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O Meu Clube É a Seleção!

Mulher de muitas paixões, a Seleção Nacional é uma delas.

Especial Aniversário: Top 10 Jogos da Seleção Portuguesa #2

Segunda parte do meu top 10 de jogos da Seleção. Primeira parte aqui.

 

4) Portugal x Dinamarca (2012)

 

 

Este é outro jogo de que estou sempre a falar. Para começar, foi o primeiro jogo em anos que, na minha opinião, esteve ao nível dos grandes jogos da história da Equipa de Todos Nós em termos de epicidade. Foi um dos jogos em que gritei mais vezes ao longo dos noventa minutos. Foi o jogo em que assustei a minha irmã com a minha reação ao golo de Hélder Postiga. Foi o jogo em que nos deixámos empatar, ficando em risco de… bem, aquilo que acabaria por acontecer no Mundial 2014. Foi o jogo em que Silvestre Varela saltou do banco, qual representante do Instituto de Socorro a Náufragos (ainda hoje me faz rir…), e nos salvou a todos a poucos minutos do fim. Foi esse o golo que eu e a minha irmãzinha celebrámos à gritaria durante pelo menos cinco minutos e que a Seleção celebrou atirando-se em peso (jogadores e técnicos incluídos) para cima do Varela. Foi uma montanha-russa de emoções que eu nunca esquecerei.

 

3) Portugal x Holanda (2004)

 

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O pódio deste top é composto exclusivamente por jogos do Euro 2004. Este campeonato foi, até agora, o melhor campeonato futebolístico de que me recordo. Para começar, realizou-se cá em Portugal, o que só de si foi excitante (pena é os envelopes debaixo da mesa e a má gestão dos estádios todos…). Em segundo, o povo uniu-se em torno da Seleção de uma maneira nunca antes vista: as bandeiras nas janelas, os cortejos de adeptos seguindo a Seleção para onde quer que fosse, os festejos nas ruas após as grandes vitórias, a eterna Força da Nelly Furtado, entre muitas outras coisas. No dia da final, eu e a minha família fomos até Alcochete para ver o autocarro passar, no caminho para a Luz. O único protagonista que me lembro ao certo de vislumbrar, quando o autocarro finalmente passou, é o Simão. Talvez tenha visto também o guarda-redes Quim (que é feito dele?). O meu irmão na altura disse que viu Luiz Felipe Scolari.

 

Há uns anos ouvi Manuel José (penso que era ele) dizendo, num qualquer programa de comentário/debate desportivo, que não gostara de todo esse “circo”, que este terá sido a causa da derrota na final. Sinceramente, eu duvido. Aquele “circo” todo não era mais do que uma versão alargada do que acontece nos estádios: milhares de adeptos marcando presença, vestidos a rigor, aplaudindo a sua equipa. Desde quando é que isso é prejudicial? Além do mais, conforme já escrevi antes, o futebol é acima de tudo um entretenimento, um espetáculo, é para ser vivido com paixão.

 

Por isso não, não me arrependo de ter ido a Alcochete ver a Equipa de Todos Nós, tal como nunca me arrependi de nenhuma manifestação de apoio que seja. Foi, aliás, no Euro 2004 que aprendi o que é verdadeiramente ser adepta da Seleção, todos os aspetos do cargo: a euforia e a felicidade das grandes vitórias, o desgosto e a frustração das derrotas. Lições que permanecem até hoje.

 

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Regressando ao top, em terceiro lugar temos o jogo que nos colocou na nossa primeira – e até agora única – final. Lembro-me de ver o golo do Cristiano Ronaldo (o seu segundo pela Turma das Quinas) a partir da televisão da minha cozinha. Não me lembro tão bem de ver o golo do Maniche em direto, mas há dois anos, no programa Heróis do Mundial da RTPN (tristíssima por não termos um programa equivalente para o Europeu), recordei a forma possante, majestosa, como ele corria pelo campo.

 

No livro “Os alegres dias do país triste”, de Afonso de Melo – o mesmo autor d‘“A Pátria Fomos Nós” – vêm algumas palavras de Maniche sobre este golo:

 

 - “Que aconteceu? Estavas possesso?

