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O Meu Clube É a Seleção!

Mulher de muitas paixões, a Seleção Nacional é uma delas.

Gabão 2 Portugal 2 - De segunda linha

Na passada quarta-feira, dia 14 de novembro, a Seleção portuguesa de futebol disputou no Estádio da Amizade, em Libreville, um jogo de carácter particular contra a seleçao local. O encontro terminou com o marcador assinalando dois golos para cada lado.

Nem o resultado, nem mesmo a exibição me surpreenderam, dadas as agravantes já listadas na entrada anterior e mais algumas. Como o estado do relvado, a humidade do ar e o facto de só se ter realizado um treino como preparar este jogo. Em praticamente todos os aspetos, foi um jogo de segunda linha, de qualidade menor. A equipa portuguesa era, tirando dois ou três jogadores, constituída por suplentes. Tal como já referi, o relvado assemelhava-se a um batatal. O árbitro, que até possuia cadastro nestas coisas, teve uma atuação desastrada.

Até o relato radiofónico era de segunda linha. Já vos tinha dito que só pude acompanhar o jogo desta forma. Só que o comentário não tinha a habitual emotividade rasando a histeria, que tanta graça empresta aos jogos mais aborrecidos. O jogo não dava azos a grandes entusiasmos, é certo, mas... A única coisa que se destacou neste relato foi o facto de, por ter confundido Éder com Edinho, o locutor insistir sempre em tratar o ponta-de-lança por Éderzito.

- O Éder que não leve a mal - chegou a dizer a certa altura.

Acho que vou também recorrer a esse diminutivo para me referir ao ponta-de-lança do Sporting de Braga aqui no blogue.



Foi um jogo deveras estranho. Os dois penálties, cobrados quase de seguida, foram um exemplo. Não sei se as três grandes penalidades que ajudaram a definir o resultado final eram todas legítimas. Já li todas as versões. Além do mais, o estado do terreno e a agressividade dos gaboneses estiveram a isto de atirar mais uns quantos Marmanjos para a já longa lista de lesionados. O comentador chegou a dizer coisas omo:

- Vítor Pereira deve ter ficado com os cabelos em pé com este lance.

Embora eu tivesse desejado a vitória, sobretudo depois do golo do Hugo Almeida, Portugal não a merecia. O empate acaba por ser o resultado mais justo. Tal como disse anteriormente, não estava à espera de muito melhor.

Pontos, contudo, para a estreia de Pizzi e de Éderzito.



Choveram críticas ao timing deste particular, numa altura intensa para aos clubes - apesar de há anos ser prática comum marcarem-se jogos da Seleção para meados de novembro, quer particulares, quer oficiais. Se Paulo Bento e/ou a Federação dispensassem esta data, não faltaria quem criticasse o desperdício de uma oportunidade para afinar armas. Isso aconteceu em agosto de 2010.

Há quem critique o facto de a Seleção ter aceite participar no jogo por dinheiro - é, de facto, uma área moralmente cinzenta. Contudo, ainda hoje se fala dos estádios do Euro 2004, supostamente pagos com o dinheiro dos contribuintes. A FPF arranja uma maneira alternativa de obter financiamento para projetos como a Casa das Seleções e atira-se tudo ao ar.

Uma das vozes mas sonantes neste coro de críticas pertence a Pinto da Costa. Sem surpresas. Só os mais ingénuos é que acreditaram nas palavras de apoio à Equipa de Todos Nós, saídas da boca deste senhor. Gostei da resposta de Paulo Bento, aconselhando-o a entender-se com a Federação e a não perturbar o seu trabalho de Selecionador. Nenhum dirigente de clube tem o direito de interferir na Turma das Quinas. Mas não percebi a referência à seleção colombiana...

De qualquer forma, apesar de isso me emprestar assunto para o blogue e página do Facebook, espero que a polémica não dure muito.

