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O Meu Clube É a Seleção!

Mulher de muitas paixões, a Seleção Nacional é uma delas.

Em boas mãos (e pés)

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No passado sábado, dia 5 de setembro, a Seleção Portuguesa de Futebol derrotou a sua congénere croata por quatro bolas contra uma. Três dias mais tarde, derrotou a sua congénere sueca por duas bolas sem resposta. Ambos os jogos contaram para a fase de grupos da segunda edição da Liga das Nações. 

 

Era difícil Portugal ter tido uma melhor estreia do que esta, na competição. Foi sinceramente melhor do que eu me atrevia a esperar. 

 

Antes do início do jogo com a Croácia sentia-me nervosa. Pelos motivos que referi no final da última crónica e também porque não conseguia prever como correria o jogo. Achava que poderia dar para qualquer lado. Afinal de contas, sempre era o Campeão da Europa e da Liga das Nações contra o vice-campeão do Mundo. Pelo menos em teoria, era um duelo de titãs.

 

Agora sei que não precisava de me preocupar, mas foi melhor assim. É sempre preferível sobrestimar o adversário do que o contrário. 

 

Ambos os jogos desta jornada decorreram à porta fechada. Tal como se calculava, é deprimente. Os gritos dos jogadores e treinadores faziam eco nas bancadas vazias. Dizem que se ouviam os veículos na VCI dentro do estádio, durante o jogo com a Croácia – quando devia ser o contrário. Quem passava na VCI àquela hora devia ser capaz de ouvir os gritos no público dentro do estádio – tal como quem passa na Segunda Circular junto ao Estádio de Alvalade ou ao Estádio da Luz, durante jogos lá (como vivo em Lisboa, tenho mais experiência com isso). 

 

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Cristiano Ronaldo não jogou devido a uma infeção no dedo do pé, que estava a tratar com antibiótico (como farmacêutica, gostava de saber que terapêutica ele fez). Ele e os outros suplentes assistiram ao jogo na bancada. Ronaldo pareceu-me frustrado por não poder estar em campo – ao ponto de, a certa altura, se ter esquecido de pôr a máscara (eu dava-lhe um sermão daqueles, como tenho dado a vários utentes meus). 

 

Curiosamente, durante o jogo com a Suécia, quando Ronaldo estava em campo, as câmaras não pareceram tão interessadas no que se estava a passar nas bancadas, entre os suplentes. Porque será?

 

A Croácia teve uma oportunidade aos dois minutos, defendida por Anthony Lopes (titular em vez de Rui Patrício, que estava de férias antes destes jogos). Tirando essa ocasião, os croatas permaneceram acampados no seu meio campo, mesmo na sua grande área, muito encolhidos, durante quase toda a primeira parte. 

 

Portugal ia criando oportunidades atrás de oportunidades, sem conseguir concretizá-las – parecia-me que tínhamos sempre croatas no caminho da bola. Tivemos sintomas da nossa velhinha maldição dos postes – três bolas aos ferros, já não nos acontecia há algum tempo… 

 

Os comentadores iam dizendo que, mais cedo ou mais tarde, Portugal marcaria. Eu estava com medo que nos acontecesse o oposto – que os remates falhados começassem a subir à cabeça dos Marmanjos, que os nervos piorassem ainda mais a pontaria, um ciclo vicioso que acabasse com o jogo empatado ou pior.

 

 

Felizmente não foi isso que aconteceu. Aos quarenta minutos João Cancelo recebeu a bola perto da grande área. Lá permaneceu um momento, como que pensando o que fazer a seguir. Alguém, talvez Fernando Santos, gritou “Chuta!” – eu não ouvi da primeira vez, mas o meu pai ouviu. É uma das poucas vantagens da ausência de público. De qualquer forma, Cancelo obedeceu, um belo tiro, certeiro para as redes. O golo foi dedicado à sua falecida mãe – um gesto bonito, sobretudo depois da entrevista que dera ao Canal 11, poucos dias antes.

