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O Meu Clube É a Seleção!

Mulher de muitas paixões, a Seleção Nacional é uma delas.

À dúzia é mais barato

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Na passada sexta-feira, dia 7 de outubro, a Seleção Portuguesa de Futebol venceu a sua congénere andorrenha por seis bolas sem resposta, num encontro que teve lugar no Estádio de Aveiro. Três dias depois, a Seleção Nacional deslocou-se às Ilhas Faroé, tendo vencido a seleção da casa pelo mesmo resultado, perfazendo um total de doze golos nesta dupla jornada (bem diz o povo, "à duzia é mais barato"). Ambos os encontros contaram para a Qualificação para o Campeonato do Mundo da modalidade.

 

Conforme escrevi na entrada anterior, os adversários desta dupla jornada eram pouco estimulantes, mas a Seleção Portuguesa levou ambos os jogos a sério. No jogo com a Andorra, para começar, Cristiano Ronaldo marcou dois golos logo nos primeiros três minutos - uma altura em que eu ainda nem estava bem em modo de jogo. O primeiro golo teve piada, pois Ronaldo tinha sido derrubado, estava provavelmente preparando-se para pedir penálti, mas ao ver o guarda-redes defendendo para a frente, levantou-se, rematou e marcou, como se nada fosse. No segundo golo, foi Ricardo Quaresma a assistir e Ronaldo a cabecear para a baliza. Dizem que foi o bis mais rápido de sempre na História da Seleção Nacional.

 

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Como acontece frequentemente quando uma vantagem é conquistada cedo, a Seleção adormeceu um bocadinho à sombra dela durante cerca de meia hora. Não que a Andorra tivesse pernas para se aproveitar disso. Assim, o 3-0 acabou por chegar pouco antes do intervalo, fruto de um remate rasante de João Cancelo.

 

A Seleção (que deve ter levado nas orelhas por Fernando Santos, ao intervalo) foi mais consistente na segunda parte. Poucos minutos após o regresso ao campo, André Silva assistiu para Cristiano Ronaldo, que rematou diretamente para as redes andorrenhas. O golo seguinte foi parecido - desta feita, foi executado após um desvio de José Fonte. Ronaldo fazia, assim, o seu primeiro póquer com a Camisola das Quinas (feito só antes conseguido por Eusébio, Nuno Gomes e Pauleta).

 

Depois desta, pareceu que os próprios companheiros de equipa quiseram ajudar Ronaldo a conquistar uma inédita mañita ao serviço da Seleção. No entanto, o Capitão começou a sentir dores e começou a recuar no campo, não fosse o Diabo tecê-las. Houve tempo, mesmo assim, para mais um golo, assinado por André Silva, perto do fim, após uma defesa incompleta do guarda-redes andorenho, na sequência de um livre.

 

No fim deste jogo, muitos diziam que Portugal devia ter marcado mais golos, já que o mais certo é continuarmos atrás da Suíça até ao fim da Qualificação. Quase todos temiam que as Ilhas Faroé nos pusessem mais dificuldades. A final, os faroenses ainda não tinham sofrido golos na Qualificação até àquele momento, tinham ganho à Letónia e empatado com a Hungria (estavam à nossa frente na tabela classificativa) e o estádio deles tinha um relvado sintético - sempre problemático.

 

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Eu, aliás, acompanhei o pré-jogo do encontro de segunda-feira e a conversa dos comentadores sobre a Suíça, os golos por sofrer das Ilhas Faroé, o relvado sintético, conseguiu deixar-me nervosa. Isso, felizmente, não demorou muito tempo a passar. Doze minutos depois do apito inicial, quando André Silva marcou, na sequência de uma jogada conjunta entre ele, João Mário e Cristiano Ronaldo. O segundo golo, dez minutos mais tarde, também começou com João Mário. Este passou para Quaresma, que tentou rematar. O guarda-redes defendeu para a frente e André Silva aproveitou. O terceiro golo também foi consequência uma defesa incompleta. Desta feita, André Silva passou a bola a João Cancelo, que fez o primeiro remate, antes do ponta-de-lança concluir a jogada. André Silva concluía, assim, o seu primeiro hat-trick vestindo a Camisola das Quinas - no seu quarto jogo. Ele podia até ter chegado ao póquer. Imagino a azia do Cristiano Ronaldo se o recorde só tivesse durado três dias, obra de um puto que ainda não tem vinte e um anos! 

