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O Meu Clube É a Seleção!

Mulher de muitas paixões, a Seleção Nacional é uma delas.

Estava a correr demasiado bem...

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No passado dia 9 de junho, a Seleção Portuguesa de Futebol venceu a sua congénere checa por três bolas sem resposta. Três dias mais tarde, no entanto, perdeu perante a sua congénere suíça por uma bola sem resposta. Estes jogos contaram para a fase de grupos da Liga das Nações e, com este resultado, Portugal fica em segundo lugar, com menos um ponto que a líder Espanha.

 

Estava a correr demasiado bem, não estava?

 

Um jogo de cada vez. O jogo com a Chéquia decorreu em Alvalade, à semelhança do primeiro jogo com a Suíça. Eu podia ter estado lá. Quando soubemos que íamos ter estes dois jogos perto de nós, a minha irmã sugeriu irmos aos dois. Eu no entanto tinha começado um emprego novo, achava que ainda não estaria à vontade para pedir para sair mais cedo – sobretudo na véspera de um fim-de-semana prolongado. Eu já iria ao jogo com a Suíça. Não precisava de ir ao outro com a Chéquia, certo? Certo?

 

Errado.

 

A minha irmã acabou por arranjar bilhetes para ela e para os amigos. Claro que me arrependi de ter decidido não ir. Sobretudo depois de ter tido uma experiência fantástica no domingo anterior, que me deixou a chorar por mais, e de me ter recordado que a Seleção não tornará a jogar perto de mim este ano – o jogo em casa com a Espanha será em Braga e acho que não haverão particulares antes do Mundial. Agora que já estou um pouco mais à vontade no meu emprego, sei que podia perfeitamente ter pedido para sair mais cedo: mesmo que tivesse de ir diretamente do trabalho para o estádio, mesmo que chegasse atrasada. 

 

Não vou mentir, doeu. Sobretudo quando uma das amigas da minha irmã apanhou Covid e se colocou a hipótese de eu ir no lugar dela… mas o bilhete foi para outro amigo.

 

Fica a lição para mim. Por outro lado, mais tarde a minha irmã contou-me que os amigos dela nunca tinham ido a um jogo da Seleção e adoraram a experiência. O que me fez sentir muito melhor. Afinal, já conto uma mão-cheia de jogos da Turma das Quinas. Posso ter perdido uma oportunidade mas, se isso contribuiu para converter outros à Equipa de Todos Nós, valeu a pena. 

 

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Por outro lado, a minha irmã levou a minha camisola da Seleção, que sempre invejou, emprestada. A camisola tem o meu nome impresso nas costas, mas ela não se importou. As pessoas confundem-nos tantas vezes que ela já está habituada a que lhe chamem Sofia.

 

E vice-versa, na verdade. Quem tem irmãos sabe como é. Sobretudo se forem tão parecidos fisicamente como eu e a minha irmã.

 

Já lhe prometi que, se ela gostar do próximo equipamento da Seleção, compro-lhe uma camisola pelos anos ou pelo Natal. De qualquer forma, no caso deste jogo, fiquei contente por pelo menos a minha camisola ter estado em Alvalade – foi como se uma parte de mim tivesse estado lá.

 

Uma parte de mim está sempre lá quando joga a Seleção, no entanto.

 

A verdade é que foi uma tarde complicada no meu emprego. Voltei a sair às oito da noite, mas desta feita não consegui sequer ver (e muito menos partilhar na página) o onze inicial. 

 

Depois de sair, contudo, liguei-me logo ao relato da rádio. Fiquei a saber que Portugal estava por cima, com várias oportunidades falhadas. Na rádio disseram que isso não era garantia de nada, que o mesmo acontecera com os espanhóis quando estes jogaram com a Chéquia – e acabaram correndo atrás do empate. Iria acontecer-nos o mesmo? 

 

 

Felizmente não. Curiosamente, aconteceu-me o exato oposto do que acontecera no jogo com a Espanha: cheguei a casa no preciso momento em que marcámos o nosso primeiro golo. Bem, mais ou menos: foi quando estava a entrar no elevador, com o Nuno Matos nos headphones. Não resisti a dar um pequeno grito de golo. Espero não ter incomodado nenhum dos meus vizinhos – suponho que, para eles, seria indiferente se eu gritasse no elevador ou no meu apartamento. 