 

Estava quebrado o gelo. Na segunda parte, a Croácia abriu-se mais, aproximou-se mais da nossa baliza, sem fazer grandes ameaças. Portugal continuou por cima, se bem que sem o fulgor da primeira parte. Aos cinquenta e oito minutos, um dos defesas da Croácia distraiu-se com João Félix, dando espaço a Raphael Guerreiro para assistir para Diogo Jota e este rematar para as redes.

 

Este também teve direito a dedicatória – desta feita à namorada e ao filho que tem por nascer (eles são pais muito novinhos…). Depois de Ronaldo lhe ter roubado o golo no jogo com o Luxemburgo, Jota estreava-se a marcar com a Camisola das Quinas.

 

Mais tarde, foi a vez de João Félix se estrear, com um remate da meia-lua – após múltiplas tentativas, não apenas naquele jogo, praticamente desde que se estreou pela Seleção. O pobre miúdo nem sequer festejou o golo de imediato, parecia que nem acreditava que tinha mesmo marcado.

 

Os croatas tiveram direito ao golo de honra ao minuto noventa, fruto de uma fífia de João Cancelo. O Marmanjo segurou mal a bola, os adversários conseguiram ganhar posse e a jogada terminou com um remate certeiro de Bruno Petkovic, sem hipótese para Anthony Lopes. 

 

Depois do desempenho de Cancelo neste jogo, acho que toda a gente lhe perdoa este deslize. Até porque não demorou muito até a vantagem de três golos ser reposta. 

 

 

O golo de André Silva surgiu mesmo no sopro final da partida, na sequência de um canto. Foi uma jogada algo confusa, estavam muitos croatas na grande área. Pepe fez uma tentativa de remate de cabeça, a bola foi parar a André Silva, que a enfiou na baliza entre o guarda-redes croata e um colega dele. 

 

O árbitro apitou para o final logo após o golo, algo que não me lembro de alguma vez ter visto em futebol – as celebrações do golo misturando-se com as celebrações da vitória. Um pormenor engraçado. 

 

Toda a gente inundou a Seleção de elogios após este jogo. Eu incluída, claro, depois do meu nervosismo e expectativas algo baixas. Há quem aponte demérito da Croácia – e de facto acho que se esperava mais dos vice-campeões do Mundo, mesmo sem Modric e Rakitic – mas ninguém pode tirar o mérito a cada um dos que envergaram a (não muito bonita, tenho de concordar) Camisola das Quinas naquela noite. 

 

Não é a primeira vez que escrevo aqui sobre a alegria que é ver tanto jovem talentoso, alguns deles ainda com caras de adolescentes, jogando pela Seleção. Eu sentia-me inchar naquela noite com cada elogio aos Marmanjos que lia e ouvia – como se estivessem a elogiar-me a mim. Ah, as saudades que eu tinha disso!

 

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Foi aqui que as pessoas se começaram a questionar, não pela primeira vez, se Portugal jogaria melhor sem Ronaldo. Havemos de falar sobre isso neste texto… mas para já o jogo com a Suécia. 

 

Ronaldo estava já recuperado na infeção no dedo do pé. Alinhou, assim, desde início, tomando o lugar de Diogo Jota. Foi a única alteração em relação ao onze inicial anterior. Antes deste jogo ouvi comentadores debatendo qual das opções era a melhor: mudar a constituição da equipa, poupando jogadores desgastados pelo jogo anterior (afinal de contas, estamos em pré-época); ou usar essencialmente o mesmo onze, tomando partido das rotinas. 

 

Eu arrisco-me a dizer que talvez tivesse sido melhor ter usado um onze diferente, com jogadores mais frescos. O cansaço pode explicar, pelo menos em parte, a exibição menos entusiasmante da Seleção. Mas não percebo assim tanto de futebol para questionar uma decisão como esta. 

 

À hora do jogo estava, como a minha mãe diz, com a neura. Desejava uma vitória da Seleção um pouco mais do que o costume, para me levantar o ânimo. Em parte por causa disso, não prestei tanta atenção à primeira parte do jogo como prestara no sábado anterior. 