 

- Olha, o que digo é que foi completamente intencional. E isso nota-se pela forma como inclino o corpo para a frente. A minha vontade era marcar golo, mas também admito que foi mais bonito do que aquilo que eu esperava.

 

- Recebes um passe do Ronaldo.

 

- Ele toca num canto de forma muito rápida e eu chutei com muita força e colocado. Também beneficiei do facto de o Davids ter deixado aquele poste junto ao qual se posicionava nos cantos. Foi aí que a bola entrou.”

 

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Também me recordo do auto-golo do Jorge Andrade – um belo chapéu na baliza errada – e de o Ricardo o consolar com uma palmada leve no rabo (?). Lembro-me de dizer à minha irmãzinha – que na altura tinha seis anos – que aquilo era o Jorge Andrade a levar tau-tau por se ter enganado na baliza.

 

No entanto, a imagem mais marcante daquele jogo foi o abraço entre Rui Costa e Luís Figo, no fim do jogo (não sei se o segundo não estaria a chorar). Afinal, naquele dia, treze anos antes, os dois tinham conquistado o Mundial de sub-20 e, agora, levavam a Seleção A à sua primeira final… e em casa! 

 

2) Portugal x Inglaterra (2004)

 

  

Tal como aconteceria no Mundial 2006, o jogo dos quartos-de-final do Euro 2004 foi o mais emocionante de toda a prova. Para além de eu ter um gosto especial por reviravoltas, por marcadores que oscilam rapidamente entre favoráveis e desfavoráveis, este jogo esteve cheio de momentos inesquecíveis, conforme explicarei a seguir.

 

Lembro-me de ter visto a primeira parte no instituto de línguas que frequentava na altura com um dos meus professores, curiosamente de nacionalidade inglesa. A segunda parte e o prolongamento vi em casa, no quarto do meu irmão. O jogo não começou bem para nós, os ingleses marcaram cedo e o resultado manteve-se assim até mais ou menos aos oitenta minutos. Quando se fala deste jogo, fala-se muito de Ricardo, claro, e mesmo de Rui Costa. Não se fala muito de Hélder Postiga – claro – apesar de ele ter sido fulcral para levar o jogo a prolongamento. Lembro-me da carranca de Luís Figo quando foi obrigado a dar o lugar a Postiga e de, alegadamente, ele ter ido logo para o balneário. Tal atitude daria polémica nos dias que se seguiram. Lembro-me de ouvir Figo dizer “Penso que não cometi nenhum crime” numa Conferência de Imprensa. Lembro-me também de o Selecionador Luiz Felipe Scolari ter dito que Figo estivera no balneário a rezar à Nossa Senhora de Fátima.

 

Por outro lado, quando pesquisei sobre este incidente, na preparação desta entrada, descobri mais esta declaração de Scolari: “[Figo] estava muito participativo e, segundo me contaram, numa jogada do Cristiano Ronaldo, no prolongamento, dizia 'vai miúdo'" Esta imagem derrete-me o coração.

 

  

Regressando a Postiga, tal como disse antes, foi ele quem repôs a igualdade, cabeceando após um centro perfeito de Simão, esticando o tempo de jogo para os cento e vinte minutos. Mais tarde, Postiga destacar-se-ia no jogo por, no desempate por penálties, ter batido o seu à Panenka – se a brincadeira tivesse corrido mal, o jogo poderia ter terminado de maneira diferente e o pobre Hélder seria ainda mais vilanizado do que é hoje. Mais uma vez, no livro “Os alegres dias do país triste”, ele falou da gracinha: “Saiu… Agora, vendo as coisas à distância, não repetia. Foi um ato de loucura, de inconsciência. Ficará para sempre na minha memória. Algo próprio da idade. Era um miúdo! Mas, atenção. Fazia aquilo muitas vezes nos treinos. Não devia era ter feito num momento daquela importância.”

 

Pois não. Segundo o que ouvi no programa Heróis do Mundial, quando foi do jogo com a Inglaterra em 2006, alguém foi dizer ao Hélder, aquando dos penálties:

 

- Postiga, tem juízo, à Panenka não!