Eu própria não vejo grande utilidade neste particular, para ser sincera. Tirando o teste de alternativas e, lá está, o cachet. Preferia que o jogo se tivesse realizado mais perto de casa e em melhores condições. Há quem diga que os jogadores podiam ter-se esforçado um bocadinho mais, mas duvido que o fizessem caso tivessem de repetir o jogo.

Como tal, é bom que essa Cidade do Futebol seja mesmo espetacular, já que tivemos de levar com um jogo destes para financiá-la.


Paulo Bento afirmou, na Conferência de Imprensa de antevisão a este jogo, que as pessoas devem apoiar a Equipa de Todos Nós, não apenas durante as fases finais, mas também em jogos menores, como este. Eis algo que deveria ter sido dito há muito tempo. No entanto, jogos como o de quarta-feira não persuadem ninguém a apoiar a Seleção. Se até eu me senti entediada com o jogo, sendo como sou...

Em princípio, haverá outro particular dia 6 de fevereiro do próximo ano. Com um pouco de sorte, será frente a um adversário melhorzito. Chegou a falar-se da Espanha mas, pelo que percebi, ainda nada está confirmado. Outro adversário possível é o Brasil, visto que estão previstos dois particulares com eles no próximo ano. Espero bem que seja um adversário desse calibre, contra quem não se poderá falar de falta de motivação, desculpa tão invocada a propósito de jogos particulares. Espero, sobretudo, que, independentemente do adversário, seja um jogo que convença as pessoas, que me convença a mim, que vale a pena apoiar a Equipa de Todos Nós, independentemente do caráter do jogo, do adversário e da altura do ano. 

Procurando soluções em território desconhecido

Na próxima quarta-feira, dia 14 de novembro, a Seleção Portuguesa enfrentará no Gabão a congénere local , num jogo de carácter particular.

Não sei se é esse o vosso caso mas eu nunca tinha ouvido falar do Gabão antes deste jogo ter sido anunciado, em julho. Segundo o meu pai, situa-se na costa ocidental de África, acima de Angola. Agora que fui pesquisar o mapa do país, descobri que se encontra entalado entre a Guiné Equatorial, os Camarões e a República do Congo. Tendo sido uma colónia francesa, a sua língua oficial é o francês. A sua capital é Libreville, que é também a cidade onde o jogo terá lugar.

É um nome bonito, Libreville. Segundo o Wikipédia, foi fundada por escravos libertados de um navio brasileiro pela marinha francesa. Daí que tenha sido batizada "Cidade Livre", em francês.

A sua seleção é igualmente desconhecida para mim até porque a Turma das Quinas nunca jogou contra ela. A Equipa de Todos Nós estará, portanto, a explorar território desconhecido - mas também a História pode testemunha que os portugueses têm experiência nessas andanças. Em princípio, a seleção gaba... gabanesa? - enfim, do Gabão não nos criará problemas de maior mas também se dizia isso da Irlanda do Norte...


Um dos objetivos deste jogo é a angariação de fundos para a Cidade do Futebol, cujo projeto foi apresentado em setembro último. Chegou a ser colocada a hipótese de a Cidade ficar sediada em Óbidos, que tem um vasto currículo como Casa da Seleção, mas acabou por ser escolhido o Vale do Jamor, em Oeiras, para a localização. Fiquei satisfeita, pois o Jamor é-me mais acessível que Óbidos para assistir a treinos da Seleção. No entanto, não está garantido que usufrua dessa vantagem pois a Cidade do Futebol só ficará concluída daqui a três anos. Sei lá onde estarei eu, onde estaremos todos nessa altura...

De qualquer forma, qualquer que seja a Casa da Seleção, será também uma casa para mim.

A lista de convocados para este particular foi divulgada na sexta-feira passada. Não houveram novidades na lista, tirando Hélder Barbosa e Rúben Ferreira, Chamados posteriormente para substituírem os lesionados Nani e João Pereira. Ainda não compreendi muito bem porque é que o Raúl Meireles não foi Convocado. O Fábio Coentrão só agora é que voltou a treinar no Real Madrid, segundo consta e procuram-se alternativas, depois do que aconteceu quando ele se lesionou. E descobri agora, enquanto passava este texto a computador, que o Cristiano Ronaldo foi igualmente dispensado, devido à selvagem cotovelada que apanhou ontem, no encontro que opôs o Real Madrid ao Levante, que lhe compromete a visão. O principal objetivo do jogo é precisamente a procura de soluções entre os suplentes, o teste de alternativas, como forma de nos preparamos  para o que nos espera em março do próximo ano.