 

A Suécia começou o jogo por cima, defendendo bem. Portugal teve dificuldades em criar oportunidades, mas eventualmente foi crescendo no jogo. Cristiano Ronaldo fez duas tentativas de golo, ambas defendidas pelo guarda-redes Robin Olsen. 

 

 

Finalmente, em cima do intervalo, Gustav Svensson foi expulso por acumulação de amarelos, após falta sobre João Moutinho. Ronaldo foi chamado a cobrar e fê-lo com a mesma mestria que um jogador comum bate um penálti. Bruno Fernandes diria mais tarde que, na véspera, Ronaldo marcara “seis ou sete livres assim no treino e saiu igual”

 

Parece puro talento, magia, mas não é. É prática. O que para mim é ainda mais inacreditável. 

 

A expulsão e o golo em cima do intervalo mudaram o curso do jogo. Eu finalmente sorri, ultrapassando a minha neura. Tem sido sempre assim, há mais de metade da minha vida.

 

Deste modo, a segunda parte foi mais fácil, mesmo não sendo brilhante. Portugal teve mais oportunidades – de João Félix, dos dois meninos dos anos, João Moutinho e Bruno Fernandes. Este último chegaria a mandar uma bola aos ferros – outra vez a maldição.

 

No entanto, como em muitas outras noites de Seleção, estava escrito nas estrelas que aquela pertencia a Ronaldo. Não consigo perceber ao certo quem fez aquele passe transversal ao campo, espetacular. Não sou a única: há sítios que dizem que foi João Cancelo, outros dizem que foi Bruno Fernandes. De qualquer forma, João Félix recebeu a bola, passou-a para Ronaldo. Este disparou, em cima do limite da grande área, diretamente para as redes. 

 

 

Estava feito o marcador. Dois golos de Ronaldo, o centésimo-primeiro da sua conta pessoal pela Seleção. Sete deles foram precisamente frente à Suécia, a sua maior vítima empatada com a Lituânia. Fica a oito golos do recorde de Ali Daei. Todos esperam que Ronaldo atinja a marca em breve – se não fosse o Covid, se calhar já teria atingido. 

 

Foi ele quem mais brilhou neste jogo. Os companheiros estiveram mais apagados, em comparação com o jogo da Croácia. Existem várias explicações possíveis, algumas delas já referimos aqui. Menor frescura. Suécia mais competente que a Croácia. Ou então, talvez a Equipa de Todos Nós enquanto coletivo jogue melhor sem Ronaldo do que com ele. 

 

Esta teoria já não é nova e suspeito que depressa irá ganhar barbas. Fernando Santos tem garantido várias vezes que nenhuma equipa é melhor sem o Melhor do Mundo. No entanto, como muitos têm apontado, com Ronaldo em campo, os jogadores podem ter a pressão e/ou a tentação de passar a bola ao madeirense, esperarem que ele resolva a coisa. 

 

Uma vez mais, não sou a melhor pessoa para avaliar a questão. No entanto, no que toca a dilemas deste género relacionados com a Equipa de Todos Nós, estamos bem servidos neste momento. 

 

Há meia dúzia de anos o drama era se a Seleção era Ronaldo-mais-dez. Hoje conseguimos ganhar com ou sem Ronaldo. O drama é saber qual destas duas versões da Seleção é a melhor. Se esta dupla jornada serve de exemplo, de qualquer das maneiras, as Quinas estão em boas mãos (e pés). Temos o Melhor do Mundo e temos vários jogadores cheios de talento, representando os melhores clubes da Europa, que ainda nem sequer atingiram todo o seu potencial. Que podemos desejar mais?

 

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Como disse no início, era de facto difícil fazer melhor nesta dupla jornada – sobretudo tendo em conta as circunstâncias. Idealmente teríamos tido uma exibição melhorzita na vitória sobre a Suécia, mas esta continuava a valer três pontos. Era importante começarmos bem esta fase de grupos, até porque o pior (leia-se: a França) ainda está para vir. Mas preocupamo-nos com isso quando chegar a altura.