 

Mas regressemos a outros heróis deste jogo. Como Rui Costa, que saltara do banco e deu um tiro espetacular, no prolongamento, colocando-nos pela primeira vez à frente no marcador (nunca me vou esquecer da cara de aziado de Sven-Göran Erikson, no banco inglês…). Não durou muito, contudo: cinco minutos mais tarde, Frank Lampard repunha a igualdade.

 

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Chegamos ao Ricardo, claro. Não se fala deste jogo sem falar do Ricardo, do penálti que ele quis defender sem luvas. Sobre este gesto inusitado ele disse, no mesmo livro referido acima: “Já disse várias vezes que foi instintivo. Vi que era Vassel a marcar e ele era o único cuja forma de chutar não tinha estudado em DVD. Pensei que era preciso fazer algo. Olhei para as minhas mãos e pensei: vai ser sem luvas! Mais tarde fui colega dele no Leicester, em Inglaterra (clube que, por sinal, está agora em alta por se terem sagrados campeões ingleses) e ele confessou-me que ficou intrigado. Que até perguntou ao árbitro se eu podia fazer aquilo.”

 

Também me recordo de ver Eusébio, de toalhinha branca no pulso, gritando para o guarda-redes. Durante algum tempo não soube ao certo o que gritara o Pantera Negra. Ouvi várias versões. Assumindo que o livro que temos referido fala verdade, ele gritava:

 

- Não te mexas! Não te mexas!

 

O que quer que tenha sido resultou, pois Ricardo defendeu. Depois desse penálti, quando foi a vez de marcar à Inglaterra, Ricardo quis executar e fê-lo sem hipótese de defesa. Muitas imagens me ficaram na retina desses momentos. O preciso instante em que a bola entra e o resto da Seleção desata a correm em direção ao Ricardo, atirando-se para cima dele. O Eusébio beijando o relvado da sua amada Luz. Ricardo nos braços do Selecionador. Finalmente, Scolari com a bandeira brasileira numa mão, a portuguesa na outra e encostando ambas ao coração, antes de recolher aos balneários.

 

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Eu tinha apenas catorze anos na altura do Euro 2004, na altura destes ou de outros jogos. Era demasiado jovem, demasiado inocente para compreender na totalidade o quão raro, o quão grandioso era o que estava a acontecer, o que a nossa Seleção estava a fazer, a maneira como o povo reagia a estes feitos. Só agora, passados estes anos todos, é que começo a compreender que isto que descrevi acima é a matéria da qual são feitas as lendas.

 

1) Portugal x Espanha (2004)

 

  

Tive alguma dificuldade em escolher os meus dez jogos favoritos e talvez ainda mais em definir a ordem de preferência. No entanto, não tive dúvidas nenhumas relativamente ao primeiro lugar. O Portugal x Espanha do Euro 2004 pode não ser o jogo mais emocionante ou tecnicamente melhor conseguido desta lista, mas é especial por vários motivos. Primeiro, este foi o jogo em que Cristiano Ronaldo se estreou a titular pela Seleção. Segundo, foi o primeiro jogo a que assisti ao vivo, no Estádio de Alvalade, com os meus pais e o meu irmão, algo que me marcou profundamente. Lembro-me da sensação de irrealidade, ao ver com os meus próprios olhos coisas que só via através de um ecrã de televisão – só o facto de não ouvir os comentadores era suficientemente estranho. Lembro-me de, a certa altura, ver pardais pousando no relvado durante o jogo e de ter achado graça na altura: uma coisa tão prosaica como pardais num palco onde lendas estavam sendo escritas!

 

Devo de resto dizer que os nossos amigos espanhóis criaram um ambiente amigavelmente provocador. Ainda antes de entrarmos no estádio, uns espanhóis meteram-se connosco, a propósito da camisola de Figo que o meu irmão vestia. Figo na altura ainda jogava no Real Madrid e os adeptos espanhóis tentaram provocar-nos, dizendo que Figo era espanhol. A minha mãe deu-lhes uma resposta à altura, em espanhol macarrónico.

 

- Figo no es español. Sus pesetas é que son españolas.

