltis se necessário (espero que não seja), outro resultado não é aceitável. Não com a equipa que temos. Depois disso, logo se vê.
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Na passada terça-feira, dia 18 de junho, a Seleção Portuguesa de Futebol estreou-se no Euro 2024 com uma vitória por duas bolas contra uma perante a sua congénere checa.
Se algum de vocês desse lado tinham saudades do sofrimento típico de um jogo da Equipa de Todos Nós numa fase final, este jogo foi para vocês.
Portugal assumiu cedo o controlo do jogo, embora sem conseguir criar muitas ocasiões. Tivemos alguns desperdícios, como o cabeceamento mal feito de Cristiano Ronaldo ou quando Rafael Leão não se esticou o suficiente para conseguir rematar. A Chéquia remeteu-se a um bloco baixo, aparentemente pouco interessada em tentar ganhar.
Isto durou toda a primeira parte e prolongou-se até pouco antes dos sessenta minutos de jogo. Acabou por acontecer aquele tropo clássico do futebol: quem não marca, sofre. Os checos marcaram no primeiro remate enquadrado que tiveram.
– Pois! Eu sabia! Eu sabia! – barafustei eu para a minha cadela, a única que estava a ver o jogo comigo.
Os comentadores da SIC já me vinham a irritar há algum tempo. Nem sequer é era pelas inúmeras referências à novela nova, como toda a gente se queixou. Era mesmo pelo tom otimista irritante que as televisões costumam adotar nestes campeonatos. Depois do golo sofrido, tive ainda menos paciência
– Portugal está a perder mas já provou ser superior – disseram. De que servia isso se perdêssemos?
Felizmente não nos mantivemos em desvantagem durante muito tempo – embora o mérito não tenha sido cem por cento nosso. Após defesa incompleta do guarda-redes checo Stanek, o infeliz Hranác fez auto-golo (estes têm sido frequentes neste Europeu). O pior tipo de golo, uma pessoa nem sabe bem se deve festejar, mas não nos podíamos dar ao luxo de sermos esquisitos.
Portugal continuou a insistir, mas observou-se outro tropo habitual: o guarda-redes adversário que decide, inusitadamente, fazer o jogo da sua vida. Por esta altura, já tinha visto pelo menos duas pessoas no Twitter dizendo que o jogo pedia Francisco Conceição.
Ainda assim, Diogo Jota saltou do banco primeiro e, em sua defesa, até conseguiu enfiar a bola na baliza. Momento caricato quando andou à bulha com Stanek para agarrar a bola para o festejo, apenas para o golo ser anulado por fora-de-jogo de Ronaldo.
Já ia fazendo contas à vida tendo em conta o empate. Não seria dramático, pois não? Não seria a primeira vez que não vencíamos o jogo de estreia, para depois até termos desempenhos decentes.
Felizmente, Portugal recusava-se a deitar a toalha ao chão. Martínez lançou Pedro Neto e Francisco Conceição aos noventa minutos. Muitas piadas comparando Martínez a Roger Schmidt – precisei de algum tempo para me recordar da suposta tendência do último de fazer substituições tardias.
E de facto… qual é a lógica de esperar até aos noventa minutos para meter dois jogadores quando não se está a ganhar? Martínez queria ganhar, certo? Estava a contar que os substitutos resolvessem a coisa durante o tempo extra?
Se era a segunda hipótese… bem, o jogo deu-lhe razão. Pedro Neto pegou na bola (provavelmente a primeira vez que tocou nela), entrou na grande área pela esquerda, centrou. Um central croata ainda tentou defender mas a bola passou-lhe entre as pernas. Francisco Conceição tomou-a e enfiou-a na baliza.
Nem festejei como deve ser, com medo que o golo fosse anulado outra vez. Os Marmanjos fizeram o oposto: o golo foi uma explosão catártica. O Chico tirando a camisola, a Seleção em peso atirando-se ao pescoço dele, aquela energia de família abraçando o irmão mais novo, Ronaldo e Jota provocando adversários, quais criancinhas. Tudo uma delícia.
