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O Meu Clube É a Seleção!

Mulher de muitas paixões, a Seleção Nacional é uma delas.

Portugal 0 Albânia 1 - Caindo na real

No passado domingo, dia 7 de setembro, a Seleção Portuguesa de Futebol recebeu a sua congénere albanesa no Estádio de Aveiro, no seu primeiro encontro a contar para a Qualificação para o Campeonato Europeu da modlaidade, que terá lugar em França em 2016. Tal embate terminou com uma derrota para a equipa da casa por uma bola sem resposta.

Entretanto, na passada quinta-feira, dia 11, Paulo Bento deixou o cargo de Selecionador Nacional "por mútuo acordo" com a Federação Portuguesa de Futebol que se encontra, neste momento, à procura de um substituto.
 
Antes de avançarmos para aí, falemos do jogo com a Albânia. Eu pensava que estava a ser pouco ambiciosa e a revelar pouca fé na Seleção quando, antes do jogo, contentar-me-ia com uma vitória pela margem mínima, mesmo com uma exibição fraca. Pelos vistos não, fui ingénua. Ao contrário de alguns discursos que circularam na Imprensa, em jeito de publicidade a este jogo, eu não estava à espera que este encontro fizesse esquecer o fracasso do Mundial. Esperava apenas um passo em frente, por minúsculo que fosse. Não esperava, de todo, que a Seleção se enterrasse de novo. Não nesta altura do campeonato, pelo menos.
 
Como seria de esperar (ao ponto de, segundo consta, os próprios o terem afirmado antes do jogo), a equipa albanesa estacionou o autocarro no seu meio-campo. Portugal dominava mas eram raras as oportunidades de golo. João Moutinho era o melhor português, Nani e Fábio Coentrão demonstravam o inconformismo que os caracteriza, mas não era suficiente. A agressividade dos albaneses não ajudava, faziam entradas duras a torto e a direito e eu, com o trauma do Mundial, assustava-me sempre que os nossos caíam. A partir de certa altura, já um pouco desesperada, comecei a desejar que algum albanês acabasse por ver o segundo amarelo, a ver se assim conseguíamos marcar.
 

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Devíamos termo-nos lembrado que quem não marca, sofre, até mesmo perante equipas modestas, como a Albânia. A nossa defesa ficou a dormir na forma, deixando Balaj isolado, e este, na sequência de um centro, teve um rasgo inusitado de inspiração e rematou acrobaticamente para as redes portuguesas, sem que Rui Patrício pudesse fazer nada para evitar o golo.
 
É claro que, depois daquele balde de água fria, os nossos desataram a correr desesperadamente atrás do resultado, em vão. Nem faltou a tradicional bola ao poste. Perto do fim do jogo já se viam lencinhos brancos nas bancadas - algo que já não se via há algum tempo em jogos da Seleção - e ouviam-se assobios.
 
Como já vai sendo habitual, eu compreendo tais manifestações de descontentamento, mesmo que, caso estivesse lá, não alinhasse nelas. No caso deste jogo e de tudo o que o envolve, eu concordo com muitas das críticas feitas e, no rescaldo do jogo, cheguei a defender precisamente a demissão de Paulo Bento. Tinha demonstrado alguma boa vontade após o Mundial, mas perdermos o primeiro jogo da Qualificação para o Europeu perante uma equipa como a Albânia? São demasiadas desilusões seguidas e a nossa paciência tem limites. Como se tal não bastasse, as desculpas esfarrapadas que temos recebido, a condescendência, a arrogância que têm marcado as declarações dos protagonistas ("Colocar já tudo em causa não me parece o melhor caminho", como se o Mundial ainda não estivesse fresco na memória; "É difícil virar a página porque estão sempre a falar do Mundial", porque será que estamos sempre a falar do Mundial?) não ajudam. Senti, naquela noite, que fora a gota de água.

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Ainda assim, quando Paulo Bento rescindiu, na quinta-feira passada, não deixei de ficar em choque e um bocadinho triste. Afinal de contas, ainda que muitos o tenham esquecido depressa, este foi o homem que devolveu o rumo a uma Seleção fragilizada por uma crise com o técnico anterior, que a colocou de novo na rota do Euro 2012 (que alguns julgavam já perdida) onde atingiu as meias-finais, só sucumbindo nos penálties frente a uma poderosa Espanha. Lembro-me particularmente bem da noite do primeiro jogo de Paulo Bento como Selecionador, da inesperada vitória e boa exibição, da felicidade que senti por, depois de todo aquele drama, a Equipa de Todos Nós nos ter dado uma alegria de novo. Por tudo isso estarei sempre grata a Paulo Bento.

É uma triste ironia do destino que Paulo Bento deixe a Turma das Quinas numa situação semelhante àquela em que a encontrou, embora a de 2010 tenha sido pior. E não me parece que, desta feita, a coisa se resolva tão "facilmente". Há quatro anos, Carlos Queiroz era o principal problema (para não dizer o único). Hoje, toda a gente concorda que a saída de Paulo Bento não resolve tudo, sobretudo a médio e longo prazo.

