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O Meu Clube É a Seleção!

Mulher de muitas paixões, a Seleção Nacional é uma delas.

Suécia 2 Portugal 3 - O melhor aniversário de sempre

Na passada terça-feira, 19 de Novembro, depois de uma fase de Qualificação atribulada e, em certos momentos, parva, a Seleção Portuguesa de Futebol garantiu a presença no Campeonato do Mundo da modalidade, que terá lugar no Brasil no próximo ano. Fê-lo derrotando a sua congénere sueca por três bolas a duas no Estádio Friends Arena em Solna, nos arredores de Estocolmo.

Tal como aconteceu há dois anos, foi uma épica segunda mão de playoff que transformou a festa de aniversário da minha irmã em algo inesquecível. Tivemos em nossa casa quatro amigos dela, a nossa avó, a nossa tia, estavam cá os nossos pais, o nosso irmão. Assistimos todos ao jogo. Os amigos dela chegavam a ser mais histéricos do que eu, pelo que não me inibi tanto nos gritos de treinadora-de-sofá-de-sala, como faria normalmente na presença dos meus pais. Um dos amigos da minha irmã, ao encontrar um chapéu de bobo que o meu irmão usou quando fomos ao Portugal x Espanha do Euro 2004, revelou-nos uma superstição que tem com um chapéu parecido do Benfica. Ele pendura-o do lado da televisão correspondente à baliza do adversário. A ideia seria o chapéu funcionar como um íman para a bola. Como poderão ver abaixo, fizemos o mesmo, só pela graça.


Na minha opinião, não entrámos da melhor maneira no jogo, falhando imensos passes, às vezes quase de propósito. De uma forma menos politicamente correta, estávamos a engonhar. Não que os suecos estivessem a tirar partido disso, de resto. A nossa primeira oportunidade acabou por surgir de uma bola parada, de um livre. Depois desta, acabámos por melhorar cada vez mais à medida que o tempo passava, embora não nos tenhamos livrado de uns quantos sustos provocados pelos suecos nos minutos finais da primeira parte, com destaque para um remate de Ibrahimovic.

Aos cinco minutos da segunda parte, Rui Patrício não se deixa levar por uma simulação de Ibrahimovic e defende um remate de Larsson. Calculo que nem o guardião saiba como é que aquilo aconteceu, como é que defendeu aquela. De qualquer forma, um minuto mais tarde, o Moutinho faz um passe de génio para um Ronaldo isolado que galga quase todo o meio campo sueco, ganhando a corrida a Olson, e remata de pé esquerdo, colocando o marcador a funcionar.

Dizer, só, que as celebrações de Paulo Bento, em que este quase choca com um tipo qualquer de tablet na mão, partiram tudo.


Por entre todo o pessoal aos pulos, à frente do sofá, celebrando o golo e o pé e meio no Mundial do Brasil, arranjei maneira de abraçar e beijar a minha irmã, dar-lhe os parabéns, não apenas pelo aniversário mas também por aquele belo presente Todos nós, adeptos e Seleção, pensámos que eram favas contadas, que dificilmente os suecos dariam a volta ao texto. E, refletindo bem o que amiúde se passou ao longo a fase de Apuramento, desleixámo-nos. Esquecemo-nos que aquela era a equipa que conseguira anular uma desvantagem de 4 - 0 perante a Alemanha.

Os portugueses tiveram culpa em ambos os golos de Ibrahimovic. No primeiro, ninguém se mexeu. O segundo surgiu de um livre perigosíssimo, provocado por uma desnecessária falta de Miguel Veloso. Chega a ser caricata esta mania de complicarmos desnecessariamente as coisas, de só saber jogar sob o efeito da adrenalina. O resultado ainda nos era favorável mas ainda faltavam quinze minutos para o jogo acabar. Nada nos garantia que os suecos não marcassem de novo. Calculo que todos nós, apoiantes de Portugal, chegámos a temer um descarrilamento, uma morte na praia - isto quando, dez minutos antes, já nos víamos aportando em terras brasileiras.