 

No estádio, apesar de termos chegado cerca de duas horas antes, conforme aconselhado pelas autoridades, já lá estavam imensos espanhóis, fazendo barulho. Nós, portugas, não íamos deixá-los sem resposta. Acho que chegámos a gritar “E quem não salta é espanhol, olé! Olé!”. Resultado: ainda o jogo não tinha começado e o meu irmão já estava sem voz.

 

Como estávamos mais para o lado da baliza sul, não conseguimos ver o golo de Nuno Gomes (eu pelo menos não me lembro de vê-lo), mas os festejos na bancada foram explosivos. Recordo-me de vislumbrar, por entre os braços erguidos, a Seleção toda abraçando Nuno Gomes (que depois seria rebatizado de Nuno Álvares Pereira Gomes). Os adeptos sentados à nossa frente fizeram questão de se virar para trás para trocar high-fives connosco – algo que tornariam a fazer no fim do jogo, quando a vitória já estava garantida.

 

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Nunca tínhamos ganho à Espanha em jogos oficiais antes daquele encontro e não voltaríamos a ganhar depois deste. No entanto, na minha opinião, mais do que qualquer outro jogo contra nuestros hermanos, aquele era o jogo em que tínhamos de vencer. Aquele era o meu primeiro jogo, era o nosso Europeu! A história não podia terminar na fase de grupos! (já foi suficientemente mau termos deitado tudo a perder na final…)

 

Digo-o com toda a franqueza: se não tivéssemos vencido este jogo, eu não estaria aqui, a escrever neste blogue, não seria a pessoa que sou hoje. Foi com aquela vitória que começou uma devoção que se mantém até hoje. Por ter sido o início da série brilhante neste Europeu, por ter sido o meu primeiro jogo de futebol ao vivo, algo que se tornaria uma das minhas experiências favoritas – mesmo os jogos do Sporting a que a minha irmã me leva. O Portugal x Espanha do Euro 2004 pode não ter sido o jogo mais brilhante ou emocionante, mas foi o início da minha paixão pela Equipa de Todos Nós. Por esse motivo, para mim será sempre o melhor jogo de todos os tempos.

 

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Dá para acreditar que já vamos em oito anos de “O Meu Clube é a Seleção”? A mim custa-me um bocadinho. Na verdade, este blogue acaba por receber menos atenção do que o meu outro blogue, o Álbum de Testamentos. Só inaugurei este último depois do Euro 2012, mas sendo um blogue mais genérico, sem um tema definido, posso escrever nele com mais frequência. Por sua vez, a Seleção joga em intervalos cada vez mais espaçados, pelo que este blogue fica muitas vezes inativo durante meses. Resultado, o Álbum já quase ultrapassa “o Meu Clube é a Seleção” em número de visualizações.

 

Por outro lado, tenho a página do Facebook, que atualizo quase todos os dias, o que sempre compensa a inatividade do blogue. De qualquer forma, agora que vem aí o Euro 2016 e vou deixar o Álbum um bocadinho mais de lado, talvez a tendência se inverta.

 

Conforme refiro de vez em quando aqui no blogue, o tempo passa mas o gozo de escrever sobre a Seleção não diminui. Tal como já referi antes, o futebol é uma história que nunca acaba, tem sempre novas personagens, novos enredos, novas reviravoltas. Eu sou cada vez mais apaixonada pela modalidade em si, já não desdenho assim tanto do futebol de clubes (não são os clubes em si que são corruptos, são as pessoas), mas continuo a não amar equipa nenhuma, só a Seleção. Foi para jogos como os que apresentei nesta lista que criei este blogue: para poder escrever sobre eles, para contribuir para a sua imortalização, para poder falar sobre eles aos meus filhos e netos. Sempre assumi que chegaria a uma altura em que deixaria de ter tempo para este blogue e para a respetiva página de Facebook, mas até agora essa altura ainda não chegou e, em princípio, tão depressa não chegará. Vamos continuar a ter “O Meu Clube é a Seleção!” por muitos anos ainda, com sorte.

 

E agora que já tirámos estas duas entradas para falar do passado, nas próximas falaremos do presente e do futuro mais próximo. Estamos a cinco dias do Anúncio dos Convocados para o Euro 2016!