Não alimento grandes entusiasmos em relação a este jogo. É apenas um particular, com um adversário pouco sonante, pouco motivador. Estamos amputados de vários titulares habituais, incluído o insubstituível Cristiano Ronaldo. É altamente provável que os Marmanjos estejam mais preocupados com o que se passa nos respetivos clubes. Além de que a viagem até ao Gabão será certamente longa e desgastante, o que jogará contra eles. O resultado será o menos importante, quando queremos afinar armas, combater o "mau momento" em que nos encontramos depois da última jornada.

No entanto, há que recordar que este será o último jogo da Seleção do ano. Segundo certas superstições, antes do fim do Mundo. A jornada seguinte da Seleção será apenas em fevereiro, na melhor das hipóteses. Não podemos dar-nos ao luxo de deixá-lo passar em branco. Nem tenciono fazê-lo. Espero que essa, igualmente, a atitude dos jogadores, que estes façam um esforço por oferecerem aos portugueses uma pequena alegria na forma de uma vitória neste particular. Pelos motivos já várias vezes citados neste blogue.


Não vou poder ver o jogo na televisão, pelo menos não a primeira parte, poderei apenas ouvi-lo na rádio. Não o lamento, antes pelo contrário, pois apenas o relato radiofónico poderá colorir um jogo que não se adivinha muito interessante. Tal como aconteceu em maio último, aquando do jogo contra a Macedónia. Não sei, depois, quando terei tempo de publicar a análise ao jogo. Não se admirei se conseguir fazê-lo no próximo fim de semana. E não excluo a hipótese de o jogo, pura e simplesmente, não justificar uma análise. No entanto, é pouco provável pois, desde setembro de 2010, todos os encontros da Seleção têm tido direito a entrada pós-jogo, até mesmo quando não consigo vê-los, porque é que este será uma exceção?

Posso ainda estar desiludida com a última dupla jornada da Turma das Quinas, posso não ter o entusiasmo que tinha aquando de outros jogos da Seleção, mas ainda sou a mesma, ainda tenho o vírus dentro de mim. Podem ter existido alturas em que o meu entusiasmo tenha atingido mínimos históricos, mas nunca perdi por completo a esperança num resultado positivo, nem mesmo em situações piores que a atual. Da única vez que estive a isto de desistir - aquando do caso Queiroz - a Seleção depressa me recordou os motivos pelos quais podemos confiar nela. Não deixarei de desfrutar deste jogo, ainda que esse gozo apenas dure noventa minutos, ou menos. Na esperança de que a Equipa de Todos Nós volte a dar bons sinais, a recordar-me os motivos pelos quais merece a nossa fé. Não se esqueçam, na RTP 1, quarta-feira, às 19h30.

A Pátria Fomos Nós

Era para publicar este texto na página do Facebook mas este tornou-se demasiado longo, logo, incompatível com uma rede social que pede consultas rápidas. Deste modo, quebro o hábito, muito enraizado, de só publicar no blogue quando acontece alguma coisa de relevante com a Seleção e venho falar-vos de um livro.

Há pouquíssimos dias, mudei de casa, depois de muitas semanas empacotando o conteúdo do apartamento antigo. Não fazem ideia da tralha que acumulámos ao longo de vinte anos... Nestas alturas, contudo, temos também a felicidade de encontrar coisas que há muito julgávamos perdidas. Este exemplar de A Pátria Fomos Nós é um exemplo desses objetos.