Fiquei contente por o golo ter partido de jogadores que levantaram controvérsia ao serem Convocados. Eu mesma tinha as minhas reservas em relação a Pedro Neto e, ainda no dia do jogo com a Chéquia, quis aliviar a pressão sobre o Chico, aqui no blogue.
Fico feliz por me ter enganado em relação a ambos.
Mas não devia ter sido necessário todo este drama. Devíamos ter marcado antes, logo na primeira parte. A Seleção podia ter poupado o povo a este sofrimento. Se tivemos estas dificuldades no primeiro jogo, perante a Chéquia, como será mais para a frente, perante adversários mais difíceis? Acham que o meu coração vai aguentar? Nesta fase da minha vida?
Depois do jogo, Martínez elogiou a atitude da Seleção, a “resiliência”, a “personalidade incrível”. Destacou o facto de ter sido a primeira reviravolta da Equipa de Todos Nós durante o seu mandato.
Não está errado. É importante saber reagir à desvantagem, sobretudo em campeonatos como este. Houveram ocasiões nos últimos anos em que não soubemos fazê-lo.
Dito isto, continuo a achar que Martínez doura demasiado a pílula – já tínhamos falado disso no texto anterior. “Não é um jogo para avaliar do ponto de vista tático, técnico e físico”, disse ele depois do jogo. Não, mister? Não vamos aprender com os erros, mesmo que não tenham tido consequências em termos pontuais?
Claro que nada me garante que isto não é só conversa. É possível que Martínez não queira fazer críticas ou admitir culpas em público, mas que já tenha falado com os jogadores e equipa técnica em privado, de modo a corrigir o que for necessário. Não quero criticar demasiado Martínez nesta fase, quando a Seleção ainda não cometeu um deslize que seja. Recordo que só contamos vitórias em jogos oficiais com Martínez ao comando.
E não deixo de estar satisfeita com o nosso resultado frente à Chéquia – mesmo que os dois golos que marcámos tenham envolvido erros por parte dos checos. São três pontos importantes, um passo em direção aos oitavos-de-final. O meu lado mais otimista diz que só faltam mais seis jogos de sofrimento assim, ou pior, e o título é nosso outra vez. A parte menos otimista deseja mais consistência, espera que a Seleção melhore nos próximos dois jogos, de modo a conseguirmos ir longe neste Europeu.
Dizem que a Turquia tem um jogo mais aberto que o da Chéquia e talvez Portugal não sinta as dificuldades que sentiu na terça-feira. Por outro lado, a Turquia está cheia de talento, virá motivada após a vitória sobre a Geórgia (num jogo que muitos garantem ter sido um dos melhores deste Europeu) e terá muitos adeptos nas bancadas. Não vai ser fácil.
Mas não há desculpas. Portugal tem de ganhar.
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No passado dia 4 de junho, a Seleção Portuguesa de Futebol venceu a sua congénere finlandesa por quatro bolas contra duas, no Estádio de Alvalade. Quatro dias depois, foi derrotada pela sua congénere croata por duas bolas contra uma, no Estádio Nacional, no Jamor. Finalmente, três dias mais tarde, a Seleção venceu a sua congénere irlandesa por três bolas sem resposta.
Todos estes jogos foram de carácter amigável. E hoje estreia-se no Euro 2024 perante a Chéquia.
Como já tinha referido no texto anterior, estive em dois destes três amigáveis: os dois que tiveram lugar na zona de Lisboa, ambos muito diferentes em termos de acessos.
O primeiro, contra a Finlândia, foi tranquilo. Como estava de folga nessa tarde e ia sozinha, não estava condicionada, pude ir cedo para o estádio. Tive tempo para comprar um boné – o vermelho, da nova coleção. Andava há mais de uma década à espera que lançassem um boné oficial de que gostasse.
Pelo menos é essa a desculpa que dou a mim mesma pelo dinheiro que gastei. Não foi uma compra por impulso, era algo que desejava há muito tempo.
Deu também para acompanhar a animação pré-jogo. Até consegui escrever um bocadinho no meu lugar, enquanto esperava pelo início do jogo. Este foi o melhor lugar que consegui em anos: na central, com boa vista para ambas as balizas. A única desvantagem foi ter ficado ao Sol antes do início do jogo.