 

Especial Aniversário: Top 10 Jogos da Seleção Portuguesa #1

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Hoje completo oito anos (!!!) como blogueira graças aqui a "O Meu Clube é a Seleção!". Este ano quis fazer algo para assinalar a data, algo diferente. Resolvi apresentar os meus dez jogos da Seleção preferidos – entre outras coisas, é uma oportunidade para escrever sobre partidas marcantes que ocorreram antes de inaugurar este blogue. Além disso, é mais do que apropriado recordar grandes jogos da Seleção poucos antes de começarmos a preparar um Europeu, para o qual partimos com ambições.

 

Uns alertas rápidos antes de começar: em primeiro lugar, só comecei a ligar a sério ao futebol e à Seleção por volta de 2002. Assim sendo, este top não incluirá jogos do Euro 2000 nem de campeonatos anteriores (quem me dera ter estado cá para ver o Mundial de 66!).

 

Em segundo lugar, como costuma ser a regra neste blogue, este top é muito subjetivo. Não me vou basear tanto em aspetos técnicos, de qualidade propriamente dita do futebol praticado porque, sejamos sinceros, eu não percebo assim tanto dessa vertente. Basear-me-ei antes nos aspetos mais sentimentais, no que significou aquele jogo para mim, aqueles jogos que permaneceram na minha memória em vez de se perderem no meio de dezenas de outros jogos.

 

Por fim, queria avisar para não levarem a posição dos jogos no top 10 demasiado à letra. Em alguns casos, a diferença entre duas posições consequentes é mínima.

 

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Esta lista possui Menções Honrosas. Sem nenhuma ordem em especial, começo por falar dos jogos com Angola, o Irão e o México no Mundial 2006. Na minha opinião, este campeonato valeu sobretudo pela consistência da caminhada, não tanto por jogos individuais particularmente emocionantes, com uma exceção. Daí que não encontrem muitos jogos desse Mundial no top.

 

Refiro, também, o Portugal x Rússia da Qualificação para o Mundial 2006, uma expressiva vitória por 7-1. O intervalo de tempo entre o nosso segundo jogo do Euro 2004 e o nosso antepenúltimo do Mundial 2006 foi uma era dourada para a Seleção Portuguesa.

 

Por outro lado, incluo também o nosso jogo com a Espanha do Euro 2012. Sim, foi uma derrota mas, na minha opinião, foi uma derrota honrada, foi uma das nossas melhores derrotas. O domínio foi quase sempre nosso, fomos a única equipa no Euro 2012 capaz de fazer frente à Espanha. Oficialmente, era a meia-final, mas teve mais de final que o jogo com a Itália, poucos dias depois. Infelizmente abordámos mal os penálties.

 

Por fim, queria incluir o Portugal x Sérvia do ano passado – só porque foi o primeiro jogo da Seleção em muito tempo a que assisti… em que a Seleção ganhou.

 

Como tenho muito a dizer sobre estes jogos, este top virá dividido em duas entradas. Esta é a primeira parte, a segunda parte virá mais tarde, ainda hoje em princípio.

 

Sem mais delongas, comecemos com o número 10.

 

10) Portugal x Espanha (novembro de 2010)

 

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Mesmo sendo um jogo particular, não é todos os dias que se goleia a corrente campeã europeia e mundial. Muito menos apenas dois meses – mais coisa menos coisa – após uma crise e uma troca de treinadores. Não contou para muito, teria trocado de bom grado esta vitória por uma nos oitavos-de-final do Mundial 2010 ou, sobretudo, nas meias-finais do Euro 2012 No entanto, na altura em que ocorreu, esta vitória foi importante para levantar um pouco mais a moral, quando o Mundial 2010 e o caso Queiroz ainda estavam frescos na memória e quando a Qualificação para o Euro 2012 ainda ia a meio. Considero que este foi um dos primeiros sinais a indiciar que esse Europeu nos traria alegrias.

