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O Meu Clube É a Seleção!

Mulher de muitas paixões, a Seleção Nacional é uma delas.

Um problema com inícios

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No passado dia 22 de março, a Seleção Portuguesa de Futebol empatou sem golos com a sua congénere ucraniana. Eu estive lá. Três dias depois, empatou a uma bola com a sua congénere sérvia. Ambos os jogos tiveram lugar no Estádio da Luz e ambos contaram para a Qualificação para o Europeu de 2020. Ou seja, em seis pontos possíveis, a Seleção Nacional conseguiu dois.

 

Estes Marmanjos dão cabo de mim.

 

Conforme expliquei no texto anterior, fui ver o jogo com a Ucrânia à Luz, com os meus pais e a minha irmã. O problema de ir ao futebol com várias pessoas, sobretudo os meus pais, é ser difícil resolvermos todos os compromissos a tempo de sairmos para o Estádio a horas. Também não ajuda o facto de, hoje em dia, ser raríssimo termos jogos da Seleção ao sábado ou ao domingo.

 

Este jogo, infelizmente, não foi exceção. A Federação e o próprio Fernando Santos tinham apelado ao público para que chegasse antes das sete e meia. Não deu. Se houve alguma cena especial a acontecer no estádio a essa hora, nós não vimos.

 

Outra coisa que não ajudou foi o facto de ser sempre difícil entrar naquele estádio. A minha irmã queixa-se disso de todas as vezes que vamos à Luz. Eu costumo dar-lhe um desconto porque ela é sportinguista, mas começo a achar que tem razão.

 

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O estádio é enorme, tem uma data de portas, e no entanto, só se consegue aceder ao perímetro por três ou quatro sítios. Nós costumamos entrar pelo túnel à frente do Colombo, onde há sempre engarrafamentos. O Estádio de Alvalade é mais pequeno e só tem quatro portas, mas é mais fácil entrar no perímetro, pelo norte, ou pelo sul.

 

O problema do Estádio da Luz foi ter sido construído demasiado em cima da Segunda Circular, na minha opinião. Acho que não dava para ser de outra maneira.

 

Só conseguimos chegar à nossa bancada, no terceiro anel, quando já soava “A Portuguesa”. “Cantei” o hino enquanto tentava recuperar o fôlego e não cair para o lado, depois de ter subido não sei quantos lanços de escadas a correr.

 

Valeu pelo exercício.

 

Este foi um daqueles jogos em que o adversário se mete à defesa, a Seleção ataca, ataca, mas não consegue concretizar. Ambos os jogos da dupla jornada foram assim, na verdade, mas neste nem sequer conseguimos criar muitas ocasiões. Ainda assim, Pepe fez um belo remate aos quinze minutos, que infelizmente foi defendido pelo guarda-redes, Pyatov.

 

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William Carvalho conseguiu mesmo enfiar a bola na baliza aos dezasseis minutos, após assistência de Rúben Neves. Nós, na bancada, ainda festejamos durante um minuto ou dois antes de repararmos que o marcador não se mexera. O O golo fora anulado por fora-de-jogo.

 

Consta que o William pediu vídeo-árbitro, esquecendo-se que este não estava implementado no Apuramento (mais sobre isso adiante). Não que fosse servir de alguma coisa – acho que ele estava mesmo adiantado.

 

O jogo e talvez mesmo toda a jornada dupla poderiam ter decorrido de maneira muito diferente se o golo fosse válido. Mas não foi. Limitou-se a ser o único festejo a que tivemos direito nessa noite.

 

Ainda houve tempo na primeira parte para Cristiano Ronaldo rematar, em cima dos vinte e cinco minutos. Mais uma vez, Pyatov defendeu.

 

A segunda parte foi melhorzita. Como a baliza da Ucrânia ficava do nosso lado, deu para ver a ação quase toda.

 

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Não que tenha sido particularmente excitante. Portugal instalou-se no meio campo ucraniano, fartava-se de cruzar para a grande área – João Cancelo, em particular – de marcar cantos, não serviu de nada. O meu pai a certa altura comentou que nem Camões fez tantos cantos n’Os Lusíadas.  

 

Há que dizer que um dos principais culpados foi Pyatov. De todas as vezes que os portugas conseguiam boas oportunidades, ele estava lá. Defendeu duas de André Silva e, mais tarde, uma de Dyego Sousa.  

