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O Meu Clube É a Seleção!

Mulher de muitas paixões, a Seleção Nacional é uma delas.

O último passo

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Na passada quinta-feira, dia 8 de outubro, a Seleção Portugues de Futebol venceu a sua congénere dinamarquesa, uma vez mais por uma boa sem resposta, em jogo a contar para a Qualificação para o Campeonato Europeu da modalidade. Esta vitória garantiu a Portugal o Apuramento direto para o Euro 2016 - o primeiro Apuramento direto desde 2007 e o primeiro Apuramento prematuro desde 2005. Dois dias mais tarde, a Seleção Portuguesa deslocou-se a Belgrado para defrontar a sua congénere sérvia, em jogo também a contar para a Qualificação, mas cujo propósito essencial foi cumprir calendário. Tal jogo terminou com uma vitória para a equipa visitante por duas bolas a uma.

 

Não vou falar muito dos jogos em si porque muitos aspetos, por esta altura, são repetições de outros jogos neste último ano. Começando pelo desafio contra a Dinamarca, Portugal esteve sempre muito pragmático, defendendo bem, arriscando só o essencial para, eventualmente, marcar um golo. Isto não é mau, funciona, garantiu-nos a Qualificação. Mas é aborrecido. Durante a primeira parte, os dinamarqueses estacionaram o autocarro em frente à sua baliza - como se o empate fosse um bom resultado para eles - de tal forma que o único remate de verdadeiro perigo que tivemos ocorreu aos trinta e oito minutos, quando Nani atirou à barra.

 

Na segunda parte, os dinamarqueses reentraram mais fortes no jogo, culminando numa bola enviada ao poste por Bendtner (esse tipo...), mas abriram as suas linhas e, ao fim de alguns minutos, Portugal estava de novo por cima. Fomos capazes de arriscar alguns remates - como o costume, falhámos algumas oportunidades flagrantes. Finalmente, João Moutinho - que se tornaria o herói desta dupla jornada - recebeu um passe infeliz de um dinamarquês, afastou dois adversários do caminho com um par de toques de classe e rematou certeiro para as redes.

 

É um pormenor engraçado que, perante uma equipa nórdica, de jogadores muito altos, tenha sido um "baixinho" a marcar.

 

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Este golo resolveu o jogo em termos práticos. Portugal não voltou a perder o domínio do jogo. Só nos últimos dez minutos é que os dinamarqueses tentaram mais a sua sorte, mas Rui Patrício - outro dos destaques desta dupla jornada - estava atento. No fim, conseguimos o ponto que nos faltava para a Qualificação, mais dois extra. Há um ano demos o primeiro passo para o Apuramento frente à Dinamarca. Este ano demos o último também frente à Dinamarca.

 

João Moutinho foi também herói no jogo com a Sérva, apesar de só ter entrado a meio da segunda parte. Só acompanhei a primeira parte desse jogo via rádio e nem consegui prestar muita atenção. Por uma vez, não tivemos de esperar muito tempo pelo golo. Nem cinco minutos. Nani marcou na recarga de um remate de Danny à figura do guarda-redes, depois de o jogador do Zenit ter deixado dois sérvios pelo caminho. 

 

Fiquei muito satisfeita por, depois de um ano meio apagado na Seleção, Nani ter voltado a marcar com a Camisola das Quinas. Ele sempre foi um dos meus favoritos, mas até eu começava a questionar a sua constante titularidade pela Seleção. Dá gosto estar errada nesse aspeto. Que não tenha sido uma vez sem exemplo, contudo!

 

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Se, ao que consta, durante a primeira parte Portugal conseguiu aguentar-se em bloco baixo, na segunda parte a pressão sérvia começou a fazer estragos na defesa portuguesa. Uma série de remates falhados e um golo anulado por fora-de-jogo deixaram claro que o golo sérvio não tardaria. E aos 66 minutos o barro, finalmente, colou.