 

Mas Ronaldo estava lá, tal como ele fazia questão de assinalar após cada golo. Depressa colocou Portugal de novo aos pulos, aos gritos, com dois golos quase seguidos. O primeiro após passe de Hugo Almeida - o pessoal, eu incluída, tem andado a implicar com o Marmanjo nos últimos tempos, mas temos todos de lhe tirar o chapéu depois desta - o segundo, assistido uma vez mais por João Moutinho. Nas celebrações deste último, a Seleção em peso atirou-se para cima do herói da noite, enterrando-o vivo, recordando-me as igualmente inesquecíveis celebrações do golo de Varela à Dinamarca, no Euro 2012. Por nossa vez, em casa, estávamos todos aos pulos, aos abraços uns aos outros, houve até quem agitasse uma bandeira. Os únicos que não saltaram foram a minha avó - que tem oitenta e muitos anos mas não estava menos feliz - e o meu irmão, que é demasiado bom para estas coisas.

O Cristiano ainda teve uma oportunidade para fazer o póquer antes dos noventa. Eu não percebia, sinceramente, como é que os suecos ainda o deixavam correr sozinho, em direção à baliza...

Foi assim que se descobriu o caminho futebolístico para o Brasil. Foi assim que a minha irmã teve a melhor festa de aniversário de sempre, recebeu o melhor presente: um lugar no Mundial e um hat-trick de Ronaldo. Tal como aconteceu com a segunda mão dos playoffs  de 2011, este jogo foi um bom reflexo da fase de Apuramento que o antecedeu: um começo relativamente calmo, sem fazer prever a atribulação em que, em breve, se transformaria. A vantagem posteriormente anulada por desleixo, quase sem darmos por ela, a fase do "Ai Jesus!", a resolução que ganha contornos de brilhantismo mas que podia, perfeitamente, ter envolvido muito menos stress. O jogo foi muito mediatizado, talvez mesmo excessivamente, como se fosse já um encontro do Mundial - embora até se justifique, visto que estávamos a enfrentar uma seleção com prestígio considerável e o Ronaldo foi, de facto, estratosférico. Muita gente parece ter-se esquecido de que, afinal de contas, não fizemos mais do que a nossa obrigação, que até podíamos ter conquistado este desfecho mais cedo.


É também aqui que a porca torce o rabo: não vou negar que sabe muito melhor conquistarmos o nosso lugar no Mundial assim - no aniversário da minha irmã, perante um adversário que deu luta, com um hat-trick de Cristiano Ronaldo - do que saberia se o tivéssemos conquistado após uma série de vitórias tranquilas, selando-o no jogo com o Luxemburgo ou Israel. Tem muito mais piada ver a azia de Ibrahimovic enquanto celebramos o Apuramento debaixo do seu famoso nariz, do que fazê-lo em frente a luxemburgueses que nunca foram candidatos à Qualificação. Fica mais do que provado que, para o melhor e para o pior, a Seleção Portuguesa encontra-se talhada para jogos de vida ou de morte.

Para ser franca, tão cedo tal não será motivo de preocupação. Só temos nova fase de Apuramento daqui a dez meses. Antes disso temos um Mundial.

Aquilo que, neste momento, me preocupa é toda esta focalização em Ronaldo. Não que ache que a Seleção se tenha transformado em Ronaldo mais dez. Aliás, se há coisa que a Suécia provou é que não basta uma grande figura futebolística na proa para se fazer uma equipa. Ronaldo pôde brilhar porque os colegas o ajudaram - com destaque para Moutinho. No entanto, não sei se isso será suficiente quando, no Mundial, enfrentarmos equipas do calibre da Argentina, da Alemanha, da Espanha. Há dois anos, sentia que tínhamos mais equipa. Não foi só Ronaldo a marcar frente à Bósnia, também houve Nani, Hélder Postiga, Miguel Veloso. Eu sei que era um adversário de outro calibre mas, mesmo assim, há jogadores que, nessa altura, estavam melhor que agora. Nani é claro exemplo disso. Hugo Almeida também já viu melhores dias. Postiga não se deu bem com os suecos sexta-feira e, na segunda mão, nem sequer entrou em campo. Fábio Coentrão anda lesionado e também nem sempre tem sido regular no seu clube, o mesmo acontecendo com Meireles. Está bem, eles jogaram melhor do que se esperava neste playoff, mas não podemos fiar-nos para sempre na capacidade de superação dos jogadores portugueses. Da mesma maneira que não podemos a exigir a Ronaldo que resolva em todos os jogos.