Nunca se falou tanto da falta de opções para a Seleção. O problema já vem de trás, da Qualificação para o Mundial 2014 ou mesmo antes. Há um ou dois anos tínhamos o onze-base do Euro 2012 e muito pouco mais. Hoje já nem esse onze temos. Metade deles está velha (e pensar que eu acompanho alguns deles desde jovens...), sem ritmo e/ou lesionada. Durante algum tempo em particular nos dois últimos anos, convenci-me que os fracassos da Seleção se deviam a desleixo. Agora estou a cair na real: nós, pura e simplesmente, não temos capacidade para fazer melhor. E  somente mudarmos de treinador não vai resolvê-lo. Não vai disfarçar o facto de não termos um leque assim tão grande de escolhas, de muitas dessas escolhas não serem mais que medianas. Temos os sub-21 e os sub-19, que andam a passar por bons momentos - nunca o rótulo de "esperanças" fez tanto sentido - mas nada nos garante que essa geração consiga singrar no futebol profissional.

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Um aparte só para me interrogar, no entanto, como é que passámos de golear os Camarões, vencer o México pela margem mínima e dar cinco à República da Irlanda (e nenhuma destas equipas é assim tão fraca) a sermos incapazes de vencer a Albânia. Daí que acredite que o trauma do Mundial é mais grave do que se suponha e tenha jogado contra nós no domingo passado.

Como "em casa onde não há pão, todos ralham e ninguém tem razão", como já vai sendo habitual, as criticas têm-se multiplicado, quer antes quer depois da demissão de Paulo Bento. Alguns têm mesmo aproveitado a desculpa para atacarem indiscriminadamente a Federação e outras fundações do futebol português, incluindo pessoas que, apesar de ter cometido erros recentemente, possibilitaram a boa campanha portuguesa no Euro 2012. E enquanto uns exigiam a cabeça a demissão do Selecionador, outros, após a saída de Paulo Bento, acusam a FPF de terem feito de Paulo Bento um bode expiatório. Quanto a Carlos Queiroz, que se inclui nesse grupo, ainda que reconheça a legitimidade das suas críticas, sobretudo no caso dele, relembro ao Professor que existe uma diferença entre sair pelo próprio pé e ter de ser arrastado para fora.

Agora aguardamos a escolha do próximo Selecionador. Têm sido avançados vários nomes. Eu gostava que o lugar fosse atribuído a Fernando Santos, aquele castigo parvo da FIFA é que estraga tudo. Assim sendo, outro dos meus favoritos é Jesualdo Ferreira. Em todo o caso, não tenho nada contra a eventual escolha de José Peseiro ou Vítor Pereira. A ver vamos. Seja quem for, pode contar desde já com o meu apoio.

Só espero que, depois do início deste novo mandato, não tenhamos nunca de suspirar "Volta Paulo Bento, estás perdoado."


O futuro é incerto para a Seleção. Se já o era antes do início do Apuramento, agora, que ainda por cima perdemos o Selecionador, é-o mais ainda. Não digo que esteja já tudo perdido no que toca a esta Qualificação. O Ronaldo sempre pode continuar a tapar buracos, coitado, parece ser esse o destino dele, carregar equipas às costas. Os outros ainda podem, eventualmente, melhorar com o tempo, o novo Selecionador poderá fazer Escolhas mais acertadas. E, que diabo, temos sempre o playoff através do terceiro lugar. Em teoria isto ainda pode acabar bem. Na prática, a hipótese de não nos Qualificarmos é real, sobretudo se os jogadores continuarem desnorteados com o que aconteceu no Brasil.

Eu ainda não perdi a esperança, contudo. Como sempre, acredito que a Seleção, mais cedo ou mais tarde, regressará à sua melhor forma. Venha o que vier, venha quem vier, eu continuarei aqui, como sempre estive e como, provavelmente, sempre estarei.

Começando de novo


convocatória.jpg No próximo domingo, dia 7 de setembro, a Seleção Portuguesa de Futebol iniciará a Qualificação para o Campeonato Europeu da modalidade, que se realizará em França em 2016, com um jogo com a sua congénere albanesa, no Estádio de Aveiro. Os Convocados para esta jornada foram Divulgados na passada sexta-feira, dia 29. Devido a uma série de lesões e momentos de forma longe do ideal (para variar), bem como à muito comentada necessidade de renovação da Equipa de Todos Nós, a Lista conta com muitos nomes fora do habitual, só incluindo oito dos vinte e três que representaram - não muito bem - o País no Brasil.

 
O ausente mais gritante desta lista é, inevitavelmente, Cristiano Ronaldo. É a primeira vez em muito tempo que o madeirense fica de fora dos Convocados. Estava tão habituada que, momentos após ouvir a Convocatória em direto na televisão com a minha irmã, voltei-me para ela e indaguei:
 
- Hum... ele Chamou o Ronaldo?
 