Este livro é da autoria de Afonso de Melo, que foi Assessor de Imprensa da Seleção Nacional entre 2004 e 2006. Foi escrito durante o Mundial da Alemanha como uma espécie de diário da jornada da Seleção durante essa fase final. Digo "uma espécie" pois não fala apenas sobre a Equipa de Todos Nós. É frequente o autor divagar, recorrendo a muitas referências culturais, mas acaba por se relacionar quase tudo, de uma forma ou de outra, com o futebol.

Por motivos óbvios, adoro o livro. Comprei-o faz agora seis anos, mais coisa menos coisa, poucos meses após a sua edição. Durante dois anos reli-o várias vezes - uma das quais foi um ano após o Mundial 2006, em que ia lendo a cada dia o texto correspondente ao mesmo dia do ano anterior. Foi uma das coisas que me deu vontade de criar o blogue O Meu Clube é a Seleção. Sei que a última vez que o li antes de o "perder" foi durante o Euro 2008, no dia do Portugal-Alemanha, como forma de me entusiasmar para o jogo. Vejo agora que, depois disso, enfiei-o numa pasta, juntamente com uma série de jornais da altura - outra coisa que vocês não podem imaginar é a quantidade de jornais desportivos noticiando sobre jogos da Seleção que eu fui guardando ao longo destes anos... Esta pasta foi, seguidamente, atirada para debaixo da minha cama e nunca me dei ao trabalho de voltar a esvaziá-la durante quatros anos.

Encontrei o livro de novo na semana passada e, quatro anos, duas fases finais e duas trocas de Selecionador mais tarde, tornei a lê-lo. Enquanto lia e recordava a situação da Seleção aquando do Mundial 2006, não pude evitar fazer comparações entre essa altura e o momento atual.

Sendo o autor jornalista e, na altura, Assessor de Imprensa da Seleção, este gasta várias páginas do livro tecendo críticas à Comunicação Social, portuguesa e estrangeira, a certos comentadores, ao assédio da Imprensa à Equipa das Quinas. Hoje, seis anos mais tarde, na era dos blogues, do Facebook e do Twitter, estamos pior. Hoje, qualquer gato pingado (eu incluída) pode "opinar" publicamente sem perceber do assunto sobre que escreve.

Além de que, em 2006, as críticas nunca partiram de um ex-selecionador rancoroso.

Em termos de jogadores e treinador, a Seleção está completamente diferente. Paulo Bento não é Luiz Felipe Scolari. Os únicos "sobreviventes" são o Cristiano Ronaldo, o Hélder Postiga e o Hugo Viana - embora este nem sequer seja um Convocado habitual. Ninguém pode substituir jogadores como Luís Figo e Pedro Pauleta. E muitos dos Marmanjos elogiados no livro - Ricardo Carvalho, Paulo Ferreira, Deco - desiludiram-me nestes últimos anos.


No entanto, existem pequenas grandes coisas que se mantiveram, ainda que não de uma forma constante. Pelo menos, sei que estiveram presentes durante a boa campanha no Euro 2012. A união popular em torno da Equipa de Todos Nós, quando o resto do País só nos dava desilusões - mais agora que em 2006. O facto de a união e a amizade serem o ponto forte da Seleção Nacional, tal como, segundo o livro, Costinha terá afirmado em vésperas do Rússia-Portugal, de setembro de 2005.

O autor escreveu algumas vezes ao longo do texto frases como: "Portugal está sempre em vantagem! Eles eram 40 mil e nós um só". A Seleção foi também uma só durante o Euro 2012, jogadores e equipa técnica foram um só. Daí a nossa campanha.

O livro termina com a seguinte frase, a seguinte promessa: "Um dia traremos a taça...". Continuo à espera que se cumpra. Julgo que já estivemos mais longe, mesmo assim. Mas isso é conversa para outra ocasião. Para já, tal como fiz no domingo passado, a propósito do aniversário de Luís Figo, ao longo dos próximos dias tenciono partilhar com  vocês na página do Facebook algumas das minhas passagens preferidas do livro. Mantenham-se ligados!

Por isso e porque para a semana há jogo da Seleção!