Algo que, mesmo assim, aceitei de bom grado. Já não é a primeira vez que o digo: adoro ver jogos de futebol à luz do dia. Sobretudo em dias tão bonitos como aquele.
O Estádio não estava cheio, mas estava bom ambiente. Fiquei sentada ao lado de uma menina de cerca de quatro anos e do pai dela. Pela maneira como o pai passou uma grande parte do jogo explicando à filha as regras do futebol – o bê-á-bá do desporto, por exemplo, “o objetivo é enfiar a bola na baliza do adversário” – calculo que aquela tenha sido o primeiro jogo da menina ao vivo, quiçá um dos primeiros jogos de futebol que ela viu.
Foi amoroso. Recordou-me de quando eu mesma era pequena e fazia perguntas ao meu pai enquanto ele via futebol na televisão. Além de que sempre gostei de crianças e, ainda por cima, tenho uma sobrinha que deverá nascer nas próximas semanas (durante o Europeu… como se eu precisasse de mais emoções, sobretudo se nos mantivermos em prova durante muito tempo). Já me imaginei levando-a a jogos e/ou falando-lhe de futebol, contando-lhe histórias de feitos anteriores da Seleção. Eu mesma respondi a uma ou outra pergunta da menina ao meu lado – teria respondido a mais, mas não estava à vontade para isso.
Quanto ao jogo em si, foi uma exibição agradável – melhor do que estava à espera para um particular no terceiro dia de estágio. Algo que me chamou a atenção foi a altura dos finlandeses – mais ou menos o dobro da altura dos portugueses. Aliás, saiu um artigo há pouco tempo dizendo que Portugal é a segunda Seleção com menor média de alturas neste Europeu. Poucos dos nossos conseguiam competir.
Por outro lado, talvez seja eu que estou a ficar velha, mas por estes dias metade da Seleção parece tão novinha! O João Neves, o Francisco Conceição… eu podia ter andado com eles ao colo! E eles têm cara disso!
Não surpreendeu que o primeiro golo, aos dezassete minutos, tivesse vindo de Rúben Dias, um dos mais altos. Vitinha bateu um canto e assistiu diretamente para a cabeça do central. Depois dessa, em cima do intervalo, Francisco Conceição foi derrubado na área, o árbitro marcou penálti e Diogo Jota converteu.
Para a segunda parte, Martinez trocou metade da equipa – algo que fazia sentido em termos de gestão física, mas que mesmo assim achei estranho. Em todo o caso, depressa o marcador se dilatou ainda mais, cortesia de Bruno Fernandes. A jogada começou em Diogo Dalot e passou por Gonçalo Ramos. Mas a assistência foi de Francisco Conceição para Bruno rematar de fora da área. Lembro-me de uma altura, há uns anos, em que a minha irmã se queixava da suposta mania de Bruno rematar de fora da área.
Mal sabíamos nós que ele se tornaria um dos melhores da Seleção Portuguesa.
Infelizmente, íamos deixando a coisa descambar: o finlandês Pukki marcou dois golos em cinco minutos. Felizmente, Bruno tornou a intervir para dilatar de novo a vantagem. Nova assistência de Conceição, que enganou dois finlandeses e Bruno nem sequer precisou de rematar com muita força. Ficou feito o resultado.
No fim, sentia-me satisfeita, mesmo com todos os senãos e atenuantes. Choviam elogios a Francisco Conceição – ou Chico Conceição, como toda a gente lhe chama – um dos melhores em campo. Também fiquei contente com o miúdo, mas não lhe quero elevar demasiado a fasquia. Não seria a primeira vez que um jovem mostrava potencial nos jogos particulares antes de uma grande competição – para, depois, não conseguir corresponder na hora da verdade.
Mas espero que o Chico continue a crescer na Equipa de Todos Nós. Se a grande explosão não acontecer neste Europeu, que aconteça num futuro próximo.
O particular seguinte não foi tão tranquilo: nem o jogo em si nem a viagem de ida e volta. Vim com uma amiga, mas cada uma trouxe o seu próprio carro… um erro. Até saí de casa relativamente cedo e mesmo assim apanhei os acessos ao estádio completamente entupidos. Demorei eternidades a estacionar, num lugar muito questionável: a margem de um percurso pedonal num parque nas redondezas.