 

Aí Fernando Santos percebeu que, daquela forma, não se ia a lado nenhum. Meteu o herói do jogo anterior, Moutinho Este deu uma de Ricardo Quaresma e, menos de dez minutos após a sua entrada, desbloqueou o nosso jogo com um golo espetacular.

 

E ainda dizem que a Seleção é Ronaldo-mais-dez... Nesta jornada dupla fomos mais Moutinho-mais-dez! Bem, não, que o Rui Patrício também nos livrou de uma série de golos sofridos.

 

O jogo ficou, ainda, marcado por uns momentos menos bonitos por parte dos sérvios, por acharem que Eliseu faz falta na jogada que culmina no golo (são capazes de ter razão...). Matic chegou mesmo a ser expulso. Não sei se justificava tanta agressividade num encontro em que tão pouco estava em jogo - sobretudo para os sérvios.

 

Em todo o caso, conseguimos aguentar a vitória naquele que foi o nosso último jogo da Qualificação para o Euro 2016. Foi a nossa sétima vitória seguida em jogos oficiais - um feito inédito no futebol português.

 

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Podem dizer o que quiserem, por esta altura. Podem dizer que, afinal, o Apuramento foi fácil, que era um grupo simpático, que o próprio esquema da Qualificação diminuiu a dificuldade, que não jogámos assim tão bem, que tivemos sorte. No entanto, sete vitórias seguidas não se desprezam em nenhuma competição. Podemos ter sido felizes em certos momentos, mas ninguém ganha sete jogos seguidos apenas com sorte. Mesmo se excluirmos os critérios mais permissivos desta Qualificação, continuam a ser sete vitórias em oito jogos, uma taxa de 87,5% de vitórias, o nosso melhor resultado de sempre em Apuramentos!

 

 

 Não me venham dizer que isto foi apenas sorte.

 

Eu, pelo menos, não esperava uma Qualificação assim, quase imaculada, há pouco mais de um ano, quando esta começou - no rescaldo do desastroso Mundial 2014, e sobretudo depois do começo em falso com a Albânia. Nessa altura, eu só pedia que fizéssemos o melhor possível com aquilo que tivéssemos. Não me queixaria muito enquanto ganhássemos os jogos. E a verdade é que foi assim - de vitória à rasca em vitória à rasca, três pontos de cada vez, que conseguimos um Apuramento quase perfeito. À semelhança do que Paulo Bento fez em 2010, Fernando Santos recuperou a Seleção, ainda que de uma forma diferente, quase sem darmos por isso.

 

Já que refiro Paulo Bento, quero fazer um desabafo à parte. Alguns dos elogios a Fernando Santos - incluindo alguns verbalizados por Cristiano Ronaldo - têm sido interpretados como indiretas ao antigo Selecionador. Por um lado é normal, aconteceu o mesmo durante os primeiros anos do mandato de Paulo Bento em relação a Carlos Queiroz. Já na altura me senti culpada, quando o Professor não fez nem metade do que o seu sucessor fez pela Seleção e reagiu com muito menos dignidade à troca de Selecionadores. Em ambos os casos os selecionadores demissionários foram diabolizados pela opinião pública, mas as críticas que têm sido feitas a Paulo Bento há muito que deixaram de ser justas. As pessoas esqueceram-se depressa do Euro 2012. 

 

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Dito isto, eu concordei com a saída de Paulo Bento, apesar de ter ficado triste. Acho até que ele devia ter sido mais cedo, logo a seguir ao Mundial 2014. Começo a perceber, aliás, que isto faz parte. A partir de certa altura, todos os Selecionadores acusam o desgaste e, quando isso acontece, rescindir pode ser a única solução. Aconteceu com Scolari, aconteceu com Queiroz, aconteceu com Paulo Bento. Também vai acontecer com Fernando Santos daqui a um ano, dois, três ou cinco. E também nessa altura as pessoas se esquecerão de tudo o que Fernando Santos fez, incluindo este Apuramento, preferindo fazer dele o engenheiro vilão. Por isso, não se comovam demasiado com os elogios que andam a fazer a Fernando Santos. Um dia, serão esquecidos.