 

Uma chatice quando os guarda-redes fazem o seu trabalho.

 

As coisas animaram quando Rafa e Dyego Sousa entraram em campo. O primeiro deu velocidade ao jogo e o segundo teve um par de oportunidades. Mas já não foram a tempo.

 

No meio disto tudo, os ucranianos conseguiram uma ocasião de perigo para a nossa baliza, perto do fim do jogo. Todos nós tivemos um mini-ataque cardíaco quando vimos Rui Patrício defender para a frente. Graças a Deus, a bola foi parar às nuvens. Na altura, na nossa bancada, pensámos que tivesse sido aselhice de Júnior Moraes – só mais tarde é que soubemos que fora intervenção de Rúben Dias.

 

Espero que tenham dado uns quantos high-fives ao miúdo. Se aquela tivesse entrado…

 

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O resultado manteve-se nulo até ao fim. Não nego que saí da Luz um bocadinho chateada. Não gosto de ir ao futebol e não festejar um golo, pelo menos. E o facto de estarmos a começar outra Qualificação com o pé errado não ajudou.

 

Mesmo assim, soube bem ir ao jogo, ainda por cima com os meus pais que não vinham ao futebol há anos. Desde 2007, no caso do meu pai. Gostávamos de voltar a ir, no jogo contra o Luxemburgo, no Estádio de Alvalade. Foram precisos dois empates de seguida na Luz para a Federação se lembrar que existem outros estádios em Portugal.

 

É possível, no entanto, que eu tenha de trabalhar outra vez. Talvez eles e a minha irmã vão sem mim – será chato, mas eu vou à Liga das Nações. Não me posso queixar.

 

Nesta fase, eu estava desapontada mas não alarmada. A Seleção tem um problema crónico com inícios, está mais do que provado. Tem-se falado de inícios de Qualificações, mas isto também acontece com fases finais, conforme vimos antes (A fase de grupos da Liga das Nações foi a exceção). Não sei se é por sermos incapazes de jogar sem, como diz a minha irmã, sentirmos o rabinho a arder.

 

Ainda assim, fora só um empate, não uma derrota, como nos Apuramentos anteriores. Estava longe de ser grave.

 

Mas depois veio o jogo com a Sérvia.

 

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Conforme referi antes, estive de serviço nesse dia. Como costumo fazer quando trabalho de noite, tomei um café antes de entrar no trabalho. Vejo agora que não foi boa ideia: eu já estava algo nervosa, tanto com o serviço como com o jogo. A dose de cafeína fora do habitual deitou mais achas para a fogueira.

 

Passei, assim, o jogo quase todo numa vertigem de nervos. Arranjar maneira de ver o jogo no telemóvel, interromper para atender utentes e fazer outras coisas do trabalho e todas as atribulações do jogo: começando pelo penálti contra nós e convertido a golo, a lesão de Ronaldo, os muitos – mesmo muitos – remates falhados por parte dos portugas, o episódio ridículo do penálti.

 

E perdi o fantástico golo do Danilo – o nosso único golo nesta dupla jornada – porque fui à casa de banho. Sinceramente…

 

A última meia hora, quinze minutos do jogo foi um festival de oportunidades desperdiçadas, cada uma delas acrescentando dez milímetros de mercúrio à minha tensão arterial. Quando o árbitro apitou três vezes, eu estava assim:

 

 

Admito que sessenta por cento desta reação era a cafeína. Ainda assim há anos que não me sentia tão zangada com a Seleção. Já me acalmei entretanto, mas a desilusão continua.

 

Quer dizer, como é que isto é possível? Este tipo de coisas era de esperar há cinco, seis anos, não nesta altura! Somos Campeões Europeus, temos um plantel cheio de individualidades que dão cartas lá fora. Como é que deixamos quatro pontos voar, numa dupla jornada em casa, na nossa arena talismã?

 

São os adversários mais fortes do grupo, sim, mas, com o devido respeito, estão longe de ser tubarões do futebol europeu. Azar e, no caso do jogo com a Sérvia, má arbitragem não explicam tudo. Dava para mais.

 

Começo a achar que pelo menos algumas das críticas feitas a Fernando Santos ao longo dos anos – algumas ainda durante o Euro 2016 – até fazem sentido: demasiado resultadismo, demasiado pontapé para a frente, ausência de ideias de jogo concretas. Não sou a melhor pessoa para opinar sobre o assunto, mas até eu percebo o suficiente para saber que o que aconteceu nesta dupla jornada não é normal, que temos qualidade para mais. Não serve de nada termos uma mão cheia de trunfos se não sabemos pô-los a uso.