E mesmo assim consegui chegar cedo ao meu lugar no estádio, ainda durante o aquecimento. A minha amiga, que saiu de casa mais tarde (apesar de eu a ter avisado para vir cedo), só se conseguiu juntar a mim na bancada já a primeira parte ia adiantada.
Ainda mais difícil foi o trânsito para sair do estádio. Demorei à vontade uma hora só para sair das redondezas do Jamor. Não foi tão stressante quanto poderia ter sido – tive o bom senso de comer e ir à casa de banho no estádio (não que recomenda esta última parte…) e não estava com pressa.
Ainda assim, talvez tivesse sido melhor ir de comboio. O que também não seria fácil, penso eu – até porque houve concerto das bandas dos Morangos com Açúcar nessa mesma noite, no Passeio Marítimo de Algés.
Nesse aspeto, os Estádios da Luz e de Alvalade são bem mais práticos, com melhores acessos. Eu então consigo ir a pé para ambos a partir da casa dos meus pais.
Dito isto… estou contente pela oportunidade de ver um jogo no Jamor. É místico, é lindo. E o ambiente esteve tão bom durante o jogo, mesmo que este em si não tenha sido grande coisa. Estava com medo de que chovesse durante o jogo – tinha chovido nessa manhã – mas não chegou a acontecer. Aliás, o sol até espreitou durante a segunda parte, dando uma nova luminosidade ao Jamor.
De facto, a certa altura, a meio da segunda parte, dei por mim a sentir o momento. Estava ali, num Estádio Nacional cheio, repleto de gente vestida de verde e vermelho, vendo a Seleção a jogar. Há poucos cenários mais belos do que aquele.
Mas falemos do jogo em si – a parte menos boa dessa tarde. Exibição muito fraquinha, sobretudo na primeira parte. A Croácia marcou cedo, conversão de um penálti que dizem questionável (como não foi do meu lado, não consegui ver bem eu mesma). Não se pode dizer, no entanto, que o resultado era injusto. Portugal ia atacando sem grande intensidade – Gonçalo Ramos e João Félix pareceram-me particularmente desinspirados naquela tarde.
A segunda parte correu melhor, depois de nova mini-evolução ao intervalo. Conseguimos empatar o jogo logo nos primeiros minutos da segunda parte: Nélson Semedo assistiu para o remate certeiro de Diogo Jota. Fico contente por o Diogo ter assinado dois golos nestes jogos, depois de ter passado tanto tempo lesionado.
Ainda tive esperanças de que conseguíssemos dar a volta ao resultado, ou de que pelo menos mantivéssemos o empate. Mas os croatas chegaram de novo à vantagem, numa das poucas oportunidades que tiveram. A bola foi à trave e, na recarga, Budimir marcou de cabeça.
Nunca mais conseguimos sair desta. A certa altura, o público começou a cantar por Cristiano Ronaldo. Eu mesma me juntei ao coro – sabe-se lá quantas mais ocasiões teremos para isso. Não tenho a certeza do que é que o motivou. Se foi uma continuação dos aplausos antes do jogo, sempre que ele aparecia em campo durante o aquecimento. Se o povo pura e simplesmente queria vê-lo a jogar. Ou se esperavam que Ronaldo entrasse e salvasse a honra do convento, como tantas vezes antes. Talvez tenha sido uma mistura das três hipóteses.
Claro que Martínez não ia pôr Ronaldo a jogar só porque estávamos a perder um jogo amigável. O Capitão tinha-se juntado à concentração poucos dias antes e, como jogador geriátrico, é preciso cuidado com a gestão da sua forma.
E também há muita hipocrisia. Tão depressa se diz que Ronaldo está a mais, que a Seleção joga melhor sem ele, como começamos literalmente a clamar por ele assim que as coisas começam a correr mal.
Suspeito que esta última parte irá acontecer muito quando Ronaldo se reformar.