 

9) Suécia x Portugal (novembro de 2013)

 

 

Este é o jogo mais recente deste top. A segunda mão do playoff de acesso ao Mundial 2014 marcou, não apenas pela vitória em si, mas também pelas circunstâncias. Como poderão ler aqui, este encontro realizou-se no aniversário da minha irmã, daí ter ganho um significado especial para nós (ainda hoje, quando vemos resumos do jogo, durante as celebrações dos três golos portugueses, a minha irmã diz algo como: “Se prestarem atenção, hão de ouvir o Ronaldo a gritar: ‘Parabéns, Mafalda!’”). Foi também uma vitória que fez muita gente fazer figura de parva: começando por Joseph Blatter, que poucas semanas antes protagonizara o triste episódio do Comandante e do bom menino; passando por vários adeptos suecos, que usaram vários truques sujos para nos destabilizar, sobretudo Ronaldo (tocando músicas provocatórias na chegada dos portugueses, fazendo barulho junto ao hotel onde estes estavam alojados…); terminando na triste campanha da Pepsi sueca. Dá um gozo especial quando conseguimos rir por último (mais sobre isso adiante). Por fim, referir também o épico relato do Nuno Matos, acima, o “És o melhor do Mundo, ca*****!” e o vídeo de agradecimento que a Seleção filmou.

 

Na verdade, este jogo só não está numa posição mais cimeira nesta tabela porque foi demasiado um one-man show, foi mais uma vitória de Ronaldo do que do resto da Seleção. A equipa chegou a atrapalhar mais do que a ajudar – essa Ronaldo-dependência virar-se-ia contra nós de maneira trágica uns meses mais tarde, no Brasil (e nestas últimas semanas, em que Ronaldo se tem debateu com uma lesão, tive medo que o mesmo se repetisse em França). De qualquer forma, o fraco desempenho da Seleção no Mundial 2014 não estragou as minhas recordações dos playoffs. Quando mais não seja porque deixou-nos viver na ilusão durante mais uns meses.

 

8) Portugal x Dinamarca (outubro de 2010)

 

 

Estou sempre a falar deste jogo, não vos vou maçar mais repetindo o que já escrevi inúmeras vezes aqui no blogue e na página do Facebook. Deixo o link para a análise a esse jogo e digo apenas que, na minha opinião, foi aqui que começou o ciclo que culminaria com as meias-finais do Euro 2012.

 

7) Portugal x Bósnia (novembro de 2011)

 

 

A segunda mão dos playoffs do Euro 2012 foi outro jogo emocionante. Não foi muito diferente do que seria o segundo jogo com a Suécia, em 2013, mas foi melhor – porque não foi apenas Ronaldo a brilhar (ele marcou dois golos, calando adeptos bósnios gritando por Messi), foi a equipa toda: Nani enviou uma bomba daquelas, Postiga marcou duas vezes, Miguel Veloso marcou de livre. Tal como aconteceria daí a dois anos em menor escala, esta foi uma vitória contra uma série de fatores empenhados em deitar-nos abaixo: um ex-selecionador que aproveitara o nosso único deslize em um ano para mandar farpas (acho que nunca perdoarei Queiroz…); a própria UEFA que nos obrigou a disputar a primeira mão num batatal, ignorando os nossos pedidos para trocar de campo (apesar de a seleção francesa ter conseguido essa troca, cerca de um mês antes); os responsáveis bósnios que regaram a relva antes do jogo, ignorando também os nossos pedidos, o que piorou ainda mais o estado do campo; os lasers que adeptos bósnios apontaram à cara de Ronaldo, entre outras coisas. Um jogo épico que teve o sabor de uma final, em que até houve hino no fim do jogo e tudo, que indiciou a boa campanha que a Seleção realizaria poucos meses mais tarde, no Euro 2012.

 

6) Portugal x Holanda (2012)

 

 

O Euro 2012 e as semanas antes foram um dos melhores períodos da minha vida. Como adepta da Seleção foi um ponto alto pois, para além de ter sido chamada à televisão a propósito deste blogue, pela primeira vez desde que inaugurara aqui o estaminé, a Equipa de Todos Nós estava a fazer um campeonato, não digo ao nível dos de 2004 ou 2006, mas lá perto. Pela primeira vez, escrevia no blogue sobre um campeonato de seleções que valia a pena ser recordado. Naturalmente, tinha de incluir jogos do Euro 2012 nesta lista.