 

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(fonte: Memes da Bola)

 

Agora temos de ganhar todos os jogos que nos faltam no Apuramento. Porque claro que tempos, existe outra maneira de disputarmos Qualificações? Não me interpretem mal, não quero com isto dizer que não acredito que nos apuremos. Já nos conseguimos safar em situações parecidas ou piores. Mal por mal, temos os playoffs garantidos.

 

Mas será um rude golpe no orgulho sermos relegados para a repescagem num grupo como este. Já é suficientemente mau estarmos atrás do Luxemburgo na tabela classificativa, neste momento.

 

Até calha bem o Apuramento ficar em pausa até setembro. Talvez nos ajude a aclarar as ideias – até porque tenho medo que se dê um efeito de bola de neve nos problemas de finalização desta dupla jornada.

 

Havemos de sair de (mais) este buraco. Antes disso temos uma final four para disputar. Há tempo até lá para ultrapassar esta desilusão e começarmos a pensar em ganhar a Liga das Nações.


Acompanhem a contagem decrescente comigo na página de Facebook deste blogue.

O filho pródigo e os estreantes

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Na próxima sexta-feira, dia 22 de março, a Seleção Portuguesa de Futebol recebe, no Estádio da Luz, a sua congénere ucraniana... e eu vou lá estar! Três dias depois, receberá a sua congénere sérvia, também no Estádio da Luz (mais sobre isso adiante). Ambos os jogos contam para a fase de Qualificação para o Euro 2002, que terá lugar em várias cidades europeias.

 

Fernando Santos anunciou os Convocados para esta dupla jornada na passada sexta-feira e… depois de meses de polémica, o filho pródigo está de volta. Cristiano Ronaldo está de volta.

 

Confesso que é um alívio – o que não vos deverá surpreender se tiverem lido o meu balanço de 2018. Numa entrevista que deu poucos dias antes da Convocatória, Ronaldo voltou a dizer que pediu dispensa da fase de grupos da Liga das Nações para se adaptar à sua nova vida, em Turim. No entanto, confessou também já ter saudades da Seleção. “É a minha casa, e quero ajudar Portugal a qualificar-se para o Europeu”.

 

Agora que ele voltou, em retrospetiva, até parece razoável. Até porque, depois do hat-trick pela Juventus, na semana passada, está toda a gente de boa vontade para com ele, a elogiar a maneira como se tem gerido fisicamente.

 

Continuo a achar que tanto ele como Fernando Santos e a Federação deviam ter sido um bocadinho mais claros durante as últimas jornadas da Seleção. Já se tinha falado da adaptação à Juventus aquando dos jogos de setembro, mas na altura todos pensámos que se referia apenas aos primeiros dois jogos. Na dupla jornada seguinte disse apenas que Ronaldo só voltaria este ano e arrumou o assunto.

 

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Podia-se ter evitado uma boa parte da polémica se Fernando Santos tivesse dito logo, preto no branco:

 

– O Cristiano pediu dispensa de toda a fase de grupos da Liga das Nações para se adaptar à mudança para a Itália. Além disso, ele já não tem vinte anos, as pernas dele já não dão para tanto. Em princípio volta no próximo ano. Ele aproveita para gerir a sua vida, eu aproveito para dar mais espaço e responsabilidade aos colegas. Aqueles miúdos não são capazes de apertar os atacadores das chuteiras sem estarem sempre à procura do Cristiano, para que ele resolva qualquer complicação que surja, quero acabar com essa mania.

 

Também admito culpas da minha parte. Posso ter-me deixado contagiar pela insistência dos jornalistas. Já devia saber que a Comunicação Social está sempre a tentar criar escândalos.

 

Em todo o caso, já faz parte do passado. Só resta saber se o Cristiano virá à fase final da Liga das Nações. Não será grave se ele não vier, mas preferia que ele viesse. Sobretudo porque… tenho bilhetes para a final ou para o jogo do terceiro lugar, consoante o nosso resultado nas meias (mais sobre isso na altura).

 

Para além deste regresso, temos várias estreias interessantes. Uma das mais badaladas é a de João Félix, o jovem fenómeno do Benfica, super talentoso, que já conta doze golos esta época.