Em todo o caso, o Capitão teve oportunidade de ser herói no jogo seguinte: o particular perante a República da Irlanda, no Estádio de Aveiro. Desta feita não estive lá – aliás, estive a trabalhar durante a primeira parte. Foi uma tarde tão agitada no trabalho que cheguei a esquecer-me que havia jogo da Seleção (estou a perder qualidades). Consegui dar uma espreitadela ao resultado quando já estava 1-0, mais nada – e já aí pensei que 1-0 era pouco.
E de facto consta que a Irlanda esteve muito fechada à defesa e foi preciso algum esforço para abrir o marcador, num lance de bola parada. Um canto batido à maneira curta e assistência de Bruno Fernandes para o belo remate de João Félix.
Ainda houve ocasião para Ronaldo bater um livre – depois de essencialmente dizer a si mesmo “Tu bates bem” – que infelizmente chocou com a trave.
Felizmente consegui ver a segunda parte, que todos garantem que foi melhor – e eu de facto achei agradável. Logo aos cinco minutos, após uma assistência teleguiada típica de Rúben Neves, Ronaldo marcou aquele que muitos consideram um dos melhores golos dele pela Seleção. Cerca de dez minutos depois, veio o segundo, após assistência de Diogo Jota. E ficou feito o resultado.
E hoje estreamo-nos no Europeu, perante a Chéquia. Tenho gostado imenso de ver imagens da Seleção sendo paparicada em Marienfeld. Imensas recordações do Mundial 2006, tal como previ. Gosto em particular das histórias de pessoas que eram bebés há dezoito anos, quando estiveram com a Seleção, e agora são jovens adultos.
Espero que não lhes faltem oportunidades para estarem com a Equipa de Todos Nós nas próximas semanas.
Estes particulares não mudaram radicalmente a minha opinião sobre as nossas hipóteses neste Europeu. Continuo mais otimista que nas últimas ocasiões – o que mesmo assim não é muito muito. Não acho que somos os maiores porque vencemos a Finlândia e a Irlanda, nem acho que deixamos de ser candidatos por termos perdido contra a Croácia.
Dito isto, não fiquei muito descansada com Martínez e alguns dos jogadores desvalorizaram a derrota no Jamor. Naquela fase, um bocadinho de dramatização seria saudável – quando havia tempo para fazer as correções necessárias.
Claro que era apenas conversa. Nada me garante que eles não estavam mais preocupados do que deram a entender e que não agiram de acordo nesta última semana e picos.
Parte de mim quer manter as expectativas baixas. Outra parte, no entanto, vê conversas como esta, de Ronaldo, e pensa: meias-finais é pouco. Quero chegar à final.
Diria que o mínimo aceitável são mesmo as meias-finais. Posso eventualmente mudar de ideias, dependendo da maneira como correr a fase de grupos – e concordo com Martínez quando diz que a Seleção irá continuar a crescer e que atingirá o nível máximo depois da fase de grupos. A verdade é que estou farta de ver esta geração desperdiçar oportunidade atrás de oportunidade. Já chega! Quero voltar a ganhar um título!
Mas pronto. Como sempre, falar é fácil, escrever é fácil. Quando a bola começar a rolar, logo à noite, é que a história começará a ser escrita, é que saberemos qual é o nosso verdadeiro valor.
Venha então o jogo com a Chéquia. Força Portugal! Vamos a eles!
À hora desta publicação, faltam pouco mais de duas semanas para o início do Euro 2024. Roberto Martínez Divulgou os Convocados para representar Portugal neste campeonato no passado dia 21 de maio. Pode-se dizer que já estamos em modo Europeu – ou, vá lá, quase.
Este campeonato vai ter – já está a ter – um sabor diferente. Um sabor nostálgico, aludindo a campeonatos anteriores.
Para começar, vai decorrer exatamente vinte anos depois do Euro 2004. “Euro 2024”, aliás, soa parecidíssimo a “Euro 2004” – o meu coração dá um pequeno salto sempre ouço este nome. Sobretudo agora na era das internetes, temos ciclos de nostalgia de vinte anos. E 2004 foi um ano marcante para mim. Foi quando comecei o Secundário, quando adotei novos interesses que mantenho até agora.
A Seleção será um dos maiores. Não é a primeira vez que o digo, não será a última. Foi com o Euro 2004 que o casamento começou – e chegámos à marca dos vinte anos! Tomara muitos!