Talvez o onze-base do Euro 2012 já não seja o melhor para a Seleção. Penso que é importante pensar-se seriamente em ir renovando a equipa. Não podemos alegar falta de alternativas, já não estamos como há dois ou três anos. As equipas B começam a dar os seus frutos, os recentes bons resultados dos Sub-21 são prova disso - por algum motivo chamamos "Esperanças" à Seleção dos miúdos. Nomes como Bruma, André Martins, William Carvalho, Wilson Eduardo, Adrien, Cedric, André Gomes, entre muitos outros. Jogadores como este possibilitarão a criação de uma Seleção pelo menos com potencial para uma boa campanha no Campeonato do Mundo em 2014.

Haverá tempo para isso ao longo dos próximos meses. Antes disso, ainda teremos o sorteio da fase de grupos, dia 6 de dezembro. Não vou perder tempo especulando quais seriam os melhores e piores adversários para nós pois a decisão não está em mãos humanas - no entanto, em princípio, analisarei os resultados do sorteio aqui no blogue, tal como fiz anteriormente.


Para já, saboreemos mais um pouco esta épica vitória, este momento de glória de Portugal, com óbvio destaque para Cristiano Ronaldo. O mundo inteiro ficou rendido, não apenas a Cristiano Ronaldo, o Melhor do Mundo a jogar futebol, mas também a Nuno Matos, o Melhor do Mundo a relatar futebol. Sem supresa. Já tenho vindo a elogiar o locutor há muito tempo, ainda antes de saber como ele se chamava. E o jogo de terça-feira foi, de facto, lendário.

Joseph Blatter foi obrigado, certamente, a engolir um sapo do tamanho do Mundo e a congratular Portugal e Ronaldo pela vitória. Quando a mim, ando tentada a enviar um ramo de flores ao senhor por este ter contribuído, não apenas para espicaçar o Ronaldo, catalisando-o para uma das melhores fases da sua carreira mas também por ter relembrado os portugueses que o madeirense merece, afinal de contas, o nosso carinho. Isto para não falar das suas hipóteses aumentadas de ganhar a Bola de Ouro este ano. Foi também nesse espírito que não me deixei irritar pelas tentativas baixas dos suecos de nos destabilizar, incluindo as da Pepsi sueca. Eles já foram suficientemente castigados em campo. Quanto ao Ronaldo, que quase se ia esquecendo de levar a bola para casa ("Ó Onofre, pede a bola do jogo!") faço minhas as sábias palavras de (dizem que é) Beto:


Não é preciso acrescentar mais nada.

No meio desta onda de amor a Cristiano Ronaldo, muitos têm-se afirmado orgulhosos por, no futuro, serem capazes de dizer aos filhos e netos que viram Ronaldo jogar. Eu direi mais do que isso, muito mais do que isso. Que vi Luís Figo, Rui Costa, Pedro Pauleta, Deco, Maniche representando a nossa Seleção. Vi e sofri com os penálties de Inglaterra, vi o Figo a chorar nos braços de Rui Costa, o Scolari apertando as bandeiras portuguesa e brasileira junto ao coração, os golaços de Maniche frente à Holanda, a Nelly Furtado a cantar na cerimónia de encerramento do Euro 2004, as lágrimas de Ronaldo poucas horas depois e, dois anos mais tarde, gritando "Estou aí!" em direção ao Céu, no final do jogo com Inglaterra. Pelo meio, já tinha sido apenas aquele miúdo do Sporting, com o nome de um grande jogador brasileiro, que um ano mais tarde se transferiu para o Manchester United. Fui vendo-o crescendo como jogador, estreando-se na Seleção, marcando pela Seleção, assisti ao vivo ao seu primeiro jogo como titular pelas Quinas. Vi-o marcar golo atrás de golo, fazer assistência atrás de assistência, sucedendo naturalmente a Luís Figo. Vi os ingleses exigirem a cabeça dele após o jogo com Inglaterra de 2006 e, meses mais tarde, renderem-se a ele após uma época fenomenal no Manchester United. Sempre melhorando até se transformar na máquina que é hoje.