 

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Uma das coisas que dá que falar em Félix é do seu aspeto de miúdo cinco anos mais novo. Toda a gente goza com isso, incluindo eu e a minha irmã – isto apesar de também parecermos muito mais novas do que realmente somos (não me estou a queixar, atenção!). As da minha irmã, sobretudo no início, eram muito movidas a azia sportinguista. Algumas são um bocadinho fáceis, do género, “Não são horas de ele ir para a cama? Ele não tem aulas amanhã?”.

 

Uma das mais engraçadas, no entanto, foi uma vez, quando Félix estava caído depois de sofrer uma falta.

 

– Chamem a mamã dele, para lhe soprar no dói-dói.

 

A minha irmã também resmungou, uma vez, que o miúdo provavelmente não se lembra de ver o Doraemon dobrado em castelhano – a cena dele deve ser mais os Super Wings. Eu acrescentaria que ele também não se deve lembrar do Sporting campeão… mas se tivesse dito isso à minha irmã, não teria sobrevivido para ver esta dupla jornada.

 

Agora que penso nisso, Félix também não se deve lembrar do Euro 2004. É um bocadinho triste…

 

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De qualquer forma, até a minha irmã acabou por engolir a azia e se render ao talento de João Félix, como toda a gente. Eu, no entanto, ando com medo que o miúdo se torne no novo Renato Sanches – que as pessoas se deixem levar pelo hype, que Félix seja vendido no final da época, dando um passo maior do que a perna. O Renato só agora é que está a recuperar da sua saída prematura para o Bayern (e, mesmo assim, mais ou menos). Não queria que o mesmo acontecesse com o Félix.

 

Infelizmente, acho pouco provável o Benfica colocar o crescimento do miúdo à frente dos milhões que pode encaixar. Mas a esperança é a última a morrer…

 

Diogo Jota, por sua vez, já anda há uns anos no meu radar, desde os seus tempos no Paços de Ferreira. Eu, aliás, achava que ele seria Convocado mais cedo, mas compreendo porque não foi. Com jogadores jovens, nem sempre é benéfico virem demasiado cedo à Seleção A.

 

Jota representa hoje o Wolverhampton, a equipa mais portuguesa da Premier League. Tem-se saído bem. Houve um momento lindíssimo, há um par de meses, em que Nuno Espírito Santo foi abraçá-lo depois de um golo, como poderão ler aqui. E ainda este fim de semana, Jota marcou um belo golo, contribuindo para a expulsão do Manchester United da Taça de Inglaterra.

 

Houveram vários Convocados a marcar nos jogos do fim de semana passado, aliás. João Félix, Rafa, Diogo Jota, Bernardo Silva… Este último, então, tem deixado toda a gente rendida no Manchester City e, como dá para ver aqui, anda a ser devidamente acarinhado.

 

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É sempre bom ver que os nossos jogadores são bem tratados nos clubes que representam.

 

Tudo isto só prova que Fernando Santos escolheu bem.

 

Antes de passarmos a outro estreante, queria só comentar o “apelido” de Diogo Jota. Eu já desconfiava mais ou menos que não era o seu verdadeiro último nome e confirmei-o agora, com o Google. O seu nome completo é Diogo José Teixeira Silva. Suponho que o “Jota” venha de José.

 

Estou a rir-me porque parece mesmo algo que um miúdo faria ao escolher o seu nome futebolístico ou nickname da Internet, para soar fixe. Eu mesma decidi, quando tinha treze ou catorze anos, que a minha assinatura incluiria a inicial do meu apelido do meio – “Sofia M. Almeida” – e ainda hoje assino desta forma.

 

Pelo menos no caso do Diogo, teve o efeito que ele certamente queria. Sempre achei piada ao nome dele. O facto de a letra “J” ter um dos nome mais giros de todo o alfabeto ajuda.

 

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Consta que a Convocatória de Dyego Sousa foi a mais inesperada e… a mais contestada, embora não tanto por motivos futebolísticos. Confesso que não sabia muito sobre o ponta-de-lança do Sporting de Braga antes de ele aparecer na Lista de Fernando Santos. No entanto, segundo o que tenho lido na Internet, não será uma Escolha assim tão descabida quanto isso.