 

Espero que esse dia venha longe, de qualquer forma. Fechemos esse àparte.

 

Um dos aspetos mais elogiados à Seleção de Fernando Santos tem sido a sua preserverança e maturidade. Agora não precisamos de jogar sempre bem para ganharmos jogos e se, por acaso, nos vemos em situações desfavoráveis - como, por exemplo, em ambos os jogos com a Sérvia - não perdemos a calma e acabamos por dar a volta à situação. Comparem isso com a parvoíce que reinou na Qualificação para o Mundial 2014 - se tivéssemos sabido jogar com mais sobriedade com a Irlanda do Norte, Israel (das duas vezes), talvez mesmo com a Rússia, teríamos poupado imensos anos de vida. E talvez tivéssemos evitado o massacre da Alemanha.

 

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Esta maturidade da Seleção Nacional é o que tem feito com que menos pessoas se riam de Fernando Santos quando ele diz que quer ser campeão europeu. Eu não quero ainda fazer prognósticos sobre o Europeu - não antes do sorteio, pelo menos - mas, tal como já fui dando a entender, no meu modesto ponto de vista, este pragmatismo será importante em jogos de grande calibre. Não acredito que seja suficiente - frente à França não o foi - mas definitivamente terá de ser um alicerce.

 

E poderá existir material para construirmos uma boa equipa para o Europeu. Temos uma nova geração de jogadores afirmando-se em diferentes clubes portugueses e internacionais e uns quantos veteranos, com óbvio destaque para Cristiano Ronaldo. 

 

Apesar de tudo, apesar de saber bem, por uma vez, termos evitado a calculadora, tenho uma certa pena de não termos playoffs, sobretudo quando as duas últimas edições foram tão emocionantes. Quem não se sente nem um bocadinho assim, que atire a primeira pedra. Também não me sinto particularmente entusiasmada com a perspetiva de oito meses sem jogos oficiais da Seleção. No entanto, os playoffs são sempre um risco. Se insistíssemos em brincar com o fogo em todos os Apuramentos, ainda nos queimávamos. 

 

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O que, neste momento, interessa é que estamos lá. Não falhamos uma fase final há quase dezoito anos, por muito que, por vezes, tentemos - tal como li no Twitter. Agora temos oito meses para nos prepararmos para o Europeu. Espero que a Federação não se demore a marcar e a anunciar uns quantos jogos particulares. Que sejam vários pois precisamos de treinar e... quero ter algo sobre que escrever aqui no blogue!

 

Enfim, mais um capítulo encerrado. A história a sério continua em maio.

Vai ser desta!

03.jpgNa próxima quinta-feira, dia 8 de outubro, a Seleção Portuguesa de Futebol receberá a sua congénere dinamarquena no Estádio Municipal de Braga. Três dias depois, deslocar-se-á a Belgrado, na Sérvia, para defrontar a seleção local. Estes serão os últimos encontros da Equipa de Todos Nós na Qualificação para o Campeonato Europeu da modalidade, que se realizará no próximo verão, em França. Basta a Portugal amealhar um ponto para garantir um lugar no Euro 2016.

 

Fernando Santos divulgou os Convocados para esta última dupla jornada na última sexta-feira, sem surpresas de maior. Temos vários regressos, alguns dos quais após ausência prolongada, como Luís Neto e Rafa. As grandes novidades são as estreias de Ventura, guarda-redes do Belenenses, e Nélson Semedo, do Benfica. Destacaria também a Chamada de André André, que tem atravessado um momento muito bom no F.C. Porto. Tenho, contudo, uma certa pena que Gonçalo Guedes e Rúben Neves tenham falhado esta Convocatória - suponho que ainda sejam novinhos para estas andanças.

 

Mais do que tudo, sinto-me satisfeita por os três clubes grandes terem contribuído de forma equitativa para esta Convocatória e ainda sobrarem jogadores selecionáveis em cada um deles. Há uns quatro ou cinco anos, isso dificilmente aconteceria.