Ao mesmo tempo, vi o Nani marcando um golo de pontapé de canto no seu jogo de estreia pela Seleção, celebrando golos com mortais. Vi o Quaresma marcando um golo de trivela. Vi o Hélder Postiga marcando, incansavelmente, com a camisola das Quinas, quase sem que ninguém reparasse. Vi o Miguel correndo como louco pelo campo. Admirei a garra daquele novato Fábio Coentrão no Mundial 2010. Vi Costinha, Ricardo Carvalho, Pepe, Eduardo, Rui Patrício salvando o couro nacional com as suas defesas.

Vi a Seleção em pedaços após o caso Queiroz e surgir, renascida, reconstruída em poucos dias por Paulo Bento, num épico jogo com a Dinamarca, no Dragão. Vi-os ganharem 4-0 à Espanha. Um ano mais tarde, noutro épico jogo, contra todas as expectativas de um ano e poucos meses antes, vi-os Qualificando-se para o Euro 2012. Vi-os saltarem todos para cima do Varela após ele salvar o jogo com a Dinamarca, enquanto eu e a minha irmã gritávamos como nunca na vida. Vi o Ronaldo dedicando os dois golos frente à Holanda ao filho que fazia anos nesse dia. Vi-os enconstando a campeã europeia e mundial Espanha às cordas. E, na passada terça-feira, vi Ronaldo selando a nossa Qualificação para o Mundial 2014 com um hat-trick, vi o Paulo Bento, que tantas vezes parece tão sossegado, a celebrar que nem um louco, vi a Seleção em peso enterrando Ronaldo vivo e ouvi Beto gritar-lhe:

- És o melhor do mundo, cara**o!


Digo tudo isto com muito orgulho, sentindo-me enormemente abençoada por ter nascido na altura certa, de modo a poder testemunhar e recordar tudo isto. Por ser adepta destes homens, os mencionados nesta entrada e os outros todos. É por isso que escrevo este blogue, que tenho a minha página, que coleciono fotos, que monto vídeos. Para poder recordar melhor, para poder encher os ouvidos dos meus filhos e netos com os grandes feitos da Seleção Portuguesa. E agora que estamos, finalmente garantidos no Mundial 2014, é meu desejo que este nos traga muitas mais histórias que mereçam ser recordadas e contadas.

Portugal 1 Suécia 0 - Ainda suficiente

Na passada sexta-feira, dia 15 de novembro, a Seleção Portuguesa de Futebol recebeu, no Estádio da Luz, a sua congénere sueca, na primeira mão do playoff de acesso ao Campeonato do Mundo da modalidade, que terá lugar no Brasil, no próximo ano. Tal encontro terminou com uma vitória por 1-0 para a equipa da casa que, assim, fica mais perto de descobrir o caminho futebolístico para o Brasil.

Os adeptos cumpriram, mais uma vez, a sua parte: a Luz apresentava lotação esgotada e a festa incluiu, até, uma impressionante bandeira humana, cobrindo toda a bancada do Estádio. E, por uma vez, a Seleção cumpriu, igualmente, a sua parte ao ganhar o jogo com uma boa exibição.

Muitos questionavam as opções de Paulo Bento – eu incluída - tanto em termos de Convocatória como de onze inicial. Muitos receavam que a falta de ritmo competitivo de metade dos titulares o jogo de sexta-feira nos prejudicasse. Felizmente, tais receios desapareceram não muito depois do apito inicial, quando a Seleção entrou em campo cheia de vontade, de garra, jogando ao ataque, empenhada em provar que merece ir ao Mundial.


João Moutinho, por exemplo, foi, como sempre, o motor da equipa e podia ter colocado o marcador a funcionar logo aos cinco minutos se, depois de se ter livrado do guarda-redes sueco, tivesse ficado em melhor ângulo cm a baliza. Para além dele, curiosamente, os três jogadores que mais preocupações levantavam em termos de ritmo competitivo – Raul Meireles, Fábio Coentrão, João Pereira – não desiludiram. O Fábio, já é costume, é dos mais inconformados em jogos desta envergadura. O João Pereira, tal como aconteceu no jogo com a Holanda, não tinha problemas em dar baile a jogadores bem mais altos do que ele – pena é as faltas que comete... Os suecos ainda iam dando um ar de sua graça – destaque para os vinte minutos da primeira parte, em que a defesa portuguesa se desconcentrou momentâneamente, obrigando Rui Patrício a uma bela defesa – mas sempre com ritmo baixo. O tão falado Ibrahimovic pouco apareceu no jogo – Pepe e Bruno Alves fizeram um bom trabalho, foram capazes de neutralizá-lo.