 

Para já, soube-me muito bem ter a Seleção de volta – e saber que voltaremos a tê-la dentro de poucas semanas. Como dei a entender antes, a vitória sobre a Suécia serviu-me de consolo, numa noite em que estava de mau humor. Não fez os meus problemas desaparecerem por magia, claro que não, mas tirou-me da minha própria cabeça. Deu-me coisas boas em que pensar, impediu-me de ir demasiado abaixo.

 

É precisamente por isso que a Seleção fez tanta falta durante os primeiros meses da pandemia. É por isso que estou feliz por tê-la de volta.


Obrigada a todos aqueles que acompanharam esta jornada dupla de Seleção comigo, quer neste blogue quer na sua página de Facebook. No próximo mês haverá mais.

 

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Não me façam isto outra vez!

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No próximo sábado, dia 5 de setembro, a Seleção Portuguesa de Futebol recebe a sua congénere croata, no Estádio do Dragão. Três dias depois, será recebida pela sua congénere sueca, em Solna. Ambos os jogos contarão para a fase de grupos da segunda edição da Liga das Nações. São também os primeiros encontros da Seleção em (*conta pelos dedos*) quase dez meses.

 

Dez meses. Dez meses sem jogos da Seleção. Quando era suposto ter decorrido o Euro 2020. 

 

O novo coronavírus arruinou a vida a todos nós, de diferentes maneiras. No que toca a mim, uma das várias coisas que contribuíram para a minha infelicidade foi a suspensão dos jogos da Equipa de Todos Nós, o adiamento do Europeu – o que não deverá surpreender quem leia este blogue. 

 

Em trinta anos de vida, não me lembro de alguma vez o futebol ter sido suspenso antes deste ano. A Seleção tem sido uma das minhas constantes desde os meus catorze anos. Tenho tido os meus altos e baixos, o país e o Mundo em geral têm tido os seus altos e baixos, a própria Equipa de Todos Nós tem tido os seus altos e baixos. Mas eu sabia que haveria sempre um jogo da Seleção daí a semanas ou, no máximo, alguns meses – fosse uma fase de Qualificação, um Europeu ou Mundial ou um mísero particular com os Luxemburgos desta vida. Eu teria um ou mais textos para escrever aqui no blogue (no que toca aos últimos onze anos). Tudo isto fazia parte das minhas rotinas. 

 

Até vir este ano, esta pandemia mil vezes maldita, romper com tudo isso. Logo quando estávamos prestes a ter os habituais particulares de março, quando já estávamos a menos de cem dias do Europeu. 

 

 

Para ser justa, se isto tivesse ocorrido há meia dúzia de anos, o hiato ter-me-ia custado mais. Aprendi a lidar melhor com as pausas entretanto. Mas esta mesmo assim doeu. Sobretudo quando veio junho, as datas iniciais da fase de grupos do Euro 2020.

 

Uma das maneiras que arranjámos para lidar com a falta de jogos da Seleção foi recordando jogos icónicos do passado. Sobretudo em junho e julho, época de Europeus e Mundiais, altura de aniversários da maior parte desses jogos.

 

Não nego que ajudou até certo ponto. É algo que tenho feito muitas vezes ao longo dos anos, desde que criei a página de Facebook deste blogue – as redes sociais sempre se prestaram muito a este tipo de coisas. E, devo dizer, havia semanas que não me ria tanto quanto me ri com a chamada de Zoom com parte dos finalistas do Euro 2016, no Canal 11 (aqueles Marmanjos deviam fazer uma sitcom). 

 

No entanto, a partir de certa altura, começava a deprimir-me um bocado. Um mau hábito que tive de aprender a contrariar nos últimos anos, que ainda estou a aprender a contrariar, é o de viver no passado, de abusar da nostalgia. O coronavírus fez-me recair – quando no presente não acontece nada que não seja Covid, não temos remédio senão olhar para trás.

 

Mas já não me chega. Não me chega viver de glórias passadas, muito à portuguesa. Quero formar novas memórias, escrever novas crónicas aqui no blogue. O golo do Eder emociona sempre, mesmo quando o revemos pela 567ª vez (ou vez número 567), mas um não me chega. Quero ir tendo mais golos do Eder ao longo dos anos, para escrever aqui no blogue, rever em dias tristes em jeito de consolo, falar sobre eles aos meus netos. Ou pelo menos quero oportunidades para termos mais golos do Eder. 