Ainda debatemos se o nome dele teria sido mencionado antes - pois a transmissão televisiva não apanhara o início da Convocatória - mas cedo se concluiu que não, Ronaldo não fora Convocado. Mais tarde, Paulo Bento explicou que tinham "a informação de que Ronaldo não está em condições de competir neste momento". 
 

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Cheguei a temer um reacendimento da polémica em torno da condição física do madeirense, que marcou a participação portuguesa no Mundial, e para a qual eu não tinha a mínima paciência. Eu apostava que fora o Real Madrid a proibir a Chamada de Ronaldo e alguns calculavam que este participaria já no jogo de domingo passado, frente à Real Sociedad, deixando o Selecionador e o estreante departamento médico com cara de parvos. Mas Ronaldo nem chegara a treinar na manhã de sexta-feira e, mais tarde, sairia a informação de que o madeirense ficaria de baixa durante três semanas. Logo, em princípio ninguém levantará problemas. 
 
De resto, penso que terá as suas vantagens ficarmos sem Ronaldo nesta jornada. Estando a Seleção tão dependente dele, uma desintoxicação vem mesmo a calhar. Mesmo que seja "só" frente à Albânia. Estou, aliás, convencida de que esta Ronaldo-mania foi uma das razões do fracasso dos portugueses no Mundial. Não apenas por culpa da equipa técnica ou dos jogadores, mas também por culpa dos jornalistas, que teimavam (e ainda teimam) em agir como se a Seleção fosse apenas constituída por Ronaldo, praticamente ignorando os demais, mesmo quando estes até se destacavam pela positiva  E não é por nada, mas eu já antes alertava para esse problema
 
É um tema que voltou à baila nos últimos dias, de qualquer forma, com o regresso da Seleção ao ativo: as razões do falhanço. O Presidente da Federação Portuguesa de Futebol deu mesmo uma conferência de imprensa sobre isso, há uma semana, anunciando as medidas consequentes desse mau desempenho. Em suma, o departamento médico foi substituído e o Selecionador ganhou novas funções, passando a trabalhar mais de perto com os técnicos responsáveis pelas camadas jovens. Muitos têm chamado a isto uma "promoção" (estou agora a interrogar-me se terá existido um correspondente aumento de salário), em jeito de "recompensa" pelo Mundial. Se por um lado considero que, tendo em vista uma renovação da Equipa de Todos Nós, faz sentido uma maior ligação às seleções de esperanças, não sei se esta promoção dará a mensagem correta. 
 
 
As explicações que têm sido fornecidas, aliás, de tão vagas, não esclarecem nada. Deixam-me sem saber o que pensar, com medo de que, mais cedo ou mais tarde, tornem a cometer os mesmos erros - embora acredite que seria preciso muito azar para que todas aquelas circunstâncias se repitam (as lesões, as condições meteorológicas, o jogo contra uma poderosíssima Alemanha em que tudo nos correu mal).
 
Mas regressemos à Convocatória. Tal como afirmei antes, há muitas novidades em relação à Lista para o Brasil. Bruma, por exemplo, foi Convocado, algo de que não estava à espera - nem sequer sabia que ele já tinha recuperado da lesão. Existem, também, alguns nomes que me são desconhecidos, mas já se sabe que eu estou longe de ser uma especialista absoluta em futebol. Também não ajuda a mania de alguns clubes portugueses de enviarem os seus jovens para o estrangeiro, antes de termos tempo de aprender os nomes deles. Como já vai sendo habitual, há Chamadas mais consensuais que outras, alguns jogadores em forma duvidosa, explicações que não satisfazem completamente. 
 
A verdade é que ninguém sabe o que esperar desta Seleção pós-Mundial 2014. Na teoria, este grupo de Apuramento encontra-se ao alcance de Portugal, ainda para mais quando os dois primeiros classificados garantem a Qualificação direta e o terceiro vai a play-offs. Na prática, a Turma das Quinas é cronicamente imprevisível e, ainda por cima, vem de um recente fracasso. Não dá para ter certezas de nada. E isso preocupa-me.
 
 
Tal como já disse antes, na minha opinião, teremos de encarar isto um jogo de cada vez, como se estivéssemos numa fase final. Não elevar demasiado a fasquia, não fazer demasiadas comparações com outros jogadores, outras épocas, outras seleções. Procurar, apenas, fazer o melhor possível com aquilo que tivermos. Se tudo correr bem, será possível irmos reconstruindo a Seleção, passo a passo, fazê-la regressar aos bons resultados, tal como eu sempre acredito que acontece. Felizmente, o nosso primeiro jogo não será demasiado difícil - embora já se saiba que isto é relativo no mundo do futebol; não nos esqueçamos dos problemas que a Albânia nos deu na Qualificação para a África do Sul. Na dupla jornada de outubro já não será bem assim... Abre-se agora um novo capíulo na Históra da Seleção. O cenário inicial pode não ser o melhor, mas não percamos a esperança de um final feliz.