Praticamente todos estiveram bem, de resto – exceptuando, talvez, Hélder Postiga, que não estava nos seus dias. Já faz parte da tradição: contra prognósticos, mometos de forma, mazela, nestas alturas de maior pressão, a Turma das Quinas supera-se.


Não foi, contudo, capaz de resolver o tereno problema da finalização desta feita, há que dar crédito à defesa nórdica. Era uma coisa parva: sempre que nós cruzávamos para a grande área, estava lá sempre um sueco para interceptar os passes.

No entanto, Portugal insistia, não desistia. Na segunda parte, entrámos ainda mais pressionantes, a Suécia pouco mais fez que defender o empate – mas fê-lo bem, para mal dos nossos pecados. Lá teve de vir o nosso Capitão, o nosso Comandante, que nem sequer estava a fazer um jogo por aí além, salvar a noite com um voo rasante ao chão, cabeceando a bola bem colocada por Miguel Veloso para dentro da baliza - um golo não muito diferente do que marcou no particular frente à Holanda. Sendo os suecos demasiado altos para meter por cima... meteu-se por baixo!


Eu, nesta altura, estava a jantar. Aquando do tento não deu para gritar "GOLO!" porque tinha a boca cheia de esparguete. Mas não deixei de me levantar e de dar uns pulinhos, juntamente com a minha irmã.

O 2-0 ainda esteve ao nosso alcance, não fosse a inevitável bola à barra. Assim, o jogo terminou com uma vitória de Portugal pela margem mínima e comigo com uma dor de cabeça, derivada do stress do jogo: o bangover versão Seleção que precedia os jogos do Euro 2012. Um bom sinal.

Não é, de todo, um mau resultado, ainda que este pudesse ter sido mais dilatado. O mais importante era não sofrer golos que nos custassem demasiado caro aquando do resultado agregado - como um bem mais traiçoeiro 2-1. É claro que, caso Ronaldo tivesse marcado a que bateu na trave, estaríamos já com pé e meio no Brasil... Assim, anda continua tudo em aberto. Mas eu sabia que seria assim, que não existiriam demasiadas facilidades neste playoff.

Foi, para além disso, um jogo bem disputado, com Portugal a dominar. Não sei se por qualidade superior dos lusitanos ou pelo jogo defensivo dos suecos. Mas os portugueses, definitivamente, jogaram bem melhor que nos últimos tempos. A questão inevitável é porquê. Porque é que não jogaram assim durante a Qualificação? Sempre eram uns quantos anos de vida que se poupavam... É a tão por mim comentada mania da Turma das Quinas de só saber jogar sob pressão, sob stress. Espírito que ainda foi suficiente para levarmos de vencida, com uma boa exibição, a primeira mão do playoff. Para me fazer acreditar com maior convicção.


Há quem diga que este não foi, na verdade, um jogo. Foi apenas a primeira parte de um encontro de cento e oitenta minutos. Encontramo-nos, neste momento, no intervalo. É sempre positivo chegarmos ao intervalo em vantagem, sem golos sofridos. Na segunda parte, em Estocolmo, teremos de marcar cedo para termos a questão do Apuramento quase resolvida. Parece simples... Pena é aquela "malta" precisar sempre de vinte remates falhados antes de acertar um.

Outra questão prende-se com a abordagem dos suecos à segunda parte do playoff. Nesta primeira, jogaram para o empate e perderam, não só o jogo como também a oportunidade de marcarem fora. Paulo Bento acredita que a Suécia abordará o jogo de amanhã de forma semelhante mas eu duvido. Não apenas pelo que mencionei acima mas também pelo fator casa. Há quem diga que isso não necessariamente mau; pode ser que, ao atacarem mais, aliviem a defesa, facilitando-nos a tarefa de marcar golos. Só espero que o Pepe e o Bruno Alves continuem a anular Ibrahimovic com a mesma eficácia.