 

Este primeiro golo resultou de mais uma colaboração entre Bernardo Silva e João Cancelo. O primeiro fez um passe excelente para o segundo, escapando a três checos. Cancelo depois seguiu pela direita e rematou certeiro. 

 

Momento engraçado quando um apanha-bolas se veio abraçar a Cancelo durante os festejos. Admiro o atrevimento (penso que terá sido o mesmo que roubou um high-five a Ronaldo). Espero que não tenham ralhado com ele. 

 

O segundo golo veio cinco minutos depois e teve de novo Bernardo. Uma vez mais, passe magistral, desta feita para a finalização de Gonçalo Guedes. Um belo golo, nova colaboração entre Bernardo e Guedes exatamente três anos após a primeira final da Liga das Nações.

 

Não há muito mais a dizer sobre este jogo. Uma exibição pouco excitante, mas consistente (ao contrário do que acontecera uma semana antes, em Madrid), suficiente para garantir e merecer a vitória. No fim, estávamos todos contentes. Tínhamos feito um jogo mau perante a Espanha mas com um resultado aceitável, tínhamos duas vitórias seguidas com boas exibições. Estávamos em primeiro no grupo. As coisas estavam a correr bem para o nosso lado.

 

Não durou. 

 

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Ainda não se tinha completado um minuto do jogo com a Suíça, em Genebra, e já tínhamos consentido um golo do nosso conhecido Haris Seferovic. Desta feita contou.

 

Esperava-se que este golo servisse de “wake up call” – esse e o penálti anulado pelo VAR. Não foi assim, pelo menos não no imediato. Foi uma primeira parte muito pastosa e desinspirada – tanto da nossa parte como dos suíços. É possível que os jogadores estivessem a sentir os quatro jogos em dez dias, que já estivessem a pensar nas férias. Por outro lado, tínhamos jogadores menos experientes em campo – Rafael Leão, que ainda não se adaptou bem à Turma das Quinas; Vitinha, pela primeira vez a titular. Quando nomes mais habituais, como Gonçalo Guedes e Bernardo Silva, entraram, a qualidade do nosso jogo melhorou.

 

A segunda parte foi, assim, melhor que a primeira. No entanto, foi um caso clássico de bola-não-quer-entrar. Uma conjugação de pouca sorte (“baliza benzida”, como ia dizendo António Tadeia), falta de pontaria, guarda-redes fazendo o jogo da vida dele (porque não jogou o mesmo que jogou em Alvalade? Aquele que defendia para a frente?) e, a partir de certa altura, bloqueio psicológico. A desvantagem no marcador manteve-se. 

 

Esta derrota doeu e ainda terá doído mais aos milhares de portugueses no Estádio de Genebra. Pela maneira como estes se faziam ouvir – mesmo tendo Portugal passado noventa e nove por cento do jogo a perder – arrisco-me a dizer que estes estavam em maioria? Alegadamente o suíço Steffen ter-se-á a certa altura virado para as bancadas e pedido apoio – em vez disso recebeu assobios.

 

Quase tenho pena dos suíços. Eles supostamente estavam a jogar em casa. Ao mesmo tempo, é triste temos invadido casa alheia para ver Portugal fazer um jogo tão pobre.

 

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Cristiano Ronaldo, João Moutinho e Raphael Guerreiro não jogaram em Genebra, nem sequer estiveram no banco. Fernando Santos já tinha anunciado na véspera que os dispensara. Na altura não me chocou – Cristiano e Moutinho estão entre os mais velhos do grupo e Raphael costuma lesionar-se com alguma frequência. E não há por aí quem ache que Portugal joga melhor sem Ronaldo?

 

Por outro lado, porque é que Ronaldo, com trinta e sete anos, teve direito a ir de férias mais cedo, quando Pepe, dois anos mais velho, teve de jogar os noventa minutos vezes quatro desta jornada? A resposta é simples, na verdade: Fernando Santos está mais à vontade para rodar o meio-campo e o ataque que a defesa. O Selecionador falou sobre isso há pouco tempo, em entrevista com António Tadeia, salientando a falta de jogos particulares para fazer experiências. E a verdade é que já tivemos experiências desagradáveis quando não pudemos usar os centrais do costume.

 

Regressando a Cristiano Ronaldo, é muito fácil dizermos agora que, se ele tivesse jogado em Genebra, teríamos ganho. É possível, não o nego – talvez este não falhasse tantos remates. Mas já tivemos outros jogos em que a bola não entrava com Ronaldo em campo, por isso, não há garantia de nada.