 

Não sabia, também, que ele era português naturalizado. É o primeiro a vir a Seleção em quase uma década, aliás, agora que penso nisso – desde Liedson, em 2009. Este último, também, só vestiu a Camisola das Quinas durante o quê? Um ano? (Os anos de Carlos Queiroz como Selecionador foram estranhos…)

 

Por outro lado, Pepe, também naturalizado, já está há quase doze anos connosco e eu não podia estar mais grata. Tenho quase a certeza que já o referi antes, mais do que uma vez, aliás, mas Pepe tem mais amor à Camisola das Quinas que muitos portugueses, citando as sábias palavras de Rui Santos, "bacteriologicamente puros". A Seleção deve-lhe muito, incluindo o nosso primeiro título.

 

É por essas e por outras que fico ainda mais zangada em retrospetiva com as palavras de José Mourinho, durante o Mundial 2014. Pepe fez uma idiotice durante o jogo com a Alemanha, conforme se devem recordar, e Mourinho veio dizer que o defesa devia ter tido juízo visto “nem sequer ser português”.

 

Também eu teci críticas duras a Pepe, na altura, pois o seu comportamento nos custou caro, mas nunca traria a sua naturalidade à baila. A Seleção não está a fazer-lhe nenhum favor ao deixar Pepe representar as Quinas. Bem pelo contrário. Não me lembro, aliás, de Mourinho ou outra pessoa qualquer se queixar das origens de Pepe depois dos golos que marcou ou das suas exibições imperiais. Só quando faz asneiras (ele tem o seu histórico, a sua fama, mas está longe de ser o primeiro ou de vir a ser o último a agir como um asno pela Seleção) é que, de repente, a sua condição de naturalizado é um problema.

 

O Mourinho, às vezes, é uma besta.

 

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Outro exemplo de "bestice", este mais recente, foram as já referidas palavras de Rui Santos, que podem ouvir aqui. Eu até concordo que uma das tarefas da Federação é investir no jogador jovem português... mas não é isso que a Federação tem feito, nos últimos anos? Não há uma data de jovens talentos no radar de Fernando Santos? Não temos já alguns desses talentos, como Bernardo Silva e André Silva, praticamente com lugar cativo na Seleção? O Dyego é um jogador naturalizado entre dezenas de Marmanjos não-naturalizados! É o primeiro naturalizado em quase uma década!

 

Além de que falar em portugueses "puros", seja de forma bacteriológica ou não (se uma pessoa se quer armar em besta, ao menos tenha o cuidado de não se enterrar ainda mais com gaffes deste género), roça a xenofobia.

 

Felizmente, Dyego Sousa parece ser feito do mesmo material que Pepe, pelo menos no que toca ao amor à camisola. Consta que Dyego já era adepto da Equipa de Todos Nós. Quando foi Convocado, terão havido lágrimas e chamadas para a família na reação. Agora, está todo contente no seio da Equipa das Quinas e, segundo Rúben Neves, até houve serenata dele, juntamente com João Félix e Diogo Jota (estou muito zangada com os Marmanjos por, aparentemente, nenhum deles ter filmado e partilhado connosco nas redes sociais).

 

Quando é assim, quando se nota que os próprios jogadores estão felizes enquanto representam a Seleção, é tudo muito mais especial. Já ando nisto há muitos anos, mas não me canso disso.

 

Se eu pudesse dar um conselho a Dyego Sousa, dir-lhe-ia para se agarrar a essa alegria e entusiasmo, ao sonho que está a viver. Ele que dê o seu melhor para representar Portugal e que os Rui Santos desta vida se lixem (para não usar um termo mais colorido). Assim que Dyego começar a marcar golos pelas Quinas, ninguém se vai ralar com as suas origens.

 

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Vamos, então, dar início ao Apuramento para o Euro 2020 frente à Ucrânia, no Estádio da Luz. Uma palavra, aliás, para os dois jogos da dupla jornada no mesmo estádio: já é ridículo! A Luz já andava a receber mais jogos da Seleção que qualquer outra arena portuguesa, nos últimos anos. Já foi um bocadinho estranho no ano passado, por exemplo, termos tido dois jogos lá com apenas três meses de intervalo. Agora temos com dois dias!

 

Eu sei que a Luz tem dado sorte às Quinas, mas estamos no início do Apuramento! Ainda se fossem os últimos jogos ou playoffs (que espero não virmos a precisar)... Não se podia ter, pelo menos, atribuído um dos jogos ao Estádio de Alvalade? Este não recebe a Seleção desde 2015 e, ainda no ano passado, teve de abdicar do jogo com a Itália por causa das eleições no Sporting.