Além de que foi, pura e simplesmente, um dos capítulos mais bonitos da história do futebol português. Matéria da qual são feitas as lendas. O espanto e a maravilha ainda não se dissiparam, mesmo passadas duas décadas.
Malta! O Ricardo defendeu um penálti decisivo sem luvas! E depois ele mesmo bateu o penálti seguinte, assegurando a nossa vitória. Coisas como esta não acontecem!
Por outro lado, este Europeu irá decorrer na Alemanha – o mesmo palco que o Mundial 2006, também ele com elevado valor nostálgico. Foi o melhor desempenho português em Mundiais que testemunhei até agora. Dá-me imenso gozo ouvir os nomes das cidades, depois de as ter aprendido rapidamente durante esse Mundial. As mais conhecidas Berlim, Munique, Frankfurt, Dusseldorf, claro, mas também Marienfeld (que vai voltar a ser o quartel-general da Seleção), Colónia, Gelsenkirchen – este último é o meu nome preferido.
O único denominador comum entre esses campeonatos e o atual é, claro, Cristiano Ronaldo, o único que continua no ativo. Dezoito, vinte anos depois, voltou a ser Convocado. Também temos Ricardo Carvalho e Ricardo Pereira (referido acima), mas como membros da equipa técnica.
Estamos velhos.
O terceiro fator nostálgico diz respeito aos nossos adversários nesta fase de grupos. A Turquia e a Chéquia também fizeram parte do nosso grupo no Euro 2008. A Geórgia não, mas realizámos um particular contra eles antes desse campeonato – o único, se a memória não me falha. A única recordação que tenho desse jogo é a fotografia do João Moutinho que usei como cabeçalho do texto que escrevi sobre esse jogo aqui no blogue. Ele foi um dos marcadores.
Nem me recordava do resultado, apenas que tínhamos ganho. Uma pesquisa rápida recordou-me que ganhámos por duas bolas contra zero. Mas falaremos melhor num texto futuro, quando olharmos melhor para os nossos adversários neste Europeu.
Não que o Euro 2008 em si tenha sido particularmente memorável. Mas sempre foi o primeiro campeonato que cobri com este blogue, há dezasseis anos.
Dezasseis anos, minha gente. Ainda há pouco tempo o Euro 2004 e o Mundial 2006 tinham sido há apenas meia dúzia de anos. De repente já lá vão duas décadas ou quase.
Algo em que reparei há pouco tempo é que este blogue passou metade da sua vida com uma Seleção sem títulos e a outra metade com título. Nesse sentido, seeria poético se conseguíssemos recuperar a Henri Delaunay este ano.
Vou dizê-lo já: este é capaz de ser o campeonato de seleções que encaro com maior otimismo em muitos anos. Da última vez era (mais) jovem e (mais) ingénua, claro. Agora estou confiante, sim, mas cautelosa. Temos o talento, tivemos os resultados na Qualificação, não temos Fernando Santos.
Mas já se sabe como são estas coisas. Tudo muito bonito, mas só conta quando a bola rolar.
Além disso, como temos vindo a assinalar, ainda não conhecemos Roberto Martínez assim tão bem, ainda não tivemos um desafio a sério. Não sabemos como irá esta Seleção reagir quando nos cruzarmos com um adversário de peso.
Nesse aspeto, uma coisa boa deste grupo teoricamente fácil – sublinhe-se o “teoricamente” – é que vamos continuar a ter um aumento mais ou menos linear em termos de dificuldade.
Confesso que ainda não me sinto bem em modo Europeu. Já não é a primeira vez que o digo. Para além de ter outras coisas ocorrendo na minha vida, já são muitos anos, há aspetos que já se tornaram rotineiros. Como a Divulgação dos Convocados. A atual geração tem tanto talento que é quase impossível fazer uma Convocatória má.
Claro que tenho os meus reparos. Não percebo o que é que Martínez tem contra Francisco Trincão e sobretudo Pedro Gonçalves. Eles não puderam vir ao Europeu porque falharam os amigáveis de março. Mas Pedro Neto e Diogo Jota – que não só falharam essa jornada como vêm de lesões prolongadas – puderam vir? Ainda compreendo mais ou menos a Chamada de Diogo Jota – ele tem currículo na Seleção, vários golos marcados. Pedro Neto, por outro lado, só conta cinco internacionalizações e um golo marcado num particular frente a Andorra.