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Visto que os últimos jogos decorreram há relativamente pouco tempo, ainda nos recordamos bem do ponto da situação. Conhecemos muito bem o adversário do primeiro jogo - tal como referi há um ano, tem sido o adversário que mais vezes temos enfrentado nos últimos anos, sempre em jogos complicados, de uma maneira ou de outra. Nesse aspeto, o jogo de quinta-feira será, provavelmente, aquele que abordaremos com maior tranquilidade desde 2007.

 

E daí talvez não. Os dinamarqueses têm muito mais a perder do que nós neste jogo: será o último deles na Qualificação e estão numa posição menos favorável para garantir o Apuramento direto. Precisam de ganhar. E, apesar de estarem pior agora que há uns anos, têm um historial de, como eu gosto de dizer, nos complicar a vida à grande e à dinamarquesa - nomeadamente há quatro anos, em que estávamos a um ponto do Apuramento direto e deixámo-lo escapar.

 

Fernando Santos parece ter noção disso. "Nós só temos um objetivo em cada jogo, que é vencer. É com esse objetivo que vamos e, se alcançarmos esse resultado, garantimos o Apuramento (...). Para a Dinamarca é uma final, porque é o seu último jogo, mas nós temos de pensar como se fosse também o nosso último jogo." Não adiar as coisas para o jogo com a Sérvia.

 

Não que ache que os sérvios nos vão dar grandes problemas - não mais do que os dinamarqueses, pelo menos. Os sérvios estão fora da corrida no que toca ao Apuramento, com apenas um ponto. Por um lado, não se devem esforçar por aí além. Por outro lado, não terão nada a perder. Equipas assim podem ser perigosas, sobretudo quando a outra parte está mais pressionada. Adiar a decisão para domingo - ainda por cima um jogo fora - pode ser arriscado. 

 

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Eu preferia mesmo resolver tudo quinta-feira. Para começar, será um jogo em casa e já está esgotado (sou capaz de apostar que foi graças à campanha de marketing que a Federação começou logo a seguir ao jogo com a Albânia). As trinta mil pessoas que irão assistir ao jogo, que pagaram bilhete, merecem festejar o Apuramento com a Seleção, tal como aconteceu comigo há dez anos, aquando de um jogo com o Liechenstein.

 

Depois, existem razões mais poéticas. Foi com a Dinamarca que recuperámos a esperança depois de um mau arranque do Apuramento, que começámos a série de vitórias que nos colocou onde estamos hoje. Seria perfeito selarmos a Qualificação frente ao mesmo adversário. Além de que, na quinta-feira, completar-se-ão cinco anos desde um outro jogo com a Dinamarca muito especial para mim: o primeiro de Paulo Bento como treinador, uma das noites mais felizes da Seleção de que me recordo. Seria perfeito se, cinco anos depois, voltássemos a ter uma noite feliz - por nos Qualificarmos antes da altura habitual pela primeira vez em dez anos (não conto a Qualificação para o Euro 2008, pois esta não teve playoffs). 

 

Conforme já tinha escrito antes, estou muito confiante num Apuramento direto, mais confiante do que costumo estar no que toca à Seleção. Acho que vai ser desta que escapamos à inevitabilidade dos playoffs. Ando ansiosa por esse último passo - uma parte de mim quer já pensar na preparação para o Euro 2016, nos eventuais particulares em novembro. Mesmo assim, não me atrevo a pensar nisso antes de a Qualificação estar matematicamente garantida.

 

 

Antes de terminar, quero só avisar que, visto só termos dois dias de intervalo entre os dois próximos jogos - e, se tudo correr bem na quinta-feira, o segundo só servirá para cumprir calendário - é possível que condense a análise aos dois jogos numa única entrada. Logo se vê. O que espero é que, quando voltar a escrever neste blogue, serja para celebrar o nosso primeiro Apuramento direto desde 2007.