 

Seleção Nacional do Canal 11: os melhores momentos

Para rir do início ao fim 😂 Aqui tens os melhores momentos da Seleção Nacional no "Futebol Total"! #Canal11 #FutebolEmPortuguês

Publicado por Canal 11 em Quarta-feira, 15 de julho de 2020

 

Estive tentada a escrever sobre o cancelamento do Europeu e a pausa nos jogos da Seleção em geral mais ou menos na altura em que foi anunciada – talvez algum tempo depois. Cheguei a planear esse texto. 

 

No entanto, acabei por não querer escrevê-lo. Estava a saber-me bem abrir a página do Facebook e ver o texto sobre os equipamentos da Seleção fixo no topo (falamos outra vez sobre equipamentos já a seguir… tem de ser, não é?). Foi um texto que me diverti a escrever, quando o coronavírus era apenas uma vaga ameaça. Se o blogue tinha de ficar parado, ao menos que a última publicação fosse uma publicação feliz. Não um texto cheio de lamúrias – ainda que eu fosse deixar uma conclusão esperançosa.

 

Na verdade, cheguei a temer que não houvessem jogos da Seleção de todo este ano. Assim, quando soube que a fase de grupos da Liga das Nações não ia ser adiada fiquei contente. Mais, em outubro e novembro vamos ter jornadas triplas para compensar pelo longo hiato: os jogos oficiais da Liga e dois particulares, um com a Espanha, outro com a Andorra. Vai ser giro, em vários aspetos (nomeadamente por os nossos adversários serem todos tubarões, como comentaremos adiante), mas ainda não sei como vou gerir com o blogue.

 

O problema é que, pelo menos no que toca a estes dois primeiros jogos, vai ser tudo à porta fechada. Compreende-se, mas não temos de gostar. Parte-me o coração, aliás, pensar que os Marmanjos vão ter de cantar o hino perante estádios vazios (ando a pôr a hipótese de saltar essa parte, quando vir estes jogos na televisão); que, se a Seleção sofrer um golo, não terá público que puxe por eles, motivando-os para darem a volta ao marcador. Os meus meninos vão estar sozinhos. 

 

Pode ser que as medidas afrouxem um bocadinho nas jornadas seguintes. Pode ser que, nos jogos de outubro e novembro, já dê para ter casa parcial. Eu não me importava de usar máscara durante o jogo todo, se pudesse voltar a um estádio. No trabalho uso máscara P2 entre oito a dez horas por dia e já tive de usar piores – por comparação uma máscara cirúrgica é quase confortável. Ainda assim, se for para ir a um jogo da Seleção, encomendo uma das máscaras da loja online da FPF. 

 

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Só peço que isto não aconteça de novo, que não me façam isto outra vez. Jogos à porta fechada são uma tristeza, mas sempre são melhores que não haver jogos de todo. Em princípio o futebol não tornará a parar, a menos que haja um descontrolo muito grande da pandemia – o que, infelizmente, não é assim tão descabido. 

 

Mas falemos então sobre estes jogos em especifico. Fernando Santos revelou os Convocados para a dupla jornada. O Selecionador já tinha avisado que, por causa das circunstâncias (hiato longo, pouco contacto com os jogadores, campeonatos em ritmos diferentes, etc), esta Convocatória seria mais conservadora do que o costume. 

 

Ainda assim, a lista trouxe de volta Domingos Duarte – que já tinha sido Chamado na última jornada dupla do ano passado, quando Pepe e Nelson Semedo foram dispensados por lesão. Não chegou a pisar os relvados. Também promoveu a estreia de Rui Silva e Francisco Trincão. 