Dito isto, não estou para me ralar demasiado com esta questão. Até porque nestes debates há sempre gente usando lentes da cor dos respectivos clubes. Quando é assim, é uma luta perdida. Além disso, nenhuma das desilusões dos últimos anos se deveu a problemas com os Convocados.
A única coisa que quero recordar da Convocatória é mesmo a reação do filho do João Palhinha.
A preparação do Europeu começou este domingo. Este é o primeiro campeonato de seleções “normal” que temos em anos. Está a decorrer na altura certa do ano, sem adiamentos ou outros condicionamentos provocados pela pandemia ou climas extremos. Temos três jogos de preparação antes do Europeu! Já não estava habituada a isto.
Por outro lado, tenho estranhado o início tão tardio do estágio de preparação. Vou ser sincera, não me agrada muito. Os Marmanjos vão jogar o primeiro amigável depois de o quê? Um treino? Dois?
Claro que compreendo a lógica. Toda a gente sabe como anda o calendário futebolístico – já não é a primeira vez que falamos disso. Andam a falar de uma possível greve de futebolistas. Esta semana de férias terá feito melhor a estes Marmanjos, em termos físicos e sobretudo psicológicos, do que uma semana de estágio, por muito leve que seja. Se isso significar exibições fraquinhas nos particulares e menos publicações nas redes sociais relacionadas com a Seleção… que assim seja. É um preço mais do que razoável.
Falemos então sobre estes três amigáveis. De referir que vou estar lá em dois deles. Comprei o bilhete para o primeiro, frente à Finlândia, em Alvalade, há poucos dias. Foi decisão de última hora. Estou de folga nessa tarde, não tenho outros planos, o Estádio fica perto da minha casa, a vida é curta. Porque não? É na loucura. E acho que nesta vez consegui um lugar decente. Lá está, não estou à espera de uma grande festa do futebol. Vou sobretudo pelo ambiente, pela festa, para ganhar entusiasmo para o Europeu.
Quanto à Finlândia, é a primeira vez que jogamos contra eles em mais de uma década. Os finlandeses foram nossos adversários na Qualificação para o Euro 2008. Ambos os jogos deram empate. Lembro-me vagamente do primeiro, em setembro de 2006. De ter achado que o empate era um bom resultado, depois de um desastrado particular contra a Dinamarca (cuja única coisa boa foi a estreia de Nani) e da expulsão de Ricardo Costa.
Do segundo empate, em novembro de 2007, recordo-me ainda menos. Apenas que foi o jogo de estreia de Pepe e da célebre conferência do “E o burro sou eu?” de Luiz Felipe Scolari.
Hoje revejo a cena e continuo sem perceber porque é que Scolari estava tão irritadiço. Dito isto, tendo em conta o que aconteceu em Qualificações posteriores, acho que Scolari não estava completamente errado. Seria preciso esperarmos oito anos até voltarmos a ter um Apuramento tão relativamente tranquilo quanto este.
Os dois jogos seguintes com a Finlândia foram particulares. Um deles foi em fevereiro de 2009. Uma vez mais, não me recordo de muito. Apenas que foi uma exibição medíocre, ao nível do que foi a era de Carlos Queiroz, sobretudo o primeiro ano. Só conseguimos ganhar por um golo de penálti de Cristiano Ronaldo – um de um total de dois golos que Ronaldo marcou nos dois anos de liderança de Queiroz.
Só para verem.
Finalmente, o outro particular decorreu em março de 2011, no primeiro ano do mandato de Paulo Bento. Desse não me lembro de nada. Só depois de pesquisar é que me recordei que foi o jogo de estreia de Rúben Micael e que este marcou dois golos.
Não pensava no Rúben há imensos anos, talvez quase uma década. Aparentemente já se reformou.
Por estes dias, a Finlândia está na Divisão B da Liga das Nações. Concluiu a Qualificação para o Euro 2024 atrás da Dinamarca e da Eslovénia, foi a play-offs, mas perdeu contra o País de Gales. Diria que são um adversário de nível médio. Ao nosso alcance.