A segunda parte do playoff terá lugar em Estocolmo amanhã. Dia em que a minha irmã completa dezasseis anos. Ela convidou amigos dela para jantar, a nossa tia também vem, vamos todos ver o jogo juntos. Será uma noite divertida que, espero, se torne ainda mais memorável com a garantia da Qualificação.


Cristiano Ronaldo garantiu após o jogo - enquanto o filho tentava, adoravelmente, chamar-lhe a atenção - que "a malta quer fazer um bom resultado" na segunda parte do playoff. Eu acredito nele. Ficou claro na primeira parte do playoff que Portugal queria fazer um bom resultado, que queria marcar presença do Brasil, e isso foi sufiente para sermos claramente superiores aos suecos. Muitos esperam que possamos carimbar o passaporte em Estocolmo, mas eu não espero grandes facilidades. O que não quer dizer que não acredite - este jogo teve, aliás, o condão de me devolver a confiança que perdi com os recentes deslizes da Equipa das Quinas. Só ficarei descansada quando soar o apito final após um resultado favorável às cores lusitanas. Do mesmo modo, até ao apito final não deixarei de acreditar. Nem que seja com desespero. Mas estou confiante de que esse tipo de crença não será necessária - até porque os adeptos suecos, apostados em provocar Ronaldo, parecem não ter percebido que adversidades desse género funcionam como catalisador para o nosso Comandante - desde que os portugueses se mantenham concentrados, como na sexta-feira passada. Assim, nada nos impedirá de marcar presença no Mundial 2014, no Brasil.

Crença desesperada

Na próxima sexta-feira, dia 15 de novembro, a Seleção Portuguesa de Futebol receberá, no Estádio da Luz, à sua congénere sueca. Mais tarde, no dia 19 de novembro, será a vez de os portugueses jogarem no terreno dos suecos. Ambos os jogos contarão para o playoff de acesso ao Campeonato do Mundo da modalidade, que terá lugar no Brasil no próximo ano.

Os Convocados para esta dupla jornada foram Divulgados na passada sexta-feira. Foi uma lista conservadora, demasiado conservadora para o meu gosto - mas não me admira que Paulo Bento não queira arriscar e jogos destas importâncias. William Carvalho é a única novidade e, de resto, não surpreende pelas boas exibições que tem feito no Sporting.

O rumor que corre por aí há já algum tempo é o de que os jogadores sob a tutela do empresário Jorge Mende têm sido favorecidos em termos de Convocatória. É claro que são apenas rumores, não existem ainda provas concrets. No entanto, a ser verdade, depois de Luiz Felipe Scolari ter feito questão de acabar com esses jogos de influências na Equipa de Todos Nós, seria muito triste (e estou a usar um eufemismo) esses maus hábitos estarem a ser recuperados. Não quero, contudo, entrar por aí, insistir em um entre vários fatores de instabilidade que em nada ajudam a Seleção em vésperas de jogos tão importantes e difíceis como estes.


Ficou, então, determinado por sorteio que a Suécia será o nosso adversário neste playoff. A minha primeira reação a tal resultado foi, primeiramente, de alívio por não nos ter calhado a França - o nosso histórico com eles é demasiado assustador. Passando isso à frente, olhando para a Suécia, considero-a relativamente equivalente a Portugal: ambas as seleções possuem a fama - redutora, no caso de Portugal e, provavelmente, também da Suécia - de se confinarem apenas a um jogador de grande prestígio internacional. Nós, para além de Ronaldo, temos Moutinho, Pepe, Rui Patrício. Não duvido que a Suécia tenha, também, as suas figuras equivalentes: mediaticamente mais discretas que Ronaldo ou Zlatan Ibrahimovic mas com um papel importante na sua seleção.

Há, no entanto, que assinalar que a Suécia perdeu o primeiro lugar no seu grupo de Apuramento para a Alemanha enquanto Portugal o perdeu... para a Rússia. Além de que, no último encontro que opôs a Suécia à Alemanha, os nossos próximos adversários estiveram a perder por 4-0 e conseguiram terminar o jogo empatados. Com a Alemanha. Imaginem a disciplina mental que deve ter sido necessária. Comparem-na com o nosso historial de caprichos, desleixos e tiros nos pés.