 

Tanto Domingos Duarte como Rui Silva representam o Granada, que terá sido uma das equipas-sensação da última temporada da Liga Espanhola – ao ponto de se ter qualificado para a Liga Europa, pela primeira vez na sua história. Os dois jogadores portugueses têm sido apontados como peças fulcrais para este sucesso – ou, pelo menos, os seus desempenhos no clube têm sido elogiados. Dizem mesmo que Rui Silva foi um dos melhores guarda-redes da Liga Espanhola na época passada.

 

Por sua vez, Francisco Trincão, avançado de vinte anos de idade, acabou de ser apresentado no Barcelona. Consta que fez duas boas épocas no Sporting de Braga. A imprensa espanhola já fala dele como tábua de salvação com todo o drama à volta da saída de Lionel Messi (que nunca pensei que viesse a acontecer). Por um lado, é lisonjeador. 

 

 

Por outro… é bom que os catalães tenham calma. O Trincão é muito novinho ainda! Não precisa de lidar com os traumas de abandono da nação culé nem de servir de substituto a Messi. Não pressionem o miúdo, não lhe estraguem a carreira!

 

É bom ter sangue novo na Seleção, mesmo sendo pouco. Como era de esperar, Fernando Santos tem sido criticado por Chamar poucos nomes novos. Não alinho muito nas críticas porque, em primeiro lugar, o Selecionador justificou tais escolhas – as próximas Convocatórias serão certamente menos conservadoras, até porque serão para três jogos, serão precisos mais jogadores. Em segundo, estou tão contente por ter a Seleção de volta, não me apetece ralar-me com esta questão.

 

Só acho que o Pizzi devia ter sido Convocado. Foi um dos melhores da Liga Portuguesa na última época e marcou num dos últimos jogos da Seleção, no ano passado. Na minha opinião, não faz sentido ele ter ficado de fora.

 

Uma palavra para os equipamentos novos – como escrevi sobre eles na entrada anterior, abri um precedente, não posso deixar de comentar. 

 

Quinze anos depois, temos um equipamento principal com calções verdes. Acho que não há ninguém que não esteja contente com isso. Este equipamento tem um ar vagamente retro, na minha opinião, recorda-me equipamentos dos anos 80 e 90 – sobretudo as faixas verticais de lado, na camisola e nos calções.

 

 

O único problema deste equipamento é… o colarinho. Detesto colarinhos em camisolas de futebol. Camisolas estilo pólos da Lacoste são para ir jantar fora ou para os passeios em dia de jogo, não para levar para dentro de campo. Pura e simplesmente não é fixe.

 

É o meu gosto pessoal, apenas. Mas, pelo que tenho lido nas internetes, não sou a única com a mesma opinião.

 

No que toca aos equipamentos alternativos, no entanto, vou um pouco contra a corrente. Ninguém parece gostar muito deles. A minha primeira impressão deles também não foi a mais favorável, mas com o tempo estou a tomar-lhe o gosto.

 

Mesmo assim não são espetaculares, existem alternativos bem mais giros. A cor de fundo deste é aquele tom verde azulado muito clarinho, de roupa branca que por acidente foi parar à máquina com uma meia verde. Preferia que a camisola fosse branca. As faixas horizontais são iguais às laterais no equipamento principal – pelos vistos são a imagem de marca desta coleção. 

 

Cheguei a fazer a piada de que teria havido uma troca na Nike: a camisola de passeio estava a ser apresentada como camisola principal e a camisola de treino estava a ser apresentada como camisola alternativa. Estive a pesquisar e alguns equipamentos de seleções da Nike, como o da Inglaterra e o da Holanda – nem todos – também têm camisolas tipo pólo. Os outros têm golas normais e eu tenho inveja.

 

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De qualquer forma, preciso de tempo e de ver estes equipamentos em ação antes de formar uma opinião definitiva. Depois logo decido em que lugar ficariam no meu ranking.

 

Não tive ainda oportunidade para escrever sobre os nossos adversários da fase de grupos da Liga das Nações: a Croácia, a Suécia e a França. Temos a seleção campeã do Mundo e a vice-campeã do Mundo no nosso grupo. 

 

Embora, para ser justa, os suecos estão numa posição pior, coitados: no grupo com o campeão e vice-campeão do Mundo e o Campeão da Europa.