 

E agora? Agora ainda dependemos de nós mesmos para nos Qualificarmos para a final four da Liga das Nações. Temos “apenas” de ganhar os dois próximos jogos. É mais fácil escrevê-lo do que fazê-lo: um dos nossos adversários é a Espanha, a quem ganhámos um total de uma vez em jogos oficiais. Nada de especial.

 

Porquê, minha gente, porquê? Andava eu toda contente por estarmos a conseguir os resultados e, pelo menos até certo ponto, as exibições. Parecia que tínhamos aprendido com os erros de 2021 e que estávamos finalmente a aproveitar o talento dos nossos jogadores. Porquê?

 

Não podíamos ter terminado a jornada com o jogo com a Chéquia? Os jogadores até agradeciam o compromisso mais leve. 

 

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Uma das poucas coisas boas em relação à nossa derrota com a Sérvia foi o facto de a equipa técnica ter aprendido com os erros. Assim, conseguiram catalisar um melhor desempenho na maioria dos jogos em 2022 até agora. Seremos também capazes de aprender com esta derrota? Eu espero que sim.

 

Por outro lado, pelo menos na parte que toca à calendarização e gestão física, depois da pandemia e do Mundial no outono, é pouco provável que estas circunstâncias se repitam de novo. 

 

Isto é, espero eu. 

 

Agora temos outra vez um tubarão a bloquear-nos o caminho para uma fase final. É certo que, nos play-offs para o Mundial, os italianos fizeram-nos o favor de perderem com a Macedónia do Norte antes de se poderem cruzar connosco. Aqui, tudo o que podemos fazer é rezar para que os espanhóis percam pontos perante os suíços, para não ficarmos obrigados a vencê-los.

 

A brincar a brincar, eu não me admirava se isso acontecesse. As pessoas dizem que Fernando Santos tem uma vaca no que toca a estas coisas.

 

Temos o verão inteiro para pensarmos nisso, para lambermos as feridas (começando por mim mesma). Os Marmanjos que descansem e aproveitem as férias – esta foi uma época longa e dura, a próxima também o será. Em setembro regressaremos mais fortes e arranjaremos uma maneira de retificar esta situação.

 

Como sempre, obrigada pela vossa visita. Visitem também a página de Facebook associada a este blogue. Tenham um verão feliz, em setembro haverá mais.

Um estranho empate, a vitória de que precisávamos

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No passado dia 2 de junho, a Seleção Portuguesa de Futebol empatou a uma bola com a sua congénere espanhola. Três dias mais tarde, venceu a sua congénere suíça por quatro bolas sem resposta. Estes dois jogos contaram para a fase de grupos da terceira edição da Liga das Nações. 

 

Antes de mais nada, um pequeno pedido de desculpas por não ter publicado aqui no blogue antes destes jogos. Tenho tido umas semanas complicadas, em grande parte porque apanhei Covid e este não foi meigo comigo. Não é a primeira vez que salto uma crónica pré-jogo e não será a última. Mas não o devia ter feito desta vez. 

 

Nestas crónicas gosto de fazer uma rápida análise aos nossos adversários, o historial recente deles, o nosso histórico de confrontos com eles – para depois fazer prognósticos. Isso fez-me falta nesta jornada. Quando esta jornada começou, senti-me como se estivesse numa aula prática da faculdade sem a ter preparado.

 

Enfim, acontece. Mas vou tentar não repetir no futuro.

 

No dia do jogo com a Espanha, saí tarde do trabalho e acabei por perder os primeiros vinte e cinco minutos do jogo. Bem, mais ou menos. Ia consultando aqueles sites de atualizações de jogos quando podia até sair, depois ouvi o relato na rádio. Dava para perceber que a Espanha estava claramente por cima, ainda que Portugal fosse conseguindo defender-se dos ataques deles. 

 

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Mas não por muito tempo. Na verdade, entrei em casa precisamente no momento em que Álvaro Morata marcou. Rafael Leão tentou passar para trás, João Cancelo (foi ele, não foi?) deixou a bola fugir e ir parar aos pés de Gavi. Os Marmanjos foram basicamente apanhados com as calças na mão enquanto Gavi galgava o campo. Por fim, este passou a Sarabia que assistiu para Morata.