No entanto, há que recordar, também, que os suecos não estiveram presentes no último Mundial. Nós não falhamos um campeonato de seleções há... bem, dezasseis anos. A idade que, por acaso, a minha irmãzinha completa no dia da segunda mão deste playoff. Este historial tem de contar para alguma coisa, não acham?


Tendo tudo isto em conta, considero que estes playoffs serão extremamente equilibrados. Até porque empatámos com eles a zero nos dois jogos que disputámos com eles na Qualificação para o Mundial 2010. Todos os cenários são possíveis.

Por outro lado, como diz o meu pai, o nosso maior problema não é a Suécia, nem qualquer outro adversário que, literalmente, nos tivesse saído na rifa. O problema é Portugal. Nós somos os nossos piores adversários. A nossa Qualificação foi exemplo disso. Nós tínhamos tudos para nos Apurarmos tranquila e diretamente se não nos tivéssemos desleixado, se pelo menos não tivéssemos perdido quatro pontos nos jogos caseiros. Nesta altura do campeonato, podíamos já estar descansados, a fazer planos para o Mundial. Mas não, estamos em vésperas de um playoff  em que nada está garantido.

Muitos falam da "falta de talento" e tal, mas eu acho que o problema não é esse, é mais antigo. Vejam este vídeo que resume um particular que disputámos com a Suécia em 2004, mês e meio antes do Europeu:


Nesta Seleção jogavam Luís Figo, Rui Costa, Pedro Pauleta, Deco - a geração de jogadores de qualidade internacional com que os críticos não se cansam de comparar a Seleção dos dias de hoje. No entanto, estes talentos todos não impediram o Ricardo de cometer um "frango", o Figo de falhar um penálti, o Rui Jorge de marcar um auto-golo. Não é uma questão de qualidade dos Marmanjos, é algo quase genético. A Seleção Portugues é a sua maior adversária desde... 1921, sou capaz de apostar.

É por estas e por outras que ando algo zangada com a Turma das Quinas, que nem sequer tenho vontade de ir assistir à primeira mão do playoff, no Estádio da Luz. Seria diferente se fosse a segunda mão a ter lugar em casa, no dia de anos da minha irmã, em que eventualmente pudéssemos comemorar o Apuramento no Estádio, com os jogadores. Assim, não. A minha paciência já não dá para tanto, para aderir ao circo, às campanhas publicitárias para, depois, levar com jogos medíocres, como o de Israel em Alvalade. Era até bem feita que os Marmanjos se vissem aflitos, realmente aflitos, para vencerem estes playoffs. Era de maneira que aprendiam a não se desleixarem durante as fases de Apuramento.

Não é de surpreender, portanto, que haja uma quantidade significativa de gente sem grandes esperanças para este playoff.


E, no entanto, podia ser pior. No meio disto tudo, de uma maneira retorcida, acabaram por calhar bem as declarações infelizes de Joseph Blatter sobre Cristiano Ronaldo. As já muito citadas palavras do presidente da FIFA tiveram vários efeitos curiosos. Primeiro, confirmaram as já antigas suspeitas de parcialidade desfavorável a Ronaldo e, quiçá, a Portugal, no topo da hierarquia futebolística, acentuando, deste modo, a antipatia que eu, pelo menos, tenho por Blatter e pelo seu colega Michel Platini. Segundo, tiveram o previsível, mas impressionante, condão de catalisarem o Ronaldo ao ponto de ele marcar, se não estou em erro, oito golos nos três jogos do Real Madrid que se seguiram - destaque para a continência após o primeiro desta série de golos. Por algum motivo a imprensa sueca referiu, recentemente, que Ronaldo era favorito à Bola de Ouro, em detrimento do seu Ibrahimovic: porque sabem que, se menosprezarem Ronaldo, ele vinga-se em campo.

Pena é ser pouco provável os adeptos suecos nas bancadas gritarem por Messi, nos playoffs, quando têm a sua própria superestrela futebolística. É que, da última vez que os adversários da Seleção gritaram pelo astro argentino, o Cristiano Ronaldo fez um hat-trick...