Mais difícil será o jogo seguinte, com a Croácia. Está na Divisão A da Liga das Nações. Aliás, serão nossos adversários na fase de grupos da próxima edição da prova, este outono. Vêm ao Europeu depois de terem ficado em segundo lugar no grupo D da Qualificação – atrás da Turquia, um aviso para nós. Ficaram em terceiro lugar no último Mundial, depois de vencerem os nossos amigos marroquinos. Destaque para a figura Luka Modrić, que ainda por cima acaba de ganhar a Liga dos Campeões com o Real Madrid.
Ou seja, os croatas podem não ser a primeira seleção que vem à baila quando falamos de tubarões. Mas acho que podem ser considerados candidatos ao título europeu.
Dito isto, a Croácia já anda na mó de cima há uns anos, mas não têm impressionado quando se cruzam connosco. Destaque para a fase de grupos da Liga das Nações em 2020. Existirão atenuantes, claro, mas não deixa de ser estranho.
A ver o que acontece na Liga das Nações. Para já não é tão importante – isto é só um jogo particular. Em todo o caso, será o adversário mais difícil com quem nos cruzamos desde que Roberto Martínez assumiu as rédeas da Seleção. Será um bom teste.
O jogo terá lugar no Estádio Nacional e foi quase só por isso que comprei os bilhetes há já vários meses – venho com uma amiga. Já fui várias vezes ao Jamor. Para receber a Seleção depois do Mundial 2006 – o dia em que quase literalmente caí para o lado por causa do calor (importante tomar cuidado com isso agora no sábado). Para os treinos abertos no tempo de Paulo Bento (saudades). Mas nunca fui ver um jogo lá.
Em parte por falta de oportunidade. O último jogo da Seleção lá foi há uma década – frente à Grécia, curiosamente comandada por Fernando Santos, poucos meses antes de vir orientar Portugal.
Este sábado colmato essa falha, finalmente.
Por fim, vamos jogar contra a República da Irlanda no dia 11 no Estádio de Aveiro – o único particular a que não vou assistir ao vivo. Penso que já referi cá no blogue que este é um dos meus preferidos de todos os estádios construídos para o Euro 2004. No entanto, da última vez que passei por ele (penso que terá sido no final do ano passado), a fachada pareceu-me algo degradada.
O que, infelizmente, confirma as previsões mais pessimistas de há vinte anos: vários destes estádios virando elefantes brancos.
Quanto à República da Irlanda, esta falhou a Qualificação para o Euro 2004. Uma grande pena, tenho saudades dos seus adeptos. Estão na Divisão B da Liga das Nações. Em teoria, será o particular mais fácil destes três. Na prática, os últimos nossos dois jogos com eles, na Qualificação para o Mundial 2022, foram exibições medíocres.
Ou seja, não convém assumirmos facilidades. Mesmo que seja apenas um particular e o resultado não seja o mais importante.
É pouco provável que estes jogos tenham grande história. Ainda assim, é possível que eu escreva um par de textos antes da nossa estreia no Europeu, sobre estes jogos e sobre o que quer de interessante que ocorra durante a preparação. Vêm aí um par de feriados, em princípio até terei tempo.
Logo se vê. Um de certeza escrevo.
Posso ainda não me sentir muito entusiasmada, mas o meu interesse aumentará à medida que nos aproximarmos do início do Europeu – e com os particulares a que vou assistir. Aliás, basta-me consultar artigos sobre os possíveis caminhos de Portugal até à final de Berlim para sentir os familiares bichinhos no estômago. É o que eu digo, há muitas coisas que deixaram de ser novidade para mim mas, na hora H, o sofrimento é sempre o mesmo. Suspeito que só se tem tornado pior com o tempo.
Mas é também para isso que serve aqui o estaminé. Para catarse, para verter esse sofrimento para o papel e, depois, para o digital, para registar tudo para mais tarde recordar.
Como sempre, obrigada pela vossa visita. É mais um campeonato de seleções que começa. Acompanhemo-lo juntos, quer aqui no blogue, quer na página do Facebook. Até à próxima!