 

Tenho de admitir, foi uma bela jogada. Os portugueses só se podiam culpar a si mesmos.

 

Agora que já tinha acesso a uma televisão, conseguia ver com os meus próprios olhos que a Espanha estava a jogar muito melhor do que nós. Os portugueses na comparação quase pareciam amadores, dependentes da inspiração dos mais criativos. Não era tanto um “fia-te na virgem e não corras”, era mais um “fia-te no Rafael Leão e deixa os espanhóis correrem”. Em teoria isto não devia ser eficaz. Na prática, com Fernando Santos tem resultado muitas vezes.

 

Infelizmente, Rafael Leão – que jogou no lugar de Cristiano Ronaldo e é um dos Marmanjos do momento – não estava nos seus dias. Ou isso, ou se calhar ainda não estava preparado para este papel – ainda tem pouca experiência na Seleção.

 

Aproveito para falar já numa das questões-chave do jogo: a ausência de Cristiano Ronaldo do onze inicial. O assunto fez correr muita tinta – mais do que devia, na minha opinião. Ronaldo tem trinta e sete anos, vai completar em breve vinte anos como jogador profissional (!). Não podemos ficar dependentes dele para sempre, temos de ir fazendo o desmame. Pessoalmente, eu não o deixava no banco neste jogo – o mais difícil da fase de grupos. Mas temos de encarar com naturalidade quando ele não joga de início. 

 

A nossa melhor fase foi no início da segunda parte, quando entrou Rúben Neves para o lugar de João Moutinho. Infelizmente o ímpeto não durou muito. Ainda assim, Ricardo Horta – estreante e outro dos Marmanjos do momento – entrou aos setenta e poucos minutos e só precisou de mais dez para empatar a partida. Pode ter sido um golo contra a corrente do jogo, mas foi uma jogada bonita: a troca de bola entre Cancelo e Gonçalo Guedes, a assistência do primeiro para o remate de Horta.

 

 

Por alturas do fim do jogo, eu mal acreditava. Como é que tínhamos conseguido não perder aquele jogo? Quase senti pena dos espanhóis, que tinham feito muito mais por merecer a vitória. Quase… porque duvido que nuestros hermanos pensassem o mesmo se fosse ao contrário – não tanto os jogadores, mais os adeptos. Eles que não nos deram pontos na Eurovisão e, pior ainda, assobiaram o nosso hino. 

 

Por isso sim, que se danem. Este pontinho é nosso. E talvez venha a ser precioso.

 

Por outro lado, tenho de ser sincera: este empate não entusiasmou ninguém. Foi um típico jogo à Fernando Santos, sobretudo neste último ano, ano e meio. Um estranho empate, como disseram nos Memes da Bola. Parafraseando um monólogo de uma personagem de Ted Lasso, o equivalente futebolístico a um quadro de quarto de hotel: cumpre a sua função, mas está longe de ser uma obra de arte, está longe de comover. 

 

É por estas e por outras que, nesta altura do campeonato, muitos de nós não conseguem estar a cem por cento com Fernando Santos – eu incluída. Foi por muitos jogos assim que o ano passado foi tão frustrante. É certo que uma coisa é termos estes estranhos empates perante adversários como a Espanha – historicamente uma das nossas maiores bestas negras. Outra coisa era quando tínhamos estes estranhos empates ou estranhas vitórias perante adversários como a República da Irlanda ou o Azerbaijão

 

E de qualquer forma, no que toca a entretenimento e obras de arte, fomos bem compensados no jogo seguinte.

 

Este decorreu no Estádio de Alvalade e eu estive lá, com a minha irmã – que não ia a um jogo da Seleção desde antes da pandemia, desde… desde a final da Liga das Nações no Porto há precisamente três anos, vejo agora. 

 

Chegámos cedo, sem grandes complicações – o facto de já não precisarmos de certificados de vacinação e afins ajuda – assistimos a parte do aquecimento. Como sempre, estava um ambiente fantástico, com lotação esgotada – nunca me farto disso. E como era o Estádio de Alvalade, a Seleção vestia um equipamento verde e vermelho e ainda tínhamos a luz do dia, lembrei-me do meu primeiro jogo.