 

Não me admiraria, aliás, sé o facto de o André Silva estar a açambarcar a glória toda naquela noite tiver sido o motivador para o golo de Ronaldo (que, antes disso, parecera pouco inspirado), na segunda parte, após uma deliciosa troca de bola com João Mário.

 

Quando, algum tempo depois, a Seleção abrandou um pouco o jogo, Gelson Martins entrou em campo e acelerou de novo as coisas. Os resultados, contudo, só se manifestaram depois dos noventa, com as assistências para os dois últimos golos da partida: o primeiro de João Moutinho, o último de João Cancelo.

 

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Com estes resultados, Portugal ascendeu ao segundo lugar da tabela classificativa - com Suíça ainda três pontos acima. Estamos num bom caminho. Atrevo-me, aliás, a afirmar que este é o melhor período da Seleção em anos. Somos Campeões Europeus. Temos múltiplas soluções de qualidade para quase todas as posições (a única exceção são defesas centrais) em absoluto contraste com a situação de há três ou quatro anos. Isto deve-se muito ao trabalho da FPF na formação, com destaque para Rui Jorge, fulcral para a geração de jovens jogadores que começa, agora, a dar cartas. Alguns já jogam pela Seleção há algum tempo e foram Campeões Europeus, alguns chegaram mesmo agora, alguns ainda estão por Convocar.

 

André Silva é o exemplo do momento: o Hélder Postiga e o Hugo Almeida que me perdoem; Éder, adoro-te, terás sempre Paris; mas não tínhamos um ponta-de-lança matador há anos e anos e, meu Deus, as saudades que eu já tinha! A sua parceria com Cristiano Ronaldo poderá vir a dar-nos muitas alegrias. Também João Cancelo dá ótimas indicações - três golos em três jogos é muito bom registo para um avançado, façam as contas para um lateral-direito! O Cédric que se ponha a pau. Temos, ainda, o João Mário, cujo génio ajudou Portugal a conquistar o seu primeiro título e, agora, anda a dar cartas no Inter de Milão; o meu menino de ouro Raphael Guerreiro, o Renato Sanches, o Bernardo Silva, o Gelson Martins, entre muitos, muitos outros.

 

Parte-me o coração pensar que jogadores que cresceram comigo - o Cristiano é o exemplo mais flagrante, mas também falo do Nani, do Ricardo Quaresma, do João Moutinho, do Pepe, do Bruno Alves - já não terão muitos anos com a Camisola das Quinas e que, um dia, teremos de nos despedir deles. No entanto, com esta nova geração, cheia de promessas, acredito que a Equipa de Todos Nós ficará bem entregue, quando a altura chegar. Também acredito que, se as coisas continuarem a correr assim, mais cedo ou mais tarde voltaremos a ganhar um título. 

 

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Não garanto, no entanto, que este otimismo todo não tenha sido exacerbado pelos doze golos marcados nesta dupla jornada. Como sempre, prefiro ir encarando uma coisa de cada vez. Temos ambições, sim, e qualidade que as justifiquem, mas só poderemos lutar pelo título no Campeonato do Mundo se nos Apurarmos para o mesmo Não convém esquecer que este ainda agora começou e já temos uma escorregadela para corrigir. Eu, porém, gosto sempre de recordar as situações mais complicadas que conseguimos reverter. E, apesar de me esforçar por manter os pés assentes na terra, acho que nunca estive tão crente num futuro risonho para a Equipa de Todos Nós.

 

A ver se tenho razão.