 

Este foi o jogo que pôs fim a meses de dúvidas e nervosismo. Desde que o sorteio da fase de grupos do Euro 2012 nos colocara no chamado Grupo da Morte, todos sabíamos que seria muito difícil chegarmos aos quartos-de-final da prova. Do mesmo modo, sabíamos que, se passássemos o grupo, seríamos automaticamente candidatos ao título. Esta vitória trouxe um grande alívio, uma grande alegria, surpreendeu os mais céticos. Tendo em conta que, dois anos volvidos, não passaríamos o grupo do Mundial 2014, hoje valorizo ainda mais essa vitória. Recordo-me em particular de eu e a minha irmã fazermos um duplo high-five enquanto gritávamos: “PASSÁMOS A FASE DE GRUPOS!!”.

 

Falando do jogo em si, a Seleção fez uma exibição excelente, tirando o golo sofrido no início do jogo. A maior estrela foi Ronaldo, ao apontar dois golos – que dedicou ao filho, que fazia dois anos no dia do jogo – mas, lá está, não deixou de ser um triunfo de equipa. Ficou claro que os próprios Marmanjos sentiram esta vitória – Miguel Veloso tinha lágrimas nos olhos na flash-interview e, mais tarde, a equipa passou a noite a cantar.

 

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Paulo Bento foi algo agressivo na Conferência de Imprensa que se seguiu e os jogadores recusaram as flash-interviews fora do campo. Até compreendo o ponto de vista deles, já que a Imprensa não andava a ser meiga. No entanto, hoje não acho que a acusação de Paulo Bento – de que alguns dos jornalistas estariam a torcer contra Portugal – tenha tido fundamento. Existem muitos críticos da Seleção, muitos céticos, alguns clubistas aziados, mas se houve coisa que aprendi com o Euro 2012 foi que, nas grandes vitórias da Seleção, como esta, não existe alma nenhuma que não fique feliz (tirando Pinto da Costa e mesmo assim). Há muita hipocrisia nessa alegria, é certo, muito aproveitamento, mas foi uma das coisas que mais feliz me fez durante esse Europeu: ter toda a gente a falar sobre as vitórias da nossa Seleção. Foi verdadeiramente a Equipa de Todos Nós.

 

No entanto, estando eu sempre aqui, no melhor e no pior, estas vitórias são mais minhas que de muitos por aí, reservo-me esse direito. O mesmo tornará a acontecer quando a Seleção voltar a ter triunfos como este – que estes aconteçam já no próximo mês.

 

5) Portugal x Inglaterra (2006)

 

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Portugal tem um particular com a Inglaterra marcado para o próximo mês. Vai ser no mínimo interessante reencontrar os nossos amigos ingleses dez anos depois, quando os últimos três jogos disputados foram tão… interessantes, cada um à sua maneira.

 

Conforme referi acima, não considero os jogos individuais do Mundial 2006 assim tão memoráveis. O jogo dos quartos com a Inglaterra é a única exceção e isto, mesmo assim, deve-se quase exclusivamente à parte final. Antes de nos focarmos no jogo em si, contudo, quero falar das circunstâncias em que este ocorreu. Nos dias que antecederam e nos que se seguiram ao jogo, a Imprensa inglesa esteve de armas apontadas à nossa Seleção. Antes do jogo, o motivo era, obviamente, destabilizar-nos (algo em que falharam redondamente pois quem esteve de cabeça perdida naquele jogo foram os ingleses). Não resisto a referir um episódio, descrito no livro “A Pátria Fomos Nós”. Consta que, numa conferência de Imprensa em que os jornalistas ingleses foram criticados pela sua campanha contra a Seleção Portuguesa, alguém perguntou a Pedro Pauleta:

 

- Afinal de contas, de quem é que vocês têm mais medo? Da Seleção inglesa ou dos jornalistas ingleses?