 

 

Como já toda a gente assinalou, Portugal não entrou bem na partida. Os suíços dominaram durante os primeiros dez minutos, culminando com o golo de Seferovic, aos seis minutos. Comecei logo a fazer contas à vida, naturalmente – ao mesmo tempo, estranhei que o marcador não se alterasse nos ecrãs gigantes. Acabou por aparecer a indicação de consulta do VAR por mão na bola. Pouco depois obtivemos confirmação e o golo foi anulado. Suspiro coletivo de alívio, festejos nas bancadas.

 

– Que sirva de lição – disse eu, na altura. Estava apenas falando para o ar, claro, parecido com os meus gritos ocasionais de “Vai! Vai! Vai!”, “Corre!”, “Chuta!”. Mas a verdade é que os jogadores pensaram o mesmo – vários admitiram-no mais tarde. O golo anulado foi uma “wake up call”. Depois dele, Portugal tomou conta do jogo. 

 

Começando logo aos quinze minutos, na nossa primeira ocasião. Cristiano Ronaldo cobrou o livre direto, o guarda-redes Gregor Kobel defendeu para a frente, William Carvalho marcou na recarga. Adoro ver os festejos deste golo – se me permitem a nota menos futebolística, William tem um sorriso lindo.

 

Isto na verdade foi apenas o começo para William. Ele fez um jogo espetacular, catalisando vários lances de ataque. Não foi o único. Adiantando-me um pouco, Portugal num todo jogou bem. Jogou “bonito”, como Fernando Santos insiste em dizer. O talento que todos reconhecem nos nossos Marmanjos estava finalmente a vir ao de cima. Otávio estava em todo o lado – neste jogo reparei que ele é baixinho mas corre muito. Nuno Mendes teve vários rasgos de inspiração. Diogo Jota não esteve nas suas melhores noites – aparentemente ele só consegue marcar de cabeça – mas sempre contribuiu para os dois golos de Cristiano Ronaldo. João Cancelo foi pura e simplesmente imperial. Rúben Neves também esteve bem, à semelhança de Bruno Fernandes, que também esteve nos golos de Ronaldo. Eu podia continuar…

 

Mas regressemos à primeira parte do jogo. Os últimos quinze minutos foram absolutamente avassaladores da nossa parte, com dois golos e uns quantos desperdícios. Ambos os golos foram assinados por Ronaldo. 

 

A jogada do primeiro começou em Rúben Neves, Otávio desviou de cabeça, Bruno Fernandes passou para Diogo Jota. Pensava-se que este iria rematar – em vez disso, este desarmou dois suíços e assistiu para o remate certeiro de Ronaldo. 

 

No segundo golo, Bruno Fernandes fez uma cueca a um dos suíços (que boss…), a bola chegou a Nuno Mendes que assistiu para Diogo Jota. Este aparentemente não estava à espera e tentou um remate atrapalhado. Kobel defendeu de novo para a frente (a sério? Um remate tão fraquinho e ele defende para a frente? Acho que até eu teria conseguido agarrar esta bola!) e desta vez foi Ronaldo a aproveitar. 

 

 

Não sei como é com vocês, mas eu nunca me cansarei de ouvir multidões gritando “SIIII!!!!” em coro com Cristiano, cantando o nome dele. As imagens de uma D. Dolores em lágrimas no rescaldo dos dois golos correram mundo. Por um lado é caricato: o filho é recordista em golos de seleções (e em vários outros tipos de golos). A senhora chora de todas as vezes que Ronaldo marca?

 

Por outro lado, são imagens bonitas, ninguém o nega. E compreende-se. Era uma ocasião especial, os gémeos de Ronaldo faziam cinco anos – o pai marcou um golo para casa. Além disso, há que recordar, a família tem passado por tempos difíceis.

 

Já que falo nisso, queria destacar outro momento. Conforme referimos antes, tivemos vários desperdícios nos últimos quinze minutos da primeira parte. Um deles foi de Ronaldo, um lance de caras. O Capitão teve uma reação um pouco mais desalentada do que eu esperava. Logo a seguir, nas bancadas, aplaudimos e cantámos o nome dele, em jeito de consolo.

 

A minha irmã já tinha comentado que nós tratamo-lo bem, que o mimamos. Ninguém nega que ele o merece, sobretudo neste momento. Não só por tudo o que tem feito por nós, mas também depois da perda que ele e a família sofreram há pouco tempo.

 

O futebol é isto. A Seleção é isto.