 

Além de que existem muitos outros estádios que mereciam mais amor por parte da Seleção: o de Aveiro, o de Coimbra, o do Algarve…

 

Mas regressemos ao jogo de amanhã. Já estou um bocadinho farta da Luz (o que tem piada tendo em conta que nunca lá tinha ido até há quatro anos) mas, desta feita, para além da minha irmã, vêm também os meus pais, que ainda não conhecem o Estádio. Infelizmente, só conseguimos bilhetes para o terceiro anel, mas, lá está, tenho-me fartado de vir à Luz, não me posso queixar. A Federação anda a pedir-nos para estarmos lá às 19h30 – devem querer fazer alguma coisa especial durante o hino – mas acho que vai ser complicado nós os quatro chegarmos a tempo…

 

A Seleção ucraniana é um caso raro na Europa no sentido em que deve ser uma das poucas equipas neste continente com quem jogámos pouquíssimas vezes. Neste caso, só em duas ocasiões, durante a Qualificação para o Mundial 98. Ganhámos em casa, perdemos fora – ou seja, não dá para tirar grandes ilações.

 

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No passado mais recente, os ucranianos falharam a Qualificação para o Mundial 2018, mas saíram-se bem na Liga das Nações. Subiram à Liga A – ou seja, tecnicamente, estão entre os melhores da Europa.

 

É óbvio que nós somos favoritos e que temos a obrigação de ganhar, por todos os motivos e mais alguns. Mas desenganem-se aqueles que esperarem facilidades no jogo de amanhã. Precisaremos de concentração máxima – até porque, nos últimos anos, temos tido o hábito infeliz de tropeçarmos nos primeiros jogos dos Apuramentos.

 

Quanto ao jogo com a Sérvia, ainda não sei se consigo vê-lo. Vou estar de serviço nessa noite. Se não se importam, vou tirar alguns parágrafos para me queixar do meu habitual péssimo timing no que toca à Equipa das Quinas. Só preciso de fazer serviços à noite de três em três meses, mais coisa menos coisa. A Seleção esteve em pausa durante quatro meses, mas um dos jogos tinha de coincidir com a minha noite de serviço.

 

Quer dizer, porque não, não é?

 

Não será assim tão tão dramático, pois talvez seja capaz de acompanhar o jogo na rádio, pelo menos, com algumas interrupções, se necessário. Não é a mesma coisa que ver o jogo no conforto de minha casa, claro, mas apesar de tudo podia ser pior.

 

Com a minha sorte, se algum dia engravidar, aposto que darei à luz durante um jogo da Seleção. O que até pode ser giro, seria uma história engraçada para, mais tarde, contar à criança. Aliás, se for um menino, até poderá receber o nome do Homem do Jogo… se eu gostar desse nome, é claro (não sou grande fã do nome Cristiano, por exemplo).

 

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Ao contrário da Ucrânia, temo-nos cruzado algumas vezes com a Sérvia nos últimos anos. A última ocasião foi durante o Apuramento para o Euro 2016. Felizmente ganhámos os dois jogos. Os sérvios foram ao Mundial, mas ficaram-se pela fase de grupos. Não se saíram mal na Liga das Nações, no entanto – subiram à Liga B. Em princípio estarão ao nosso alcance mas, já se sabe, prognósticos só no fim do jogo.

 

Tenho andado contente, mesmo entusiasmada, com o regresso dos jogos da Seleção após estes meses todos – e acho que o regresso do pródigo e os estreantes contribuíram para isso, pelo menos em parte. Os hiatos de inverno já não me incomodam como incomodavam há uns anos. Talvez porque o tempo passa mais depressa agora que estou mais velha, talvez porque a pausa ajuda a evitar o desgaste que às vezes sinto com este blogue e mesmo com a própria Seleção.

 

Estamos a entrar num novo capítulo, em que temos um título para defender. Confesso que fico um bocadinho nervosa quando falamos disto numa altura tão precoce do campeonato, mas já sabem como sou. Em minha defesa, não acho que exista nada de errado em dar um passo de cada vez, concentrarmo-nos em começar bem a Qualificação para evitar aflições desnecessárias.

 

Eu farei a minha parte amanhã, na Luz. Cabe aos Marmanjos fazerem o resto, mostrarem porque somos Campeões Europeus.

 

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