 

Eis a resposta do ponta-de-lança:

 

- Ao fazer uma pergunta dessas, vê-se que não conhece a História de Portugal. Se conhecesse, saberia que os portugueses nunca têm medo de nada. Foi sem medo que chegámos a todos os lugares do Mundo. Somos um país pequeno e respeitamos toda a gente. E exigimos respeito por nós. Só isso.

 

Se eu tivesse estado lá neste momento, teria aplaudido. Grande Pauleta!

 

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Infelizmente, a campanha dos ingleses nos dias que se seguiram ao jogo foi muito mais feia e… duradora. Tudo porque, se bem se recordam, os ingleses culparam Cristiano Ronaldo pela expulsão de Wayne Rooney. Ainda hoje se fala deste episódio – aposto que vão voltar a falar dele aquando do próximo jogo, no mês que vem. Os ingleses, ao que parece, não repararam que Rooney pisara, deliberadamente, Ricardo Carvalho nos… bem, numa zona sensível. A meu ver, era uma expulsão legítima. O “crime” de Ronaldo foi pressionar o árbitro a favor da expulsão (como se ele fosse o primeiro jogador de futebol a fazer uma coisa dessas…). Pelo meio, uma câmara apanhou Ronaldo a piscar o olho ao banco português, algo que os ingleses associaram ao lance.

 

Dizer que Ronaldo foi mal recebido quando regressou ao Manchester United depois do Mundial é eufemismo. Eu, na altura, defendi a sua saída do clube, a transferência para o Real Madrid ou para qualquer outra equipa, fora de Inglaterra. No entanto, Ronaldo ficou (consta que Sir Alex Ferguson interveio pessoalmente na questão, como forma de manter o jogador) e fez uma das suas melhores épocas em Inglaterra, ganhando ainda mais o meu respeito. Toda esta história é capaz de ter sido um dos primeiros exemplos da frase que lhe é atribuída: “Your love makes me strong, your hate makes me unstoppable”.

 

Regressemos aos quartos-de-final do Mundial 2006. Conforme referi acima, os 120 minutos de jogo não foram particularmente memoráveis, tirando a expulsão de Rooney. Este jogo é recordado pelos penálties, pelas três defesas de Ricardo – algo inédito em Mundiais. Ricardo desvalorizou o seu próprio mérito, na altura. “Eles estavam mortos”, terá ele dito, segundo o livro “A Pátria Fomos Nós”, mais uma vez. “Eu via nos olhos deles. Não tinham confiança nenhuma”. Uma boa prova disso foi aquele inglês, que chutou antes de o árbitro apitar. De qualquer forma, a postura gélida de Ricardo, na baliza, não terá de todo deixado os ingleses menos nervosos.

 

Vou deixar a narrativa dos penálties para o grande Nuno Matos. Ainda hoje, passados todos estes anos, depois de ter visto este vídeo inúmeras vezes, não consigo deixar de rir com a maneira como ele e Alexandre Afonso (penso que é ele…) transmitem a montanha-russa de emoções que foi este desempate.

  

 

Queria chamar a atenção, por fim, para o penálti decisivo, marcado por Cristiano Ronaldo (penálti esse que agravou ainda mais a azia inglesa). Como poderão ver no vídeo acima, antes de rematar, o (na altura) jovem fez questão de beijar a bola. Depois de executar o penálti, fica a sensação que ele demorou uns segundos a perceber que o seu penálti decidira o jogo. Nessa altura, no meio dos festejos, apontou para o céu e gritou:

 

- Estou aí!

 

Só prova que Cristiano Ronaldo sempre teve uma queda para os grandes momentos.

 

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Por fim, dizer apenas que, aquando deste jogo, eu e a minha família estávamos a passar férias no Algarve. Sendo verão, aquilo estava, naturalmente, cheio de turistas ingleses. Vimos o jogo sozinhos, mas depois fomos todos festejar para a rua principal. Tirámos fotografias e tudo, como podem ver acima (a da esquerda sou eu, a da direita é a minha irmãzinha). Foram dos melhores festejos de uma vitória da Seleção de que me recordo (tirando um ou outro do Euro 2004). Não era para menos, foi a primeira vez que via a Seleção chegar tão longe num Mundial. Que não seja a última…

 

Segunda parte do top aqui.