 

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Chegámos, assim, ao intervalo com uma vantagem de três golos. Eu queria ainda mais na segunda parte – até porque a baliza da Suíça ia ficar do nosso lado. Na prática, sabia que seria difícil mantermos o ímpeto, com todas as condicionantes à forma física dos jogadores. Eu, aliás, estava à espera que Ronaldo saísse ao intervalo ou por volta do momento sessenta. Isso não aconteceu, ele jogou até ao fim – uma vez mais eu teria feito diferente, mas pronto.

 

Ainda assim, a segunda parte não foi má. Ronaldo chegou a enfiar a bola na baliza aos cinco minutos, mas o golo foi anulado por fora de jogo. Pena. Ficou por repetir o hat-trick de há exatamente três anos antes. E não pude festejar um golo de Ronaldo do meu lado do campo.

 

O momento de brilho ocorreu perto dos setenta minutos, numa jogada de João Cancelo e Bernardo Silva (que acabara de render Bruno Fernandes). Cancelo abriu caminho pela direita sem dificuldades. O passe de Bernardo escapou a três suíços, Cancelo fintou o guarda-redes com imensa classe e rematou certeiro para as redes.

 

Tal como já me tinha acontecido no jogo com a Sérvia, o telemóvel voou-me do bolso durante os festejos (o casaco que uso com a camisola da Seleção tem os bolsos muito grandes, eu esqueço-me sempre…). Desta feita, dois senhores (pai e filho?) que estavam no banco da frente apanharam-no e viraram-se para trás. Eu estava ainda de olhos nos jogadores a festejar, sorrindo como uma tola. Demorei vários segundos a perceber que o telemóvel que tinham na mão era o meu. 

 

Enfim…

 

Não aconteceu mais nada de assinalável durante o resto dp jogo, ainda que nós nas bancadas fôssemos gritando “Só mais um! Só mais um!”. Tirando o momento em que João Palhinha se ia virando a Embolo. Noutras circunstâncias eu diria que ele não devia perder a cabeça por “dá cá aquela Palhinha” (não, não peço desculpa) mas, em defesa dele… aquilo foi uma falta demasiado dura e completamente desnecessária, talvez merecesse mesmo o cartão vermelho. 

 

Por outro lado, quando revi o lance na televisão, deu para ver e ouvir claramente Fernando Santos gritando a Palhinha para ter calma. 

 

Em todo o caso, a Suíça nunca chegou a ameaçar verdadeiramente. A vitória manteve-se. 

 

Arrisco-me a dizer que este foi o nosso melhor jogo nos últimos tempos. Talvez mesmo desde 2020. É certo que houve demérito da Suíça – acho que vi nalgum lado que eles andam com problemas internos – mas isso não é culpa nossa. Eles tinham a obrigação de fazer melhor, depois dos bons resultados que tiveram no último ano. E eu não me esqueço que eles se bateram taco a taco connosco na Qualificação para o Mundial 2018.

 

Por nosso lado, como referi antes, finalmente vimos Portugal a jogar bem, aproveitando o talento dos seus jogadores. É assim que nós gostamos! Depois de demasiadas pinturas de quarto de hotel, finalmente fizemos uma obra de arte. Era a vitória de que precisávamos há muito tempo, algo que nos desse argumentos contra os críticos da Seleção – incluindo aquele que vive dentro da minha cabeça. 

 

Além de que eu não podia ter pedido mais de um jogo a que assisti ao vivo. Foi uma das minhas noites mais felizes dos últimos tempos. 

 

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A questão agora é saber se conseguimos repetir a proeza. Começando já hoje, com o jogo com a Chéquia. Vai ser difícil: os checos têm um estilo de jogo diferente da Suíça, empataram com a Espanha e igualam-nos em pontos. Não podemos esperar facilidades.

 

Eu naturalmente quero mais daquilo que tivemos no domingo, mas sei que será difícil. Para além de ser um adversário mais complicado, estamos em fim de época, são quatro jogos em onze dias, Fernando Santos tem de rodar a equipa, como tem sido amplamente comentado. Com todas as atenuantes, só peço a vitória. O fator artístico será secundário. Pelo menos no que toca aos próximos dois jogos.

 

Que ganhemos então. Hoje faz três anos desde que vencemos a Liga das Nações. Eu quero regressar a uma final four e, se possível, repetir esse feito. 

 

Como sempre, obrigada pela vossa visita. Espreitem a página de Facebook daqui do blogue. E tendo em conta que há jogo logo à noite… força Portugal!