 

É impressionante a maneira como o caminho à nossa frente está cheio de silvas. Ele é tubarões no grupo do Europeu, ele é tubarões aqui na Liga, ele é tubarões nos particulares… OK, o jogo com a Espanha foi intencional. Não se aprende a caçar leões praticando com zebras. O título da crónica que ia escrever antes dos particulares de finais de março era precisamente “O ano dos tubarões”.

 

Mal sabia eu que o coronavírus seria mais devastador que qualquer adversário que defrontámos em campo…

 

Por um lado é bom, serão jogos interessantes, intensos. Por outro… vamos sofrer.

 

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Mas também, aqui entre nós, com tudo o que tem acontecido este ano, o sofrimento com um jogo difícil da Seleção até é um bom escape. Às vezes tenho saudades dos tempos em que eram os nervos e excitação antes dos jogos do Euro 2016 a tirar-me o sono, em vez que coisas mais sérias.

 

Falemos sobre a Croácia, com quem vamos jogar no sábado. Os croatas são os atuais vice-campeões do Mundo, tal como referimos antes… mas também o eram há dois anos. Empataram connosco e, poucos dias depois, foram goleados pela Espanha. Isto pouco depois do segundo lugar no Mundial. Na edição anterior da Liga das Nações estavam também na Liga A, mas não se qualificaram para a final four – estavam no grupo com a Inglaterra – mas Qualificaram-se em primeiro para o Euro 2020. Em termos de histórico, estamos em vantagem: em cinco jogos, contamos quatro vitórias e um empate.

 

Consta que Luka Modrić e Ivan Rakitić pediram dispensa destes jogos. Não podemos criticar pois Ronaldo fez o mesmo há dois anos e, na altura, não estávamos a lidar com nenhuma pandemia. Não sei até que ponto isto afetará o desempenho da seleção croata – é melhor não assumir facilidades. 

 

Quanto aos suecos, esses estavam na Liga B na edição anterior, mas foram promovidos à Liga A. Aposto que se arrependeram assim que calharam neste grupo. No que toca ao Euro 2020, qualificaram-se em segundo lugar no seu grupo, atrás da Espanha. O nosso histórico é equilibrado, mas pende um pouco a favor dos suecos: em dezoito jogos contamos cinco vitórias, seis empates e sete derrotas. Nós recordamos os play-offs para o Mundial 2014 (incrível como já lá vão quase sete anos), mas a verdade é que, depois disso, perdemos o nosso último jogo contra eles. 

 

Em suma, são adversários difíceis, mas estarão ao nosso alcance se fizermos o nosso trabalho como deve ser. Confesso que estou algo preocupada, pois não sei como estará a Seleção após este loooongo hiato. Por um lado, todas as seleções estão no mesmo barco, com problemas semelhantes. Por outro, mesmo antes do Covid, o desempenho da Turma das Quinas nos últimos jogos deixou muito a desejar – veja-se a derrota contra a Ucrânia e a qualificação arrancada a ferros no Luxemburgo. 

 

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É certo que, tradicionalmente, a Seleção dá-se melhor perante dificuldades – vamos precisar desse super poder nos próximos tempos. 

 

Fernando Santos já disse que quer revalidar o título da Liga das Nações, tal como quer revalidar o título Europeu no próximo ano. Eu também quero, obviamente. Aliás, como referi acima, passámos uma boa parte dos últimos meses recordando os grandes jogos da Seleção no passado. Esses jogos estão frescos na nossa memória, fazendo-nos desejar vitórias de igual calibre. Elevaram a fasquia.

 

Mesmo não tendo isso em conta… está a ser um ano difícil para toda a gente. Mais do que nunca, precisamos de alegrias, precisamos de vitórias da Seleção. E estou certa que toda a gente na Equipa de Todos Nós quer celebrar a reunião, após dez meses separados, ganhando seis pontos nesta dupla jornada. 

 

Por outras palavras, eu acredito.

 

Muito obrigada por terem lido. É bom estar de volta aqui ao blogue.