O efeito mais surpreendente, chegando mesmo a ter contornos caricatos, diz respeito às reações dos portugueses em geral. Não é invulgar o Cristiano ser mal amado no seu próprio País porque ele-só-joga-pelo-Real-não-pela-Seleção, tem fama de arrogante, invejam-no por ser "rico, bonito e bom jogador". No entanto, bastou um estrangeiro, um alto dirigente, vir criticá-lo para todo o País (incluindo um ministro) se atirar ao ar e defender, ferozmente, o nosso Comandante - reações catalisadas não só por afeição a Ronaldo mas também, provavelmente, por raivazinhas de estimação à Troika e a outras instituições europeias. Por outras palavras, Blatter transformou-se no inimigo comum que uniu os portugueses na defesa de Ronaldo.

Estou com uma certa esperança de que esta fúria contra Blatter se mantenha por mais uns tempos, não apenas para motivar Ronaldo a continuar a dar tudo de si em campo, mas também para manter os portugueses unidos em torno da Seleção, na vontade de humilhar ainda mais o presidente da FIFA através da Qualificação para o Brasil. Isto numa altura em que os habituais motivos para apoiar a Seleção se encontram enfraquecidos por esta fase de Apuramento.


A Operação Suécia arrancou anteontem. Os maiores receios diziam respeito a lesões de João Pereira e Fábio Coentrão. O primeiro parece já não apresentar limitações. O Fábio já treina em campo, mas condicionado, a dúvida relativa à sua aptidão só será esclarecida, provavelmente, em cima do início da primeira mão. Cristiano Ronaldo e Pepe também ainda não treinaram com o resto do plantel mas, ao que parece, não deixarão de entrar em campo na sexta-feira. Se Deus quiser, não teremos mais baixas. Pelo que, ao contrário do que se poderia alegar em certos jogos desta fase de Qualificação, a ausência de habituais titulares não poderá servir de desculpa.

Confesso que já estive mais otimista. Conforme afirmei acima, esta Qualificação reduziu significativamente a minha tolerância. Vocês sabem que eu assumo sempre que estaremos no campeonato de Seleções seguinte, que praticamente nunca coloco esse cenário em causa. No entanto, acho que as probabilidades de não nos Apurarmos nunca foram tão elevadas. Sei que a Turma das Quinas abordará este jogo de forma diferente como abordou a Qualificação. Nesse aspeto, a Suécia é a adversária ideal: não propriamente com o grau de dificuldade de uma Alemanha, de uma Espanha ou mesmo de uma França mas suficientemente motivadora para os Marmanjos darem o seu melhor em campo. A dúvida que se coloca é se essa nossa capacidade de nos superarmos perante tais adversários será suficiente para disfarçar outros problemas eventuais e vencermos o playoff.

Ainda acredito, atenção, mas é já uma crença desesperada, semelhante à que tinha durante o jogo com a Dinamarca no Euro 2012, depois do 2 a 2. Não me atrevo a não acreditar, acho pura e simplesmente inconcebível não estarmos no Mundial do Brasil. Do Brasil! Não com o Melhor do Mundo do nosso lado. Sobretudo, não depois do que fizemos no Euro 2012! Pode lá ser! Sei que não sou a única a pensar assim. Ninguém neste País quer, certamente, que Portugal fique de fora do Mundial. Nem os jogadores, nem a equipa técnica da Seleção, nem os adeptos, nem mesmo críticos habituais da Equipa de Todos Nós (eu bem vi como toda a gente ficou feliz com o excelente desempenho português no Euro 2012). E, tal como me farto de dizer aqui, o povo precisa destes consolos, destas alegrias, de ansiar por mais disto em 2014. Eu preciso, pelo menos.

É por isso que faço um apelo aos nossos homens: por favor, esforcem-se. Façam por compensar-nos pela tristeza que foi este Apuramento, por honrarem o País, por oferecerem uma alegria a nós todos, com destaque para minha irmãzinha, que faz anos no dia 19 e merece este presente. Todos merecemos. Deem o vosso melhor, então. Por todos nós.